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INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença que desde os templos bíblicos tem projeção no
imaginário popular devido principalmente as inúmeras deformidades, característica da fase
mais avançada da doença e pela conotação de pecado que traz consigo². Essa doença chegou
ao Brasil na época da colonização por vários pontos do litoral através dos portugueses que
juntos com os escravos africanos muito contribuíram para sua disseminação e intensidade
durante o período colonial da metade do século XVIII até início do século XIX, não bastante
o desenvolvimento do estado e o movimento migratório do século XX aumentou ainda mais a
freqüência de hanseníase no país.. Sabe-se que essa prática recebeu influência de antigos
modelos segregacionistas utilizados na Idade Média, o que afetou a vida desses indivíduos de
maneira por vezes irreversíveis, arrancando-os dos seios de suas famílias abruptamente e
jogando-os numa nova e dura realidade onde viveriam, então, com indivíduos em condições
iguais¹. A partir da década de 1920, o governo federal tomou para si a o controle da
hanseníase pela internação compulsória, medida esta que foi impulsionada partir da
descoberta do agente etiológico da doença no final do século XIX pelo médico norueguês
Armauer Hansen comprovando assim seu caráter infecto-contagioso. Na década de 30 foi
criada a Campanha Nacional de Combate à Lepra, para que a questão do confinamento
compulsório fosse tratada com o devido “empenho”, esta campanha é fruto da política estado-
novista do estado que ao tomar para si a responsabilidade de resolver o problema das doenças
que grassavam o país, via a lepra como um empecilho para o desenvolvimento e progresso da
nação, tendo em vista que as pessoas acometidas ficavam debilitadas demais para
continuarem trabalhando¹. Tão logo as políticas de saúde pública foram estipuladas para
garantir que seus trabalhadores tivessem boa saúde para continuarem movendo o Estado
através de seu trabalho. Nesse período da história procurava-se o restabelecimento da saúde
para doenças como a gripe e o isolamento dos doentes para males como a hanseníase e a
loucura. Essa situação começou a ser contornada com a descoberta da sulfona em 1940, a
primeira droga contra o bacilo micobacterium lepra, momento em que o modelo de
tratamento baseado no
cerceamento da liberdade em grandes instituições começou a ser criticado até que em 1962
ocorre o abandono do isolamento compulsório, o tratamento ficou descentralizado e na década
1. Aluna do 8º semestre – UEPA- Belém. Email: croft_gnr@hotmail.com