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O pater exercia a sua autoridade sobre todos os seus descendentes não emancipados,
sobre a sua esposa e as mulheres casadas com manus com os seus descendentes, (a
mulher, ao casar, podia continuar sob a autoridade paterna, no casamento sem manus, ou
entrar na família marital, no casamento com manus. O que não se permitia era que uma
mesma pessoa pertencesse simultaneamente a duas famílias).
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DL. 9.701/46 – dispunha sobre a guarda dos filhos menores no desquite judicial;
D.L. n.º 7.485, de 23/4/1945 - sobre a prova do casamento para fins de previdência;
Lei n.º 3.133, de 8/5/1957 – atualizou a adoção, enquanto a Lei n.º 4.655, de 2/6/1965,
introduziu no direito brasileiro a legitimação adotiva.
Uma reforma processual da ação de alimentos foi feita pela Lei n.º 5.478 de
25/7/1968.
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A Lei n.º 8.009, de 29/3/1990 – veio ampliar a proteção do bem de família, nele
abrangendo, inclusive, equipamentos e bens móveis que guarnecem a casa, e passando a
proteger tanto a família legítima quanto a entidade familiar decorrente da união estável entre o
homem e a mulher (prevista pelo art. 226, § 3º, da CF).
O STF, em acórdão de que foi relator o Min. Carlos Velloso, decidiu que a casa própria
única é impenhorável, aplicando-se a Lei n.º 8.009, de 29/3/1990, aos processos em
andamento e anulando as penhoras já realizadas.
A Lei n.º 8.408, de 13/2/1992 – reduziu para um ano o prazo de ruptura da vida em
comum que justifica a separação judicial, quando impossível a sua reconstituição, com a
conversão em divórcio um ano depois da decisão que concedeu a medida cautelar ou
definitiva de separação.
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Lei n.º 9.278/96 foi mais abrangente, pois considera como união estável qualquer tipo
de união entre o homem e a mulher, ainda que impedidos de casar, mesmo com duração
inferior a cinco anos e mesmo sem prole comum. Entre outras benesses, cumpre realçar a de
seu art. 5º, que cria uma presunção relativa de serem comuns os bens adquiridos
onerosamente durante a convivência.
Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue
e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade
e pela adoção. Compreendem os cônjuges e companheiros, os parentes e os afins. Segundo
JOSSSERAND, este primeiro sentido é, em princípio, “o único verdadeiramente jurídico, em
que a família deve ser entendida: tem o valor de um grupo étnico, intermédio entre o
indivíduo e o Estado“ 1. Para determinados fins, especialmente sucessórios, o conceito de
família milita-se aos parentes consangüíneos em linha reta e aos colaterais até o quarto grau.
É, portanto, o ramo do direito civil concernente às relações entre pessoas unidas pelo
matrimônio, pela união estável ou pelo parentesco e aos institutos complementares do direito
protetivo ou assistencial, pois, embora a tutela e a
curatela não advenham de relações familiares, têm, devido a sua finalidade, conexão com o
direito de família.
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Derecho Civil, t. I, v. II, p. 4.
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Grande é a importância do direito de família pela influência que exerce sobre todos os
ramos do direito público e privado, como tão bem observam Washington de Barros Monteiro e
R. Limongi França, cujas lições aqui reproduzimos.
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Cogente - [Do lat. cogente, part. pres. do lat. cogere, ‘impelir’, ‘reunir’, ‘condensar’, poss. pelo ingl.
cogen...)
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c) O direito das sucessões, que na sua maior parte, relativa à sucessão legítima, é
aspecto patrimonial post mortem do direito de família. (É o que nos ensinam: R.
Limongi França p. 166; W. Barros Monteiro op. Cit. P. 6)
b) o direito tributário mostra a sua influência desse ramo do direito civil nas isenções
tributárias a cônjuges ou companheiros, filhos e dependentes, pois na arrecadação do
imposto de renda há deduções atinentes aos encargos de família;
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CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação
de ascendentes e descendentes.
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem.
Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na
colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e
descendo até encontrar o outro parente.
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da
afinidade.
o
§ 1 O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do
cônjuge ou companheiro.
o
§ 2 Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união
estável.
1. Conceito
Segundo Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro, v.5, 2002, p. 367),
“parentesco é a relação vinculatória existente não só entre pessoas que descendem
umas das outras ou de um mesmo troco comum, mas também entre o cônjuge e os
parentes do outro e entre adotante e adotado”.
Clóvis Beviláqua define o parentesco como a relação que vincula entre si as pessoas
que descendem do mesmo tronco ancestral.
Para Pontes de Miranda, parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que
descendem uma das outras, ou de autor comum (consangüinidade), que aproxima cada
um dos cônjuges dos parentes do outro (afinidade), ou que estabelece, por fictio iuris,
entre adotado e o adotante.
Esse conceito engloba as três possíveis espécies de parentesco: por consangüinidade, por
afinidade e por adoção.
2. Espécies de parentesco
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Pode-se entender “outra origem” como, por exemplo, a inseminação artificial com
doador – hipótese trazida pelo art. 1.597, que será abordado em tempo hábil, no
tópico “Presunção de paternidade” – e até mesmo a clonagem.
AVÔ
Esquema 1 - O
parentesco entre 2º grau
João e seu avô:
relação de
parentesco em linha PAI
reta de 2º grau Ascendente
ascendente.
1º grau
JOÃO
Mário
1º Grau
Filho descendente
2º grau
Neto
10
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3º GRAU
AVÔ
2º GRAU
TIO
PAI
2º grau
3º grau
Avô
Pai Tio
1ªº grau
João primo
Esquema 4 4º grau
• Igual – quando a distância entre as pessoas que estão sendo comparadas com
relação ao ascendente comum for a mesma (esquema 5).
• Desigual – quando a distância entre as pessoas que estão sendo comparadas com
relação ao ascendente comum for diferente (esquema 6);
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2º grau
3º grau
Avô
Pai Tio
1ªº grau
2=2
João x primo
João primo
Esquema 5 4º grau
3º GRAU
AVÔ
2º GRAU
TIO
PAI
2x1
1º GRAU
João x Tio
JOÃO
Esquema 6
Como visto, o parentesco por afinidade é aquele que se estabelece com o casamento ou
com a união estável. Está limitado aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge ou
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companheiro, ressaltando-se que, na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução
do casamento ou da união estável. Sogro e sogra, por exemplo, são para sempre. Mesmo
que a pessoa se case novamente, terá acumulado sogros, isto é, duas sogras e dois sogros.
Essa espécie de parentesco tem correlação com o parentesco natural, pois a contagem da
distância dos graus será sempre a mesma, bastando que o cônjuge se transporte, isto é, se
imagine no lugar daquele com se casou ou se uniu, para que se possa fazer a contagem dos
graus (esquema 7 a 10).
1º grau Sogro
Sogra
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1º grau Sogro
Sogra
2º grau
Esposa Filho 1 Filho 2 Filha 3
João 3º grau
Esquema 9
Esquema 9 – Esposa com João – sobrinho de seu marido: não há parentesco por
afinidade na linha colateral além do 2º grau.
1º grau Sogro
Sogra
Esquema 10 – Parentesco da esposa com o marido de sua cunhada: cabe ressaltar que
entre concunhados não há relação de parentesco.
IV. DO CASAMENTO
1. Definição
Casamento é o contrato de direito de família que tem por fim promover a união do
homem e da mulher, de conformidade com a lei, a fim de regularem suas relações sexuais,
cuidarem da prole comum e se prestarem mútua assistência. (Modestino. D., Liv.23, Tit. 2º,
frag. 1º). Citado por Silvio Rodrigues.
Da definição citada por Silvio Rodrigues é possível extrair os fins do casamento, que
estão ligados aos deveres expressos no art. 1.566 do NVCC. São eles:
• A disciplina das relações sexuais, que está ligada ao dever de fidelidade;
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Então, podemos, afirmar que casamento é a união legal entre um homem e uma mulher,
com o objetivo de constituírem a família legítima. Reconhece-se-lhe o efeito de estabelecer
“comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”
(CC, art. 1511).
Como complemento, surge a norma protetiva do art. 1.513: “É defeso a qualquer pessoa,
de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família”.
União legal é aquela celebrada com observância das formalidades exigidas pela lei. E
entre um homem e uma mulher, porque o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda
não é permitido, embora existam movimentos nesse sentido. O casamento celebrado sem as
solenidades previstas em lei e entre pessoas do mesmo sexo é inexistente, bem como o é
aquele em que os nubentes não manifestam o consentimento.
A união estável, reconhecia pela CF/88 e pelo CC (art. 1723) como entidade familiar,
pode ser chamada de família natural.
Quando formada por somente um dos pais e seus filhos, denomina-se família
monoparental (CF, art. 226, § 4º).
Corrente eclética – constitui uma fusão das anteriores, pois considera o casamento um
ato complexo: um contrato especial, do direito de família, mediante o qual os nubentes
aderem a uma instituição pré-organizada, alcançando o estado matrimonial.
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Washington de Barros Monteiro, cit., v.2, p. 13; Silvio Rodrigues, Comentários ao Código Civil, v. 17,
p.3.
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“Por outro lado, por meio de contrato faz-se o casamento, mas contrato de direito
de família; no caso de celebração confessional, conforme a concepção do seu direito
matrimonial. Mas o registro civil é que em verdade lhe dá existência jurídica e os efeitos
civis; e tais efeitos não são, de regra, contratuais – resultam do instituto mesmo”. 4
Não se pode deixar de enfatizar que a natureza de negócio jurídico de que se reveste
o casamento reside especialmente na circunstância de se cuidar de ato de autonomia
privada, presente na liberdade de casar-se, de escolha do cônjuge e, também, na de não se
casar.
Com a Lei 379, de 16 de janeiro de 1937, que, segundo Silvio Rodrigues (Direito Civil –
Direito de Família, 2002, p. 23), foi refundida pela Lei n.º 1.110, de 23/5/1950, e atualmente
está prevista também na Lei n. 6.015, de 31/12/1973 (Lei de Registros Públicos), surgiu a
possibilidade do casamento religioso com efeitos civis, o que raramente se encontra nos dias
atuais, pois o costume em nosso pais é da realização de duas celebrações: civil e religiosa.
A própria CF/88 reconhece que o casamento religioso tem efeito civil nos termos da lei
(art. 226, § 2º).
4
Tratado de Direito de família, cit., v. I, p. 94.
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O legislador do novo Código Civil foi mais técnico de que o do anterior quanto à
capacidade para o casamento. No CC/16, a falta de capacidade vinha juntamente com os
impedimentos matrimoniais, o que não mais acontece no Código atual, que em seu artigo
1.517 traz:
Em 28 de março de 2005, todavia, por força da Lei n.º 11.106/05, alguns dispositivos do
CPB foram expressamente revogados, entre eles os incisos VII e VIII do art. 107. Diante de
tal fato, a parte do artigo 1.510 do CCB que prevê a possibilidade de menores de 16 anos
poderem se casar para evitar imposição de pena não se aplica mais, por não existir essa
possibilidade no ordenamento penal.
O CC, ao tratar do Poder Familiar (antigo pátrio poder), no art. 1.631, dispõe que, em
havendo divergência entre os pais quanto ao exercício do encargo, qualquer deles pode
recorrer ao juiz para solução do desacordo.
5
Lafayette, Direitos de família, § 27, p. 75, nota 121; Washington de Barros Monteiro, Curso do Direito
Civil – Direito de Família, v. 2, p. 35; Arnaldo Rizzardo, Direito de família, p. 60.
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“É de se admitir que o menor relativamente incapaz conceda mandato judicial, independentemente da
presença do assistente legal, sob pena de impedi-lo definitivamente de obter a tutela jurisdicional,
quando o representante se recusa a conceder-lhe permissão para determinados atos da vida civil, como
ocorre nos casos de necessidade de suprimento de autorização para contrair matrimônio” (RT, 670/149).
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• Proclamas
• Certificado e
• Registro
• Certidão de nascimento
• Declaração de estado civil
• Domicílio e residência dos contraentes e seus pais
• Autorização dos responsáveis, se forem menores de 18 anos
• Declaração de duas testemunhas capazes, que atestem não haver
impedimentos matrimoniais;
• Atestado de óbito ou certidão de divórcio, conforme seja um dos noivos
viúvo ou divorciado; etc.
b) proclamas – É o edital, que será afixado por quinze dias no mural do cartório,
após a apresentação dos documentos.
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os quais caducará, perdendo a sua validade. Em outras palavras, os noivos terão 90 dias para
celebrar as núpcias. Se este prazo transcorrer in albis, ou seja, sem que se celebre o
casamento, o certificado perderá a validade e o processo de habilitação deverá ter início outra
vez.
Impedimentos matrimoniais são causas que tornam o casamento impossível para ambos
ou um só dos noivos.
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III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi do
adotante;
VI – as pessoas casadas;
Por força do art. 1.571, § 1º, do CCB, o casamento dissolve-se em caso de presunção
de óbito do ausente. Há que ressaltar também que o casamento no religioso não inscrito no
Registro Civil não constitui impedimento (art. 1.515 do CCB).
I – o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros.
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Visa evitar a confusão de patrimônio dos filhos com o da nova sociedade conjugal.
A desobediência acarretará as seguintes sanções:
II – a viúva, ou mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado,
até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal.
III - 0 divorciado, enquanto não houver sido homologado ou decidida a partilha dos
bens do casal.
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Espínola e Caio Mário da Silva Pereira incluem o representante do MP, quando este
tiver conhecimento do impedimento, pois, se a qualquer do povo é lícito opô-lo, com mais
razão o é ao órgão que representa a sociedade e que, funcionalmente, é o defensor do direito
objetivo. (LRP, art. 67, § 2ºººº; CF/88, art. 127). Há, portanto, interesse do Estado na
regularidade dos casamentos e na fé pública do registro civil.
Resumo
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suspensivas
Impedimento de crime
- Para impedir confusão de patrimônios (CC, arts. 1.523, I, III e parag.
único, 1.641, I e 1.489, II; RT 167:195);
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Sanções
ao
oponente
de má-fé
Formalidades:
a) O casamento civil será realizado no dia, local e horário designados pela autoridade que
o presidirá.
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c) o evento ocorrerá na casa das audiências, se outro local não houver sido previamente
acertado.
d) São duas as testemunhas do ato, exceção feita ao caso em que um dos contraentes
não saiba ou não possa naquele momento escrever, caso em que serão exigidas mais duas
testemunhas.
Obs.: Os parentes podem ser testemunhas do ato.
e) Ao final do evento, o juiz de paz, verificando que é de livre vontade dos interessados
contraírem o matrimônio, pronunciará a seguinte fórmula solene:
De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos
receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.
Art. 1.536 do CC
O assento conterá:
- os dados qualificativos dos cônjuges (nomes, prenomes, nacionalidades, profissão e
domicílio), assim como a data e o lugar dos seus nascimentos;
- os dados qualificativos dos genitores dos cônjuges (nomes, prenomes, nacionalidades,
domicílio), assim como a data e o lugar dos seus nascimentos e, eventualmente, do óbito;
- a relação dos documentos apresentados ao cartório de registro civil;
- os dados qualificativos precedentes do cônjuge que foi anteriormente casado;
- os dados qualificativos das testemunhas;
- a data de publicação dos proclamas;
- o regime de bens adotado e a menção a eventual pacto antenupcial realizado; e
- a data de celebração do casamento.
Arts. Conexos: art. 1565 (inclusão de sobrenome do nubente); art. 1.641 (obrigatoriedade do
regime da separação de bens); art. 1,653 (pacto antenupcial)
Código Civil 1916 – art. 195
Legislação Relacionada: art. 70 da Lei n.º 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos)
O nubente que, por algum dos fatos mencionados acima, der causa à suspensão do ato, não
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O certo é designar-se o casamento para o dia seguinte ou para nova data, dentro do prazo de
eficácia da habilitação, para permitir uma serena reflexão do nubente indeciso.
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IX - Espécies de casamentos
É aquele que sucede mediante a representação do nubente que não puder estar
presente na data da sua realização. Para tanto, o mandatário deverá estar investido de
poderes específicos (ad nuptias) para contrair casamento em nome do outorgante, em
instrumento de mandato que deverá ser transcrito integralmente na escritura
antenupcial e no assento do registro.
Deve constar da procuração a indicação de quem será o outro nubente, de modo a não
se deixar tal faculdade de escolha, por óbvio, ao arbítrio do procurador. Se assim não fosse,
jamais seria possível reputar tal casamento como realizado com base em uma vontade livre.
Sua invalidade seria evidente.
Exemplo:
O mandato pode ser revogado só por instrumento público (CC, 1.542, §§ 3º e 4º).
Caso o mandante (um dos nubentes) decida revogar o mandato antes da cerimônia,
o casamento não será realizado. Todavia, não chegando tal revogação ao conhecimento do
mandatário ou do outro pretendente, caberá em desfavor do revogador o pagamento de
indenização por perdas e danos.
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Incide, na nulidade (quer seja absoluta, quer relativa), a regra da boa-fé como
desconhecimento de vício ou defeito. Assim, o casamento anulável ou mesmo nulo, se
contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, em relação a estes como aos filhos, produz todos
os efeito até o dia da sentença anulatória.
O sentido do dispositivo legal protege tão-só um dos cônjuges se somente ele estava de
boa-fé ao celebrar o casamento; nesse caso, restringindo o espectro de incidência da boa-fé
negativa, seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
Presunção legal absoluta de boa-fé cobre a situação jurídica dos filhos; mesmo que
ambos os cônjuges estivessem de má-fé ao celebrar o casamento, seus efeitos civis só aos
filhos aproveitarão.
É a união entre pessoas de sexos diferentes entre si, objetivando a constituição de uma
família, quando ao menos um dos nubentes se encontra portando alguma moléstia
grave, que o submeta a possível morte iminente.
Uma vez realizado, as seis testemunhas deverão comparecer ao fórum, em até cinco
dias, para reduzir a termo judicial que:
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É presidido por pessoa que não possui a autoridade legal para tanto, incumbindo ao
capitão da embarcação a sua realização.
Entretanto, fatores outros podem ensejar não apenas o extravio ou perda da certidão,
como, ainda, inviabilizar a prova documental direta das núpcias.
Admite-se, assim, a prova indireta, pelos meios não proibidos pelo direito, realçando-se
os documentos e as testemunhas, como é o que sucede com a posse do estado de casado.
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Como é cediço por todos, no Brasil, por muitos anos, todos os casamentos eram
realizados pela Igreja, em virtude de a quase-maioria dos brasileiros ser católica. Com a
chegada de imigrantes, era necessário que se disciplinasse o casamento de uma forma a
adequar-se às novas circunstâncias.
Foi assim que em 11 de setembro de 1861 foi editada lei que disciplinava o casamento
dos acatólicos, no entanto somente com a proclamação da República veio o casamento a
perder seu caráter confessional.
Washington de Barros Monteiro pontua em seu Curso de direito Civil (1982, p. 73): "O
ato inexistente é o nada. A lei não o regula, porque não há necessidade de disciplinar o nada".
Foi o jurista alemão Zacharie (VENOSA, 2003, p. 113) que pela primeira vez doutrinou
a diferença entre a inexistência e a nulidade de um ato jurídico.
Casamento nulo é aquele que, embora existente é inválido e ineficaz, pois decorre
"da falta de qualquer dos requisitos legais da formação do ato ou de expressa
disposição da lei (AMARAL, 2003, p. 524)”.
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A união entre pessoas do mesmo sexo, ainda quando é solenemente realizada, não
constitui matrimônio porque é da essência deste negocio jurídico a sua celebração entre
homem e mulher, visto que este contrato jurídico apresenta três finalidades, quais sejam:
Aduz Pontes de Miranda (1947, p. 296) que "se o sexo preponderante é diferente do
sexo do cônjuge normal, ou há duvida sobre a preponderância, tal casamento apenas é
anulável por defeito irremediável".
Cabe ainda ressaltar os casos de nulidade a fim de que se possa diferenciá-los das
hipóteses de inexistência. Aqueles estão expressamente consignados nos arts. 1521 e 1548
do Novo Código Civil. A seguir vejamos essas hipóteses conforme expressa disposição do
Código Civil:
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III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra seu consorte.
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil.
É imperioso salientar que o casamento inexistente não produz nenhum efeito no plano
jurídico, já o mesmo não ocorre no casamento nulo. Este poderá suscitar efeitos tais como o
impedimento da mulher casar nos dez meses seguintes à separação de corpos.
Embora "os atos inexistentes sejam um nada jurídico" (VENOSA, 2003, p. 115), muitas
vezes, possuem efeitos materiais que precisam ser extinguidos por meio de um decreto judicial
declaratório e mandamental, já que será forçoso cancelar o Registro Civil, mediante um
mandado de cancelamento.
No que diz respeito à nulidade ou anulação, tem-se o que a doutrina costuma chamar
de processo necessário. A decretação de nulidade só poderá ser exercida por uma sentença
desconstitutiva.
A inexistência do casamento pode ser alegada por qualquer pessoa, e também pode o
juiz decretá-la oficiosamente; enquanto a nulidade matrimonial, diferentemente dos atos
jurídicos em geral, só pode ser argüida por interessados ou o Ministério Público, na medida do
artigo 1549 do Código Civil, não podendo o juiz pronunciá-la voluntariamente.
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Resumindo:
A nulidade atende a um interesse social e, por isso, podem ser reconhecida ex officio
pelo julgador, ou seja, independentemente da provocação de qualquer interessado.
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Observação: Atente para o fato que no artigo 1.548, inciso I – CC nos traz que o é nulo o
casamento realizado pelo enfermo mental, e no artigo 1.550, inciso IV, já admite que o
ato do matrimônio civil possa ser anulável.
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
Ora, todo enfermo mental é incapaz de consentir. Criando uma confusão entre a
palavra discernir e consentir. No Dicionário Aurélio:
• Discernir significa julgar, distinguir, conhecer claramente;
• Consentir significa concordar, aprovar, admitir, aquiescer e anuir.
Todo enfermo mental, sem o necessário discernimento para os atos da vida civil, é
desprovido de capacidade para consentir, portanto pairam dúvidas interpretativas ao
analisarmos os dois incisos dos arts. 1.548 e 1.550.
Casamento ineficaz é aquele que gera efeitos jurídicos até a data da declaração judicial
de sua anulabilidade.
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não vier a ser anulado no prazo de 180 dias, observando-se como termo
inicial:
O erro quanto à pessoa deve ser essencial, capaz de tornar insuportável a continuidade
da vida em comum dos cônjuges.
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a) identidade do cônjuge;
• Um rapaz contrai casamento com uma moça que é irmã gêmea daquela
com quem gostaria realmente de ter se casado; ou
• Prostituição;
• Aliciação de menores para prostituição ou venda de drogas;
• Atos homossexuais, entre outros.
O cônjuge que não alertado pelo outro acerca da doença anteriormente contraída,
transmissível por contágio ou por herança hereditária, pode pleitear a anulação do
casamento. Exemplo:
• Aquele que se casa com uma pessoa portadora do vírus da AIDS, que não
comunica a doença antes da realização do casamento.
• Impotência coeundi
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e) a ignorância de doença física ou mental grave que, por sua natureza, torna
insuportável a vida em comum. Exemplos: Lepra, sífilis, AIDS, epilepsia.
A coação física ou moral irresistível é mal injusto, grave e iminente que leva a
vítima a praticar ato jurídico diverso daquele que ela realizaria caso estivesse na plenitude de
sua liberdade em declarar a vontade.
A ação para propor a ineficácia do matrimônio civil tem o prazo de 4 anos, contados da
sua realização, e é de iniciativa exclusiva da vítima da coação ou de seu representante legal.
4. Casamento Putativo
Casamento putativo ou aparente é o matrimônio civil celebrado com boa-fé, ao
menos, de um dos nubentes.
Podemos dar como exemplo: o rapaz que se casa com a sua irmã, desconhecendo tal
fato.
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Casamento inexistente:
• Pessoas do mesmo sexo;
• Falta de habilitação
• Religioso sem efeitos civis.
Casamento inválido (nulo) – não gera efeitos – jamais se convalida – a nulidade pode
ser alegada a qualquer tempo.
• Impedimento dirimente absoluto
• Enfermo mental
• Ação imprescritível
Casamento ineficaz – Pode se convalidar caso a anulação não seja pedida dentro do
prazo previsto em lei.
• Impedimento dirimente relativo (causas suspensivas)
• Erro quanto à pessoa do outro
• Coação
• Incompetência da autoridade
1. pessoa diversa
2. honra, moral e bons costumes
3. ideologia
Resumo 2
DA INVALIDADE DO CASAMENTO
INVALIDADE HIPÓTESES PRAZO LEGITIMIDADE EXCEÇÕES
DO DECADENCIAL ATIVA
CASAMENTO PARA
INVALIDAÇÃO
BIGAMIA qualquer
(art. 1.448, II e interessado ou o
1.521, VI) o exercício do MP, motivado
NULIDADE INCESTO direito à por qualquer
(art. 1.548) (art. 1.548, II e invalidação do pessoa, ou de
ofício
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art. 1.555, § 1º
ERRO A coabitação
ESSENCIAL do cônjuge que
QUANTO À incidiu em erro,
PESSOA DO ou sofreu
OUTRO CÔNJUGE coação,
(arts. 1.550, III, 3 anos, cônjuge que havendo
1.556 e 1.557) contados ciência
incidiu em erro
I – o que diz da data da art. 1.559 do vício, valida
respeito à celebração do o ato,
identidade, casamento ressalvadas as
honra e boa art. 1.550, III hipóteses dos
fama; incisos III e IV
II – a ignorância do art. 1.557.
de crime, que cf. art. 1.559
por sua
natureza,
torne
insuportável
a
convivência;
III – a
ignorância de
defeito físico
irremediável,
ou de
moléstia
grave e
transmissível;
IV – a
ignorância de
doença
mental grave;
180 dias, cônjuge incapaz Não se anulará
contados do dia art. 1.555 caput o casamento
INCAPAZ DE em que cessou quando à sua
CONSENTIR OU a incapacidade celebração
DE MANIFESTAR, art. 1.555 caput houverem
DE MODO e § 1o assistido os
INEQUÍVOCO, O 180 dias, representante representantes
CONSENTIMENTO contados da legal legais do
(art. 1.550, IV) data da art. 1.555 caput incapaz, ou
celebração do e § 1o tiverem, por
casamento qualquer
art. 1.555 e § 1º modo,
180 dias da herdeiros manifestado
morte do necessários sua aprovação.
relativamente art. 1.555 caput art. 1.555, § 2º
incapaz, se e § 1o
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morrer antes de
atingir a
capacidade
art. 1.555, § 1º
180 dias, cônjuge Por revogação
MANDATÁRIO contados a mandante ou invalidade
COM PODERES partir da data do lei é omissa do mandato
REVOGADOS OU conhecimento não se anula
INVALIDADOS da celebração casamento no
(art. 1.550, V e pelo mandante qual sobreveio
§ único) art. 1.560, § 2º coabitação dos
cônjuges
art. 1.550, V
Subsiste o
AUTORIDADE casamento
INCOMPETENTE celebrado por
(art. 1.550, VI) 2 anos da cônjuges quem, sem
celebração do lei é omissa possuir a
casamento competência
art. 1.560, II legal, exercer
publicamente
as funções de
juiz de
casamentos e
tiver registrado
o ato no
Registro Civil
art. 1.554
COAÇÃO 4 anos, cônjuge coato art. 1.559
(art. 1.558) contados da (art. 1.559) citado na
data da hipótese de
celebração do erro essencial
casamento - art.
1.560, IV
Não, obstante, o casamento continua produzindo outros efeitos. Dentre eles podemos
destacar:
1) esfera pessoal:
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2) Esfera patrimonial
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No silêncio dos nubentes, vigorará, por força de lei, o regime da comunhão parcial de
bens. Os nubentes que desejem escolher regime diverso da comunhão parcial de bens,
deverão fazê-lo através do chamado pacto antenupcial.
• a alteração deverá ser autorizada pelo Juiz, mediante pedido de ambos os cônjuges,
em que fiquem explicitados os motivos para tanto.
• As razões invocadas pelos cônjuges devem ser razoáveis e não podem prejudicar
direitos de terceiros.
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Doação remuneratória é a efetuada pelo doador em retribuição a serviços prestados de forma graciosa pelo
donatário, no que se refere à parte excedente ao valor que poderia ter-lhe sido cobrado. É premiação ao
devotamento profissional, em demonstração do interesse de compensar. Exemplo: gorjeta.
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a) um só do marido;
b) outro só da mulher e
c) um terceiro de ambos.
O art. 1.659 do CC lista os bens que não se comunicam e o art. 1.660, os que se
comunicam.
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Sub-rogados = substituídos
Aprestos = preparo.
CAPÍTULO VI
Do Regime de Separação de Bens
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal
na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em
contrário no pacto antenupcial.
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Sobre estes bens deverá decidir o pacto antenupcial, podendo eles pertencer a um
dos cônjuges ou aos dois, em comunhão.
CAPÍTULO V
Do Regime de Participação Final nos Aqüestos
Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimônio
próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade
conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do
casamento.
Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os
por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento.
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá
livremente alienar, se forem móveis.
Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aqüestos, computar-se-á o valor das doações
feitas por um dos cônjuges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser
reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável,
por valor equivalente ao da época da dissolução.
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Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação, se
não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.
Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges,
somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do
outro.
Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o
valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro
cônjuge.
Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá cada um dos cônjuges
uma quota igual no condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido.
Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro.
Art. 1.683. Na dissolução do regime de bens por separação judicial ou por divórcio, verificar-
se-á o montante dos aqüestos à data em que cessou a convivência.
Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza,
calcular-se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-
proprietário.
Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam
ao outro, ou a seus herdeiros.
O regime de participação final nos aqüestos é novo no direito brasileiro, tendo sido
introduzido pelo Código de Miguel Reale. Tal como o da comunhão parcial, trata-se de
regime híbrido, em que o patrimônio dos cônjuges se reparte em particular e comum. Ao
contrário deste, porém, só se comunicam os adquiridos na constância do casamento
mediante esforço comum do casal.
Como toda novidade, tem despertado algumas incertezas – para cuja superação
infelizmente nem sempre o texto da lei ajuda como deveria. Para compreender seus
contornos e disciplina, o critério mais útil é extremá-lo dos demais regimes. A
interpretação das normas legais referente à participação final nos aqüestos não pode
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Com o fim da sociedade conjugal, a partilha dos bens – tanto no juízo da separação
ou divórcio, como no sucessório (CC, art. 1.685) – depende do cômputo do valor dos
aqüestos; feito por meio de cálculo, cuja complexidade infelizmente a lei não conseguiu
captar de modo adequado.
2ª etapa: Devem ser considerados os valores dos demais bens adquiridos pelos
consortes na constância do casamento, para distinguir os que o foram com recursos
individuais dos que resultaram do esforço conjunto do casal.
• no caso de bens adquiridos pelo esforço comum, cada cônjuge terá direito à
metade (CC, art. 1.679);
• os bens móveis presumem-se adquiridos na constância do casamento (art.
1.674, parágrafo único); e
• os imóveis são, em princípio, da propriedade daquele em cujo nome estiver
registrado (art. 1.681).
8
Ato pelo qual se conferem gratuitamente a outrem vantagens, bens e direitos.
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dividir-se-á o bem em quotas iguais, isto é, pela metade, mesmo que um dos consortes
tenha contribuído mais que outro na aquisição.
O derradeiro ajuste nos cálculos dos aqüestos diz respeito às dívidas de um dos
cônjuges, que não pode comprometer a meação do outro quando seu valor superar a do
devedor (art. 1.686).
9
Cedido, transferido; vendido.
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Considere que na separação deste casal que optou pelo regime de participação final
nos aqüestos, o patrimônio em nome dele é avaliado em R$ 300.000,00, e o em nome
dela, em R$ 500.000,00.
Na segunda etapa, resta provado que um imóvel em nome da mulher foi adquirido
com dinheiro proveniente exclusivamente do trabalho dela, e que seu valor é de R$
200.000,00.
Na terceira etapa, apura-se que o marido pagou, com seus recursos, uma dívida da
mulher, correspondente a R$ 30.000,00. Feitas as contas, os aqüestos montam R$
300.000,00, dos quais ele terá direito a R$ 180.000,00, e ela, a R$ 120.000,00.
Soma-se, então, o valor dos aqüestos em nome de cada um dos cônjuges (R$
100.000,00 (homem) + R$ 200.000,00 (mulher)= R$ 300.000,00). Ele seria simplesmente
dividido pela metade, não fosse a necessidade do ajuste relativo à dívida dela paga por
ele. Ajustado o cálculo, apura-se o direito do marido em R$ 180.000,00, vejamos: R$
300.000,00 ÷ 2= R$ 150.000,00; então, teremos, R$ 150.000,00 + R$ 30.000,00= R$
180.000,00; e o da mulher R$ 120.000,00 (R$ 300.000,00 ÷ 2 = R$ 150.000,00 – R$
30.000,00 = R$ 120.000,00).
Art. 1653 – É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não
lhe seguir o casamento.
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Podem os cônjuges, no pacto antenupcial, estipular quanto aos bens o que melhor lhes
aprouver (art. 1.639). Prevalece a regra da liberdade das convenções nos pactos antenupciais,
relativamente à questão patrimonial, desde que não contrarie disposição absoluta de lei. Os
nubentes podem combinar regras de regimes diversos, bem como estipular outras regras
convenientes a seus interesses. O essencial é a compatibilidade entre as disposições.
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à
aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de
bens.
O pacto antenupcial realizado por menor de idade núbil tem sua validade condicionada à
aprovação de seu representante legal. Excetuam-se, apenas, os casos de regime obrigatório de
separação de bens. Tal exigência justifica-se uma vez que o menor não tem capacidade para,
sozinho, firmar o pacto antenupcial.
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.
Dentre outras, são nulas as cláusulas que versem contra a própria natureza do
casamento, as contrárias aos bons costumes, as que contrariem o poder familiar, as que
pretendam alterar a ordem necessária da sucessão e as que ajustem regime de bens
diverso do obrigatório. São proibidas, ainda, condição ou termo.
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Para qualquer regime que não o legal, haverá a obrigatoriedade de pacto antenupcial.
Pacto antenupcial é o contrato solene, realizado antes do casamento, por meio do qual os
nubentes escolhem o regime de bens que vigorará durante o matrimônio.
Requisitos de validade
a) escritura pública, sob pena de nulidade.
b) Ser seguido de casamento, sob pena de ineficácia.
Regime da comunhão parcial de bens
É o regime pelo qual entram na comunhão os bens adquiridos após o casamento. São
excluídos da comunhão os bens que os cônjuges possuem ao casar, bem como aqueles que
venham a adquirir por causa anterior ao casamento (doações e os bens sub-rogados, por
exemplo).
Regime da comunhão total de bens
É o regime em que todos os bens se comunicam, isto é, tanto os bens adquiridos antes
como após o matrimônio são divididos entre os cônjuges. Fica fora da comunhão apenas o rol
constante do artigo 1.668 do CC.
Regime da separação total de bens
É o regime pelo qual não há comunicação de bens em decorrência do matrimônio.
Pode ser:
• Legal (art. 1.641, I a III, CC) – É obrigatório no casamento:
- das pessoas que contraírem com inobservância das causas suspensivas
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