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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO

PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EVOLUÇÃO CRUSTAL


E RECURSOS NATURAIS

Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais

PROJETO DE MESTRADO

Uso e ocupação temporal do solo na área urbana de Ouro Preto e


as atuais tendências

por

Leandro Duque de Oliveira

Frederico Garcia Sobreira - Orientador

Ouro Preto - Setembro/2008


ÍNDICE
1-INTRODUÇÃO.................................................................................................03
2- CONTEXTO GEOLÓGICO.............................................................................04
3-APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA................................................................05
4-OBJETIVO E METAS......................................................................................06
5- JUSTIFICATIVAS E RELEVÂNCIA DO PROJETO.......................................07
6-METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO...............................................09
7-DIFICULDADES E RISCO..............................................................................11
8-RECURSOS FINANCEIROS...........................................................................11
9-CRONOGRAMA DE ATIVIDADES..................................................................11
10-REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................12
11-ASSINATURA DO PROJETO.......................................................................14
12-DECLARAÇÃO..............................................................................................14

2
Uso e ocupação temporal do solo na área urbana de Ouro Preto e as atuais tendências

Introdução
Tendo em vista que “tendência” é definida como sendo a evolução de algo em determinado
sentido, direção e orientação (Brasil, 2006a), e levando em consideração a dinâmica temporal, será
buscado nesse trabalho a representação das tendências de uso e ocupação do solo na área urbana1 de
Ouro Preto, tendo em vista seu adensamento populacional desde a descoberta de ouro na região. Mas
tão importante quanto o resgate histórico da ocupação são as análises de novas tendências, que estão
sendo criadas na cidade2.
A acepção do termo “uso” remete a utilização provisória e limitada, ao tempo de vida de um
usuário ou de um determinado bem, nesse caso o solo (Brasil, 2006a). E como este é um dos espaços
onde o Homem imprimiu suas marcas, a caracterização da ocupação pode ser feita por meio de mapas
de uso e dinâmicas na afetação do solo. Assim, a ocupação, estará ligada a utilização do espaço por
determinadas atividades, em um dado momento.
A ocupação de Ouro Preto inicia-se no final do século XVII, início da mineração do ouro na
região, e se estende até os dias atuais. Inicialmente concentrados às margens dos rios em busca do ouro
de aluvião, a cidade foi se expandindo e as tendências de uso e ocupação do solo se modificando,
sempre acompanhando a descoberta de novas jazidas. O esgotamento das reservas e a ascensão da
indústria moderna transformaram o espaço geográfico da urbe.
Dentro do contexto do ordenamento, o território se torna aquele espaço que foi apropriado.
Portanto, seu estudo ou sua representação estará sempre a serviço de uma estratégia planejada
(Lefebvre, 1976). Partir-se-á desta idéia para a execução desse trabalho. Buscar a representação – com
auxílio de ferramentas de geoprocessamento - dos “usos” no espaço-tempo na área urbana de Ouro
Preto, objetivando o desenvolvimento equilibrado das regiões e da organização física do espaço
ocupado. Este trabalho se insere na proposta de linha de pesquisa ordenamento territorial e análise de
riscos geológicos.

Contexto Geológico

1
1. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) usa o termo “área urbana” para designar área interna
ao perímetro urbano de uma cidade ou vila, definido por lei municipal (www.ibge.gov.br). 2. No Brasil, a Lei Nº
5.172 de 25 de outubro de 1966, capítulo III, Art.32, inciso 1º denomina de “zona urbana” aquela que possui meio-
fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; abastecimento de água; esgotamento sanitário; rede de
iluminação pública; escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de três quilômetros da área
considerada (Código Tributário Nacional).
2
Utilizar-se-á o conceito de cidade adotado pelo IBGE, segundo o qual, será considerada “cidade” a localidade
com o mesmo nome do município a que pertence (sede municipal) e onde está sediada a respectiva prefeitura,
excluídos os municípios das capitais (www.ibge.gov.br).

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A cidade de Ouro Preto está localizada numa estrutura regional conhecida como Anticlinal de
Mariana. Segundo características de litologia e morfologia, a cidade pode ser dividida em cinco zonas
diferentes. Ao norte, tem-se a Serra de Ouro Preto, área onde ocorrem as formações Moeda, Batatal e
Cauê, sobrepostos ao xisto Nova Lima; o Morro Alto da Cruz a leste, composto predominantemente pela
Formação Cercadinho e o Grupo Sabará; o Núcleo Histórico Central, no vale principal, formado por
terrenos da Formação Cercadinho; a região do bairro Jardim Alvorada e Vila São José onde predominam
as formações Barreiro e Taboões e o Morro do Cruzeiro, Saramenha e Pocinho, na parte sul da cidade
onde ocorrem principalmente a Formação Fecho do Funil e o Grupo Sabará, além do Grupo Itacolomi no
bairro Novo Horizonte (Sobreira,1990).
No Grupo Nova Lima, há ocorrências de xistos que permitem o desenvolvimento de
ravinamentos e escorregamentos superficiais. Essa litologia ocorre na Serra de Ouro Preto, na região do
bairro São Sebastião e na encosta aos fundos da Santa Casa de Misericórdia (Gomes, 2005).
A Formação Cercadinho, base do Grupo Piracicaba, é constituída de intercalações de quartzito
ferruginoso e filito cinzento a prateado, sendo a unidade de maior distribuição na cidade. Essas rochas
são bem alteradas e podem ser desagregadas pela ação de escarificadores ou escavada manualmente.
Já os filitos (ferruginosos, grafitosos ou carbonosos) se apresentam mais intemperizados que os
quartzitos.
Os xistos do Grupo Sabará ocorrem amplamente na região centro-sul, superpondo-se à
Formação Cercadinho por calvagamento. Possuem de modo geral boa resistência, como pode ser
observado na estrada Ouro Preto – Saramenha e na rua Pacífico Homem onde cortes verticais se
mostram estáveis. Na Vila Aparecida, a formação encontra-se recoberta por canga e alguma lateríta.
Este Grupo ocorre ainda próximo ao bairro Nossa Senhora do Carmo em área pouco ocupada (Sobreira,
1990).
Os quartzitos do Grupo Itacolomi ocorrem na região do Pocinho, no bairro Novo Horizonte,
estando separados das rochas da série Minas por falhamento de empurrão. Tal fato proporcionou a
formação de zonas de rochas cisalhadas menos resistentes, que condicionaram o surgimento de áreas
mais aplainadas no pé da Serra do Itacolomi, atualmente em franco processo de ocupação e expansão
urbana. O material, mostra bem alterado, mas com boa coesão, resistindo a processos de ravinamento
(Sobreira, 1990).
Embora bem mais recentes, as coberturas superficiais não podem ser esquecidas pela
importante influência no comportamento dos terrenos onde ocorrem. Além da crosta de canga que cobre
e protege os Itabiritos da Formação Cauê na Serra de Ouro Preto e as rochas da Formação Fecho do
Funil e Grupo Sabará, no Morro do Cruzeiro – aqui acompanhada de lateríta espessa, colúvios espessos
podem ser observados no bairro Padre Faria, no sopé do morro Alto da Cruz e no loteamento Santa
Efigênia, na vertente Sul do morro. São, no entanto, de ocorrência restrita no resto da cidade (Sobreira,
1990). Por canga se entende, solo ferruginoso conglomerático com cimento ferruginoso (limonítico) e
argila. Ocupa em geral superfícies altas e intermediárias (Minas Gerais, 1995).

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Os traços regionais do relevo, acidentado com vertentes bem íngremes e vales profundos e
encaixados, mostram uma clara dependência deste à geologia local, metassedimentos com planos de
descontinuidades bem marcantes – xistosidades, foliações e acamamentos – pouco resistentes. Os
principais elementos da paisagem são as Serras de Ouro Preto e a do Itacolomi. A malha urbana se
estende ocupando tanto o vale principal, como as vertentes e contrafortes das serras, principalmente a
Serra de Ouro Preto (Sobreira e Fonseca, 2001; Sobreira, 1990).

Apresentação do Problema
A ocupação do solo urbano de Ouro Preto pode ser dividida em três etapas: a primeira,
compreende o período que se estende do final do século XVII até o final do XIX. O segundo, compreende
o início do século XX até os anos de 1950/1960. O terceiro e último período, engloba as décadas
seguintes a 1950, se estendendo até os dias atuais.
O primeiro período coincide com a fase da mineração do ouro. Nesta época, os ocupantes se
fixaram em áreas geologicamente estáveis e mais planas, como topo de colinas e plataformas em
encostas, locais onde foram edificadas as primeiras igrejas e monumentos históricos. Mas neste período,
também são registradas ocorrências graves quanto ao uso do solo. Desmontes, escavações, transporte
e deposição de material removido e desmatamento generalizado, são alguns dos exemplos do mau uso
do espaço, que aumentaram ainda mais a devastação provocada pelas atividades extrativas (Sobreira e
Fonseca, 2001).
O segundo momento se desdobra entre a transferência da capital do Estado para Belo Horizonte,
em 1897, até a retomada do crescimento populacional, em 1950, motivado por um movimento de
industrialização de base concentrado no sudeste do país. Segundo Sobreira e Fonseca (2001), neste
período a cidade sofreu um esvaziamento econômico e político, resultando num despovoamento da
periferia e na conservação tanto da arquitetura colonial quanto da paisagem, mantendo desse modo, o
solo pouco alterado.
O terceiro período se alonga entre o início da mineração do ferro e outros minérios, até os dias
atuais. Nesta fase, o crescimento populacional é recuperado, havendo uma necessidade de criação de
novas áreas urbanas. No entanto, tal evento não foi acompanhado de um planejamento adequado,
ocasionando uma expansão urbana desordenada (Sobreira, 1990). O presente trabalho terá como
recorte temporal este último período.
Na retomada do crescimento, locais de antiga mineração, geralmente com características
morfológicas e geotécnicas desfavoráveis foram urbanizadas, produzindo um quadro de risco ao redor da
cidade. A origem e o adensamento populacional de alguns bairros como Volta do Córrego, Alto da Cruz,
Santana, Taquaral e Morro da Queimada remontam a esta época. Para ilustar, são registrados nestes
períodos ocorrências de movimentos de massa envolvendo a população local, alguns com vítimas fatais
(Sobreira e Fonseca, 2001). Já a parte histórica é a menos problemática quanto às questões

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geotécnicas, pois ocupa as áreas geologicamente mais estáveis e pela própria forma de ocupação do
meio físico, que foi pouco agressiva (Carvalho, 1982).
Nas áreas periféricas onde se desenvolveram atividades de mineração, instalaram-se grande
número de pessoas, pela encosta e entorno dos córregos. Esta urbanização desordenada tem gerado
um adensamento populacional em locais com elevado risco geológico, que deveriam ser aproveitados
para outras funções em oposição à ocupação populacional.
As unidades geomorfológicas apresentam limites de aptidões diferenciados para os usos e
ocupações múltiplas que, se ultrapassados, podem deflagrar desequilíbrios que culminam em danos ao
meio ambiente. O estabelecimento destes limites de aptidões e sua distribuição espacial constituem
instrumento básico para o delineamento de diretrizes e alternativas para o planejamento de uso e
ocupação do solo (Minas Gerais, 1995).
É importante notar que os problemas se repetem na cidade e estão sempre relacionados à
utilização do meio físico. São alguns dos problemas: construção em antigos locais de lavras de ouro e
em locais com fortes declives (Carvalho, 1982; Sobreira 1990; Bonuccelli, 1999). Manifestam-se também
cortes em taludes, bota - foras e a progressiva remoção da vegetação.
Para citar Sobreira e Fonseca (2001) “os problemas existentes na cidade de Ouro Preto, [...] não
decorrem apenas das condições naturais desfavoráveis, mas também em parte considerável da má
utilização do meio físico e da falta de planejamento e adoção de procedimentos regidos por critérios
técnicos consagrados”. Ademais, o processo de uso e ocupação desordenado do meio físico continua a
avançar sobre outras estruturas, como as antigas áreas de mineração nos bairros São Cristovão, Veloso,
Morro da Queimada, Lajes e São Sebastião (Tavares, 2006:70).

Objetivos e Metas
Objetivo geral: Analisar a evolução do uso e ocupação do solo na área urbana de Ouro Preto nas
últimas cinco décadas e investigar suas atuais tendências, buscando elementos que auxiliem no
planejamento urbano da cidade.

Objetivos Específicos:
• Identificar os atuais problemas relacionados ao uso/ocupação do solo na área urbana de Ouro
Preto;
• Estudar a evolução da ocupação e expansão da área urbana;
• Levantar o quadro atual da ocupação urbana;
• Examinar usos atuais e conflitos em relação ao meio físico, à legislação vigente e ao plano
diretor municipal;
• Analisar tendências do uso e ocupação do solo;
• Gerar produtos cartográficos que auxiliem no planejamento urbano.

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Metas:
• Analisar a periculosidade das formas atuais de ocupação;
• Prognosticar a evolução dos usos na área urbana e nas zonas de expansão urbana3;
• Propor utilização racional do uso e ocupação do solo, buscando a exploração das
potencialidades e maior produtividade.

Justificativas e Relevância do Projeto


O ordenamento territorial, ferramenta fundamental para criação de condições sistêmicas de apoio
a um desenvolvimento econômico, social e político equilibrado, no quadro do desenvolvimento
sustentável, tem sido promovido por diferentes meios e com distintos graus de intensionalidade. As
práticas de ordenamento do território refletem as mudanças de relações na ação do Estado
contemporâneo.
Na fase desenvolvimentista do Brasil, as políticas de ordenamento territorial podiam ser vistas
como um instrumento do Estado centralizador e da reestruturação produtiva que caracterizou boa parte
da segunda metade do século vinte (Brasil, 2006c).
O ordenamento do territorio (OT) é uma questão política associada à mudança de natureza do
Estado e do território, e da relação do Estado com seu território. O ordenamento apresenta relações
essenciais, não somente com o desenvolvimento regional, mas também com o desenvolvimento histórico
do país. Seu desdobramento e redefinição exigem horizontes temporais que não se esgotam no curto
prazo (Brasil, 2006d).
O Sudeste concentra, entre as regiões brasileiras, as maiores populações. A região contava no
ano 2000 com uma população de 75.207.261 habitantes, distribuídos numa área ocupada de 930.980,8
Km². Seu Produto Interno Bruto (PIB) foi estimado em US$ 49,3 bi. Estes e outros aspectos contribuem
para as variações de média a alta no número de hab/km² nas microrregiões, conforme os Índices de
Densidade Territorial (IDT) (Brasil, 2006b).
Os índices mais altos se encontram nas microrregiões geográficas que envolvem as capitais
estaduais (São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória). Mas é o Estado de Minas que apresenta
os maiores contrastes. O norte do Estado apresenta microrregiões, em sua maioria, com médios IDT. O
restante do Estado possui uma configuração mais uniforme, com médio-altos IDT. Ouro Preto possui
uma densidade populacional que varia entre 41 a 70 hab/Km² (Brasil, 2006b).
Numa análise temporal municipal percebe-se um crescimento populacional elevado,
compreendido entre as décadas de 50 e 80. Na década de 60 a população era de 33.927 habitantes,
46.165 em 1970 e 53.413 em 1980 (Gomes, 2005; IBGE, 2008). A ocupação sem planejamento resultou
na inobservância dos métodos técnicos ajustados de construção e de utilização adequada do meio físico,
que são inerentes para a harmonia das relações entre o meio biótico e abiótico. O modelo gerado pelo
3
Áreas contíguas às áreas urbanas.

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impasse está sempre na iminência de um episódio mais sério, onde o menor evento de ordem climática
ou geológica pode desencadear problemas humanos e físicos graves, pois as características naturais
não foram respeitadas.
Como município, Ouro Preto necessita de equipamentos que possam dar sustentação à
população local, como serviços de saneamento básico (água, lixo, esgoto, e água pluvial), além de obras
de infra-estrutura, principalmente ruas e estradas. Com cerca de 40% da área urbana exibindo feições
com declividades entre 20 e 45 % e apenas 30% com declividades entre 5 a 20% (Bonuccelli e Zuquette,
1999), é imprescindível o zoneamento dos usos do solo, a fim de planejar e executar as obras básicas da
cidade.
A forma como essas obras são planejadas e executadas merecem atenção, uma vez que as
zonas escarpadas são comuns na área urbana e qualquer decisão tomada erroneamente, poderá causar
danos maiores (Gomes et al., 1998). Alguns desses equipamentos com elevado potencial de
contaminação/poluição, como aterros sanitários, depósitos de lixo ou equipamentos que provoquem a
intensificação de processos erosivos, como as vias largas, urbanização sistemática e descarte
indiscriminado de terras e escombros, não são recomendados à montante da área urbana (Minas Gerais,
1995).
Considerando a área total da cidade, os números de locais para a construção destes
equipamentos são bastante reduzidos. Soma-se a isto o aumento populacional e o que se tem são
problemas típicos como: ocupação irregular de terrenos e em áreas de risco, etc. Alguns trabalhos que
abordam essa temática (Bonuccelli & Zuquette, 1999; Gomes et al., 1998; Sobreira, 1990; Sobreira &
Fonseca, 2001; Castro, 2006; Gomes, 2005; Domingues, 2006) não evidenciam as transformações
temporais de uso e ocupação do solo na área urbana de Ouro Preto.
Portanto, através de uma associação de imagens temporais do uso do solo possibilitadas pelo
SIG (Sistemas de Informações Geográficas), o poder público municipal ganhará mais um instrumento no
auxílio à tomada de decisões, sendo decisivo para o zoneamento territorial e para previsões de
tendências futuras. A nova contribuição deste trabalho reside no conjunto de dados, como arruamentos e
estradas, edifícios, topografia, geologia e hidrografia, espaço-temporais, analisada na cidade de Ouro
Preto a partir de ortofotos de 1950. Integrados, esses dados podem nos fornecer informações sobre as
novas áreas ocupadas, se estão obdecendo as diretrizes do plano diretor, a geologia presente,
hipsometria, declividade e o risco a escorregamentos das ocupações recentes.
Em estudo anterior, Moura (2002) preparou um sistema apoiado por geoprocessamento para a
análise ambiental destinado ao planejamento urbano na cidade de Ouro Preto. Seu sistema foi baseado
em 95 planos de informação para a construção das análises. Os objetivos da obra foram os seguintes:
caracterização da distribuição da população em Ouro Preto; caracterização da distribuição das áreas de
risco ambiental à ocupação urbana; identificação e localização das áreas mais bem servidas de serviços
e serviços de uso coletivo; caracterização da distribuição de infra-estrutura na cidade; identificação e
localização das áreas mais propícias à expansão urbana; identificação e localização das áreas mais
valorizadas no espaço urbano; identificação das áreas de maior valor cênico; localização das áreas mais

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visíveis na paisagem da cidade; áreas de maior interesse para o turismo; distribuição dos riscos à saúde,
a partir da análise de doenças relacionadas a precárias condições de saneamento na cidade e por fim, a
distribuição da qualidade de vida em Ouro Preto.
Ao contrário, o presente trabalho visa integrar as variáveis urbanas às do meio físico para
compor o estudo espaço-temporal da cidade de Ouro Preto e não criar uma metodologia de análise
apoiada em geoprocessamento. No presente trabalho, as informações urbanas de vias de acesso e
edificações atreladas às informações do meio físico como, topografia, redes de drenagem, geologia e
pedologia, fornecerão o perfil da ocupação na cidade. Finalizar-se-a com uma síntese das tendências de
ocupação na cidade.
Assim, a pesquisa pretende se somar a outras políticas de ordenamento do território em Ouro
Preto, como o Zoneamento Ecológico – Econômico, O Plano Diretor, o Programa Monumenta, Agenda
21 Local e o Programa de Reabilitação Urbana dos Sítios Históricos – URBIS. A construção de uma
política de zoneamento territorial configura-se acima de tudo, como um enorme desafio.

Metodologia e Estratégias de Ação


A metodologia adotada para o desenvolvimento da pesquisa baseia-se na integração de mapas e
informações pré-existentes, tanto topográficas como temáticas, na interpretação de fotografias aéreas e
dados checados em trabalhos de campo. O roteiro para análise espacial urbana, seguirá as etapas
seguintes:
1 - Construção da base cartográfica para a montagem do SIG. A base cartográfica e o banco de dados
serão organizados no software Arcgis 9, versão 9.1. Neste momento serão organizados e digitalizados os
dados coletados nas pesquisas bibliográficas. As principais informações da base cartográfica como
subsídios para a avaliação temporal da área serão dados viários (vias principais, ruas e estradas),
topografia (curvas de nível de 10 em 10 metros) e edificações. O georreferenciamento da área de estudo
será com base em ortofotos. Com essas informações, será possível a formulação dos primeiros mapas
da área, como o modelo digital de terreno, o mapa de declividades, a hipsometria e a rede hidrográfica.
Os mapas de geologia, geomorfologia, cobertura vegetal, altimetria, unidades litológicas e solos serão
desenvolvidos num momento posterior, todos os mapas em escala 1:5.000.
Será necessária a conversão de dados vetoriais em matriciais (raster) e a conversão das escalas de
medição. Serão definidos também os modos de representação espacial para os dados. Nessa fase, se
originam as primeiras informações e os conhecimentos espacializados sobre a área de estudo.

2- Interpretação de fotografias aéreas e ortofotos tiradas a partir da década de 50, ano do primeiro
levantamento na região, escala 1:25.000. Os levantamentos seguintes foram realizados em 1969 (Usaf –
1:10.000); 1978 (1:8.000); 1986 (CEMIG – 1:30.000) e 2003 (PMOP – 1:15.000). Com base no trabalho
de Moura (2003) é possível identificar diferentes classes de uso do solo: área de baixa ou nenhuma
ocupação, ocupação urbana densa, mineração ativa, ocupação recente, disposição de resíduos, bota-

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fora, mineração inativa, ocupação desordenada, área pouco ocupada, reflorestamento (monocultura de
eucalipto), solo exposto (sem vegetação), cobertura vegetal e afloramento rochoso. A interpretação das
imagens permitirá ainda perceber aquelas ocupações que são restritas pela legislação (Lei 6766/79):
faixa de domínio da rodovia, faixa de domínio da ferrovia, faixa de domínio do rio principal, faixa de
domínio do rio secundário, faixa de domínio de linhas de transmissão, faixa de domínio de nascentes,
locais com declividades entre 30 e 47% e locais com declividades acima de 47%.

3 – Trabalhos de campo – concomitantemente às etapas acima descritas. No campo procede-se com


uma avaliação das condições geodinâmicas existentes. Segundo Sobreira & Bacellar (1999), no campo
serão visitados todos os locais afetados pelas mudanças no uso do solo, com a verificação do estado
atual, processos ocorrentes, existência ou não de causas imediatas, dentre outras coisas. Os trabalhos
de campo associados à fotointerpretação serão base para a elaboração do mapa de uso e ocupação do
solo na área urbana de Ouro Preto. No campo será realizado relatório fotográfico, caminhamento,
validações das fotointerpretações e das informações pré-existêntes; observação da drenagem urbana;
estabilidade de taludes; levantamento das características do meio físico nos setores ocupados em cada
período registrado nas fotografias aéreas (geologia, geomorfologia, solos, tipologia da ocupação, uso do
solo no passado); levantamento dos problemas atuais existentes em relação ao meio físico,
escorregamentos, erosão, alteração dos cursos de água, análise do atual cescimento (ruas que estão
sendo abertas – novas tendências) e verificação de áreas atualmente passíveis de ocupação.

4 - Análises ambientais. Nessa etapa alcançam-se os objetivos propostos pelo trabalho: identificar os
atuais problemas relacionados ao uso e ocupação do solo na área urbana; estudar a evolução da
ocupação e expansão da área urbana; examinar os atuais conflitos em relação ao meio físico, à
legislação vigente e ao plano diretor. Para tanto, serão feitas análises comparativas entre os
mapeamentos temáticos obtidos na primeira etapa, validados pelo trabalho de campo e entre os
resultados das interpretações das fotografias aéreas.
De acordo com o cronograma estabelecido, a pesquisa está sendo cumprida. Nos meses iniciais
realizou-se um treinamento no software arcgis 9, preparatório para a construção das bases cartográficas.
No treinamento, se organizaram as bases cartográficas de 1986 e 2003. As informações contidas nas
bases se referem às edificações, vias de acesso, topografia, hidrografia, limite da área de estudo e limite
dos bairros, da cidade de Ouro Preto. Estas informações estavam disponíveis em DWG e foram
importadas para o arcgis para serem trabalhadas como shapes.
Com ambas as bases prontas, a pesquisa está na fase de montagem do banco de dados, que
iniciou com a compilação do mapa de evolução urbana, elaborado pelo IGA, para o projeto de
desenvolvimento ambiental de Ouro Preto (IGA, 1995).

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Dificuldades e Riscos
A parte que poderá envolver mais dificuldades é a etapa de pesquisa de campo, porém como o
trabalho será realizado na área urbana de Ouro Preto os contratempos serão bem reduzidos e ficarão a
cargo da disponibilidade de veículos e acesso aos locais de estudos. Os materiais disponíveis para a
base de dados se encontram à disposição nas bibliotecas da UFOP e nas secretarias da Prefeitura
Municipal de Ouro Preto-MG.

Recursos Financeiros
O trabalho será realizado com recursos da Fapemig (bolsa de mestrado) e recursos de projetos
do orientador (bolsa de produtividade em pesquisa CNPq).

Cronograma de Atividades

TRIMESTRES 2008-2009

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
METOLOGIA E ESTRATÉGIAS

Construção da base cartográfica para montagem do


SIG. Etapa já realizada.
Montagem do banco de dados
DE AÇÃO

Interpretação de fotografias aéreas e ortofotos

Trabalho de campo

Análises ambientais

Redação da dissertação

Referências Bibliográficas

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12
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Universidade Federal de Ouro Preto, 103p.

Assinatura do Projeto

Declaração
O autor do presente projeto Leandro Duque de Oliveira, e seu orientador Frederico Garcia Sobreira
declaram que estão de comum acordo com o conteúdo do mesmo, aprovam a divulgação do projeto no
âmbito do processo seletivo em questão, e que a pesquisa proposta é original e não foi desenvolvida
como tal em nenhum outro Programa de Pós-Graduação.

Assinatura do Candidato......................................................................................................

Assinatura do Orientador.....................................................................................................

Data: Ouro Preto, 18 de setembro de 2008.

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