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TRIBUTAÇÃO DO PATRIMÓNIO

DIS 1811

IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis;

IMT - Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

IS - Imposto do Selo;

1
Texto elaborado
Por Abílio Marques

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ÍNDICE

IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis


I – Parte............................................................................................................................
IMI – Aspectos gerais.......................................................................................................
1 – Incidência real ou objectiva .......................................................................................
2 – Incidência subjectiva..................................................................................................
3 – Início da tributação....................................................................................................
3.1 – Regra geral........................................................................................................
3.2 – Regras especiais................................................................................................
4 – Actualização das matrizes..........................................................................................
5 – Reclamação das matrizes...........................................................................................

II – Parte...........................................................................................................................
IMI – Aspectos particulares .............................................................................................
1 – Actividades empresariais no imobiliário ...................................................................
1.1 – Construção de prédios para venda (artigo 9.º) ................................................
1.2 – Aquisição de prédios para revenda (artigo 9.º)................................................
2 – Avaliações ..................................................................................................................
2.1 – Iniciativa da avaliação.......................................................................................
2.2 – Prédios para habitação, comércio, indústria ou serviços (artigo 38.º) ............
2.3 – Quadro de fórmulas e conceitos ......................................................................
2.4 – Valor patrimonial tributário dos terrenos para construção.............................
2.5 – Valor patrimonial tributário dos prédios da espécie «Outros»........................
2.6 – Segunda avaliação de prédios urbanos (artigo 76.º)........................................
2.7 – Prazo para a conclusão do processo de segunda avaliação .............................
2.8 – Impugnação ......................................................................................................

IMT – Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis


I – Parte............................................................................................................................
Aspectos gerais................................................................................................................
1 – Incidência real ou objectiva .......................................................................................
2 – Incidência Pessoal ou subjectiva ...............................................................................
3 – Determinação da matéria colectável.........................................................................

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3.1 – Regras gerais.....................................................................................................
3.2 – Valor do acto ou contrato.................................................................................
4 – Liquidação..................................................................................................................
5 – Valor patrimonial tributário excessivo ......................................................................
6 – Taxas ..........................................................................................................................
7 – Pagamento do imposto .............................................................................................
7.1 – Prazos para pagamento (artigo 36.º) ...............................................................
7.2 – Local de pagamento (artigo 37.º) .....................................................................

II – Parte...........................................................................................................................
IMT – Tratamento particular dos principais factos tributários .......................................
1 – Contratos promessa de compra e venda...................................................................
1.1 – Quando verificada a tradição para o promitente adquirente..........................
1.2 – Celebração de contrato-promessa COM cláusula de livre cedência................
1.3 – CESSÃO DE POSIÇÃO contratual no exercício do direito conferido por
contrato-promessa de cláusula de livre cedência.....................................................
1.4 – Cedência de posição contratual ou ajuste de revenda, em contrato SEM
cláusula de livre cedência..........................................................................................
1.5 – Promessas de aquisição e de alienação – Contrato para pessoa a nomear ....
2 – Aquisição de partes sociais ou de quotas .................................................................
3 – Procurações irrevogáveis...........................................................................................
4 – A resolução, invalidade ou extinção, por MÚTUO CONSENSO, do contrato que
tenha operado transmissão.............................................................................................
5 – Permutas de bens imóveis.........................................................................................
6 – As entradas dos sócios com bens imóveis para a realização do capital das
sociedades .......................................................................................................................
7 – Adjudicação dos bens imóveis aos sócios, na liquidação dessas sociedades ...........
8 – As transmissões de bens imóveis por fusão ou cisão das sociedades ......................
9 – As transmissões de benfeitorias e as aquisições de bens imóveis por acessão........
10 – Isenção pela aquisição de prédios para revenda ....................................................

– Imposto do Selo
I – Parte............................................................................................................................
Aspectos gerais da tributação .........................................................................................
1 – Incidência objectiva ...................................................................................................
2 – O imposto do selo enquanto imposto de transmissão .............................................
3 – Exclusão do imposto do selo enquanto imposto tradicional sobre a despesa .........
4 – Exclusão do imposto do selo enquanto imposto de transmissão .............................
5 – Incidência subjectiva do imposto do selo, enquanto imposto sobre a despesa.......
6 – Incidência subjectiva do imposto do selo, enquanto imposto de transmissão ........

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7 – Encargo do imposto...................................................................................................
8 – Territorialidade ..........................................................................................................
9 – Nascimento da obrigação tributária..........................................................................
10 – Isenções subjectivas ................................................................................................
11 – Outras isenções (artigo 7.º). ....................................................................................

II – PARTE.........................................................................................................................
Aspectos particulares do imposto do selo ......................................................................
1 – Escritos particulares...................................................................................................
2 – Tabela Geral, Verba 17, Enquadramento das relações dos sócios com as sociedades
Créditos do Sócio sobre a sociedade...............................................................................
2.1 – Suprimentos e outros abonos do sócio à sociedade........................................
2.2 – Factos tributários abrangidos...........................................................................
2.3 – Fornecimento de bens ou prestações de serviços ...........................................
2.4 – Pagamentos do sócio por conta da sociedade .................................................
2.5 – A territorialidade ..............................................................................................
2.6 – As isenções........................................................................................................
2.7 – A competência para a liquidação .....................................................................
2.8 – O encargo do imposto ......................................................................................
2.9 – Momento de exigibilidade................................................................................
3 – Tabela Geral – Transmissão dos créditos ..................................................................
3.1 – As cessões de créditos a título oneroso ...........................................................
3.2 – As transmissões gratuitas de créditos por herança ou doação........................
3.3 – A territorialidade ..............................................................................................
3.4 – As isenções........................................................................................................
3.5 – A competência para a liquidação .....................................................................
4 – Imposto do selo no trespasse a título oneroso (verba 27 da Tabela) .......................
Incidência.........................................................................................................................
- Notas e comentários .....................................................................................................
4.1 – Factos tributários abrangidos...........................................................................
4.2 – Determinação da matéria colectável ...............................................................
4.3 – Competência para a liquidação ........................................................................
4.4 – Encargo do imposto..........................................................................................
4.5 – Territorialidade .................................................................................................
4.6 – Momento de exigibilidade:...............................................................................
4.7 – Direito de preferência (artigo 70.º do CIS) .......................................................
5 – Trespasse de estabelecimento a título gratuito (Verba 1.2).....................................
5.1 – Incidência..........................................................................................................
5.2 – Determinação da matéria colectável ...............................................................
1 - Estabelecimentos com contabilidade organizada..........................................
2 - Estabelecimento sem contabilidade organizada............................................

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3 - Sociedades de transparência fiscal e estabelecimentos afectos a profissões
liberais .................................................................................................................
5.3 – Competência para a liquidação ........................................................................
5.4 – Encargo do imposto..........................................................................................
5.5 – Territorialidade .................................................................................................
5.6 – Momento de exigibilidade................................................................................
5.7 – Obrigações acessórias.......................................................................................

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IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis

I – Parte
IMI – Aspectos gerais
1 – Incidência real ou objectiva
O imposto municipal sobre imóveis (IMI) incide sobre o valor patrimonial tributário dos
prédios rústicos e urbanos situados no território português, constituindo receita dos
municípios onde os mesmos se localizam (artigo 1.º).
O serviço anual de conservação das matrizes é encerrado em 31 de Dezembro (artigo
94.º). Significa que a tributação abrangerá os prédios que se encontrem ou devam
encontrar inscritos na matriz em 31 de Dezembro de cada ano.
Um prédio construído e concluído até 31 de Dezembro de determinado ano, já pagará
IMI por todo esse ano (alínea a) do n.º 1 do artigo 9.º), porque no Código do IMI, não
existe qualquer mecanismo de fraccionamento.
Se, porventura, se tratar de um prédio que venha a beneficiar de isenção, não será
tributado. Porém, por um dia, já consumirá um ano dessa isenção.
A data da conclusão das obras determina-se nos termos do artigo 10.º do CIMI,
presumindo-se que a mesma se verificou com a passagem da licença de utilização, se o
proprietário não declarar qualquer data de conclusão ou ocupação que lhe seja
anterior.

2 – Incidência subjectiva
Sujeito passivo
O imposto é devido pelo proprietário, usufrutuário ou superficiário do prédio em 31 de
Dezembro do ano a que o mesmo respeitar (artigo 8.º).
Daqui resulta que, se o adquirente fizer a aquisição do imóvel, ainda que seja no
último dia do ano, já será responsável pelo pagamento do IMI relativo ao ano todo.
Não há liquidações correspondentes a uma qualquer parte do ano. Se houver contas a
fazer, terão que ser feitas entre comprador e vendedor, de acordo com o que entre
eles tiver sido estabelecido.
Para os devidos efeitos fiscais, presume-se proprietário, usufrutuário ou superficiário
quem como tal figure ou deva figurar na matriz, a 31 de Dezembro. Na matriz, só deve
figurar um ou mais titulares que possuam, escritura pública, documento particular
autenticado, ou qualquer outro título ou procedimento, quando essa forma seja
admitida em alternativa à escritura pública, comprovativo do seu direito.
A posse efectiva, mas sem título, não releva para efeitos de inscrição na matriz. Daqui
resulta que, havendo um contrato promessa de compra e venda seguido de tradição,
mesmo implicando como implica, a liquidação de IMT, não releva para efeitos de IMI
que continuará a ser liquidado em nome do promitente vendedor.

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Também, quando o proprietário passar procuração irrevogável, deverá manter o
imóvel na matriz, averbado em seu nome, não obstante o legislador ter ficcionado,
para efeitos de IMT, que o processamento de procuração irrevogável produz um facto
tributário.
Claro que, em qualquer dos casos, mesmo sabendo que o imóvel, na prática, já passou
para a posse do promitente-comprador ou do procurador, a Administração Fiscal só
deverá averiguar e liquidar em nome do possuidor, no caso de prédios omissos à
matriz. Mesmo em relação a estes, só deverá averiguar quem foi ou é possuidor do
prédio em determinado período, depois de esgotados os meios para verificar quem foi
o titular do direito de propriedade, do usufruto ou de superfície.
O averbamento em nome do adquirente deve ser efectuado oficiosamente pelos
Serviços. No caso de não ter sido feito, deverão os sujeitos passivos efectuar a
reclamação das matrizes com o fundamento na alínea c) do n.º 3 do artigo 130.º.
No caso de os imóveis adquiridos ainda não terem sido avaliados nos termos do CIMI,
os adquirentes deverão, no prazo de 60 dias após a aquisição, apresentar uma
declaração modelo 1 de IMI, para efeitos de avaliação. Este é o entendimento que
resulta de uma interpretação conjugada do disposto na alínea i) do n.º 1 do artigo 13.º,
nos artigos 37.º e seguintes do CIMI, e no n.º 1 do artigo 15 do D.L. 287/2003.
Na situação prevista no artigo 81.º (inscrição de prédio de herança indivisa) o imposto
é devido pela herança indivisa representada pelo cabeça-de-casal.

3 – Início da tributação
3.1 – Regra geral:
O imposto é devido a partir do ano, inclusive, em que a fracção do território e demais
elementos referidos no artigo 2.º devam ser classificados como prédio, ou da
conclusão das obras de edificação, de melhoramento ou de outras alterações que
hajam determinado a variação do valor patrimonial tributário de um prédio.
De acordo com o n.º 1 do art.º 10.º, os prédios urbanos presumem-se concluídos ou
modificados na mais antiga das seguintes datas:
a) Em que for concedida licença camarária, quando exigível;
b) Em que for apresentada a declaração para inscrição na matriz com indicação da
data de conclusão das obras;
c) Em que se verificar uma qualquer utilização, desde que a título não precário;
d) Em que se tornar possível a sua normal utilização para os fins a que se destina.

3.2 – Regras especiais:


O imposto é devido a partir do quarto ano seguinte, inclusive, àquele em que um
terreno para construção tenha passado a figurar no activo de uma empresa que tenha
por objecto a construção de edifícios para venda; (alínea d)) ou,

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Do terceiro ano seguinte, inclusive, àquele em que um prédio tenha passado a figurar
no activo circulante de uma empresa que tenha por objecto a sua venda. (alíneas d) e
e) do nº1 do artigo 9º do CIMI.
Este tema será desenvolvido mais adiante.

4 – Actualização das matrizes


As matrizes prediais são registos de que constam, designadamente, a caracterização
dos prédios, a localização e o seu valor patrimonial tributário, a identidade dos
proprietários e, sendo caso disso, dos usufrutuários e superficiários (artigo 12.º).
A inscrição de prédios na matriz e a actualização desta são efectuadas com base em
declaração apresentada pelo sujeito passivo, no prazo de 60 dias contados a partir da
ocorrência de qualquer dos seguintes factos (n.º 1 do art.º 13.º):
a) Uma dada realidade física passar a ser considerada como prédio. Verifica-se
algumas vezes, quando as parcelas sobrantes derivadas da rectificação do traçado de
estradas, as quais, entretanto, são adquiridas por privados.
b) Verificar-se um evento susceptível de determinar uma alteração da classificação de
um prédio. Por exemplo, um prédio rústico para o qual foi conseguida a aprovação de
um projecto de construção ou alvará de loteamento e que, por esse facto, adquiriu a
natureza de prédio urbano.
c) Modificarem-se os limites de um prédio. A alteração de áreas implica normalmente
alteração do valor patrimonial. Podem dar-se duas situações: as áreas serem alteradas
por acção do proprietário e, neste caso, aplica-se a obrigação de comunicação imposta
por esta alínea, ou não tendo sido alteradas, encontrarem-se erradas na matriz, por
erro de serviço ou não, aplicando-se aí o direito de reclamação, estabelecido no artigo
130.º.
d) Concluírem-se obras de edificação, de melhoramento ou outras alterações que
possam determinar variação do valor patrimonial tributário do prédio. A data da
conclusão determina-se nos termos do artigo 10.º do CIMI.
e) Verificarem-se alterações nas culturas praticadas num prédio rústico;
f) Ter-se conhecimento da não inscrição de um prédio na matriz. A obrigação de
participação aplica-se aos adquirentes de prédios omissos. Presume-se que o
adquirente de um desses prédios tomou conhecimento da omissão no momento da
transmissão ou do início da posse, salvo prova em contrário (n.º 2 do artigo 13.º).
g) Verificarem-se eventos determinantes da cessação de uma isenção, excepto
quando estes eventos sejam de conhecimento oficioso. Se a isenção for temporária e
chegar ao fim no termo do período a que havia direito, não haverá participação
alguma a fazer. Se a isenção terminar porque se alteraram as condições da sua
verificação, o sujeito passivo deverá fazer a comunicação desses factos, neste caso, no
prazo de 30 dias (n.º 5 do artigo 13.º).
h) Ser ordenada uma actualização geral das matrizes, no caso de avaliação geral da
propriedade urbana.

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i) Ter-se verificado uma mudança de proprietário, por ter ocorrido uma transmissão
onerosa ou gratuita de um prédio ou parte de prédio, excepto quando não haja lugar à
primeira avaliação prevista nos artigos 37.º e seguintes do CIMI. Quer dizer: o
averbamento deve ser oficioso. Porém, se houver lugar avaliação por o prédio nunca
ter sido avaliado nos termos do IMI, terá que ser apresentada a declaração modelo 1
do IMI.
j) Verificar-se desvio de destino dos terrenos declarados como de construção para
venda ou imóveis adquiridos para revenda.
l) Iniciar-se a construção ou concluir-se a plantação, no caso de direito de superfície.

As inscrições ou actualizações matriciais devem referir o ano em que tenham sido


efectuadas, bem como os elementos que as justifiquem (n.º 4 do artigo 13.º).
Sempre que haja lugar à junção das plantas de arquitectura, das fotocópias dos alvarás
de loteamento ou de licença de construção, do projecto aprovado ou de documento
de viabilidade construtiva (elementos referidos nos n.os 2 e 3 do artigo 37.º), têm-se
por não entregues as declarações que não sejam por eles acompanhadas.

5 – Reclamação das matrizes


Pelo disposto nos n.os 1 e 3 do artigo 130º, o sujeito pode consultar ou obter
documento comprovativo dos elementos constantes das inscrições matriciais no
serviço de finanças da área da situação dos prédios, podendo, a todo o tempo,
reclamar de qualquer incorrecção nas inscrições matriciais.
Enquanto que o artigo 13.º impõe a obrigação de participação à Administração Fiscal,
sempre que, tal como atrás se referiu, se verifique algum dos factos dele constantes, o
artigo 130.º concede aos sujeitos passivos o direito de reclamarem, sempre que notem
que os elementos constantes das matrizes não se encontram correctos.
A reclamação poderá ter como fundamento, qualquer inexactidão, nomeadamente as
seguintes:
a) Valor patrimonial tributário considerado desactualizado. Esta desactualização
corresponde a uma inadequação do valor patrimonial tributário (VPT), ao prédio a que
respeita e poderá resultar do facto do VPT ser superior ou inferior aquele que
resultaria duma correcta avaliação efectuada. Normalmente, o sujeito passivo só terá
interesse em reclamar se o VPT constante da matriz for superior àquele que, em seu
entender, é devido. Esta reclamação terá sempre a limitação constante do n.º 4 do
artigo 130.º, ou seja, o valor patrimonial tributário resultante de avaliação anterior só
pode ser objecto de alteração, por meio de avaliação, decorridos três anos sobre a
data do encerramento da matriz em que tenha sido inscrito o resultado daquela
avaliação que originou o VPT constante da matriz.
b) Indevida inclusão do prédio na matriz. Poderá verificar-se quando, por exemplo, se
trate duma edificação que já tenha sido demolida, dum terreno “engolido” por uma
estrada ou um rio.

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c) Erro na designação das pessoas e residências ou na descrição dos prédios. Verifica-
se, por vezes, o exemplo de prédios transmitidos que ainda se encontrem em nome
dos alienantes por falta de averbamento em nome dos adquirentes.
d) Erro de transcrição dos elementos cadastrais ou das inscrições constantes de
quaisquer elementos oficiais.
e) Duplicação ou omissão dos prédios ou das respectivas parcelas.
f) Não averbamento de isenção já concedida ou reconhecida. Recentemente, a
Administração Fiscal tomou medidas que reduzem ao mínimo estas situações.
Particularmente na isenção das habitações próprias e permanentes, o averbamento do
pedido será logo feito no momento em que este der entrada nos Serviços.
g) Alteração na composição dos prédios em resultado de divisão, anexação de outros
confinantes, rectificação de estremas ou arredondamento de propriedades.
h) Não discriminação do valor patrimonial tributário dos prédios urbanos por andares
ou divisões de utilização autónoma. Mesmo na propriedade total, a avaliação deve
contemplar separadamente todas as divisões susceptíveis de arrendamento em
separado, mas isto nem sempre acontece.
i) Passagem do prédio ao regime de propriedade horizontal.
j) Erro na representação topográfica, confrontações e características agrárias dos
prédios rústicos.
l) Erro nos mapas parcelares cometidos na divisão dos prédios referidos na alínea
anterior.
m) Erro na actualização dos valores patrimoniais tributários. Como é sabido, nos
termos do artigo 138.º, os valores patrimoniais tributários dos prédios urbanos são
actualizados trienalmente com base em factores correspondentes a 75% dos
coeficientes de desvalorização da moeda fixados anualmente por portaria do Ministro
das Finanças para efeitos dos impostos sobre o rendimento.
n) Erro na determinação das áreas de prédios rústicos ou urbanos, desde que as
diferenças entre as áreas apuradas pelo perito avaliador e a contestada sejam
superiores a 10% e 5%, respectivamente.

Os pedidos sobre a existência de imóveis, efectuados por qualquer entidade, devem


ser dirigidos ao serviço de finanças do domicílio fiscal do sujeito passivo (n.º 2 do
artigo 130.º).
Quando ocorram sinistros que no todo ou em parte destruam prédios, podem os
sujeitos passivos reclamar com esse fundamento a eliminação do prédio na matriz ou a
redução do seu valor patrimonial tributário através da competente avaliação. Mais,
tratando-se de sinistros que afectem significativamente uma freguesia ou um
município, pode a junta de freguesia ou a câmara municipal apresentar reclamação
colectiva (n.os 5 e 6 do artigo 130.º).

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Por fim, pelo n.º 7 deste artigo se dá conta que os efeitos das reclamações efectuadas
com qualquer dos fundamentos acima previstos só se produzirão na liquidação
respeitante ao ano em que o pedido for apresentado.

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II – Parte
IMI – Aspectos particulares
1 – Actividades empresariais no imobiliário
1.1 – Construção de prédios para venda (artigo 9.º)
No caso de construção de prédios para venda, o início da tributação ocorre a partir do
quarto ano seguinte, inclusive, àquele em que um terreno para construção tenha
passado a figurar no activo de uma empresa que tenha por objecto a construção de
edifícios para venda. Este momento em que o terreno passa a figurar no activo de uma
empresa, pode não ser necessariamente o momento da aquisição. Pode acontecer que
o imóvel seja adquirido enquanto prédio edificado ou como prédio rústico e, só mais
tarde, através de demolição do edifício ou da obtenção da aprovação de um projecto
de construção para o prédio rústico, os mesmos se convertam em terrenos para
construção.
Convirá aqui lembrar que, nos termos do nº 3 do artigo 6º do CIMI, para que
estejamos perante um terreno que possa ser classificado como “terreno para
construção”, é necessário que se verifique os seguintes requisitos:
a)- aos terrenos, tenha sido concedida licença ou autorização, de operação de
loteamento ou,
b)- tenha sido concedida licença ou autorização, de construção, ou,
c)- tenha sido admitida comunicação prévia ou emitida informação prévia favorável de
operação de loteamento ou de construção, ou,
d) – tenham sido declarados como sendo para construção, no título aquisitivo.
Do que fica dito, resulta que, para que se verifique qualquer das situações exigidas
para que um terreno seja considerado para construção, o seu proprietário terá que
tomar uma iniciativa e desenvolver uma acção concreta, que pode passar pelo
seguinte:
a)- ter requerido uma licença de construção ou um alvará de loteamento;
b)- ter pedido uma informação prévia de viabilidade de construção ou de loteamento
ou,
c)- ter feito no título aquisitivo (escritura pública ou outro), a declaração de que aquele
terreno se destina a nele construir.

Para que os sujeitos passivos beneficiem do regime de diferimento do início da


tributação, previsto na alínea d) do nº 1 do artigo 9º do CIMI, devem comunicar ao
serviço de finanças da área da situação dos prédios, no prazo de 60 dias contados da
verificação do facto determinante da sua aplicação, a afectação do terreno àqueles
fins. Se a comunicação for apresentada para além do prazo referido, o imposto é
devido por todo o tempo já decorrido, iniciando-se a suspensão da tributação apenas a
partir do ano seguinte ao da comunicação, cessando, todavia, no ano em que findaria
caso tivesse sido apresentada em tempo (n.os 4 e 5 do artigo 9).

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No caso lhe seja dada diferente utilização, liquida-se o imposto por todo o período
decorrido desde a sua aquisição (alínea d) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 9º).
Sobre este conceito de destino ou utilização diferente, já a Administração Fiscal se
pronunciou, tendo entendido, por exemplo, que o arrendamento de um terreno
adquirido inicialmente para construção não configurará, per si, destino ou utilização
diferente, desde que o mesmo se mantenha nas existências ou activo permutável da
entidade adquirente (OFC A-02/93 de 1993-OUT-28).
Também não se considerará desvio do destino, quando tendo sido declarado que o
terreno se destinava a construção, esta não foi concluída, mas se mantém em curso.
Neste caso, o terreno passa a ser tributado, mas não com efeitos retroactivos.
Como limitação, refira-se que este regime não é aplicável aos sujeitos passivos que
tenham adquirido o prédio a entidade que dele já tenha beneficiado ou aos sujeitos
passivos que tenham domicílio fiscal em país, território ou região sujeitos a um regime
fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do Ministro
das Finanças (n.os 6 e 7). Ver a este propósito Ofício n.º: 40 093, de 2008-09-26, da
DSIMSI.

1.2 – Aquisição de prédios para revenda (artigo 9.º)


No caso de aquisição de prédios para revenda, o imposto é devido a partir do terceiro
ano seguinte, inclusive, àquele em que um prédio tenha passado a figurar no activo
circulante de uma empresa que tenha por objecto a sua venda. Tal como
anteriormente, caso ao prédio seja dada diferente utilização, liquida-se o imposto por
todo o período decorrido desde a sua aquisição.
Coisa semelhante ao que acontece com os terrenos para construção de edifícios
destinados a venda, acontecerá nos imóveis adquiridos para revenda, que não foram
revendidos nos três anos, desde que os mesmos se mantenham para revenda.
Todavia, o imposto será devido a partir do ano, inclusive, em que a venda do prédio
tenha sido retardada por facto imputável ao respectivo sujeito passivo (alínea e) do n.º
1, n.º 2 e n.º 3).
Para que os sujeitos passivos beneficiem deste regime, devem comunicar ao serviço de
finanças da área da situação dos prédios, no prazo de 60 dias contados da verificação
do facto determinante da sua aplicação, a afectação do terreno àqueles fins. Se a
comunicação for apresentada para além do prazo referido, o imposto é devido por
todo o tempo já decorrido, iniciando-se a suspensão da tributação apenas a partir do
ano seguinte ao da comunicação, cessando, todavia, no ano em que findaria caso
tivesse sido apresentada em tempo (n.os 4 e 5).
Como limitação, refira-se que este regime não é aplicável aos sujeitos passivos que
tenham adquirido o prédio a entidade que dele já tenha beneficiado ou aos sujeitos
passivos que tenham domicílio fiscal em país, território ou região sujeitos a um regime
fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do Ministro
das Finanças (n.os 6 e 7).

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2 – Avaliações
2.1 – Iniciativa da avaliação
A avaliação reporta-se à data do pedido de inscrição do prédio na matriz. A iniciativa
da primeira avaliação de um prédio urbano cabe ao chefe de finanças, com base na
declaração apresentada pelos sujeitos passivos ou em quaisquer elementos de que
disponha.
A esta declaração deve o sujeito passivo juntar plantas de arquitectura das
construções correspondentes às telas finais aprovadas pela competente câmara
municipal ou fotocópias das mesmas autenticadas e, no caso de construções não
licenciadas, plantas da sua responsabilidade, com excepção dos prédios cuja data de
construção é anterior a 7 de Agosto de 1951, caso em que deve ser efectuada a
vistoria dos prédios a avaliar.
Em relação aos terrenos para construção, deve ser apresentada fotocópia do alvará de
loteamento, que deve ser substituída, caso não exista loteamento, por fotocópia do
alvará de licença de construção, projecto aprovado ou documento comprovativo da
viabilidade construtiva (n.os 1, 2, 3 e 4 do artigo 37.º).
Quando as telas finais e os projectos de loteamento referidos anteriormente sejam
entregues na câmara municipal em suporte digital e aí devidamente aprovadas, tal
facto deve constar da declaração apresentada pelo sujeito passivo, ficando o mesmo
dispensado de proceder à sua entrega no serviço de finanças (n.º 6 do artigo 37.º)
Na avaliação de prédios urbanos, há ainda que atender ao seguinte: quando o titular
não for identificado, os prédios são inscritos em nome do Estado, com anotação de
que o titular não é conhecido; quando a titularidade dos prédios ou parte de prédios
se encontre em litígio, estes são inscritos em nome dos litigantes até resolução do
diferendo (n.º 4 do artigo 36.º)

2.2 – Prédios para habitação, comércio, indústria ou serviços (artigo 38.º)


Incluem-se neste grupo os prédios urbanos, edifícios ou construções, que para tal
tenham sido licenciados ou, na falta de licença, que tenham como destino normal,
cada um dos referidos fins (artigo 6.º, n.º 1, alíneas a) e b) e n.º 2 do CIMI).
Caso uma das partes seja principal e a outra ou outras meramente acessórias, a
avaliação do prédio efectua-se por aplicação das regras de avaliação da parte principal,
tendo em atenção a valorização resultante da existência das partes acessórias (alínea
b) do n.º 2 do artigo 7.º do CIMI).

2.3 – Quadro de fórmulas e conceitos


Para cada solução não podemos deixar de ter presentes as fórmulas e os factores
objectivos que conduzirão ao VPT (Valor Patrimonial Tributário).
Vejamos a fórmula:
Vt = Vc x A x Ca x Cl x Cq x Cv

15
em que:
-Vt = Valor patrimonial tributário
-Vc = Valor base dos prédios edificados: corresponde ao custo médio de construção
por metro quadrado (m2), adicionado do valor do m2 do terreno de implantação fixado
em 25% daquele valor (artigo 39.º do CIMI). Assim, se o custo médio de construção for
de € 492/m2, o valor de “Vc” será: € 492 + (25% de € 492) = € 615,00. Este custo médio
de construção será fixado anualmente pelo Ministro das Finanças mediante proposta
da CNAPU (Comissão Nacional de Avaliação da Propriedade Urbana) e será igual para
todo o país e para todo o tipo de construções. Mais do que um preço de custo,
estaremos em presença de um preço base fixado para este efeito.
Para as avaliações que ocorrerem em 2008, a Portaria n.º 16-A/2008, de 9 de Janeiro
fixou o valor de Vc em € 615,00. Para as avaliações de 2009, a Portaria n.º 1545/2008,
de 31/12, é de 609€. Para as avaliações de 2010, a Portaria n.º1456/2009, de 30 de
Dezembro, fixou o valor por metro quadrado, em 603€.

-A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação, ou seja,


A = (Aa + Ab) x Caj + Ac + Ad (artigo 40.º do CIMI) em que:
Aa – representa a área bruta privativa, ou seja, da construção com utilização principal
(por exemplo habitação, comércio ou indústria) a que se atribui o factor 1,00.1
Ab – representa as áreas brutas dependentes, quer estejam no polígono principal da
construção quer nas construções anexas. São áreas cobertas de uso exclusivo
(garagens, arrecadações) e têm uma utilização acessória em relação à construção
principal.
Ac – representa a área do terreno livre até ao limite de duas vezes a área de
implantação. Poderá integrar, jardins, piscinas, campos de jogos, quintais e outros
logradouros que, não tendo uma valoração autónoma, irão influenciar positivamente o
factor “Cq” (coeficiente de qualidade e conforto).
Ad – representa a área do terreno livre que excede o limite de duas vezes a área de
implantação. Valem aqui as considerações que foram feitas para o factor “Ac” anterior.
Caj – Coeficiente de ajustamento de áreas (artigo 40.º-A aditado ao CIMI pela Lei n.º
53-A/2006, de 29 de Dezembro) aplicável às avaliações fiscais cuja Declaração Modelo
1 tenha sido apresentada a partir de 01 de Julho de 2007. Consiste num factor de
atenuação do impacto das grandes áreas, melhorando a qualidade das avaliações

-Ca = Coeficiente de afectação (quadro no artigo 41.º do CIMI): depende do tipo de


utilização dos prédios (comércio, serviços, habitação, indústria.....). Esta afectação
deve ser averiguada através dos documentos juntos ao pedido de inscrição, ou outros
que, invocando o dever de cooperação dos sujeitos passivos, venham a ser solicitados,
1
As caves e os sótãos tanto poderão ter factor 1, se forem para habitação, como poderão ter factor 0,3 se
forem por exemplo, para garagem ou arrecadação. Em princípio, a utilização é a que constar da planta,
porque a inspecção ao prédio por parte do perito, não é obrigatória, embora deva efectuá-la sempre que
entenda necessário.

16
designadamente, plantas e licenças de utilização. A cada tipo de utilização
corresponderá um coeficiente fixo. Não há aqui margem de variabilidade para o
critério do avaliador.

-Cl = Coeficiente de localização (artigo 42.º do CIMI): varia entre 0,4 e 2, podendo em
zonas rurais baixar para 0,35 ou em zonas de elevado valor de mercado imobiliário
subir para 3. Não podemos comparar uma construção no Parque das Nações com uma
outra numa zona rural do interior. Sendo um factor variável entre limites fixados pelo
Código, o coeficiente em concreto será fixado numa Portaria tendo em conta as
acessibilidades (a qualidade e variedade das vias rodoviárias, ferroviárias, fluviais e
marítimas), a proximidade de equipamentos sociais, os serviços de transportes
públicos e se, eventualmente, a construção está localizada em zonas de elevado valor
de mercado imobiliário. Entretanto, ter-se-á em conta as diferentes zonas
homogéneas do país a determinar com a colaboração das autarquias, o chamado
“Zonamento” (n.º 4 do artigo 42.º do CIMI).

-Cq = Coeficiente de qualidade e conforto (tabela no artigo 43.º do CIMI): é aplicado


ao valor base do prédio edificado podendo ser majorado até 1,7 e minorado até 0,5.
Isto é, adicionaremos ao coeficiente 1,00, um conjunto de valores dos coeficientes
relativos às características intrínsecas da construção e aos equipamentos ou às
circunstâncias envolventes que valorizem a construção e diminuiremos os valores
relativos aos coeficientes atribuídos à ausência de determinados equipamentos ou
circunstâncias que desvalorizam a construção. Este coeficiente “Cq” pode ser
ligeiramente influenciado pelo critério do perito avaliador nos factores derivados da
localização excepcional (+), e qualidade de construção (+), ou do estado deficiente da
construção (-), mas é pouco significativo, porque todos os outros são fixos e muito
objectivos: -ou têm ou não.
Mesmo sendo de reduzida influência, para se evitar excessivo poder discricionário, a
CNAPU aprovou directrizes a considerar na definição daquelas características,
directrizes essas que constam da Portaria 982/2004, de 4 de Agosto.

-Cv = Coeficiente de vetustez (tabela no artigo 44.º do CIMI): é fixado oficialmente em


função da idade do prédio, constando da referida tabela do CIMI.

2.4 – Valor patrimonial tributário dos terrenos para construção


O valor patrimonial tributário dos terrenos para construção é o somatório do valor da
área de implantação do edifício a construir, que é a situada dentro do perímetro de
fixação do edifício ao solo, medida pela parte exterior, adicionado do valor do terreno
adjacente à implantação (n.º 1 do artigo 45.º).
- O valor da área de implantação varia entre 15% e 45% do valor das edificações
autorizadas ou previstas, e na fixação da percentagem do valor do terreno de

17
implantação têm-se em consideração as acessibilidades (a qualidade e variedade das
vias rodoviárias, ferroviárias, fluviais e marítimas), a proximidade de equipamentos
sociais, os serviços de transportes públicos e se, eventualmente, a construção está
localizada em zonas de elevado valor de mercado imobiliário.
- O valor da área adjacente à construção resulta da diferença entre a área total do
terreno e a área de implantação da construção ou construções e integra jardins,
parques, campos de jogos, piscinas, quintais e outros logradouros, aplicando-se-lhe,
até ao limite de duas vezes a área de implantação (Ac), o coeficiente de 0,025 e na
área excedente ao limite de duas vezes a área de implantação (Ad) o de 0,005.

2.5 – Valor patrimonial tributário dos prédios da espécie «Outros»


No caso de edifícios, o valor patrimonial tributário é determinado nos termos do artigo
38.º, com as adaptações necessárias (n.º 1 do artigo 39.º).
No caso de não ser possível utilizar as regras do artigo 38.º, o perito deve utilizar o
método do custo adicionado do valor do terreno (n.º 2).
No caso de terrenos, o seu valor unitário corresponde ao que resulta da aplicação do
coeficiente de 0,005, referido no n.º 4 do artigo 40.º, ao produto do valor base dos
prédios edificados pelo coeficiente de localização (n.º 3).
O valor patrimonial tributário dos prédios urbanos em ruínas é determinado como se
de terreno para construção se tratasse (n.º 4).

2.6 – Segunda avaliação de prédios urbanos (artigo 76.º)


Quando o sujeito passivo, a câmara municipal ou o chefe de finanças não concordarem
com o resultado da avaliação directa de prédios urbanos, podem, respectivamente,
requerer ou promover uma segunda avaliação, no prazo de 30 dias contados da data
em que o primeiro tenha sido notificado.
A segunda avaliação é realizada com observância do disposto nos artigos 38.º e
seguintes, por uma comissão composta por um perito regional designado pelo director
de finanças em função da sua posição na lista organizada por ordem alfabética para
esse efeito, que preside à comissão, um vogal nomeado pela respectiva câmara
municipal e o sujeito passivo ou seu representante.
Pelo pedido da segunda avaliação é devida uma taxa a fixar entre 5 e 20 unidades de
conta, tendo em conta a complexidade da matéria, cujo montante é devolvido se o
valor patrimonial se considerar distorcido.
Não obstante o disposto no n.º 2, desde que o valor patrimonial tributário,
determinado nos termos dos artigos 38.º e seguintes, se apresente distorcido
relativamente ao valor normal de mercado, a comissão efectua a avaliação em causa e
fixa novo valor patrimonial tributário que releva apenas para efeitos de IRS, IRC e IMT,
devidamente fundamentada, de acordo com as regras constantes do n.º 2 do artigo
46.º, quando se trate de edificações, ou por aplicação do método comparativo dos

18
valores de mercado no caso dos terrenos para construção e dos terrenos previstos no
n.º 3 do mesmo artigo.
Para efeitos dos números anteriores, o valor patrimonial tributário considera-se
distorcido quando é superior em mais de 15% do valor normal de mercado, ou quando
o prédio apresenta características valorativas que o diferenciam do padrão normal
para a zona, designadamente a sumptuosidade, as áreas invulgares e a arquitectura, e
o valor patrimonial tributário é inferior em mais de 15% do valor normal de mercado.
Sempre que o pedido ou promoção da segunda avaliação sejam efectuados nos termos
do n.º 4, devem ser devidamente fundamentados.
Quando uma avaliação de prédio urbano seja efectuada por omissão à matriz ou na
sequência de transmissão onerosa de imóveis e o alienante seja interessado para
efeitos tributários deverá o mesmo ser notificado do seu resultado para, querendo,
requerer segunda avaliação, no prazo e termos dos números anteriores, caso em que
poderá integrar a comissão referida no n.º 2 ou nomear o seu representante
Nas avaliações em que intervierem simultaneamente o alienante e o adquirente ou os
seus representantes, o perito regional que presidir à avaliação tem direito a voto e, em
caso de empate, voto de qualidade.

2.7 – Prazo para a conclusão do processo de segunda avaliação


O processo de segunda avaliação deve estar concluído no prazo de 180 dias após a
entrada do pedido. Sendo o prazo excedido, deve o sujeito passivo ser informado do
motivo que levou à não conclusão do processo, devendo indicar-se um prazo previsível
para a sua conclusão (artigo 134.º).

2.8 – Impugnação
Do resultado das segundas avaliações cabe impugnação judicial, nos termos definidos
no Código de Procedimento e de Processo Tributário, podendo a mesma ter como
fundamento qualquer ilegalidade, designadamente a errónea quantificação do valor
patrimonial tributário do prédio (artigo 77.º).

19
IMT – Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

I – Parte
Aspectos gerais
1 – Incidência real ou objectiva
O IMT incide sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de propriedade ou de
figuras parcelares desse direito, sobre bens imóveis situados no território nacional (n.º
1 do artigo 2.º). Na segunda parte deste trabalho trataremos os aspectos particulares
dos factos mais relevantes.

2 – Incidência Pessoal ou subjectiva


O IMT é devido pelas pessoas, singulares ou colectivas, para quem se transmitam os
bens imóveis (artigo 4.º).

3 – Determinação da matéria colectável


3.1 – Regras gerais
O IMT incidirá sobre o valor constante do acto ou do contrato ou sobre o valor
patrimonial tributário dos imóveis (VPT), consoante o que for maior.
No caso de imóveis omissos na matriz ou nela inscritos sem VPT, bem como de bens ou
direitos não sujeitos a inscrição matricial, o VPT é determinado nos termos do CIMI.
Para efeitos de comparação com o valor do acto ou contrato, ao VPT junta-se o valor
declarado das partes integrantes, quando o mesmo não esteja incluído no referido
valor patrimonial (n.os 1 a 3 do artigo 12.º).
Quando qualquer dos comproprietários ou quinhoeiros alienar o seu direito, o imposto
é liquidado pela parte do VPT que lhe corresponder ou incide sobre o valor constante
do acto ou do contrato, consoante o que for maior (Regra 1.ª do artigo 4.º).
O valor dos bens adquiridos ao Estado, às Regiões Autónomas ou às autarquias locais,
bem como o dos adquiridos mediante arrematação judicial ou administrativa, é o
preço constante do acto ou do contrato (regra 16.ª do n.º 4 do artigo 12.º). Aqui não
se fará a comparação com o VPT.
O valor dos bens expropriados por utilidade pública é o montante da indemnização,
salvo se esta for estabelecida por acordo ou transacção, caso em que se aplica o
disposto no n.º 1 (regra 17.ª do n.º 4 do artigo 12.º).

3.2 – Valor do acto ou contrato


Consideram-se, isolada ou cumulativamente, os seguintes valores:
a) A importância em dinheiro paga a título de preço pelo adquirente;
b) O valor dos móveis dados em troca, a determinar nos termos do Código do
Imposto do Selo;
c) O valor actual das pensões temporárias ou das pensões ou rendas vitalícias;

20
d) O valor das prestações ou rendas perpétuas;
e) O valor da prestação temporária no caso do direito de superfície;
f) A importância de rendas que o adquirente tiver pago adiantadamente, enquanto
arrendatário, e que não sejam abatidas ao preço;
g) A importância das rendas acordadas, no caso da alínea b) do n.º 2 do artigo 2.º;
h) Em geral, quaisquer encargos a que o comprador ficar legal ou contratualmente
obrigado (artigo 12.º, n.º 5).

4 – Liquidação
O valor patrimonial tributário para efeitos deste imposto é o valor dos bens imóveis
inscritos nas matrizes à data da liquidação (artigo 16.º).
Se, por exercício judicial de direito de preferência, houver substituição de adquirentes,
só se liquidará imposto ao preferente se o que lhe competir for diverso do liquidado ao
preferido, arrecadando-se ou anulando-se a diferença. Se o preferente beneficiar de
isenção, procede-se à anulação do imposto liquidado ao preferido, e aos
correspondentes averbamentos (artigo 24.º).
A liquidação do IMT é de iniciativa dos interessados, para cujo efeito devem
apresentar uma declaração de modelo oficial (modelo 1 de IMT), devidamente
preenchida (n.º 1 do artigo 19.º).
A liquidação é promovida oficiosamente pelos serviços de finanças que forem
competentes e sempre que os interessados não tomem a iniciativa de o fazer dentro
dos prazos legais, bem como quando houver lugar a qualquer liquidação adicional, sem
prejuízo dos juros compensatórios a que haja lugar e da penalidade que ao caso
couber (n.º 2 do artigo 19.º).
O IMT é liquidado pelos serviços centrais da Direcção-Geral dos Impostos, com base na
declaração do sujeito passivo ou oficiosamente, considerando-se, para todos os efeitos
legais, o acto tributário praticado no serviço de finanças da área da situação dos bens.
Para efeitos de liquidação do IMT, pode a declaração referida no n.º 1 do artigo 19.º
(modelo 1) ser apresentada em qualquer serviço de finanças (artigo 21.º).
Nos termos do artigo 22.º, a liquidação do IMT precede o acto ou facto translativo dos
bens, ainda que a transmissão esteja subordinada a condição suspensiva, haja reserva
de propriedade, bem como nos casos de contrato para pessoa a nomear nos termos
previstos na alínea b) do artigo 4.º, salvo quando o imposto deva ser pago
posteriormente, nos termos do artigo 36.º
Em caso de omissão de bens ou valores sujeitos a tributação ou havendo indícios
fundados de que foram praticados ou celebrados actos ou contratos com o objectivo
de diminuir a dívida de imposto ou de obter outras vantagens indevidas, são aplicáveis
os poderes de correcção atribuídos à administração fiscal pelo presente Código ou
pelas demais leis tributárias (n.º 1 do artigo 31.º).
Assim, quando se verificar que nas liquidações se cometeu erro de facto ou de direito,
de que resultou prejuízo para o Estado, bem como nos casos em que haja lugar a

21
avaliação, o chefe de finanças promove a competente liquidação adicional (n.º 2,
ibidem).
Todavia, a liquidação só pode fazer-se até decorridos quatro anos contados da
liquidação a corrigir, excepto se for por omissão de bens ou valores, caso em que
poderá ainda fazer-se posteriormente, ficando ressalvado, em todos os casos, o
disposto no artigo 35.º (n.º 3, do artigo 31º).
A liquidação adicional deve ser notificada ao sujeito passivo, nos termos previstos no
Código de Procedimento e de Processo Tributário, a fim de efectuar o pagamento e,
sendo caso disso, poder utilizar os meios de defesa aí previstos (n.º 4, mesmo artigo).
Não há lugar ao pagamento sempre que o montante de imposto liquidado seja inferior
a € 10 por cada documento de cobrança que for de processar. Nos casos de liquidação
adicional, o limite anterior é elevado para € 25 por cada documento de cobrança que
for de processar (n.os 1 e 2 do artigo 32.º).

5 – Valor patrimonial tributário excessivo


Antes da celebração do acto ou contrato, os sujeitos passivos podem requerer, ao
abrigo do CIMI, a avaliação de imóveis quando fundamentadamente considerem
excessivo o valor patrimonial tributário inscrito na matriz que serviu de base à
liquidação do IMT, procedendo-se à reforma da liquidação, sendo caso disso, logo que
a avaliação se torne definitiva (n.º 1 do artigo 30.º). O resultado dessa avaliação será
levado à matriz para todos os efeitos legais (n.º 2 do mesmo artigo).

6 – Taxas
Tratando-se de prédios para habitação própria e permanente, aplicam-se as taxas
referidas na alínea a) do artigo 17.º, e, tratando-se de quaisquer outros prédios
exclusivamente destinados a habitação, as taxas referidas na alínea b) do mesmo
artigo.
Para a aquisição de prédios rústicos, a taxa aplicável é de 5%; para a aquisição de
outros prédios urbanos e outras aquisições onerosas, a taxa é de 6,5%.
Todavia, a taxa é sempre de 8%, não se aplicando qualquer isenção ou redução sempre
que o adquirente tenha a residência ou sede em país, território ou região sujeito a um
regime fiscal mais favorável («paraísos fiscais»), constante de lista aprovada por
portaria do Ministro das Finanças.

7 – Pagamento do imposto
7.1 – Prazos para pagamento (artigo 36.º)
A regra geral é a de que o IMT deve ser pago no próprio dia da liquidação ou no 1.º dia
útil seguinte, sob pena de esta ficar sem efeito (n.º 1 do artigo 36.º).
Porém, se a transmissão se operar por acto ou contrato celebrado no estrangeiro, o
pagamento do imposto deve efectuar-se durante o mês seguinte (n.º 2).

22
Por outro lado, se os bens se transmitirem por arrematação e venda judicial ou
administrativa, adjudicação, transacção e conciliação, o imposto será pago dentro de
30 dias contados da assinatura do respectivo auto ou da sentença que homologar a
transacção. Mas quando, por qualquer um dos actos referidos no número anterior,
não se opere a transmissão dos bens, o imposto, quando devido, deve ser pago nos
termos gerais (n.os 3 e 4).

7.2 – Local de pagamento (artigo 37.º)


O IMT é pago nas tesourarias de finanças ou em qualquer outro local autorizado nos
termos da lei, mediante documento de cobrança de modelo oficial. A prova do
pagamento do imposto é feita mediante a apresentação da declaração referida no
artigo 19.º, acompanhada do comprovativo da cobrança.

23
II – Parte
IMT – Tratamento particular dos principais factos tributários
1 – Contratos promessa de compra e venda
1.1 – Quando verificada a tradição para o promitente adquirente
Integram o conceito de transmissão de bens imóveis as promessas de aquisição e de
alienação, logo que verificada a tradição para o promitente adquirente, ou quando
este esteja usufruindo os bens, excepto se se tratar de aquisição de habitação para
residência própria e permanente do adquirente ou do seu agregado familiar e não
ocorra qualquer das situações previstas no n.º 3 (alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º).
Sabemos que o contrato promessa tem, normalmente, efeitos meramente
obrigacionais. As pessoas neles intervenientes, assumem aí a obrigação ou o
compromisso de prepararem e celebrarem no futuro a respectiva escritura pública.
Isto é, os contratos promessa, por si só, não operam transmissão civil.
Todavia, para efeitos de IMT, existindo contrato promessa, logo que verificada a
tradição por parte dos promitentes adquirentes dos bens imóveis, verificar-se-á
transmissão relevante.
Para existir facto tributário bastará que, cumulativamente, se verifiquem dois
requisitos: existir contrato-promessa e, com base nele, existir tradição ou posse.
Isto é, com apoio no contrato promessa, o promitente comprador e, naturalmente o
futuro dono, passou a usar o imóvel como coisa sua, ao mesmo tempo que o
promitente vendedor abandonou o seu uso e fruição.
Atente-se, porém, na excepção constante da parte final da referida alínea a) do nº 2
do artigo 2º do CIMT: “excepto se se tratar de aquisição de habitação para residência
própria e permanente do adquirente ou do seu agregado familiar e não ocorra
qualquer das situações previstas no n.º 3.” Estas situações previstas neste nº 3 têm a
ver com eventual existência de cláusula de livre cedência, cessão da posição
contratual ou outorga de procuração irrevogável.
Isto é, quando se trate de promessa de compra e venda de habitação para residência
permanente do adquirente, a tradição eventualmente existente não é facto
tributário, pelo que, o IMT só será devido com a transmissão civil (escritura).
Estamos perante uma excepção da excepção que faz com que se aplique a regra
geral.
No Código da Sisa o legislador ficcionou e considerava que também havia tradição, no
caso de o promitente comprador ajustar a revenda com um terceiro e entre este e o
promitente vendedor ser depois celebrada a escritura de venda (§ 2.º do artigo 2.º).
No IMT esta situação é tratada doutro modo, no âmbito das cedências de posição
contratual.
Em termos de incidência pessoal, aplica-se a regra geral, segundo a qual o IMT é
devido pelas pessoas, singulares ou colectivas, para quem se transmitam os bens
imóveis (artigo 4.º).

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Também a determinação da matéria colectável segue a regra geral, pelo que o IMT
incidirá sobre o valor constante do acto ou do contrato ou sobre o valor patrimonial
tributário dos imóveis, consoante o que for maior (n.º 1 do artigo 12.º do CIMT).
O imposto apurado deve ser pago no prazo de 30 dias a contar da data do contrato,
se o adquirente já estiver usufruindo os bens, ou da data da tradição, nas promessas
de aquisição e alienação ou troca (n.º 5 do artigo 36.º).

1.2 – Celebração de contrato-promessa COM cláusula de livre cedência


Considera-se que há também lugar a transmissão onerosa na outorga de contrato-
promessa de aquisição e alienação de bens imóveis em que seja clausulado no
contrato ou posteriormente que o promitente adquirente pode ceder a sua posição
contratual a terceiro (alínea a) do n.º 3 do artigo 2.º).
O imposto é devido pelo promitente adquirente, não lhes sendo aplicável qualquer
isenção ou redução de taxa, ainda que a parte do preço paga ao promitente vendedor
corresponda a qualquer dos escalões previstos na alínea a) do n.º 1 do artigo 17.º, sem
prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 17.º e no n.º 3 do artigo 22.º (alínea e) do artigo
4º).
O imposto incide apenas sobre a parte do preço paga pelo promitente adquirente ao
promitente alienante ou pelo cessionário ao cedente, conforme disposto na Regra
18.ª, n.º 4 do artigo 12.º.
Para efeitos da liquidação, de acordo com o artigo 20.º, o interessado deve fornecer
informação sobre se a aquisição vai ou não ser feita no âmbito de um dos actos ou
contratos previstos no n.º 3 do artigo 2.º, juntando cópia do respectivo documento
nos casos previstos nas suas alíneas a) e b).
O imposto é liquidado antes da celebração do contrato-promessa, sem prejuízo do
seguinte: sempre que o contrato definitivo seja celebrado com um dos contraentes
previstos nas alíneas a), b), c) e d) do n.º 3 do artigo 2.º, que já tenha pago parte ou a
totalidade do imposto, só há lugar a liquidação adicional quando o valor que competir
à transmissão definitiva for superior ao que serviu de base à liquidação anterior,
procedendo-se à anulação parcial ou total do imposto se o adquirente beneficiar de
redução de taxa ou de isenção (n.os 2 e 3 do artigo 22.º).

1.3 – CESSÃO DE POSIÇÃO contratual no exercício do direito conferido por contrato-


promessa de cláusula de livre cedência.
Integra o conceito de transmissão de bens imóveis a cessão da posição contratual, no
exercício do direito conferido por contrato-promessa de aquisição e alienação de bens
imóveis, em que seja clausulado no contrato ou posteriormente que o promitente
adquirente pode ceder a sua posição contratual a terceiro (alínea b), n.º 3 do artigo
2.º).
O imposto é devido por cada um dos sucessivos promitentes adquirentes
(cessionários) não lhes sendo aplicável qualquer isenção ou redução de taxa, ainda que

25
a parte do preço paga ao cedente corresponda a qualquer dos escalões previstos na
alínea a) do n.º 1 do artigo 17.º, sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 17.º e no
n.º 3 do artigo 22.º (alínea e) do artigo 4º).
O imposto incide apenas sobre a parte do preço paga pelo promitente adquirente ao
promitente alienante ou pelo cessionário ao cedente, conforme disposto na regra 18.ª,
n.º 4 do art.º 12.º, e é liquidado antes da cessão da posição contratual, sem prejuízo
do seguinte: sempre que o contrato definitivo seja celebrado com um dos contraentes
previstos nas alíneas a), b), c) e d) do n.º 3 do artigo 2.º, que já tenha pago parte ou a
totalidade do imposto, só há lugar a liquidação adicional quando o valor que competir
à transmissão definitiva for superior ao que serviu de base à liquidação anterior,
procedendo-se à anulação parcial ou total do imposto se o adquirente beneficiar de
redução de taxa ou de isenção (n.os 2 e 3 do artigo 22.º).

1.4 – Cedência de posição contratual ou ajuste de revenda, em contrato SEM cláusula


de livre cedência.
Considera-se que há também lugar a transmissão onerosa na cedência de posição
contratual ou ajuste de revenda, por parte do promitente adquirente num contrato-
promessa de aquisição e alienação, sem cláusula de livre cedência, vindo o contrato
definitivo a ser celebrado entre o primitivo promitente alienante e o terceiro (alínea e)
do n.º 3 do artigo 2.º).
O imposto é devido pelo contraente originário, não lhe sendo aplicável qualquer
isenção, excluindo-se, porém, a incidência se o mesmo declarar no prazo de 30 dias a
contar da cessão da posição contratual ou do ajuste de revenda que não houve lugar
ao pagamento ou recebimento de qualquer quantia, para além da que constava como
sinal ou princípio de pagamento no contrato-promessa, demonstrando-o através de
documentos idóneos ou concedendo autorização à administração fiscal para aceder à
sua informação bancária (alínea g) do artigo 4.º).
O imposto deve ser pago, no prazo de 30 dias a contar da data da celebração do
contrato definitivo, ou no prazo de 30 dias a contar da data da decisão que não
reconheceu o direito à exclusão, quando o interessado tiver requerido a prova prevista
na alínea g) do artigo 4.º (n.º 9 do artigo 36.º).

Nota final comum a diversas cedências de posição contratual:


Em diversas cedências de posição contratual, particularmente nos contratos sem
cláusula de livre cedência, coloca-se a questão do IVA, quando o cessionário paga, para
além do preço inicial, determinado valor pela cedência.
Ora, incidindo, o IMT devido por todas as transmissões ficcionadas, sobre o preço
inicialmente acordado entre promitente vendedor e promitente comprador, coloca-se
a questão de saber qual o tratamento fiscal a dar à diferença paga a mais pelo
cessionário para obter a posição contratual do cedente, que tem natureza de direito
obrigacional e não de direito real.

26
Não sendo matéria deste curso, sempre diremos que essa diferença será proveito do
cedente e custo do cessionário e, em nossa opinião, sendo o cedente sujeito passivo
de IVA, este não poderá deixar de liquidar imposto à taxa normal, porque, esta
cedência, será havida como uma prestação de serviços.
Na contabilidade do cessionário poderá ser contabilizada como custos adicionais de
compra, complementando assim o preço de compra ou o valor que foi sujeito a IMT.

1.5 – Promessas de aquisição e de alienação – Contrato para pessoa a nomear


Como vimos, nos termos de alínea e) do n.º 3 do artigo 2.º, considera-se que há
também lugar a transmissão pela cedência de posição contratual ou ajuste de revenda,
por parte do promitente adquirente num contrato-promessa de aquisição e alienação,
sem cláusula de livre cedência, vindo o contrato definitivo a ser celebrado entre o
primitivo promitente alienante e o terceiro.
Todavia, essa ficção não é aplicável, sempre que o contrato definitivo seja celebrado
com terceiro nomeado ou com sociedade em fase de constituição no momento em
que o contrato-promessa é celebrado e que venha a adquirir o imóvel, desde que o
promitente adquirente seja titular do seu capital social (n.º 4 do artigo 2.º).
O imposto é devido pelo contraente originário, sem prejuízo de os bens se
considerarem novamente transmitidos para a pessoa nomeada se esta não tiver sido
identificada ou sempre que a transmissão para o contraente originário tenha
beneficiado de isenção (alínea b) do artigo 4.º).
Nos contratos para pessoa a nomear, conforme o disposto no artigo 25.º, o contraente
originário, seu representante ou gestor de negócios pode apresentar no serviço de
finanças que procedeu à liquidação do imposto, para os efeitos previstos na alínea b)
do artigo 4.º, até cinco dias após a celebração do contrato, declaração, por escrito,
contendo todos os elementos necessários para a completa identificação do terceiro
para quem contratou, ainda que se trate de pessoa colectiva em constituição, desde
que seja indicada a sua denominação social ou designação e o nome dos respectivos
fundadores ou organizadores.
Uma vez feita a declaração, antes ou depois da celebração do contrato, não é possível
identificar pessoa diferente.
Se vier a ser nomeada a pessoa identificada na declaração, averba-se a sua identidade
na declaração para efeitos de liquidação de IMT e procede-se à anulação deste se a
pessoa nomeada beneficiar de isenção.
A liquidação do IMT precede o acto ou facto translativo dos bens, ainda que a
transmissão esteja subordinada a condição suspensiva, haja reserva de propriedade,
bem como nos casos de contrato para pessoa a nomear nos termos previstos na alínea
b) do artigo 4.º, salvo quando o imposto deva ser pago posteriormente, nos termos do
artigo 36.º (n.º 1 do artigo 22.º).

2 – Aquisição de partes sociais ou de quotas

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Constitui facto tributário sujeito a IMT, a aquisição de partes sociais ou de quotas nas
sociedades em nome colectivo, em comandita simples ou por quotas, quando tais
sociedades possuam bens imóveis, e quando por aquela aquisição, por amortização ou
quaisquer outros factos, algum dos sócios fique a dispor de, pelo menos, 75% do
capital social, ou o número de sócios se reduza a dois, sendo marido e mulher, casados
no regime de comunhão geral de bens ou de adquiridos (alínea d) do n.º 2 do artigo
2.º).
Em termos de incidência pessoal o IMT é devido pelo sócio adquirente (regra geral
constante do artigo 4.º).
Quando se verificar este tipo de transmissão, o imposto será liquidado pelo valor
patrimonial tributário dos imóveis correspondente à quota ou parte social maioritária,
ou pelo valor total desses bens, consoante os casos, preferindo em ambas as situações
o valor do balanço, se superior.
No caso de aquisições sucessivas, o imposto respeitante à nova transmissão será
liquidado sobre a diferença de valores determinada nos termos da alínea anterior;
Se a sociedade vier a dissolver-se e todos ou alguns dos seus imóveis ficarem a
pertencer ao sócio ou sócios que já tiverem sido tributados, o imposto respeitante à
nova transmissão incidirá sobre a diferença entre o valor dos bens agora adquiridos e o
valor por que anteriormente o imposto foi liquidado (Regra 19.ª do n.º 4 do artigo
12.º).

3 – Procurações irrevogáveis
Considera-se uma transmissão de bens imóveis a outorga de procuração que confira
poderes de alienação de bem imóvel ou de partes sociais a que se refere a alínea d) do
n.º 2 [do art.º 2.º] em que, por renúncia ao direito de revogação ou cláusula de
natureza semelhante, o representado deixe de poder revogar a procuração, bem como
a outorga de instrumento com substabelecimento dessas procurações (alíneas c) e d)
do n.º 3 do artigo 2.º).
O imposto é devido pelo procurador ou por quem tiver sido substabelecido, não lhe
sendo aplicável qualquer isenção ou redução de taxa, sem prejuízo do disposto no n.º
3 do artigo 22.º (alínea f) do artigo 4º), e é liquidado antes da outorga notarial da
procuração ou antes de ser lavrado o instrumento de substabelecimento.
Porém, sempre que o contrato definitivo seja celebrado com um dos contraentes
previstos nas alíneas a), b), c) e d) do n.º 3 do artigo 2.º, que já tenha pago parte ou a
totalidade do imposto, só há lugar a liquidação adicional quando o valor que competir
à transmissão definitiva for superior ao que serviu de base à liquidação anterior,
procedendo-se à anulação parcial ou total do imposto se o adquirente beneficiar de
redução de taxa ou de isenção (n.º 2 do artigo 22.º).

4 – A resolução, invalidade ou extinção, por MÚTUO CONSENSO, do contrato que


tenha operado transmissão

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Vejamos, em resumo, os efeitos fiscais da resolução ou anulação dos contratos:
4.1-CPCV sem tradição ou posse:
Esta resolução, quer judicial, quer por mútuo consenso, não produz qualquer facto
tributário novo. A anulação da liquidação de imposto eventualmente pago, por
transmissão que não chegou a realizar-se, pode ser pedida a todo o tempo, com o
limite de um ano após o termo do prazo de validade da liquidação. (artigo 44, nº 1).
4.2-CPCV com tradição ou posse
Esta resolução, quer judicial, quer por mútuo consenso, não produz qualquer facto
tributário novo. A anulação da liquidação, pode ser pedida a todo o tempo, com o
limite de um ano após o termo do prazo de validade da liquidação, ou seja, a partir da
data em que abandonou a posse.
Porém, o imposto será anulado em importância equivalente ao produto da sua oitava
parte pelo número de anos completos que faltarem para oito, de acordo com a data
em que o mesmo abandonou a posse.
Quando a resolução, invalidade ou extinção, por mútuo consenso ocorrer depois de
passados 10 anos sobre a tradição ou posse, produzirá um novo facto tributário.
(alínea a) do nº 5 do artigo 2º).
Para além disso, não provoca qualquer anulação da liquidação inicial.
4.3- Contratos definitivos
Por mútuo consenso: -Não anula os efeitos fiscais da primeira transmissão e, por outro
lado, opera uma segunda transmissão de sentido contrário, produzindo um novo facto
tributário. (alínea a) do nº 5 do artigo 2º).
Por decisão judicial: -Não produz qualquer facto tributário novo por não se encontrar
previsto nas regras de incidência.
Quanto ao facto anulado, deverá observar-se o seguinte:
a) – Se, antes de decorridos oito anos, se der a anulação do contrato, pode obter-se a
anulação proporcional do IMT.
b) - O imposto é anulado em importância equivalente ao produto da sua oitava parte
pelo número de anos completos que faltarem para oito. (artigo 45º)
Solução semelhante à adoptada para os CPCV seguidos de tradição.
No IRS, no Selo deverá provocar a anulação total.
4.4-Contratos definitivos com cláusula resolutiva
Se do contrato definitivo constar uma cláusula resolutiva, por exemplo, reserva de
propriedade até integral pagamento, o seu accionamento por falta de pagamento não
produzirá novo facto tributário, por não se tratar de “resolução por mútuo consenso”.
Porém, para que isso fique claro, o vendedor não poderá deixar de fazer uma
notificação judicial ao comprador, no prazo máximo de cinco anos a contar da data
venda, nos termos dos artigos 927 a 930º do Código Civil.
Relativamente ao IMT que havia sido pago pela transmissão, este é anulado em
importância equivalente ao produto da sua oitava parte pelo número de anos
completos que faltarem para oito. (artigo 45º)

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5 – Permutas de bens imóveis
Em virtude do disposto no n.º 1, do artigo 2.º, são também sujeitas ao IMT as
permutas, pela diferença declarada de valores ou pela diferença entre os valores
patrimoniais tributários, consoante a que for maior (alínea b) do n.º 5 do artigo 2.º).
A incidência do IMT regula-se pela legislação em vigor ao tempo em que se constituir a
obrigação tributária, ou seja, no momento em que ocorrer a transmissão.
Todavia, nos contratos de permuta de bens presentes por bens futuros, a transmissão,
relativamente a estes, ocorre logo que os mesmos se tornem presentes, a não ser que,
por força das disposições do Código do IMT, se tenha de considerar verificada em data
anterior (n.º 3 do artigo 5.º).
Nos contratos de troca ou permuta de bens imóveis, qualquer que seja o título por que
se opere, o imposto é devido pelo permutante que receber os bens de maior valor,
entendendo-se como de troca ou permuta o contrato em que as prestações de ambos
os permutantes compreendem bens imóveis, ainda que futuros.
No caso de contratos de promessa de troca ou permuta com tradição de bens apenas
para um dos permutantes, o imposto será desde logo devido pelo adquirente dos
bens, como se de compra e venda se tratasse, sem prejuízo da reforma da liquidação
ou da reversão do sujeito passivo, conforme o que resultar do contrato definitivo,
procedendo-se, em caso de reversão, à anulação do imposto liquidado ao permutante
adquirente (alíneas c) e d) do artigo 4.º).
Nas permutas de bens imóveis, toma-se para base da liquidação a diferença declarada
de valores, quando superior à diferença entre os valores patrimoniais tributários
(Regra 4.ª do n.º 4 do artigo 12.º).
No caso de contratos de permuta de bens presentes por bens futuros, a avaliação do
bem futuro será efectuada quando o bem adquirir a natureza de prédio, nos termos do
CIMI. No caso de imóveis urbanos a construir, considera-se que o bem futuro adquire a
natureza de prédio quando já se encontre aprovado o respectivo projecto de
construção (n.os 2 e 3 do artigo 14.º).
Para efeitos da liquidação, nos contratos de permuta de bens presentes por bens
futuros em que estes já se encontrem determinados com base em projecto de
construção aprovada pela Câmara Municipal, deve o interessado juntar à declaração
Modelo 1 e anexos uma cópia da planta de arquitectura devidamente autenticada (n.º
2 do artigo 20.º)
Quanto aos prazos de pagamento, nos contratos de bens presentes por bens futuros, o
imposto deve ser pago, tratando-se de prédios a construir, antes da celebração do
contrato; nas demais situações, no prazo de 30 dias a contar da data da aquisição pelo
alienante.

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6 – As entradas dos sócios com bens imóveis para a realização do capital das
sociedades
Em virtude do disposto no n.º 1, do artigo 2.º, são também sujeitas a IMT as entradas
dos sócios com bens imóveis para a realização do capital das sociedades comerciais ou
civis sob a forma comercial ou das sociedades civis a que tenha sido legalmente
reconhecida personalidade jurídica e, bem assim, as entradas dos sócios com bens
imóveis para a realização do capital das restantes sociedades civis, na parte em que os
outros sócios adquirirem comunhão, ou qualquer outro direito, nesses imóveis, bem
como, nos mesmos termos, as cessões de partes sociais ou de quotas ou a admissão de
novos sócios (alínea e) e f) do n.º 5 do artigo 2.º).
O valor dos imóveis é o valor patrimonial tributário ou aquele por que os mesmos
entrarem para o activo das sociedades, consoante o que for maior (Regra 12.ª do n.º 4
do artigo 12.º).

7 – Adjudicação dos bens imóveis aos sócios, na liquidação dessas sociedades


Em virtude do disposto no n.º 1, do artigo 2.º, são também sujeitas ao IMT a
adjudicação dos bens imóveis aos sócios, na liquidação dessas sociedades (alínea e) do
n.º 5 do artigo 2.º).
Se todos ou alguns dos imóveis ficarem a pertencer ao sócio ou sócios que já tiverem
sido tributados, nos termos da alínea d) do n.º 2 do artigo 2.º, o imposto respeitante à
nova transmissão incidirá sobre a diferença entre o valor dos bens agora adquiridos e o
valor por que anteriormente o imposto foi liquidado (Regra 19.ª do n.º 4 do artigo
12.º).

8 – As transmissões de bens imóveis por fusão ou cisão das sociedades


Por via do disposto no n.º 1, do artigo 2.º, consideram-se também sujeitas a IMT as
transmissões de bens imóveis por fusão ou cisão das sociedades referidas na alínea e)
do art.º 2.º, ou por fusão de tais sociedades entre si ou com sociedade civil (alínea g)
do n.º 5 do artigo 2.º).
Em termos de incidência pessoal aplica-se a regra geral, segundo a qual o IMT é devido
pelas pessoas, singulares ou colectivas, para quem se transmitam os bens imóveis
(artigo 4.º).
Na fusão ou na cisão das sociedades referidas na alínea g) do n.º 5 do artigo 2.º, o
imposto incide sobre o valor patrimonial tributário de todos os imóveis das sociedades
fusionadas ou cindidas que se transfiram para o activo das sociedades que resultarem
da fusão ou cisão, ou sobre o valor por que esses bens entrarem para o activo das
sociedades, se for superior.
Convirá referir que estas operações poderão ficar isentas de IMT, nos termos do artigo
60º do Estatuto dos Benefícios Fiscais que trata da reorganização de empresas em
resultado de actos de concentração ou de acordos de cooperação.

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9 – As transmissões de benfeitorias e as aquisições de bens imóveis por acessão.
Em virtude do disposto no n.º 1, do artigo 2.º, são também sujeitas ao IMT as
transmissões de benfeitorias e as aquisições de bens imóveis por acessão (alínea h) do
n.º 5 do artigo 2.º).
Poderemos considerar aqui a transmissão de prédios em construção em que se
acrescentará ao valor do terreno o valor das obras, comparando-se esta soma com o
valor do acto ou contrato.
Em termos de incidência pessoal ou subjectiva aplica-se a regra geral, segundo a qual,
o IMT é devido pelas pessoas, singulares ou colectivas, para quem se transmitam os
bens imóveis (artigo 4.º).
Neste caso de transmissões de benfeitorias e de aquisições de bens imóveis por
acessão, os valores dos bens ou direitos que não possam ser determinados por
aplicação do CIMI são avaliados com base no valor normal de mercado.
Esta avaliação é efectuada pelo perito local referido no n.º 1 do artigo 63.º do CIMI,
sendo ainda aplicável o disposto nos artigos 76.º e 77.º do mesmo Código, quando for
caso disso.
O chefe de finanças pode dispensar a avaliação de bens a que se refere o n.º 2 do
artigo 12.º sempre que, em face de informação fundamentada, se conclua que o valor
declarado não se afasta, para menos, em mais de 10% do seu valor normal de mercado
(n.os 4, 5 e 6 do artigo 14.º).

10 – Isenção pela aquisição de prédios para revenda


São isentas do IMT as aquisições de prédios para revenda, desde que se verifique:
1 - Ter sido apresentada antes da aquisição, nos Serviços da Administração Fiscal, a
declaração de início relativa ao exercício da actividade de “comprador de prédios para
revenda.”
2 - O prédio tenha sido revendido sem ser novamente para revenda, no prazo de três
anos.
3 - Esta isenção não prejudica a liquidação e pagamento do imposto, nos termos
gerais.
4 - Tendo sido pago imposto, este será anulado pelo chefe de finanças, a requerimento
do interessado, acompanhado de documento comprovativo da transacção.
Todavia,
5 - Se se reconhecer que o adquirente exerce normal e habitualmente a actividade de
comprador de prédios para revenda a isenção será considerada logo no momento da
transmissão, sendo reconhecida pelo notário que celebrar a respectiva escritura.
6 - Para este efeito, considera-se que o sujeito passivo exerce normal e habitualmente
a actividade quando comprove o seu exercício no ano anterior mediante certidão
passada pelo serviço de finanças competente, devendo constar sempre daquela
certidão se, no ano anterior, foi adquirido para revenda ou revendido algum prédio
antes adquirido para

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esse fim.
7 - Na prática, para que adquirente possa beneficiar da isenção logo no momento da
aquisição, pelas compras que efectuar em 2010, terá que ter efectuado em 2009 uma
compra, nem que seja duma pequena garagem, em cuja escritura tenha declarado que
era para revenda ou, então, ter vendido qualquer prédio que tenha adquirido e
declarado, no documento de aquisição, que a sua compra se destinava a revenda. Não
pode ser uma compra ou uma venda qualquer.
8 - A aquisição deixará de beneficiar de isenção logo que se verifique que aos prédios
adquiridos para revenda foi dado destino diferente ou que os mesmos não foram
revendidos dentro do prazo de três anos ou o foram novamente para revenda.
9 - Neste caso, devem os sujeitos passivos solicitar, no prazo de 30 dias, a contar do
decurso dos três anos, a respectiva liquidação. O pedido é efectuado em declaração de
modelo oficial e deve ser entregue no serviço de finanças da localização do imóvel. Se
o pedido de liquidação e pagamento do imposto se verificar no prazo de trinta dias,
não haverá lugar a juros nem coima. Esta situação conduz, por vezes, a alguns abusos,
porque beneficiando de isenção a partir do início, sempre diferem no tempo o
pagamento do IMT por três anos.
10 - No âmbito da sisa, quando o adquirente solicitava, decorridos os três anos, a
liquidação do imposto, esta era efectuada pelas taxas que se encontravam em vigor
aquando da aquisição. No âmbito do IMT, se ocorrer a caducidade da isenção, a taxa e
o valor a considerar na liquidação serão os vigentes à data desta.
Todavia, quando, após a aquisição dos bens, tenham ocorrido factos que alterem a sua
natureza, o imposto será liquidado com base nas taxas e valores vigentes à data da
transmissão.
11 - Uma outra nota: enquanto no Código do IMT se refere “comprador de prédios para
revenda”, na CAE código 70120 (Rev. 2.1), refere a actividade de “compra e venda de
bens imobiliários”. Claro que na declaração de início de actividade, tem que ser indicada
esta última. Porque, alguns Serviços de Finanças, colocavam dificuldades no
reconhecimento da isenção por essa divergência não imputável ao contribuinte, a
Administração Fiscal já deu instruções no sentido de serem colocadas as duas
designações, ficando em “observações” da declaração de início de actividade, aquela
que é condizente com o Código do IMT.
12 - No caso de ficar sem efeito a isenção ou a redução de taxas, nos termos do artigo
11.º, devem os sujeitos passivos solicitar, no prazo de 30 dias, a respectiva liquidação,
devendo, para tal, efectuar o pedido em declaração de modelo oficial e entregá-la no
serviço de finanças da localização do imóvel (n.os 1 e 2 do artigo 36.º).
Se caducar qualquer isenção ou redução de taxas, o imposto deve ser pago no prazo
previsto no n.º 1 do artigo 34.º (conforme disposto no n.º 6 do artigo 36.º).
Uma nota final para o nº 3 do artigo 18º segundo o qual quando, após a aquisição dos
bens, tenham ocorrido factos que alterem a sua natureza, o imposto será liquidado
com base nas taxas e valores vigentes à data da transmissão.

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Estará neste caso, por exemplo, a compra de um prédio rústico para revenda, de que o
adquirente faz o loteamento, mas que não revende no prazo de três anos.
Não obstante já estarmos perante um prédio ou prédios urbanos, o IMT ainda incidirá
sobre o valor e pela taxa, correspondentes ao prédio rústico.

– Imposto do Selo

I – Parte
Aspectos gerais da tributação
1 – Incidência objectiva
O imposto do selo incide sobre todos os actos, contratos, documentos, títulos, livros,
papéis, e outros factos previstos na Tabela Geral, incluindo as transmissões gratuitas
de bens (artigo 1.º, n.º 1).
Com a entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2010, foram revogadas as
seguintes verbas:
3- Autos e termos efectuados perante tribunais e serviços,……….…… 2€
7- Depósito, em quaisquer serviços públicos, dos estatutos de associações e
outras instituições cuja constituição deles dependa - por cada um ……….. € 50
8- Escritos de quaisquer contratos não especialmente previstos nesta Tabela,
incluindo os efectuados perante entidades públicas - por cada um………… € 5
12 -Licenças:
12.1 - Para instalação ou exploração de máquinas electrónicas de diversão - por cada
máquina e sobre o valor da taxa devida pela emissão da licença, no mínimo de € 15
13 -Livros dos comerciantes, obrigatórios nos termos da lei comercial - por cada folha €
0,50
15 - Notariado, actos notariais, e actos praticados por conservadores, secretários
judiciais, secretários técnicos de justiça e entidades e profissionais com competência
para autenticar documentos particulares, independentemente da entidade com
competência para a sua prática:
19 - Publicidade:
19.1 -Cartazes ou anúncios afixados ou expostos em suportes fixos ou móveis na via
pública ou destinados a serem vistos da via pública que façam propaganda de
produtos, serviços ou. . . . .
20 - Registos e averbamentos em conservatórias de bens móveis - por cada um € 3
26 - Entradas de capital em dinheiro ou em espécie.

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Porque no OE de 2009 já tinha havido outras revogações, agora restam somente as
seguintes verbas:
1 - Aquisições de bens
2 - Arrendamento e subarrendamento
4 Cheques de qualquer natureza
10 – Garantias
11 – Jogo
17 – Operações Financeiras
18 - Precatórios ou mandados
21 – Reporte
22 – Seguros
23 – Títulos de crédito
27 - Trespasse

Se analisarmos a Tabela Geral, verificamos que, antes destas alterações, esta tributava
realidades de duas naturezas distintas: -ou tributava os negócios e as realidades
jurídicas ou económicas, independentemente da sua forma, ou tributava os
documentos que titulem essas ou outras realidades.
No primeiro caso, o imposto do selo era devido pelo negócio ou operação económica e
variava, normalmente em função do seu valor.
No segundo, é devido pela existência do documento escrito e corresponde,
normalmente, a um valor fixo por cada exemplar original.
Significa dizer que, quando está em causa o selo da operação, para que esta seja
tributada não é indispensável que exista documento escrito, bastará que, por qualquer
meio, se demonstre que a operação existe. Se o selo diz respeito ao documento, é
indispensável que este exista na forma escrita e satisfaça todos os requisitos previstos
na Tabela Geral.
Como exemplo de “selo da operação” temos o que tributa os contratos de
arrendamento, os mútuos, designadamente, suprimentos e outros abonos, os
trepasses, as transmissões imóveis.
Como exemplo de “selo do documento”, temos o selo relativo aos documentos que,
de forma escrita, titulem operações ou negócios jurídicos que não estejam
especialmente previstos para tributação. Estão neste caso, os documentos que titulem
os contratos de trabalho ou de prestação de serviços, ainda que em regime de avença
(verba 8 da Tabela Geral – 5 €).
Ora, depois desta alteração trazida pelo OE 2010, desaparece o selo do documento.

Depois da Reforma do Património de 2004, o imposto do selo, para além da sua


vertente tradicional de tributação da despesa, passou a desempenhar o papel que, até
aí, era desempenhado pelo imposto sobre as sucessões e doações. Passou assim a
assumir uma nova vertente de tributação das transmissões gratuitas de bens.

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Fruto disso, o Código do Imposto do Selo (CIS) passou a ter processos e competências
para a liquidação e cobrança, distintas.
Enquanto imposto sobre a despesa, a competência para a liquidação foi atribuída,
regra geral, aos operadores económicos e serviços públicos que intervenham nos actos
e contratos, que repercutirão o imposto a quem, nos termos do artigo 3.º do CIS, deva
suportar esse encargo.
Enquanto “imposto de transmissões” o processo de liquidação é desenvolvido pela
Administração Fiscal a partir duma declaração dos beneficiários da transmissão até ao
fim do terceiro mês seguinte aquele em que esta tiver ocorrido.

2 – O imposto do selo enquanto imposto de transmissão


Da interpretação conjugada do n.º 1 e 3 do artigo 1.º do CIS e da verba 1.2 da Tabela
Geral, resulta que estarão sujeitas a imposto as transmissões gratuitas,
designadamente, as que tenham por objecto os seguintes bens:
a) Bens imóveis, incluindo a aquisição por usucapião;
b) Bens móveis sujeitos a registo;
c) Participações sociais, valores mobiliários e direitos de crédito associados, ainda que
transmitidos autonomamente, títulos e certificados da dívida pública, bem como
valores monetários, ainda que objecto de depósito em contas bancárias;
d) Estabelecimentos comerciais, industriais ou agrícolas;
e) Direitos de propriedade industrial, direitos de autor e direitos conexos;
f) Direitos de crédito dos sócios sobre prestações pecuniárias não comerciais
associadas à participação social;
g) Aquisição derivada de invalidade, distrate, renúncia ou desistência, resolução, ou
revogação da doação entre vivos com ou sem reserva de usufruto.
Uma nota para a tributação referida nesta alínea g), dado que, por vezes, os
intervenientes nos actos e contratos, os anulam por mútuo consenso, pensando que,
com isso, conseguem a anulação da tributação originada pelo acto agora anulado.
Nada mais errado. A anulação por mútuo consenso, em vez de provocar a anulação da
tributação inicial, ainda vai operar uma nova transmissão, agora de sentido contrário.
Convirá ter presente que só a anulação judicial do acto, declarada por tribunal
competente, poderá servir de base a um processo de reclamação ou impugnação do
imposto que a transmissão anulada tiver originado. Isto é válido para os diversos
impostos, designadamente, para o IMT.
De realçar o facto de as aquisições por usucapião, que não eram tributadas no âmbito
do imposto sucessório, terem passado a sê-lo no âmbito do imposto do selo.

3 – Exclusão do imposto do selo enquanto imposto tradicional sobre a despesa


A redacção deste n.º 2 do artigo 1.º não sofreu qualquer alteração com a Reforma de
2004. Continua a dizer desde o início da vigência do Código, 1 de Março de 2000, que

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“não são sujeitas a imposto as operações sujeitas a imposto sobre o valor acrescentado
e dele não isentas”.
Todavia, uma vez que, o OE para 2010, revogou o selo dos documentos, e só passou a
haver selo das operações, este será sempre afastado quando a operação estiver sujeita
a IVA.

4 – Exclusão do imposto do selo enquanto imposto de transmissão


Nos termos do n.º 5 do artigo 1.º, não são sujeitas a imposto do selo as seguintes
transmissões gratuitas:
a) O abono de família em dívida à morte do titular, os créditos provenientes de
seguros de vida e as pensões e subsídios atribuídos
b) De valores aplicados em fundos;
c) Donativos efectuados nos termos da Lei do Mecenato;
d) Donativos conforme os usos sociais, de bens ou valores não incluídos nas alíneas
anteriores, até ao montante de € 500;
e) Transmissões a favor de sujeitos passivos de imposto sobre o rendimento das
pessoas colectivas, ainda que dele isentas;
f) Bens de uso pessoal ou doméstico.
Com estas exclusões, a base de incidência ficou mais reduzida que a do imposto sobre
sucessões que abrangia, designadamente, bens de uso pessoal ou doméstico, que
causavam bastante constrangimento na sua declaração por parte dos herdeiros e
produziam imposto de montantes ridículos, tendo em vista a própria sonegação de
bens e a atribuição de baixos valores.
Uma referência especial para a alínea e), aditada pela Reforma de 2004, que afastou
da incidência do imposto do selo as transmissões gratuitas verificadas a favor de
sujeitos passivos de imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas, ainda que
dele isentas.
Simultaneamente eliminou do artigo 21.º do Código do IRC, a sua alínea c), segundo a
qual, eram afastados da tributação em IRC “os incrementos patrimoniais sujeitos a
imposto sobre as sucessões e doações”.
Entretanto, ao definir-se o campo de incidência pessoal ou subjectiva no CIS, o n.º 2 do
artigo 2.º, diz o seguinte: ”Nas transmissões gratuitas, são sujeitos passivos do imposto
as pessoas singulares para quem se transmitam os bens…”.
Ficou aqui materializada a opção do legislador de, contrariamente ao que se passava
com o imposto sucessório, o imposto do selo, na sua nova vertente de imposto sobre
as transmissões, apenas efectuar a tributação quando o beneficiário da herança ou
doação for uma pessoa singular.
Sendo uma pessoa colectiva, a variação patrimonial positiva derivada da transmissão,
concorrerá para a formação do lucro tributável dessa mesma entidade.

5 – Incidência subjectiva do imposto do selo, enquanto imposto sobre a despesa

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O código do imposto do selo, com a Reforma de 2000, modernizou-se e adoptou uma
estrutura semelhante à que já era usada no IVA desde 1986.
Assim, quando se refere ao sujeito passivo, não se refere à entidade que suporta o
imposto, contribuinte de facto, mas aquela a quem o código atribui um conjunto de
competências e uma teia de obrigações, que conduzem à liquidação, arrecadação
contabilização, declaração e entrega do imposto.
Nos termos do artigo 2.º do CIS, essa competência é atribuída às seguintes entidades
que assumem as vestes de sujeitos passivos do imposto:
a) Duma maneira geral, entidades públicas, relativamente aos actos, contratos e
outros factos em que sejam intervenientes e quando, nos termos da alínea n) do artigo
5.º, os contratos ou documentos lhes sejam apresentados para qualquer efeito legal;
b) Entidades concedentes do crédito;
c) Instituições de crédito, que tenham intermediado operações de crédito e outras
contraprestações devidos por residentes a instituições não residentes;
d) Entidades mutuárias, beneficiárias de garantia ou devedoras dos juros, comissões e
outras contraprestações no caso das operações referidas na alínea anterior que não
tenham sido intermediadas cujo credor não exerça a actividade, em regime de livre
prestação de serviços, no território português;
f) Entidades emitentes de letras e outros títulos de crédito, e locador e sublocador,
nos arrendamentos e subarrendamentos;
h) Outras entidades que intervenham em actos e contratos ou emitam ou utilizem os
documentos, livros, títulos ou papéis.

6 – Incidência subjectiva do imposto do selo, enquanto imposto de transmissão


Este é mais um dos casos onde se demonstra que a decisão de acabar com o imposto
sucessório na Reforma de 2004, e vir com as realidades tributárias que o mesmo
abrangia para o imposto do selo, provocou distorções neste imposto e incoerências na
estrutura do próprio Código.
Assim, contrariamente ao que ficou dito no número anterior, a partir de Janeiro de
2004, foi aditado ao artigo 2º, um número 2 que, relativamente às transmissões
gratuitas, define como sujeito passivo, não a entidade que tem competência para a
liquidação, mas aquela que suporta o encargo.
Assim,
Nas transmissões gratuitas, são sujeitos passivos do imposto as pessoas singulares
para quem se transmitam os bens, sem prejuízo das seguintes regras:
a) Nas sucessões por morte, o imposto é devido pela herança, representada pelo
cabeça-de-casal, e pelos legatários;
b) Nas demais transmissões gratuitas, incluindo as doações e as aquisições por
usucapião, o imposto é devido pelos respectivos beneficiários.

7 – Encargo do imposto

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A definição da pessoa a quem é atribuído o encargo do imposto, encontra-se no artigo
3º do código segundo o qual:
a) Nas transmissões por morte, a herança e os legatários e, nas restantes
transmissões gratuitas, bem como no caso de aquisições onerosas, os adquirentes dos
bens;
b) No arrendamento e subarrendamento, o locador e o sublocador;
c) Nas apostas, o apostador;
e) Nas garantias, as entidades obrigadas à sua apresentação;
f) Na concessão do crédito, o utilizador do crédito;
g) Nas restantes operações financeiras realizadas por ou com intermediação de
instituições de crédito, sociedades ou outras instituições financeiras, o cliente destas;
i) Nos cheques, o titular da conta;
j) Nas letras e livranças, o sacado e o devedor;
l) Nos títulos de crédito não referidos anteriormente, o credor;
o) Nos seguros, o tomador e, na actividade de mediação, o mediador;

8 – Territorialidade
A definição de territorialidade encontra-se no artigo 4º do Código. Aqui, abordaremos
os aspectos gerais, deixando os aspectos particulares para a segunda parte, ao
tratarmos das realidades dela constantes.
Assim,
1. Em termos gerais, o imposto do selo incide sobre todos os factos ocorridos em
território nacional.
2. São, ainda, sujeitos a imposto os documentos, actos ou contratos emitidos ou
celebrados fora do território nacional, nos mesmos termos em que o seriam se neste
território fossem emitidos ou celebrados, caso aqui sejam apresentados para
quaisquer efeitos legais.
3. Nas transmissões gratuitas, o imposto é devido sempre que os bens estejam
situados em território nacional.

9 – Nascimento da obrigação tributária


A definição deste momento encontra-se no artigo 5.º do CIS. De uma maneira geral,
não é susceptível de provocar grandes dúvidas.
Porém, a alínea n) merecerá alguns comentários.
Diz o seguinte: “Em caso de actos, contratos, documentos, títulos, livros, papéis e
outros factos previstos na Tabela anexa ao presente Código em que não intervenham a
qualquer título pessoas colectivas ou pessoas singulares no exercício de actividade de
comércio, indústria ou prestação de serviços, quando forem apresentados perante
qualquer entidade pública”.
Compreensivelmente, o legislador não quis trazer para a disciplina do Código, como
sujeitos passivos, as pessoas singulares quando actuem na esfera da sua vida

39
particular. Efectivamente, não fazia sentido impor aos particulares uma teia de
obrigações de liquidação, escrituração, arrecadação e entrega do imposto.
Assim, só as pessoas colectivas ou as pessoas singulares, mas quanto a estas, quando
actuem no âmbito duma actividade empresarial ou profissional, podem ser sujeitos
passivos deste imposto.
Quando os actos ou contratos são celebrados entre pessoas singulares na esfera da
sua vida particular, sem a intervenção de qualquer entidade pública ou operador
económico, não será devido qualquer imposto do selo. Este só será devido se e
quando os documentos forem apresentados numa repartição pública.
Por exemplo, não é devido selo dum contrato de arrendamento entre dois
particulares, num contrato de mútuo, etc., salvo quando tiver que ser participado ou
apresentado numa repartição pública.

10 – Isenções subjectivas
São isentos de imposto do selo, quando este constitua seu encargo:
a) O Estado, as Regiões Autónomas, as autarquias locais e as suas associações e
federações de direito público;
b) As instituições de segurança social;
c) As pessoas colectivas de utilidade pública administrativa e de mera utilidade
pública;
d) As instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e entidades a estas
legalmente equiparadas;
e) O cônjuge, descendentes e ascendentes, nas transmissões gratuitas de que forem
beneficiários (artigo 6.º).
As isenções constantes das alíneas a) a d) aplicam-se a todo e qualquer imposto do
selo, designadamente o de transmissão, que constitua encargo destas entidades. Não
tem que ser requerida, bastará que, junto da entidade que tem competência para a
liquidação, um banco, um notário ou qualquer operador económico, seja feita, se
necessário, a prova da qualidade de entidade isenta. Na maioria dos casos a prova da
sua qualidade de entidade isenta, deriva da sua própria designação. Município de….,
junta de freguesia de……….Associação dos Bombeiros Voluntários……etc.
A alínea e) tem uma abrangência diferente. Foi acrescentada com a Reforma de 2004
quando o imposto do selo passou a ser substituto do imposto sucessório. Abrange
somente o imposto do selo devido pelas transmissões gratuitas quando entre o autor
da herança ou doação e o herdeiro ou donatário, exista qualquer grau de parentesco
na linha recta ascendente ou descendente, ou exista vínculo conjugal ou união de
facto.
Verificando-se e provando-se no processo de liquidação, o respectivo parentesco, esta
isenção aplica-se independentemente da natureza dos bens transmitidos ou do seu
valor.

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Convirá referir que a partir 01-01-2009, com as alterações do OE para 2009, operadas
nesta alínea, esta isenção só se aplica ao imposto do selo referido na verba 1.2 (10%).
Assim, no caso das doações, onde também é devido o selo referido na verba 1.1
(0,8%), este não estará isento.
Nas aquisições por usucapião não se aplicará esta isenção, ainda que na escritura de
justificação se invoque que os imóveis já estiveram na posse dos pais que faleceram
sem deixarem qualquer prova de eventual direito de propriedade ou, agora, qualquer
documento de transmissão

11 – Outras isenções (artigo 7.º).


Destacamos aqui aquelas que tratam das relações financeiras dos sócios, pessoas
singulares ou colectivas, com as sociedades de que fazem parte.
São elas:
g) As operações financeiras, incluindo os respectivos juros, por prazo não superior a
um ano, desde que exclusivamente destinadas à cobertura de carência de tesouraria e
efectuadas por sociedades de capital de risco (SCR) a favor de sociedades em que
detenham participações, bem como as efectuadas por sociedades gestoras de
participações sociais (SGPS) a favor de sociedades por elas dominadas ou a sociedades
em que detenham participações previstas no n.º 2 do artigo 1.º e nas alíneas b) e c) do
n.º 3 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 495/88, de 30 de Dezembro, e, bem assim,
efectuadas em benefício da sociedade gestora de participações sociais que com ela se
encontrem em relação de domínio ou de grupo;
h) As operações, incluindo os respectivos juros, referidas na alínea anterior, quando
realizadas por detentores de capital social a entidades nas quais detenham
directamente uma participação no capital não inferior a 10% e desde que esta tenha
permanecido na sua titularidade durante um ano consecutivo ou desde a constituição
da entidade participada, contanto que, neste último caso, a participação seja mantida
durante aquele período;
i) Os empréstimos com características de suprimentos, incluindo os respectivos juros
efectuados por sócios à sociedade em que seja estipulado um prazo inicial não inferior
a um ano e não sejam reembolsados antes de decorrido esse prazo.

Na segunda parte, ao tratarmos da verba 17, operações financeiras, desenvolveremos


este assunto.

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II – PARTE
Aspectos particulares do imposto do selo
1 – Escritos particulares
“8 - Escritos de quaisquer contratos não especialmente previstos nesta Tabela,
incluindo os efectuados perante entidades públicas - por cada um…… 5 €”
Referimos aqui esta verba só para realçar que a mesma foi revogada pelo Orçamento
do Estado para 2010.

2 – Tabela Geral, Verba 17, Enquadramento das relações dos sócios com as
sociedades
Créditos do Sócio sobre a sociedade
2.1 – Suprimentos e outros abonos do sócio à sociedade
Nos termos da verba 17.1 da Tabela Geral, as utilizações, por parte das sociedades, de
créditos concedidos pelos sócios, estão sujeitas a imposto do selo que resultar da
aplicação das seguintes taxas:
17.1.1 - Crédito de prazo inferior a um ano - por cada mês ou fracção…………..0,04%
17.1.2 - Crédito de prazo igual ou superior a um ano ……………………0,50%
17.1.3 - Crédito de prazo igual ou superior a cinco anos ……………………0,60%
17.1.4 - Crédito utilizado sob a forma de conta corrente, em que o prazo de utilização
não seja determinado ou determinável, sobre a média mensal obtida através da soma
dos saldos em dívida apurados diariamente, durante o mês, divididos por 30
……0,04%

- Notas e comentários
2.2 – Factos tributários abrangidos:
Para que haja tributação é necessário que estes abonos tenham subjacente, ainda que
verbal ou informalmente, um contrato de mútuo.
Esta tributação não abrange juros, comissões e outros encargos, os quais só estão
sujeitos quando arrecadados em operações financeiras por ou com intermediação de
instituições de crédito (verba 17.2).
Estes abonos dos sócios às sociedades devem ser feitos através de circuitos financeiros
claros.
Devemos referir que, nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 63.º-C da Lei Geral Tributária,
os sujeitos passivos de IRC, bem como os sujeitos passivos de IRS que disponham ou
devam dispor de contabilidade organizada, estão obrigados a possuir, pelo menos,
uma conta bancária através da qual devem ser os movimentos relativos a suprimentos,
outras formas de empréstimos e adiantamentos de sócios, bem como quaisquer
outros movimentos de ou a favor dos sujeitos passivos.
Os respectivos movimentos contabilísticos devem ser apoiados em talões de depósito
ou transferência bancária.

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2.3 – Fornecimento de bens ou prestações de serviços
Quando os créditos têm origem no fornecimento de bens ou prestação de serviços,
não estarão sujeitos ao imposto do selo estabelecido na verba 17.1 da Tabela Geral,
ainda que haja mora no pagamento, porque não tem subjacente um contrato de
mútuo.
Para haver imposto do selo previsto na verba 17.1, seria necessário que a mora no
pagamento por parte do devedor fosse transformada, por acordo das partes, num
empréstimo do credor.

2.4-Pagamentos do sócio por conta da sociedade


Estes pagamentos feitos pelo sócio por conta da sociedade, serão de evitar quanto
mais não seja, pela imposição do artigo 63.º-C da LGT, que obriga a que os
movimentos entre sócio e a sociedade sejam feitos através das contas bancárias
exclusivamente afectas à actividade empresarial.
Porém, há rotinas instaladas que levam a que esses pagamentos ainda continuem.
Neste caso, deverão ficar bem claros e provados os pagamentos feitos através da
conta bancária do sócio.
Na prática é como se estabeleça um contrato de mútuo entre sócio e sociedade.
Sempre que esta situação surja, convirá processar um documento assinado por sócio e
sociedade, tanto mais que ele se tornará necessário para que possam ser aplicadas as
isenções referidas nas alíneas g), h) ou i) do artigo 7.º do CIS.

2.5 – A territorialidade
Se sócio e sociedade forem domiciliados no território nacional, não haverá dúvidas
quanto a sujeição a imposto destas utilizações de crédito, nos termos do n.º 1 do
artigo 4.º do CIS.
A questão colocar-se-á quando alguma destas entidades tenha domicílio ou sede fora
do território nacional. Sabemos que existem muitas sociedades, dominantes ou
dominadas, com sedes em países diferentes e que utilizam uma gestão centralizada de
caixa no país da dominante. Esta situação faz com que haja transferências de fundos
das dominadas ou participadas para a dominante ou participante ou vice-versa. Estas
transferências configuram, para efeitos do imposto do selo, concessões e utilizações
de créditos, quer sejam feitas a médio ou longo prazo, quer o sejam de curto prazo
para ocorrer a carências de tesouraria.
Vejamos as situações possíveis:
a) A entidade concedente do crédito tem domicílio no estrangeiro e a utilizadora do
crédito no território nacional;
Esta situação encontra-se abrangida pela alínea b) do n.º 2 do artigo 4.º do Código do
Imposto do Selo, sendo, por isso, tributada no território nacional.

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b) A entidade utilizadora do crédito, tem domicílio no estrangeiro e a concedente do
crédito no território nacional.
Neste caso, a operação está abrangida pela regra geral constante do nº 1 do artigo 4º
do Código, uma vez que operação ocorre no território nacional. Ver também neste
sentido o n.º 4 da alínea A), da II parte da circular C 15/2000, de Julho 05.

2.6 – As isenções
Muito embora, para haver tributação, não seja necessário a existência de documento
escrito, basta que se comprove a sua existência por qualquer meio, para que se possa
beneficiar de isenção terá de haver um documento escrito através do qual se verifique
que estão reunidas as condições legais.
Nas operações financeiras entre sócio e sociedade, poderão existir três isenções
diferentes:
a) Nos termos da alínea g) do n.º 1 do artigo 7.º do CIS estão isentas as operações
financeiras, que reúnam os seguintes requisitos:
1 - O crédito seja concedido por um prazo não superior a um ano, devendo este prazo
constar de documento escrito que titule a operação;
2 - Que se destine, exclusivamente, à cobertura de carência de tesouraria. A lei não diz
qual a forma de provar a existência desta carência de tesouraria, mas seguramente, o
será através da contabilidade. Por exemplo, do nosso ponto de vista, não haverá
carência de tesouraria se, porventura, a sociedade utilizadora do crédito, fez
empréstimos a outrem.
3 - Que sejam efectuadas por sociedades de capital de risco (SCR) a favor de
sociedades em que detenham participações, ou,
4 - Por sociedades gestoras de participações sociais (SGPS) a favor de sociedades por
elas dominadas ou a sociedades em que detenham participações previstas no n.º 2 do
artigo 1.º e nas alíneas b) e c) do n.º 3 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 495/88, de 30
de Dezembro, e,
5 - As efectuadas em benefício da sociedade gestora de participações sociais que com
ela se encontrem em relação de domínio ou de grupo. Quer dizer que, a isenção, tanto
se aplicará aos empréstimos da SGPS à sua participada, como aos empréstimos da
participada à SGPS.

b) Nos termos da alínea h) do n.º 1 do mesmo artigo 7.º, estão isentas as seguintes
operações:
1 - O crédito seja concedido por um prazo não superior a um ano;
2 - Que se destine, exclusivamente, à cobertura de carência de tesouraria;
3 - Que sejam realizadas por detentores de capital social a entidades nas quais
detenham directamente uma participação no capital não inferior a 10%; e,

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4 - Desde que esta tenha permanecido na sua titularidade durante um ano consecutivo
ou desde a constituição da entidade participada, contanto que, neste último caso, a
participação seja mantida durante aquele período.
Ao contrário da alínea g), esta isenção referida na alínea h) não se aplica aos créditos
concedidos pela participada à participante.

c) Também estão isentos os empréstimos com características de suprimentos,


efectuados por sócios à sociedade, incluindo os respectivos juros, nos termos da alínea
i) do n.º 1 do artigo 7.º.

2.7 – A competência para a liquidação

Sendo a entidade concedente do crédito e a utilizadora, domiciliadas no território


nacional, a competência para a liquidação é da concedente do crédito, nos termos da
alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do CIS.
Se a entidade concedente do crédito tem domicílio no estrangeiro e a utilizadora do
crédito no território nacional a competência para a liquidação é da utilizadora do
crédito, nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 2.º do CIS.
Se a entidade utilizadora do crédito, tem domicílio no estrangeiro e a concedente do
crédito no território nacional a liquidação do imposto deve ser feita pela empresa
residente no território nacional e concedente do crédito (alínea b) do n.º 1 do artigo
2.º do CIS).
Em resumo e termos gerais, a competência para a liquidação pertence:
a) As entidades concedentes do crédito mesmo que constante de documento lavrado
perante o notário (artigo 2.º, n.º 1, alíneas a) e b)).
b) Instituições de crédito que tenham intermediado a concessão do crédito por uma
entidade não residente (artigo 2.º n.º 1, alínea c)).
c) As entidades utilizadoras do crédito concedido por entidade não residente, se não
tiver havido intermediação (artigo 2, n.º 1, alínea d)).

2.8 – O encargo do imposto


O encargo do imposto incumbe ao utilizador do crédito, ainda que se trate duma
empresa não residente (alínea f) do n.º 3 do artigo 3.º).
Sendo, a entidade utilizadora do crédito, residente ou não, a empresa nacional,
concedente do crédito, deve debitar o imposto à empresa utilizadora, ou, melhor,
deduzi-lo logo à cabeça no momento da utilização, porque se torna exigível logo neste
momento.
Se a entidade concedente do crédito tem domicílio no estrangeiro e a utilizadora do
crédito no território nacional a competência para a liquidação é da utilizadora do
crédito, nos termos da alínea d) do nº 1 do artigo 2º do CIS, a qual suportará o
imposto, nos termos da alínea f) do nº 3 do artigo 3º.

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2.9 – Momento de exigibilidade:
- Se a operação é feita por ou com a intermediação de uma instituição de crédito, no
momento da cobrança ou do débito em conta corrente da respectiva comissão (artigo
5.º, alínea h)).
- Nas restantes concessões de crédito na data da utilização ou, se utilizado sob a forma
de conta corrente, no último dia de cada mês (artigo 5.º, alínea g)).

3 – Tabela Geral – Transmissão dos créditos


3.1 – As cessões de créditos a título oneroso
No caso específico da cessão de crédito, o legislador pretendeu estender a tributação ao
cessionário, não excluindo o cedente, sempre que a cessão envolva financiamento a um ou
a outro, consoante o caso. O facto tributário não é a cessão, mas, sim, o financiamento
associado. As taxas a aplicar, neste caso, serão as correspondentes ao período por que deve
durar o citado financiamento.
Se, associada à cessão, houver uma prorrogação do prazo, o tratamento será o
seguinte:
No que toca, especificamente, às primeiras prorrogações do prazo dos contratos, assim
como às prorrogações não automáticas do seu prazo efectuadas antes do 30.º dia anterior
ao seu termo, há que atentar nas seguintes hipóteses:
Na altura da celebração do contrato, o imposto é liquidado pela taxa correspondente ao
prazo do contrato, devendo partir-se do pressuposto de que não ocorre a prorrogação. Se
se der a prorrogação, há que, nessa altura, corrigir a liquidação, aplicando a taxa
correspondente ao tempo que mediar entre a data inicial e o limite temporal coberto pela
primeira prorrogação, de harmonia com a parte final da alínea g) do artigo 13.º do Código
do Imposto do Selo.
Tratando-se de prorrogações não automáticas efectuadas antes do 30.º dia anterior ao
termo do prazo, há que corrigir a liquidação inicial, aplicando-se a taxa correspondente ao
prazo que medeia entre o prazo inicial e o termo do prazo ocasionado pela prorrogação, de
harmonia com a parte final da alínea g) do artigo 13.º do referido Código.
Além das situações descritas, pode ocorrer que o prazo fixado no contrato seja alargado por
períodos de tempo não coincidentes com o período inicialmente acordado. Se tal ocorrer,
então, na data da efectivação das alterações contratuais, há que, também, corrigir a
liquidação, utilizando-se a taxa que corresponder ao prazo inicialmente previsto acrescido
do prazo adicional, de modo que a taxa final seja correspondente ao tempo total durante o
qual o crédito é utilizado, nos termos previstos na alínea g) do referido artigo 13º.
Esta interpretação fundamenta-se, além do citado artigo 13.º do Código, também, no
princípio geral que dimana do mesmo Código e da Tabela, ou seja, o de que o crédito é
tributado em função do prazo por que é utilizado.
Além do mais, a não ser assim, estariam abertas todas as vias para as mais variadas fraudes,
o que, de certo, não foi querido pelo legislador.

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(Ver a circular n.º 15/2000, de 05-07)

3.2 – As transmissões gratuitas de créditos por herança ou doação


Nos termos da verba 1.2 da Tabela Geral, estão sujeitas a imposto do selo, na sua
vertente de imposto de transmissão, as aquisições gratuitas de bens à taxa de 10%
sobre o respectivo valor.
A alínea f) do n.º 3 do artigo 1.º, vem dizer que, para efeitos da verba 1.2 da Tabela
Geral, são consideradas transmissões gratuitas, designadamente, as que tenham por
objecto direitos de crédito dos sócios independentemente da designação, natureza ou
forma do acto constitutivo ou modificativo, designadamente suprimentos,
empréstimos, prestações suplementares de capital e prestações acessórias
pecuniárias, bem como quaisquer outros adiantamentos ou abonos à sociedade.
A sujeição a imposto do selo verifica-se se quando os beneficiários da transmissão, são
pessoas singulares (n.º 2 do artigo 2.º).
Quando as transmissões a título gratuito se verificam a favor de pessoas colectivas a
tributação verifica-se em sede de IRC.
Como consequência da opção do legislador de tributar em IRC os incrementos
patrimoniais originados pelas transmissões gratuitas em que é beneficiária uma pessoa
colectiva, foi eliminada a alínea c) do artigo 21.º do CIRC, de harmonia com a qual “os
incrementos patrimoniais sujeitos a imposto sobre as sucessões e doações” não
concorriam para a formação do lucro tributável. Com a eliminação desta alínea estas
variações patrimoniais positivas passaram a concorrer.
Paralelamente e em consonância com esta alteração, ao artigo 1.º do CIS era aditado
um n.º 5, de acordo com o qual, não são sujeitas a imposto do selo as transmissões
gratuitas a favor de sujeitos passivos de imposto sobre o rendimento das pessoas
colectivas, ainda que dele isentas.

3.3 – A territorialidade
Nas transmissões gratuitas, o imposto é devido sempre que os bens estejam situados
em território nacional.
Relativamente aos créditos, consideram-se situados em território nacional, quando o
seu devedor, pessoa singular ou colectiva, tiver residência, sede, direcção efectiva ou
estabelecimento estável em território nacional, e desde que aí tenha domicílio o
adquirente.
Nas transmissões gratuitas, consideram-se domiciliadas em território nacional as
pessoas referidas no artigo 16.º do Código do IRS (n.os 3, 4 e 5, do artigo 4.º).

3.4 – As isenções
Como isenções, destacamos as seguintes:
a) O Estado, as Regiões Autónomas, as autarquias locais, as instituições de segurança
social, as pessoas colectivas de utilidade pública administrativa e de mera utilidade

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pública, as instituições particulares de solidariedade social e entidades a estas
legalmente equiparadas;
b) O cônjuge, descendentes e ascendentes, nas transmissões gratuitas de que forem
beneficiários (artigo 6.º).

3.5 – A competência para a liquidação


A liquidação do imposto devido pelas transmissões gratuitas compete aos serviços
centrais da DGCI, sendo promovida pelo serviço de finanças da residência do autor da
transmissão, sempre que o mesmo resida em território nacional.
Na falta de residência em território nacional, a liquidação do imposto é promovida
pelo serviço de finanças da residência do cabeça-de-casal ou do beneficiário, conforme
o caso (artigo 25.º)

4 – Imposto do selo no trespasse a título oneroso (verba 27 da Tabela)


4.1 – Incidência
A tributação dos trespasses a título oneroso encontra-se prevista na verba 27 da
Tabela Geral, cuja redacção é a seguinte:

“27-Transferências onerosas de actividade ou de explorações de serviços:


27.1-Trespasses de estabelecimento comercial, industrial ou agrícola –sobre o seu
valor..............................................................................................................................5%
27.2-………….

- Notas e comentários:
4.1 – Factos tributários abrangidos
Este campo de incidência abrange a transmissão da propriedade do estabelecimento,
quer esta se opere por um contrato de compra e venda, por arrematação em processo
executivo, pela realização do capital das sociedades, pela dissolução das sociedades ou
por doação.
Consequentemente, não abrange as cedências de exploração, quer porque estas não
operam transmissão do estabelecimento quer porque, estando sujeitas a IVA, estão
excluídas de tributação em imposto do selo por força do disposto no n.º 2 do artigo 1.º
do CIS.
Na realização do capital das sociedades com a transferência, nos termos do artigo 38.º
do CIRS, dos bens empresariais do comerciante em nome individual para a sociedade
de que virá a fazer parte, tem vindo a ser tratada pelos notários, para efeitos de
tributação do Imposto do Selo, como sendo uma operação de trespasse sujeita ao
Imposto do Selo prevista no artigo 27.º da Tabela Geral.

4.2 – Determinação da matéria colectável:

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Nas transmissões onerosas, a taxa incidirá sobre o valor declarado, ou seja, o preço
constante do acto ou contrato correspondente ao globo dos bens e direitos existentes
no momento, incluindo, bens de equipamento, créditos, valores de patentes, de
marcas de fabrico e de direitos conexos, bem como os respectivos débitos se forem
incluídos.
Embora haja quem defenda que o imposto do selo só deve incidir no valor da chave,
não é essa a nossa opinião, porque só haverá trespasse se se transmitir a globalidade
do estabelecimento.
Relativamente às transmissões onerosas, não existe no código qualquer norma de
incidência ou determinação da matéria colectável que estabeleça regras para
determinação de um valor fiscal que se contraponha ao valor declarado.
Todavia, existe no Código do Imposto do Selo o n.º 2 do artigo 9.º que reza assim: “A
determinação do valor tributável por métodos indirectos terá lugar quando se
verificarem os casos e condições previstos nos artigos 87.º e 89.º da Lei Geral
Tributária (LGT) e segue os termos do artigo 90.º da mesma lei e do artigo 52.º do
Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC), com as
necessárias adaptações.”
Quer dizer que, verificando-se os pressupostos para o recurso a métodos de avaliação
indirecta, designadamente, o constante da alínea d) do artigo 88.º da LGT “existência
de manifesta discrepância entre o valor declarado e o valor de mercado de bens (…)”, a
Administração Fiscal corrigirá o valor declarado e apurará um outro, seguindo as regras
de quantificação constantes do artigo 90.º da LGT.

4.3 – Competência para a liquidação:


- Nos trespasses titulados por escritura pública, o notário que intervier na sua
celebração (artigo 2.º, n.º 1 alínea a)).
- No caso de escrito particular, as empresas intervenientes (alínea h) do n.º 1 do artigo
2.º).

4.4 – Encargo do imposto


- Nas transmissões onerosas, os adquirentes dos bens (artigo 3.º, n.º 3, alínea a)).

4.5 – Territorialidade:
- Estão sujeitas as operações tituladas por escrituras que forem celebradas no
território nacional (artigo 4.º, n.º 1).
- Estão ainda sujeitas as operações que, embora tituladas por escrituras celebradas
fora do território nacional, estas venham a ser nele apresentadas para quaisquer
efeitos legais (artigo 4.º, n.º2 alínea a)).

4.6 – Momento de exigibilidade:

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- Para os contratos celebrados no território nacional, no momento da sua assinatura.
(artigo 5.º, alínea a)).
- Para os celebrados fora do território nacional, no momento em que forem
apresentados em Portugal junto de quaisquer entidades (artigo 5.º alínea d)).

4.7 – Direito de preferência: (artigo 70.º do CIS)


- Nos trespasses de estabelecimento comercial, industrial ou agrícola se, por indicação
inexacta de preço, ou simulação deste, o Imposto do Selo tiver sido liquidado por valor
inferior ao devido, o Estado e demais pessoas colectivas de direito público, poderão
preferir na aquisição, desde que assim o requeiram perante os tribunais comuns e
provem que o valor por que o imposto deveria ter sido liquidado excede em 30 por
cento ou € 5.000, pelo menos, o valor sobre que incidiu.

5 – Trespasse de estabelecimento a título gratuito (Verba 1.2)


5.1 – Incidência
Os trespasses de estabelecimentos comerciais e, duma maneira geral, as transmissões
a título gratuito, estão sujeitas a imposto do selo de 10% previsto na verba 1.2 da
Tabela Geral, aplicável por força do disposto no n.º 3 do artigo 1.º do Código.
Poderão, no entanto, beneficiar da isenção, designadamente, a prevista na alínea e) do
artigo 6.º do CIS, segundo a qual, são isentos de imposto do selo, quando este
constitua seu encargo: “e) O cônjuge, descendentes e ascendentes, nas transmissões
gratuitas de que forem beneficiários.”

5.2 – Determinação da matéria colectável


1 - Estabelecimentos com contabilidade organizada
Se o estabelecimento dispuser de contabilidade organizada, o valor do trespasse será
determinado com base no último balanço, de acordo com os n.os 1 e 2 do artigo 15.º
do CIS que dispõe do seguinte modo: “1 - O valor (…) é o dos estabelecimentos
comerciais, industriais ou agrícolas com contabilidade organizada determina-se pelo
último balanço, (…). 2 - Se o último balanço referido no número anterior precisar de ser
corrigido, o valor do estabelecimento (…) determinar-se-á pelo balanço resultante das
correcções feitas.”
Trata-se de correcções de natureza técnica operadas ainda no âmbito do método da
avaliação directa. Ao proceder-se a estas correcções, nos termos do n.º 2 do artigo
31.º do CIS, “os imóveis são considerados no activo do balanço pelo valor patrimonial
tributário.”
Ao que julgamos saber, está previsto que estas correcções passem a ser feitas nos
Serviços Centrais, informaticamente, a partir de determinados indicadores que
passarão a ser fornecidos nas declarações.
Enquanto isso não acontece, os Chefes dos Serviços de Finanças deverão, nos termos
do n.º 1 do artigo 31.º do CIS, remeter os elementos à respectiva direcção de finanças,

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para que aí se proceda a análise e eventual correcção.
Todavia, se a contabilidade já não oferecer crédito, ou se se verificarem outros
pressupostos, a Administração Fiscal poderá recorrer aos métodos de avaliação
indirecta, não nos termos do artigo 9.º, mas sim com apoio no n.º 1 do artigo 18.º do
CIS reza assim: “O valor dos estabelecimentos comerciais, industriais ou agrícolas
obrigados a possuir contabilidade organizada (…) sempre que se verifique uma das
situações previstas no artigo 88.º da LGT, é determinado pela aplicação dos factores
previstos no n.º 2 do artigo 16.º do presente Código, aplicáveis a um rendimento
presumido para esse efeito, se ainda o não tiver sido para efeitos da tributação sobre o
rendimento, com base nos elementos previstos no artigo 90.º da mesma lei.”
Quer dizer, havendo fundamento para o recurso a métodos de avaliação indirecta,
neste caso de transmissões gratuitas, a quantificação terá que ser feita com base nos
factores constantes do n.º 2 do artigo 16.º do CIS e não seguindo as regras do artigo
90.º da LGT como acontece no caso das transmissões onerosas.
O artigo 90.º da LGT, só será utilizado para determinar o rendimento colectável ao qual
se devem aplicar os factores. Nos termos do artigo 18.º do CIS, existindo fundamentos
para o recurso ao método de avaliação indirecta, tudo se passa como se a
contabilidade não existisse, podendo ser presumido o rendimento dos últimos três
exercícios, para efeitos de aplicação dos factores.

2 - Estabelecimento sem contabilidade organizada


O valor tributável será determinado nos termos do artigo 16º como segue:
“1 - O valor dos estabelecimentos comerciais, industriais ou agrícolas sujeitos a
tributação para efeitos do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares que não
sejam obrigados a possuir contabilidade organizada é determinado com base em
inventário elaborado para o efeito que, com referência à data da transmissão, inclua as
respectivas existências, os bens de equipamento, créditos, valores de patentes, de
marcas de fabrico e de direitos conexos, bem como os respectivos débitos, de acordo
com as seguintes regras que originarem maior valor:
a) Valor atribuído pelo cabeça-de-casal ou beneficiário;
b) Valor de trespasse, que é obtido pela aplicação de um factor entre 5 e 10 à média
dos rendimentos tributáveis para efeitos da tributação sobre o rendimento dos últimos
três anos já apurados.”
Quer dizer: a taxa de 10% constante da verba 1.2 da Tabela Geral, aplicar-se-á ao
maior dos seguintes valores:
a) Valor atribuído pelo cabeça-de-casal ou beneficiário ao globo do estabelecimento
transmitido; ou,
b) Valor fiscal do trespasse, que é obtido pela aplicação de um factor entre 5 e 10 à
média dos rendimentos tributáveis para efeitos da tributação sobre o rendimento dos
últimos três anos já apurados.
De notar que nos termos do n.º 4 do artigo 16.º “O valor (…) que lhe for atribuído em

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partilha ou liquidação judicial” sobrepõe-se a estes. Sendo o estabelecimento
liquidado ou partilhado extrajudicialmente, considerar-se-á o que lhe tiver sido
atribuído, se for superior.

2 - Os factores são fixados em função dos coeficientes de localização definidos para a


zona de situação dos imóveis em que os estabelecimentos se encontram instalados,
conforme previsto no artigo 42.º do CIMI, nos seguintes valores:
a) Estabelecimentos localizados em imóveis a que seja aplicável um coeficiente até 1,2
- 5;
b) Estabelecimentos localizados em imóveis a que seja aplicável um coeficiente entre
1,2 e 1,8 - 7;
c) Estabelecimentos localizados em imóveis a que seja aplicável um coeficiente entre
1,8 e 3 - 10;
d) Estabelecimentos não localizados em imóveis urbanos – 5.

3 - Os imóveis, automóveis e motociclos, bem como as aeronaves de turismo e os


barcos de recreio, são tributados autonomamente de acordo com as regras de
determinação do valor tributável que lhes são aplicáveis.
Poderemos concluir que, quando se trata da transmissão gratuita de estabelecimentos
sem contabilidade organizada, o recurso aos métodos de avaliação indirecta só é
utilizado para determinar os rendimentos colectáveis médios que hão-de servir de
base à aplicação dos factores de capitalização.

3 - Sociedades de transparência fiscal e estabelecimentos afectos a profissões liberais –


artigo 17.º
O valor tributável de participações de pessoas singulares em sociedades tributadas no
regime de transparência fiscal e o de espaços afectos ao exercício de profissões liberais
é o valor de trespasse declarado pelo cabeça-de-casal ou pelo beneficiário ou o
determinado pela aplicação dos factores previstos no n.º 2 do artigo 16.º, consoante o
que for maior.
Os imóveis são considerados no activo do balanço pelo valor patrimonial tributário
(n.º2 do artigo 31.º).

5.3 – Competência para a liquidação:


- Nas transmissões gratuitas, quer se trate de transmissão por morte quer por doação,
os Serviços Centrais da DGCI, sendo promovida pelo serviço local de finanças da
residência do autor da herança ou do doador (n.º1 do artigo 25.º).

5.4 – Encargo do imposto


- Nas sucessões por morte, é devido pela herança representada pelo cabeça-de-casal.
- Nas demais transmissões gratuitas, pelos respectivos beneficiários (artigo 2.º, n.º 2,

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alíneas a) e b)).

5.5 – Territorialidade:
- Estão sujeitas as operações tituladas por escrituras que forem celebradas no
território nacional (artigo 4.º, n.º 1)
- Estão ainda sujeitas as operações que, embora tituladas por escrituras celebradas
fora do território nacional, estas venham a ser nele apresentadas para quaisquer
efeitos legais (artigo 4.º, n.º 2 alínea a)).
- Nas transmissões gratuitas, o imposto é devido sempre que os bens estejam situados
em território nacional (n.º 3 do artigo 4.º).

5.6 – Momento de exigibilidade:


- Para os contratos celebrados no território nacional, no momento da sua assinatura.
(artigo 5.º, alínea a)).
- Para os celebrados fora do território nacional, no momento em que forem
apresentados em Portugal junto de quaisquer entidades (artigo 5.º alínea d)).
- Nas sucessões por morte na data da abertura da sucessão (artigo 5.º, alínea p)).

5.7 – Obrigações acessórias:


- Nos termos do artigo 26.º, os beneficiários da transmissão deverão participá-la aos
Serviços de Finanças e apresentar a respectiva relação de bens.

Abílio Marques

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