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A Patricinha e o Lobisomem

TRECHO do cap 8 de “Amanhecer”, Livro 2, Jacob.

“... Quil olhou as pedras examinando-as. Pegou quatro pedras de diferentes tons de
verde e as estendeu para ela.
- Acertei?
- Ééééé!
- Qual delas?
- Tooooooodinhas!
Ela pôs as mãos em concha e ele colocou as quatro pedrinhas nelas. Claire riu e de
imediato bateu na cabeça dele com as pedras. Ele encolheu-se teatralmente, ficou
de pé e começou a voltar para o estacionamento. Provavelmente temendo que ela
se resfriasse com as roupas molhadas. Ele era pior do que qualquer mãe paranóica
e superprotetora.
- Desculpe se eu estava pressionando demais antes, cara, sobre a historia
da garota. – eu disse.
- Não, tudo bem. – disse Quil. – É que me pegou de surpresa. Eu não tinha
pensado nisso.
- Aposto que ela iria entender. Sabe como é, quando estiver adulta. Não
iria ficar zangada por você ter vivido um pouco enquanto ela estava de
fraldas.
- Não, eu sei. Tenho certeza de que entenderia isso.
- Mas não vai fazer, vai? – supus.
- Eu não vejo. – disse ele em voz baixa. – Nem consigo imaginar. Eu
simplesmente não... vejo ninguém dessa maneira. Não percebo mais as
garotas, sabia? Não vejo mais os rostos delas.
- Junte isso à tiara e a maquiagem e talvez Claire vá ter um tipo diferente
de competição com que se preocupar.
Quil riu e mandou beijos para mim.
- Está disponível na sexta, Jacob?
- Vai esperando. – eu disse, depois fiz uma careta. – É, acho que estou.
Ele hesitou por um segundo e disse:
- Já pensou em namorar?
Suspirei. Acho que mereci essa.
- Sabe de uma coisa, Jake? Talvez você devesse pensar em viver um pouco.
Ele não disse isso como piada. A voz era solidária. O que piorava tudo.
- Eu também não as vejo, Quil. Não vejo os rostos delas.
Quil também suspirou.”

(...)

- Preciso levar ela pra casa ou vai acabar pegando um resfriado.


Como eu disse antes. Superprotetor e Paranóico.
- Te vejo depois Jacob.
- Claro, claro. – respondi sem energia.
- Chaaau,Tio Jay. – Claire abanava a mãozinha.
- Tchau criança.
Voltei para a praia e continuei andando, devagar demais, tentando me concentrar
nos sons do mar, indo e vindo, em coisas simples, pra não precisar encarar o interior
da minha própria cabeça, que tava um verdadeiro caos.
Depois de um tempo ouvi chamarem o meu nome, reconheci a voz, era Paul. Quem
sabe tinha vindo me dar o troco, finalmente? Mas não pareceu isso quando me
chamou outra vez, sua voz era seria, seria até demais. Me obriguei a virar na direção
do chamado.
- Acabou de chegar essa carta pra você, cara. – ele me estendeu um
envelope branco e comum. – Eu achei que iria querer abrir isso logo. – disse e
olhou pra baixo meio sem-graça.
Então Paul, a quem eu tinha acabado de fraturar o nariz veio correndo atraz de mim
pra me entregar uma carta, que até para o cérebro minúsculo dele, pareceu
importante e ainda por cima sem fazer nenhum comentário ou piada, e ficou até
mesmo constrangido com isso?

Eu só tinha um palpite.

Parecia que minha espera por noticias tinha chego ao fim, de fato.

Arranquei o envelope de suas mãos com um pouco de violência. Ele não reclamou e
foi-se embora bem rápido deixando eu e aquele pedaço estúpido de papel a sós.

Foi essa a melhor maneira que ela encontrou pra se despedir, então.

No remetente, ela não usou seu nome de casada. Seria a falta de costume ou uma
tentativa de não me magoar mais? Conhecendo Bella como conhecia, a segunda
opção, certamente.

O endereço da postagem era uma região no Alasca, baixa população e sem sol, o
que me fazia acreditar que ela usara o seu atual endereço, ou pelo menos, de um
lugar onde eu poderia encontra-la se a procurasse. Porque ela entregou sua posição
assim tão fácil? Talvez confiasse demais que eu não acabaria com sua nova vida
perfeita. Não estragaria tudo pra ela como ela estragou pra mim – pensei
amargamente.
Me sentei na nossa arvore. Talvez por puro masoquismo, eu leria ali mesmo. À beira
da floresta, um bom lugar se eu precisasse me transformar e correr depois que lesse
aquilo;
Se bem que, Paul já deveria ter chegado em casa para espalhar a fofoca, o que me
dizia que seria bem pior correr; com toda aquela pena e solidariedade de todos,
prontos para me consolar. Eu não queria audiência para a minha dor.
Abri o envelope.
Dentro, apenas uma folha dobrada, tudo o que eu teria da mulher que eu amava tão
desesperadamente. A letra era a mesma do bilhete que recebi a tempos atraz,
pareciam séculos; na época ela tentava driblar o meu gelo, era quase irônico. Ver a
letra familiar, no entanto, me confortou de alguma forma, quase como se houvesse
algo da Bella que eu conheci naquela Bella nova.

Jacob,
Não sei exatamente como começar, meu amigo; e estou mandando uma carta, pois
creio que não reconheceria minha nova voz. POR FAVOR, JACOB, CONTINUE
LENDO!!!
Muita coisa aconteceu desde o casamento e a ultima vez que nos vimos, acredite,
foram dois meses que valeram por muitos mais, dois meses que valeram por nove,
mais precisamente. Acho que encontrei por onde começar, afinal.

Eu tive um bebê, Jake. Ele é lindo e perfeito, é metade-humano e tem os meus


antigos olhos castanhos, os cachos de Charlie, mas a cor é cobre como os de
Edward. Apelidamos ele de E.J., acho que isso dá uma dica do nome, não é mesmo?
Admito que não é muito criativo. O meu pequeno Edward Jacob, meu filhinho tão
amado. Ele me deu algum trabalho com seu crescimento super acelerado e sua
gestação de um mês e meio. Ele é um milagre, a coisa mais impressionante da
minha vida nada comum e é por isso que tomei a liberdade de batiza-lo com o nome
dos dois homens mais importantes da minha vida.

Foi um parto muito difícil Jake, me transformar foi REALMENTE necessário para
salvar a minha vida. Era a eternidade ou a morte para mim, nós fizemos a escolha.
Não sei se preferia que eu estivesse morta, como uma vez você me disse, mas
espero realmente que essa informação faça alguma diferença, principalmente quanto
aos outros garotos e Sam, eu e os Cullen não queremos desrespeitar o tratado e não
pretendíamos quebrá-lo. É importante para nós mantermos essa aliança mesmo que
não voltemos a Forks (Estamos nesse endereço que está na carta, com a família de
Tanya, temporariamente). Acredito que enquanto você lê a carta, Carlisle esteja
entrando em contato com Sam para reatar os laços entre os lobos e os Cullen; ele
leva um bilhete meu assinado de próprio punho e meu apelo para não ser a
causadora de uma guerra.

Ah, Jake, meu Jake, meu melhor amigo. Eu vou sentir tanto a sua falta. Você está
com um pedaço de mim aí com você, permanentemente. Espero que um dia possa
me perdoar, de coração, por todo o mal que te causei. E então me dou ao direito de
sonhar mais ainda e esperar que possamos reatar nossa amizade em algum lugar no
futuro.
De todo o meu ser, Jacob, eu desejo que possa ser feliz e encontrar alguém que vai
cura-lo como um dia um certo garoto lindo e muito bom me curou.

Tenho bons pressentimentos Jake, apesar de não ser nenhuma Alice, coisas boas
acontecerão para você.

Com amor e para sempre.


Bella

Algumas lagrimas estúpidas caiam manchando o papel enquanto eu o dobrava,


amassando sem cuidado e enfiando no envelope. Contive a vontade de rasga-lo ou
atirar no mar. Um filho? No final, parece que até mesmo isso aquela sanguessuga
asquerosa havia conseguido dar a ela. E que idéia estúpida era aquela de enfiar o
meu nome no meio do nome da aberraçãozinha? Só poderia ter vindo da Bella
mesmo. Devia estar dando mamadeira com sangue pro monstro e se sentindo super
realizada. A mãe do ano.

Eu precisava apagar por algumas horas e decidir o que fazer da minha vida agora,
porque parecia que eu realmente não tinha mais escolhas fáceis. Seria quase
impossível Sam se meter em uma missão até o Alasca para atacar os Cullen na casa
de outras sanguessugas aliados deles, se a própria Bella – traidora - tinha mandado
uma carta pessoal assinada; aquela era a vontade dela, seu maldito LIVRE
ARBITRIO.
Eu ainda poderia ir sozinho, claro, pegar o sanguessuga desprevenido, dei uma
risada sem humor quando lembrei que a vidente deles não poderia alerta-lo, eu era
um ponto cego.
Talvez eu fizesse isso, no momento, muito me agradava. Mas agora eu precisava
dormir, mesmo sabendo que teria pesadelos, seria ainda melhor do que me
transformar e ouvir todos em minha mente. Fui pra casa com pressa como se tivesse
hora marcada pra deitar na minha cama. Desmaiei assim que fechei a porta do
quarto.

. BEVERLY HILLS, Mansão dos Weelow – 3:25 hs da tarde do dia 19 de dezembro.

- Srtª Weelow, Srtª Weelow. – a mulher morena e atarracada corria pelo


grande aposento abrindo as cortinas e berrando a plenos pulmões. – Acorde,
Srtª Weelow.
- Unnhhhruunnnaaa. – alguns grunhidos começavam a surgir de uma massa
imóvel, coberta por lençóis de linho egípcio, 1600 fios.
- Srtª Weeeeeeelow. – a mulher esguelava-se cada vez mais.
- Drogla Marrrtla. – os grunhidos viravam insultos engrolados pelo sono.
- Vamos Srtª Weelow, é importante. – a mulher agora dava alguns cutucões
no bolo de lençóis.
- Argh! Ainda é cedo, Marta. – uma garota apareceu por entre a bagunça da
imensa cama king Size. Erguendo o corpo com os cotovelos apenas o
suficiente para atirar um travesseiro de penas de ganso na mulher que tentava
lhe acordar, errando miseravelmente por ainda manter os olhos bem fechados.
- Srtª Weelow! – a voz de Marta era severa. – São mais de três horas da
TARDE, levante-se agora mesmo ou eu irei jogar água na Srtª, que Deus me
ajude, mas eu jogo!
- OK, OK, você venceu Marta.

A garota sentou-se na cama, os lençóis escorregando de seu corpo para revelar a


camisola de seda cor de rosa, La Perla. Ela tinha uma expressão assassina no
rosto delicado e os olhos grandes e de um cinza indefinido vagavam pelo quarto
atraz de algum objeto que pudesse atirar na empregada.

- Eu disse que era importante. – Marta se defendeu.

Passou as mãos pela cômoda de madeira clara e pegou uma liga de cabelo pink
com glitter, prendeu os revoltos e longos cabelos cor de mel em um coque frouxo
e assentiu resignada.

- Pode desembuchar Marta, anda, eu estou ouvindo.


- Os seus pais já viajaram Srtª e nos deixaram algumas instruções. – Marta
tentou olhar com doçura nos olhos da jovem enquanto fazia aquele
comunicado, mas sabia, no fundo, que ter tato não adiantaria muita coisa. –
Nós vamos nos mudar!
- O QUE? – retumbou pelas paredes expeças, o ultimo grito.

Jacob P.O. V.

Cinco meses depois de ter recebido aquela carta da Bella, eu ainda estava aqui em
La Push como o palhaço que eu era.

Sem reclamar por vingança e negligenciando ao máximo as minhas obrigações com


o bando, dando uma de garoto rebelde estúpido e piegas já que afinal não tinha nada
que eu pudesse fazer.
Você pode pensar que sempre havia a alternativa de me transformar e fugir como
lobo, pra viver dessa forma pra sempre. É, eu também pensei nisso assim que
acordei do meu sono de um dia inteiro depois de ter deitado na minha cama pra
digerir aquela informação toda.
Mas não, Billy me fez o grande favor de pegar uma pneumonia e Rachel até se
ofereceu para cuidar dele, mas já tinha feito inscrição pra a pós graduação e estava
voltando para a faculdade assim que o verão acabace. Eu não ia atrapalhar a vida da
minha irmã só porque eu não tinha mais uma e não ia deixar meu pai aos cuidados
de amigos se ele tem a mim.

Depois disso, bom, felizmente Billy está melhor do que nunca, mas não posso dizer
que esses cinco meses surtiram algum efeito positivo pra mim, já que agora eu
pareço muito com um zumbi ranzinza que é considerado abaixo de Leah, em
questão de boa companhia.
Praticamente só o Quil me agüenta, nem o Embry fica tão perto de mim mais.

Arrumei um trabalho numa oficina em Hoquiam e não voltei para a escola, não é
como se realmente eu fosse pra Harvard nem nada do tipo. O emprego paga as
contas da casa e é útil para me distrair; é claro, meu pai e Quil também tentam.

Parece que dei idéias demais a Quil quando mandei ele arrumar uma namorada, ele
agora as aplica a mim. Por quatro vezes cheguei em casa do trabalho e tinha alguma
“convidada” para o jantar. Gostava de pensar que eu os irritava de verdade com o
meu plano de ação para essas ocasiões.

Sempre me sentava a mesa sem trocar a roupa suja de graxa, ignorava a garota,
comia como um selvagem e o máximo possível, às vezes até deixava de ignorar elas
para perguntar se iam comer o que estava em seus pratos. Eu era o mais grosso
possível nas respostas das perguntas que as mais corajosas faziam e então quando o
espetáculo acabava eu deixava um Quil ou um Billy muito mal humorados, dava
uma risada sem humor e tomava meu banho pra dormir e começar tudo de novo.
Como eu já disse, não era uma vida.
Amelie P.O.V.

Eu ainda me perguntava se estava vivendo o mesmo pesadelo, ou se tinha


entrado em alguma realidade paralela, talvez um estado de coma e um novo
nível de consciência. Considerei abdução alienígena por ultimo, não acreditava
muito em ficção cientifica ou qualquer tipo de mito; coisas idiotas para
gentinha de mente pequena. Uma Marta, sorridente e otimista ao meu lado, na
poltrona da primeira classe, no entanto, era eficaz para me trazer de volta à
feia realidade.

É muito lógico Marta estar assim tão feliz. Ela não esta abandonando toda a
sua turma de amigos e conhecidos desde o jardim de infância, todos os seus
lugares favoritos onde se sentia segura e alegre ( O SHOPING), todo o seu
batalhão de apoio ( Esteticistas, cabeleireiros e manicuras que freqüentou
desde a infância.), o seu verdadeiro lar (BEVERLY HILLS, I S2 You).

NÃO MESMO!

Marta estava voltando para casa, para junto do seu povo, como ela mesma se
enchia de orgulho em dizer; estava indo morar em La Push, uma pequena
reserva indígena lá onde Judas-perdeu-a-ultima-peça-de-roupa, na costa de
Washington.

OMG! Washington. Não, não, É um PESADELO, eu sei que é... Respira Mily,
respira.

Sentia-me acuada e ofegante, como se tivesse passado uma semana inteira na


dieta de lacticínios e ido malhar com minha amiga Trace em seguida, sem
comer nada.
A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: Porque eu, Amelie Violet Gerard
Beafarth Weelow - Mily apenas para os VIPs - estava indo junto?

Não é que eu não tenha gasto 70.000$ em bebida ilegal e ajudado a desativar a ala
norte da casa dos pais da Trace, eu sei que ajudei... mas, meus pais não poderiam
tirar o meu laptop apple por uma semana ou mesmo, meu celular blackberry rosa e
roxo, talvez? Esses seriam os castigos certos. Qualquer coisa assim já me mostraria
o valor do dinheiro e da responsabilidade, blá blá blá.

Parecia que ... não dessa vez. Uma coisa pior, mas que eu preferia realmente
esquecer, eles nem se importaram que já fosse praticamente Natal. HELLOW! Seis
dias para o NATAL!!!

Varri essa informação dolorosa pra debaixo do tapete na velocidade da luz.

Voltando a situação X. A coisa estava mesmo feia, eu era uma pobre exilada de 16
anos confusa e desnorteada sem minha maratona de compras da terça; como eu iria
sobreviver sem uma visitinha aqui e outra ali pela Melrose? Oh, céus!

Era bom eu ter feito yoga desde os sete anos nessas horas, controlar sua respiração e
não entrar em pânico pode ser muito trabalhoso. Já tava vendo a hora em que teria
cantado o ultimo mantra calmante que conhecia.

Tentei uma abordagem pratica de analise e autoconhecimento, tinha lido uma


matéria na PEOPLE que dizia que devíamos fazer listas de nossos problemas para
nos confrontarmos com eles e melhor resolve-los. Tudo bem. Concentrei-me nisso.

1° - Meu cartão agora tinha um limite: 1.500$ mensais. Deus me ajude!!!! (Isso não
paga nem os meus cremes para os pés).
2° Tomaram o meu celular: todos os contatos da minha agenda foram junto. (Eu tive
uma vida social um dia, um dia...).
3° Limitaram o uso do meu laptop: duas horas diárias para pesquisa escolar. (Era
como pegar emprestado, eca, coisas emprestadas, jamais peguei nada emprestado
em toda a minha vida. Que coisa de POBRE!)

E então me lembrei da pior coisa, a mais medonha de todas. A nova “casa” teria 1
banheiro, isso mesmo, um único e misero banheiro; não um banheiro para suas
amigas ou um banheiro extra caso você preferisse tipos diferentes de HIDRO,
nãooooooooo, um só banheiro pra dividir mais Marta, a empregada; não que eu não
ame Marta, mas ela é mesmo a EMPREGADA; e eu disse DIVIDIR?

Eu teria que dividir algo pela primeira vez na vida e eu não começaria com uma
barrinha de cereais.

Inspira, expira, inspira, expira... Ai aiaiaiai, eu preciso respirar no saco, só a yoga


não adianta mais.

Ta, não deu muito certo essa coisa do confronto com os problemas. Isso porque eu
não cheguei nem na metade deles.

- Srtª Weelow, fale alguma coisa, eu já estou ficando realmente preocupada


com a Srtª. De verdade. – Marta tentava, de novo - pobre coitada - obter
alguma reação de minha parte.

Eu só pensei: È Marta, deve ser porque a coisa toda é muito preocupante, DE


VERDADE!!!!!!!!!!

Depois de mais um tempo, descemos em um aeroportozinho que parecia mais uma


rodoviária, não que eu já tivesse estado em alguma, mas, hei, eu vejo TV.

- Já chegamos Srtª Weelow, Aeroporto de Port Angels. – ela anunciava


irritantemente animada. – Meu sobrinho deve estar chegando a qualquer hora
para nos buscar, o vôo nem atrasou, não é uma sorte?

Eu nem sequer balancei minha cabeça, em consideração a Marta que afinal de


contas foi quem me criou desde bebezinha; porque se eu ao menos balançasse a
minha cabeça, corria o risco de eu abrir a minha boca e acho que se eu abrisse
minha boca agora, nunca mais eu conseguiria parar de berrar algumas palavrinhas
mágicas, impróprias para menores, sobre como eu considerava tudo o que me
aconteceu até ali uma grande, enorme e monstruosa SORTE.

- Tia Marta. – uma voz grave e firme soou no saguãozinho miserável, onde
nós esperávamos o parente de Marta, que muito gentilmente nos daria uma
CARONA (Você não disse essa palavra, não disse, é só um pesadelo.)
O grande índio pegou nossas malas para leva-las até o seu carrinho popular, insípido
e insignificante.Parecia que o homem não estava tendo dificuldade alguma com as
MUITAS malas e reparando melhor em seu porte físico, ombros muito largos;
comecei a pensar se talvez não teria uma academia naquele fim de mundo.
Achei melhor não nutrir esperanças.

Ainda não mencionei que meus pais me tiraram o meu new beetle, azul-bebê
conversível com bancos de couro caramelo, mencionei? Eu era oficialmente uma
pedestre agora.

- Então Samuel, como vai a Emily? Vocês já se casaram? – Marta


conversava, realmente interessada.

Me limitei a olhar para a janela e me despedir de qualquer idéia de civilização


enquanto tentava MUITO não fazer caretas. É que, elas dão rugas, eu não preciso de
MAIS esse problema.

- Ainda não tia, vai ser no mês que vem, no dia 4.

Pelo jeito que o homem falava parecia que iria ganhar na loteria e não se amarrar a
uma só mulher para o resto da vida. Babaca.

- Ótimo. Chegamos a tempo para a cerimônia, então.

Agradece ao meu porre ilegal envolvendo a policia - eu pensei amarga.

- Espero que não se importe de jantar conosco essa noite. Emily não me
perdoaria se recusassem.
- Claro, querido, aposto como a Srtª Weelow também se sentirá honrada
com o convite.
- O QUE? – eu repeti a única coisa que eu tinha dito nos últimos dois dias.
- Ela aceita, Sam. – Marta se intrometeu.

Que bonito, agora ele já era “Sam”. Quem sabe poderíamos cantar uma musica do
amigo agora, dar as mãos e cometer um suicídio coletivo? Era uma GRANDE idéia.
- Estou de dieta. – minha voz estava asquerosa depois de tanto tempo
calada. Voltei a ficar calada em seguida; mas pelo retrovisor pude ver Marta
sorrindo satisfeita, acabara de constatar que eu ainda tinha atividade cerebral
regular.

QUE ODIO!

Jacob P.O.V.

Cheguei em casa no dia 20 de dezembro, tendo sido infelizmente dispensado do


trabalho até depois do ano novo; os patrões nunca te mandam trabalhar quando você
realmente precisa disso; quem se importa com as festas de fim de ano? Como se eu
tivesse alguma coisa para festejar, afinal.

Não vi sinal de ninguém por lá, então tomei meu banho, coloquei um moletom preto
e uma camiseta qualquer e calcei um chinelo.

Já ia me acomodar no sofá pra ver algum seriado ruim de TV aberta quando senti
três conjuntos de braços me agarrarem e me imobilizarem. Eu poderia facilmente
me soltar, se eu lutasse, mas estava mesmo desinteressado de qualquer coisa, então
deixei eles fazerem o que fosse.

- Isso é uma INTERVENSÃO. – a voz de Quil saiu animada. Embry e Seth


riram.
- Eu não estou me drogando, Quil. – eu aleguei com minha nova voz,
sempre entediada.
- Não temos certeza disso. – Embry falou rindo. Eu fiz uma careta.
- O que pensam que vão fazer, gênios? – eu perguntei sem nenhuma
curiosidade na voz.
- Você esta sendo intimado para um jantar na casa da Emily. – Seth
respondeu.
- Quem é a vitima da vez? – eu perguntei agora um pouco mais interessado
e com muita raiva de eles terem chegado depois do meu banho.
- Porque pensa que tem uma garota envolvida, Jacob? Você ta ficando muito
mal acostumado. Não vou te arrumar mais garotas, você nunca as aproveita. –
Quil desdenhou.
- Até que enfim. – eu rolei os olhos.
- Mudou de lado, foi Jake? – Embry alfinetou.
- Mudei Embry, não quer me dar um beijinho? – eu pisquei batendo os
cílios teatralmente para ele.
- Eca, cara. – ele fez uma careta real.
- Podem me soltar agora? Se não tem mesmo ninguém, eu vou de livre e
espontânea vontade. Emily cozinha bem. – passei a mão no estomago e
lembrei que estava há um tempo sem nada dentro dele.

Eles pararam de me carregar e eu segui com eles.

Quando agente entrou, Emily já foi dizendo.

- Quil, elas não chegaram ainda. – eu lancei um olhar assassino para Quil.
- Ei cara, fica calmo, ela ta falando da tia do Sam e a patroa dela.
- Marta? – eu perguntei, me lembrando da senhora boazinha que às vezes
vinha da Califórnia para visitar La Push.
- É cara, agora vai melhorar essa cara?
- Tudo bem. – afinal, ninguém ia me jogar em cima da tia quarentona do
Sam, parecia seguro.
- Ta desenvolvendo fobia de garotas, Jacob? – Emily me perguntou com um
sorrisinho. Eu abri outro sorrisinho amarelo pra ela, em resposta.

Me sentei no sofá, me perguntando o porque de toda aquela INTERVENSÃO, se


não era pra me arranjar uma garota. Não que eu não estivesse mais satisfeito com
essa nova abordagem, mas eu ainda não estava 100% convencido dessa mudança.
Afinal, era o Quil, pode-se esperar muita coisa do Quil, mas não que ele desista.
Amelie P.O.V.

Fomos acomodadas em nossa nova casa, se é que aquele muquifinho poderia ser
chamado de casa. Só o meu quarto em Beverly Hills era umas duas vezes maior.

Quando Marta me levou até o meu “quarto”, que, Deus; era um armário de
vassouras praticamente; me sentei na beirada da menor cama de casal que já vira na
vida e olhei para cada centímetro de chão que estava coberto pelas minhas malas
empilhadas uma em cima das outras já que não caberiam lá se não fosse assim.

A voz de Marta veio da cozinha até mim, facilmente; ela nem precisou gritar.
Estávamos TÃO perto.

- Arrume-se Srtª Weelow, a casa de Emily é pertinho daqui e nós podemos


ir caminhando.

Acho que precisei mesmo daquela frase dela pra que a negação fosse um estagio
superado em minha mente, agora eu estava definitivamente desesperada e com
MUITA MUITA raiva; tinha tanta raiva que não me lembro exatamente como foi
que passei as próximas horas a partir desse momento.

Sei que me esgueirei para fora sem que Marta percebesse e me vi do lado de fora,
em uma avenidazinha que logo mais a frente se resumia à mato, mato e mato.

Corri praquela floresta com uma velocidade que não era minha, corria e corria,
tropeçava e levantava outra vez pra continuar correndo; arranhei minhas mãos nas
quedas já que o resto do meu corpo estava coberto com roupa impedindo que os
galhos me arranhassem por outras partes também.

Minha vontade de voltar para casa era tanta que eu nem sequer me sentia ofegante.

Era como se minha humanidade estivesse sendo substituída e eu de repente tivesse


músculos de aço. Acho que os sons que eu ouvia vinham mesmo de mim, a floresta
em si parecia muito silenciosa e escura, embora eu não registrasse muita coisa e
continuasse correndo na linha mais reta que eu conseguia manter.

Eu nem tinha tempo pra pensar em ter medo; era como não ter mais nada o que
perder e eu não tinha mesmo.
Meus pais? Nunca se importaram o suficiente para se manterem em casa mais de
uma semana e, nota-se, não vieram junto para o fim de mundo, também.

Minhas distrações, meus amigos, minhas coisas, meu quarto que era meu santuário?
Tirados de mim, levados embora. E NADA me foi deixado pra suportar isso, nada
além de uma babá, uma babá para uma pessoa de 16 anos.

Soluços sacudiam meu corpo e espasmos de dor física começavam a me impedir de


continuar correndo, eu tropeçava cada vez mais, tinha cada vez mais sangue nas
minhas mãos.

No tropeção seguinte eu cai, as sapatilhas Chanel completamente arruinadas em


meus pés, meu moletom Gucci, edição limitada, todo cheio de lama e meu próprio
sangue espalmado em meu jeans Levi’s.

Encolhida em posição fetal e completamente anestesiada eu acreditava, finalmente,


que eu estava sonhando. Porque simplesmente não era real estar daquele jeito.

Acreditar nisso foi a coisa mais reconfortante e maravilhosa que me aconteceu,


desde a hora em que Marta me avisou da mudança.

Jacob P.O.V.

Sam saiu do quarto todo arrumado para o jantar e a tempo de atender o telefone que
começou a gritar. Eu podia ouvir perfeitamente a voz histérica de mulher que falava
aos prantos.

- Samuel, por favor, me ajude, meu filho, a Srtª Weelow, ela desapareceu, eu
pensei que ela estava se arrumando para irmos, mas quando fui até o seu
quarto, estava tudo intacto e vazio, eu já procurei por ela em todo lugar, acho
que ela pode ter entrado na mata,ela não está bem e eu-eu ...eu tenho medo
que ela tenha feito alguma besteira. Devo chamar a policia? Ah, Sam, o que
eu vou fazer? Por favor, ela é como minha filha, é uma boa garota apesar...
Então, havia mesmo uma garota. Eu sabia que eles estavam escondendo o principal.

- Hiiii! Parece que agora ELAS é que fogem dele! – Embry disse rindo.
- Cala a boca idiota, a garota pode ter se machucado. – Quil repreendeu.

Sam desligou o telefone.

- Vamos atrás dela. Você vem comigo Jacob.

Nós chegamos em uma casa que eu reconheci como sendo a casa que vagou
recentemente e estava a venda, Sam foi falar com a tia enquanto eu pulava a janela
do quarto da garota para pegar alguma coisa que tivesse o cheiro dela. Aquilo
pareceria coisa de tarado, se não fosse pra salvar a vida dela.

Assim que saímos de lá, nos transformamos e nos juntamos a Jared e Collin que
estavam na ronda. Fazia quase um mês que eu não corria como lobo, percebi que
senti muita falta daquilo.

E aí Jacob, eu soube que a garota fugiu de você, hein?

A voz de Jared ecoou em minha mente.

Não tenho nada a ver com isso, nunca vi essa garota antes.

Respondi azedo

Ela é cheirosa.

Ouvi Collin suspirando quando captou o cheiro em meus pensamentos.

Margaridas, cereja e Biscoito doce.

Tive que concordar com ele.


Foco, pessoal.

Sam repreendeu.

Cada um pegou uma trilha, parecia que a humana tinha vagado muito tempo na
floresta para direções muito diferentes, tinha espalhado seu cheiro para todo lado e
tinha um pouco de sangue às vezes, ela estava ferida.

Se algum de vocês a encontrarem, levem ela de volta imediatamente. Apenas


avisem antes e se transformem.

Ouvi a voz do Alfa um tanto tensa, foi Sam quem percebeu o sangue e ele estava
realmente preocupado agora.

Comecei a sentir o cheiro dela mais forte para o leste e virei meu focinho para essa
direção, em menos de três segundos eu estava a dez metros de uma garota, toda
encolhida no chão e aparentemente desmaiada.

Achei ela.

Passei o informe e logo voltei a forma humana vestindo a calça de moletom que foi
tudo o que eu trouxe.

Assim que meus olhos focalizaram ela mais de perto foi como se tivesse levado um
soco violento no estomago, na verdade, tenho certeza de que o soco teria surtido um
efeito bem menor. Era a mesma cena que eu vira na mente de Sam quando ele
encontrou Bella na floresta há quase dois anos. Os cabelos molhados da menina
eram escuros e levemente anelados como os de Bella e ela estava tão pálida, branca
como papel, branca como Bella.

- Bella – o nome saiu de meus lábios sem que eu pudesse impedir. Toda a
dor daquelas lembranças me inundando e me fazendo esquecer que aquela era
uma estranha e não era a Bella, pelo amor de Deus. Eu tava ficando louco.

Percebi alguns soluços quase mudos dela, a respiração ofegante e tremores de frio,
seus olhos estavam quase fechados, ela parecia não ter consciência. Acho que me
aproveitei disso porque peguei ela no colo com muito cuidado e murmurei em seu
ouvido:

- Eu vou te levar pra casa, meu amor. – perigosamente fácil fingir que era
Bella, e eu fingi.

Amelie P.O.V.

Meus soluços me faziam tremer ou era o frio? Eu sentia que chovia sobre mim, às
vezes a chuva abrandava e outras vezes ela era cortante na pele do meu rosto. Tão,
tão frio e solitário.

A lente de contato verde-mel que eu usava nos olhos estava incomodando como
nunca por causa do rio de lagrimas que banhava ela, mas eu não tiraria de jeito
nenhum, eu morreria com aquela lente, se quer saber. Não ia exibir aqueles meus
olhos sem graça e aguados nem morta.

Morta. A palavra era tão tentadora, estar morta era reconfortante. Será que eu já
estava?

Mas aí eu percebi que não tinha morrido, porque vi um par de pés morenos e
enormes diretamente à frente, embora estivesse tudo fora de foco e eu só registrasse
uma parte das coisas.

- Bella. – uma voz rouca e obviamente masculina murmurou. Eu queria ter


forças pra dizer : Não me chamo Bella, seu idiota. Meu nome é Amelie, e pra
você é Srtª Weelow.

Minha garganta ardia agora que tentei usa-la; vi que minha voz não existia.

O estranho abaixou-se e me pegou no colo com muita delicadeza para braços tão
fortes, imediatamente os meus espasmos de frio passaram porque o estranho era
muito, muito quente, parecia estar queimando em febre. Ele tinha um cheiro
acentuado de pinheiro, chocolate e manhã de natal.
Talvez ele fosse o anjo da morte e eu estivesse mesmo morrendo. Pensando assim
eu me aninhei mais nos braços dele e aceitei aquele conforto de bom grado, mesmo
que ele fosse alto, moreno e forte demais para um anjo padrão.

- Eu vou te levar pra casa, meu amor. – o estranho anjo disse e eu gostei muito da
doçura que havia na voz dele.

Fui carregada e parecia que o anjo corria comigo nos braços, isso fazia eu me
agarrar um pouco mais nele, e com o novo conforto, os meus soluços iam ganhando
força e eu ia voltando a chorar.

- Shiiii. – o anjo sussurrava. – Vai ficar tudo bem, querida.

Comecei a pensar que talvez fosse bem tranqüilo morrer se era pra ser carregada por
um anjo tão quentinho. Será que todos os anjos eram assim quentes? Será que era
pra deixar agente mais calma durante a grande PASSAGEM? Eu ia ficar aqui bem
grudada nesse anjo até ver A LUZ, Há! Se ia!

Jacob P.O.V.

A garota aceitou muito bem a minha loucura, então eu tinha mesmo razão sobre a
inconsciência dela, só poderia ser, OU, ela era mais doida do que eu; uma hipótese
pouco provável para uma menina riquinha da Califórnia.

Era isso que o Sam sabia sobre a menina, quando nos transformamos eu vi na mente
dele quando ela disse toda antipática: “Estou de dieta.” Não pareciam a mesma
pessoa, a garota em meus braços e aquela da memoria de Sam; ela tinha vindo
morar com a tia dele em La Push, porque teve problemas na Califórnia.

Pelo visto ela não gostava mesmo daqui.

Em pouco tempo eu cheguei à casa da tia de Sam, os garotos me esperavam


próximos à orla da floresta.
- Ual, ela é bem bonita. – Collin começou a babar na garota.
- Cala a boca, cara. Ela pode te ouvir.

Como se você não tivesse dito o que quis não é Jacob, eu pensei me censurando.

- Venha Jacob, dê ela pra mim. – Sam estendeu os braços.

Eu fui entregar a garota pra ele, mas ela começou a espernear e chorar muito; ela se
grudava em mim com tudo o que podia, a força dela não era nada e seria muito fácil
tira-la dali, mas alguma coisa em mim me impediu de força-la a se separar. Talvez
eu também estivesse nutrindo um certo prazer em tê-la ali, ainda fingindo que era a
Bella.

- Cara, ela gostou mesmo de você. – Jared se divertia.

Quis ter uma mão livre pra bater na cabeça dele.

- Traz ela pra dentro, então. – Sam se rendeu aos desejos da garota tão fácil
quanto eu.
- Vou ligar pra tia Marta, ela ta esperando lá em casa. – ele disse. - O quarto
dela é o da esquerda.

Cheguei em um cômodo lotado por malas cor de rosa, todas parecendo muito caras
e muito chiques. A cama era de casal e parecia confortável, com um edredom branco
com estampa de margaridas, bonito, mas muito simples pra ter saído daquelas
malas.

Tentei afasta-la de novo para coloca-la na cama, ela começou o mesmo chilique de
antes, tentando balbuciar palavras e não conseguindo, acho que ouvi ela dizendo “A
LUZ” e “ANJO”, devia estar delirando, a coitadinha.

A tia de Sam chegou logo e quando me viu sentado na cama com a garota aninhada
no colo, vestido apenas com minha calça de moletom; ela pareceu muito
envergonhada e pediu muitas desculpas e agradeceu também, por eu ter ajudado e
tal.
Aí ela olhou pra mim muito mais sem graça do que já estava antes e disse: Pode ir
agora, meu rapaz.

Eu tentei pela terceira vez me soltar da garota e novamente ela se manifestou, dessa
vez até me arranhou com as unhas grandes e pintadas com um esmalte rosa claro.
Marta ficou muito assustada com a reação e eu expliquei que era por isso que eu
tive que ficar com ela até agora.

- Como vamos fazer para tirar essa roupa molhada dela? – parecia perguntar
em voz alta pra si mesma.
- Eu posso me virar? – tentei.
- Acho que vamos ter que fazer assim, querido. – ela disse com um
pequeno sorriso cansado em seu rosto.
- Vamos Amelie, querida. Mily, você pode me ouvir, Mily? Precisamos
trocar suas roupas, vamos minha pequenina. – a voz de Marta era doce e
paciente.
- Marta. – a garota disse com uma voz muito baixa e falha.
- Sim, meu amor, é a Marta, agora você precisa soltar o moço. Você me
entende?

Eu tentei me desvencilhar de novo, ela iniciou o chilique outra vez.

- Oh me desculpe mesmo! Qual o seu nome, querido? – ela me olhou com


ternura.
- Jacob Black. – Respondi.
- Você poderia fechar os olhos, Jacob? – ela pediu humildemente.
- Claro.

Imediatamente fechei os olhos.

Eu ainda podia ouvir muito bem a tia de Sam abrindo uma das malas e pegando algo
lá dentro, depois vindo até mim e retirando a roupa molhada dela, com muito
cuidado para não afastar a garota totalmente dos meus braços, eu pude sentir a pele
fria dela se esquentando em contato comigo quando estava sem a blusa, o soutien de
renda roçando no meu peito enquanto uma Marta muito compenetrada tentava tira-
lo e passar uma camiseta larga por seus braços, com alguns protestos da garota e
alguns “Shiiiiii” de minha parte pra acalma-la. Marta tirou um termômetro do bolso
do casaco, mas a temperatura da garota estava OK.

- Vou buscar água para ela e ver se conseguimos que beba, está bem? – ela
tinha um olhar implorativo, que se desculpava em cada palavra que dizia.

Mas ao contrario de qualquer pessoa no meu lugar, eu não estava tão doido pra
saltar fora daquela situação esquisita. A garota me fazia lembrar Bella cada vez
mais, ela me lembrava a fragilidade com que Bella chegou até mim naquela tarde de
sábado onde nossa amizade começou. Ela era como uma droga anestésica, porque
lembrar de Bella perto dela não doía tanto.

Devia ser porque eu era idiota o suficiente pra ainda estar fingindo.

- Aqui, vamos tentar. – Marta chegou com um copo. – Você faz isso? – ela
me perguntou claramente consciente de que eu tinha mais chances de fazer
funcionar.
- Claro. – Parecia que eu só tinha essa palavra no vocabulário agora.

Ela bebeu toda a água e abriu um pouco mais os olhos, eles eram num tom meio
falso de verde, mas não era feio, parecia que ela fitava o ambiente.

Depois ela olhou pra cima e pra mim, ela deu uma espécie de sorriso muito fraco e
ouvi ela dizer “ANJO” mais claramente. Eu sorri de volta como se não pudesse me
controlar.

Peraê, eu SORRI pra ela. Foi tudo em um momento muito doentio, mas mesmo
assim, meus músculos do rosto pareciam enferrujados. Ela deixou o olhar cair de
novo e se remexeu em cima de mim, se confortando e me agarrando possessiva. Eu
tava errado, a garota era mesmo doida.

- Vamos tentar coloca-la na cama de novo? – Marta sorria encorajadora. -


Talvez agora que ela está mais calma e aquecida.

Eu me virei para depositar ela embaixo do edredom que Marta puxou até a beirada
da cama. Ela começou a chorar de novo, desesperada, soluçava baixinho e me
unhava. Tava ficando violenta.
- Eu posso esperar ela dormir se a senhora quiser. – eu sugeri sem muita
coragem de deixa-la.
- Ah, querido, isso é abusar muito de sua boa vontade, mas... Se puder
realmente espera-la dormir, eu seria imensamente grata.
- Não tem problema. – Eu quase disse: Não tenho nada melhor pra fazer
mesmo – mas isso soaria doentio demais até pra mim.
Marta me deu um sorriso de agradecimento, quase emocionado.
- Então deite-se aí com ela, vamos, você vai acabar com uma cãibra se
continuar aí nessa posição.

O que eu ia dizer? “Ah, não se preocupe senhora, posso ficar assim uma semana,
sem cãibra nenhuma, porque eu sou um lobisomem”.

Ai eu me deitei ao lado da garota, ou melhor, ELA se deitou praticamente em cima


de mim. Essa cena eu iria separar especialmente pro Collin quando tivéssemos uma
ronda, juntos.

Meus pés ficaram pra fora da cama e ela descansou a cabeça em meu peito, seus
cabelos iam secando e revelando um tom de louro-mel, bem mais claro que os
cabelos castanhos de Bella.

Ela NÃO ERA a Bella. E afinal, eu já sabia isso, não é mesmo?

Acabei pegando no sono junto com ela, confortável na cama, com a cabeça em um
travesseiro extremamente confortável; o cheiro bom da tal de Amelie, inundava o
quarto inteiro. A pele dela era muito macia.

Ninguém veio me avisar pra ir embora.

Amelie P.O.V.

Eu acho que tive um longo e aterrorizante pesadelo.


Me remexi um pouco na cama quentinha e agradável , e, bem, parecia que já tinha
passado.

Fui impregnada por um cheiro delicioso de pinheiro e manhãs de natal e me senti


segura e feliz, com um bom humor enorme.

Mas tinha uma coisa engraçada acontecendo, e quanto mais acordada eu ficava mas
o barulho aumentava, era um ritmo marcado e constante, retumbando nos meus
ouvidos e me fazendo acordar mais rápido, parecia até uma daquelas batidas de HIP
HOP mas quando eu ouvia direito, era estranho demais até para HIP HOP. Como
uma serra elétrica, ou um... Ronco?

De qualquer forma eu não tive tempo o suficiente pra decidir o que era aquilo já que
algo se movimentou fazendo a cama toda se mexer e uma coisa grande e muito,
muito pesada mesmo, foi trespassada pelo meu quadril, me esmagando totalmente.

Eu abri os olhos aos poucos, assustada, e...

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!!!

Tinha um homem, um completo estranho, deitado ao meu lado na cama, dormindo


tranqüilamente.

- AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!! – continuei gritando já


que não surtiu muito efeito de primeira vez.
- Humm , Hummmm, QUE? QUE? SANGUESSUGAS? – o homem
acordou assustado e se pôs de pé com uma velocidade incrível, ficou numa
posição engraçada e começou a ... ROSNAR?
- AAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!! – eu tentei gritar pela terceira vez.
- UOW! – ele ofegou divertido e sem graça ao mesmo tempo. Parecia ter
finalmente despertado.– Bom dia pra você também.

Eu estava ofegante dos gritos, então esperei me recuperar um pouco, pra começar a
gritar novamente.

- Você gostava mais de mim, ontem! – ele me deu um sorrisinho sugestivo.


Mas, peraÊ!!!! Ontem? Ontem... AH NÂO! Não, não, não... Será que eu fiz alguma
loucura depois de ter bebido muito na balada?

Olhei com os olhos mais bem focados para o estranho; era inegável que ele era bem
bonito, a pele castanho avermelhada em um tom lindo, olhos negros e expressivos,
lábios carnudos e provocantes. Um maxilar duro e maçãs do rosto rijas e bem
posicionadas. E ele era IMENSO, também, devia ter uns dois metros e os músculos,
uhlalá, tinha mais de quatro lombadas naquele abdômen... NU.

OMG! Tinha um homem semi-nu dormindo na minha cama e eu...

Olhei imediatamente pra mim, só de camiseta e calcinha. Uma calcinha horrorosa e


enorme, de algodão, com a qual eu nunca iria para a Balada, mas mesmo assim, SÓ
camiseta e CALCINHA.

Eu fiz besteira quando estava bêbada, Ah! Se fiz! E eu não me lembrava de nada
além do pesadelo idiota que tava tendo; eu tinha arruinado completamente a minha
PRIMEIRA VEZ!!!!!!!!!!!

- Você ainda está ai dentro? – o estranho perguntou, parecendo preocupado.


(Caramba! Mesmo bêbada eu tenho bom gosto!)

- NÃO! – eu bati o pé e pus as mãos na cintura, extravasando a minha


frustração.

- O que foi? – ele perguntou muito calmo, quase doce.

- NÃO, não, não, não!!!! – eu ria histérica e olhava pra ele em pânico. – Eu
transei com você, não foi? É claro que eu transei! – eu fazia gestos com a
mão ligando nós dois e continuei tagarelando, tentando lembrar como se
respirava.

– Eu devia mesmo ouvir a Marta e pegar leve com a bebida, eu não acredito que
eu PERDI A VIRGINDADE bêbada, que tipo de idiota faz uma coisa dessas?
NÃO RESPONDA! – eu o alertei furiosa. – Agente usou camisinha, não usou? –
parei um pouco pra olhar pra ele e esperar sua resposta.
Ele tinha uma expressão compenetrada no rosto, parecia confuso, eu acho, apertava
os lábios grossos e franzia a testa, unindo as sobrancelhas negras.

- Hei, respira ta bom! Não foi culpa sua, devia estar bêbado também, não
deve ter sido tão ruim. PELO VISTO O MEU BOM GOSTO NÃO É
AFETADO PELA BEBIDA. – disse o pensamento em voz alta enquanto
tentava consolar o estranho, e nem me pergunte porque eu estava fazendo isso
já que era eu que tinha acabado de TRANSAR PELA PRIMEIRA VEZ NA
VIDA E NEM ME LEMBRAVA DE NADA . Eu é que deveria ser consolada.
- Nem esta dolorido! – eu continuei, tentando anima-lo com um sorrisinho
amarelo e pesaroso.

- Você – acha – que – nós – fizemos - SEXO? – ele perguntou, cortando a


frase toda com a gargalhada escandalosa que ele soltou, se dobrando no meio
de tanto rir. Ele não tinha uma expressão triste e confusa, ele tava se
segurando pra não rir de mim. Eu ia matar aquele imbe...

E aí eu me lembrei de tudo, foi num átimo, como um flash absoluto clareando


minha mente.

- Você é um DELES! – eu acusei, o dedo em riste, uma fúria diferente


nascendo e me consumindo. – Você é um daqueles índios, da tal reserva La
Push. – Mas era tudo um pesadelo, eu tinha certeza. Não era? NÃO ERA?

- Onde EU estou? – mas não esperei pela resposta, passei os olhos por todo
o cômodo, o que não demorou nada porque era minúsculo.

Meus pés estavam em um chão de tabua e ainda tinha metade das minhas malas
espalhadas pelo lugar, fechadas e com a minha mudança lá dentro.

Coleções e mais coleções D&G, PRADA, CHANEL, GUCCI, YSL, DIOR, MIU
MIU... Pra serem usadas no meio do mato!

Eu ia começar a gritar de novo, pra tirar aquele tarado de dentro do meu – RESPIRA
– “novo” quarto.

- Srtª Weelow. – Uma Marta que transbordava alivio passou pela portinha
de madeira do buraco, quer dizer, quarto.
– Vejo que a Srtª já acordou e está muito bem, veja só. – ela passou as mãos
carinhosamente no meu rosto, me controlei para não bater nelas. - Eu ouvi os gritos
da Srtª lá do meio da rua! – e se virou para o estranho.

- Muito obrigada, Jacob. – ela olhou pra ele com adoração, como se ele não
fosse um tarado que tinha invadido o MEU quarto.

Tudo bem que era um muquifo, tudo bem que eu nem poderia acreditar que aquilo
tava mesmo acontecendo, mas ainda era o MEU quarto e ELE ainda era um
estranho qualquer que estava só de calça-moletom e que pelo visto DORMIU
comigo, uma noite INTEIRA.

– Eu preparei o café de vocês na cozinha, o banheiro é no fim do


corredor, querido. – O QUE? Ela tava mandando ele pro MEU
banheiro????

Correção – NOSSO - porque era meu e de Marta, mas peraê, Marta era empregada
mas ainda era mulher, agora ELE, quem era ELE? Eu ia explodir a qualquer
segundo, eu podia sentir a ira fluindo de dentro de mim e as rugas nascendo em
meus olhos.

Ele saiu depois do que ela disse, com uma graça e uma leveza perturbadoras pro seu
tamanho e eu me virei para Marta. Nós estávamos a sos agora e ela tinha muitas
explicações pra me dar.

Jacob P.O.V.

- Quem é ele e o que fazia na minha CAMA? – a garota sibilou venenosa e


arrogante.
Agora eu entendia o porque de Sam ter rotulado ela de menina riquinha da
Califórnia.

Aquela garota que, sussurrava venenosa, para Marta no outro quarto - de certo
achando que assim eu não escutaria - era a mesma da memoria pouco agradável de
Sam. Fiz que nem ele tinha feito e sorri com aquilo, ela era infantil, não era o pior
dos defeitos. Era apenas irritante.

- A Srtª não se lembra? De nada? – Marta parecia preocupada.

- Ahh! Eu me lembro, é claro. Deve ser por isso que estou perguntando. –
sarcasmo; ela sabia ser doce, não é mesmo?

- A Srtª se perdeu na mata quando FUGIU DE CASA, e então, eu liguei


para Samuel. Ele foi com alguns amigos procurar a Srtª e foi aquele rapaz -
que a senhorita acabou de acordar com um grito - quem a encontrou e a
trouxe para casa em segurança.

A voz de Marta era calma e não parecia nem um pouco ofendida com o azedume da
garota.

- E então, aquele QUALQUER achou que poderia DORMIR comigo, por


causa disso? – ela se controlava para não gritar, dava pra ver na voz dela.

Fiquei com um pouco de raiva de ela me chamar de QUAQUER, daquele jeito


metidinho dela; Não fui eu que me grudei nela como se minha vida dependesse
disso.

Mas, eu estava de bom-humor, uma coisa que ainda me assustava, diga-se de


passagem; e que mesmo assim, era compreensível.

Não era provável continuar na mesma monotonia de antes quando eu acabei de ter a
noite mais tranqüila e maravilhosa daquele meu ano nada tranqüilo e nenhum pouco
maravilhoso.
Nem um pesadelo me atingiu, nada de acordar gritando e tremendo; só o sono,
apenas o apagar total do descanso, e, acordar com aquela garota gritando histérica e
batendo o pé poderia até ter me enervado, mas, a cara que ela fez quando pensou
que tinha transado comigo... e depois quando ela começou a me secar e fazer uma
cara aprovativa com o que via... Foi simplesmente impagável. É claro que assim que
ela deu por si ela me olhou com nojo, como se eu fosse um inseto. Nem isso me
importou muito, era até engraçado.

Ela era bem bonita também, pude ver tudo o que Collin viu nela ontem, ali de frente
pra mim, só com aquele camisetão que não escondia muita coisa. Tinha um tom
dourado-claro de pele, de certo conseguido com muito bronzeamento lá na
Califórnia. Não sei se era por ser a primeira garota em quem eu reparava realmente
depois de a Bella aparecer na minha vida, mas ela era mesmo bem bonitinha,
inegável.

- A Srtª está sendo muito mal-agradecida. – a voz de Marta era de repente


dura. – Foi a Srtª quem grudou nele e fez o maior escândalo para que ele
ficasse aqui.

- Isso é impossível! – a garota desdenhou prontamente. Eu ri mais um


pouco. Ainda era estranho, depois de tanto tempo.

- Jacob foi um cavalheiro, muito paciente e nos prestou um grande favor, a


Srtª estava muito transtornada quando se perdeu...

- Eu duvido muito! – ela continuou arrogante.

- Então olhe para as próprias mãos e veja os arranhões. – Marta parecia ter
desistido dos argumentos.

- OH! – eu ouvi a arrogância sumir e a garota ofegar; uma pontada de dor


distinta em sua voz.

Aquele momento mínimo onde ela deixou, sem querer, a mascara cair, foi o bastante
para redimi-la de toda a sua infantilidade. Lembrei-me de Marta ligando para Sam
ontem e dizendo desesperada, que a “Srtª Weelow era uma boa menina apesar de...
tudo”.

Enquanto eu ouvia a conversa das duas, mesmo sem querer; afinal, eu não pedi por
minha super audição, fui lavando meu rosto no pequeno banheiro e andando até a
cozinha pra me sentar à mesa do café e não fazer nenhuma desfeita.

A tia de Sam parecia mesmo muito agradecida e não ficaria nenhum pouco feliz se
eu fosse recusar o seu café, que alias cheirava muito bem e parecia ter sido feito
todo “especialmente”.

- Agora Srtª Weelow, eu quero vê-la arrumada e com bons ares naquela
cozinha em dez minutos, para agradecer a Jacob Black por tudo o que ele fez
pela Srtª.

- Já tô lá Marta! – ela até se esqueceu de sussurrar; parecia que a mascara


tinha voltado a toda.

- ISSO, Srtª, NÃO está em discussão.

Depois dessa, eu só ouvi a porta do banheiro bater furiosa e ranger nas dobradiças.

Amelie P.O.V.

Eu acho que o poder subiu à cabeça da Marta, sabe.

Ela ta claramente se aproveitando do fato de que é ela quem está responsável pela
aplicação do meu “castigo” e como ela sabe que, EU SEI que ela pode, transformar
o inferno onde eu vivo atualmente em alguma coisa PIOR, ela acha mesmo que
pode ficar mandando em mim desse jeito.

Coitada dela, coitadinha mesmo se acredita que eu vou dar uma de “eternamente
grata” praquele índio tarado que ela colocou aqui dentro, porque afinal de contas, eu
posso até mesmo ter me perdido e acreditar naquela historinha ridícula dela de
“fuga”, mas daí a cair nessa de que eu quis AQUELE LÁ aqui comigo, na minha
CAMA?

Essa é a historinha mais chula que já me inventaram, e olha que já tentaram fazer
eu acreditar que minha melhor amiga Trace foi vista saindo de uma LIQUIDAÇÃO,
outra coisa igualmente mentirosa.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça, já que a umidade de


Washington, onde ninguém é bonito, acabou deixando ele enorme e incontrolável; e
os meus produtos de reparação de danos capilares ainda estavam perdidos em
alguma daquelas malas no chão do meu – eterno suspiro – quarto.

Coloquei um vestido PRADA da coleção de inverno retrasada, quase um trapo; mas


eu é que não ia me produzir pra me sentar na COZINHA e tomar café da manhã
com AQUELE idiota de LA PUSH. Calcei meus chinelos plataforma MIU MIU e
joguei um pullover de cashmere por cima porque estava muito, muito frio, desde
que eu sai da cama quentinha.

Hellow, Washington no Natal, o que eu poderia esperar? Um Solzinho?

O cheiro do café me tomou por completo enquanto eu caminhava até a cozinha –


suspiro BEM GRANDE – porque nunca na vida eu comi nada na cozinha; isso é
coisa de SERVIÇAL.

Marta parecia ter se empenhado em fazer tudo a que o “convidado” tinha direito.

A primeira coisa que vi, ainda na porta do cômodo-miniatura, foi aquele rapaz
enorme sentado na cadeira perigosamente pequena e sem estilo, com o peito nu
como se desconhecesse os graus negativos de puro gelo lá fora.

PORQUE NINGUEM MANDAVA ELE VESTIR UMA ROUPA?

Isso já estava ficando ridículo. E afinal, porque ele ainda estava ali? Será que minha
cara de nojo, que - Sim Marta! Eu nem disfarcei - não era dica o suficiente.

RALA daqui infeliz.


Ele me viu entrando, sorriu um sorrisinho zombeteiro como se achasse que era ele
quem fazia um grande favor de estar ali e não o contrario. Índio cretino.

- Onde estão as minhas fibras matinais, Marta? – eu, obvio, ignorei ele totalmente.

- Srtª Weelow, não vai dizer bom dia? – Marta pressionou. Eu lancei um
olhar de aviso para ela.

A BRUXA PARECEU SE DIVERTIR. Ah, Marta nós nos acertamos mais tarde.

- Bom dia Sr. Black. – eu disse como se cumprimentasse uma mosca. E


então me sentei na cadeira mais distante dele que era infelizmente,
diretamente a sua frente.
- Bom dia Srtª Weelow. – e que tom sarcástico era aquele? Ai se eu não
tivesse que me controlar na frente da Marta, esse infeliz ia se ver comigo.

Parecia ter até uma força que emanava dele e vinha contra mim, como um impulso
de agarra-lo.... e PISAR em cima dele.

Ele comia com as mãos, ECA.

Era mesmo um selvagem!

E... ele era mesmo bonito,o maldito. Mesmo que eu reprimisse toda essa parte do
meu cérebro para que ela não envergonhasse o restante, cometendo o erro
imperdoável de se demorar naqueles MUSCULOS; definitivamente tinha academia
no fim de mundo.

Eu precisava fazer a minha matricula.

Jacob P.O.V.
Depois de tirar a barriga da miséria e conter mais um monte de risadas das caretas
que a tal de Amelie fazia, eu tive que me concentrar muito mais em não gargalhar
até estar numa distancia segura da casa, quando, Marta finalmente fez a garota me
AGRADESCER.

Amelie engasgou com o mingau estranho que comia, titubeou, enrolou o máximo
que pôde, ficou vermelha, lançou olhares furiosos para a tia de Sam e finalmente
disse um OBRIGADO tão baixo e a contra-gosto, que só com minha audição de
lobo eu pude ouvir.

Como não poderia deixar passar a oportunidade de mexer com ela mais um pouco,
eu fiz uma reverencia antiquada, bem teatral - que arrancou risinhos de Marta – e
disse na minha melhor voz de ironia.

- Sempre as ordens Srtª.

E a deixei lá na porta da casa, pregada no chão, lívida de raiva. Se fosse um


lobisomem tinha explodido toda a roupinha cara de marca, com certeza. Como era
só uma patricinha da Califórnia, seus lábios se apertaram e ela me fulminou, me
encarando de cima.

Era estranho como tinha uma espécie de força que me puxava pra ela, me fazia
querer estar onde ela estava, mas absolutamente, não era nada romântico. Acho que
era a minha implicância com ela, tão natural e com resultados tão divertidos.

Deus sabe que eu não me divertia há muito tempo. ERA SÓ ISSO. Eu gostava de
estar achando graça das coisas de novo. Não diminuía a minha dor de cotovelo, mas
me impedia de pensar NELA.

Tava andando distraído e percebi que até assoviava, quando vi Jared descendo a rua
numa carranca que até parecia eu há dois dias atraz.

- Hei cara. – chamei ele com um sorriso bobo ainda na minha cara. – Levou
um encontrão, foi? – perguntei animado.

- Jacob? – ele pareceu assustado, com certeza porque minha voz estava
normal e até animada quando falei com ele.
- E aí? – perguntei de novo. Ele voltou a expressão torturada de antes.

- É aniversario da Kim e Sam mandou eu trocar os turnos com Seth de


novo, porque Seth esta fazendo sabe-se o que com a Sue e ela precisa dele,
então...

- Hiiii cara, não tem ninguém pra trocar com você não?

- Ta todo mundo ocupado, Kim vai me matar e ela vai ter razão quando
fizer isso. Eu prometi que passava o dia TODO com ela e lá vou eu...
RONDA! - ele cuspiu a ultima palavra.

Eu lembrei o quanto me senti bem correndo de novo, depois de tanto tempo longe
da minha forma de lobo, e aí também me veio à cabeça todos esses meses de
negligencia com meu bando, deixando os caras dobrarem turnos e se virarem porque
a donzela aqui tinha decidido parar de mudar pra morrer logo. Eu sei, eu parecia
patético demais até pra mim.

- Eu faço a ronda pra você, Jared, vai ficar com sua garota.

- Mas Jake, você não...

- Ei, sem problema, eu mudei ontem de qualquer jeito. Não comecei a


envelhecer ainda. – dei um sorriso de presunção pra ele.

- Nossa Jake, valeu mesmo cara, tu salvou a minha vida. – ele quase se
ajoelhou na minha frente. - Caramba, a Kim vai de-li-rar. – separou as silabas
empolgado. - Eu já tinha ligado pra ela... Ela chorou. – ele fez uma careta.

Eu era um cretino egoísta de ter deixado os meus irmãos na mão desse jeito. Mas,
eu ia começar a me redimir, eu acho.Fiquei realmente feliz em poder ajudar. Kim
era o IMPRINT do Jared e ouvir a garota chorando deve ter feito ele se sentir um
verme.

- Vai logo Jared. Vê se descola uns beijinhos por mim. – eu até fiz piada.
- Valeu. – disse ainda, enquanto corria na direção contraria, aproveitando
que não tinha ninguém na rua que pudesse ver ele se movendo tão rápido
quando um velocista olímpico.

Amelie P.O.V.

- Marta, o que foi tudo aquilo? Até parecia que estávamos recebendo o
embaixador das Nações Unidas. – eu perguntei furiosa pra ela depois que
aquele CACHORRO fez aquela reverencia ridícula e foi FINALMENTE
embora. Ela ainda estava RINDO das gracinhas dele, a bobo alegre!

- Ele é um ótimo garoto, não é Srtª Weelow? – ela ria e fazia aquela cara de
adoração outra vez.

- Ah, com certeza, Marta. Se você está acostumada ao PIOR!

- A Srtª bem que deu umas boas olhadas pra ele que eu vi. – ela provocou.

Empregada LOUCA. Ela tava pedindo pra morrer.

- Não tenha um derrame cerebral Srtª Weelow, ele é muito bonito. Não
precisa ter vergonha de ter espiado.

- MARTA. – eu gritei com muita raiva. – Suma da minha frente!

- Claro, Srtª. – e foi, toda alegre, e quase saltitante, para a cozinha.

Eu segui pro meu quarto, contendo o suspiro dessa vez, já que era mesmo o meu
quarto e eu teria que coloca-lo na melhor condição possível praquele fim de mundo
onde agora eu EXISTIA. Por que aquilo não era vida, obvio.

- Srtª Weelow, eu me esqueci, tenho algo para a Srtª que acho que vai te
animar.
- Você tem um revolver carregado, Marta?

- Não diga besteiras Srtª. – ela repreendeu seria. - Seus pais disseram que eu
poderia lhe dar o celular de volta quando chegássemos.

Essa era nova, e era realmente uma boa coisa. Já tinha umas 48 horas que eu não
falava com a Trace e esse foi o maior tempo que fiquei sem falar com ela em toda a
minha vida.

Nem quando fui para as florestas do Nepal, em uma excursão educativa eu fiquei
sem falar com ela; na ocasião eu usei um telefone que funcionava por um satélite
em um posto da cruz vermelha.

- Mais uma coisa Srtª. – Marta falava da cozinha. – Seu celular foi
convertido para o sistema pré pago e a senhorita tem direito a dois cartões de
30$ por mês!

- O QUE? – parece que essa pergunta estava se tornando o meu jargão.

É claro que a NOVIDADE de Marta não era mesmo melhor que uma bala na
cabeça. Eu não fazia idéia de quantas chamadas interestaduais se fazia com 30$,
porque não sou pobre e nunca fui, então eu não conto misérias; mas de uma coisa eu
estava certa, não eram MUITAS!

Eu mencionei que odiava tudo nessa NOVA DROGA DE VIDA? EU MENSIONEI?

Nem fui até lá pegar o celular, nem tinha mais graça mesmo. Eu esperaria a hora em
que eu pudesse usar o MEU computador, que nem parecia mais meu, então eu
mandaria um e-mail qualquer pra minha melhor amiga e se ela tivesse pena da alma
sofredora que sou eu, ela me ligaria, no intervalo entre seu maquiador e seu
cabeleireiro, antes de ir pra balada da noite e aí eu poderia ter algum, PEQUENO e
MINIMO conforto.
Jacob P.O.V.

Fui arrancando a minha calça e amarrando no tornozelo, o calor percorrendo


minha espinha, tão conhecido, tão fácil e instantâneo.

Joguei meus braços pro alto como quem se espreguiça e quando eles desceram
novamente, atingiram o solo; eu já era um lobo. Comecei a correr para leste
contornando o perímetro esterno que sempre patrulhávamos primeiro.

Jacob?

A voz em minha cabeça era a de Leah, ela estava correndo no sentido contrario
e ainda tinha mais três horas de ronda pelo que pude captar de seus
pensamentos. Estava surpresa em me ver.

Não desistiu dessa vida, garoto?

Ela meio que repreendeu.

Só fazendo um favor pro Jared.

Eu não preocupei em desmentir porque eu não sabia se realmente ia voltar pro


bando, tentei não pensar nisso também. Leah não era uma grande respeitadora
do espaço alheio e eu não queria uma “conversa intima” com alguém em minha
cabeça.

Graças a Deus!
Epa, essa era nova. Leah não ia com a minha cara e agora estava grata por me ter na
ronda e não o Jared?

Gosta de mim agora, Leah?

Eu provoquei.

Não enche pirralho.

Leah, doce como sempre! Mas então ela não se controlou e eu vi o porque do alivio
dela. Eu não era uma pessoa IMPRINTED e ela não teria que passar as próximas
horas sentindo a falta do “amor eterno” através da mente de outra pessoa.

Parece que eu fiz um favor a você também.

Eu soltei um uivo-risada.

Ah, claro Jacob. Te devo a minha vida. Quando quer que eu pague?

Ela pensou azeda, mas ainda sim me preferia no lugar de Jared porque pelo menos
eu também sofria um pouco da dor que ela sentia.
Essa doeu então fiz um imenso esforço pra me concentrar nos borrões de verde
passando por mim, meus músculos tensos na corrida frenética.
Como não tava adiantando eu pensei naquela manhã, o rosto de Amelie cheia de
raiva de mim na porta de sua casa, me divertindo com a memoria.

Uma garota, Jake?

Leah estava interessada, de repente.

Cuide de sua vida.

Eu ladrei.
Os pensamentos dela foram até o dia em que pedi para Sam ir atraz de Bella e os
Cullen por vingança, ela não conseguia controla-los e eu comecei a rugir pra ela.
Leah teve muita pena de mim naquele momento e teve medo que eu nunca mais me
envolvesse com uma garota de novo quando viu o quanto machucado eu estava; ela
me achava muito jovem pra sofrer as coisas que ELA sofria. Eu ia voltar a forma
humana pra me livrar disso. Eu ia fazer isso agora mesmo.

Não vá Jacob, por favor.

Ela lamuriou-se por me fazer sofrer. Eu continuei como lobo, mas parei a corrida e
esperei que ela não pensasse em nada daquilo de novo.
É claro que ela me fez lembrar exatamente de como eu me senti na ocasião e isso
não me ajudou em nada. Eu queria justiça pela vida humana que se perdera, mas de
que vida eu falava naquela época, da minha ou da de Bella? Lembrei de como me
sentia inútil e culpado por não ter sido o suficiente para ela, por não ter conseguido
traze-la para uma vida, não normal; mas pelo menos, humana.

Não deve se punir Jacob. Ela nunca te mereceu.

Ela não se conteve.

Como é o seu vestido de dama de honra, Leah?

Eu alfinetei sem dó.

Já entendi Jacob, Já entendi!

Ela se defendeu.

Bella é o seu Sam.

Esse pensamento realmente escapou, eu soltei um gemido.

Informação demais, Leah.


Ficamos um bom tempo nos controlando e fazendo nossa ronda até que ela voltou
com assuntos mais leves, não que eu quisesse conversar, mas tinha escolha?

Quem é a garota, Jake? Não vou pensar nada que eu não deva. Me conte.

Toda mulher gosta de fofoca - Eu pensei e ela grunhiu um - “Eu ouvi isso Jake.”

Sabe a tia de Sam, que se mudou da Califórnia recentemente?

Sim

É a tal de Srtª Weelow, a garota que veio com ela, a filha dos patrões.

Eu esclareci, querendo saltar fora desse assunto.

A patricinha?

Leah perguntou com sarcasmo, com certeza tinha ouvido falar da garota pelos
outros do bando e agora analisava Amelie como se tivesse gozando da minha cara
por escolhe-la.

Eu não quero nada com ela Leah.

Disse começando a ficar de mal-humor com o rumo da conversa.

Então porque pensou nela pra se destrair?

Ela estava adorando tudo, acreditava ter captado uma paixonite no ar.

Vá lamber sabão Leah.


Eu cuspi.

Todo nervosinho.

Que ótimo, agora eu estava fazendo a ronda da Leah mais feliz, às minhas próprias
custas. É realmente uma forma LINDA de passar o dia.

Ela uivou uma risada.

Você foi trocada na maternidade, Leah?

Eu perguntei, serio.

Claro que não. Porque?

Ela parou de correr.

Sue e Seth são muito agradáveis, certamente não é de família.

Eu falei amargo, querendo atingi-la.

Ah! Diga uma coisa que eu já não saiba, Jacob.

Ela deu de ombros.

Como a minha tentativa de insulta-la não resultou em nada, ela ficou na minha
cabeça por pelo menos mais uma hora e meia enquanto não vencia a ronda dela, e
eu, no final daquela hora e meia, já estava achando que o meu favor para Jared fora
maior do que ele um dia mereceu.

Amelie P.O.V.
Estávamos NISSO à quase uma semana, não melhorou nada; na verdade eu começo
a entender que não irá mudar, nenhum milagre, nenhum amigo caindo do céu em
uma missão de resgate... nada!

Alias, é bom falar disso. Eu ainda tenho amigos?

Já faz quatro dias que eu enviei um e-mail para Trace e ela nem sequer deu sinal de
vida.

Opção n° 1 - Ela é uma vadia traidora!

Opção n° 2 - Ela está nesse momento envolvida em um instigante circuito de festas


de final de ano, que envolvem viagens em jatinhos particulares fretados por filhos
de milionários, tudo EXTRA-escondido.

Meu voto é na segunda opção, já que a primeira faria eu arrancar os poucos cabelos
que me restam, já que eles começaram a cair com toda essa umidade.

Acho que preciso reconhecer, que sejam quais forem os motivos deles, aqueles que
um dia eu amei e em quem um dia confiei... O negocio é que eu fui abandonada pra
morrer sozinha. E agora parece exponencialmente pior, porque é véspera de natal,
VESPERA DE NATAL!

Quem era a pessoa em todo o mundo que tinha um calendário de natal que
começava a vigorar duas semanas antes da véspera? Quem em todo o mundo
considera o natal a coisa mais perfeita de todo o ano?

Sei que isso é infantil, mas FODA-SE, pra mim o papai Noel existe sim! Ou ele
existiu enquanto eu VIVI de verdade em um mundo de verdade e não em um
PESADELO AO VIVO.

É, apenas, A ÚNICA ÉPOCA DO ANO em que vejo meus pais por mais de dois
minutos!

A ceia de natal da minha família fecha um salão inteiro no Plaza em Nova York e
todos os Beafarth Weelow comparecem e ganhamos presentes de exibição, ou seja,
coisas que nem os seus pais deixariam você ter, mas que, para chocar o resto da
família e causar sensação, te presenteiam mesmo assim. Vide, o colar de diamantes
e platina da Tiffany & CO que minha prima Larah de quatro anos, faturou no ano
passado. Ela tem QUATRO ANOS, aquilo devia pesar mais que ela.

E... minha beleza parece ter ido embora com os cabelos! Nem os meus produtos
suíços de reparação funcionam mais, eu ainda tenho olheiras de um morto vivo
depois de três camadas de corretivo.

Minha lente de contato de um perfeito verde-mel está bem dizer descorada de tanto
agüentar água e mais água que sai do meu olho por toda essa situação, ou até
mesmo, água que pinga em cima de mim vindo direto da goteira no meu quarto.

ISSO é serio! Eu tenho uma GOTEIRA. Eu nem conhecia essa palavra até uns dois
dias atraz, quando Marta entrou em meu quarto com uma panela e disse.

- È para colocar embaixo da goteira do telhado Srtª. Assim que o tempo


melhorar, Samuel me disse que vem concerta-lo.

Eu tentei mostrar para Marta as minhas olheiras e implorar misericórdia.

Porque, sabe, eu que sempre dormi como uma pedra, não prego os olhos nesse
lugar. Acordo tremendo de frio a noite inteira por mais que eu esteja soterrada pelos
cobertores chechelentos que MARTA arrumou.

A única noite em que tive um sono decente nessa droga de quarto foi àquela noite
em que eu dormi com AQUELE MALDITO INDIO. O que deve ser atribuído ao
fato de que na ocasião eu estava, segundo fontes, apenas semi-consciente e
delirante. E NÃO AO FATO DE EU TER DORMIDO COM ELE, É CLARO!

Mas, alegar qualquer coisa nessa situação de cárcere é receber um “humpf” e uma
tarefa. Da primeira vez, Marta me colocou para desfazer as malas.

Ainda estou desfazendo!!!!!

Parece que mais do que PODER subiu a cabeça dela, já que segundo ela, parte da
minha pena é arrumar o meu quarto também! Tipo, não é pra eu CORDENAR a
arrumação ou fazer o designe do interior, eu devo mesmo tirar minhas roupas da
mala e dobra-las na comodazinha miserável e cheia de farpas que vai acabar com as
peças de seda chinesa, peças que custaram mais do que essa casa inteira!

É muito serio, quando eu digo que ainda vou afogar a Marta e esconder o corpo E
não vai ser muito difícil com toda a água que cai por aqui.

- Srtª Weelow, porque ainda não está pronta? – Marta apareceu com o que
ela deve pensar que é uma roupa bonita, olhando pra mim com uma carinha
toda descrente e agitada.
- Do que está falando mulher? – eu perguntei na inocência completa do
porque ela estar semi-produzida e ansiosa.
- Eu disse pra Srtª que Sam estava vindo pra nos levar a Ceia de Natal na
casa dos Clearwater.
- Não disse não. – eu argumentei. Ela tinha dito que ia passar o natal com o
parente dela na casa de alguns moradores locais, FOI ISSO QUE ELA
DISSE.
- A Srtª achou que ficaria sozinha? – ela agora estava rindo toda doce para
mim.
- É claro. – e aquilo não tinha graça, em 16 anos essa seria a única noite de
natal que eu teria de passar gemendo de frio e chorando.

- Não! Eu nunca a deixaria sozinha, filha. – e ela me abraçou. – Sei que não
chega aos pés do Plaza com sua família, mas nós teremos orgulho em recebe-la
como se fosse da família também.

Nem tive coragem de falar algum impropério ou ressaltar que REALMENTE não
chegaria nem aos pés do PLAZA, porque, ela - ela ... ela me chamou de FILHA.

Ela não me chamava assim desde que eu fiz 10 anos e minha mãe mandou os
empregados me obedecerem.

P.O.V. Jacob
Billy tava me torrando o saco com essa coisa de Ceia de Natal nos Clearwater.
Aparentemente, TODOS iam para lá porque era a maior casa e assim ninguém
precisaria ficar de fora congelando.

Não que qualquer dos lobos fosse congelar, de todo jeito, mas como éramos apenas
uma parcela dos convidados a escolha da casa fazia sentido, mas isso não me
importa, é muito bom que não seja aqui. Assim fica mais fácil fugir.

Rachel e Paul já estavam por lá há séculos. Todas as mulheres foram ajudar com a
comida e a decoração, e obvio, arrastaram os namorados idiotas para o trabalho
pesado.

Rach saiu daqui me xingando antecipadamente caso eu não fosse e prometendo me


trucidar quando eu não aparecesse mesmo.

Eu... bem, não estava nenhum pouco no clima. Não tinha animo para toda a muvuca
que com certeza rolaria e estava ainda menos disposto a ser o único rabugento no
NATAL FELIZ DA GALERA. Porque você pode acreditar nisso ou não, mas até
mesmo a Leah tinha desencalhado.

Foi recente, muito recente, coisa de ontem, mas já pegava fogo. O Embry que o
diga, já que foi ele o responsável por tal proeza. Nem me pergunte como esse
DESASTRE se deu, tudo o que eu sabia era que não se tratava de mais um
IMPRINTING, então, menos mal.

- Jake, eu já lhe disse que não vou se você não for. – Billy continuava com a
ladainha. – E eu QUERO MUITO IR, Jacob. Pense no PERU.

Ele implorou, e parecia até um daqueles cachorrinhos que ficam olhando para o
forno de frango assado. Se eu tivesse humor para rir dele eu até tinha rido.

- Sai logo daqui, PAI! – eu ralhei com ele.

O telefone tocou e eu prontamente o ignorei. Billy rolou a cadeira até a extensão e


atendeu.
- É pra você, Jake. – ele falou, sorrindo satisfeito.
- Não estou em casa! – amarrei a cara pra alegria dele.
- É o Sam. - ele disse ainda animado.

Claro que ainda estava animado, se era Sam, eu TERIA que atender.

- Hei Jacob, me faz um favor, cara! – Um Sam todo atarantado me pediu. –


acabei de achar um furo do tamanho de uma bola de beisebol no radiador do
meu carro e eu preciso buscar a tia Marta. – ele interrompeu o que ia falando
pra gritar alguma coisa pra alguém e então voltou ainda mais atarantado. –
Passa lá pra mim, antes de vir?

- TÁ, ta, vocês conseguiram, estão satisfeitos? EU VOU! – bati o telefone.

- Não precisava ser grosso garoto, não te criei assim! – Billy advertiu. Eu
ignorei.

Calcei um Tênis e peguei um casaco mesmo sem precisar, puro habito. Já tava de
calça jeans então nem me troquei. Como já tinha tomado banho e meu cabelo tava
crescido e espetado demais pra se acalmar mesmo se eu ESMURRASSE ele,
conclui que não tinha mais nada a fazer pela minha relis aparência – não que isso
importasse – e fui pegar as chaves do carro.

Billy, é claro, continuava a encher o saco.

- Não vai se arrumar melhor, filho? Não somos tão pobres pra você passar o
natal vestindo jeans rasgados nos joelhos. E use aquela camisa que Rebeca te
mandou de aniversario, fica bonito com ela.
- Não enche, velho! – e fui empurrando ele pra fora e fechando a porta com
muito tédio, me preparando pra ficar amuado e fingir alegria em alguns
momentos, o de sempre.
- A comida vai ser BEM BOA. – Billy estava feliz que só e batia na barriga
antecipando uma felicidade maior. – Sue me prometeu uma torta de amoras.
- Claro, Claro.
- Ânimo Garoto. Até parece que o homem velho aqui é você! – e riu
contrafeito.
Abri um sorriso bem sarcástico pra ele, que gargalhou.

P.O.V. Amelie

Respira fundo, Amelie, você vai passar o natal com o PROLETARIADO.

Vamos ser otimistas já que em vez de chorar e tremer de frio você irá se aquecer em
alguma casinha minúscula cheia de gente pobre sem nenhuma noção de elegância,
e, talvez até seja útil pra quando você for uma atriz famosa e precisar interpretar
algum papel mais excêntrico para o cinema.

Eu não ia de qualquer jeito como a minha depressão queria que eu fosse, claro que
não. Poderia estar na lama, mas ainda era NATAL e eu ainda era Amelie Violet
Gerard Beafarth Weelow, já que minha identidade eles não puderam tirar.

Esse povinho ia ter A VISÃO te toda a vida, quando eu entrasse com meu casaco de
pele de vison, branco, minha combinação Chanel de lã azul escura; meus sapatos
Christian Louboutin classicos, com uma maquiagem impecável para a noite e um
cabelo que não colaborava, mas que estava preso em um coque-trança glamuroso e
adornado com uma presilha DeBeers de diamante, ouro branco e safira que
acompanhava brincos do mesmo.

Eu esperava que o carrinho do tal de Sam ainda andasse, já que era ele que vinha
nos buscar; porque simplesmente não se coloca um Christian Louboutin no chão de
terra ou neve, que seja.

Andei até o projeto de sala onde Marta me aguardava, toda ansiosa por já ter me
gritado umas cinco vezes dizendo que nossa carona já devia estar chegando a
qualquer momento e não era educado faze-lo esperar.

Hellow Marta! As pessoas me esperam. Elas fazem isso pela honra da minha
companhia.

Ai eu percebi que ela ainda estava lá toda SENTADA. Ou seja, era o idiota do
sobrinho dela que estava fazendo agente esperar, afinal. Isso era um insulto e eu
pensei duas vezes em ir até meu quarto e me trocar. Quem ele acha que é pra me
fazer esperar?

O telefone tocou e ela atendeu imediatamente.

- Claro querido, não, não se preocupe, a Srtª Weelow ainda não estava pronta,
de qualquer jeito.

Lancei um olhar de indignação para ela, na mesma hora que ela sorria toda satisfeita
com alguma coisa que o sobrinho tinha dito.

– Ah, sim, isso é ótimo, obrigada Sam. – e desligou me olhando com aquele sorriso
irritante dela que não poderia indicar nada de bom PRA MIM.

Não deu outra. A campainha da porta tocou assim que ela depositou o telefone no
gancho e lá foi Marta abrir a porta.

Primeiro eu olhei melhor aquela figura parada na porta, depois eu tentei digerir
aquilo.

O tal de Jacob Black tava lá, encarando, não parecendo mais satisfeito do que eu
estava quando fui informada de que iria a uma Ceia de proletários hoje, com certeza
não tinha os mesmos motivos que eu pra não gostar, já que ele era a própria visão do
mendigo padrão das ruas de Beverly Hills no inverno.

Um tênis barato comprado em loja de departamentos, não que eu conheça as coisas


compradas nessas lojas, mas, DE NOVO, eu vejo TV. Uma camiseta cinza de
algodão por baixo de um casaco velho e comum do tipo Traje de Biosegurança, e, o
que era aquele jeans dele? Tinha dois buracos enormes e desfiados, um em cada
joelho e “Hei baby”, o grunge deixou de ser interessante assim que Kurt Cobain
morreu. Se liga!

O mais impressionante, claro; era o fato de ele estar usando roupas que não
aqueceriam nem no inverno de Beverly Hills quanto mais no inverno em
Washington.
E, lógico, que eu não podia admitir isso pelo bem do meu orgulho, mas esse fato
não era a única coisa impressionante, era mais uma segunda coisa, na verdade.

Que nem eu me ouça, mas – RESPIRA - ele estava tão completamente GOSTOSO e
LINDO, mesmo vestido como um mendigo!

Jacob P.O.V.

Toquei a campainha da casa, me lembrando da noite que passei ali e


conseqüentemente me perguntando se a “Srtª Weelow” estaria agora com sua
família longe daqui.

Achei que isso era bem provável já que era Natal e os pais não iriam querer passar
longe dela, ouvi Sam dizer um dia desses que ela era filha única e tals, talvez isso
explicasse ela ter sido tão estragada e mimadinha.

Desejei inutilmente, e me repreendendo por isso, que ela estivesse aqui em La Push
e pudesse ir até os Clearwater também, ao menos seria algo pra eu fazer enquanto
todos se divertiam, implicar com ela e rir de suas caretas.

Assim que a tia de Sam abriu a porta, os meus olhos forma sozinhos e sem nenhuma
permissão para a garota que estava de pé, do outro lado da sala. Meu coração deu
um pulo do que me pareceu alivio e eu comecei a duvidar um pouco mais da minha
sanidade mental porque não era pra ele agira assim.

Outras reações assolaram o meu corpo e foram bem repreensivas também; Vestida
com muito exagero em um casaco de peles e um salto alto muito fino, com jóias
verdadeiras no cabelo e nas orelhas, amelie estava pronta para o tapete vermelho do
Oscar. Toda chique, e afetada ao máximo, parada numa elegância ereta e com o
nariz arrebitado acima do nível dos olhos.

Eu poderia rir dela naquele momento por se arrumar desse jeito pra ir à casa dos
Clearwater mas... Ela estava BONITA DEMAIS pra que alguém pudesse rir.

Então eu só fiquei com uma cara de bocó, ali parado, encarando ela sem conseguir
me desviar, tentando apertar o maxilar pra não BABAR e parecer ainda mais idiota.
Tentando me lembrar das palavras pra perguntar à tia de Sam se já poderíamos ir.

Tia Marta nos olhava com um sorriso esperançoso e cheio de carinho, que me
trouxe a realidade das minhas ações e eu finalmente parei de bancar o vagabundo
que admirava a dama.

Quando entramos no carro eu pude ver Billy me lançar aquele olhar de: “eu bem
que disse pra você se arrumar” e contive o comentário mal criado.

Ela me olhou apenas enquanto eu a admirava na soleira da porta, pareceu haver


algum brilho nos olhos verdes, e depois, quando seguimos pro carro e no caminho
até os Clearwater, ela manteve uma expressão ilegível e não olhou em minha
direção nenhuma vez, decerto querendo provar que pra ela eu não existia e
continuava sendo o mesmo inseto de antes. Sem perceber eu pus um sorriso
verdadeiro na cara e acelerei um pouco mais.

No carro, o cheiro de cerejas, margaridas e biscoito doce, era como uma aura
palpável. Extremamente delicioso.

Amelie P.O.V.

O carro do idiota do Black era um pouco mais agradável que o lixo que o sobrinho
da Marta dirigia, mas no final, igualmente insignificante. Tinha aquele cheiro de
pinheiro e chocolate que me fez bem, mas tinha também o sorrisinho presunçoso do
panaca, quando me olhava prelo retrovisor, o que, aliás, ele fazia com mais
freqüência do que seria aceitável.

E é claro que eu notei como ele me secou quando tava parado na porta da casinha.
Mais um cachorro pra sua coleção de coleiras Mily!

Coloquei aquela expressão de paisagem que a educação manda quando estamos


indo visitar pessoas desconhecidas pela primeira vez. Eu não abandonaria minha
classe só porque não existia esse quesito aqui no fim do mundo. É claro que as
vezes a onda de desapontamento me atingia e eu tinha que engolir em seco o choro
na minha garganta.
Porque ELES tinham me deixado aqui no Natal? Eu achava que nenhuma besteira
que eu tivesse feito valia algo assim, vindo de meus próprios pais. Sentia-me
rejeitada e miserável por mais que mantivesse a mascara do “estou muito bem,
obrigada” colada permanentemente em meu rosto.

Black estacionou o carro e abriu a porta antes que eu pudesse fazer isso, ele tinha
aquela velocidade e graça estranhas, eu tinha me esquecido até vê-lo do lado da
porta, tão rápido.

Obviamente ainda restava algum resquício de civilidade naquele POBRE


COITADO, mesmo que ele tenha fingido fazer isso por Marta e não para mim.

Depois ele foi até o porta malas e pegou a cadeira do pai dele colocando o senhor
nela sem esforço nenhum, também, se eu bem me lembrava do tamanho
DAQUELES MUSCULOS... – Pare com isso, sua imbecil – eu me repreendi antes
que pensasse coisas impróprias. Ele era só mais um INDIO QUAQUER, DAQUI
DO FIM DO MUNDO.

Fomos recebidas por uma mulher de cabelo curto e uma expressão enérgica.

- Srtª Weelow, seja bem vinda. É um prazer ter a Srtª conosco essa noite. –
ela foi muito educada e tinha uma voz profunda e verdadeiramente
encantadora.
- Me chame de Amelie, por favor. – eu concedi com um sorriso educado,
afinal ela não era minha serviçal e eu estava em sua casa, não era adequado
ela me tratar pelo sobrenome.
- Então, Amelie. Seja bem vinda, eu sou Sue. – ela ofereceu uma mão que
eu aceitei.

Lá dentro tudo era muito simples como eu já tinha esperado, mas era muito limpo
também e a decoração, mesmo gasta em algumas partes era de muito bom gosto;
toda tradicional como eu gostava que fosse, além do bônus de estar fazendo calor o
suficiente dentro da casa, pra que eu tirasse o casaco e ficasse confortável.

Uma garota vinha descendo as escadas de madeira se encolhendo das cócegas de um


garoto que vinha logo atraz dela. Garoto virgula, porque era quase tão alto e largo
nos braços quanto o Black que já tinha se sentado no sofá de dois lugares como se a
casa fosse dele. Era uma menina comum, os cabelos lisos e muito negros eram
inegavelmente bonitos, mas ela não era nenhuma grande beleza pra que o cara a
olhasse como um cego que via pela primeira vez depois de décadas sem enxergar.

- E aí Jared, o Seth sabe que você tava “usando” o quarto dele? – Black
perguntou com um sorrisinho de zombaria e a garota abaixou a cabeça
constrangida.
- Inveja mata, Jacob. – o outro sorriu e enlaçou a garota pela cintura sem
deixar que ela se afastasse nem um pouco sequer.
- Jake!!! – uma garota toda linda, que era o clone da vocalista do Pussycat
Dolls, veio correndo do que devia ser a porta da cozinha e pulou no colo do
Black.

Eu enrijeci com aquela cena e depois me soquei mentalmente por essa atitude
sem sentido.

– Você veio, irmãozinho. – ela tentou beija-lo na bochecha e ele se


esquivou fazendo uma careta.
– Paul, você deu bebida pra minha irmã, seu imbecil?

Ah, então ela era irmã dele. Ta explicado.

Eu continuei sentada na poltrona que me foi oferecida, com os tornozelos cruzados


e esperando um meteoro cair na minha cabeça.

A garota do tal de Jared deve ter me visto toda deslocada e veio até mim, ela parecia
muito boazinha, o tipo que faz a caridade de enturmar os deslocados.

- O meu nome é Kimberly, mas pode me chamar de Kim. – ela ofertou a


mão. – Você é a Srtª Weelow, não é?

- Só Amelie. – eu disse sem-graça.

- Você é muito bonita. – ela olhou um pouco envergonhada pros meus pés. –
Os seus sapatos também. – ela sorriu sem jeito.

- Você tem os cílios que minha melhor amiga Trace morreria pra ter. – eu
me vi confidenciando à garota mesmo sem querer, porque realmente, vendo-a
de perto ela tinha as pestanas longas e grossas mais incríveis que eu já vira.
Ela sorriu toda encabulada para mim.

- Jura?

- Claro, porque você não passa um rímel aí, eles iam gritar mais alto que um
mega-fone. – eu falei baixinho, só pra ela.

- Não tenho muito jeito com maquiagem. – ela também confessou.

- Passa lá em casa um dia desses que agente muda isso. – eu pisquei pra ela.

Peraí, eu PISQUEI pra garota. O que eu tava fazendo? AMIZADES? Alguém me


tira daqui, rápido, na velocidade da luz!

- Isso seria muito legal. – ela falou e então o namorado veio interromper o
nosso papinho pra monopolizar ela.

Eu nunca tinha visto um cara mais apaixonado na vida. Ele me cumprimentou sem
nem ao menos me olhar nos olhos, parecia que enxergava só a Kim, não que eu
fosse querer que ele me olhasse nem nada, mas fala serio, porque aquilo foi
ESTRANHO.

- Eu sou a Rachel. – a irmã do Black me cumprimentou em seguida. Eu


respondi um “Meu nome é Amelie” e logo o cara que devia ser o Paul
apareceu puxando ela pra cozinha de novo e adivinhem?

Ele tinha a mesma cara de adoração do tal de Jared. O que essas garotas faziam com
os homens daqui? Voodu? Isso só podia ser macumba das brabas.

A coisa só piorou quando conheci Emily, noiva do Sam.

Marta já tinha me explicado que a garota ficou com metade do rosto desfigurado por
um acidente com um urso selvagem e tal, e eu me tremi de medo dessa floresta
maluca, e fiquei com uma grande pena antecipada da garota, já pronta a dar o
telefone do cirurgião plástico da minha mãe pra ela e tudo.

Mas aquela mulher não precisava de um cirurgião plástico porque os olhares de Sam
para ela eram ainda mais apaixonados e psicóticos do que os olhares de Jared e Paul
pra suas namoradas.

Eles se moviam inconscientemente juntos, adaptando o movimento um do outro


para estarem sempre perto mesmo sem se tocarem, aquilo era um soco no estomago
de qualquer garota disponível e atualmente deprimida no mundo.

Era como estar dentro de um filme meloso daqueles mais melosos e mesmo assim
não era meloso demais porque era real e sem exageros clichês de romances baratos.
Até consegui ver a beleza por de traz das cicatrizes e aí sim ter pena, não por ela,
mas pelo mundo que perdeu aquela beleza. Deve ter sido ainda mais bonita do que a
irmã do Black, antes de ter aquilo gravado no rosto.

Acho que aquela foi à deixa para eu me esgueirar até a varanda sem que me
percebessem e fitar a escuridão a minha frente, tão parecida com a escuridão que se
abatia sobre o meu coração, e, deixar a minha mascara cair.

Jacob P.O.V.

O clima tava exatamente como eu pensei que estaria, todo aquele pessoal
IMPRINTED reunido e sendo feliz de verdade.

Só não tinha vomitado ainda porque na poltrona ao lado do sofá onde eu me


sentava, estava alguém que parecia passar pela mesma provação que eu.

Embora ela tenha decepcionado a minha expectativa de diversão as suas custas, não
fazendo nenhuma careta e nem destratando ninguém - Até conversou com Kim
como se fossem ser amigas ou alguma coisa do tipo - Parecia uma outra pessoa,
debaixo de todo aquele desfile de moda ambulante que ela vestia. Quase como se
ela fosse real e não a boneca Barbie da minha visão de mais cedo.

Eu esperei que ela estivesse toda arrogante hoje, mas do que nunca por ser uma
“festa”... E então, parecia ter alguma coisa diferente rolando. Às vezes era como se
eu captasse tristeza nela, dor de verdade por baixo daqueles olhos verdes de cor
artificial.

Ficava espiando a garota sempre que podia disfarçar. Vi os garotos me lançarem


olhares do tipo “Vai lá, cara!” e fechei uma carranca pra eles quando faziam isso. Eu
não ia me meter com essa garota, o que é que eles estavam pensando afinal? Até
Rach me lançou um desses olhares depois de a menina ter sido educada e atenciosa
quando ela a cumprimentou.

Quil chegou com Claire um tempo depois e a pequena pulou no meu colo. Enquanto
eu fazia cafuné na criança ele me lançou os olhares mais sugestivos de todos os
olhares já lançados e ainda ficou murmurando umas coisas em voz baixa.

- Vai lá Jacob, a garota parece bem desanimadinha, essa vai ser fácil.

Eu fazia uma cara assassina pra ele e me segurava pra não espanca-lo porque isso
pareceria suspeito.

- Onde ela está? – ele perguntou depois de um tempo em que eu não olhava
para Amelie.

Eu procurei descaradamente a garota com os olhos e nada. Levantei preocupado,


porque afinal aquela doida já tinha fugido uma vez, poderia muito bem fazer isso de
novo. Deixei Claire no chão e Quil ainda teve tempo de me mandar um OK e uma
piscadela enquanto eu saia da casa já atulhada de gente.

Passei os olhos depressa por toda a varanda dos Clearwater, já procurando pelo
cheiro dela também. Fui assaltado pela fragrância distinta, próxima demais a mim.
Ela estava em um canto escuro e remoto da varanda mesmo, segurando a mureta de
madeira e com os olhos perdidos na imensidão da mata.

Pelo perfil que a lua traçava eu pude ver um filete de lagrimas descer o rosto dela e
de repente um bolo nasceu na minha própria garganta como se eu também
precisasse chorar. Queria poder abraçar aquela garota e proteger ela como fiz na
noite em que ela se perdeu; eu queria aquecer ela pra que suas mãos não parecessem
tanto com garras gélidas e frágeis e aquele sentimento foi quase como uma ordem
do meu alfa, me compelindo a chegar mais perto, atravessar as barreiras que nos
separavam.
Fiz os meus passos emitirem som nas tabuas de propósito, dando uma dica da minha
aproximação. Ela ficou rígida imediatamente e se virou de costas o mais rápido que
pode, com certeza pra esconder os vestígios do choro.

Coloquei minha mão esquerda em um de seus ombros sem me conter.

- Amelie. – eu chamei com a voz baixa e tentando controlar o nível de


preocupação que de repente era obvio na minha voz.
- Eu estou bem. – ela deu um risinho sem humor, era triste demais pra ser
arrogante.
- Posso ajudar? – eu tentei não parecer um idiota.
- Eu acho que não. – ela continuava com a mesma expressão resignada de
tristeza.
- Eu posso tentar? – insisti. E afinal, porque eu estava insistindo? Serio, a
loucura tinha mesmo me tomado de vez.
- Você pode me abraçar? – ela falou aquilo tão baixo que era como se nem
ela mesma tivesse consciência de estar falando.

Fiquei pregado no chão por um quarto de segundo antes de vira-la delicadamente de


frente para mim e abraça-la com cuidado, tentando barrar o ímpeto de aperta-la ao
máximo contra mim como se assim pudesse protege-la de tudo. Ela teve de ficar na
ponta dos pés mesmo com seu salto alto.

- Obrigada. – também saiu muito baixo e ofegante. – Você é confortável. –


ela disse quase recuperada da tristeza. – Tão quentinho!

E eu rapidamente me afastei dela, deixando-a com uma cara assustada e muito pior
que a anterior.

- Me desculpe. – ela balbuciou tentando engolir o choro e se afastar.

Jacob, sua mula, o que você tinha feito? A garota não ia descobrir todo o seu
segredo só porque notou que você era quente, seu infeliz. Me aproximei dela e olhei
em seus olhos, coloquei minha mão na mão dela e a puxei pra mais perto.
- Me desculpe você. – eu falei a abraçando de novo, mas dessa vez ela não
tentou ficar da minha altura e envolveu minha cintura como pode. – Às vezes
me falta uns neurônicos, ignore. – eu tentei soar engraçado.

Ela riu. Parece que tinha dado certo.

Amelie P.O.V.

Até onde temos controle sobre nossas vidas? O quanto podemos fazer por nós
mesmos e quando é que realmente precisamos de ajuda?

EU precisava de ajuda. Não queria encarar isso de frente, mas mesmo assim eu
precisava.

Se eu pudesse escolher a forma como essa ajuda viria até mim, eu com certeza
escolheria uma maratona de compras em NY, passando pela Barneys ou
Bloomingdales; depois me encontrar com Trace em Soho pra tomar capuccinos
desnatados com chantily sem gordura; e então quando as férias de natal
acabassem, voltar para minha maravilhosa Beverly Hills e passar o fim de
semana no Ultimate Spa Gift esfoliando cada centímetro do meu corpo e fazendo
minhas unhas e retocando as mexas douradas do cabelo...

- Você pode me abraçar? – Acho que ISSO era só o que eu poderia descolar
agora.

E ele era tão alto que nem os meus Louboutin de salto 15 alcançavam o mesmo
nível. Me estiquei e ele me ajudou, ele tinha aquele cheiro inebriante de manhãs
de natal e era tão quente, eu tinha me esquecido disso.

- Obrigada. – eu tinha perdido minha voz em algum lugar, talvez no mesmo


lugar onde deixei o resto da minha sanidade! – Você é confortável. – O que eu
estava fazendo? – Tão quentinho! – Essa não era eu.
E então tudo acabou, ele se separou de mim tão rápido e o frio inesperado me fez
tremer um pouco.

Aquilo me assustou, queria brigar com ele pra voltar pra onde estava, queria
ordenar que ele fizesse isso; Tentei encontrar meu orgulho e sair dali, a dor
surgindo na minha garganta por segurar o choro. Quem ele pensava que era?
Aquele estúpido! Ai como eu me odeio por ele ter me visto assim...

- Me desculpe. – foi o que saiu em vez dos insultos que eu devia ter dito.
Comecei a me virar pra sair, mas aquela mão enorme e muito, muito quente, me
puxou de volta, aqueles olhos negros me perscrutando como se me enxergassem
por dentro.

- Me desculpe você. – ele disse em um tom servil, me abraçando de novo ainda mais
acolhedor do que antes. O calor e o cheiro perfeitos me impedindo de fugir dali
mesmo que eu quisesse. – Às vezes me falta uns neurônicos, ignore. – Ele fez piada
de si mesmo, gostei daquilo; um pequeno sorriso verdadeiro escapou por meus
lábios.

Estar nos braços dele era tão seguro, tão certo, era quase inevitável não me sentir no
céu, mesmo estando BEM LONGE do céu. Era como estar na presença de algum
anjo, um anjo com muito calor e muita luz.

PeraÊEEEEEE!!! O anjo, o anjo da morte no meu delírio. Não era só um delírio.


Era ele. Só poderia ser ele.

Não ousei me separar do abraço, mas ergui minha cabeça para fitá-lo. Ele tinha uma
expressão tranqüila no rosto bonito.

- Eu agarrei mesmo você naquele dia, não agarrei? – Agora eu queria cavar um
buraco na terra com as minhas unhas de 800$ e enfiar a minha CABEÇA PIFADA
lá dentro. Ele sorriu pra mim de uma forma cúmplice.

- É, eu acho que sim! – respondeu com aquela voz rouca e majestosa dele.

Como um PROLETARIO tinha uma voz daquela? meu DEUS! Foco, Amelie,
FOCO!

- Eu achei que você fosse algum tipo de “anjo da morte”. – eu me defendi num ato
impulsivo e me arrependi imediatamente. Aquilo soou biruta e macabro.
Um ponto para o índio já que ele segurou bem a risada com o meu comentário.

- Sou tão assustador assim? – ele se fingiu de ofendido fazendo um bico. Era TÃO
BUNITINHO.

Amelie, acorda sua perturbada! É só o BLACK, o idiota, infeliz e NADA do Jacob


Black.

- Você é bonito. – uma parte desconhecida de mim falou nun tom de obvio
que me fez corar.

OH MY GOD!!!!!! Eu estava errada, porque, afinal, tiraram a minha identidade


também. QUEM ERA ESSA IDIOTA TODA DERRETIDA E “CORADA”? Amelie
Weelow, o que você fez comigo? Desde quando eu era do tipo “garota corada”?
Desde quando? A ultima vez que eu corei, eu tinha 12 anos e Peter Blunch tinha
acabado de puxar a alça do meu soutien, fazendo barulho, no meio de uma aula de
matemática da Srª Gohdstüin.

- Você que é bonita, Srtª Weelow. – ele falou olhando pra mim e sem
demonstrar nenhum deboche, dessa vez. – Muito bonita.

E eu estava toda emocionada como se tivessem acabado de anunciar meu nome para
a lista VIP de um novo salão de compradoras de luxo na Melrose.
Meus pés começaram a subir em ponta sem a minha permissão e Black me apoiou
com as mãos absurdamente quentes na minha cintura, me ajudando.

Estávamos tão próximos agora. Eu podia ver seus olhos negros iluminados por uma
chama indistinta, nossos narizes a milímetros e nossa respiração se mesclando;
entreabri os lábios instintivamente, sentindo...

- Ei Jake, já vão servir a ...

Foi como levar um choque de 1200W, nos separamos na hora e eu quase cai do
salto, literalmente, e pela primeira vez na vida.
Jacob P.O.V.

- OOPS, acho que interrompi alguma coisa! – Quil ia dizendo todo encabulado.

Porque eu não deveria arrancar a cabeça do Quil, mesmo?

Ah, sim! Porque Amelie ainda estava lá com uma cara de pânico e os olhos do
tamanho de bolas de golfe. Ela se desequilibrou feio quando nos separamos e eu tive
que ampara-la com uma mão pra ela não cair.

Quil lançou um sorrisinho cretino pra nós dois e ela pareceu se recuperar o
suficiente pra ignora-lo e girar nos calcanhares com toda a classe, deixando nós dois
lá fora e entrando na casa com muita rapidez pra uma garota humana.

Ótimo, agora eu podia arrancar a cabeça dele.

- Tio Jay, vem clomê PELU. – Claire apareceu bem na hora em que eu ia
começar a briga e abraçou as pernas de Quil que continuava todo sorrisos.
Salvo pelo gongo, idiota.

Dei uma encarada assassina nele e fui pra dentro, procurando ela com os olhos
atentos. Definitivamente, SORTE era uma coisa que eu não tinha.

Amelie P.O.V.

Era só o que me faltava! SERIO!!! Agora eu ia virar o novo boato na fofoca dessa
gentinha. A garota da Califórnia finalmente se rende aos encantos dos nativos locais.
PERFEITO!
Será que eu realmente estava sóbria? Essa coisa de Natal estava me afetando mais
do que deveria. Passei a mão na minha micro bolsa DIOR e peguei o meu celular,
AGORA PRE-PAGO – me mata! – digitei uma mensagem pra Trace.

Sua vadia, espero que me ligue em 24hs ou a sua aventura com a amiga TEQUILA
lá em Tijuana, no ano passado, vai parar no youtube. Eu falo serio!

Ela teria que responder ou ia conhecer a minha fúria de melhor-amiga rejeitada, e


como eu não tinha apenas esse vidiozinho comprometedor dela, creio que ela
arrumaria um jeito mesmo no meio de tanta balada legal pra me salvar desse inferno
e dessa NOVA EU que tava querendo acabar com a reputação da minha EU
VERDADEIRA.

Marta veio da cozinha com seu prato cheio de comida natalina, cheia de milhões de
calorias e me ofereceu o mesmo. Eu fui até a cozinha. Não pra pegar a comida,
claro, eu já estava pobre e no meio do mato, só me faltava começar a engordar.
Como, isso, eu poderia evitar; não aconteceria.

Peguei um copo de alumínio - Senhor, me ajude a suportar as provações deste


mundo cruel - eu nunca pensei que fizessem copos com alumínio e o que aconteceu
com o bom e velho cristal bacará? Enchi aquilo, aquele copinho de pobre, com a
maior quantidade de vinho possível e até misturei um pouco de vodka que um
daqueles garotos índios tava usando pra preparar umas batidas.

Me escorei num canto remoto da sala, perto da escada e bebi o máximo que podia,
sempre enchendo um pouco mais com a vodka que tava numa mesinha por perto.

Em meia hora eu já podia sentir meu sangue fervendo e as cores aumentando de


intensidade, as luzinhas da decoração de natal eram alucinantes e eu até poderia
apreciar a musica relativamente brega. Tava ficando o maior calor também.

Fui até um banheiro minúsculo que ficava logo atrás da sala e abri uns três botões
na minha roupa, mostrava um pouco minha lingerie Marc Jacobs, mas e daí? Aquela
casinha tava fervendo, eu tava fervendo e o mundo era mais feliz depois de meia
garrafa de vodka e muito vinho.

Minha saia também estava longa demais, restritiva demais. Eu virei ela pra trazer a
fenda que tinha nas costas até a minha coxa, mais flexível pra andar.
Sai do banheiro bem na hora que tava tocando uma musica com uma batida mais
moderna, alguém tinha aumentado o volume e tinha um garoto todo bonitinho perto
da mesinha da vodka, ele era mais magro que o Black, tinha uma expressão mais
leve também e era bem menos intimidador.

Aquela altura não me lembrava de que ele era um índio do fim do mundo como
todos os outros então cheguei perto dele, com o meu sorriso de boas vindas que eu e
Trace treinávamos no espelho desde os 11 anos de idade e coloquei a mão no ombro
dele muito casualmente. Assim eu percebi que ele era mais baixo que o Black,
também.

O garoto me olhava como se tivesse tendo um sonho e eu tinha consciência disso,


então puxei ele pro meio da salinha onde tinha umas três pessoas mais animadas que
estavam dançando aquela musiquinha melhor que começou a tocar. Eu tinha soltado
os meus cabelos e eles estavam bem selvagens. Agitei eles enquanto rebolava pro
garoto e via os olhos dele ficando maiores, o pessoal parando de dançar pra ver a
gente; as luzes, a batida, a vodka direto no meu cérebro...

Jacob P.O.V.

Entrei um pouco depois dela já que o Quil ainda disse uns cinqüenta “Vai lá,
garoto!” achando decerto que tava fazendo a maior boa ação do ano.

Procurei ela pela sala e nada, dei a volta lá por fora porque Collin e Brad tinham
chegado pra trocar os turnos com alguém e lá dentro tava meio lotado pra ficar
transitando de um lado pro outro. Quando cheguei na cozinha, nada dela também.
Farejei o ar e o cheiro dela ainda tava lá, ia voltando pra sala quando Emily me
pegou pelo casaco pra ajudar ela com a loça.

Eu bufei mas não recusei. Fiquei lá perdendo tempo e pensando no que quase
aconteceu. Fala serio! Agente praticamente se beijou e foi tão incontrolável.

Eu QUIS aquilo, ou pelo menos o meu CORPO quis. E ela também parecia bem
inclinada àquilo, não parecia me achar um QUALQUER enquanto abria os lábios
devagarzinho pra mim.
Terminei com a louça e fui pra sala e... Nada dela.

Fala serio! Isso era algum tipo de piada? Novamente senti o rastro fresco mas dessa
vez me sentei no braço da poltrona onde a Claire tinha apagado e fiquei rindo da
minha irmã, possivelmente alterada e o retardado do Paul que fazia tudo que ela
queria ali dançando, no meio da sala, alguém tinha aumentado o som.

Brad se juntou aos dois e aquilo tava mesmo muito hilário. A Rach rebolava com a
musica parecendo que estava na própria boate e o Paul não sabia se acompanhava
ela ou ficava babando. Ridículo.

Me distrai totalmente com eles e então depois de um tempo meu olhar foi para o
canto perto da escada onde Collin tinha parado pra abastecer o copo com bebida
sem que ninguém notasse e mandasse ele parar por ser mais novo do que o resto.
E aí eu reconheço a garota que está de frente pra ele, com a mão no ombro dele e
com um sorriso fácil na cara.

Quem era ela e o que fez com a Amelie de uns vinte minutos atrás?

A garota na frente do Collin tinha os cabelos rebeldes e cheios que caiam pela
cintura, ela tinha uma fenda na coxa que mostrava a ponta rendada da meia-calça e
dava pra ver quase tudo do soutien preto de rendinha que ela exibia naquele decote
de matar. O sorriso dela era enorme e ela batia os cílios e mexia no cabelo com a
mão, jogando ele pro lado. Eu morri, fui pro céu e voltei pra entender que aquela ali
era mesmo a Srtª Weelow.

Ela puxou um Collin, feliz como uma criança que ganhou um presente, pro meio da
tentativa de boate que Rach tinha começado e então dançou pra ele.

Porque, Collin, obviamente mal podia se manter em pé enquanto ela se esfregava


nele descaradamente e rebolava pra valer com as mãos marcando o quadril e
subindo pelo próprio corpo. Não contente com o show que estava dando, afinal, até
a Rach tava parando pra olhar, ela colocou uma das mãos dele no quadril dela e
aproximou-se mais fazendo ele rebolar com ela.

Eu não sei o que me deu mas sei que num instante eu tava ali olhando aquilo com
cara de pasmo como o resto do pessoal e no outro instante eu já tava vendo tudo
vermelho, pegando ela como se fosse um saco de batatas, jogando no meu ombro e
indo lá pra fora enquanto ela gritava e esperneava toda histérica.

Amelie P.O.V.

Garoto bonitinho, bonitinho mesmo, e ele tava ficando bem animado enquanto
agente dançava colado. Eu sorri pra ele de novo enquanto rebolava mais uma vez e
vi ele apertar o lábio inferior entre os dentes pra não gemer, e ai, do nada, eu não
tava mais no chão.

Levei uns três segundos pra perceber que algum energúmeno tinha me jogado no
ombro e tava me tirando de lá. Primeiro eu gritei para que me tirassem dali. Aí eu
senti aquele cheiro que até muito bêbada eu reconheceria e comecei a espernear pra
valer.

- Me solta Black, seu estúpido. ME SOLTA seu índio IDIOTA. Eu vou dar
queixa de você. Eu vou te processar por assedio. Me COLOCA NO CHÃO, SEU
BRUTO, SEU... SEU ... ANIMAL!

Ele me pôs no chão quando eu chamei ele de animal, foi de mau jeito e eu, bêbada,
sentei minha bunda naquele chão gelado. Minhas pernas abertas e minhas mãos
espalmadas na neve. Lagrimas de ódio saiam pelo meu rosto enquanto eu
continuava gritando.

- Quem é você pra fazer isso? O que você tem na sua cabeça, seu VERME
IMBECIL?

- O que VOCÊ, tem na cabeça, SRTª WEELOW. – ele cuspiu meu sobrenome
com fúria e algo que pareceu nojo.

Foi como um tapa na cara.


- Porque você me tirou de lá? – eu exigi, me levantando desajeitada e com
muito custo.

- EU TE FIZ UM FAVOR, SUA BEBADA E... VAGABUNDA!

- VOCÊ ME CHAMOU, DE QUE?

- O QUE VOCÊ ACHOU QUE TAVA PARECENDO ENQUANTO SE


ESFREGAVA NO COLLIN?

- ISSO NÃO TE INTERESSA!

- INTERESSA SIM!

- AHHHH, É? E PORQUE INTERESSARIA, SR. BLACK? – Eu cuspi o


sobrenome dele também.

Ele pareceu perder o foco por um instante e então parou de gritar e fez uma
expressão fria de deboche para responder, todo cínico, disse descaradamente.

- Collin é quase uma criança, não tem idade pra namorar. – Ele falou aquilo
serio e eu tive que gargalhar pra ele. Atirei meus cabelos para traz e enfiei o
meu dedo nas fuças dele.
- O SR. É, POR ACASO, ALGUMA FREIRA DE ESCOLA CATOLICA,
SR. BLACK? PORQUE NÃO VAI ARRUMAR ALGUEM QUE QUEIRA
SE ESFREGAR NO SR.?
- Porque eu já achei alguém assim. – ele disse ainda mais cínico, mais agora
com um sorrisinho escapando pelos lábios grossos.
- MUITO BOM PRA VOCÊ! – eu gritei cheia de ódio da fulaninha.
- Eu também acho!

E aí ele me puxou com agressividade, enlaçou minha cintura me puxando pra ele e
antes que eu pudesse voltar a me debater e gritar, colou a boca na minha com força,
obrigando os meus lábios a se abrirem.

Quem eu estava enganando se nem bêbada eu conseguia sentir algo diferente de um


desejo enorme por aquele cretino, insignificante e POBRE?

Eu cedi, afinal, poderia sempre argumentar que estava bêbada demais pra me
lembrar de alguma coisa e beijei ele de volta. Deixei a língua dele entrar na minha
boca, seu hálito quente como suas mãos, sua língua se adaptava com perfeição à
minha, nossas bocas coladas com a fúria dele, movendo juntas em uma espécie de
guerra deliciosa. Meu peito ofegante de falta de ar, o abraço de ferro em minha
cintura, meus braços entorno de seu pescoço desde o momento em que decidi me
entregar aquilo. Parecia impossível parar de beija-lo. Eu ia morrer ali sem nenhuma
grama de oxigênio.

Ele separou nossas bocas bruscamente me fazendo gemer um protesto e riu disso.
Minha expressão se fechou em fúria e eu me reergui. Ele me colocou no chão e
dessa vez eu não me desequilibrei. O imbecil – E GOSTOSO – ficou lá com uma
cara de bobo total e eu recuei o meu braço e arremessei com tudo na cara dele pra
dar AQUELE tapa.

Black pegou minha mão no ar, próxima ao seu rosto e me falou com uma voz toda
cheia de si.

- Acredite, você não ia querer fazer isso!

Então eu cuspi nele e me pus a correr, no sentido contrario ao da festa, indo na


direção da minha – suspiro – casa.

Jacob P.O.V.

Cara, o que foi aquele beijo, Deus, aquilo foi bom demais, umas cem vezes melhor
do que beijar a Bella. Foi um beijo a força também, mas foi algo a mais, com a
Bella eu apostava na chance de ela também querer aquilo quando ela finalmente
cedia, mas com a Amelie... Era tão obvio que ela quis e ela cedeu tão depressa e se
entregou daquela forma tão “POR INTEIRO”, logo ela me beijava com tanta
vontade quanto eu beijava ela, ela tinha a mesma fome.

Ser correspondido faz toda a diferença, definitivamente. Eu fiquei lá sorrindo como


um idiota enquanto ela corria pra casa. Eu até poderia ir atraz, mas os ânimos dela
não estavam muito bons para isso agora, ela devia ta entrando numa crise bem
complicada com o orgulho dela por ter me beijado. Decidi esperar a poeira abaixar.

Agora eu podia ver o que o Quil tanto insistia para que eu visse. Com uma garota
nova na minha vida eu teria um tempo bem menor pra me lembrar da Bella e depois
desse beijo eu achava que dormir e sonhar com a Amelie e não com os pesadelos da
“Bella Monstro Vampiro” seria bem mais fácil.

- Jacob, querido, você viu a srtª Weelow? – Marta me perguntou parada na


porta da sala, em cima da varanda.

- Ela foi pra casa a pé. – eu tentei controlar meu sorriso mas acho que ela
percebeu tudo.

- Ohhhh! Acho que vou atrás dela. Boa noite, meu rapaz!

- Boa noite, Marta. – eu disse com um sorriso grande demais.

Ela já ia virando a esquina quando eu gritei.

- Manda um beijo de Boa Noite pra ela.

Vi Marta sorrindo satisfeita e me acenando um sim com a cabeça. Me virei a tempo


de ver o Collin me olhando atravessado através da janela e dei um aceno animado e
um sorriso sarcástico pra ele. Aquela garota agora tinha dono e era bom ele saber
disso.

LA PUSH, Residência da Srª Marta Uley,10:00hs da manhã.

Dia 28 de Dezembro.

Amelie Weelow estava ferrada no sono, agora que já se acostumara a dormir de


moletons e não mais as camisolas La Perla tão adoradas e próprias para climas mais
quentes.
Ela se perdia em um sono agitado com o homem que lhe beijara a força na véspera
de natal e como nos sonhos nos permitimos embarcar nas mais loucas aventuras
sem que tenhamos que responder por isso, ela aproveitava para se declarar a ele e
continuar aquele beijo que ela tanto relutou em interromper.

Na sala de estar, Marta fazia um tricô enquanto as madeleines que ela colocou para
assar não ficavam prontas.

Jacob Black, o homem do sonho de Amelie, descia a avenida principal de La Push


apressado pa chegar até a casa da Srª Uley e falar pessoalmente com Amelie que
vinha evitando seus telefonemas desde o beijo. Ele considerou pular a janela do
quarto dela e acabar logo com a maldita birra que ela insistia em fazer, mas não
achou que seria muito respeitoso com a Srª Uley que o tratava tão bem e fazia tanto
gosto da presença dele em sua casa, porque com certeza Amelie gritaria um pouco e
faria outro escândalo até que ele a beijasse outra vez, fazendo-a se calar.

Então, agora, ele esperava apenas entregar um bilhete e sentar-se na sala até receber
a sua resposta, negando-se a ir embora até que a garota lhe desse algum indicio
verdadeiro de que não sentira tudo o que ele sentiu quando se beijaram.

Tocou a campainha.

Amelie P.O.V.

Acordei com as batidas frenéticas da Marta em minha porta, ela tentava falar
alguma coisa, que eu obviamente não ouvia enquanto tentava dormir de novo. Ela
continuava batendo e alguém teria de lembrar à ela que não era mais a porta de
carvalho do meu antigo quarto e se ela continuasse com aquilo acabaria derrubando
a tabuinha ridícula que era a única coisa à me isolar dentro daquele muquifo que ela
chamava de casa.

Tava sonhando com aquele cretino do Balck, e ual, esse sonho tinha sido um pouco
mais realista do que os outros. Mais um tópico para a minha depressão. Mais um
ponto a favor da minha derrocada social.
- Derruba logo essa porra! – eu gritei abrindo a porta e passando pela Marta
antes que ela pudesse falar alguma coisa.

Bati a porta do micro banheiro e me entrincheirei lá dentro. Ela passou um


papelzinho dobrado por debaixo da porta. Abri a porcaria enquanto me sentava no
vaso sanitário que era quase menor que a minha bunda. A pobreza DOI.

Amelie,

Você poderia, por favor, parar de ser tão infantil e ASSUMIR que você QUERIA me
beijar naquela noite? Se você me fizesse esse favor nós poderíamos sair hoje e nos
divertirmos um pouco antes que as férias de Natal acabem, ou você poderia se
enfurnar no quarto e não atender aos meus telefonemas, também. Você escolhe! Mas
eu garanto que a primeira opção é melhor.

Jacob.

AAAAHHHHHH! Aquele ... aquele... cretino, cachorro, desgraçado, agora estava


me mandando bilhetes? Eu ia cortar as mãos da Marta pra ela não conseguir me
entregar mais nada.

Sai do banheiro subindo a calça de moletom de qualquer jeito e sem ter tempo pra
lavar a cara, que fosse e me postei na frente dela, ali toda tranqüila e tricotando.
Peguei uma caneta na mesinha ao lado do sofá, ainda virada de frente para Marta e
rabisquei nas costas do bilhete. “EU ESTAVA BEBADA!”

- Agora poderia me fazer o favor de entregar isso aquele cretino e dizer pra
ele me deixar em paz? – eu falei com todo o azedume que pude reunir.

- Acho que o cretino entendeu. – uma voz rouca e seria soou por de traz de
mim.
OW! Não era pra ele ouvir aquilo. Eu não... não quis dizer daquele jeito... é só que..
Eu quis dizer, mas...

- Adeus Srtª, eu não vou incomoda-la mais. – ele disse e saiu.

- Marta? – eu perguntei em pânico.

Ela me olhou com uma cara muito reprovadora. O que eu podia fazer se ele tava
atraz de mim? Não é como se eu tivesse visto ele!!!

Jacob P.O.V.

Qual era o problema comigo, afinal? Eu tinha alguma doença rara e contagiosa?
Porque todas as garotas que se envolviam comigo não queriam admitir que
gostavam de mim? Será que o problema era EU, que realmente interpretava os
“sinais” da forma mais errada possível?

Eu era uma ameba, isso sim.

- Jacob. – a voz dela veio fraca, mas alta o suficiente.

Eu me virei, tentando manter a minha expressão composta.

- O que você quer? – eu fui seco.

- Me desculpar? – ela tentou um sorrisinho amarelo. Estava com um


moletom todo largo e os cabelos parecendo a encarnação da medusa, os pés
descalços na neve, mesmo assim não parecia feia. E ela não parecia arrogante
também, então eu parei de fazer o tipo “indiferente” e fitei os olhos dela.

- Você foi legal comigo naquela hora, na varanda, lá na ceia de natal. – ela
olhou em volta como se quisesse se certificar de que estávamos a sos. – Mas,
não espere nada de mim, eu vou embora disso aqui o mais rápido que eu
puder e... Nunca daria certo. – e esse final ela não olhou nos meus olhos
enquanto falava. Parecia que eu não tava interpretando nada errado, afinal,
era obvio que alguma coisa lutava ali dentro a meu favor.

Me adiantei até ela e peguei a sua mão. Ela me olhou nos olhos automaticamente.

- Sem problemas Srtª. – mas eu não falei aquilo como deboche, eu falei com
um sorriso sincero nos lábios. – Podemos ser amigos?
- Amigos? – ela relutou, não esperava aquela minha resolução.
- Amigos! – eu entoei serio.
- Sim. – ela falou com a voz mais falha ainda e as bochechas dela coraram
de uma forma adorável.

Puxei ela pra mais perto e dei um beijo em sua bochecha, esbarrando no canto da
boca de propósito, ela arrepiou na hora.

- Até mais tarde então, amiga, vou te mostrar um lugar legal que tem por
aqui.

E fui andando de volta pra casa, resistindo ao impulso de me virar pra expiar a
reação dela. O coração eu podia ouvir acelerado, e aquilo era ótimo para os meus
propósitos. Dessa vez não teria sanguessuga nenhum que já tivesse chegado na
minha frente. As chances estavam finalmente, a meu favor!

Amelie P.O.V.

O que aquele cara tava tentando fazer, ele queria me matar? SERIO!
Queria esmagar o pouco de paz que eu tava conseguindo juntar aqui no fim do
mundo?

Não que o Black não fosse um cara legal, eu acho, pelo menos quando ele não tava
dando uma de “Sei que você me quer!”, e eu queria mesmo, mas não vem ao caso.
Isso não era aceitável.
Ele queria ser meu amigo, tipo, pra QUE?

Não é como se agente pudesse conversar sobre as mesmas coisas, ou se divertir


juntos em alguma balada. Por aqui nem tinha balada. E que lugar era esse em que
ele queria me levar? Alguma daquelas lanchonetes caipiras que agente só vê em
seriados de baixo orçamento?

Mas eu QUERIA ir, isso era o pior, eu queria ter essa desculpa patética que ele
mesmo arrumou, com essa coisa de “AMIGO” pra ficar perto dele sem ter que
responder por isso. E quem eu estava enganando? Não agüentava mais ficar presa
em casa, com a vaca da Trace sem me dar noticias até hoje! Eu bem que podia
cumprir a ameaça e colocar ela chapada e semi-nua na internet mas como EU era
amiga de verdade, nem fiz isso.

Voltei pra dentro de casa e dei de cara com Marta me olhando daquele jeito de mãe
decepcionada quando o filho faz alguma coisa muito má.

- Eu pedi desculpa e agora nós somos AMIGOS, feliz? – eu cuspi, sem saco
pra ser educada.

- É uma ótima noticia, Srtª. – E ela voltou a fazer o tricô dela.

Fui pro meu quarto e sem querer me olhei no espelho; tive um ataque cardíaco e
quase desmaiei ali mesmo. O fim de mundo tinha me deixado definitivamente
louca.

Como é que eu fui aparecer daquele jeito na frente DELE?

Eu nunca estive mais feia em toda a minha vida e olha que uma vez eu peguei uma
alergia das piores por causa de um visgo venenoso numa festa da piscina da Stace,
prima da Trace, e fiquei duas semanas cheia de furúnculos.

EU TINHA FURUNCULOS e estava em melhor forma!

Me sentei na cama e comecei a passar a escova nos ninhos do que um dia foi o meu
cabelo pra depois tentar dar um rumo na minha cara de cadela que caiu da mudança
com o caminhão em MOVIMENTO.

Mesmo se ele fosse me levar pra alguma lanchonete vagabunda eu não poderia
aparecer assim, não é mesmo? Ou essa coisa de AMIGO seria muito VERDADE.

Quil P.O.V.

Fui deixar Claire na casa da Emily depois de ter saído com ela pra tomar café da
manha numa lanchonete em Forks, onde tinha o bolinho preferido dela. Passei na
casa do Jake pra buscar ele nem que fosse a força e ter uma boa conversa com ele
sobre a Srtª Weelow.

Eu vi ele agarrando ela no natal, o que ele tava esperando pra continuar com o bom
trabalho? Garoto lerdo, às vezes eu pensava que se não fosse por mim, ele ainda ia
ta chorando pela mais nova sanguessuga. Bella.

É claro que fui eu quem planejou o encontro dos dois naquele jantar onde ela
acabou fugindo; é claro que também fui eu a furar o radiador do Sam pra que o
infeliz tivesse que levantar a bunda do sofá e ir buscar ela para a ceia de natal nos
Clearwater.E desde aquela ceia, onde eu conheci a tia de Sam melhor e nós
conversamos um pouco quando ela me ensinou um xarope pro resfriado que a Claire
tinha pego, eu pude conquistar uma aliada de peso para a minha causa:
DESENCALHANDO O JAKE.

Dona Marta também queria arrumar alguma BOA COMPANHIA para a patroa e me
contou que a garota tinha problemas com autoridades, bebidas e amigos
desmiolados com muito dinheiro e pouco juízo. Nós iríamos mudar isso!

Jacob tava entrando na casa dele ao mesmo tempo que eu.

- O que ta fazendo aqui, cara? – Ah, Jake amigo, bom dia pra você também.

- E ai, seu lesado, já convidou ela pra sair? – eu perguntei de uma forma
pratica e seria. Vamos logo ao que interessa.
- Não te interessa Quil, meta-se com sua vida! O que aconteceu com o papo
de não arrumar mais garotas pra mim? – ele levantou as sobrancelhas com
uma cara de poucos amigos.

- Ah, Jake, eu vi você agarrando ela cara, sai dessa, já chamou ela pra sair
ou não?

- Vou pegar ela hoje mais a tarde.

- Bom garoto! – eu soquei o ombro dele e ele continuou com a cara


assassina de antes.

- Agora cai fora, já conseguiu o que queria.

- Ainda não, espere. – e peguei um cartão no meu bolso, entregando pra ele.

- O que é isso?

- Uma casa de doces. Vendem as melhores tortas de nozes e chocolate lá, só


coisa fina. – ele me olhava espantado. - Também fazem bolos decorados para
festa de criança. – eu acrescentei, me justificando por saber sobre o lugar.

- Cara, você ta cada dia mais GAY. – Jacob riu da minha cara. Eu virei os
olhos sem me importar nem um pouco e continuei com a minha ajuda
necessária. – Eu aposto que você vai levar ela no penhasco, você adora aquilo
lá, então me faça o favor de não agir como um garoto idiota de 13 anos com a
amiguinha e compre essa torta, alguns refrigerantes de marca boa e leve uma
manta pra que a garota não seja obrigada a sentar na grama congelada.

Aí dei um tapa na cabeça dele e ele ainda me olhava esbabacado. Me virei pra ir
cumprir a minha ronda e ainda completei, falando pelo ombro.

- Uma manta QUENTE. A garota não é um lobisomem e sente FRIO!


Jacob P.O.V.

As vezes eu tinha certeza que o Quil bebia, se eu não tivesse mais certeza ainda de
que o álcool não tem efeito no nosso metabolismo super rápido, eu poderia até leva-
lo no AA para uma ajuda.

E era fato que o pobre coitado andava muito com mulheres agora que cuidava da
Clair quase em tempo integral, desde que a mãe dela deixou ela morar em La Push
com a Emily. Que historia era aquela de “tortas finas”? Eu tinha que arrumar um
tempinho na minha nova agenda cheia pra dar uma mão ao meu amigo antes que ele
começasse a distribuir dicas de moda.

Olhei de novo pro cartãozinho que ele tinha me dado.

É, a coisa parecia bem chique, que nem a Amelie mesmo.

Talvez desse certo, só esperava que não fosse muito caro, porque afinal eu não tinha
dinheiro pra jogar fora com essas frescuras. Já que não custava dar uma esticada até
Port Angels pra conferir... Eu ia de moto mesmo e chegava antes do por do sol.

A hora perfeita pra levar ela no lugar mais bonito que existe em toda a península do
Olympo! - E olha que, com as rondas, eu já vi de tudo por aqui e sei do que to
falando.

Um doce, um por do sol incrível no único ponto onde o sol aparece por essas
bandas, quem sabe sopra uma brisa... aí eu dou um abraço de “amigo” pra aquecer
ela do tempo frio... ÊEEE Jacob, você vai se dar bem hoje, cara!

Coloquei a camisa que Rebeca mandou pra mim, que Billy queria que eu usasse no
Natal, também não ia me custar nada ir com uma aparência menos desleixada, não
que ela fosse lembrar muito das roupas quando o meu plano de conquista-la tivesse
dado certo, mas já que ainda tava na fase inicial eu ia jogar o jogo dela.

Pus um jeans novo também, uma calça que eu raramente usava por achar meio
engomadinha demais, sem nenhum desfiado sequer. Passei um pouco de creme no
cabelo depois do banho pra tentar amansar o monstro, não surtiu muito efeito, me
irritei e parei com essa coisa de “melhorar a aparência”. Peguei a jaqueta de couro
surrada de sempre, subi na Harley e fui buscar a tal torta.

Era patético, mas eu tava um pouco nervoso, cara; aquela menina era um osso duro
de roer. Mesmo que os meus dentes fossem afiados, não ia ser tão fácil quanto as
melhores esperanças apontavam que seria. Devia me preparar pra ouvir alguns
“Não, nunca e nem pensar” e pra ver aquela mascara de paty nojentinha que ela
usava na maior parte do tempo.

Se pensar mesmo, analisar as coisas de um ângulo mais amplo, eu era mesmo um


imbecil.

Qual era o meu problema?

Porque só as garotas IMPOSSIVEIS eram atraentes pra mim? Porque só me


interessava por aquelas com problemas e complicações maiores que elas mesmas?

Era definitivamente o meu ima para as garotas ERRADAS em ação.

Porque eu simplesmente não podia arrumar uma KIM pra mim?!!!!

Imbecil, cem vezes imbecil.

Amelie P.O.V.

- Srtª Weelow. – Marta me apareceu na porta do quarto contendo sua


empolgação a muito custo.
- Sim. – eu disse enquanto passava o esmalte na ultima unha da mão
esquerda.
QUE MORTE! Mas eu poderia fazer o que se nesse fim de mundo nem deve ter
manicura? E mesmo que tenha, até parece que vou confiar a minha mão que já foi
modelo numa campanha de anéis pra Tiffany & Co, aos cuidados de uma
açougueirazinha qualquer dessas bandas.

- Jacob ligou e pediu para a Srtª esperar por ele ai na porta daqui uma meia
hora que ele ta passando!

- HAHAHAHAHAHAHA. – Até borrei o esmalte. Brincou né?

- Ele também pediu pra lembrar a Srtª de usar um sapato baixo porque
vocês terão que andar um pedaço a pé!

- HAHAHAHAHA. Você ta tão engraçada hoje Marta, você deveria se


inscrever num show de talentos. – eu falei enquanto ainda limpava a unha
estragada.

Ela saiu sem me dizer mais nada e eu continuei com o que tava fazendo.

Aumentei um pouco mais o som e fiquei lá tentando imaginar que na verdade eu


estava dentro do meu closet tendo um momento de reflexão pessoal, lá na minha
linda mansão em Beverly Hills.

30 minutos depois...

- Srtª Weelow. – Marta veio de novo até o quarto. – Jacob acabou de


chegar.

- Que bom pra ele Marta. Espero que sejam felizes! – eu continuei
escovando os meus cabelos.

- Srtª Weelow, não vai dar o bolo no garoto, eu a proíbo! – Ela ameaçou
toda toda.

- Proíbe, Marta? E como você pretende me proibir? – eu enfrentei.


- A srtª disse que agora eram amigos, não pode deixa-lo esperar assim! – e
aí ela me olhou com decepção, com aqueles olhares de “Eu não esperava isso
de você” e “Isso não é direito”.

Eu fui desarmada na hora e esqueci o insulto que eu ia dizer, talvez eu pudesse


guardar ele para usar com o Black, eu não ia DESSEPCIONAR a Marta por uma
coisa relativamente simples como agüentar aquela anta por alguns minutos.

- Mande ele esperar sentado!

- Mas srtª? – a cara dela de decepção aumentou.

- Ei! Mande ele esperar sentado na sala, ENQUANTO EU ME ARRUMO,


TÁ BOM? – eu esclareci tentando não socar ela quando seu sorriso apareceu
e ela de repente parecia orgulhosa.

Calcei uma bota Chanel branca com preto e própria para a neve, coloquei um
cachecol listrado e colorido de cashmere, um suéter rosa claro com um casaco de
couro caramelo PRADA e mantive o jeans blue da Calvin Klein que já estava no
corpo. Passei um rímel correndo e deixei meu cabelo solto, porque apesar de todo o
volume, ele estava do jeito que eu gostava. Era tudo bom demais praquele idiota,
então, respirei fundo e segui até a sala pra encontra-lo e ter uma “saída de amigos”.

E quem disse que aquela COISA – gostosa, perfeita e PARA DE PENSAR ISSO
AMELIE – estava sentada no sofá da sala, como qualquer ser humano normal?
Não, o infeliz e APARECIDO, tava lá escorado numa Harley antiga. – E que eu
tinha que admitir que tinha classe. – Com os braços cruzados na frente do corpo em
uma camisa cinza com as mangas puxadas até o cotovelo mostrando todas as veias
saltadas e os músculos maravilhosos, COM CERTEZA DE PROPOSITO!

Uma jaqueta de couro preta pendurada na moto e tinha uma caixa de aspecto
decente apoiada no banco, mas ele tava tampando e não deu pra ver o que era.

- Você deixa todos os seus amigos esperando assim ou é SÓ COMIGO? –


ele levantou a sobrancelha pra mim, fazendo uma cara debochada.
- Meus amigos costumam me ligar, combinar a saída e depois entrar e
esperar, se eu ainda estiver arrumando. Eles não me tratam como se eu fosse
um pacote de carne que eles buscam na hora que dá pra eles buscarem. –
respondi no mesmo tom.

- Então não tem nada a ver com o fato de eu não ter vindo numa
LIMUSINE?! – ele deu um sorrisinho sarcástico e incrédulo.

- Claro que não! – eu disse ultrajada.

Ta certo que eu era avessa à “pobreza” e às praticas do proletariado, mas eu não


tinha preconceito com as pessoas que eram “pobres”, eu não deixaria de ser amiga
de alguém SÓ por isso. Por falta de classe, de estilo, de porte, sim, mas POBREZA
mesmo, não, nada a ver! A pessoa mais importante da minha vida era Marta, e
afinal, ela era minha empregada.

- Você ta muito bonita. – ele cedeu e o sorriso deixou de ser sarcástico pra
se tornar um sorriso todo lindo. Aquele menino mudava rápido demais de
tática, ele ia acabar me deixando maluca. Eu já me sentia confusa e ainda nem
tínhamos ido pro tal lugar.

- Obrigada. – saiu mais sem graça do que devia.

Eu era definitivamente mais idiota na frente dele. E eu não gostava nenhum pouco
disso. Era um absurdo.

Jacob P.O.V.

Subi na moto e passei a caixa de torta pra frente do corpo, vi ela se esticando e
tentando ver o que era. Ainda não! - Eu pensei convencido de que, afinal, tinha sido
uma boa idéia. Nem foi tão caro.

Ela tava tão gata que parecia até uma miragem vinda direto de um filme, daqueles
que, bom ou ruim, sempre é salvo pela protagonista, que é BOA demais pra ser real.

- Não tem um capacete? – ela perguntou, tentando ser presunçosa, mas aí eu


puxei a mão dela e enlacei na minha cintura pra ela se segurar em mim e ela
ficou calada na hora, dava pra ouvir o coração dela acelerando às marteladas;
eu contive a risada.

- Não vamos sofrer nenhum acidente, pode ter certeza. – eu disse,


completamente à vontade e ela deve ter aceitado; ficou calada depois disso.

Acelerei por uma estrada de terra assim que sai da rua principal e quis testar até
onde ia a confiança dela, pisei fundo, ela nem pareceu notar a velocidade
aumentando, como se sinceramente não se importasse. MUITO DIFERENTE DA
BELLA, uma parte involuntária em mim fez a comparação. Parte involuntária E
estúpida, porque ainda doía.

Senti Amelie suspirando próximo a minha nuca, quase como se estivesse entediada.
Meus cabelos se arrepiaram maliciosamente e Bella voou pra longe da minha
cabeça como se eu tivesse tomado algum remédio instantâneo contra ela.

No bolso da jaqueta estava o saco com os refrigerantes, que ainda estariam gelados
por causa da baixa temperatura e o pouco tempo que estavam fora do freezer; a
manta estava amarrada atrás do bando e faltava só alguns metros pra gente chegar à
pé quando eu parei a moto e ela desceu com toda aquela classe e equilíbrio que ela
tinha, quase sobre-humanos.

- Vem, falta pouco. – eu falei estendo minha mão, que ela recusou de forma
antipática. Abri um sorriso zombeteiro pra ela e ela fez uma careta olhando a
mata pra onde eu indicava que devíamos seguir.

- Eu não vou entrar aí! – ela disse casualmente de uma forma confiante,
como quem encerra o assunto. Estava sendo pirracenta como eu esperava que
ela fosse. Bem previsível.

Eu sorri pra ela sem me abalar e peguei sua mão em um momento de distração, ela
relaxou instintivamente, mas logo percebeu o que fazia e retirou a mão.

- Ande logo! – ela decidiu ríspida, passando pela minha frente e entrando
onde eu tinha mostrado.

Peguei a manta e a caixa com a torta e a segui, ficando imediatamente a sua frente e
guiando ela até o lado do penhasco onde pretendia leva-la. Ela evitou tocar em mim
como se eu tivesse alguma doença horrível e super contagiosa, mas eu sabia que não
era BEM POR ISSO que ela me evitava, então eu continuei caminhando feliz e
relaxado.

Amelie P.O.V.

Estávamos indo pro meio do mato e era só o que me faltava.

Mesmo que 50% de mim adorasse a idéia de ir parar atraz de uma moita com o
IMBECIL, porem GOSTOSO do Black, a outra metade, que felizmente ainda estava
no controle, achava essa uma idéia bem repulsiva, e considerava que estar em uma
lanchonete vagabunda de beira de estrada seria um negocio, se não melhor, pelo
menos mais SEGURO!

Quase tropecei numa pedra, eu disse QUASE; afinal quem anda em cima de um
Manolo Blahnik desde os 13 anos não sai por ai se jogando no chão por causa de
uma pedrinha.

Dei graças a toda a fixação da minha mãe por sapatos de salto e postura. Tudo o que
eu não preciso agora é me jogar nesse chão pro infeliz achar que tem que me ajudar
a levantar e acabar me tocando e fazendo a outra parte do meu EU entrar no jogo e
me ARRUINAR. Essa coisa ta quase doentia. QUE MORTE! Às vezes os
hormônios são quase tão poderosos quanto as drogas sintéticas.

Porque estou aqui mesmo? Ah, sim, porque Marta fez uma CARA de decepcionada.

Às vezes eu penso se não estou ficando meio manteiga derretida com toda essa
situação de abandono pelas pessoas importantes da minha vida. (Vide, Trace
VAGABA que não me liga nunca!) Lá em casa, eu teria com certeza atirado alguma
coisa nela e escorraçado ela dos meus aposentos se fizesse uma cara dessas. Aqui,
eu simplesmente fico calada, engulo duro e venho parar no meio do MATO,
ACOMPANHADA.

Já dava pra ver a borda da floresta, devíamos estar chegando ao descampadozinho


onde aquela COISA queria me levar. Como eu tinha uma boa media nas aulas de
atletismo do meu colégio e como eu obviamente trouxe spray de pimenta, não me
senti nada amedrontada. É claro, nunca ia admitir que, na verdade, não senti medo
porque se ele me agarrasse mesmo eu dificilmente gritaria!

E aí, todos os pensamentos triviais deixaram a minha cabeça no momento em que


passei pela ultima arvore e olhei para frente. EU ESTAVA NO TOPO DO MUNDO,
e não, NÃO ERA O TITANIC.

Jacob P.O.V.

Eu vi o beiço emburrado de Amelie durante todo o caminho, mas eu não iria


provoca-la, estava me segurando e tinha certeza que assim que nós chegássemos ao
penhasco isso mudaria. O que eu ia mostrar a ela eu duvido que ela tivesse visto lá
na Califórnia, tão amada por ela. O que eu ia mostrar à ela nenhum dos cartões sem
limites de credito que ela devia ter, comprariam.

Não era só porque eu senti o clima mais quente hoje e sabia que estávamos em um
dia perfeito pra apreciar o por do sol rosa e roxo que descia o penhasco agora, que
eu a trouxe aqui, nesse ponto tão extremo e fascinante.

Eu a trouxe aqui pra que ela se sentisse como eu me sentia quando olhava pra esse
por do sol e a vista que ele proporcionava. Pequeno diante do mundo, pequeno
diante da imensidão e da perfeição da natureza, um homem comum e não um lobo,
um homem tão comum como qualquer outro e que merecia felicidade como
qualquer ser vivo no mundo. Ela era prepotente e mimada o suficiente pra precisar
desse tipo de choque. Isso faria bem a ela. E ela faria bem a mim. E talvez duas
metades pudessem não mais existir separadas e distantes, talvez a solidão acabasse.

Percebi que minha mente estava me pregando peças de novo e me deixando


devanear mais do que era seguro. Olhei pra garota a minha frente que estava
sofrendo o mesmo impacto que eu, naquele momento, com um pouco mais de
intensidade, já que eu conhecia bem aquele lugar e o que ele fazia com agente. Ela
estava tão linda com o vento a agitar os cabelos cor de mel, eu contive a vontade de
abraça-la como quem contem a vontade de matar a sede.

Estendi a manta aos meus pés sem interromper os pensamentos dela e fazendo o
mínimo de barulho. Coloquei os refrigerantes e a caixa com a torta num canto em
cima, de qualquer jeito. O vento soprou com um pouco mais de força e ela tremeu
de frio.

Amelie P.O.V.

Serio! Aquilo era lindo de um jeito fora do comum. Eu tinha muitos diamantes
DeBeers na minha caixinha de jóias, mas nem eles tinham uma beleza daquelas.

O penhasco poderoso e acinzentado, a vista do mar de um azul escuro e igualmente


cinza, até mesmo as outras arvores ao longe, nem pareciam ser verdes, como se tudo
estivesse em preto e branco de repente.

E aí, aquele céu, aquela imensidão cor de rosa, se arroxeando nas bordas e
contornando as nuvens; lutando pra sair por elas, sem conseguir e provocando
aquela aura magnífica.

Não sentia meus pés no chão, não sentia ninguém ao meu lado, eu só sentia o vazio
imenso de insignificância que era EU ali, só uma humana qualquer diante daquele
precipício todo, de beleza imponente.

O vento açoitou meu rosto como um tapa e uma lagrima desceu na minha bochecha
sem que eu percebesse que meus olhos se enchiam de água. Era tão frio, mas era tão
bom. Só não era melhor do que aconteceu em seguida.

Aqueles braços quentes e imensos me abraçaram por traz envolvendo meus ombros
e fazendo o espasmo ir embora rápido demais pra trazer algumas borboletas ao meu
estomago. Não tive nenhuma vontade de xinga-lo.
Eu não era mais Eu ali, eu não era mais nada, era RECONFORTANTE. Como se
nenhum problema fosse grande o suficiente, importante o suficiente, como se meu
mundo de antes, não fosse sequer um mundo real e de repente o real era ali, naquele
momento aterrorizante e mesmo assim tão doce, naqueles braços inumanamente
quentes e aquele cheiro ideal de mais pra ser sano.

Eu tive muito medo.

- Dói muito ser só! – aquilo estava saindo da minha boca?

- Você não precisa ser só! – eu estava sendo respondida?

Não poderia ser assim tão incontrolável, eu fechei os olhos e tentei não aspirara o
cheiro dele, aproveitando quando o vento bateu de novo, tentando me afastar e
voltar à realidade que eu conhecia. Antes que eu me mexesse mais ele parecia já ter
entendido bem mais que eu e me soltado. Foi como ter todo o frio de novo. Dessa
vez eu pude segurar o arrepio e impedir que ele visse.

Precisava voltar a agir como uma pessoa que não estivesse em estado de choque e
parar de me envergonhar MAIS.

Porque o sorriso nos lábios dele era tão carinhoso e receptivo? Tão cheio de
COMPREENSÃO? Como estar sonhando... ACORDA AMELIE WEELOW.

- A Srtª me daria a honra de se juntar a mim nessa humilde manta. – ele


acenou pra um quadrado de pano que parecia felpudo e confortável e que ele
estendeu no chão sem que eu visse.

Eu não conseguia ligar o modulo Srtª Weelow; tava tentando com muita força dar
uma má resposta, até corroia a minha garganta, mas NADA, nadinha, eu estava
MUDA e abobalhada.

E ele não foi petulante me chamando de Srtª, era uma gracinha sim, mais soou
exatamente FOFA.

AMELIE, minha filha! Se mata.


VOCÊ TÁ PERDIDA.

- Você é muito bobo, Black. – eu tentei acusar, falhando miseravelmente.

- Um bobo BOM ou um bobo RUIM? – ele deu um sorrisinho malicioso.

Eu franzi a testa, mas ainda lerda demais.

- Senta aí. Eu comprei uma torta pra gente, você gosta de chocolate com
avelã? Parecia a mais gostosa quando eu fui escolher. – ele coçou a cabeça,
um tanto constrangido, vulnerável, eu diria.

- Você me trouxe uma torta, Black? Eu pensei que fossemos ser


“amiguinhos”. - Isso aí Amelie, você consegue voltar a si garota, eu pensei
confiante.

- Amigos não podem tomar um refrigerante e comer um doce? – ele


arqueou a sobrancelha decidido.

“Não em um lugar assim, a menos que você queira ser agarrado”, eu só pensei,
lógico. Ai eu tive um insight, claro que era tudo de propósito!!! CAFAGESTE. E eu
aqui caindo melosa e toda impressionada como se fosse uma das caipiras que ele
deve trazer aos montes aqui em cima pra dar uns amassos.

- Planejou tudo isso, não foi Black?! – eu até apontei o dedo pra ele.
- Me chame de Jacob, por favor. – ele olhou nos meus olhos com
sinceridade. Vulnerável de novo. E ai disse assim todo calmo.– É claro que eu
planejei... Conversa, comida, lugar agradável; AMIGOS, lembra?

E ele abriu o sorriso máster, aquele sorrisão que ele tinha e que daria à ele um
contrato para campanha de pasta de dente se ele não se ESCONDESSE, em vez de
MORAR.

Jacob P.O.V.
Eu odiava quando ela ficava me chamando de Black, parece que isso ajudava ela a
encanar o personagem de paty metida que ela insistia em vender por ai como sendo
ELA. Eu sabia que não era. Eu vi naquele dia na floresta que “o buraco era mais
embaixo”, eu vi naquela varanda no dia de natal e eu pude ver agora assim que ela
olhou a vista a sua frente e escondeu os olhos cheios de água.

Não podia negar que gostava e muito do jeito afetado dela perto de mim. Toda se
contendo pra não encostar ou olhar muito pro meu corpo, as garotas não
costumavam ser assim comigo, a única que me deu muita moral foi a Bella, lá
naquela época onde eu era só um pirralho, e ela nem tava interessada em mim e sim
nas INFORMAÇÕES que eu tinha pra ela. Umpff. Traidora.

Desde que eu passei pela primeira transformação, no entanto, a coisa mudou de


figura. Só as garotas de lobos não me olhavam com olhos reluzentes. Fui até bem
assediado nessa reserva e lá na oficina, você passa por cada coisa que nem acredita,
o que tem de mulher desesperada por aí é uma loucura! Elas realmente metem a
mão se você der bobeira. Os meus pouco mais de dois metros de músculo, pele e
osso pareciam mesmo atrativos para elas.

Eu não via nada disso e nem me importava, mas Quil e meu pai marcaram tantos
jantares “em meu beneficio” que eu acabei me dando conta de que isso não se devia
só ao fato deles serem insistentes com elas, elas queriam que eu as notasse.

Não que eu agora me achasse, depois de descobrir isso, não mesmo; Agora mesmo,
enquanto entrego um refrigerante pra Amelie e pego a torta para dividirmos, eu olho
pra ela atentamente e posso ver que uma garota assim não deveria se render a mim
do jeito que, às vezes parece que ela está se rendendo.

E aí talvez eu tenha um pouco de sorte, no final das contas!

Amelie P.O.V.

Jacob me entregou um refrigerantesinho de quinta, que com certeza não era diet,
mas que pelo menos não estava quente, porque fala serio, que refrigerante quente é
a morte mesmo nesse friozinho.
E o infeliz acertou sem nenhuma noção da real que torta de avelã com chocolate é o
terror de todas as minhas tentativas de perder “aqueles três quilos assassinos de
sempre”.

- Assim é que eu nunca vou conseguir perder os três quilos!

Eu bufei enquanto ele me entregava um garfinho de plástico (pobreza total) e agente


comia direto da embalagem; o que pras caipiras daqui devia ser o auge do
romantismo, mas que para mim não passava de uma atitude anormal e um pouco
nojenta. Como já dito anteriormente eu nunca tinha dividido nem uma barrinha de
cereal e eu não pretendia continuar com essa coisa de divisão.

- Você é loca, não é? – ele se dobrou de rir, relinchava até, de tanto que ria.
– O que você quer perder aí? – ele gesticulou pro meu corpo. – alguns MLs
de silicone? – ele disse todo abusado.

Cobri meus peitos que já estavam cobertos, com os meus braços e fechei a cara pra
ele.

- São naturais, ta bom! – eu fiz uma cara assassina pra ele de “Comenta
mais pra ver se não morre”. O imbecil levantou as mãos se rendendo.

- É muito boa. – eu concedi, enquanto comia mais torta.

- Pois é, é de uma confeitaria de Port Angels, eu nunca tinha ido lá. Tem
um nome francês esquisito. – ele tava acabando com tudo. Cavalheirismo
zero. Parecia que a torta de chocolate com avelã tinha conquistado mais um
fã.

- Caracas, ta frio. – eu tremi, tava mesmo, talvez agora ele me oferecesse a


jaqueta dele em um rompante de civilidade.

- Vem cá que eu te esquento. – ele disse muito naturalmente.

Foi a minha vez de rir e eu assumo que tava rindo tanto que até parecia uma hiena
louca.
- Fica sonhando, querido. – eu levantei uma sobrancelha.

- To falando sério! – ele colocou a mão na minha bochecha. Quente de 40


graus pra cima, aquele cara tava sempre morrendo de febre.

- É, eu tinha esquecido que você é todo ESQUENTADINHO. – eu gozei.

- Viu, foi na melhor das intenções. Você que viu maldade. – ele fez uma cara de
inocência que não convenceria nem um cego.

- Porque você é tão quente? – eu atirei.

Por um momento algo perscrutou os seus olhos e aí ele deu de ombros logo depois,
quase como se eu pudesse estar imaginando aquele lapso.

- É de família. – ele riu, parecendo sincero.

- E a Bella, também é da família? – eu perguntei, me lembrando de que ele


tinha me chamado de Bella quando eu pensava que ele fosse um anjo, naquele
incidente lamentável da "fuga rumo a floresta".

Jacob P.O.V.

Era numa hora dessas que ter a audição ruim seria um alivio imenso, ela disse...
Bella, com todas as letras e sem engano.

A próxima coisa que eu percebi foi o meu pulo pra fora da manta, me colocando
bem longe dela, sem muito controle dos pensamentos que me envolviam.

Não que eu estivesse tremendo nem nada disso, essa parte de mim eu controlava
muito bem, mas os meus músculos estavam rijos e os meus punhos serrados só pelo
habito; como se selando a fera dentro de mim eu pudesse selar também as
memórias.

“E a Bella, também é da família?” – Ela não perguntou por mal, deve ter se
lembrado e despejou. Porque, é claro, eu chamei ela de Bella naquele dia na
floresta. Jacob, sua anta.

E agora aquilo não saia de mim, era como um eco dos infernos: “E a Bella, também
é da família?”

Amelie P.O.V.

Eu pisquei e perdi o movimento dele. Se afastou de mim, levantando da manta e se


colocando de pé imediatamente. Sua expressão era uma mascara altiva e ao mesmo
tempo totalmente impessoal, não dava pra subentender nada dali. Ele estava tão
tenso que eu podia sentir o ar se adensando. O QUE EU FIZ?

Os olhos, as únicas coisas que ainda pareciam ser do mesmo Jacob que estava
conversando e rindo há dois minutos atraz, eles eram como os olhos de um animal
acuado; tão mais que medo passou por ali, que era uma dor, que eu não tinha direito
de chamar de dor, porque eu não conhecia um sentimento como aquele.

Nem parei para reparar que ele estava assustador naquela posição e daquela
maneira, avancei até ele e o abracei pela cintura encostando minha bochecha em seu
tórax.

- Vai ficar tudo bem. – eu murmurei, contendo minha repentina e bizarra


vontade de chorar o que ele estava engasgado demais pra chorar por ele
mesmo.

Minha atitude pareceu despertá-lo, mas não, traze-lo de volta. Ele afagou o meu
cabelo, mas não me abraçou de volta, e, MEU DEUS O QUE EU TO FAZENDO,
PORQUE EU AINDA NÃO O SOLTEI?!!!
- Me desculpe. – eu parecia incapaz de parar a minha boca idiota. FICA
CALADA!

Ele beijou o alto da minha cabeça ainda sem falar nada. Estava me assustando
muito, mesmo. Nem tanto porque parecia um louco E desvairado, mas porque eu
não queria que ele ficasse naquele estado. Aquilo de algum jeito me machucava
também. Apertei o abraço e me aninhei no peito quente e largo.

- Acho que te devo uma explicação. – ele parecia melhor, e EU


CONTINUEI ALI MESMO ASSIM. ME ASSASSINA!!!

- Não precisa dizer nada. - assegurei.

- Obrigado. – ele disse tão aliviado que eu até abri um sorriso pra ele,
levantando minha cabeça para olha-o nos olhos. Eles estavam mais naturais
agora.

- Uma mão lava a outra e duas fazem guerrinha. – eu citei o que a Trace
vivia me dizendo e aí não pude evitar de me sentir mal com isso. Ele
percebeu.

- O que foi? – ele disse de maneira doce e singela, tentando não invadir.

- Eu sinto falta da minha amiga, Trace... – e abaixei a cabeça com vergonha.


– ela nunca mais me ligou! – admiti fazendo uma careta.

Incrivelmente um bolo saiu pela minha garganta junto com essa pequena confissão
como se falar com ele tivesse me feito bem. Talvez eu pudesse exercitar isso, como
numa terapia. Só que gratuita e com um terapeuta sem habilitação necessária. VIVA
A POBREZA!
Jacob P.O.V.

Eu sabia que a estava assustando assim que algum raciocínio logico chegou até o
meu cérebro quebrado.
No entanto, ela não correu e nem tentou se afastar de mim, não fez nenhuma cara de
“olha o que esse louco está fazendo!”, não me julgou. Amelie foi até mim e me
abraçou pela cintura como se fosse uma criança tentando consolar um adulto e isso
foi tão Bella, ou pelo menos, a Bella minha amiga, pré-retorno-do-sanguessuga; na
época em que eu ainda era importante pra ela.
- Vai ficar tudo bem. – ela apenas murmurou. Aquilo teve um efeito imediato em
mim.

Era tudo tão estranho. A forma como Amelie chegou em minha vida, o sofrimento e
a solidão daquela figura encolhida na floresta, do mesmo modo como Bella um dia;
como se fosse uma repetição, uma segunda chance tão obvia que eu tive medo de
estar ali com ela e ser rejeitado outra vez. Afaguei seu cabelo, sentindo aquele seu
cheiro sempre convidativo à mim. Desde o primeiro instante.

– Me desculpe. – ela disse com uma voz ainda menor.

Precisava voltar ao normal logo, eu a estava deixando culpada e a culpa não era
dela, de forma alguma. Beijei sua cabeça, ainda sem me obrigar a prosseguir.
Mas eu precisava, precisava me explicar.

– Acho que te devo uma explicação. - Bom Jacob, muito bom, agora só precisa
dizer isso parecendo homem.

– Não precisa dizer nada. - ela foi firme. Eu quase suspirei de alivio. Eu não ia
conseguir mesmo e só ia ficar me martirizando por ser um bosta.

– Obrigado. - minha voz entregava completamente minha situação lamentável.

Ela sorriu pra mim e olhou-me nos olhos toda sincera e linda, principalmente linda.

– Uma mão lava a outra e duas fazem guerrinha. - ela citou toda feliz e de repente
sua expressão mudou, havia dor nela.

– O que foi? - eu não consegui deixar passar. Ela triste me deixava triste também.
– Eu sinto falta da minha amiga, Trace... – ela abaixou a cabeça, pelo menos disse,
era mais corajosa do que eu. Estava se expondo totalmente agora. – ela nunca
mais me ligou! – admitiu.

E eu pude ver quando ela fez careta pra isso. Não me contive e a abracei forte,
tirando-a do chão, fazendo ela se apoiar nos meus ombros.

– Eu vou estar aqui se você me quiser, TODOS OS DIAS. - eu disse olhando nos
seus olhos, que agora estavam no mesmo nível dos meus. - Se ela é mesmo sua
amiga, ela vai ligar logo. Não se deixa uma amiga como você ir embora! - eu
prometi.

Ela sorriu um sorriso enorme pra mim e tão infantil que não parecia a Srtª
Weelow, e nem a Amelie que eu conheci nos seus momentos de fraqueza. Era
uma nova e melhorada Amelie, Pensei se seria essa a sua verdadeira face.

– Me chame de Mily! - ela concedeu.

– Mily. - eu repeti experimentando o nome em minha boca. - Eu sou o Jake. -


Falei, enquanto colocava ela no chão e estirava minha mão pra nos
cumprimentarmos como se fosse a primeira vez que nos víamos, e de certa forma
era.

– Muito prazer Jake. - ela entrou fácil na brincadeira.

Puxei sua mão e a conduzi até a manta. Ela foi sem reclamar. Aninhei ela em meu
peito sentando ela de costas pra mim pra esquentar ela melhor, abraçando os
ombros; ela ainda estava com frio.

Me pus a pensar sobre isso, sobre ela, EU e ELA, mas especificamente.

Eu estava tão empolgado por finalmente reparar em outra garota e notar que ela
precisava de um “ombro amigo” que eu nem sequer me perguntei o que seria
realmente melhor. Amelie mesmo havia dito que ficaria o minimo possível em La
Push, talvez eu não devesse intervir nisso, talvez eu devesse me manter distante de
maiores problemas e decepções.

“Quando você não possui nada, não pode perder nada”.

Covarde,, eu sei, muito covarde, mas eu já me sentia muito envolvido com essa
garota, seu cheiro, seus modos sempre imprevisíveis, sua forma absoluta de se
entregar ao momento quando finalmente decidia ceder.

Não era mais seguro. E se acabasse? Se ela fosse embora como queria, se fosse o
melhor pra ela, afinal? Como EU ficaria nessa historia. Era melhor pegar leve com
isso e esquecer essa estupidez de tentar conquista-la.
Ela se ajeitou em mim, quase ronronando de satisfação. Assim seria difícil, muito
difícil.

Amelie P.O.V.

Nunca antes me senti mais em casa do que naquele momento, naquele lugar irreal,
aninhada no muro de músculos e calor que era o Black, OPS, Jake, devo dizer
agora.

E sim, ele venceu! Me sinto feliz com isso. Era simplesmente o cara mais
interessante e perfeito que eu já tive por perto e não , ele não usava pasta de
executivo LV e nem sapatos de couro italiano feitos a mão, mas ele ARRASAVA.
Eu admito e desisti de lutar contra a minha parte que deseja arduamente que ele me
agarre. Na verdade a luta agora tá mais pra me privar de agarra-lo agora mesmo,
porque, eu acho que ainda me sobrou algum orgulho.

O céu escurecia e ficava mais roxo a cada segundo, tão profundo e tão ideal, nem o
shopping tinha me feito mais bem, e olha que era o meu lugar favorito em casa, nem
meu quarto eu amava mais do que amava o shopping. E agora eu amava isso aqui.

O cheiro amadeirado de Jake entrava em mim a cada respiração, parecia até que
meus sentidos tinham se aguçado, nunca reparei tanto no perfume de alguem e olha
que eu convivi com pessoas que usavam de Chanel nº5 à Carolina Herrera For Man.

Que colonia será que ele usava? Me virei pra perguntar e estávamos perto demais,
choque instantâneo e eu GELEI TOTAL.

Ele tinha aqueles olhos negros tão expressivos que agora se perdiam completamente
nos meus, estávamos nos aproximando sem que percebêssemos isso. Perigoso,
muito perigoso, eu fechei meus olhos sem me controlar.

O nariz dele tocou o meu. Sabia que o estava chamando pra mim, meu lábios se
entreabrindo.

Jake roçou a ponta de seu nariz no meu, experimentando, circulando, e então com
um suspiro estrangulado ele subiu em vez de descer e me beijou na TESTA. Fiquei
ainda mais gelada, porque aquilo foi um literal e imenso balde de agua fria. Talvez
ele não estivesse assim tão afim de você, Amelie, sua CONVENCIDA.

– Preciso te levar pra casa, está anoitecendo. - ele começou a nos levantar, ainda
juntos. Eu me desvencilhei dele ainda magoada pela rejeição. - Marta pode estar
preocupada. - ATÉ PARECE!
– Ahan. - foi tudo o que saiu da minha boca. Super xoxo, eu sei. Mas o que eu
devia fazer? Pular nele? Eu ainda tinha um restinho de dignidade.

O caminho de volta pareceu infinitamente menor, talvez porque agora eu não me


sentia obrigada a nada. Fiquei pensando em como encararia a cara presumida da
Marta, sendo que no final, ela tinha razão, e eu gostei do encontro. Quer dizer,
foi tudo ótimo até o momento em que ele não quis me beijar. O que acontece,
afinal? Eu tinha ficado com torta nos dentes?

– E então... - ele coçou a cabeça todo sem jeito quando tava parado na porta de
casa.

– Até mais AMIGO! - eu usei um pouco de sarcasmo, admito. Ele sorriu. O sorriso
me desarmou e eu o peguei de surpresa ficando na ponta dos pés e roubando um
selinho.

Fiz um sorriso presunçoso e sai dando tchau pra ele, mexendo só os meus dedos e
ajeitando meu cabelo. Nem jogo charme! Quando entrei Marta estava com uma
panela enorme no colo enquanto mexia uma coisa que me pareceu o inicio de um
creme para bombas, um dos meus doces preferidos. Ela nem fez uma cara tão
convencida quando me viu entrar de bom humor. Apenas continuou mexendo e
disse:

– Tem uma caixa pra você em cima da cama. O rapaz que entregou não sabia o que
era mas garantiu que tinha um cartão. Veio junto com essas flores. - ela acenou
pra um ramalhete de orquídeas caríssimo e maravilhoso que , com certeza, não
foi comprado no fim do mundo.

Meu sorriso cresceu e eu corri para o quarto.

P.O.V. da Kim

– Jared, você vai acordar os meus... pais... AMOR... - eu tentava tirar o meu, lindo,
sexy e perfeito namorado de cima de mim sem convicção suficiente para que ele
realmente saísse.

É claro que não ajudava muito o jeito que ele estava, todos aqueles músculos
com os quais eu já devia ter me acostumado, expostos sem pudor.
– Só mais um pouquinho... vai Kimyzinha... - ele me olhava com aqueles olhos
pidões de cachorro sem dono. Mas esse tinha dona, ah se tinha!

– Não, não... - eu tentei muito não sorrir e me arrepiar quando as mãos quentes
dele foram pra debaixo do meu pijama e falhei miseravelmente, claro.

– Não, Jared, é serio. - eu consegui forças pra empurra-lo falando mais seria dessa
vez.

– Ah, eu não vejo a hora de me casar logo com você! - ele jogou os braços pra
cima, deixando a cama e me olhando exasperado. - Aí eu não vou precisar ficar
me esgueirando como um ladrão na sua janela toda noite pra ter o que é MEU. -
ele disse sério, olhando nos meus olhos e me derretendo igual manteiga no sol;
ele QUASE me convencia. E ele não era nenhum pouco possessivo, que isso!

– A faculdade primeiro amor, a faculdade primeiro. - eu o reprimi e ele torceu sua


expressão e quase fez uma careta, mas aí ele me encarou nos olhos outra vez e a
careta sumiu pra dar lugar àquele olhar que eu sabia ser só pra mim. Um olhar de
um servo ao seu Deus. Avançou até mim e me deu um ultimo beijo antes de pular
minha janela e cair já como lobo.

Ele nem trazia mais a bermuda e era por essa e por outras que eu tinha de
controla-lo e fazer ele voltar a realidade de que eu ainda estava no colégio e
ainda morava com os meus pais. Mas sabe, eu amava tanto aquele garoto-lobo
que não chegava a me importar com essa vida bandida que agente levava. Era até
exitante, pra falar a verdade.

Eu nunca fui a garota descolada da escola e nunca fui a que se meteu em


encrencas e arranjou documentos falsos pra sair de noite; com Jared eu
extravasava todas as minhas faces e isso me fazia bem. Totalmente sem
repressão. Estava mais segura com ele do que estive no útero da minha mãe, com
certeza, confiava minha vida à ele de olhos fechados.

O IMPRINTING é uma pista de duas mãos, com certeza. Eu sabia, Emily sabia,
Rachel sabia e acho que até a pequena Claire, poderia imaginar ao seu próprio
jeito.

Hoje, no entanto, eu precisava deixar a minha mente vagar pra outro ponto que não
fosse o único amor da minha vida, e por mais difícil que fosse, eu deveria fazer um
esforço porque eu tinha uma tarefa muito importante à cumprir; a organização da
festa de despedida de solteiro da Emily, a primeira de nós a se amarrar
OFICIALMENTE.

A irmã dela, Kelly, mãe da Claire, era a madrinha; mas só viria na véspera do
casamento então não podia se encarregar de nada. Leah era a dama de honra mór e
eu era como uma segunda dama de honra, mas como Leah não estava nem um
pouco inclinada a trabalhar por isso e depois da pegação dela com o Embry, seria
um grande feito se ela vestisse um vestido por algumas horas pra comparecer à
cerimonia, caiu tudo em cima de mim, a Kim, “ pau pra toda obra”.
Eu não poderia deixar que Emily se reunisse com algumas seis garotas e visse um
filme clichê na TV, então, eu iria à luta. Sam era o melhor amigo de Jared e Emily
sempre havia me tratado muito bem e me ajudado muito com essa coisa do
IMPRINTING. Eu tinha mesmo que fazer alguma coisa boa, e eu sabia que
precisaria de ajuda.

Ia ligar pra Rachel e ver se ela me ajudava, com certeza por já ter ido a faculdade,
ela conhecia mais sobre festas do que eu. Ela com certeza não se oporia ao
programa se Paul tivesse deixado ela dormir a noite; porque esses garotos não
precisam de muito descanso e aí acham que agente também não precisa, somos
meras humanas, eles tem que tomar ciência disso.

Não que eu estivesse realmente fazendo uma queixa, e duvido que a Rach se queixe
também, mas esse é o espirito, quando você precisa estar plenamente descansada
pra organizar toda uma despedida de solteiro do nada.
Me lembrei da tal Amelie, talvez ela tivesse ainda mais idéias do que a Rach, afinal,
ela veio lá da Califórnia e pelo que o Jared disse ela teve problemas por ser festeira
e por isso a trouxeram pra cá, o Sam contou a ele na ronda. Ela foi simpática o
suficiente na festa pra que eu cogitasse ligar pra ela e pedir umas dicas, que fosse. È,
talvez eu ligasse mesmo.

E do jeito que ela estava recusando o Jacob, ELA com certeza dormiu bem a noite.

Amelie P.O.V.

Eu amo o Tio Oliver, ai, eu AMO, AMO, AMO, o Tio Oliver. Ele é minha alma
gemia nesse mundo. Ele é fantástico e perfeito e pelo que parece é a única pessoa da
minha família desnaturada que lembra que eu existo.

Claro que quando eu vi aquelas orquídeas eu soube de quem era o presente, ele
sempre manda orquídeas pra mim, desde quando eu era pequena demais pra aprecia-
las. Na caixa o que eu encontrei? Simplesmente um casaco-sobretudo de pele de
chinchila tão sem palavras de incrível que me veio lagrimas aos olhos. Aquilo devia
ter custado mais que o preço de um carro popular.

Foi quando eu percebi que aquele não era bem o presente, Tio Oliver deve te-lo
mandado só por saber que Washington congela literalmente, porque aninhado
naquela pela maravilhosa pele, estava uma caixa de veludo preta, de uns 15 por 15
centímetros e eu tive que controlar a minha respiração ofegante enquanto abria e via
a seda preta e o brasão da DeBeers antes de olhar lá dentro e dar de cara com um
colar sem palavras de perfeição. Um rubi gigantesco em forma de coração era
sustentado por brilhantes e fios de ouro branco em uma corrente. Era tão, tão, tão
Oliver.

Acho que eu já disso que amo o meu tio, não é? TALVEZ EU DEVESSE BERRAR
ISSO!!!

Peguei o cartão e lá estava aquele papel de pergaminho caro e fino e aquela


caligrafia perfeita que parecia ter sido aprendida em outro seculo.

Para a minha garotinha, com os votos de que esteja bem e feliz, do seu eterno
escravo.
Oliver

Coloquei o casaco na hora e fui correndo até a Marta para que ela pusesse o colar
em mim. Eu sei que parecia ter dois anos pulando e rindo daquele jeito mas alguem
ainda se lembrava de mim, alguem ainda me amava, minha família não tinha me
abandonado, pelo menos não o meu DINDO. Eu precisava escrever pra ele
agradecendo, não, melhor, ligar pra ele. Ah, como eu queria vê-lo. Ah, como eu
sentia sua falta.

Jacob P.O.V.

Mily tinha esquecido o cachecol comigo, não sei exatamente quando ela o enrolou
no acelerador da moto, mais tudo bem. Me senti tentado em ficar com ele, tinha o
cheiro dela impregnado como uma fonte permanente de alucinações pra mim. Mas
ai pensei que talvez ela precisasse, ela sentia frio longe de mim, e aí eu estava
voltando pra devolver.
Toquei a campainha e esperei só um pouco. Ela mesma veio abrir a porta. Tinha um
brilho infantil e alucinante nos olhos e sorriu pra mim como se nada pudesse apagar
seu sorriso.
E então aquele cheiro me invadiu, me curvei pra frente e varri todo o meu campo de
visão atrás do sanguessuga nojento. O que parecia impossível aconteceu, ela
congelou o riso em uma careta. Eu passei ela pra traz de mim, protetoralmente. Ela
estava lá congelada enquanto eu me dividia entre a vontade de entrar em fase e de
protege-la, esperando o melhor momento pra fazer as duas coisas juntas.

– Jake, me solta. - ela finalmente conseguiu protestar.


– Tem alguem na casa. - eu sibilei ainda em alerta.
– Claro idiota, eu e Marta estamos na casa, e agora você tam...

Eu a calei com um olhar de repreensão, ela arregalou os olhos verdadeiramente


assustada agora, mais que antes.

– Ai. - ela choramingou, tentando se livrar do meu aperto em seu pulso.

Larguei ela imediatamente antes que a machucasse e aí ela passou por mim
cambaleando e eu finalmente entendi quando a vi de fato. Ela estava vestindo um
longo casaco de pele e o cheiro intenso de vampiro vinha diretamente dali. Não
estávamos sobre ataque. Relaxei um pouco e voltei a uma posição normal. Meu
senho ainda franzido e meu punho ainda esmagava a palama da minha mão. Ela
tinha umas coisas pra me explicar.

– O que é isso? - praticamente rosnei para o casaco, aquilo era muito estranho.
– É um casaco de pele, imbecil! O que achou que fosse? Um animal de verdade? -
ela me olhava sentida.
– Onde conseguiu isso? - continuei sendo objetivo, aquilo era serio, não tinha
tempo pra ser educado e ter frescuras.
– Eu não “consegui” nada, o que acha que EU SOU? Tá sugerindo que...
– Você entendeu! - eu cocei a nuca impaciente e tentei baixar o tom de voz a muito
custo.
– Meu tio mandou pra mim de Natal. - Ela empinou o nariz toda altiva.
– Que tio é esse? - aquilo cheirava cada vez pior, e eu não tava falando do casaco
que agora eu percebia que tinha um rastro não tão fresco. O vampiro que pegou
nele deve ter tocado a pele a uns bons dias.
– Olha, Black, eu não te devo nenhuma satisfação, você está me irritando, saia da
minha casa! - ela cuspiu furiosa. Eu me ressenti quando ela me chamou pelo
sobrenome, achei que já tínhamos pulado essa pagina.
– Agora eu sou Balck de novo é? - perguntei deixando a amargura vazar pela
minha voz.

Ela ficou muda e parou de me olhar com raiva.

– Me diz aí, quem é esse seu tio? - eu tentei o máximo de diplomacia. Ela fez um
beicinho mas parecia que ia ceder.
– Ele não me deu só o casaco. - ela cantarolou feliz, voltando a alegria de antes do
meu pequeno lapso em reação ao cheiro de sanguessuga. Percebi que ela
estufava os seios fartos e vi o que ela exibia. Era um rubi em forma de coração,
quase do tamanho do punho da Claire.
– E... - eu incentivei.
– Ele é meu padrinho. Tio Oliver. - ela falou com uma adoração que me irritou
profundamente.

Amelie P.O.V.

Desde o inicio eu achei o Jake, ESTRANHO, mas tudo bem porque nós NÃO nos
conhecemos nas ocasiões mais NORMAIS e em metade delas eu não estava em
meu juízo perfeito. Tudo bem né, MAS O QUE TINHA SIDO TUDO AQUILO? E
que interesse doentio era esse pelo meu tio?

Ele pareceu verdadeiramente perturbado e eu tive medo dele, eu tive PAVOR da


expressão que ele fez quando praticamente esmagou o meu pulso.

Eu, burra, tinha ficado toda feliz quando vi ele lá na porta, o meu mundo parecia
completo com meu casaco, meu novo colar e aquele homem lindo olhando pra
mim, e aí, toda aquela pasmaceira acontece.
Francamente, eu estou mesmo num fim de mundo coexistindo com SELVAGENS.

– Olha, Black, eu não te devo nenhuma satisfação, você está me irritando, saia da
minha casa! - eu fui bem direta, se era pra ele começar a me ofender e ser tão
estupido comigo, eu não precisava daquilo.
– Agora eu sou Black de novo é? - ele saiu daquela posição bizarra e meio curvada
que ele tinha estado todo o tempo e seus olhos eram tristes e limpos. Os mesmos
olhos que me olharam no penhasco. Eu não consegui destrata-lo mais.

– Me diz aí, quem é esse seu tio? - pelo menos ele tava sendo normal de novo. Não
achei que tivesse problemas falar sobre o Tio Oliver, afinal, ele era meu DINDO
e fazia parte da minha vida e já que Jake agora estava sendo meu “amigo”
poderia saber sobre isso.

– Ele não me deu só o casaco. - me gabei sem me conter. A alegria dos meus
presentes me tomando de novo, a alegria de ser amada e aceita.

– e... - ele deu de ombros. Idiota, não tinha classe o suficiente pra perceber o
quanto eram preciosos.

– Ele é meu padrinho. Tio Oliver. - disse, simplesmente. Ele franziu um pouco
mais a testa e eu mandei um olhar de aviso pra ele. Não era seguro falar nada de
mal do meu DINDO perto de mim. Eu o defenderia com unhas e dentes.

- Quem costuma fazer esse tipo de compras pro seu tio? - ele perguntou profissional
demais.

Eu sorri presunçosa. Eu sabia bem essa resposta e ela era meu orgulho pessoal.

- O dindo nunca deixa que outros comprem os meus presentes, ele os envia pela
mão de alguem mas ele mesmo os escolhe pessoalmente, desde que eu nasci.

- Quantos anos seu padrinho tem? - ele se sentou no sofá e eu fui me sentar na
poltrona envolvida na minha pele de chinchila mais que perfeita.

- Não sei, uns 35 anos, eu acho... - dei um sorriso me lembrando dele, tão lindo o
meu Dindo, parecia um deus com seus cabelos louro-mel cortados bem curtos e seus
olhos castanhos escuros e perspicazes. A pessoa que mais me entendia em todo o
mundo -

- Ele nunca parece mais velho, é sempre elegante e distinto, mesmo que tivesse uns
50 anos eu duvido que ele aparentasse essa idade. - eu falei com sinceridade. Jacob
parecia ter levado um tapa na cara. Esse garoto era doido de verdade, coitado.
Precisava de uma ajuda.

- O seu Tio é bem pálido, as vezes ele tem olheiras arroxeadas em volta dos olhos e
o aperto de mão dele é sempre frio? - ele me perguntou assim na lata.

- Como você sabe disso? - eu olhei pra ele incrédula. Eu hein!

- FUCK*** GOD, que PO**** ...

- Ei, não fale palavrões, é vulgar!- ele me desconcentrou totalmente quando


levantou de um salto do sofá e começou a chiangar todos os nomes feios que
conhecia.

O telefone tocou e eu não dei atenção porque ele tinha que me responder como é
que ele conhecia o meu tio, de onde e de que jeito, mas aí a Marta, inútil, gritou que
era pra mim atender e eu fui batendo o pé enquanto o infeliz do Jacob ficava me
olhando com uma expressão mais estranha do que todo esse episodio estranho.

Jacob P.O.V.

Eu ainda tava lá parado igual a um poste sem que o neurônio Tico conseguisse
assimilar o que o Teco tinha descoberto. PUTA QUE PARIU! O padrinho dela era
uma sanguessuga?

Eu sabia que isso era serio, que tinha que sair dali e ir até o Sam contar tudo e tal,
porque vai saber se ele aparece por aqui? Não podemos deixar vampiros entrarem
em La Push. Mas minha mente não estava trabalhando por esse lado. Não mesmo.

Qual é o problema do meu coração? Porque ele tem uma agulha de bussola
apontada pra toda garota “propriedade” de vampiros? Agora eu vou ter que lutar
contra o amor de um “dindo”, é isso? Um idiota que ela parece idolatrar a vida
inteira! Um PARASIRA idiota, uma COISA que nem é humana e que fez os olhos
dela brilharem daquele jeito enquanto ela falava dele. Tão especial pra ela, era
palpável.

Se mata Jacob Black. Os deuses não gostam de você, cara.


O cachecol dela ainda tava dentro do meu bolso da jaqueta, tão inútil ali, me senti
muito retardado vindo trazer isso pra ela agora. O parasita dela já tinha
providenciado um quilometro de pele cara e de marca pra cobrir ela do frio. Ela tava
exultante e nem lembrava dessa merrequinha de cachecol.

E aquele colar então, aquela pedra daquele tamanho deve custar mais do que todas
as casas dessa reserva juntas; em forma de coração e ela nem devia achar aquilo
anormal, um coração de rubi, uma jóia que só se dá a mulher que se ama, até eu que
não entendo dessas coisas posso compreender isso!
Não é nada que se dê a uma SOBRINHA, claro que não é.

Como ela estava feliz; inocente das intenções dele ou não, ela estava radiante.
Acorda seu idiota, você nunca teria nada pra dar a ela, você não tem nem onde cair
morto e ela não é a Bella, que vai achar um pingente de madeira bonitinho. Amelie
ia rir da sua cara. E, por DEUS, eu não queria aquela garota rindo na minha cara. Eu
me sentia um lixo agora.

Nem fiquei pra ouvir a conversa que ela tava tendo no telefone, tirei o cachecol e
pus encima do braço do sofá, girei nos calcanhares e fui embora. Subi na moto, fiz
isso lento demais, como se tivesse congelado ainda. Todo câmera lenta com mais
essa pra digerir, a essa altura minha cabeça já tava pedindo pra ser batida numa
arvore com muita força por ter me metido em mais uma encrenca com uma
GAROTA.
Elas são uma praga, isso sim, alerta geral de perigo. Pior do que enfrentar um
exercito de sanguessugas recém-criadas, e olha que eu já fiz isso.

– Jake. - ouvi o grito dela vindo da porta. Não queria me virar, mas ia dar muito na
cara, então me virei.
– Não sabe se despedir não, Jacob? Eu devia te dar um míni curso de etiqueta. - ela
vinha rindo pro meu lado. Com os olhos brilhando pra mim, tudo por causa do
sanguessuga, nenhum pouco dessa alegria era por mim. Perigosa, isso que ela
era.
– Tanto faz. - respondi sem humor e vi que ela segurava o cachecol. Então meu
pequeno rompante de cavalheirismo foi notado mesmo no meio de seus
presentes tão brilhantes. Ela apertou os olhos me repreendendo por ter sido tão
seco.
– Como é mal humorado. - ela levantou as mãos pra cima exasperada, exalando
bom-humor. Ah, Minha Mily! Epa, sua nada cara, se controla!
– Er... tchau. - Não era isso que ela queria? Uma droga de despedida formal?
– Sai dessa moto e vem aqui pra perto de mim, que eu não vou te abraçar aí. - ela
exigiu.
Eu realmente não devia, mas fui, porque? Talvez eu seja masoquista.
Ela me abraçou e sussurrou um “obrigada” no meu ouvido que me fez arrepiar
igual a uma donzela. Patético. Eu ainda tava com muita raiva. Ai ela segurou as
mãos em minhas bochechas e fez eu olhar pra ela, aquilo me desarmou, porque ela
olhava pra mim com o mesmo brilho nos olhos que ela tinha destinado ao
sanguessuga, nem uma grama a menos de gratidão. e eu só tinha trago a droga do
cachecol, nem dei nenhum diamante pra ela. Porque me olhava daquele jeito?
Claro, que, não tô reclamando.
Mily fechou os olhos e me deu um selinho, depois me empurrou pra moto me
dando uma tentativa de soco no ombro, no maior estilo”e aí, mano”.
– Me liga amanha. - ela ainda gritou. Nem precisava, eu escutaria se ela
sussurrasse.

Dei partida e acelerei. Ela faria de mim o que quisesse. Tive a leve impressão de
que ela sabia disso.

Amelie P.O.V.

– Alô. - falei seca e com raiva da Marta, por estar fazendo o trabalho dela.
– Amelie? - uma voz fininha e muito tímida, engasgou do outro lado. Parecia que a
grosseria do Black tava me atingindo, tentei manter um tom de pessoa educada,
que sou.
– É ela. Com quem eu falo? - ouvi um suspiro do outro lado, devo ter intimidado
pra valer a pobre alma.
– Aqui é a ... a Kim, não sei se você lembra de mim, nos conhecemos na casa dos
Clearwater. - a garota falou ainda temerosa, decerto esperando que eu gritasse
que nunca a tinha visto mais gorda na vida. Mas eu lembrava dela, era ela quem
tinha sido amável comigo na festinha dos proletários. Eu não esqueço das
pessoas que me são gentis, como já mencionado, eu tenho educação.
– Claro que eu me lembro, como vai você, Kim? - eu perguntei sincera.
– Ah, eu vou bem, obrigada por perguntar. - Isso Amelie, a garota já está melhor,
você não estragou tudo definitivamente.
– No que eu posso lhe ser útil, querida? - eu perguntei muito polidamente, olhando
disfarçada para o lado pra ver o que o energúmeno estava fazendo.

Nem ouvi o que a kim disse depois disso, porque vi Jacob tirar o meu cachecol da
jaqueta e colocar encima do braço do sofá todo amuado. Ele só veio aqui pra me
trazer meu cachecol? Quanta GENTILEZA! Que bonitinho!!!!

ÔHHHHH! Eu até esqueci porque estava irada com ele e nem me lembro mais
porque ele me deve explicações!

Mas ai ele começou a sair com a cabeça baixa e de fininho sem se despedir, parecia
totalmente abatido. Claro, né, Mily, sua nojenta. Você só gritou com o garoto e ficou
brigando com ele enquanto ele tentava lhe fazer um favor e ainda mais... ficou se
exibindo com os presentes na frente dele como se tivesse dois anos de idade. Eu era
uma IDIOTA!

Ele deve ter achado que eu tava esfregando na cara dele que ele era POBRE!!! Ah,
meu Deus, DEUSINHO DO CÉU, que ele não tenha achado nada disso!!! POR
FAVOR, POR FAVOR...

– Kim, posso ligar pra você em cinco minutos, preciso correr... ?


– Claro. - ela parecia entender.

Coloquei o telefone no gancho e passei a mão no cachecol, fui saindo a tempo de


pegar ele ainda ligando a moto. Estupida, estupida, mil vezes estupida.

– Jake! - fui gritando sem nem olhar se tinha alguem por ali, pra ver eu pagando
uma de barraqueira que se esgoela na rua. Isso estava temporariamente fora de
questão.
Quando ele virou tinha aquela mascara de impessoalidade nele, mas eu já sabia
onde olhar, e eu fiz. Seus olhos estavam magoados, Mily BURRA, BURRA! Vô
tentar descontrair né:

– Não sabe se despedir não, Jacob? Eu devia te dar um míni curso de etiqueta. -
falei rindo pra ele e me aproximando.
– Tanto faz. - epa, não tá funcionando. Fiz uma careta com aquilo sem nem me
controlar.
– Como é mal humorado. - coloquei os braços pra cima e bufei pra ele ainda na
politica de deixar as coisas leves. Não tava funcionando de novo. Caramba, que
eu não conheço mais nada pra fazer numa situação assim.
– Er... tchau. - ele falou, agora a magoa era mais presente. Não, não vai não, ohhhh
Jesuis, eu devo dançar agora? Dançar eu sei, será que adianta?
– Sai dessa moto e vem aqui pra perto de mim, que eu não vou te abraçar aí. -
tentei sorrir e jogar algum charme, quem sabe né, eu não sou feia, sei disso. E ele
me beijou daquela vez né, ele evitou me beijar hoje mas talvez eu ainda tenha
esse efeito pra ele.

Fiz minha melhor cara de conquista. Ele tava vindo até mim. Eba, tava
funcionando.
Mas ele ainda tava chateado, eu sentia no ar. Fiquei chateada também e minhas
armas de paquera ruíram. Jake me abraçava de má vontade enquanto eu me
joguei nele com tudo, os pés na pontinha, saiu um “obrigada” da minha boca sem
que eu pudesse editar. Ele arrepiou? Serio? Ah, Mily, talvez você não tenha sido
tão idiota, talvez ainda haja chances.

Não resisti e peguei o rosto dele com as minhas mãos. Fechei meus olhos tendo
que controlar cada milimetro de mim pra não agarra-lo, dei um selinho. Tá, isso
já é demais.
Desci os pés e me afastei, ele ainda tava lá me olhando com uma expressão
curiosa mas sem magoas. Dei um soquinho nele, do tipo que os garotos dão nos
amigos. Ele me olhou ainda mais curioso. Mas como não tava mais magoado eu
achei que tinha feito bem em beija-lo.
– Me liga amanha. - também saiu sem edição nenhuma, enquanto ele dava partida.
Nossa ele naquela moro era tão sexy! UIA! Fica quieta Mily. Você não pode
pensar isso garota.

Fiquei lá olhando ele virar a esquina lá longe, ai ai ai, eu não podia ta tão
interessada nesse garoto, não podia mesmo. Eu nem lembrava de nada quando tava
com ele, eu era quase uma ameba com ele, acho que meu Q.I. devia descer uns 100
pontos. Era como entrar em um modulo: sim, Jake, tudo o que você quiser. Eu tenho
medo de mim. Desse novo eu, pelo menos, sabe, o fim do mundo meche com
agente! AHHHHH, A Kim, coitada, que grosseria, ainda bem que eu tenho bina né,
porque nem anotei o telefone dela.

Corri e peguei o telefone na base, sentei no sofá com força me afundando e


redisquei. Tocou umas duas vezes.

– Alô. - a voz dela era toda meiga, uma graça!


– Kim, desculpa menina, eu precisei mesmo desligar. - eu me apressei em explicar,
tentando me retratar.
– Que isso, sem problemas, fui eu que te liguei pra te incomodar...
– Incomodo nenhum. - eu afirmei. Ouvi ela sorrir mais relaxada do outro lado.
– Então, como eu tava dizendo... - Ai que bom que ela ia recapitular, porque afinal,
eu perdi a metade. - Você vai estar muito ocupada amanha? - O que eu ia dizer:
“olha Kim, eu espero que o Jake me ligue porque quero grudar nele o máximo de
tempo possível!” É , definitivamente não.
– Não tenho nada pra fazer não, pode falar que eu topo. - e me empolguei, de certa
forma, afinal eu não tinha uma saída de garotas a algum tempo, e com a Trace
totalmente fora do ar por todo aquele tempo, eu tava mesmo carente de uma
amiga.
Outra, se eu já tinha me apegado até ao JACOB, não faria mal nenhum eu ter
uma amizadezinha com a Kim!

Ela me explicou que precisava de ajuda pra uma festa de despedida de solteiro pra
noiva do Sam, o sobrinho da Marta.
Eu falei pra ela da minha tia Katie, meio irmã da minha mãe, que se casou 9 vezes e
por isso eu era um tipo de autoridade no assunto “festas de casamento” ou
“preparativos” porque passei minha infância e metade da adolescência vendo as
mulheres da minha casa sapearem atrás dessas coisas e poderia sim ajuda-la com o
maior prazer.
Ia ser engraçado e talvez eu pudesse até chamar o Jacob pra ir junto, só pra ver a
cara dele escolhendo enfeites e lingeries de presente para noiva! HA! Ele queria ser
amigo, pois bem, ele seria tratado como um amiguinho de verdade!
Combinei com a Kim de ela vir até a minha casa amanha, porque eu não conhecia a
região e não sabia onde ela morava e disse pra ela não se preocupar com a
locomoção até Port Angels, que isso eu arrumava.
A minha vingança por ele não ter me beijado naquele penhasco será doce. Espere e
Verá, BLACK!Espere e você verá.

Jacob P.O.V.

Ainda tava ferrado no sono quando começou aquela barulheira na minha porta. Com
os ouvidos de lobo eu era bem mais sensível às tentativas de Billy pra me acordar.
Sentia uma certa falta da minha pré-adolescência e o meu sono 100% - naquela
época nem com uma escavadora pra me derrubar da cama – me virei com as mãos
no ouvido, mas ainda sim ouvi ele gritando:

- Jake, telefone! – e o seu punho caiu com mais força na porta.

- Ainda não acordei, pai. – eu consegui rosnar pra ele e me virar pro outro lado
tentando abafar o barulho. – diga que eu sai! – Não tava nem um pouco interessado
em saber da ultima coisa fofinha que a Claire conseguiu fazer!

Quem mais me ligaria, afinal?

- Então eu acho que devo despachar a Srtª Weelow, que pena. – Billy começou a
rolar a cadeira de volta á sala.

Ele não teve nem tempo de chegar ao fim do corredor; eu saltei por cima dele com a
cadeira e tudo, afinal, minhas pernas tinham mais de um metro e não era um salto
difícil. Peguei a extensão já todo ligado, minha voz nem denunciava que eu acabara
de acordar.

- Mily? – acho que disse empolgado demais, já que ela deu uma risadinha
prepotente antes de responder.

- Jake! Bom dia. – a voz dela era tão doce e melodiosa e ela dizia bom dia de um
jeito todo refinado, eu pude imaginar a expressão dela e ri com isso. Pela visão
periférica, Billy estava fingindo não prestar atenção em mim enquanto eu notava
uma ponta de alivio em seu rosto. Deixei-o de lado.

- Bom dia. – achei melhor responder, ou ela me ameaçaria com aulas de etiqueta
outra vez.

Tive vontade de completar “a que se deve essa honra?”, mas achei melhor ficar na
minha. Eu não estava reclamando que ela ligou, pelo contrario, era até bom demais
pra ser verdade. Sai da casa dela ontem com um: “Me liga amanhã” que era só uma
hipótese e acordo, ainda cedo hoje, com ELA me ligando? Sorte, finalmente.

- Eu imaginei se você ainda... Estava de férias? Você sabe... Férias de natal! – ela
disse casualmente, mas era obvio pelo tom que ela estava tentando me induzir, me
ganhar. Garota, você é um perigo!

- Claro! O que quer fazer? – Eu fui direto ao ponto.

Não ia fugir se ela me quisesse, sonhei com ela a noite inteira. Aquilo estava a cada
segundo mais fora de controle e eu já tava a fim de deixar rolar, de qualquer jeito.
Eu não seria covarde, nunca fui e não começaria agora.

- Estava pensando em ir a uma cidadezinha aqui perto, Port Angels; eu acho que
esse é o nome... Dar umas voltas, fazer... qualquer coisa. – a voz dela continuava
casual e levemente adocicada, mas então ela aumentou o nível e quase ronronou
um: - Você me levaria Jake?

Até parece que eu ia dizer não, fala serio, ela tava quase implorando de um jeito
totalmente meigo, que devia ser super de propósito, porque não combinava nada
com a “fera” que eu sabia que ela era e que mesmo assim queria me convencer a
passar o dia com ela.

- Claro, chego aí em meia hora. – eu disse e ela sorriu de novo, audivelmente.

- Obrigada, Jake... EU ESTAREI TE ESPERANDO!!! – Valeu, cara ai de cima,


valeu mesmo, você finalmente ta mostrando serviço. Era hoje, ah se era!

Amelie P.O.V.

Acho que peguei meio pesado com a sedução no telefone. Jake pareceu animadinho
demais.

Até pensei em ter dó dele quando descobrisse que iríamos eu, ele e Kim para um dia
de meninas que estavam planejando uma festa de meninas onde ele era oficialmente
o carregador de compras e chofer... Mas... Não, não tenho dó dele, quem manda me
negar um beijo de frente pra aquele lugar magnífico?

Eu fiquei sonhando com aquele bocó a noite toda. Ele perdeu uma oportunidade
única na vida e atualmente eu achava que ele não merecia mais que eu estivesse tão
disposta a agarrá-lo. Teria que conquistar de novo.

Kim chegou pontualmente as oito horas da manha, alguns minutos depois que liguei
pra Jake. Apreciei muito a pontualidade e achei a blusa dela uma gracinha, obvio,
perguntei imediatamente onde ela tinha comprado.

- Foi minha mãe quem fez. – ela respondeu corando um pouco na pele moreno-
clara. Aquelas pestanas gigantes e invejáveis, mesmo sem um rimel; batendo de um
jeito todo tímido.

- Fala serio! – eu estava mesmo incrédula. – Minha mãe não sabe fazer nem um
macarrão instantâneo no microondas. É um tricô muito rico!

E eu entendia um pouco de tricô já que eu adorava uma grife em Nova York que
vendia uns sobretudos e pulôveres de cashmere feitos em pontos de tricô super
elaborados. Comprava sempre um estoque deles quando ia pra lá no Natal.

- Obrigada. Sua roupa também é muito bonita, claro que é mil vezes mais bonita que
a minha! – ela acenou pro meu vestidinho Dior e minhas botas Louboutin e uma
jaquetinha de couro branca PRADA.

- Ah, não diga isso! Você está mesmo ótima. – e eu não estava sendo gentil embora
a calça dela tenha sido comprada com certeza em um supermercado ou algo
pavoroso do tipo. Kim tinha uma certa classe instintiva pra combinar o que usava e
estava tão decente quanto eu por mais que suas roupas não fossem tão valiosas ou
impressionantes.

- Tem certeza que não estou incomodando você? Poderia querer fazer outra coisa
hoje. – ela disse ainda sem graça.

Eu passei minha mão pelo braço dela e a conduzi pra cozinha pra comermos
algumas madeleines antes do nosso motorista chegar. Gostava dela, na verdade,
desde a ceia de natal eu fui com a cara dela e definitivamente ela precisava de mim
pra fazer aquela festa ser alguma coisa.

- Não seja boba. Vou me divertir muito hoje, você também, vamos fazer a melhor
festa de despedidas de solteira de todos os tempos. – Kim sorriu pra mim um pouco
mais confiante.

- Você disse que agente não ia de ônibus... – ela especulou. Eu sorri brilhantemente,
porque eu era um gênio.

- Ah, não, acho que ainda não estou pronta para a experiência de “andar num
ônibus” – Eu contive minha verdadeira expressão de pânico. Ela riu. – Vamos de
motorista! – eu avisei. Ela fez uma carinha surpresa e meio encabulada Foi minha
vez de rir.

NÃO era só ELA que ficaria surpresa com a nossa forma de transporte de hoje.
Jacob P.O.V.

Estacionei o Rabitt na porta da casa de Amelie com uns cinco minutos de vantagem
do tempo que disse que levaria pra chegar. Não demorou nada e ela já foi passando
pela varanda e chegando até onde eu esperava escorado no meu carro. Ela tinha um
sorrisinho todo malicioso nos lábios bem feitos e estava radiante.
– Muito bom Jake, chegou na hora. – Mily me congratulava como se eu fosse
algum aluno do pré- escolar e sorria demais. Aquilo não me pareceu um bom
agouro, mas ela estava tão bonita e animada que não pude deixar de sorrir de
volta.
– Vamos? – eu desencostei do carro.
– Ainda não. – ela falou mandona. – Preciso apanhar algo primeiro. – e então veio
na minha direção, ficou na ponta dos pés e me deu um outro selinho, mais
estalado. Antes que eu agarrasse sua cintura pra aprofundar o beijo, ela já tinha
saído toda saltitante pra dentro da casa de novo.

Esperei por ela poucos segundos até sentir seu cheiro se aproximando misturado a
um outro cheiro ligeiramente conhecido, antes de vê-la transpor a porta e...

O QUE A KIM ESTAVA FAZENDO AQUI?

Porque Mily não trouxe apenas sua bolsa quando voltou. Ela veio de braços dados
com Kim e esta parecia bem a vontade com o contato intimo e o fato de que estava
sendo rebocada para o MEU ENCONTRO.

Bastou apenas uma olhada na expressão vitoriosa daquela peste pra ver que Mily
planejara tudo isso. Eu não iria me “dar bem” hoje, eu ia era servir de motorista pra
aquelas duas! E sabe-se lá o que mais. Ah, ela me paga, que garota mais abusada e
prepotente.

– Não vai abrir a porta pra entrarmos, Jake? - ela perguntava toda cheia de si. -
Tenha alguma educação. - ela reclamou com uma careta e então piscou pra mim.

Tentei disfarçar o máximo o meu estado petrificado e, é claro, fiquei revisando na


minha mente que se eu as deixasse ali e fosse embora eu teria um dia inteiro com
Paul no sofá e Quill me enchendo o saco por não ter “aproveitado a chance” e saído
com ela mesmo assim.
E apesar de toda essa tentativa de soar casual eu ainda nem sei como eu não dei uma
tirada nela e fui pra casa porque eu simplesmente abri a porta para ela, o mais
naturalmente que pude, e Kim entrou no banco de traz.
Então já estávamos no caminho até Port Angels antes que eu me recuperasse o
suficiente pra protestar. E não era hoje que eu me daria bem com ela, não mesmo.
O que eu ainda fazia ali era a grande questão.

– Muito obrigado por nos dar carona, Jacob. - Kim disse assim que estávamos na
estadual.

Dei um sorriso amarelo pra ela e um “não por isso”. Ela, obviamente não tinha
nenhuma ciência de que eu estava sendo usado e enganado pela sua nova
amiguinha, ela era a Kim, afinal.

P.O.V. da Kim

Minha intenção era, apenas, conseguir alguma ajuda para realizar a despedida de
solteiro de Emily, da melhor maneira possível. E você pode imaginar como fiquei
animada e esperançosa quando Amelie se afirmou uma especialista no assunto e
pareceu feliz em ajudar.
Mas, ao que parecia, sem me dar conta, acabei parando bem no meio de um fogo
cruzado.
Eu com certeza não esperava estar agora, sentada no banco traseiro do carro de
Jacob Black, que – pelo jeito que me olhou assim que me viu saindo da casa de
Amelie – não tinha a menor idéia de que estaria nesse momento, servindo de
motorista pra mim e pra ela em uma viagem de compras em Port Angels.
E sabe, eu preciso admitir uma coisa para Amelie, ela realmente tem a situação
sobre controle. O clima tenso e negro que paira sobre as nossas cabeças nesse carro
não parece nem um pouco incomodo pra ela; esta na verdade muito animada e até
ligou o som sem pedir permissão em uma estação de musica pop que eu duvido que
Black teria escolhido e esse é o carro dele!

– Muito obrigado por nos dar carona, Jacob. - Tentei inutilmente iniciar uma
conversa e diluir a nevoa de constrangimento que afetava todas as pessoas do
carro com alguma vergonha na cara, e que obviamente se tratava de nos dois.
– Não por isso! - Ele tentou sorrir pra mim.

E sabe, acho que tenho mais algo a admitir para Amelie, já que Jacob não é bem o
tipo de cara que se deixa manipular assim e ele pode não estar sendo exatamente um
docinho, já que age como se nem estivesse aqui, mas, bem, ele ainda está aqui não é
mesmo? Não estamos em um ônibus, então suponho que o plano maligno dela pra
arranjar um motorista funcionou.

– Essa sua coisa não vai mais rápido, não? - Amelie perguntou impertinente e eu
pude jurar que vi os olhos de Jacob se estreitando em fendas pelo retrovisor.
– Se você pagar as multas eu acelero, querida! - ele devolveu e ela ficou na dela. Ia
ser um dia muito, muito longo, esse.

Depois de instaurar-se o silencio absoluto pelo resto da viagem, nós chegamos ao


centro da cidade, Jacob estacionou e nós saímos todos do carro para uma garoa
fininha que caia do céu cinza chumbo, assustador.

– Então, onde você sugere que comecemos? - Amelie perguntou para mim
enquanto fingia que estávamos sozinhas. - Quer dizer, você conhece a cidade,
não eu! - ela sorria cada vez mais. Definitivamente confortável com tudo.
– Podemos ir até a loja de decoração que tem a uns dois quarteirões daqui, lá deve
ter algo que possamos usar, você está no comando, eu não tenho experiencia
nisso. - disse.
– Ah sim, mas, o que acha de deixarmos a decoração por ultimo? Podemos nos
divertir um pouco antes... - ela apoiou um dedo no queixo como garotas fazem
em seriados de TV. Eu quase não pude conter o riso e parece que Jacob também.
Pro nosso bem, ela não notou, ainda estava concentrada.
– O que acha da loja de lingeries? - ela falou com um entusiasmo indisfarçado me
lançando um olhar astuto. Poderia jurar que Jacob, atrás da gente, deu uma
engolida forte.
– Tudo bem. - eu praticamente gaguejei, dando de ombros.

As vezes eu concordava com Jared quando ele dizia que a coragem não era uma das
minhas virtudes. Eu não era muito chegada em situações de risco ou possibilidade
de haver briga, gostava de pensar que meu forte era a descrição e aquela situação ali
estava ameaçando se virar contra as pessoas mais próximas do conflito, ou seja, eu;
e eu não gostaria de estar ali pra ver.

Amelie P.O.V.

– O que acha desse aqui Kim? - eu disse, desfilando na minha melhor imitação de
Marilyn Monroe, balançando o cinto do robe que eu vestia por cima de um
conjunto de lingerie de renda preta.
– Ééee tão... bonito. - os olhos de Kim brilhavam e sua voz transitava entre a
admiração e o desconforto de me ver semi nua na salinha do provador enquanto
Jake ficava na porta segurando as sacolas de compras com uma cara de bem
poucos amigos, tentando ao máximo não ser pego olhando os meus peitos e
fracassando terrivelmente. Dei uma gargalhada.
– Eu também acho! Devíamos nos decidir logo sobre as atrações, você sabe, essa
coisa de homens invadindo a festa e fazendo strip-tease é tão OVER. - eu revirei
meus olhos para a expressão dela de total panico ao constatar que eu NÃO estava
voltando para o provador e colocando uma roupa imediatamente.
– Ah, não, não... Emily não ia querer nenhum homem tirando as roupas na sala
dela. - Kim era tão adorável, ficou vermelhinha, eu gargalhei de novo.
Estávamos em um dia hiper divertido, era quase como ter de volta o circuito de
compras em Beverly Hills, eu disse, QUASE.
– Ainda vamos demorar muito aqui? Essas sacolas não estão muito leves e acho
que vou começar a cobrar os serviços de carregador! - Jake grunhiu todo mal-
humoradozinho e eu me virei totalmente de frente pra ele, encarando e deixando
o robe se abrir mais do que deveria.
– Só mais uns dois conjuntos e nós vamos querido! - falei na minha voz mais doce,
completando com um sorriso largo; ele desviou o olhar. - Porque não prova
alguma coisa, Kim?
– A-a-a-a-ahhh, não, obrigada, mas não acho uma boa idéia. - eu que pensei que
ela não conseguiria corar mais do que já estava, quasse tropeçou nos próprios
pés, e olha que a pobre estava ali parada.
– Claro que é uma boa idéia! Jacob, poderia nos dar licença, nos espere do lado de
fora da loja... - eu falei automaticamente e ele me olhou com uma expressão
realmente severa, então eu amaciei. - Por favor?!!! - bati um pouco dos meus
cílios bem maquiados pra ele.
– Tudo bem. - resmungou taciturno e se virou enquanto eu empurrava um
conjuntinho de seda rosa para Kim, porque ela merecia algo melhor do que as
calcinhas de algodão antiquadas e horrorosas que ela com certeza usava.
– Eu não sei se isso vai servir Amelie... Não é meio pequeno? - ela reclamava e eu
podia ouvir a roupa caindo no chão do provador.
– Não seja boba, garota, afinal, como é que você ganhou aquele gostosão que
estava grudado em você no natal. Aposto que não foi usando uma BURCA!
– Quem? Jared? - ela perguntou com uma risadinha encabulada.
– Não sei o nome dele, só sei que é um pedaço de mal caminho, amiga. Que
braços, hein!
– Jacob também é grande, não acha? - ela disse tímida mas resoluta.
Desconversei total.

Jacob P.O.V.

Eu sinceramente não sabia o que Amelie estava querendo provar. Que ela era a
garota mais sexy de toda a Olimpyc? Essa eu já sabia! Que ela poderia ser também a
mais arrogante, mimada e manipuladora? Parece que ela se esqueceu que eu sabia
muito bem que aquilo era só uma mascara idiota. Ou talvez, quem sabe, ela
estivesse tentando demonstrar o quanto eu a desejava? Porque, pra mim, ela poderia
parar com os joguinhos de poder se fosse por isso. Ela devia saber que eu queria ela,
era bem obvio.
Tudo muito claro, eu começava a me cansar dessa infantilidade. O que eu tinha
feito, afinal? Pensei que agente estava bem!
E, pelo menos alguem estava se divertindo. Ela e Kim pareciam estar se dando
realmente bem, super amiguinhas embora a Kim ainda parecesse muito
envergonhada em metade do tempo.
Sabe, eu aprovava 100% essa amizade.
Talvez Kim fosse a influencia certa pra por algum juízo na cabecinha da Amelie;
bem diferente daqueles amigos dela lá da Califórnia. Um bando de adolescentes
estúpidos, risquinhos, e bêbados. Delinqüentes juvenis com cartões de credito sem
limite. Realmente não era a melhor forma de se encarar a vida!
Mas o que eu tava falando afinal? Parecia um velho, e, hipócrita também! Eu era um
lobisomem, pelo amor de Deus, o que eu sabia sobre as melhores formas de se
encarar a vida ou sobre delinqüência?
Essa garota ainda vai fritar os meus últimos miolos. Certeza.
Tava sentado na calçada esperando elas virem daqui a algumas horas, no minimo.
Porque, afinal, elas eram garotas fazendo compras e não era de se esperar que
andassem logo com aquilo.
Mas, enquanto eu me distraia com as pessoas andando na rua e pensava nela, de
repente, Amleie veio como um raio, passou por mim e nem me viu. Estava
arrastando, numa mão uma sacola grande e na outra, uma Kim toda abobalhada; Ela
olhava de um lado para o outro, frenética. Aquilo me assustou, estava me
procurando.

– Estou aqui. - eu disse soando incrivelmente idiota ao me levantar da calçada


apanhando as outras sacolas que estavam comigo.
– Ah, ainda bem... Temos que ir, anda, pra casa, agora! - ela parecia que tinha sido
ligada na tomada. Verifiquei, e ela não estava aterrorizada, nem aflita e nem
parecia triste. Era mais como uma empolgação diferente e um brilho meio
fanático nos olhos.
Olhei pra Kim em busca de algumas respostas, mas ela apenas deu de ombros e
entrou no banco de traz, enquanto Amelie tamborilava os dedos na porta do carro
fazendo um som bem irritante.
– Dá pra parar com isso? - eu pedi meio que realmente de saco cheio dessa saída
frustrante.
– Ah! OK. - disse, e parecia aérea demais.

Parou imediatamente com os dedos, pôs o cinto e olhou pra frente. Totalmente
desconectada. O que teria acontecido? Como eu ia dizendo... Ela ainda iria me
enlouquecer. Pode apostar.

Amelie P.O.V.

Enquanto esperava Kim sair do provador – o que pelo tamanho da vergonha dela, poderia
levar todo o resto desse seculo – meu celular começou a vibrar e quando tirei ele da bolsa,
ele estava acendendo as suas luzinhas de neon rosa que só acendiam quando alguem em
especial estava entrando em contato comigo. Alguem que finalmente dizia “OI”, depois de
tanto me fazer esperar.

Entre quase morrer de emoção e alivio e agarrar o celular para deslizar o visor sobre as
teclas, percebi que era só uma mensagem. CRETINA!!!
Dizia:

E aí bitch, afim de fugir da roça pra passar o reveilon com estilo? Te espero no
aeroporto de Seatle as 10 da noite do dia 31. ESTEJA LÀ.

TracyCAT*

A vagabunda - anteriormente conhecida como melhor amiga - nem sequer se deu ao


trabalho de pedir mil e uma desculpas, ajoelhada em pedras pontiagudas, por ter me
deixado sozinha e sem noticias e só sumir sem nem se preocupar em como eu passaria
pela terrível experiencia de ter sido exilada no interior de Washington, na península do
INFERNO; e agora, não mais que de repente, ela esperava que eu fosse como uma
cadelinha atrás dela, só por que ela me mandou essa mensagem de texto idiota que curtia
com a minha cara na metade do seu conteúdo? É claro que...

Mas quem eu estou enganado? É claro que ela tava perdoada e é obvio que eu agarraria
qualquer chance que fosse pra não passar o fim do ano aqui no fim do mundo!

Sai batida da loja arrastando a Kim, enquanto ela ainda ajeitava a blusa, balançando as
sacolas e procurando o Black, inútil, que parecia ter sumido das minhas vistas.

Tudo depois disso era um borrão. Eu estava em transe, eu tinha uma chance de ser eu
novamente com gente como eu e fazendo coisas da minha antiga, amada e muito gloriosa
vida. Eu precisava chegar em casa depressa pra arrumar uma das minhas roupas de
emergência nunca usadas e que eu pensei que teria que vender na internet a essa altura, do
tanto que eu já estava acostumada com essa nova vida de pobreza e tragedia.

Acho que ainda tenho aquele vestido Dior platinado!!! Ele seria perfeito com os meus
Manolos de couro de cobra. Mas espera, eu tenho aqueles perfeitos Jimy Choo dourados
com contas... Tanto a se fazer!

Desenterrar meu dinheiro de emergências para a corrida de taxi até Port Angels e depois as
passagens de avião eu posso colocar no cartão. Com certeza vão estourar o limite ridículo
que tenho agora, mas quem se importa? Não é como se esse dinheiro servisse pra comprar
nada de útil, afinal.

É tão pouco. Não dá nem uma prestação de uma bolsa Prada. Não que eu algum dia
compraria alguma coisa na prestação, pra começo de conversa.

Vou precisar de Kim também, acho que ela é confiável. Se provou uma boa amiga apesar
de, bem, habitante do fim do mundo. Ela vai ser minha cobertura pra que Marta não
empate a minha vida.

– Você está passando bem Mily? - a voz preocupada de Jacob me tirou do mundo dos
planos fabulosos por um momento. Estávamos na entrada de La Push. Nem tinha me
dado conta do tempo passando e a viagem que já acabava.

– Claro Jake! - acho que não podia conter minha empolgação agora que tinha um plano
de ação e minha felicidade era tão mais real de ser conseguida. Ele sorriu pra mim
como se meu sorriso o tivesse ganhado.

Ele era tão bonito! De um jeito tão DELE.

Por um momento eu quis poder leva-lo comigo... Comprar um terno Armani pra ele e
carrega-lo junto como um acessório ideal para uma noite ideal. Exibindo ele pra minhas
amigas e pra babaca da Tracy que eu duvidava que tivesse conseguido um cara mais gato
que ele nesse tempo em que ficamos separadas.

E então, olhei de novo pra Jake, como que para confirmar esse insight maluco, e então bati
meu olhar no interior do carro, antigo e popular e fui jogada na realidade de que aquele
não era o mundo dele. Não era nada parecido com ele! E por um átimo de segundo que eu
deixei passar e se afogar em minhas espectativas positivas, eu quis não ir. Quis passar a
virada do ano com ele, ali , no fim do mundo.

O que só prova que morar no interior meche com sua cabeça mesmo que seja por pouco
tempo. Ele ficaria bem aqui e eu voltaria, não é? Não que eu estivesse muito feliz em
saber disso, que eu voltaria mesmo no final, mas não era tão terrível também, não mais...
Ele... estaria aqui.

– Chegamos! - eu exultei enquanto pulava pra fora do carro. Jake estava ao meu lado
com as compras em um segundo. Ele era sempre tão rápido e gracioso.

Eu ia sentir falta disso... “Ei Amelie, sua idiota, você só vai ficar uma noite, talvez
duas, fora. Não é como se fosse a vida toda, e você não quer voltar, lembra? Se você
pudesse escolher você não voltaria!”

– Jake, você pode levar as coisas pra dentro e por no meu quarto, por favor? - eu falei
com meu melhor tom para que ele não se sentisse coagido, ele não era meu empregado.

– Tudo bem. - ele disse, sem se importar e foi pegando as sacolas que estavam no banco
de traz, todas em uma braçada só.

– Acho que já vou então, Amelie... - Kim ia dizendo. Segurei em seu braço.

– Preciso de um favor. - eu sussurrei, e não sabia exatamente porque estava sussurrando


mas fiz mesmo assim.

– Diz. - ela conspirou com um sorriso. Boa garota. Com certeza eu poderia confiar nela.
– Preciso que diga a qualquer um que vamos passar o fim do ano juntas, na sua casa,
qualquer coisa assim. Apenas diga e suma da vista deles. Você pode fazer isso?

– Acho que sim, vou passar sozinha com o Jared, poso dizer que estava comigo, mas
porque?

– Sabe a Tracy, minha melhor amiga que eu te falei sobre ela?

– Sim...

– Então.. ela me chamou pra ir passar com ela em Seatle o Reveilon e eu vou mas quero
manter segredo da Marta porque meus pais querem me castigar em tudo, entende?

– Ah, Amelie, nun sei.... Você pode se meter em problemas!

– Sim, Kim, EU posso me meter em problemas e isso é COMIGO, né? - eu dei uma
olhada dura pra ela mas que ainda foi suplicante demais.

– Ah, tudo bem, mas se cuide tá?

– Pode deixar garota, eu estarei em boas mãos.

– Então tá, mas... só uma noite né?

– Claro, claro. - eu abanei minha mão e fiz minha melhor cara de boa moça pra ela.

Ela sorriu e se foi. Jacob voltou um tempo depois dizendo que Marta tinha detido ele em
casa e empurrado um monte de bolo de frutas nele. Não parecia muito irritado com isso,
então o bolo estava bom. Não que eu fosse comer já que tinha que ficar maravilhosa em
um Dior para o meu reveilon perfeito.

Seatle, Tryc Club – 30 minutos para a meia noite de 1º


de Janeiro e um novo ano!
Trace Wolch estava tomando sua quinta tequila envenenada da noite, sentindo todo o calor
do ambiente em sua micro saia e top de lantejoulas prateadas, invejando a garota mais
descolada e bem vestida da festa, que, por mais um ano, NÃO ERA ELA.

Seu olhar se detinha em Amelie Weelow, impecável em um Dior platinado, os cabelos


presos em um elaborado penteado que deixava alguns cachos rebeldes soltos, caramelados
e muito atraentes. Em cima de um salto quinze D&G, rebolando na pista de dança com o
cara mais cobiçado da noite, já a uma hora, sem demostrar nenhum cansaço.

Neste momento em particular, repassava em sua mente algumas maldições a si mesma,


pela estupida idéia de tê-la convidado, em primeiro lugar. Se tivesse ao menos uma dica
de que o retorno de sua “melhor amiga” seria aquele sucesso, não teria sido a responsável
por trazê-la até aquele lugar, que era SEU mundo e não mais o dela.

Antes, assim que mandou a mensagem de texto com o convite, acreditou realmente que
seria muito fácil e divertido ver AQUELA LÁ, sempre tão arrogante e cheia de si, caída
de seu salto e sem nenhuma mordomia. Vestindo-se como uma caipira e com as pontas do
cabelo duplas, quebradiças e vergonhosas, porque afinal, não havia glamour que pudesse
ter sobrevivido ao interior do estado de Washington.

Ou, pelo menos, era assim que tinha de ser.

Ela, Trace, viveu tempo demais na sombra da “princesinha” Mily Weelow, a sempre toda
perfeita, mais esperta, melhor dançarina, mais bonita, melhor cantora, mais rica, melhor
atriz, e MAIS... Amelie Weelow.

Era o suficiente para acabar com a vida de qualquer garota, e , era justo, que essa noite
fosse sua revanche, e não, aquele porre homérico enquanto via sua rival dar show e
encantar a todos, pra se ver ali, mais uma vez, totalmente ofuscada.

Enquanto isso... em La Push


Marta corria desesperada pelas ruas geladas e vazias da reserva até a casa de Kim, pra dar
uma noticia horrível à sua patroa e protegida, Amelie Weelow, que estava supostamente
passando o reveilon na companhia da amiga e seu namorado Jared e que não atendiam o
telefone no momento, porque a ultima tempestade havia bagunçado as linhas telefônicas,
o que parecia acontecer com freqüência naquele lugar, pelo que soube.

Jacob P.O.V.
Dava pra acreditar na minha maldita sorte? Aqui estava eu, sozinho, faltando quase
nada para o ano novo, pelo que poderia apenas supor, já que estava no meio de uma
RONDA.

Liguei para Amelie antes de sair de casa, as linhas estavam uma bagunça depois do
ultimo aguaceiro que caiu; então fui até a casa dela, e afim de surpreender, pulei
discretamente a janela de seu quarto. Bati com a cara na porta, figurativamente. E
literalmente, batia minha cabeça na trave da janelinha infernal. Nada dela em lugar
algum.

Ainda assim, a besta aqui não desistiu. Fui até a casa da Kim, que seria a única com
alguma informação útil do paradeiro dela, pelo que eu imaginava.

Ganhei um: - Ela saiu Jacob. E ela pediu pra que eu dissesse que estava comigo, por
favor não a dedure!

O que Kim quis dizer com “Não dedure” é o que eu não entendi exatamente. Eu
tinha cara de dedo duro por acaso? É claro que isso não era da minha conta. Eu não
ia dedurar minguem. Até parece. Mas, Kim ficou bem assustada com eu ter
descoberto tão facilmente que Amelie não estava com ela, então convenceu Jared a
sumir por ai e me olhou com suplica em seus olhos.

A essa altura, não fazia diferença perguntar a Dona Marta sobre sua patroa fujona e
mesmo que toda essa situação me cheirasse mal, fiquei na minha, aqui na minha
agradável e muito proveitosa RONDA de fim de ano.

É claro, o ano não começaria assim tão pacato e rotineiro, não no meu mundo.

A mente de Jared entrou em contato com a minha enquanto eu marchava pela


segunda vez o perímetro interno.

Cara, você precisa ir atrás da tal Srtª. Weelow. Os pais da Kim biparam ela e
disseram que a Marta tá la esperando agente. A Kim tá pra ficar louca aqui. Nós
temos que enrolar e você tem que achar a garota.

Ele parecia realmente em apuros e eu tipo: O que EU tenho a ver com isso Jared?
Feliz ano novo pra você também!

E ele: Isso é serio Jacob, parece que aconteceu alguma coisa com os pais da
garota. A Kim tem o celular da melhor amiga dela, uma tal de Trace. Ajuda
agente, cara!

Ai a coisa muda de figura.


Onde eu encontro você, Jared?

Perguntei já pronto pra missão de resgate. Um frio percorreu minha espinha


quando as palavras de Jared bateram em minha memoria outra vez “ ... parece que
aconteceu alguma coisa com os pais da garota.” Isso cheirava ainda pior do que
não te-la encontrado em casa e em segurança quando a procurei.

Vou te esperar na paria e vejo se encontro alguem no caminho pra ir com


você.

Ele disse e então pude sentir a mente dele se desligando da minha quando voltou a
sua forma humana.

Que não fosse tarde demais pra encontra-la e que ela não viesse pra descobrir
nenhuma tragedia, era o que eu sinceramente esperava.

Amelie P.O.V.

Eu estava tão animada quando peguei o vôo para Seatle. Gastando toda a minha
cachinha de emergência pra ir de primeira classe. Com meu cabelo hiper arrumado,
uma cortesia da Kim, que acabou passando lá em casa pra me ajudar não só com o
álibi para sair mas também com a produção e digo que , o que aquela garota diz não
saber sobre maquiagem, ela com certeza compensa em sua habilidade em construir
um penteado magnifico.

Devia a ela muito por essa noite. Ela estava sendo a melhor amiga de todas.

Mas isso, obviamente não diminuía a minha vontade de encontrar minha BEST na
balada mais cobiçada do ano e finalmente ter um pouco da vida emocionante que eu
sempre levei antes de ser jogada ás traças no meio do mato.

Quando o avião desceu, tentava por tudo não parecer extremamente exitada, como
eu realmente estava. Essa atitude seria motivo de muita piada e ficaria obvio que
aquilo era um verdadeiro resgate e não é bom parecer que se está tão por baixo que
precisa ser salva de passar um fim de ano em companhia de lençóis ruins, romances
teens e traças.

Um cara de terno preto - quase tão grande quanto Jake e seus amigos - estava parado
no desembarque segurando um cartaz onde se lia MILY.

Era a minha carona e quando eu vi a limousine preta e clássica pra onde fui
conduzida, estranhamente eu me senti desapontada por Trace não ter vindo me
buscar e apenas mandar seu motorista para faze-lo. Claro, ignorei esse novo
sentimento idiota e me regozijei com a incrível possibilidade de ter minha vida
social de volta.

As ruas de Seatle não eram tão fantásticas como as de NY ou mesmo minha amada
Beverly Hills, mas certamente davam para o gasto. Ainda mais quando eu pude
divisar o grande clube com seus seguranças, fila de espera quilométrica e gente
tirando fotos de pessoas descendo de suas limousines para um clichê, porem sempre
ideal, tapete vermelho.

Eu estava de volta ao lugar de onde jamais deveriam ter me tirado, de volta ao


centro do mundo e aos olhos do mundo, também.

Jacob P.O.V.

Minhas patas mal roçavam o chão a essa velocidade, a mente de Seth estava
dispersa e envolta na emoção da velocidade. Estávamos quebrando recordes hoje,
com certeza. Mas dos dois, eu era com certeza o mais interessado em superar todos
os meus limites.

Com apenas o básico amarrado a nossas pernas, teríamos que “pegar emprestado”
algumas coisas de civis e eu realmente odiava usar minhas vantagens genéticas
contra rélis humanos. Mas, ao que parecia teria que ser assim mesmo.

Chegaríamos a área habitada de Seatle, acharíamos um telefone publico, ligaríamos


para a tal Trace ou tentaríamos o endereço de um clube chamado Tric, caso não
conseguíssemos a primeira ligação. Então entraríamos no clube e pegaríamos
Amelie.

Com sorte Jared já teria chegado aos limites da cidade com o carro que ele “pegou
emprestado” de um cara que estava festejando em um luau; o carro era um TURBO,
seria muito útil. Teríamos pouquíssimo tempo e precisaríamos de precisão, mas se
funcionasse, se seguíssemos bem o plano de ataque, voltaríamos pra casa e estaria
tudo bem outra vez.

Kim estaria livre de uma bronca imensa, Mily estaria fora do grande castigo e
poderíamos saber o que de fato aconteceu para que Marta fosse até a casa de Kim no
meio da quase contagem de fim de ano para dar um recado ou noticia ou o que fosse
que ela realmente precisasse dizer de tão importante; porque nós não sabíamos de
muita coisa, a não ser que era sério e envolvia o Sr. E Srª. Weelow.

Minha preocupação com isso ainda me açoitava. Será que a noticia para a qual eu
estava buscando Amelie, era uma coisa que eu realmente queria presenciar ela
recebendo? Não seria melhor deixa-la ficar onde estava e quando voltasse pra casa
feliz de sua escapada imprudente e despreocupada, ela pudesse ai sim ser jogada à
realidade.
– Acho que só pioraria as coisa, cara.

É, pelo visto Seth não estava tão desconectado do meu caos interno quanto eu
pensei que estava.

Amelie P.O.V.

– Uma soda, por favor. - pedi ao bartender que não devia ter servido um
refrigerante que seja em toda a sua carreira. Nunca era sedo pra começar.

Eu não estava afim de encher a cara. Eu estava feliz demais pra isso. Em muito
breve eu iria rever meus amigos, minha melhor amiga, dançar até me acabar com as
musicas mais descoladas e conhecer gente nova e interessante. Alem disso, eu sei
que estava aqui totalmente escondido da Marta, então, não beber era algo que eu
podia fazer por ela e ao mesmo tempo pelo sentimento de culpa completamente
inaceitável que estava se abatendo sobre mim por ter mentido.

– Mily! - Bianca, em seu tubinho Armani vermelho de corte perfeito, gritou


eufórica. Correndo imediatamente até onde eu estava e me olhando com
empolgação. Ela era a irmã mais nova de Trace e eu não sabia que ela agora fazia
parte da mesma turma que a irmã. Fala serio! Quanta coisa pode mudar em um
mês? Mas eu gostava de Bianca e era bom vê-la.

– Bi! - cumprimentei com os dois beijinhos de sempre.

– Você tá incrível Mily, quem diria! - tudo bem que esse “quem diria?” era um
pouco demais. Ela realmente esperava que eu fosse chegar aqui numa carroça
com tranças no cabelo? Eu fui para o interior de Washington, não Texas.

– Você também está ótima querida. Andando com a irmã mais velha agora, é? -
provoquei.

– Que nada, é só coincidência. Na verdade, parece que toda a L.A. veio parar aqui.
Essa é A FESTA do fim do ano. O clube é novo também, estão inaugurando hoje.
- ela dizia enquanto balançava seus cabelos lisos e louros no mesmo ritmo da
batida da musica.

– Ow, quem diria, Mily Weelow. - Lucas apareceu por traz de Bianca com aquele
sorriso ensaiado, o smoking D&G um tanto afeminado e os músculos de
academia dos quais ele tanto se orgulhava.
Era impressão minha, ou, depois de conhecer o Jake, Lucas não era assim tão
impressionante?

– Hei LuKe. - cumprimentei da mesma forma que cumprimentei Bianca.

– Você não estava morando na fazenda, ou alguma coisa assim? - ele perguntou
bebericando seu drink muito colorido e exagerado.

– N-Ã-O. - eu estava incrédula de como a noticia de minha mudança tinha sido


distorcida.

– Então... decidiu voltar para nós, foi? - ele colocou a mão na minha cintura,
chegando mais perto e excluindo Bianca da conversa. Não que ela estivesse se
importando muito, já que pediu um drinque quase tão colorido quanto o dele e
deu o fora.

Eu devia ter me afastado porque aquela mão na minha cintura definitivamente


estava me incomodando, mas ai eu lembrei que ele sempre fazia isso e eu sempre
achei normal antes e então eu pensei duas vezes para começar a agir totalmente
diferente e dar margem pra maiores comentários. Pelo visto alguem andou
espalhando muita coisa sobre eu ir morar em Washington e agora eu estaria
correndo atrás do prejuízo para concertar isso.

Meus olhos percorriam todo o clube em busca de Trace, que com certeza não deve
ter chegado ou já teríamos nos encontrado, afinal, eu veria ela, ou ela me veria.
Porque é obvio que as duas estavam loucas pra se encontrar e eu estava fazendo a
minha parte e contando que ela faria a dela.

– Vamos dançar um pouco Miss Washington. - Lucas provocou com o que ele deve
ter achado que era sua expressão mais sexy. Eu quase rolei os olhos e quase dei
risada dele, mas achei que esse seria um comportamento extremamente
reprovável já que ele era supostamente o cara mais quente de Beverly Hills, pelo
menos a um mês atrás, e isso devia significar algo.

Fui com ele. Dançar era fácil, era minha praia e com boa musica e bons dançarinos
na pista, tudo só melhorava. Me deixei levar e me foquei em aproveitar a noite. As
vezes Luke fazia uns movimentos realmente ridículos e eu podia gargalhar enquanto
fingia me divertir com ELE e não as custas DELE. Nem sei por quanto tempo nós
dançamos e então ele voltou ao bar pra abastecer sua cota de álcool que já devia
estar ficando perigosamente baixa e eu pedi que ele me trouxesse uma agua com
gaz.

Me sentei em uma mesinha e esperei.

– O que você acha que está fazendo, sua fracassada?


A voz veio de traz de mim, irreconhecível pelo tom de raiva regado a muita bebida.
Me virei para encarar minha interlocutora e foi como se umas mil facas
concorressem para perfurar meu coração. Trace estava parada às costas da minha
cadeira, uma roupa vulgar demais até mesmo para os padrões liberais que
adotávamos, brincos Chanel tão grandes que poderiam ter sido vendidos como um
outdoor da marca, e, me encarando como se eu fosse a coisa mais suja e repugnante
que ela tivesse visto na vida. O que aquilo significava?

– Não me ouviu, queridinha? O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

Eu simplesmente não tinha nenhuma resposta para ela. Quem era ELA? Onde estava
a minha melhor amiga Trace que eu conhecia desde a maternidade, literalmente? O
que aquela MEGERA completamente chapada fez com ela?

E tudo de repente tudo começou a fazer sentido. Ela nunca me ligou, ela me chamou
pra vir a essa festa por uma mensagem de celular, ela não foi me pegar no
aeroporto... Todas aquelas pessoas surpresas em me ver, toda aquela coisa de eu
estar morando na “roça”.

Aquele não era um convite da minha melhor amiga pra que eu passasse o reveilon
com ela por que ela sentia a minha falta como eu sentia a dela. Aquela era uma
armadilha pra que eu passasse vergonha em frente aquelas pessoas, pra que eu
aparecesse mal arrumada ou não aparecesse de jeito nenhum, ou sabe-se lá o que ela
pensou que iria acontecer.

Eu tinha sido cortada da lista dos VIPs. E foi pela pessoa que eu achava ser a minha
melhor amiga. Senti uma pontada no meu peito e então esse grande bolo se formou
na minha garganta e de repente era tão, tão difícil conter as minhas lagrimas, que eu
estava a um passo de desabar.

– O Luke é meu, você me entendeu, sua caipirinha ridícula? Eu fui clara? ELE É
MEU!

Ela estava ensandecida, eu nunca tinha passado por nada assim. Tinha muito ódio e
ressentimento ali e eu nem mesmo dancei as musicas lentas com Lucas para merecer
suas acusações, eu não queria nada com ele.

– Esse MUNDO é MEU! - ela fazia um gesto exagerado e abrangente com os


braços finos.

E eu ali, em pé, ainda completamente imóvel, tentando muito não cair no choro
como um bebê.

Será que eu não tinha nada afinal? Meus pais nunca se importaram, mas Trace
sempre esteve comigo. Ela era minha amiga, porque ela estava falando aquelas
coisas pra mim e porque ela queria me humilhar? E porque agora, quando não
conseguiu, aparentemente, o que queria, ela veio esfregar na minha cara que aquela
amizade era uma mentira?

– Mily, aqui. Não tinha agua com gaz mas eu trouxe... - Luke percebeu finalmente
a figura que se colocava à minha frente, apontando o dedo pra mim e
esbravejando chingamentos. Tenho que admitir que ele ganhou alguns créditos
comigo quando se colocou a minha frente.

– Não seja ridícula Trace, vá curar essa ressaca, está bem? Você não quer
realmente dar esse vexame , quer? - e então ele chamou por Bianca que passava
por ali.

Eu vi Bianca rebocar a irmã quase que a força para algum lugar longe do salão,
enquanto me sentava novamente na cadeira, desabando e ainda em estado de choque
e na verdade, não fazia idéia de quando é que o estado de choque iria me deixar.

– Qualquer coisa que ela tenha dito, Mily, esqueça está bem? Ela só estava bêbada.
Vocês vão ficar bem - Luke sentou-se ao meu lado e tentava fazer um papel de
pessoa centrada que consola, o que sinceramente, não combinava com ele.

E então, algo dentro de mim se acendeu, uma raiva e um desejo de revanche que
apagavam por completo aquela dor de rejeição. Ela queria ser uma cretina comigo,
não queria? Eu seria uma cretina com ela. Voltei a mim e a festa ao meu redor.

– Eu preciso de um drink, grande e com muita vodka. - disse com minha melhor
voz de garota fácil e olhei pra Lucas com um sorriso 100% falso, que deve ter
soado como a resposta aos seus bons concelhos, já que o idiota foi ainda mais
rápido em me trazer a bebida.

Trace iria descobrir algo muito importante sobre mim essa noite. Uma coisa que
como minha amiga ela foi polpada de saber. Eu era muito boa em ser a garota de
classe, mas eu era ainda melhor sendo uma “bitch”, porque eu sabia jogar sujo e eu
sabia descer ao mesmo nível; EU não me considerava melhor do que ninguém, não
mesmo, e, eu não me achava superior e não iria me abster de machuca-la assim
como ela me machucou.

Talvez eu começasse com uma chance ao meu caro amigo Lucas que estava
sinceramente interessado em me amassar naquela pista de dança. E ela veria, ah se
veria! Eu conhecia aquela víbora o suficiente pra saber que ela não iria embora
assim, mesmo que eu não a tenha conhecido o suficiente pra evitar de faze-la minha
melhor amiga.
Seth P.O.V.

Nada daquilo parecia certo pra mim.

Ir atrás da garota do Jake - que ele já disse umas dez vezes que não era a garota dele,
mas tudo bem porque nem ele sabe o que está falando – Roubar carros, roubar
roupas, roubar convites de festa, quebrar câmeras de vigilância, bater um pouco e
roubar mais alguma coisa.

Se não fosse o risco de ter acontecido algo realmente serio com os pais da Srtª
Weelow eu não estaria me metendo nessa. Minha mãe com certeza me esfolaria vivo
se descobrisse onde estou agora e Leah iria ajudar ela nesse serviço.

Que bela forma de passar o fim de ano.

Já tava era passando da hora de eu arrumar um imprinting pra mim. Gostaria que
tivesse um botão que agente aperta em algum lugar para ligar e desligar essa coisa
de lobos. A maioria do bando se arrumou e eu ficava aqui jogado as traças, ou era
arrastado para rondas com Colim e Brad, as crianças. Sentia saudades dos Cullen
também, mas isso eu devia realmente guardar à sete chaves dentro da minha mente
se não quisesse levar uma surra, liderada certamente por Jacob.

O humano que Jake nocauteou do lado de fora da boate para pegar os passes livres e
o terno era um desses seguranças grandalhões que metiam medo na molecada.
Claro, pra um lobo ele não era pário e nós sabíamos que aquilo não era muito justo e
nem muito direito, alem do que já era pra ele ter voltado à consciência e Jake ter
voltado com a garota. O que ele estava fazendo lá que não voltava? Será que viemos
ao clube errado? E o humano, será que tinha morrido ou entrado em coma e coisa do
tipo?

Conferi os sinais vitais. O coitado tava só dormindo mesmo. Menos mal.

E foi então que eu ouvi a voz do Jake mesmo com os ruídos da musica muito alta.
Parecia chegar cada vez mais perto de onde eu e o segurança desacordado
estávamos esperando, logo atrás do clube noturno em uma viela que dava pra um
beco desses sujos com caçambas amarelas de lixo.

Ele estava aos berros com a Srtª Weelow e não é como se eu quisesse ouvir nada,
mas eu tenho ouvido de cachorro sabe, literalmente. Fiquei na minha e tentei
bloquear a conversa deles pra dar privacidade. Não que tenha funcionado!
Jacob P.O.V.

Aquela droga de boate tinha gente demais, nenhum ar circulando, nenhuma saída
discreta e um DJ idiota que parecia decidido a tocar só musicas estranhas feitas
com gente bêbada grunhindo.

Pra não falar que aquele cara de quem eu peguei o paletó emprestado não era tão
largo nos ombros mesmo que as mangas estivessem perfeitamente ajustadas em
mim e eu parecesse bem patético com o meu jeans e os sapatos dele, no minimo um
tamanho menor que meus pés.

Mesmo quando se é um lobo, acredite, a dor ainda significa alguma coisa. Meus pés
estavam com certeza me provando isso, nesse exato momento.

Era impossível de identificar Amelie naquele bolo de gente, todos vestidos com
cores claras em panos muito brilhantes, parecendo tão iguais em tudo, como um
rebanho. Pelo seu cheiro não era possível, já que era tudo tão abafado que meu
olfato foi para o espaço. Mesmo com minha visão privilegiada eu estava sendo
cegado pelo conjunto de luzes muito coloridas e irritantes. Minha audição aguçada
escutava cada nota da musica, muito ruim, mas não conseguia distinguir a voz dela
no meio de tudo.

Aquilo era, oficialmente, minha nova definição de pesadelo e eu me perguntava a


cada segundo o que eu ainda estava fazendo ali, o que Seth ainda estava fazendo lá
fora, ao lado de um humano desacordado e o que EU ganhava com toda essa
situação, exatamente.

E nem uma resposta vinha a minha cabeça.

Mas ai eu me obrigava a pensar em Marta toda desesperada com alguma noticia


bombástica pra dar à Mily e a Kim mais desesperada ainda por ter sido convencida –
enquanto tentava ser uma boa pessoa com Amelie – à mentir por ela e com o perigo
de se desmascarar bem no meio de uma provável tragedia familiar e eu continuava
ali parado como o pateta que eu era, olhando pra todo lado com os sentidos
prejudicados e quase humanos, até que um brilho vermelho me chamou a atenção e
eu vi aquele maldito rubi em forma de coração que o padrinho sanguessuga tinha
dado pra ela de presente.

O colar estava no pescoço de uma garota completamente bêbada, vestida de um jeito


muito sensual, com um vestido colado e decotado nas costas e na frente.
Ela dançava amparada por um cara que claramente estava se aproveitando para
passar a mão nela onde podia e não podia e que parecia tão bêbado quanto ela, com
um corte de cabelo cheio de gel ou sei lá o que esses playboys usam por ai pra fazer
o seu cabelinho estupido ficar assentado em suas cabeças de ovo.

Nas mãos ela tinha um drinque grande com uma sombrinha colorida na borda e ela
parecia totalmente alucinada, enquanto arruinava seu penteado dançando com tanta
fúria que teria acertado alguem de forma fatal se dançassem muito perto deles, e,
apezar de tudo, estava fantástica.

Ainda era a mulher mais bonita da festa, e foi isso, e não finalmente a reconhecer,
que me fazia acreditar que eu tinha encontrado a nossa fugitiva adolescente. Com
certeza, portando uma documentação falsa só pra melhorar um pouco a minha
situação se algum policial estupido fosse nos parar.

Bater em mais humanos parecia ser minha sina da noite. Certamente o segundo cara
a apanhar seria aquela coisinha com quem ela dançava. O moleque ia aprender a
passar a mão na vovozinha dele. Rumei para o meio da pista principal afim de pega-
la e acabar logo com esse fim de ano desastroso, mas alguma coisa me impediu.

A contagem para o dia 1º de janeiro tinha começado.

Amelie P.O.V.

Não há nada como a inconsciência parcial de quase um litro de Vodka no seu


sistema. Era como se eu flutuasse na pista de dança e ao mesmo tempo arrastasse os
meus saltos D&G como se fossem bigornas. E nada disso realmente importava,
porque o meu estado completamente embriagado me impedia de ser consumida por
todos os sentimentos que me assolavam, desde que eu pus na boca a primeira gota
de álcool dessa noite maldita.

Minha melhor amiga era uma vadia falsa, meus pais não estavam nenhum pouco
preocupados se eu vivia ou morria e nem um cartão de Boas Festas me mandaram,
e, eu fugi, voluntariamente, das únicas pessoas no mundo que me trataram bem. Só
para estar aqui, no meio de toda essa multidão e na companhia de ninguém;

Esperar o fim desse ano e o começo do próximo na completa solidão interior, de


porre e sem nenhuma disposição para acordar desse torpor induzido tão cedo. O que
deveria ser uma passagem importante era para mim, assim como boa parte da minha
vidinha insignificante, um grande acontecimento em branco, literalmente de Branco.

A musica parou e os telões começaram a exibir uma seleção de fogos ao redor do


globo como estava previsto. Luke deu um passo a frente com a clara intenção de me
abraçar mas não era ele quem eu queria ali, então eu dei meu próprio passo, pra
mais distante dele e cruzei meus braços junto ao peito desejando que os malditos 10
segundos pudessem durar apenas um piscar de olhos e que a musica voltasse, que o
bar reabrisse e que eu pudesse me esquecer da minha miséria com mais um
pouco de bebida gratuita.

10

8...

De repente era como mergulhar em uma poça de gelo. Porque eu estava sentindo
tanto frio se aquela pista estava tão cheia...?

5...

Uma lagrima caiu do meu olho que felizmente estava maquilado com produtos a
prova d'água. Eu era tão patética!

3...

- Feliz ano novo! - Uma voz rouca e grave sussurrou no meu ouvido, me aquecendo
e me fazendo acreditar que tinha endoidado de vez, porque agora eu tava alucinando
também.

2...

Minha alucinação me virou de frente para ELE, segurou as minhas bochechas em


suas mãos sempre tão quentes e grandes e me beijou sem hesitar.

1...

ZERO!!!
A nossa volta explodia o ano novo e os gritos de vivas de todas as pessoas do clube,
enquanto eu nem sequer me importava de estar realmente louca e beijava de volta
fingindo com toda a vontade que aquele beijo era REAL, que Jake estava mesmo ali
e que eu estava caminhando nas nuvens sem nenhum efeito da Vodka; apenas dos
lábios macios e fartos grudados aos meus em um roçar suave e profundo que me fez
surda, muda e sem sentidos por todos aqueles instantes.

Jacob P.O.V.

”Pronto , agora ferrou de vez!”– Eu pensei assim que a musica parou e as pessoas
começaram a se abraçar e se preparar para a passagem do ano. Era, de repente
insuportável, imaginar Amelie beijando aquela coisinha engomadinha com quem ela
dançava.

Mas era isso que ia acontecer, não era? Ele se esfregou nela durante toda a musica,
estava claro que escolhera ela para o “beijo da virada” e todas as outras tradições.
Queria pular em cima dele e deixa-lo desacordado, em um pior estado do que o
segurança la fora, e ao mesmo tempo, eu sabia que não faria isso, assim como não
fui capaz de ir atrás daquela sanguessuga nojenta que matou a minha melhor amiga,
a mulher que eu amava; transformando-a num monstro igual a ele. Covarde era o
que eu era.

A minha frente uma garota também parecia passar pela mesma situação que eu. Ela
era incrivelmente loura e parecia uma stripper pela roupa que vestia, que era bem
mais curta do que a maioria. Em uma fração de segundo enquanto eu desejava
fechar os olhos para não ver Mily e o playboy aos beijos, ela tinha em sua face a
mesma expressão e olhava para a mesma direção.

Ia me virar e esperar que eles acabassem...

Mas antes de qualquer atitude minha, eu vi Mily dar um grande passo para traz,
ficando bem mais próxima à mim do que à ele, e a vi cruzar seus braços em torno do
decote de uma maneira angustiada e desprotegida.

Um jeito que me lembrou, pela segunda vez, uma certa garota humana que eu
conheci a muito tempo e que sempre agia assim quando estava sofrendo. Depois
disso foi automático. Era a minha deixa. Ela tinha esclarecido bem as coisas com
seu acompanhante.

Cheguei nela de fininho, de perto eu podia sentir claramente o aroma de sua pele.
Foi como se eu me embebedasse. Não prestava mais atenção a nada.
- Feliz ano novo! - minha voz saiu sozinha. Ela tremeu e eu percebi feliz que tinha
soltado os braços da prisão que fazia em torno do peito. Me reconheceu
imediatamente. Talvez até esperasse por mim. “Não seja presunçoso, Jacob” - pensei
enquanto a virava, tomando-a nos braços claramente intencionado.

Seu rosto exibia uma gama de expressões que iam do panico à alegria. Seus lábios
se entreabriam em sintonia com os meus. Ela não refugou meu beijo nem por um
instante sequer, como se estivesse se entregando em minhas mãos de uma forma
completa.

Não sei quanto tempo agente se beijou, sentindo o gosto um do outro sem preça. A
boca dela ainda tinha um traço marcante de álcool mas não era desagradável. Talvez
eu devesse falar serio com ela. Acho que o que nós dois precisávamos naquele
momento era um ultimato. Essa coisa de amizade colorida já tinha dado o que tinha
que dar.

Eu imaginava se ela recusaria um relacionamento de verdade e mesmo que boa parte


de mim ainda tivesse calafrios só de pensar em compromisso com qualquer mulher
que fosse, estava claro demais pra quem quisesse ver que nós estávamos destinados
a nos encontrar; combinar e descombinar na medida certa.

- Hei você! - o humano imbecil, praticamente gritou no meu ouvido. Ele tinha me
cutucado também, mas é claro que eu nem me dei conta disso já que a força dele era
como uma pena para mim.

Nos separamos, Mily ainda estava ofegante e virada de frente para mim. Apoiei ela
pela cintura e a coloquei a meu lado pronto para a interferência.

- O que quer? - ladrei para o humano que pareceu vacilar um passo para traz quando
olhou bem para mim. Reconheci na hora, era o mesmo playboy que dançava com
ela antes.

- Quem é ele Weelow? - perguntou pra ela dando mais um passo a distancia.
Covarde!

Mily fez sua expressão mais autoritária e ergueu aquela sobrancelha perfeitamente
arqueada dela. Eu conhecia aquela expressão e aquele cara estava prestes a levar um
toco daqueles. Um sorriso se formou nos meus lábios. Mas então, algo na expressão
dela mudou quando olhou na direção contraria a nós e deu de cara com a garota
loira que eu vira antes.

- Jake, pode pegar uma agua pra mim? - ela me olhou com um sorriso fácil que não
era nem um pouco sincero. Eu desconfiei na hora. - Por favor? - ela acrescentou
com mais vontade. Lhe dei as costas, mesmo sabendo que devia era ter pego ela de
qualquer forma e levado embora já que tínhamos coisas mais importantes a tratar,
mas mesmo assim, a anta aqui seguiu direto para o bar.

Amelie P.O.V.

Sim, eu iria embora com Jacob, na verdade, eu quase deixei que ele me arrastasse
pra um canto qualquer com aquele beijo perfeito. Só que, bem... Eu ainda tinha
contas a acertar, que mesmo cheia de vodka eu era capaz de me lembrar.

Como eu não precisava que Jake visse o que eu faria, o mandei até o bar por um
momento. Dois minutos apenas. Não seria uma tarefa difícil e eu teria terminado o
que precisava fazer em menos que isso.

A uns quatro metros de mim, encarando sem disfarçar e com a cara de quem não
comeu e ainda por cima vomitou, a minha ex-melhor-amiga tentava garantir que
ninguém chegasse perto do alvo dela nessa festinha horrível. Alvo esse, que era o
mesmo cara que tentou e tentou a noite inteira e mesmo bêbada, eu não fiquei com
ele.

- Trace. - eu chamei assim que a batida da musica diminuía para ser substituída, um
"time" perfeito.

Ela subiu aquele nariz fino a custa de plastica até quase o nível de sua testa e
sustentou meu olhar, arrogante.

Luke tinha voltado a dançar quando viu que eu não dera atenção à ele. Se esfregava
com uma garota qualquer a uma distancia ridícula de mim.

Sem desviar meu olhar e sem nem piscar pra não perder a cara de fracassada dela eu
o puxei pela gola da camisa social, a essa altura, toda aberta. Apenas olhei pra ele a
fração de segundo necessária para chamar a atenção para a minha mordidinha
estratégica no lábio inferior.

Ela atira e ela acerta!

Lucas me puxou para si e me grudou em sua boca, que já era uma velha conhecida
minha, desde a nossa puberdade. Não foi o melhor dos beijos. Eu poderia ter
suspirado de tédio. Mas beijei ele com os olhos bem abertos e encarei ela durante
cada segundo do beijo.

Quando eu me soltei do garoto pronta para ir até o Jake e sair daquela noite podre,
Luke foi arremessado à uns dois metros do lugar onde estava, abrindo espaço na
multidão da pista.

Virei-me assustada procurando a razão daquilo. Jacob ainda estava com seu punho
erguido e agora ele me olhava com muita fúria, uma cara de dar medo, mesmo!

Jacob P.O.V.

- Ficou louco!? - ela esbravejava tentando ser ouvida através da musica muito alta.
Eu ouvia, se ouvia!

O que ela queria que eu fizesse?Eu vi quando o panaca se virou pra ela e a agarrou.
Ela não necessariamente lutou contra ele mas eu vi quando ELE agarrou ela. Estava
no meu direito socar ele, tanto que o franguinho ainda estava no chão. Com ela eu
conversaria mais tarde.

Os seguranças começaram a convergir para a confusão no centro da pista, era hora


de dar o fora.

- Vem. - dei uma olhada seria pra Amelie, aquilo não era discutível.

- Não mesmo! - ela empinou o nariz e tava tentando dar uma de bêbada pirracenta
pra cima de mim. Como se fosse adiantar alguma coisa.

Pequei ela e joguei no ombro com a maior facilidade, saindo dali antes de ter que
botar mais alguns humanos a baixo. Estava mesmo irritado com essa droga de lugar
e tínhamos coisas realmente importantes a tratar. Ainda nem tinha avisado sobre os
pais dela. Quer dizer, avisado que acontecera algo, porque saber mesmo eu não
sabia de nada. Precisávamos já estar em La Push uma hora dessas. Realmente não
dava pra perder tempo.

Ela gritou e gritou, lutou em vão me chingando e me chamando de homem das


cavernas, de louco, de desequilibrado. Queria que eu a colocasse no chão.

- Quando você se comportar como uma pessoa adulta eu deixo você transitar como
uma, por enquanto você vai aqui mesmo. - respondi controlando meu gênio, pois
por mais controle que tivesse, ainda sim meu sangue não poderia esquentar ali no
meio daquele tanto de gente, literalmente. Ela continuou gritando. Desci um pouco
mais sua cabeça para que ficasse mais distante do meu ouvido. Os protestos
aumentaram.

Lembrei da ultima vez que fiz a mesma coisa, no Natal; Agente acabou se beijando
pela primeira vez.
Dei uma gargalhada quando ela me chamou de animal, tinha feito a mesma coisa da
outra vez. “Eu sou mesmo, meu bem!” - quis muito gritar de volta, mas deixei pra
la. Enfezar ela não seria de grande ajuda agora que eu precisava de certa
colaboração para encontrarmos o Jared e cairmos na estrada.

Cheguei no beco onde tinha deixado Seth e o segurança desacordado e a coloquei no


chão procurando o moleque com os olhos. Ela estava enlouquecida. Nunca vi nem o
Paul naquele estado. Apontou um dedo pra mim e avançou aos poucos como uma
cobra pronta para o bote.

Amelie P.O.V.

- Troglodita, como você ousa? - eu me segurava para não voar no pescoço dele,
tanta era a minha raiva. - Não viu que eu estava ocupada?

- Cale a boca e deixe de ser mimada e inútil, Srtª Weelow. Eu não vim até aqui pra
vigiar suas ficadas! - Ele olhou nos meus olhos e gritou de volta parecendo tão
furioso quanto eu.

Agora eu vi merda! Não foi ele que saiu arrastado de uma maneira ridícula na frente
de todos os seus conhecidos. Não foi ele que acabou de ter a reputação arruinada.

- Imbecil, quem é você pra me mandar calar a boca, seu ... seu... seu... - e eu não
terminei de dizer nada, porque antes que eu dissesse qualquer coisa mais, ele me
pegou de jeito e me imprensou na parede de tijolinhos vermelhos, fazendo minhas
costas protestarem e a minha pouca consciência sumir de vez com o beijo furioso
que ele me deu.

Estava perdida no beijo dele, como sempre fiquei, alias. Isso era vergonhoso. Jake
descolou os lábios dos meus quando eu já ia abrindo minha boca pra ele.

- Você queria beijar não é? Então beija! - ele disse sibilante e cretino, seu halito
pregado em mim. Eu devia juntar todas as minhas forças pra bater nele com tudo,
mas só consegui agarrar sua nuca e beija-lo de volta.
Que se dane a Trace Vadia , que se dane minha reputação e o maldito lugar onde eu
me exilava agora. Se fosse com Jacob Black eu iria até o inferno! E claro, o melhor
de tudo, eu estava tecnicamente bêbada e poderia alegar um litro de vodka no
sistema para ter agido dessa forma.

Meu salto não dava conta de nossas alturas , como sempre; ele era alto demais. Jake
me imprensava e minhas costas protestavam enquanto minha língua enlouquecia na
dele, eu ia sentindo aquele corpo quente demais, perto demais do meu. O vento
gelado no meu micro vestido não era nada.

Ele passou as mãos embaixo da minha cocha me erguendo com facilidade, eu


ajudei, engatando minhas pernas em seu quadril pra facilitar nossa proximidade,
ficando praticamente semi nua naquele beco. Minhas mãos foram pra camisa dele e
entraram por baixo arranhando com minhas unhas poderosas, modéstia a parte, todo
aquele tanquinho definido que eu já tivera o prazer de ver à luz do dia.

Senti aquelas mãos enormes na minha cintura e nas minhas cochas, me sustentando
sem problemas e deslizando em mim, fazendo com que eu gemesse por entre seus
lábios grudados aos meus com fúria. Seu dedão roçou a seda da minha tanga La
Perla e eu estremeci abrindo mais ainda as minhas pernas, perdendo qualquer noção,
descendo minhas mãos pra me vingar da provocação. E foi ai que tudo parou.

- Agora que você ganhou o que queria nós já podemos ir. - ele disse todo arrogante.
Enquanto eu estava excitada, ofegante e descabelada, ele parecia não ter feito
absolutamente nada. Quase como se saísse de uma igreja.

- Seu filho de uma...

- Olha o que vai dizer, mocinha! - ele tapou minha boca e meus olhos se ejetaram.

- Seth. - ele chamou e um garoto índio apareceu logo depois ao nosso lado. Jacob
ainda mantinha uma mão nas minhas costas me apoiando. Eu o olhava com muita
raiva e sentia uma vontade inexplicável de chorar, que eu controlava com força.

- Meu nome é Seth. - O garoto se apresentou tentando ser educado. Não via razão
para descontar minhas frustrações nele.

- Amelie. - estendi a minha mão.

- Vamos logo, Jared já deve ter chegado ao ponto de encontro. - Jacob disse muito
serio, dessa vez.

Alguma coisa nos olhos dele quando voltou-se para me olhar me impediu de
continuar gritando. Me resignei a ir com eles. Aquele desgraçado, esfarrapado e
prepotente iria pagar muito caro pela gracinha. Como se eu fosse mesmo deixar
ELE fazer alguma coisa comigo ali naquele lugar horroroso, ou numa suíte do Plaza
que fosse. Canalha!

Jacob P.O.V.

Quase perdi a cabeça naquele beco.

Aquela garota me deixava louco, de insanidade mesmo, não era só um modo de se


dizer. Ela estava bêbada e poderia jogar isso na minha cara como desculpa, mesmo
assim eu não resisti. Eu não facilitava nada pra mim mesmo. Parecia que a cada dia
eu dava um jeito de piorar as coisas. O que aconteceu com aquela rotina amena em
que eu tinha me enfiado? O que aconteceu com meu estado de zumbi e toda a minha
raiva contida por conta da Bella? Eu nem sabia mais porque tinha tanta raiva da
Bella, desde que a herdeira desequilibrada entrou na minha vida, eu simplesmente
não era mais como o mesmo.

Como se aos poucos eu retomasse minha vida, uma coisa que eu não tinha antes;
que me foi tomado. Olhei para Mily pelo retrovisor, só para me deparar com aquela
cara de cu que ela fazia sempre que estava fula comigo. Parece que realmente a
irritei a pegando daquele jeito, ou teria sido por que eu a larguei? Seth tentava
manter uma conversa amigável com ela, que por sua vez não cooperava. Pobre
garoto.

Meu vidro estava aberto, Jared afundava o pé no acelerador do carro roubado


correndo como um desesperado e inconseqüente. Alguem precisava lembra-lo de
que havia uma humana presente e se ele capotasse o carro, ela poderia não se dar
muito bem.

E novamente eu me perguntei o que estava acontecendo comigo. Logo eu que era


chegado numa velocidade, quase brigando com Jared por passar dos 140 por hora.
Louco. Muito louco.

Faltava pouco agora, logo estaríamos na porta da casa da Kim.

Kim P.O.V.

Eu nem tinha mais o que pedir aos deuses de tanta oração que já tinha feito. Estava
ali, sentada no sofá de frente pra minha mãe, meu pai e a Tia do Sam, Marta.

Estava morrendo de vergonha como nunca na vida por ter ajudado Amelie a mentir
para seu responsável e sair por ai no mundo, sabe-se lá Deus pra onde. Quer dizer,
ela me deu o numero do celular dela e me deu o nome do lugar em Seatle onde
supostamente estaria. Eu só esperava que o nome do lugar fosse valido já que o
celular dela não atendeu nenhuma das cinqüenta chamadas que eu fiz antes de
confessar minha participação na fuga dela e implorar ao Jared que a achasse.

Por falar em Jared, ele estava demorando tanto. Ai como eu esperava de todo o
coração que aquilo não se estendesse por muito mais tempo. O clima estava tão
pesado. Minha mãe me lançou olhares terríveis e eu poderia esperar por uma bronca
daquelas assim que Marta fosse embora.

Marta, no entanto, nem prestou atenção na minha participação como cúmplice. Ela
parecia em parte acostumada com a conduta da patroa e em parte desgostosa por ela
ainda continuar agindo dessa maneira. Sua expressão era severa e angustiada e eu
mal podia olha-la, tanto era meu remorso de ter sido cúmplice daquela louca da
Amelie.

Claro, eu ouvi tudo quando ela contou a minha mãe o porque de aparecer no meio
da noite na minha casa, procurando pela patroa dela, que supostamente estava lá,
quando esta não atendeu seu celular.

- Foi o avião do Sr. Weelow, parece que não respondeu aos contatos de radio e saiu
do radar a mais de oito horas. As autoridades precisam esperar 24 horas para
oficializar o desaparecimento e começar as buscas, mas o advogado da família já
contratou um pessoal particular pra procura-los. Eu nem sei como vou dizer isso a
Srtª Amelie e aquela garota irresponsável ainda me faz uma dessas...

Dava pra ver na voz dela, que mesmo demonstrando irritação com a garota, na
verdade, ela estava era muito preocupada. Era uma raiva movida apenas pelo medo
de que algo realmente serio pudesse acontecer com Mily enquanto a família viva
aquela situação alarmante, que nem ao menos era de seu conhecimento.

Tive pena de Marta, porque cabia a ela contar a Amelie, e tive pena de Amelie
porque, afinal, eram os pais dela e isso, de acidente aéreo, não era nenhuma
simplicidade. Sempre acabava em grande tragedia.

Foi com alivio que ouvi um carro virar a minha rua ruidosamente e todos se
levantarem para espera-los na varanda.

Amelie P.O.V.

Eu comecei a entender tudo muito bem, quando agente chegou na frente da casa da
Kim, que eu só reconheci como tal por ver ela na varanda, junto com outras duas
pessoas de meia idade que se pareciam com ela.
O carro parou totalmente e eu vi mais alguem saindo da varanda, e esse alguem era
nada mais nada menos que Marta.

Eu ia matar Jacob Black e ia fazer isso umas três vezes, no minimo. Aquele imbecil
iria virar bife na minha mão. Depois eu dava um trato na Kim incompetente.

A essa altura, depois da gracinha dele lá no beco, eu já tinha soado quase todo o
álcool do meu sistema e me sentia exausta mais muito consciente pra saber que
estava as portas da maior bronca da minha existência. E se da ultima vez que eu
aprontei fui mandada pra esse buraco eu só imaginava pra onde é que meus pais me
mandariam dessa vez. Algum lugar na africa, com guerra civil e fome era meu maior
palpite.

Não tinha mesmo amigos nesse mundo. A santinha da Kim me entregou na maior e
ainda mandou toda essa patota junto do namorado dela só pra que minha
humilhação tivesse publico. Eu odiava todos eles e quando encarei ela e seus olhos
estavam úmidos de lagrimas que ela continha tive mais raiva ainda. Aquela idiota
que eu quase considerei como amiga, tinha me traído igualzinha a vadia da Trace.

- Amelie. - ela falou antes que Marta pudesse começar o sermão. Eu virei a cara.

- Mily, me perdoa por dizer onde você estava ... você precisava saber, era
importante... - ela tentava falar com a voz tropega enquanto eu a ignorava o melhor
que podia.

Mas espera aí, Marta ainda não tinha dito nada, na verdade, ela encarava os pés e
quando me fitou eu vi apenas carinho em seu olhar. Quase como se ela estivesse
sentindo... PENA. Fiquei estática e me esqueci de odiar Kim, me esqueci até de
onde estava.

- O que aconteceu? - Exigi dela na minha voz mais autoritária. Comecei a ser
tomada por pânico de verdade.

- Vamos pra casa, querida, eu preciso conversar com você sobre um assunto serio... -
ela estava tentando ser civilizada e pouco me fitava nos olhos enquanto dizia aquilo.
Esperto da parte dela porque eu conhecia Marta bem o suficiente pra ler a gravidade
daquilo em seu olhar. Mesmo assim, não me importei e interrompi.

- Sem mais delongas Marta, desembucha. - Mandei de novo, controlando minha voz
que tremia agora. - Desembucha! - disse com mais força. Senti a mão quente de
Jacob em meu braço. Me esquivei imediatamente, indo até Marta e balançando ela
pelos ombros. Então ela me olhou, seus olhos estavam baixos e desolados.

- São os seus... pais! - E eu não ouvi mais nada.


Jacob P.O.V.

Ela desabou na hora, assim que Marta citou os pais dela eu vi suas pernas dobrarem
e corri pra não deixa-la ir ao chão.

Foi tão difícil ver ela daquele jeito, parece que me doía fisicamente. Eu disse que
tinha ficado louco!

Enquanto Marta continha as lagrimas e tentava ser ainda mais forte na presença das
outras pessoas, agradecendo a Kim e aos pais dela, ao Jared, Seth e à mim, por tê-la
encontrado e trazido a salvo, eu me sentia ainda pior.

Ela ali inerte nos meus braços. Eu podia ouvir seu coração martelando; sentia sua
respiração fraca mas constante, porem duvidava que ela fosse acordar tão cedo.

Marta me disse que era melhor que ela descansasse e obviamente me ofereci pra
leva-la até em casa. Jared dirigiu até a casa delas no carro roubado pra só depois
devolve-lo.

Os outros seguiram seu caminho e eu, não sabia, sinceramente se conseguiria deixa-
la. Esperava ansiosamente que Marta se esquecesse de mim em meio aos problemas
para que eu pudesse ficar com ela, da mesma forma como fiquei quando a achei na
floresta, mas isso não durou muito.

- Pode ir descansar agora, meu filho. Ela vai acordar confusa e vai precisar de
espaço pra receber a noticia. Alem do mais, os advogados do pai dela estarão aqui
pela manhã e eu vou precisar atende-los. - ela falava enquanto ajeitava Mily na
cama.

- Claro, Claro. - eu meneei minha cabeça, concordando com ela apenas


superficialmente. - Se precisar de qualquer coisa... - ainda tinha esperanças de que
ela me pedisse pra ficar. Já estava até me envergonhando disso.

- Claro, querido! Você é um ótimo amigo para a minha Amelie e ela vai precisar
muito de seus amigos. Amanhã, quem sabe! Depois que o choque passar. - ela me
conduziu até a porta.

Enquanto ficava lá fora, olhando para onde ela agora descansava por intermédio de
um desmaio, me lembrei de que nem ao menos sabia o que tinha acontecido de fato.
Liguei para o Jared, ele saberia e poderia me por a par de tudo.
Eu estaria mesmo aqui para ela, para ajudar no que fosse possível. Ela era
mimadinha, irresponsável e inconseqüente mas tinha um grande coração, isso eu
pude ver desde cedo nela. E claro, tinha mais uma coisa com a qual eu ainda lutava,
mesmo sabendo ser agora uma batalha perdida: Eu a amava!

Residencia dos Clearwater – La Push, 3 de Janeiro

- Você sabe que não precisava realmente fazer isso não é? - A garota índia de feições
bondosas franzia a testa para sua acompanhante. Queria poder consola-la de alguma
forma, mas simplesmente não sabia como, já que a outra se fazia de forte com muita
convicção, quase como se não se importasse mesmo com a tragedia que se abateu
sobre sua família. Pai e mãe, desaparecidos, Deus sabe se para sempre, em um
acidente de avião a menos de dois dias.

- Não pense que iria deixar você com todo o credito. Nós planejamos essa festa
juntas e vamos executa-la juntas. Tudo pela Noiva! - Amelie Weelow disse com total
segurança, fazendo Kimberly ter ainda mais medo do que realmente se passava na
mente da garota que era com certeza, uma ótima atriz.

- Onde coloco essas caixas? - A voz firme e masculina soou pela pequena sala.
Kimberly olhou para a grande figura de Jacob Black e uma montanha de papelão
envolvendo os mais variados brindes e aparatos para brincadeiras. Ele vinha
seguindo Amelie de perto enquanto ela se mantinha alheia a isso e quase o ignorava,
mas não era por mal.

Amelie ficava aérea sem sequer perceber.

Kimberly sorriu para ele e indicou a cozinha da casa, que estava vazia a não ser por
eles. Esperava que Amelie aceitasse a ajuda que Jacob estava pronto para lhe dar.

A festa seria uma surpresa, por isso a montavam ali na casa da “ dama de hona” e
não na casa da noiva, como a principio imaginaram. Emily e Sam se casariam no
por do sol do dia seguinte e todos na reserva estavam em polvorosa com os
preparativos, cada um a sua maneira. Leah, a “dama de honra” e filha da dona da
casa estava desaparecida, juntamente com Embry Call desde que saíram para fazer a
ronda, no dia anterior. Esperava-se que ela fosse pelo menos à igreja.

E talvez fosse exatamente disso que Amelie Weelow precisava agora para se impedir
de lançar-se em uma turba inútil de pensamentos pessimistas; sumir para algum
lugar distante de si mesma ou apenas encher-se com tantos afazeres a ponto de
amortecer suas angustias.
Saiu de sua casa tão logo quanto pode. O cerco de advogados que se formou na
pequena sala a deixava ainda mais desesperada e aciosa.

Buscou a companhia de Kim, a quem já tinha perdoado por lhe entregar naquela
noite desastrosa de ano novo. Não houve um castigo para sua traquinagem de sair
escondida e se embebedar sendo menor, afinal, ninguém duvidava que a vida já não
lhe tivesse dado uma lição pior.

Claro, por mais concentrada que parecesse em desempenhar bem seu papel de
decoradora e organizadora, mal conseguia sustentar-se de pé e manter suas lagrimas
longe, sentia-se miserável e sozinha e nem ao menos acreditava que toda essa
miséria vinha do desaparecimento de seus pais, que pensando bem, nem sequer
falavam com ela a semanas.

Queria entender o turbilhão de pensamentos confusos de raiva, desgosto e fraqueza


que lhe abatiam. Queria entender o porque de em um minuto seu coração se apertar
em desespero pela vida deles e em outro se apertar em desespero por não temer
tanto assim.

Tudo o que ela conhecia estava mudando de centro, de repente demais, fora da sua
capacidade em acompanhar. Não havia mais “velhos amigos” para ela, nem havia
seu “velho bairro”, como se ela tivesse acordado na pele de uma outra pessoa. Sem
historia, era principalmente, como se sentia. E sem chão por isso.

Jacob Black estava por ali e isso era estranhamente reconfortante, tanto que ela nem
mesmo se impediu de achar isso enquanto olhava de soslaio, sempre que ele estava
concentrado em alguma coisa e não poderia perceber seu olhar. Lembrava-se de
como ele era daquele jeito dele, sempre tão quente.

Se tivesse consciência de si mesma agora, desejaria estar sendo abraçada e protegida


pelos longos e torneados braços do rapaz, mas não poderia se dar ao luxo de
fantasiar nada, nem sequer se impedir de olha-lo, mesmo assim. Estava fora de suas
mãos ser qualquer coisa hoje que não uma embalagem vazia.
Amelie P.O.V.

Nem dava pra acreditar em tudo o que tinha me acontecido nesse maldito fim de
ano, aqui no maldito fim de mundo. E se não bastasse tudo com que tinha de lidar,
cá estava eu com uma importante produção para fazer, ou melhor, impedir aqueles
índios caipiras de montarem um bolo de aniversario e não uma noiva!

Alem de, claro, trocar as preças o lugar da cerimonia. O casamento seria na pequena
igrejinha de Forks mas deu pra fazer tudo na First Beach, como era o maior desejo
da noiva, de inicio, já que fez um sol incomum e os meteorologistas prometeram
que ele continuaria, e era impossível desperdiça-lo.

A minha parte racional sabia muito bem qual a razão por traz de todo o meu
interesse nisso, minha mais nova psicose de controlar tudo para que Emily tivesse
um casamento maravilhoso, quando eu mal a conhecia.

Estava usando um cartão platina corporativo (meu castigo fora totalmente suspenso
com o advento dos novos acontecimentos), e, mesmo que eu só tenha conversado
com a noiva na festa de despedida de solteira que eu e Kim organizamos para ela no
dia anterior, e que, nada disso fosse nem remotamente uma obrigação minha; eu me
doei por inteiro ao projeto.

Eu estava fugindo da piedade das pessoas, da minha própria piedade, de uma


terapeuta agendada em Seatle, de um rolo com um cara gostoso que mexia com
minha cabeça e meus sentimentos, de melhores amigos de araque que agora eram
passado e, por fim, não menos importante, dos meus pais, desaparecidos depois da
queda do jatinho deles a três dias sem nenhum sinal de vida ou morte.

Como eu lidava com isso? Bem, eu estava gastando muito dinheiro com estranhos
que estavam relutantes em aceita-lo, só para esquecer os meus problemas, então:
ME PRENDAM!

- Mily, você tem certeza que é esse par? - Uma Kim esbaforida me perguntava,
segurando lindos stilettos Manolo Blahnik, em cetim perolado com cristais.

- Quantas vezes tenho de dizer que sim, kim, são esses?! - perguntei já sem muita
vontade de ser educada com ela.
Afinal, Kim podia ser uma péssima ajudante quando queria, sempre insistindo em
coisas sem importâncias como, por exemplo:

- Não sei se Emily vai aprova-los Amelie. É o casamento dela e ela deveria escolher
os sapatos... - ela já ia defendendo esse mesmo argumento pela qüinquagésima vez.

Primeiro foram as flores, depois a tiara, depois o beque que eu mandei montar na
praia para impedir os convidados de atolarem seus pés na areia no meio do “Sim, eu
aceito”, e agora... agora eram os malditos sapatos!

- Sua amiguinha se casaria descalça se eu permitisse e então arruinaria todo o álbum


de fotos que providenciei quando fretei um voou só para trazer o melhor fotografo
de eventos de L.A. para esse brejo afim de dar aos filhos melequentos que ela terá,
alguma lembrança decente do casamento dos pais, e, tudo o que ela poderia ser é
totalmente agradecida, por calçar os lindos sapatos que custam mais do que todo
aquele vestidinho caseiro dela e ser a noiva deslumbrante que ela nunca seria se eles
não existissem. - Disse com meu melhor sorriso de 1.000.000 de dólares.

Acho que já tinha repetido essa mesma explicação, também por cinqüenta vezes, já
que Kim me olhou com uma expressão cansada e emburrada enquanto levava os
sapatos para o comodo onde estavam arrumando a noiva, que se mostrou uma
pessoa muito cooperativa com o meu bom gosto e que não tinha vindo reclamar de
nada, nenhuma vez, deixando isso a cargo da chata da Kim e suas opiniões, no
momento, inúteis.

Pressionei meus dedos em minhas têmporas. Eu iria explodir a qualquer momento.

- Srtª Wellow, a carruagem chegou. Onde devemos estaciona-la? - um homem


baixinho e de bigodes veio até mim.

Varias dessas pessoinhas que prestavam os milhares de serviços que contratei


vinham direto até mim nas ultimas horas como se ninguém mais estivesse fazendo
nada.

- Eu não tenho idéia de onde vai enfia-la senhor, só espero que não seja aqui, pois
veja o senhor mesmo, não temos espaço. - Fiz um grande gesto abrangendo o que
era um hall minusculo de uma loja de beira de praia, onde montamos a sede da
organização e também um míni salão para os cuidados com a noiva, madrinhas e
afins.

- É claro que não vai deixa-la ai fora também, porque nunca se sabe quando irá
chover nesse maldito estado encharcado... - Continuei. E eu já ia mandar ele
merecer os dólares que eu estava lhe pagando quando Jacob entrou pela porta da
lojinha e foi falando todo prestativo com o homem e tirando ele de minhas vistas.
Não podia deixar o Black perceber aquilo mas eu estava totalmente agradecida à ele.
Mal pude conter o suspiro de alivio.

Na verdade, eu meio que me irritava com ele sempre pronto a me salvar, porque ele
estava definitivamente me seguindo desde o acidente dos meus pais, e ficava
cuidando de mim, sem que fosse diretamente, mas, sei lá, ele estava sempre ali
quando eu realmente precisava.

Tinha que admitir, ele era bem esperto de ficar meio afastado, também. Eu não tive
nenhuma oportunidade de destrata-lo e deixa-lo com raiva, de modo que ainda nem
tínhamos discutido, o que era definitivamente um recorde pra nós.

Outra coisa que ele nunca saberia, obviamente, era que eu estava louca por ele.

Mesmo que tudo estivesse uma bagunça, e por mais estranho que parecesse ter as
respostas logo para esse problema, eu finalmente as tinha: Eu estava louca e
completamente apaixonada por aquele índio gigante, caipira, pobre, ignorante,
metido, quente, gostoso e tão fofo que até doía.

Ainda podia sentir as mãos pesadas dele correndo minhas cochas e apalpando tudo o
que eu nunca deixei nenhum carinha apalpar. Aquele cheiro dele que me lembrava
de coisas que eu nem conhecia: Segurança e afeto, unidos, como se eu encontrasse
um lar naqueles braços torneados.

“Você tem o seu orgulho Amelie Wellow... você AINDA tem o seu orgulho!” - Era o
que eu vivia repetindo pra mim mesma a cada segundo toda vez que Jacob Black me
aparecia no seu cavalo branco pronto para me salvar, ou mesmo quando eu lembrava
das vezes que nos estranhamos ou até mesmo das vezes em que ele me agarrou, que
eram de longe as minhas favoritas.

Jacob POV

Eu sinceramente, nunca imaginei que aquela praia pudesse ficar tão linda.

Tudo era tão branco e então tinha aquelas pequenas margaridas pra todos os lados e
também alguns arranjos de flores roxas igualmente pequenas, sem mencionar a
quantidade inacreditável de rosas brancas, tão grandes quanto os meus punhos
cerrados, que certamente foram uma idéia à parte da Amelie.

E aquele por-do-sol, Haaaah, o por-do-sol! Acho que não via um daqueles desde
moleque. Tão alaranjado, tão completo. Nem parecia o mesmo céu cinzento e
eventualmente rosado pelo frio das montanhas de Olympic.
Os votos de Sam e Emily foram simples, afinal Amelie não tentou escreve-los. A
coisa toda deve ter durado uns dez minutos.

Agora, todos estavam tendo uma ótima festa de recepção. Bem mais cheia de
frescuras do que o pessoal daqui estava acostumado, mas não ouvi reclamações de
ninguém, muito menos os noivos, que estavam naquela de imprinting, totalmente
apaixonado e pareciam tão felizes que mesmo se um maremoto decidisse nos atingir
eu duvido que eles fossem perceber a tempo de correr.

Eu fiquei ali, encostado na pilastra de madeira do pequeno beque, onde realizaram a


cerimonia, olhando distraído para o pessoal da pista de dança, localizada no tablado
vizinho.

Amelie estava sentada numa cadeira, toda reta e empertigada com aquela classe que
só ela tem, bebendo um refrigerante em uma taça alta; seu olhar vagava através de
tudo aquilo, como se nem estivesse aqui. Me assustava o fato de ser refrigerante no
copo dela, pois não a vi sequer tentar descolar algo mais forte que aquilo, o que eu
sabia que ela certamente conseguiria se ao menos se propusesse a tentar.

Aquele nível de maturidade não era coisa dela e ela não estar se importando em ser
o centro das atenções, dando shows na pista de dança, completamente embriagada,
dizia muito mais a respeito do seu estado do que o silencio dela falou nesses três
dias.

- Não vai chamar ela pra dançar? - Quil quase me pegou de surpresa, se plantando
ao meu lado e me encarando com um sorrisinho idiota bem tipico dele.

- Não sei de quem está falando. - retruquei sem dar maior importância.

- Ah, Jacob, o que é isso? Sabe que não sou burro, você está olhando pra ela a uma
hora, no minimo. - ele repreendeu como se tivesse toda a razão. Ele meio que tinha,
mas eu não ia admitir.

- Isso quer dizer que você esta me encarando a uma hora pra saber disso.... - acusei
olhando-o de frente. - Vou começar a achar que está realmente a fim de mim, cara! -
provoquei, cruzando os braços.

- Muito engraçado! - ele disse sem humor. Quil sem humor, essa era nova.

- Estou falando sério Jake, ela precisa se animar e você sabe que quer.

- Cuide da sua vida. - falei sem querer estender a conversa inútil e continuei com
minha observação.

- Se você não chamar eu chamo! - ele falou serio. Aquilo fez com que me virasse
pra ele com uma sobrancelha erguida em protesto e incredulidade ao mesmo tempo.

- Qilllllll – Claire veio correndo até nós dois com seu vestido rodado e cor-de-rosa,
cheio de flores e babados. Ela parou próximo a perna dele e começou a puxa-lo pela
calça sem parar. - Caaaaireee que dança Qillll, dança com Caire!

Sorri para a criança que estava me salvando do amigo inconveniente e a peguei no


colo.

- Agente pode trocar!- eu propus fazendo um meio passo de dança com Claire, o que
fez ela gargalhar e soltar a cabecinha para traz, emborcando-se pra longe de mim,
adorando a brincadeira.

- Nada feito. - ele pegou-a de mim com rapidez sem interromper a brincadeira. - Vá
ficar com a sua garota Jacob. - Ainda disse enquanto rumava para a pista de dança
atrás de fazer as vontades da criança.

Minha garota! É, eu gostava de como isso soava para mim, eu gostava até demais
para o meu gosto.

Amelie POV

Aqui estava eu, exuberante, vestida em um Armani longo, cor de pêssego e feito de
gaze de seda, mais apropriada ao tapete vermelho do Oscar e no entanto, sentada em
uma cadeira branca de plastico barato coberta com tecido para disfarçar sua pobreza.

Kim e o namorado tinham se sentado comigo durante um bom tempo e mesmo que
eu odiasse admitir, pelo tempo que eles estiveram na mesa, as piadinhas dele e o
rubor exagerado e batido dela me divertiram um tanto.

Quando eles se levantaram para dançar apaixonadamente uma balada, entretanto, eu


me vi aqui, mais sozinha e deslocada impossível.

Completamente inapropriada para estar em publico, sem forças pra nem ao menos
me retirar elegantemente da recepção. Uma recepção que eu preparei de maneira
obsessiva e que estava até charmosa se não considerarmos os altos níveis a que
estou acostumada.

O dia também estava lindo e isso era inegável. Um dia perfeito e digno de L.A.
Briza morna e salgada, atipicamente seca e reconfortante.

Suspiro.
“Aquele índio idiota também estava lindo!” - Me pego pensando. Não que eu tenha
visto muito ele, que, não mais que de repente, sumiu do meu radar pra não mais
voltar.

E eu ficava ali, imaginando, fazendo imagens mentais claras... Jacob e uma das
primas da noiva, aquelas garotinhas caipiras de quatorze à vinte anos, todas vestidas
com seus vestidinhos do Wall Mart, seção festas.

Deviam estar se atracando em algum matinho pela orla da praia, qualquer uma delas
deveria lhe servir.

Pensar nisso era como mastigar escargô estragado. Quase podia sentir o bolo no
fundo da garganta, o fel que descia em minha boca como veneno, amargo, muito
amargo. Eu era tão melhor que elas ou talvez eu não fosse não.

A musica mudou outra vez, ficando agitada e fazendo mais gente convergir para a
pista de dança.

Todos estavam tão felizes. Em sua casa, com pessoas que os conheciam desde
sempre; E era mais que isso: Essa gente se gostava e confiava umas nas outas, em
qualquer situação. Eles não estavam sozinhos.

EU estava sozinha, muito mais do que apenas sozinha em uma mesa, ou agora, com
o acidente de meus pais, sozinha no mundo. Eu estava com uma solidão cronica,
como um câncer ou algo do tipo; tendo que perceber que nunca conheci ISSO, essa
alegria e essa cumplicidade a longo prazo, no “custe o que custar” ou “até que a
morte nos separe”, nem mesmo com minha família.

Não estava vendo nenhuma das minhas tias aqui, nenhum dos meus primos de NY.
E então eu apenas me dava conta de que, de fato, nem ao menos os conhecia.

Quase não pude barrar as lagrimas nos olhos e mesmo que meu rímel fosse a prova
d'água, eu não poderia deixar nada transparecer. O que minha mente louca estava
achando que poderia fazer ao meu corpo? Eu nunca me exporia dessa forma.

E eu sentia tanta inveja deles e mesmo que vários pensamentos meus gritassem ser
um absurdo eu estar invejando aquele proletariado, eu nem me preocupava mais em
esconder de mim mesma que tudo o que eu queria era achar o meu lugar nesse
mundo, era ter uma fatia do que eles tinham ali... “na saúde e na doença, na riqueza
e na pobreza...”

Mesmo se fosse ali, mesmo se um pedaço daquele mundo pudesse me abraçar, eu


estaria aceitando. Afinal, quais esperanças ainda me restavam? Quem eu era, se não
podia nem mais me reconhecer frente a um espelho ? - e, eu não estava falando
apenas do aspecto de palha que meu cabelo ganhou com a umidade pavorosa desse
lugar.

- Dança comigo? - A voz grave , e já infinitamente conhecida, soprou em meu


ouvido.

Dei um pulo na cadeira. Estava concentrada, afinal de contas.

Abusado! Eu nem tinha percebido que uma nova balada estava tocando.

Virei meu rosto, ainda com o torso ereto na cadeira, apenas para dar-lhe uma
resposta mal criada e automática.

Meu olhar bateu no seu, sempre um perigo. Ele não estava com aquela cara de
convencido que ele sempre fazia pra cima de mim, não; dessa vez parecia que tinha
um certo tom de embaraço em sua proposta, quase como se ele tivesse medo de
fazê-la sabendo que eu recusaria. Também não parecia amassado, cheio de mato ou
fedendo a vagabunda, naquele terno branco sem gravata e com sua postura seria, já
estendendo a mão grande até mim.

Como sempre aconteceria, uma parte de mim queria recusa-lo, dizendo sem parar
que era assim deveria ser e era assim que seria. O mundo manteria sua ordem
natural... Mas havia então essa uma outra parte, que já existia a algum tempo agora;
na presença dele, em especial.

E foi essa ultima parte de mim, essa nova parte, mais impulsiva e honesta consigo
mesma que me comandou sem que eu evitasse, até seus braços, até a pista de dança,
de mãos dadas com o idiota, cretino e perfeito do Black. Sentindo-me
verdadeiramente bem em dias, em meses, talvez sentindo-me verdadeiramente bem
pela primeira vez na vida.

Jacob POV

Assim que percebi um tremor que fosse na estrutura impecável de Mily, me


aproximei de sua guarda baixa, reconhecendo minha chance.

Nesses momentos, ela era capaz de ser tão dócil quanto sua delicada compleição
sugeria.

Não que eu gostasse de tê-la pra mim apenas quando ela estava machucada demais
para reagir, mas eu estava devidamente agradecido por seu orgulho desaparecer por
qualquer período de tempo que fosse, porque só assim eu poderia conhecê-la.

A musica lenta nos possibilitava um contato além do imaginado e para meus


sentidos esse contato era aumentado por dez vezes. Seu cheiro, quase palpável como
um sabor em minha língua.

A vontade de beija-la subindo como uma compulsão por meu corpo e mente. Um
calor bom mas perigoso demais. Eu deveria me impedir de deseja-la assim, cada vez
mais como vinha acontecendo.

- O que está achando de sua obra? - decidi conversar, embora essa tenha sido uma
decisão de metade do meu cérebro enquanto a outra metade ainda tinha medo de
desperta-la de seu estado pseudo-inanimado para um outro onde ela começaria a me
estapear.

- Poderia ter ficado melhor! - ela disse baixinho com sinceridade. Vibrei em silencio
por estarmos conversando como duas pessoas civilizadas e poderia até arriscar dizer,
amigáveis.

- Não cobre tanto de si! Os perfeccionistas não são criadores. - falei aquilo sem me
lembrar ao certo onde escutara. Ela sorriu parcamente e deu de ombros.

- Me diga você o que achou de minha obra, então? - ela devolveu, afastando-se o
suficiente do meu peito para me olhar.

- Eu acho que você fez um ótimo trabalho por aqui... - concedi. - Não que eu
entenda muito do assunto. Mas ... - hesitei, nervoso com cada palavra, com medo de
dizer a coisa errada que recomeçaria nossas desavenças.- Acho que suas intenções
não foram tão altruístas quanto pareceram no resultado final.

Inacreditavelmente ela riu com um pouco mais de força, fazendo seu peito tremular
no vestido leve e me deixando encabulado e em apuros por ter olhado seu decote
naquela hora

- Você não é nem um pouco lento garoto. Talvez sobrevivesse em uma selva de
pedra! - ela disse escorando-se novamente no meu peito, parecendo a vontade ali.

Decidi não provoca-la por ter quase insultado a minha inteligencia. Pela primeira
vez eu não vi nada maldoso em sua fala. Tomei a liberdade de afagar seus cabelos
soltos e incrivelmente lisos para a ocasião. Ela mesmo de saltos altos, era bem
menor que eu. Amelie não se afastou de mim e suspirou pesado de encontro a minha
camisa enquanto eu fazia minhas mãos desajeitadas acompanharem a volta de sua
cabeça.
- Eu nunca vi a sua mãe... Quero dizer, o seu pai é o homem na cadeira de rodas não
é? - ela parecia embraçada e interessada ao mesmo tempo. Fiquei feliz que ela
estivesse querendo saber algo a meu respeito.

- Sim, você conheceu Billy no Natal. - respondi ainda sem conseguir manter minhas
mãos longe dela. - Minha mãe morreu a muitos anos, eu ainda era pequeno. - disse,
por fim.

Ela desencostou-se para me olhar, dessa vez mais abrupta. Os olhos grandes e
temerosos.

- Eu sinto muito. - olhou para mim como se passasse realmente o sentimento


naquelas palavras sempre tão vazias que ouvi de todos com quem tive de tratar
sobre o assunto.

- Tudo bem. - assegurei. Ela sorriu pra mim, um sorriso pequeno mas muito
gracioso. Um sorriso que ainda não havia visto em seu rosto.

A musica de repente parou para dar seqüência a outra, um pouco mais agitada. Não
nos movemos. Ela ainda me olhava fixamente como se eu a prendesse de alguma
forma, o que era absurdo e uma ilusão de minha parte em acreditar, mas tão pouco
me desviei.

- Vem comigo. - ela disse de repente, parecendo estranhamente segura do que fazia,
me deixando um pouco alarmado.

Me rebocou por toda a pista de dança se desvencilhando dos casais enquanto


ganhávamos as areias da First Beach. Ela de saltos altos enterrados na areia molhada
e pegajosa e eu de sapatos sociais, como nunca antes caminhei por aquele solo.
Paramos numa pequena tenda improvisada que eu mesmo, com a ajuda de Embry
tinha montado para abrigar a carruagem. O cocheiro ainda estava ali, encostado em
um de seus cavalos comendo o bolo do casamento.

- Senhor. - ela chamou, enquanto o homenzinho olhava para os lados procurando


quem o incomodava. - Senhor, por favor. - ela parou um pouco ofegante perto dele.

- Sim Srtª. - ele quase fez uma reverencia à ela e eu tive de rir daquilo. A garota
impunha um respeito e um altividade dignas de um alfa.

- Poderia nos levar em um passeio pela praia? - ela deu aquele sorriso doce e
irrecusável para o pobre homem que quase babou em sua beleza e aparente candura.
- Aproveitar o resto de sol. - ela sugeriu com animação.

- Claro Srtª, agora mesmo. - o homem se empertigou.


- Ajude-me a subir Jake. - ela virou-se para mim, sua expressão me lembrou uma
criança fazendo uma traquinagem. Eu definitivamente gostava mais dessa Mily do
que da patricinha mimada e arrogante que ela era quando chegou aqui.

Embora, não pudesse ser muito otimista sobre como seria o amanha já que a garota
era naturalmente temperamental e eu tinha certeza, bipolar.

Amelie POV

O vento açoitava meus cabelos na perfeita escova. Sem me importar com a brisa
molhada do mar, eu os deixei ganhar os ares enquanto aproveitava o galopar dos
cavalos. Jacob me olhava deliciado com o que via, quase babando, coitado.

- Fecha a boca, Black! - eu provoquei. Me sentia bem melhor. Acho que eu


precisava, literalmente de ar e precisava dele também, só pra mim, longe do grande
publico.

- Até parece! - ele desmereceu arqueando uma sobrancelha grossa em minha


direção. Os lábios fartos se distendendo em um sorriso fácil.

Não sei o que me moveu e tão pouco me importei naquele momento, porque em um
segundo eu estava rindo de sua careta, e, em outro, enlacei minha mão direita na
nuca de Jake, puxando-o para mim, colando minha boca na dele.

De repente pensar não me fazia tão bem quanto estar beijando aquele cara muito
gostoso pra ser verdade em pleno por-do-sol, aqui em La Push, no fim do mundo.
Diferente de todas as vezes em que nos beijamos, talvez por ser eu quem atacava
dessa vez, o beijo foi apreciativo, quase com calma, doçura. Como se ele quisesse
me provar que poderia se portar como um cavalheiro finalmente, não só um
selvagem.

Como em toda vez que estávamos perto, no entanto, as coisas começaram a ficar
descontroladas. Eu ofegava por ar enquanto Jacob me virava no banco, de repente
grande demais para nós dois. Suas mãos grandes guiando minha nuca para um beijo
de tirar o fôlego.

Uma mão espertinha passeando acima do meu joelho pela fenda do vestido. Eu
queria que aquela mão subisse, como eu queria. E foi ai que eu percebi que
estávamos em uma carruagem guiada por um cocheiro que estava ouvindo cada um
dos gemidos que escapava de minha boca, e, me afastei imediatamente de Jake.

Pensei ter ouvido uma espécie de rugir de protesto vindo de sua garganta mas logo
ele me permitiu ganhar distancia.

- Você vai fingir que não nos beijamos? - ele perguntou depois de um tempo. Sua
voz carregava certa prepotência e com certeza muito mal humor.

- Não sei do que está falando. - disse e me virei para olhar o céu escurecendo rápido.

- Ah, claro! - ele resmungou se virando para o outro lado.

Me dei conta de que parecíamos duas crianças emburradas.

- Eu gosto de você Jacob Black! - falei em alto e bom som, me rendendo àquela
verdade e me entregando a ela.

Não era como um “Eu te amo” nem nada assim. Eu estava apenas apaixonada por
aquele... Aquele... ELE LÁ. Já havia lido artigos da Cosmos o suficiente para
acreditar que era fogo de palha e não custava nada deixa-lo um pouco ciente disso e
aproveitar para dar uns pegas de vez enquanto.

Jacob POV

- Eu gosto de você Jacob Black! - ela disse de repente, se minha percepção fosse
apenas humana aquelas palavras não surtiriam tanto efeito, mas o que ela não
deixou transparecer na voz ela entregou nas batidas de seu coração que voou assim
que ela proferiu tais palavras.

- Acho que sabe como me sinto. - Falei querendo ser justo. - Eu não saio por ai
resgatando todas as garotas loucas e mimadas que eu conheço das furadas em que
elas se metem. - Não resisti.

- Ah seu... - ela já ia me xingando, o dedo em riste.

Segurei sua mão e olhei fundo em seus olhos, me lamentando por ela usar aquela
lente que escondia a verdadeira natureza de suas íris. Aquilo fez com que ela não
completasse o pensamento e olhasse pra mim de volta, com a mesma intensidade.

- Posso? - eu acariciei seu rosto e me aproximei, pedindo pela primeira vez.

- Ahan. - ela afirmou meio boba.

E então eu a beijei, não da maneira como sempre a beijava tentando provar a ela que
ela também me queria, ou mesmo com a calma de nosso ultimo beijo. Ela havia dito
que gostava de mim. Ela admitira isso para si mesma com segurança suficiente para
me contar.
Eu a beijava agora, não só de uma maneira terna e completamente nova entre nos,
porque aquele beijo não tinha calma como não tinha agonia, nele havia o desejo
queimando na superfície, um desejo claro, instigante e promissor que parecia unir
seu coração ao meu enquanto os dois voavam ao som abafado das galopadas.

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Oliver POV

Por quatrocentos anos eu esperei que minha amada retornasse à esse mundo, que
minha Eleanor pudesse reunir-se a mim outra vez e que dessa vez pudéssemos gozar
de nossa felicidade juntos sem que nos fosse tirado o direito de amar.

Quatrocentos anos e nem um dia a mais, quando em vinte de três de fevereiro ela
nasceu. O chamado de meu coração foi quase tão claro quanto a marca de nascença
em forma de estrela em sua omoplata esquerda.

Sobre o nome de Amelie Violet Gerard Befart Weelow, ELA retornava a mim dando
fim a toda uma existência de solidão.

Dezesseis anos depois desse dia aqui estava eu, nervoso como se ainda fosse um
humano adolescente e tivesse algo a temer frente a uma garota que me idolatrou
desde sua mais remota infância e que eu facilmente poderia conquistar,
convencendo-a a realizar os rituais de que precisaríamos para acordar a alma de
Eleanor que morava dentro dela.

Claro, o destino fora precipitado deixando-a assim órfã de repente, mas ela não era
uma criancinha e eu não precisava agir com tanta cautela agora. As mulheres eram
mães de filhos crescidos na idade dela, quando eu fui um mortal, nos idos de 1.600.

Seria muito fácil arrumar-lhe documentação para transitar como maior de idade,
pois seu corpo formou-se sedo, nas mesmas curvas sinuosas e instigantes das quais
eu sempre me lembraria. Doce Eleanor, doce e impetuosa. Perfeita para mim.
Nenhuma outra me interessava e nenhuma outra me despertava como homem
mesmo depois de minha vida imortal.

Afundei meus mocassins italianos nos pedais macios como areia do meu Jaguar C-
xf. Ainda podia sentir entre os dedos a caixinha com o seu mais novo presente, pois
minha princesa gostava de mimos, dos mais caros e mais impressionantes e não
seria eu a nega-la luxo e regalia quando tinha em meu nome metade de um
continente.
Diverti-me imaginando sua carinha surpresa e sapeca ao constatar habilmente
quantos quilates tinha o diamante da vez, me refastelando na idéia de que fora bem
mais exagerado que o usual ao comprar esse presente.

Amelie POV

Jake me conduzia, uma mão permanentemente em minha cintura enquanto


voltávamos à recepção que tomou ares de balada quando as crianças, os mais velhos
e os noivos se retiraram.

Puxei ele para pista de dança e aproveitei a batida frenética para provoca-lo um
pouco, como uma vingança justa pelo tanto que ele me provocara naquele passeio
de carruagem.

Sentia-me muito disposta e completamente entregue a essa nova loucura.

Segurei suas mãos e as coloquei no meu quadril, jogando os braços pra cima e
rebolando de encontro as pernas dele, subindo e descendo e por fim me virando para
encara-lo.

Jacob tinha uma expressão concentrada e eu podia apostar toda a minha coleção de
casacos vintage como ele estava tentando imaginar uma senhora bem velha sem as
roupas para conseguir manter-se livre do constrangimento de uma ereção publica.

Me esfreguei mais ainda nele completando o movimento com um beijo rápido e


provocante, onde minha língua passeou por seu lábio inferior fazendo-o grunhir e
me segurar à certa distancia.

- Você é louca! - sua voz estava mais grossa e o castanho de seus olhos estava mais
profundo.

- Você me quer. - assinalei arqueando a sobrancelha e ressaltando o obvio, virando-


me e continuando a dança.

- Tem certeza que só tinha refrigerante naquele copo? - ele perguntou perto demais
do meu ouvido, fazendo um gemido me escapar quando mordeu o lobulo da minha
orelha inesperadamente.

Me virei para beija-lo outra vez, mas algo acontecera.

Suas mãos estavam em minha cintura, mas agora eram restritivas e protetoras. Ele
assoviou alto o suficiente para machucar meus tímpanos e em um átimo de segundo
o namorado de Kim estava a seu lado junto de outro rapaz que eles chamavam de
Quill.

- Fique aqui, com os outros. Não saia da pista! - ele alertou com olhos ensandecidos
e me beijou na testa de forma possessiva pra logo depois virar-se em velocidade
para me deixar ali sozinha.

Nem pude perguntar por nada; Kim me puxou pelo braço dizendo algo como:
“Vamos fazer o que eles mandaram!”

Que fosse ela fazer o que lhe mandavam. Homem nenhum mandava em mim.

Desvencilhei-me dela com facilidade e me pus a seguir a figura enorme e


dificilmente camuflada de Jacob, passando pelas pessoas atulhadas até o
estacionamento da praia.

Jacob POV

Em um instante eu tinha problemas de coordenação por causa da dancinha assassina


da Amelie pra cima de mim e no outro, aquele cheiro, uma corrente de ar doce e
pesado vindo direto ao encontro do meu nariz super sensível. Tinha um vampiro a
menos de trezentos metros de onde eu estava.

Assoviei com urgência porque eu sabia que os garotos reconheceriam o sinal. Pelo
canto do olho vi Jared sussurrar instruções à Kim enquanto arrastava o Quil com
ele. Temi deixar Mily ali, sozinha, mas logo Kim a pegou pelo braço e eu pude me
virar para ir com eles.

Parecia que teríamos caça para celebrar o casamento de Sam.

Sentia meus músculos prontos para explodir ao menor sinal de problemas e era uma
maravilha estarmos tão próximos da orla da floresta, onde estaríamos encobertos de
testemunhas.

O rastro fresco e imediato me tomou os sentidos e em minha direita Jared já


desabotoava a camisa social.

Um homem estava escorado displicentemente em seu carro brilhante e caro. Claro,


não era bem um homem já que a pele pálida e mal cheirosa indicava sua verdadeira
natureza, bem como sua beleza estranha e ameaçadora. Também não era nenhum
dos Cullen, o que era uma garantia de diversão. Parecia não saber o que o esperava.

Reconheci o veiculo como um jaguar esportivo. A sanguessuga tinha bom gosto, era
uma pena que fossemos desmontar a belezura depois de nos livrarmos dele. Ocultar
as pistas.

- Tio Oliverrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr! - o grito afiado e estridente de Amelie cortou o


silencio de guerra em que nos encontrávamos e ela chegou à sanguessuga antes que
eu pudesse detê-la pelo braço, já que passara pelo lado de Quil e não o meu.

Mais que porra era essa?

Os caras olhavam pra mim e depois para a sena a nossa frente, que consistia em uma
Amelie super excitada quicando como uma bolinha de borracha em volta do
vampiro, abraçando-o e beijando-o como se ele fosse uma pessoa.

Então era esse o tal padrinho...

Deixei a contra gosto o calor se esvair de mim e pus minha mão direita a frente de
Jared indicando que deveríamos aguardar ordens de Sam para agir. Pelo visto a caça
havia sido adiada, eu só esperava que não fosse por muito tempo.

Sam Uley P.O.V.

Emily passou por mim segurando seus sapatos de salto em uma das mãos, enquanto
balançava uma taça de champagne quase vazia na outra. Ela estava alegre com a
bebida que quase nunca consumia e mantinha um sorriso fácil nos lábios, um
cambalear dominava seu corpo e o conjunto de ações seria quase ridículo se ela não
fosse tão infinitamente linda.

A puxei pela cintura para os meus braços fazendo-a gargalhar e virar a cabeça a fim
de me olhar diretamente.

- Está afim de um pouco de diversão hoje, Senhor meu Marido? – sua voz sedutora
continha um traço visível de alteração.

- Você acha que dá conta do recado, Em? – provoquei de encontro a sua orelha
fazendo as risadinhas aumentarem.

- Eu sempre irei dar conta de você, Sam! – ficou na ponta dos pés para me beijar.

Então se afastou e foi rebolando na direção de nosso quarto, deixando o vestido cair
pelo corpo enquanto andava, só para me torturar mais um pouquinho.
Já ia atrás quando meu bolso vibrou. Ia deixar o pager maldito em cima da mesinha
da sala e ignorar totalmente o infeliz que ousava me atrapalhar em plena lua de mel,
mas a porcaria do aparelho eletrônico continuou apitando até que vencesse e eu
olhasse o que era.

De: [JaredS2Kim] para [Alfa]


Alerta vermelho. Sanguessuga na área. Estacionamento First Beach

“Inferno!” – pensei enquanto corria até o quarto para dizer a minha mulher que ela
teria que me esperar para começar a nossa LUA DE MEL. Eu pensava cada vez
mais na possibilidade de me afastar e passar o comando á Jacob, de uma vez por
todas.

O direito de nascença era dele, de qualquer modo e, além do mais, nesse ritmo, eu
não me surpreenderia se Emily acabasse me pedindo o divorcio.

Amelie P.O.V.

Eu mal podia acreditar na minha sorte. Era como se ela estivesse se levantando dos
mortos. Meu Dindo estava ali na minha frente em toda a sua gloria. Seus trajes caros
e bem combinados, sua elegância descomunal e sua figura de beleza indiscutível.

Claro que eu não vi nem ouvi mais nada enquanto pulava nele. Que saudades...

E, opa, sensação errada: Frio demais.

Não me lembrava de que Tio Oliver fosse assim tão gelado. Será que aquela droga
de estado tinha mexido tanto assim comigo a ponto de eu estranhar meu próprio
Dindo?

- Minha Princesa! - ele disse em sua voz maravilhosa de tenor, enquanto me recebia
de braços abertos.

Ignorei essa nova sensação estranha quanto ao frio e o beijei, mas foi
definitivamente a ultima coisa que fiz, já que um braço muito quente e que já se
tronara completamente normal para mim me arrancou na maior cara dura de cima de
meu visitante ilustre, e, eu tive que me virar em um momento: “O que você acha que
está fazendo seu idiota?”

Embora não tenha sequer sido ouvida, já que uma Marta arfante pela corrida tinha
aparecido do meu lado, me arrastando e o noivo que já fora embora a muito tempo
estava de volta apenas com as calças e a frente de um grupo de índios grandalhões,
onde também divisei Jacob.

Eles encaravam meu tio com hostilidade declarada e aquela maldita mulher não
parava de me arrastar.

O que estava acontecendo com aquele povo mal educado?

É claro que eu já sabia que eles não tinham modos mas isso já era demais e
enquanto eu lutava para me desvencilhar de Marta, Kim se juntou a ela e eu só pude
ouvir a voz de Jacob chamando meu tio de SANGUESSUGA e mandando-o
embora.

A raiva me subiu e eu despistei as duas mulheres enquanto corria a toda pelo


estacionamento da praia de volta ao meu tio, a única pessoa sã naquele meio de
loucos e que claramente estava sendo ameaçado.

Jacob P.O.V.

Amelie estava agarrada ao parasita como se ele alem de ser uma pessoa, fosse
alguem muito especial. O ciumes e a preocupação tinham lugar em minha mente já
muito cheia, procurando todos os motivos para calma e sobriedade afim de evitar
uma transformação antes que Sam chegasse.

Quando o vi trazendo Marta e Kim, não esperei por nada. Tirei minha Mily das
garras daquela coisa e a passei para Marta que já devia ter sido avisada de que
ninguém deveria ouvir aquela conversa e a levaria dali em segurança.

- Quem são vocês? - o idiota perguntou sem esboçar nenhuma reação ao fato de eu
ter lhe tirado a garota.

- Nós somos o seu pesadelo, Vampiro! - Jared respondeu trincando os dentes.

- Ora, ora... - ele meneou a cabeça em um risinho superior. - Então o cheiro de


cachorro molhado era realmente o que pensei ser de inicio! - ele continuou como se
estivéssemos em uma conversa amigável. - Acreditei que estavam extintos na
Olympic. Não tenho noticias de nenhum de vocês a mais de duas gerações. Parece
que esse foi o lugar de menos segurança possível para mandar minha amada.

Eu rosnei pra aquele desgraçado e ele só me olhou de cima a baixo, me avaliando.


Era mais de uma cabeça mais baixo que eu. Estremeci com os punhos serrados,
querendo mais que qualquer coisa me lançar em cima dele e acabar logo com isso,
enquanto Sam assumiu o controle.

- Meu nome é Samuel Uley e nós não o queremos em nossas terras. Você pode ir
agora ou nós iremos lhe tirar daqui.

Eu estava perplexo: Como assim ele ia em paz? Qual era o problema do Sam afinal?

Mas então eu vi meu alfa me lançar um olhar de aviso e entendi tudo: Era bom que
o sanguessuga saísse do alcanço do grande publico para outro lugar onde
pudéssemos caça-lo.

- Você ouviu o Sam, SANGUESSUGA, Vá embora, suma! - disse satisfeito.

Amelie P.O.V.

Corri até o aglomerado de homens, ou eu deveria dizer, o aglomerado de selvagens e


meu tio querido? Enfim, Marta e Kim tentaram me puxar de volta porque elas são
obviamente perturbadas.

- O que está acontecendo aqui? - falei com autoridade querendo acabar logo com
aquela palhaçada.

Olhei diretamente para Jacob como se implorasse para que ele fosse equilibrado
pelo menos na frente do Dindo.

- Nós precisamos conversar com o seu padrinho, Srtª Wellow. - O noivo foi quem
me respondeu enquanto Jake apenas me lançava um olhar desapontado que eu
ignorei por não ter nenhum sentido racional.

- Está tudo bem querida! - meu tio olhou nos meus olhos e era como se ele fosse
capaz de me obrigar a comer o meu pé. Como pode ser tão lindo? E seu cheio era
tão agradável.

Senti-me boba como se estivesse levemente entorpecida, quase bêbada. Sem poder
me conter sorri tolamente para ele.

- Tem certeza que quer falar com eles, Dindo? - perguntei com minha nova voz,
mansa demais. - Isso é tudo tão desnecessário... venha comigo! - peguei sua mão.

- Está tudo bem, minha bela. - ele se desvencilhou de minha mão acariciando ela. -
Nós estamos apenas desfazendo um mal entendido. - e foi aí que ele olhou
fixamente para mim por alguns segundos, como me prendendo irrevogavelmente em
seus olhos verde-caramelados. - Por favor vá até sua casa com Marta, está bem? Eu
passarei lá assim que possível para falar com você. Eu lhe trouxe um presente... - ele
tirou uma caixinha do bolso do terno de veludo preto. A caixinha também era de
veludo preto. - Pegue. Espero que esteja do seu gosto. - ele finalizou, beijando
minha testa e sorrindo tranqüilizador para mim.

Ouvi algo parecido com um grunhido mas não identifiquei o que fosse.

De repente me sentia cansada e não me parecia mais o fim do mundo ir com Marta e
Kim de volta para casa, nem me pareceu estranho que meu tio estivesse tendo mal
entendidos com pessoas desconhecidas apenas por existir.

Ainda pude divisar os olhos raivosos de Jacob Black, suas mãos em punho e aquela
sua expressão desapontada olhando para mim. Aquilo pareceu me incomodar e me
ferir também, mas eu estava realmente cansada.

Era como se não tivesse apenas corrido alguns metros por aquele estacionamento, e
sim, vários quilômetros em um deserto ao meio dia.

Minha mente estava condicionada a ir com Marta e descansar. Eu não estava em


mim. Nem sequer abri o presente.

Jacob POV

Eu vi Amelie virar de costas para nosso “grupinho” e ir na direção de Marta


obedientemente. Eu sabia o bastyante sobre ela para esperar qualquer coisa da
garota, ela era uma imensa contradição e até agora tinha se mostrado bem instavel,
mas até pra mim que me preparei para que ela fizesse tudo, não entendi como ela
desistiu assim.

Porque com certeza aquela sanguessuga tinha lhe feito alguma coisa

- O que você fez pra ela? - a voz me saiu rasgada e minhas mãos se apertaram mais.

- Eu a Glamorizei. - ele se desencostou do carro, e encarou o bando de frente, face


erguida.

- E que porra é essa? - Jared rosnou, também se segurando.


- Eu tenho a habilidade de “convencer” as pessoas sobre o que é melhor para elas,
sem muita conversa. - disse o sanguessuga com um sorrisinho sínico e então se
virou para Sam, serio.

- Você não vai me atacar, porque eu simplesmente não mato para sobreviver e você
é um protetor. Sem mortes, sem problema! - ele acenou displicentemente.

- Você usa lentes de contato, porque seus olhos estão vermelhos de sangue. Como
espera que acreditemos em sua inocência? - Sam estava se contendo mais facilmente
do que nós por ter maior controle, mas até pra ele eu via a dificuldade.

- Não disse que não bebia sangue humano, de fato eu bebo! - um rosnado mais
imediato saiu de meu peito fazendo Sam me lançar olhares repreendedores. - O que
estou dizendo é que o vampiro que me formou era um cientista e ele tomou a
imortalidade para si da mesma forma, me ensinou a colher sangue, não matar para
recebe-lo. - o idiota parecia super convencido e confiante. - Levanta menos
suspeitas e a sede é fácil de controlar quando você bebe sempre quantidades
abundantes de sangue colhido. Sou tão inofensivo quanto um coelhinho! - ele
gargalhou.

- Podemos mata-lo por ser um risco mesmo assim. Está tirando sangue dessas
pessoas e sabe-se lá em que estado as deixa. - minha voz foi certa e tão petulante
quanto a dele. O vampiro pareceu descer de seu pedestal por um instante e então
olhou para mim com olhos de raiva.

- Eu já tinha quatro seculos de vida quando você não passava de um


espermatozoário, lobo. - ele me fuzilou. - Nunca recolhi mais de um litro por
humano e além do mais, sou uma figura publica de renome. Se me matarem vão ter
legiões de humanos e suas leis atrás do seu segredinho e eu acho que vocês não
gostariam de toda essa exposição, não é?

- Saia de nossas terras. Você não tem mais permissão para passar por aqui ou ficar
qualquer tempo que seja entre as pessoas de nossa tribo ou não nos importaremos
em mata-lo. - Sam falou solene, mas eu esperava ataca-lo e de repente pareceu que
não aconteceria.

- Sam, cara... - eu comecei mas ele me interrompeu, pondo a mão na direção de meu
peito, uma injunção. Bufei frustrado.

- Você foi avisado e agora lhe darei o beneficio da duvida, mas não vou impedir
nenhum dos meus de mata-lo assim que o vir, então cuide de sua retaguarda. - Sam
alertou e eu gostei de aquelas palavras soarem tão ambíguas.

- Aviso aceito. - o infeliz sorriu gozador. - Irei respeitar as fronteiras e não mais
invadirei seu território. - disse mais serio. - Mantenha esse seu cachorrinho longe de
minha Amelie ou verá ele perder suas patas. - avisou abrindo a porta do carro.

- Como seu eu tivesse medo de você, velhinho! - lancei um sorriso à ele.

- Estamos avisados criança. Você pode machuca-la de formas muito mais cruéis que
eu! - e então entrou no Jaguar dando partida.

E eu já ia correndo pra me transformar e estraçalha-lo por sequer cogitar que eu a


machucaria quando Sam me segurou pelo braço e me fez virar.

Oliver POV

Por essa eu não esperava. Raios.

Quando me encontrei com esses transmorfos pela primeira vez eu era um vampiro já
experiente, enfrentei dois deles até ficarem machucados o suficiente para que me
deixassem em paz e fui pra casa pesquisar sobre o que tinha acontecido, porque eu
sabia que não tinha como lobos comuns se comportarem daquela maneira nem
federem tanto.

Claro, isso fora a mais de duzentos anos e eu com certeza não tinha encontrado
vestígios de que aquele padrão continuava atingindo os nativos, ou tão pouco tinha
conhecimento desse clã de Washington, já que os últimos que enfrentei eram Sioux
e viviam na Dakota do Norte.

Puxei o porta luvas e retirei a garrafa térmica de metal, abrindo a tampa com uma
das mãos e bebendo um grande gole do sangue mais fresco a que tinha acesso.
Malditos cachorros!

Se bem que eu não estava preocupado diretamente com eles. Os protetores não
seriam assim um problema para mim. O que me incomodava eram os olhares entre o
mais alto deles e minha princesa.

Ela com certeza o conquistara, como conquistara muitos garotos antes, mas eu temia
que ele tivesse conseguido um feito parecido com ela, e era, inaceitável me imaginar
competindo com aquela criança pelo amor da minha vida, que já me pertencia.

Além do que, para não causar aborrecimentos desnecessários para ela, eu teria que
encontra-la em Seatle no hotel em que me hospedei ao invés de ir até sua casa como
prometi, e o inferno sabe, o quanto eu odeio quebrar minhas promessas. Quase
nunca faço isso, nunca para ELA.
Em uma hora, com o meu pé bem fundo junto ao pedal de acelerador, eu cheguei na
cobertura que tinha reservado no melhor hotel da cidade e mandei meu motorista
busca-la, porque embora eu corresse o risco da senhora que cuidava dela ter algum
conhecimento a respeito de minha real natureza, eu tinha certeza que Amelie viria.
-----------------------------------GO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Amelie POV

Quando enfim cheguei em casa, não me pareceu muito certo ter partido e ter
deixado meu Dindo para traz. Tudo aquilo era muito estranho e nem sequer parecia
que há uma meia hora eu estava desfrutando de uma festa relativamente boa na
companhia de Jacob, a quem eu tinha decidido dar uma chance.

Como se recobrasse a consciência com clareza eu esperei ter tido mais força de
espirito para permanecer ao lado de Tio Oliver, enquanto agora só me restava
esperar.

Lembrei-me do brilho esverdeado nos olhos de meu tio, que realmente tinha a mania
de usar lentes de contato sempre para esconder a verdadeira natureza de suas iris.
Ele nunca havia usado o verde antes, por isso me lembrei. Antes me lembrava dele
de olhos sempre castanhos.

Não importava muito a cor dos olhos. Dindo estava lindo como sempre e jovem
demais para ser verdade. Será que ele havia feito algum tratamento de
rejuvenescimento? Não tinha como aquele Deus grego ter mais de trinta anos e nós
sabíamos que ele tinha.

Enfim, mesmo com toda a confusão, não conseguia mais tirar Jake de mim. Como
se nossas horas juntos tivessem imortalizado seu cheiro em meu nariz, seu gosto em
minha boca... Nem sequer parecia que a uma meia hora eu o beijava avidamente, tão
rápido foi a nossa separação e tão rápido parecíamos novamente, dois estranhos.

Não quis pensar assim, mas pensei lembrando-me de sua expressão raivosa.

O que tinha aquele garoto contra meu padrinho? Lembro-me dele ter dado um
chilique quando recebi meus presentes e então aquela palavra: Sanguessuga. Ele
tinha dito a mesma coisa que eu lembro. Deve ser alguma gíria daqui de La Push, no
fim das contas.

Atirei o salto alto no canto do sofá e me encolhi me cobrindo com uma manta que
Marta deixara por ali. Já havia esfriado o suficiente e mesmo assim me recusei a ir
até meu quarto e me trocar, afinal, meu tio prometera vir o mais rápido possível e
Tio Oliver sempre cumpria o que me prometia.

- Vá se arrumar para dormir Srtª. Seus olhos estão baixos de sono! - Marta apareceu
na porta da cozinha quando eu estava quase as portas de um cochilo.
- Vou esperar o Dindo! - retruquei e resolvi que poderia muito bem cochilar um
pouco enquanto isso. O dia havia sido longo e realmente havia muita exaustão
emocional a se contabilizar.

Apaguei.

Jacob POV

- Mas que porra Sam!!! - eu me virei furioso para ele, tirando meus braço de seu
cerco.

- Calma Jacob! - ele me ordenou. - Ainda tem gente olhando. Censurou quando viu
meus dedos se apertarem na minha palma e minha mão tremer.

- Eu pensei que iriamos atrás do sanguessuga. - enfrentei-o de frente.

- É claro que vamos, mas não agora Jacob. Você perdeu o juízo? - ele continuou no
tom de ordem para que eu não pudesse desobedecer. - Acha que o parasita disse
alguma besteira quando nos lembrou tão sutilmente que teríamos problemas se ele
sumisse de repente?

- Você caiu nessa... francamente. - ri sem nenhum humor.

- Você não caiu? - ele olhou pra mim, perdendo sua paciência. - Vamos intensificar
as rondas e ele já foi avisado, de modo que se voltar a cruzar nosso caminho será
eliminado. - e falou para o grupo. - Por hora eu espero poder finalmente começar a
minha lua-de-mel. - e olhou especificamente para Quil e Jared, a quem tinham se
juntado Embry e Leah.

- Você Quil e você Leah. - apontou. - Podem ir fazer o primeiro turno... Você
Jacob... - voltou para mim e me apontou o dedo como se eu fosse seu empregado,
coisa que ele nunca havia feito e que denotava o tamanho de sua irritação em ser
chamado para resolver aquele problema. - Não vai atrás do vampiro sem os seus
irmãos e isso não vai acontecer agora...

- Eu vou no lugar do Quil... - Embry já ia interrompendo.

- Não senhor, a coisa é séria. Quando digo RONDA, não quero dizer “desculpa para
dar uns AMASSOS!” - Sam ordenou seco e então deu-nos as costas.
- Está assim amargo porque não teve tempo de co... - Embry já ia falando quando
Leah pisou em seu pé com força.

- Ai, isso dói Leah, você também é loba, esqueceu? - ele choramingou pulando em
um pé só de maneira ridícula.

Jared saiu rindo da cara dele, assim como quil que deve ter ido cumprir suas ordens.
Embry ainda tentava beijar Leah e ela o empurrava dizendo não ser a hora para fazer
isso.

Eu bufava de ódio e frustração.

Sam estava certo, eu sabia que ele estava certo. Sabia que agora mesmo Mily estava
em sua casa esperando pelo “Dindo” sanguessuga e que se ele não aparecesse nunca
mais, ela iria colocar toda a policia do universo atrás do bando.

E mesmo assim, com toda essa razão, ainda era impossível não pensar que tudo
estava se repetindo.

Eu estava batalhando por uma garota contra um vampiro cretino que já a tinha a
mais tempo que eu; Não me era permitido segui-lo até o o inferno e mata-lo
imediatamente e o pior, o mais irremediável e assustador em tudo isso: Eu a amava.

Exatamente como da ultima vez!

Amelie POV

- Srtª , vá dormir na sua cama. Estais tremendo! - Marta veio me balançar me


acordando de outro sonho confuso e sem nexo.

Já devia ser a quarta vez que ela fazia isso e com certeza era alta madrugada.
Pareceu-me que afinal, essa batalha estava perdida e eu a obedeci indo para meu
quarto.

Ele não viera como prometido e essa era a primeira vez, como se algo se quebrasse.

Eu não estava sonolenta demais para me importar com isso. Arrastei-me até o
quarto.
Quase tive um enfarte, no entanto quando me joguei na cama e não aterrizei nela,
mas em uma massa rígida, de pele castanho avermelhada.

Por sorte, meu rosto foi de encontro ao travesseiro assim que gritei, então Marta não
ouvira nada que a alertasse de que havia um homem no meu quarto. Não era a
primeira vez e o meu impulso inicial foi gritar para ser ouvida e tira-lo de lá no
mesmo momento em que o percebi.

Mas não pude fazer isso quando olhei ele dormindo como um bebê de colo, tanta
calma exalava daquela figura tão desajeitada em seu grande tamanho.

Jacob se moveu despertando aos poucos e me lembrei do fato obvio de que estava
em cima dele. Rolei para o lado me sentindo estupida por não ter as caras de xinga-
lo. Eu estava enferrujando definitivamente.

- Mily... - ele agora esfregava os olhos.

- O que você tá fazendo aqui? - eu cochichei urgentemente tentando dar um tom de


seriedade a minha voz.

- Eu... - ele se levantou e se sentou à beira da cama coçando a nuca e parecendo se


perguntar a mesma coisa.

- Você... - incentivei, conseguindo melhorar meu tom de ultraje.

- Vim falar com você e você não estava então acabei dormindo... me desculpe... - ele
começou a se levantar, de certo se dando conta de que aquilo soava muito mais
comprometedor a cada vez que ele abria sua boca.

- Já que está aqui... Diga o que veio dizer! - eu pedi mais doce do que gostaria já que
estava tentando ter pulso firme ali com aquele índiozinho abusado.

- Não sei... - ele foi chegando perto como se identificasse na hora a minha fraqueza
momentânea, provando a mim mais uma vez que não valia nada. - Acho que não me
lembro, sabe... - uma mão assanhada já estava na minha cintura e minha expressão
traidora já se torcia em um risinho nervoso e faminto. - Achoque preciso refrescar a
minha memoria, do que eu queria vindo aqui... - as duas mãos agora, e eu podia
sentir seu hálito quente. - O que será?

E ele me beijou possessivamente enquanto eu o beijava possessivamente de volta.


Que foi? Eu sei que disse que nunca em toda a vida iria me render a essa vergonha
mas ninguém me culpa por confraternizar um pouco com a criadagem. Isso até que é
bem visto as vezes... Quase uma filantropia.
Jacob POV

Eu já ia me esquecendo do que me levou até aquele quarto, a principio.

Porque beijar a Amelie estava se tornando um vicio irrefreável. Seus lábios macios,
aquele cheiro tentador demais. Nossas línguas se mexendo juntas, sincronizadas.
Sua carne quente com a proximidade, se esquentando mais ainda junto de mim.

Tão macia, parecia que eu a podia quebrar com as mãos. E mesmo que eu a
apertasse, nunca fazia de maneira rude o suficiente para machuca-la e eu tinha
certeza que todo o meu subconsciente estava nessa tarefa, porque eu, sozinho, não
tinha tanto controle.

Parei o beijo quando a mão dela subia por meu cabelo e a minha mão subia seu
vestido, louca para tira-lo dali. Foco Jacob, Foco! Você tinha vindo por algo
importante então lembre-se do que era.

- Diz... - ela sorria ofegante.

- Você é linda. - escapou sem edição. Ela sorriu brilhantemente ficando mais bonita
ainda.

- Não isso, a outra coisa... o que tinha pra me falar? - perguntou por fim, me
encarando.

Ela não mais se esquivava. Percebi feliz que finalmente começávamos uma relação
verdadeira. E me lembrei assim que meus olhos foram de encontro as iria verdes de
plastico, quase o mesmo tom doa olhos falsos do vampiro.

- Quero que me prometa ma coisa. - tentei preparar terreno antes, mas ela não caiu.

- Diga primeiro. - exigiu.

- Vou te pedir isso para o bem da sua segurança e você vai precisar confiar em mim,
pois não posso de dar muitas explicações e vários “porque” ficarão sem resposta. -
alertei.

Ela já botara as mãos na cintura e me olhava desconfiada. Isso não ia ser fácil, então
faria de uma vez, sem mais delongas.

- Quero que se afaste do seu Tio, não volte a vê-lo ao menos que eu esteja presente,
ou algum dos garotos... - então me lembrei de que ela poderia contar Kim nessa
equação. - A Kim não vale mas se quiser levar a Leah pode! - esclareci e esperei
pelo pior.

- Só isso? - ela falou numa voz branda que me assustou mais do que se tivesse
gritado.

- Sim. - tentei sondar sua verdadeira reação.

- Tem certeza? - ela ainda parecia doce.

- Você não tem perguntas? - disse me sentindo terrivelmente idiota e temendo o que
aquela cabeça de vento faria.

- Apenas uma! - ela apontou. - Foram vocês que impediram meu Tio de vir aqui se
encontrar comigo? Eu reparei que ele não veio! - uma ruguinha completamente
insignificante preencheu sua testa e então ela voltou a relaxar. Falei a verdade,
porque essa era uma pergunta da qual eu não precisava fugir, realmente.

-Sim, assim foi melhor! - disse, minha voz séria tentando passar toda a explicação
possível apenas no meu timbre. Ela sorriu para mim um sorriso estranho e amarelo,
quase uma careta.

- Suma da minha frente e nem sequer olhe mais em minha direção! - ela disse e sua
expressão se transfigurou totalmente, suas mãos foram aos lábios violentamente
limpando meu beijo e ela apontou a saída pela janela entreaberta.

Havia dor ali. Muita dor contida e também um tanto de raiva e duvida que me
atingiu e me deixou sem palavras. Como um grande branco em minha mente.

- Agora! - a voz dela subiu, destilando veneno e eu não me impedi de olha-la com
decepção enquanto cumpria suas ordens por puro desgosto em desobedece-las.

Amelie POV

Meus pais desapareceram e podem estar mortos, Não ganhei nem sequer uma
balinha de Natal, Minha melhor amiga me traiu e tentou me humilhar em publico
quase conseguindo, Meus cartões tem limite limite, Eu me mudei para Washington
com a minha babá mesmo tendo quase 17 anos e agora eu estava me apaixonando
por um morador local que ainda por cima era um doido varrido e escorraçou daqui o
meu Dindo, a única pessoa que nunca me traiu e nunca me enganou.
E fez isso porque, e apenas porque ele e os amigos pobretões acham-se donos do
pedaço e ele está com algum ciume idiota e infundado, sem mencionar que de
repente me considera uma propriedade para mandar e desmandar em mim.

O que aquele imbecil achou que eu senti quando me arrastei daquele sofá imundo da
Marta às 4:00 da manhã para meu quarto com a esperança alquebrada e a dor no
peito de saber que a única pessoa em que eu confiava totalmente, desde que nasci,
havia me dado o bolo sem se importar com mais nada?

Ele esperava que eu continuasse a beija-lo?

Ele esperava que eu me lembrasse das palavras que ele disse antes de confessar que
havia impedido meu Tio de vir me ver? Ele esperava algo diferente do que ele teve?

Agora eu tinha apenas ódio demais dentro de mim e revolta demais para continuar
no mesmo planeta que ele, sequer. Mas pela cara que o infeliz fez ao sair pela janela
onde impertinentemente entraste foi uma cara de quem era ofendido e não de quem
ofendia e aquilo teve um certo abalo em mim, fazendo-me odiá-lo um tanto mais por
ainda haver resquícios em mim que queriam correr até ele e me... DESCULPAR?

Peguei meu celular e disquei o numero confiável e infinitamente conhecido.

- Minha Princesa! - a voz doce era como balsamo em minhas feridas, todas elas.

- Tio, eu peço desculpas por qualquer coisa que esses selvagens tenham feito e
quero ir ao seu encontro. - despejei antes que minha coragem se fosse e eu deixasse
as lagrimas estupidas caírem.

- Minha querida, não se preocupe com isso. Só não te liguei antes porque achei que
já estava descansando. Tenho um motorista programado para trazê-la amanhã logo
que acorde! - ele era tão cavalheiro, tão maravilhoso, tão diferente daquele idiota de
quem eu não livrava meu pensamento.

- Eu quero ir hoje mesmo, Tio. - choraminguei sem nenhuma intensão, percebendo


que estava sendo infantil mas casada demais para parar com o drama.

- Em meia hora estarão em sua porta, Princesa. - eu podia imaginar o sorriso com o
qual ele disse isso.

- Eu amo você! - falei de subto, tomada por novas ondas de pensamentos


indesejados com aquele de quem ainda sentia o cheiro. Percebi que falava para ELE
e não para meu Tio. Tremi de raiva.
- Também amo você Princesa, PARA TODA A ETERNIDADE! - ele disse.

Meu tio Oliver sempre dizia isso “ Te amo para toda a eternidade”. Houve um tempo
em que eu achava meio brega mas até que foi reconfortante ouvir isso hoje.

Um uivo de animal que mais pareceu um lamento soou nos meus ouvidos e eu
desliguei o telefone me encolhendo na cama. Eu finalmente iria embora desse
inferno.

Jacob POV

Meu coração ainda estava se recuperando de “ - Eu quero ir hoje mesmo, Tio. “


quando aquela maldita garota diz “Eu amo você”. E se eu pudesse seguir aquele
velho ditado de merda que diz que quem “Ouve o que não deve, escuta o que não
quer”, com certeza eu não estaria sentindo essa angustia tão grande.

Essa porcaria de dor de cotovelo que jurei nunca mais sentir, a quem jurei ser imune
e da qual eu agora padecia, deixando um uivo escapar por mim, assim que explodi
minhas roupas, já na orla da floresta.

Tarde demais para me dar conta de que Quil e Leah corriam também, mas não tarde
o suficiente para me dez-transformar, nu e ainda tremendo e seguir para a maior
distancia que eu pudesse cobrir com pés humanos.

E isso durou um tempo que não contei até que eu me resignasse a ir para casa e me
desprezar um pouco mais por não ter ganho a garota, outra vez.

Parte de mim com esperanças pifeis e improprias de que ela estava agindo assim
porque ele era a única família que ela tinha agora, pelo que ELA sabia; enquanto a
outra parte de mim escarnecia da esperança e da vontade que eu tinha em acreditar
nisso.

Ou talvez ela me mandasse uma carta também, quando se decidisse por viver longe
daqui na companhia do sanguessuga; quando ele a tomasse para ele, fazendo-lhe um
monstrinho como o outro vampiro fez em Bella. Transformando-a. A dor antiga,
antes substituída pelos momentos de alegria ao lado de Amelie, agora parecia
engrandecer ainda mais essa nova decepção.

Nem preciso contar que pesadelos me tomaram pela seguinte e outra vez recusei-me
a fazer a ronda já que Sam e Emily tinham viajado por um tempo e como eu era o
segundo no comando ninguém conseguiria me sujeitar a isso usando a injunção.

Claro que negligenciar minhas obrigações de protetor não fazia eu me sentir menos
miserável e não consegui esconder de ninguém, como sempre, essa miséria onde me
afundava.

E de todos os pensamentos, de toda a loucura que se passava em minha mente, o


pior ainda parecia a questão mais logica a se fazer, sabendo o pouco que eu sabia.

Ela voltaria?

She's the ONE

9 de Jan. - Fairmont Olympic Hotel Seattle, 2:00hs. da manhã.

Amelie Weelow estava encolhida no elegante sofá da suíte que lhe pertencia,
abraçada à mesma manta que tanto desmerecera quando estava na casa de Marta em
La Push.

Havia mais de quatro casacos de pele ao seu dispor, sem contar o numero de
edredons macios e caros, mas nada parecia aquece-la como aquela manta, então se
encolhia cada vez mais e rezava para não suspirar enquanto chorava ou a sempre
boa audição de seu Tio captaria tudo, do quarto consignado onde ele já deveria estar
dormindo.

Sentia-se tão confusa e tão impropria, como se tivesse desaprendido a ser ela
mesma, como se estivesse vagando em terra de ninguém. Sua mente e seu corpo
gritavam pelo garoto índio que escorraçara acreditando fazer o certo e ela não sabia
de mais nada. Algo secara dentro dela e tudo ia muito alem de qualquer
entendimento e razão. Não era pra ser assim. Ela fugira do exílio, ela devia se
alegrar, estar exultante, mas ela simplesmente não estava.

No quarto consignado, Oliver andava de um lado para o outro, cabeça baixa e


expressão fatigada. Sua condição de imortal fora o maior dos tormentos nesses
últimos dias, pois com ela os sorrisos vazios e as tentativas de encenação de Amélie
eram inúteis quando todos os sons de seu corpo indicavam que ela estável
miserável, como que arrancada de toda e qualquer alegria e não era assim,
absolutamente, que ele desejava começar sua vida com ela.
A garota parecia tão frágil que ele nem sequer contara a ela o que deveria ter
contado. A historia sobre sua real natureza e toda a sua espera por ela através dos
seculos. Sua Eleanor, sua amada pela eternidade; parecia escorrer-lhe pelos dedos e
tudo, tinha certeza, estava ligado àqueles malditos cachorros, ou mais
especificamente àquele maldito cachorro que mais o enfrentou durante seu embate
com eles. O garoto mais alto, aparentemente insignificante e que possuía um poder
maior do que ele jamais imaginara sobre sua amada que nem sequer tocou todos os
presentes preciosos que Oliver providenciara para ela e comia tão pouco que em
quatro dias parecia ter perdido quatro quilos fazendo-se mais franzina do que o
aceitável.

Só havia uma coisa a se fazer pelo bem de um futuro que agora lhe parecia
verdadeiramente ameaçado. Ele iria leva-la de volta para que o tempo se
encarregasse do romance adolescente e quanto tudo tivesse um fim ele poderia
juntar os cacos e recomeçar, transformando-a e livrando-na das más lembranças
humanas. Ele tinha tempo e ela ainda era de fato muito jovem para que ele
precisasse correr.

Amelie limpou o rosto na manta, tentando fazer isso de forma discreta quando
percebeu o Tio passar pela porta que separava os quartos de ambos.

- Minha Princesa, acho melhor que você volte para a casa de Marta. As aulas vão
começar dentro de dois dias e você já está matriculada na escola de Hoquiam. Eles
te aguardam! - o vampiro foi doce, mas não persuasivo. Ela decidiria.

- Claro Tio. Podem me levar agora? - disse imediatamente com um alivio que tentou
não identificar mas que era claro como agua.

Sabia que seu Tio nunca se importaria em manda-la de volta se ela não estivesse
fracassando tão visivelmente em ficar longe do “fim do mundo”, que se tronara sem
que ela deixasse, o seu próprio mundo.

Sabia que só ela poderia fazê-lo recuar de tomar sua custodia agora, com seus pais
desaparecidos, mas algo já mudara na relação dela com seu Tio.

Era estranho como ela não o via mais como seu único herói, era estranho como ele
parecia incoerente as vezes. Movimentos etéreos demais, a pele mais branca do que
ela jamais lembrara e o fato irritante de que nunca eles comiam juntos mesmo que
ela estivesse recusando bastante comida em meio a depressão.

Se Amelie não estivesse tão concentrada em não sucumbir a dor e ao


arrependimento de ter tirado Jacob Black de sua vida, talvez ela percebesse sozinha
que seu Tio fora aquele que lhe contara a maior das mentiras, sem sombra de
duvida.
Jacob POV

Eu via nos rostos de todos que eu voltara a estaca zero, ao mesmo patamar de
sofrimento de quando Bella foi embora. Mas os rostos de Quil e meu pai ainda eram
os mais decepcionados, pois eles acreditaram verdadeiramente que dessa vez daria
certo.

Queria dizer que eles eram idiotas e que eu previra tudo, mas eu acreditei demais
para acusa-los disso sem me acusar também.

Um semana sem noticias dela. Nem Marta tinha noticias dela porque certamente
teria dito a Sam que diria a outro e então a fofoca se espalharia como sempre se
espalha por aqui, bem depressa.

Não costumava pensar muito em se ela voltaria. Achava melhor fingir que ela nunca
aconteceu em minha vida por mais que dessa vez fosse bem diferente de perder a
Bella. Fosse uma dor completa. Uma perda emocional e física, afinal, a garota se
tronara um vicio para mim e todos aqueles beijos ainda me assombravam em sonhos
de esperança que eram verdadeiros pesadelos.

Uma sensação era, a mais desconhecida para mim, como se eu estivesse no lugar
errado, como se não estivesse mais em casa. Isso eu com certeza não senti com a
Bella. Quer dizer, pelo menos minha noção de lar e família ela não tinha abalado.

O que me parece que Amelie conseguiu. Ela atingira sua própria cota de abalos em
mim e afinal, quem eu estava enganando se eu não pensava mais em Bella, quase
nunca e com quase nenhum sentimento desde que Mily tomou tudo para si de
assalto.

Não abandonei o bando, no fim das contas, e não abandonaria. Esse era um erro que
eu iria concertar. Estava agora mesmo a caminho de uma reunião com Sam para
rearranjar os horários de rondas para todos, agora que as férias de Natal acabavam.

No fim de quase uma hora de discussão sobre que aulas o Seth estava disposto a
perder na escola e o que a patroa do Jared estava disposta a fazer por ele, ou mesmo
qual eram os horários de babá do Quil, Sam e eu chegamos em um consenso que
explorou um pouco Leah e os mais novos mas eles não tinham contas a pagar e isso
contou um pouco nos horários da semana embora nós iriamos perder muitos sábados
e domingos para recompensa-los.

- Jake, você trabalha em Hoquiam não é? - Sam me perguntou enquanto eu juntava


uns mapas de cima da mesa e já ia me preparando pra ir embora.

- Sim. - respondi ainda concentrado nos mapas.

- Tia Marta precisa de uma carona amanha cedo, você poderia leva-la? - ele
perguntou enquanto livrava a mesa das anotações dele.

- Sem problemas. - respondi no automático.

- Obrigado, vou avisar a ela. Que horas você vai mesmo? - ele perguntou quando eu
já passava pela porta.

- Fala pra ela estar pronta as sete que eu passo lá.

- Tudo bem! - ele deu um aceno de tchau e eu fui pra minha casa curtir meu ultimo
dia de fossa antes que a vida real me atingisse.

Amelie POV

Eram seis da manha quando Marta me acordou. SEIS HORAS DA MANHÃ!

- Por que está fazendo isso? - eu choramingava enquanto ela praticamente me


carregava para o banheiro e começava a tirar a minha roupa do mesmo modo que ela
fazia quando eu era pequena.

Estava tão débil que nem me importei. Marta parecia ter o dom de abusar de mim na
exata hora em que não estava pronta para me defender.

- Sua carona vai passar as Sete e você precisa estar pronta. Eu sei como demora a se
arrumar e não vai perder o primeiro dia de aula, mocinha... - e daí seguiu um sermão
de meia hora enquanto ela me banhava ainda semi-acordada.

Assim que cheguei em La Push um dia antes, parte da minha inercia e depressão
foram magicamente substituídas por uma esperança estranha e uma sensação de lar
que jamais sentira com tal força a não ser nos braços “daquele lá”.

Tão logo pensei nele, no entanto, fui jogada novamente no arrependimento e no


desgosto de ter expulsado ele de meu quarto. Não estava totalmente certa de que iria
procura-lo e certamente não pediria desculpas mas eu me arrependia mortalmente e
o rosto magoado de Jacob resvalava em minha consciência como se estivesse
gravado pra sempre ali.

Ele sofria e eu sofria por faze-lo sofrer como se estivéssemos de algum modo
unidos. Eu acho que fiz mais do que me apaixonar por ele e eu tinha muito medo de
sequer cogitar isso.

Pelo menos não teria de vê-lo, ainda. Não estava preparada para isso, nem estaria
tão cedo. Havia em mim uma falta de noção completa do que faria nessa ocasião, o
que mostrava um risco de alto nível com alta propensão à cometer as maiores
loucuras.

Senti a pequena caixinha de lentes escorregar por entre minha mão até o ralo da pia.
Em meio ao sono ainda presente a resgatei, constatando que estava vazia e, como eu
tinha certeza de que não encomendei lentes novas desde que vim morar no fim do
mundo, isso significava que seriam meus olhos cinzentos e insossos que me
acompanhariam no meu primeiro ia de aula, querendo eu ou não.

Gritei de ódio, me despertando finalmente e indo atrás de Marta pra ter alguem em
quem descontar.

Jacob POV

Billy fez o meu café como de costume e eu peguei as chaves do Rabitt me


preparando para ir até a casa que por todo aquele tempo eu considerei como sendo a
casa dela e que agora eu tinha de lidar com a verdade de ser apenas a casa da Tia de
Sam.

Não fazia frio pra mim então estava vestido com uma camiseta preta, minha jaqueta
de couro e minhas jeans favoritas para ir trabalhar, cheias de buracos e bastante
confortáveis.

Trabalhar em uma oficina não te obriga a desfilar moda, uma das coisas que muito
me agradava em meu emprego e que me poupava muito dinheiro e tempo.

Parei no acostamento, em frente à casa e buzinei duas vezes para alardear minha
presença. Apoiei minha cabeça em meus braços, debruçando-me sobre o volante e
demostrando a fraqueza que eu não devia demonstrar assim que as lembranças dela
correndo pela porta e vindo ao meu encontro me tomaram.
- Só um instante querido! - Marta apareceu na janela da sala me fazendo um sinal de
espera com as mãos e depois as enxugando em um avental. Franzi a testa pois ela
não parecia pronta para ir. Nem perto disso.

Então minha respiração parou, vergonhosamente, assim que Marta veio empurrando
uma garota pela porta enquanto a mesma lhe tentava esbofetear e segurava uma
escova de cabelos.

- Já disse que não terminei de pentear... me devolve isso Marta! - ela lutava com a
senhora que estava ganhando visivelmente e a empurrava cada vez mais de encontro
ao carro.

- A senhorita vai atrasar, Jacob, Srtª Weelow! - Marta disse séria e a garota estacou
como se tivesse sido presa por estacas de ferro.

Como uma palavra magica meu nome pareceu fazer com que ela virasse uma massa
inerte e Marta abriu a porta do meu carro conseguindo empurra-la ao banco de
passageiro com facilidade impressionante.

Amelie sabia tanto quanto eu que iria de carona comigo. Ela estava branca como
cera e não esboçava reação alguma. Antes que eu a olhasse de frente alguma coisa a
moveu e grandes óculos escuros cobriram seus olhos. Eu não os vi. Marta acenou
um adeus e disse obrigada por sua patroa que ainda estava muda, enquanto uma
parte de mim que ainda se mantinha capaz acelerou o carro e nos pôs a caminho de
Hoquiam em um turbilhão de emoções e um monte de perguntas que nenhum de nós
ousou responder.

O silencio era mortal e palpável.

Amelie POV

Essa maldita viagem parecia que nunca iria acabar. Eu sentia ele presente naquele
carro como se em vez de a um metro e de mim, ele estivesse a um centímetro. E era
a distancia emocional a maior de todas, como se ele de repente se mudasse para a
China enquanto eu tentava gritar o seu nome daqui de Washington.

Soava frio e engolia em seco enquanto tentava muito não olha-lo e mesmo assim
falhava miseravelmente, agradecendo a Deus por meus óculos completamente
negros que impediam-no de me ver o secando pela visão lateral a cada segundo.
Como podia estar ainda mais bonito. Desleixado, claro. Uma aparência pobretona e
totalmente indecente mas, era inegável; tão lindo, tão gostoso, com seus músculos
grandes e bem colocados e aquela pele macia e aquele cheiro de chocolate, pinheiro
e manhãs de Natal por todo o carro que era dele e por isso parecia mais um
criadouro daquela essência.

Minha mente ia até todas as vezes em que ele me tocou, meu coração acelerava e
meu baixo ventre se exitava com cada uma das lembranças quentes daquelas mãos
mais quentes ainda pelo meu corpo. Achei que meu coração pararia e eu certamente
estaria ofegante se não estivesse tão resoluta a resistir.

Eu queria ele em mim, em cada pedaço do meu corpo e eu não estava nem ligando
se tivesse que pedir desculpas. Acho que estava bem perto disso, quando:

- Chegamos, fique com esse cartão da oficina. Você sai mais cedo! - sua voz séria e
gelada me acordou de toda aquela fome inexplicável me deixando com raiva por não
estar afetando ele assim como ele me afetava.

- Eu posso ir embora de ônibus. Marta disse que eu teria que aprender. - refutei
descendo do carro com a pouca dignidade que me restava.

- Fique com ele mesmo assim. Tanto faz pra mim te dar carona de volta ou não, faça
como quiser. - ele disse e antes que eu pudesse me virar e chinga-lo, tirando meus
óculos e olhando-o nos olhos com toda minha raiva, ele se foi arrancando aquele
carrinho ridículo dele.

Eu estava de frente a um prédio de aparência desgastada e caipira. Minha nova


escola.

Jacob POV

Eu me sentia um panaca completo. O cheiro daquela garota entranhado em mim até


a minha ultima celula, as batidas rápidas e certamente assustadas do coração dela
me seguindo como a melodia de uma musica ruim.

Mas parecia que eu estava em casa outra vez, que as cores tinham sentido e isso era
tão desesperador. Eu a amava e quis abraça-la no momento em que Marta a
empurrou para o carro.

O que eu faria com ela de volta? Não parecia muito melhor para mim do que quando
ela se foi. A tensão entre nós dois era enorme e eu tentei tudo o que podia para não
demonstrar o quando ela mexia comigo. Eu fui um grosso mas pelo menos ela
pegou o cartão. Se precisar de mim tem ele e eu odiaria que qualquer coisa
acontecesse com ela.

Por mais raiva que eu tivesse dessa situação eu tinha mais alivio; por ela ter voltado
inteira e humana da maldita excursão ao covil do Tio sanguessuga. Pelo choque que
ela pareceu levar enquanto me via em sua frente. Pelo suor que exalava dela
indicando seu nervosismo e pela sua voz engasgada e branda, quase como se se
importasse tanto quanto eu de estar ali, na frente dela depois daquela semana de
incerteza, sofrimento e pesadelos.

Cheguei na oficina alheio a tudo. Peguei o primeiro serviço mais complicado que
encontrei e me enfiei debaixo de um carro para expurgar Amelie Wellow de mim,
como se isso fosse ao menos possível.

Na minha mente, a lembrança constante do seu sorriso que eu adoraria ver outra vez
e a constante penitencia por ainda pensar dessa forma.

Amelie POV

- Pode se sentar naquela carteira ali no canto, por favor! - um professor baixinho e
barrigudo indicou uma peça de plastico vagabundo com uma mesa de formica
pintada de branco e cheia de rabiscos.

Quase tive um treco com aquela visão bestial e foi impossível não me recordar das
belas e modernas cadeiras de aço inoxidável da minha antiga escola.

- Claro! - tentei não passar muito do meu nojo naquela misera palavra.

Mas acho que ele entendeu bem o que eu achei, já que fez uma cara ofendida e foi
para sua mesa de professor, não muito melhor que a minha.

Uma garota ruiva com muitas sardas e olhos grandes e verde-aguados tentou me
chamar a atenção cutucando o meu braço. Com grande pavor eu a atendi antes que
ela me perfurasse com seus cutucões.

- Você é a novata que veio de uma escola particular na Califórnia? - ela perguntou
com o que devia achar que era cortesia.
- Não, eu sempre estive bem aqui! - disse com meu grande sorriso falso e ela fez
uma cara confusa.

Coitada, eu não a culpava pela chuva ter afogado seus neurônios e nem tão pouco
estava me importando já que tudo o que não pretendia era fazer amigos naquela
coisa que chamavam de instituição de ensino.

Sem mencionar que aquela aula pareceu uma reprise de meu ano de caloura. Que
gente atrasada!

No intervalo, quando eu pensei que não poderia piorar, me deram uma bandeja
cinzenta que se parecia exatamente com aquela em que prisioneiros comem nos
seriados de TV que falam sobre gente na cadeia. Eu refutei e disse um: “Não,
obrigada!” para a moça que me servia e ela falou com uma cara de bunda:

- Se não quiser comer na bandeja não vai comer de jeito nenhum!

E eu sai sem me dignar a olha-la uma vez mais. Mal educada e mal comida, isso sim
era o que ela era.

Fui até a mesa mais distante e reservada daquele refeitoriozinho pífio, me


lembrando de trazer o meu almoço de agora pra frente e quando eu já estava quase
lá um braço me pucha e me faz virar de frente para uma garota loira de farmácia e
com olhos castanhos muito comuns.

- Por que está com esses óculos aqui dentro, não tem noção do ridículo, novata? -
ela disse em meio a risadinhas nasaladas enquanto mais três garotas fechavam o
cerco.

Olhei para as roupas delas e deu um suspiro na tentativa de adiar a gargalhada.


Lideres de Torcida do interior. Eu colei chiclete na cruz de Cristo.

- Querida, não precisa se sentir ameaçada por mim! - falei soltando meu braço com
agilidade e sendo discreta ao mesmo tempo.

Olhei-a de frente, queixo erguido e tirei meus óculos Dior apoiando-os na cabeça,
afim de fita-la melhor.

- Eu sei que eu sou possivelmente a garota mais bem vestida que você já viu em
toda sua curta vidinha caipira e tenho certeza que você está achando que eu cheguei
aqui para tira-la do seu grande posto de soberania aqui nesse lugarzinho mediócre
mas faça um esforço para entender... - e cheguei bem próxima à ela, deixando o bico
do meu scarpan esmagar o dedinho mindinho que saia pela sandália vagabunda que
ela usava. Vi seus olhos se apertarem em dor e dei um sorrisinho. Continuei. - Eu
não estou interessada em nenhum par de calças que possa estudar aqui nessa escola
ou que more aqui nessa cidade ou que sequer já tenha lhe encostado o dedo.
Também não me interesso por esportes de equipe e como nesse buraco não deve ter
esgrima você vai ver que eu passarei como um fantasma por essa escola e estarei
logo, logo, bem longe daqui.

A garota fez menção de falar algo e eu levantei minha mão a impedindo. Baixei
ainda mais meu tom de voz para que só ela ouvisse e aliviei a pressão de meu sapato
em seu pé.

- Agora você vai ser uma boa menina e mesmo que não tenha entendido tudo que eu
disse vai dar meia volta e vai sumir da minha frente ou eu terei mais advogados
atrás de você por danos morais do que um dia os seus pais sequer pensaram em
combater. - E dito isso baixei meus óculos e me virei sem ser abordada para ir
emfim, até a mesinha.

Teria que comprar novas lentes depressa. Não me agradava muito ficar de óculos
escuros o tempo todo embora não fosse como a idiota tenha dito, ridículo. Era assim
que as pessoas sem senso de moda pensavam enquanto aquelas que entendiam do
riscado sabiam que o óculos escuro nada mais era que um acessório como outro
qualquer e não necessariamente deveria servir para barrar o sol.

No mais o dia foi bastante comum e entendiante, como esperado e quando fui me
informar na secretaria sobre o horário do – suspiro – ônibus, descobri que o único
ônibus escolar que fazia o trajeto até Forks estava estragado e eles ainda não haviam
substituído, o que me deixava com uma mão na frente e outra atrás, completamente
preza nessa cidadezinha.

O cartão de Jake queimou no bolso da minha calça Gucci e mesmo odiando admitir,
eu me sentia grata por ele ter tido a bondade de me dar aquilo. Pus-me a caminho da
tal oficina.

Jacob POV

- Está muito distraído hoje, Jacob. - O sr. Doock, meu patrão, ia falando enquanto
me via sair debaixo do veiculo que concertava com a camisa toda manchada do óleo
que o carro refugou.

Tirei a camisa e enfiei no bolso detrás do jeans limpando minhas mãos em um pano
já muito sujo que estava em cima do capô. Teria que me virar com uma regata que
tinha sempre de reserva no porta malas do Rabitt.

Não era de me sujar muito mas hoje era um dia em que estava de fato, muito
distraído, como bem reparou o homem.

Quem sabe se eu pensasse menos em uma certa garota e mais no carro acima de
mim, eu teria me mantido limpo?

Como que por um arremedo do destino ouvi sua voz insegura e até mesmo tímida
soando pelo grande galpão da oficina.

- Jacob. - ela chamava.

Parece que engoliu a arrogância e iria aceitar a carona. “Bom pra ela!” - uma parte
amarga soou em mim, ainda mais arrogante do que eu a acusava de ser.

- Jacob! - chamou de novo, parecendo cada vez mais incerta. Achei melhor
responder.

- Aqui no fundo, no carro verde. - gritei para que ela ouvisse, afinal não era ela
quem tinha um ouvido de cachorro, por assim dizer.

- No fundo? - ela perguntou ainda vacilante.

- Siga reto Amelie, sem mais complicações. - disse impaciente, mas não grosso.

Ouvia o tiquetaquear dos saltos dela de encontro ao concreto. Eles se aproximavam


cada vez mais.

- Achei você... - ela ia dizendo com bom humor, então parou. - Ou os seus pés! -
completou. Não pude deixar de rir.

Deslizei o carrinho e me levantei. Ela estava de costas para o lugar em que surgi.

Pude distinguir claramente o movimento que ela fez enquanto tirava os óculos
escuros e virava o corpo de frente para mim. Os cabelos soltos e revoltos fazendo
um grande arco com a brisa que os pegou no giro, a outra mão arredando fios que
caíram sobre os olhos agora desprotegidos e então EU A VI. Eu a vi de verdade pela
primeira vez. Sem aquelas lentes difusas e restritivas. Eu a olhei nos olhos e era
ELA.

ELA estava bem diante de mim. Aquela que foi feita para mim.
Os orbes cinzentos como o céu de Washington ou como o mar de La Push nos dias
de inverno, os olhos mais doces e ao mesmo tempo mais fortes que eu já vira em
toda a minha vida. Quase impossíveis demais. Quase impossível demais que fosse
ela a me cegar ali, como se o sol estivesse nascendo na meia noite, como se nada
fizesse absoluto sentido.

Como um homem cego que enxergava depois de uma vida na escuridão ou como
um servo fiel que da a sua vida por sua rainha. Era isso que ELA era. A rainha da
minha vida. A única até a minha ultima respiração.

Eu não conseguia acreditar.

Não fazia sentido e fazia todo o sentido.


Amelie POV

Eu perdi alguma coisa?

Porque Jacob estava me olhando como se eu fosse a ultima bolacha do pacote em


uma viagem à Etiópia? Ou a ultima gota de agua no deserto?... Me olhando daquele
mesmo jeito estranho que o namorado da Kim olha pra ela e que o sobrinho da
Marta olha pra mulher dele?

Ele estava sorrindo resplandescente, um sorriso de menino, totalmente bobo e


encantador, me encarando nos olhos com tanta adoração, fazendo com que eu
sorrisse de volta sem conseguir me refrear.

- Você! - ele estava ofegante e eu me preocupei que ele tenha perdido o juízo de vez,
já que nunca achei que ele estivesse muito longe disso mesmo.

- Era você o tempo todo! - ele exultou e então avançou até mim me pegando de
surpresa e me girando, tirando-me do chão com facilidade e me dando pequenos
beijos que me faziam cocegas enquanto ainda me girava.

Eu gargalhava sem conseguir me livrar dele. Nem ao menos conseguia folego para
exigir uma explicação.

O calor do corpo dele estava me ascendendo de formas totalmente erradas e eu


percebi tarde demais que ele estava com seu torço completamente nu. Quase gemi
com a visão dos músculos perfeitos embaixo daquele sorriso que chegava a ser cruel
de tão lindo.

- Mily, minha Mily!!! - ele me pôs no chão e eu cambaleei um pouco enquanto ele
me mantinha no lugar. Ele agora beijava meu cabelo e segurava as minhas
bochechas, uma em cada mão.

Senti cheiro de graxa mas ainda parecia entorpecida demais para me importar.

Colou sua testa na minha, fechando os olhos em jubilo. Não agüentei e assaltei
aqueles lábios grossos como pude, aproveitando que ele se mantinha abaixado o
suficiente pra eu alcança-lo.

Ele me beijou como nenhum homem nunca beijaria. Ele me beijou como nem ele
mesmo beijara das outras vezes. Foi perfeito e foi completamente diferente de
qualquer experiencia real e de repente eu tive muita certeza de que estava sonhando
ou que tinha morrido, talvez eu estivesse sobre efeito de drogas alucinógenas.
Estava enlouquecendo ali.
- Não é real! - eu ofeguei sentindo meus pulmões protestarem por ar assim que ele
me soltou.

- É real! - ele afastou nossos rostos apenas para me olhar nos olhos enquanto me
dizia: - Eu amo você, Amelie Wellow e eu vou ama-la para sempre. Nunca mais
você será sozinha.

E o peso daquelas palavras foi tanto que meu medo me despertou para a loucura que
eu parecia partilhar.

- O que disse? - arregalei meus olhos.

- Eu te amo! - ele dessa vez me encarou serio, um brilho maluco nos olhos
castanhos escuros e bonitos. Será que tinha alguma parte daquele homem que fosse
feia? - Pra sempre. - ele afirmou como em uma jura.

- Você bebeu, Black? - tentei rir, me soltando dele mas estava magoada. Queria que
aquilo fosse verdade, queria muito que tudo o que ele disse fosse verdade mas não
podia, simplesmente não podia. Porque agora? Nós tínhamos brigado e além disso
nenhum de nós nunca tinha admitido nada realmente.

- Eu nunca estive mais sóbrio e mais ceto em toda a minha vida. - ele continuou me
olhando nos olhos, me desarmando, com calma.

Eu tentei sorrir amarelo e desmerecer, fazer alguma piada para tentar descontrair
aquele clima de repente serio demais. Nada saia da minha boca.

- Você vai entender tudo quando souber O Segredo. Vem! - e puxou minha mão que
eu não recusei mesmo sabendo ser o melhor a se fazer.

- Vem comigo que eu acho que já podemos ir embora. - ele me puxava pela mão
através do galpão. - Se tivermos sorte podemos marcar uma reunião do conselho pra
hoje a noite mesmo... - ele ia falando todo empolgado enquanto eu me desligava
completamente daquela situação, tentando me focar no que tinha acontecido, de
fato.

- Sr. Dook? - ele chamava enquanto abria a porta do Rabitt pra mim.

Um cara alto, não tanto quanto o Jake, que aparentava uns quarenta anos saiu de
dentro de uma salinha encardida e Jacob combinou com ele de ir embora
imediatamente em troca de mais horas de serviço.

Não demorou muito mais e nós fomos para casa. Ele dirigia com uma das mãos e a
outra estava sempre na minha, só soltava para mudar a marcha e quando soltava
parecia deixar seu rastro quente preso ali.

Eu estava profundamente dividida com tantas vontades dentro de mim, com a minha
grande alegria por tudo de insano que ele havia dito e por meu grande medo de que
fosse uma brincadeira ou um acesso de loucura , que era o que mais cogitava.

Estava assustada também, porque em nenhum momento eu consegui resistir à ele e


aos seus rompantes.

Jacob POV

Deixei minha Mily em casa, ainda zonzo com a subta constatação de que ela era a
mulher da minha vida.

Eu tinha agora, uma opinião completamente diferente do imprinting, de quem eu era


pouco fã desde o inicio. Era inevitável sentir aquela pequena graça de estar sendo
feito de bobo, de estar pagando a maior língua, mas eu estava super confortável em
fazer parte daquilo, pra dizer o minimo.

E alem do mais, eu tivera a sorte de conhece-la e de me apaixonar por ela antes


mesmo de saber que era ELA. Uma sorte que nenhum dos caras tivera antes de mim,
a não ser que contássemos o Quil que ainda tinha um longo caminho a trilhar antes
que a Claire tivesse idade para saber o que era o amor entre um homem e uma
mulher.

Aquele sentimento de quietude e bem estar tomava conta de mim e não tinha
nenhuma duvida de que Amelie corresponderia aos meus sentimentos. Talvez eu
precisasse sim ser paciente, ter muito tato ao contar toda a historia à ela, mas se eu
fosse dedicado, ela se entregaria.

O beijo de hoje me provava isso, assim como muitas outras atitudes dela com
relação a nós dois. A forma como o coraçãozinho dela batia desesperado e como ela
ficou mais branca do que cera quando eu disse que a amaria pra sempre, o que eu
não pude me segurar e disse na primeira oportunidade que tive, assustando-a um
pouco.

Mas, com certeza, o melhor foi o brilho em seus olhos cinzentos; um brilho que eu
não vira em nenhuma outra ocasião. Uma alegria que irradiava dela para mim e me
dava a certeza de que ela estava a bordo dessa loucura. Não tão definitivamente e
não tão loucamente quanto eu, mas o suficiente para que tivéssemos uma grande
chance, juntos.
Ela era minha. Só minha. E ela havia voltado a La Push, afinal. Não imaginava
ninguém a obrigando a isso ou o sanguessuga desgraçado abrindo mão dela se ela
não quisesse de fato vir, e então, quanto mais eu examinava tudo o que havíamos
passado mais me parecia certo que fosse ela, mesmo sendo uma ex-patricinha
mimada, arrogante e orgulhosa, destemida e frágil; que fosse a Srtª Wellow, o meu
imprinting.

Com o que eu sabia ser o sorriso mais idiota e apaixonado de todos na minha cara,
eu desci do Rabitt e fui caminhando sem pressa até meu pai, que estava esculpindo
alguma peça em madeira na varanda de casa e ergueu os olhos para mim assim que
subi pela escada.

Com um longo olhar para o velho, pude sentir seu coração acelerar e seus olhos
arregalarem.

- Ah, meu filho! - ele parecia quase tão feliz quanto eu. - Com quem foi?

- Com quem mais seria, velho? - eu me ajoelhei em frente a cadeira dele o


abraçando enquanto ele gargalhava pela minha atitude.

- Não sou adivinho garoto, fala logo, Jake. - ele me fitava curioso.

- Amelie! - e eu já esperava pela cara de confusão que ele fez em seguida e antes
que ele dissesse algo, eu disse: - Eu sei, eu sei... Eu já tinha visto ela e não senti
nada.

Ele continuava encarando, ainda confuso. Compartilhei minha teoria, um tanto


obvia.

- Ela sempre usou umas lentes de contato estupidas e eu acho que isso barrou um
pouco... você sabe, o momento em que eu saberia. Mas, mesmo assim, desde o
primeiro momento, pai, eu acho que já sabia. Quer dizer, com ela sempre foi
diferente. Eu sempre quis estar perto dela. Um força sempre me puxou pra ela.

- Jacob, eu estou feliz por você, sabe que estou, mas essa garota... Ela não conhece
nossas tradições, ela não tem nada haver conosco! O imprinting nunca falha e ele é
sempre para o melhor, mas isso não quer dizer que será fácil. Você precisa estar
preparado se ela decidir resistir. - ele parecia realmente preocupado agora.

- Fica frio velho, eu sei ser insistente. - eu segurei no ombro dele, sorrindo mais
ainda, sem poder me impedir. - Ela gosta de mim, eu sinto isso. Mesmo antes eu
sentia. Eu vou conseguir dobra-la, você vai ver!

- Eu vou torcer filho, você sabe que vou. - ele pareceu voltar a se alegrar. - E quando
pretende contar pra ela? - perguntou.

- Era sobre isso que precisava de ajuda. Queria ver em quanto tempo podemos fazer
uma fogueira pra ela ouvir as historias. Acho que vou conversar com ela antes
também, só pra garantir mas não quero perder tempo!

- Vou fazer minhas ligações, Jake. Acho que conseguimos marcar pra hoje mesmo e
é bom que não esteja chovendo também... - Billy disse, já fazendo listas do que
iriamos preparar.

- Obrigado, pai! - eu o abracei de novo e então entrei para tomar um banho e voltar a
casa dela.

Amelie POV

Assim que Jake me deixou em casa com um beijo doce de despedida, eu desci
atordoada e então pareci clarear minha mente no instante em que seu carro virou a
esquina, como se só pudesse pensar com clareza longe da influencia de sua presença
quente e aterradora.

Conhecia a pessoa certa para me explicar o que estava acontecendo com aquele
garoto, afinal.

- Kim? - perguntei um tanto alarmada quando atenderam ao quarto toque do


telefone.

- É o Jared. - a voz de tenor do namorado dela atendeu, parecia que ele estivera
rindo a pouco e ainda falava de maneira vacilante. - Vou passar pra ela, Amelie. -
completou.

- Obrigada! - eu estava trêmula.

- Amelie? - a voz de Kim, também risonha finalmente atendeu o telefone.

- Eu preciso de ajuda e você vai me contar toda a verdade! - eu fui despejando,


percebendo que muito mais do que Jacob Black e seu súbito amor por mim estava
incomodando parte da minha mente.

A voz dele ainda ecoava em mim: “ - Você vai entender tudo quando souber O
Segredo. “

Todos eles escondiam algo. Seus olhares cúmplices e suas maneiras fluidas demais e
majestosas demais para simples proletários. E a adoração com que olhavam as
mulheres, a adoração que eu vira em Jake essa tarde e que ainda me deixava
entregue aos calafrios.

Estava farta daquilo e tudo parecia incrivelmente ligado, algo me dizia que isso
tinha haver até mesmo com o meu Tio.

Porque eu me sentia tão ligada ao Jacob, mais do que antes... definitivamente mais
do que estar apaixonada por um garoto.

- O que aconteceu, Mily? - Kim parecia vacilante e de repente, diplomática demais.

- Jacob Balck acaba de me dizer que irá me AMAR para SEMPRE e não pareceu
que ele fazia uma piada! - eu praticamente gritei.

- Ouch!!! - ouvi ela ofegar e então pareceu perguntar alguma coisa ao namorado,
mas eu estava interessada em mais do que a sua reação surpresa.

- Eu quero que alguem me explique o que está acontecendo aqui e quero que você
me diga o porque de Jacob estar me tratando exatamente como o seu namorado te
trata e o sobrinho da Marta trata a Emily. EU NÃO SOU IDIOTA. ALGUMA
COISA ESTA ACONTECENDO...

- Eu chego aí em quinze minutos OK? Só preciso confirmar uma coisa! - ela parecia
sincera então eu me acalmei.

- Venha logo! - eu praticamente gaguejei, implorativa.

Nem estava ligando por estar implorando à Kim que viesse me ver. Ela era a minha
única amiga agora já que eu ainda não estava desesperada o suficiente para falar de
garotos com a Marta.

- Fica calma Mily... - sua voz incrivelmente doce pareceu verdadeiramente me


acalmar. - Se for o que eu estou pensando que é... não é uma coisa ruim, é uma
grande honra e logo você saberá de tudo! - e então ela desligou e eu me enrosquei
nas minhas próprias pernas.

Ali, deitada na minha cama e abraçando o Sr. Feddols, o meu ursinho azul que eu
tinha desde que me conhecia por gente e que quase pensei ter perdido na mudança
até encontra-lo junto com uns sobretudos Burberry na minha sétima mala.
Kim POV

Jared me deixou em frente a casa de Dona Marta, onde Amelie me esperava, e foi
ajudar os rapazes a organizar a reunião do conselho que ocorreria de ultima hora.

Eu nem podia acreditar naquilo tudo. Assim que Mily desligou o telefone, Sam
ligou avisando: Jacob tivera realmente um imprinting com ela e agora o conselho
estaria se reunindo as pressas para que ela ouvisse nossas lendas e fosse “iniciada”.
Jake não queria esperar.

Achava meio precipitado ir dizendo na cara da garota que o rapaz com o qual ela
tinha um relacionamento ainda muito indefinido era um lobisomem que estava
ligado à ela para a vida toda irrevogavelmente.

Mas pensando bem, Jared não esperou muito pra me levar ao conselho e eu não
achei nada ruim quando ele se declarou. Mily nunca ouvira falar sobre as lendas e
isso me preocupava um pouco. Sam me permitira prepara-la. Não sair contando tudo
antes de ela ter a oportunidade de ouvir de forma mais explicada, mas sabe, preparar
o terreno. Faze-la ir até a fogueira naquele esquema de: Não te fará mal algum... Eu
vou, é sempre tão legal...

Esperava ser convincente.

- Oi Dona Marta. - cumprimentei passando pela porta.

- A Srtª Amelie está te esperando no quarto Kimberly. - ela disse com um sorriso
cúmplice e então voltou para a cozinha. Eu bati na porta de leve.

- Kim, se for você, pode entrar! - Mily choramingou de lá de dentro e eu entrei me


preparando para ter paciência e não entregar todo o segredo de bandeja assim que
ela me pressionasse a primeira vez. É que eu não agia muito bem sobre pressão.

-Oi! - sentei-me a beira de sua cama enquanto ela se ajeitava em grandes


travesseiros.

- Desembucha! - ela mandou. Sempre tão doce.

- Mily, não exagera. - eu tentei. Ela levantou a perfeita sobrancelha em arco para
mim.

- Kim, você sabe tudo o que está acontecendo com essa gente doida e se você é
minha amiga tem obrigação de me contar! - ela disse, bem seria dessa vez e eu notei
que abraçava um bichinho de pelúcia.
- Eu sou sua amiga sim e eu te diria qualquer coisa mais não sou eu quem deve te
contar... - ela ia me interromper mas eu a impedi. - Não, me ouve, por favor! - ela
assentiu e eu continuei. - Hoje nós teremos uma festa na fogueira. Só nós daqui da
reserva. O mesmo pessoal de sempre, do Natal, do Casamento do Sam. Você
conhece todos. Você iria comigo, se eu te pedisse por favor?

- Quem sabe se você começasse a abrir sua boca! - ela censurou.

- Você vai ouvir nossa historia, na festa, quero dizer. - tentei ponderar. - A historia do
nosso povo e das nossas tradições. - Ela bufou.

_ Kim... - começou com ares de quem ia me repreender de novo. Até podia ouvi-la
dizer “Não me enrola” antes mesmo que ela falasse.

- Mily, é serio. Você vai saber de tudo na fogueira. Tem tudo a ver com nossa
tradição o que aconteceu com você e o Jacob. E você está certa, aconteceu sim
alguma coisa e é a mesma coisa que me une ao Jared. - Dessa vez ela parou a cara
de superioridade e estava atenta. - Mas eu realmente não posso te falar nada, porque
é direito do Jacob. Ele deve te confiar o segredo e ele tá fazendo do jeito certo, está
te levando a fr4ente do conselho como deve ser. Só me promete por favor que vai
manter sua cabeça aberta e não vai fingir que não gosta dele...

- Até parece... - ela estava indignada de novo. Senti uma nova coragem me tomar e a
calei pela terceira vez.

- Você sabe que gosta dele e isso é serio porque ele está muito ligado em você,
principalmente agora. Por favor, me promete que não vai envergonhar ele na frente
de todo mundo que ele conhece desde que nasceu. Por favor? - eu pedi com o
coração, rezando pra ela ver o quanto aquilo era sério.

- Não sei não, você não me explicou coisa nenhuma. Foi tão inútil quanto a alegria
do Black e seu papinho de “Eu te amo pra sempre” - ela tagarelou mas eu percebi
que estava apenas sendo irritante, como de costume.

- Amelie. - eu chamei mesmo assim, olhando-a nos olhos e percebendo pela


primeira vez que ela estava de fato sem as iris verde-mel antes tão características de
sua pessoa. - Por favor!

- Tá bem, eu vou ouvir tudo o que vocês tem pra me dizer mas já vou logo avisando
que eu não sei não viu, o Jake tava muito estranho e muito alegrinho pra que isso
seja uma boa coisa. - e então ela fez um bico quase infantil, mas seus olhos cinza,
muito mais bonitos do que o verde artificial, se iluminaram assim que ela falou o
nome dele e eu percebi que o imprinting estava em ação ali e Jacob não teria assim
tantos problemas em conquista-la.
Jacob POV

É claro que eu estava nervoso. Eu era uma pilha de nervos, ali parado em pé na sala
de Dona Marta, esperando Mily terminar de se arrumar.

- Podemos ir. - Ela apareceu deslumbrante como sempre, calçava botas de neve
mesmo que não nevasse mais.

- Tão linda! - eu ofeguei a puxando para mim. Ela não refutou mas não se moveu,
tão pouco. Eu a beijei de leve nos lábios. Ela me olhava especulativa.

- Vai me contar logo o que estão todos me escondendo? - perguntou colocando as


mãos na cintura e fazendo uma ruguinha adorável aparecer em sua testa. Eu não
pude me conter e a puxei pra mim, abraçando ela apertado.

- Você-esta-me-esmagando!!!!!! - ela falou em protesto e eu desfiz um pouco o


aperto.

- Eu amo muito você! - beijei sua testa enquanto ela me olhava com aqueles lindos
olhos cinzentos e assustados.

- Acho que você ficou realmente doido, sabe, mas também acho que devemos ir já
que eu prometi para a Kim que iria ai nessa festinha de vocês. - ela se separou de
mim e me deu as costas, ou tentou.

Enlacei ela pela cintura.

- Ei, quem disse que te dei essa intimidade? - ela bateu na minha mão, de pirraça. Eu
ri e a peguei no colo como se fosse criança.

- Me solta!!! - ela esperneou um pouco.

- Prefere andar? - perguntei para ela, falando a serio.

- Não, pode me levar assim! - concedeu como se falasse com seu escravo pessoal, o
que eu admitia, para minha própria alegria, que eu era.

Afinal, à coisa melhor no mundo do que servir à mulher amada, como a rainha que
ela é? Parecia muito justo pra mim trazer comigo aquele cheiro magnifico que
emanava de seus cabelos presos em um rabo alto enquanto tinha suas mãos apoiadas
em minha nuca.

- Será que eu finalmente vou receber uma desculpa decente para o fato de você ser
sempre assim... febril? - ela perguntou em uma voz bem pequena. Pequena demais
para a petulância usual dela. Eu afastei minha cabeça e gargalhei.

- Sim, você vai descobrir porque nós somos quentes. - eu afirmei e então tive uma
outra idéia e comecei a botar em pratica.

Corri com ela nos braços como se participasse de uma competição de velocidade e
não estivesse carregando ninguém comigo e vi ela me lançar um olhar indagativo e
super arregalado que logo se desfez em uma careta.

- Meu cabelo vai parecer um espanador. Diminua! - ela ordenou. Eu continuei


correndo e saltei uma pedra particularmente difícil.

- UAL!!! - ela não conseguiu se impedir de dizer.

Já podia sentir o cheiro das salsichas assadas e meu estomago roncou. Coloquei ela
no chão e enlacei sua cintura outra vez, recebendo outro tapa.

- Porque não posso te segurar? - perguntei olhando diretamente em seus olhos. Ela
ficou muda por um segundo e eu a vi se aproximar um minimo de mim, sem que ela
mesma percebesse o que fazia. Peguei aquela deicha no ar, não desperdiçando
oportunidade alguma.

A tomei nos braços e a beijei abrindo meus lábios de encontro aos dela,
pressionando uma resposta que veio rápida e ofegante.

Beijei aqueles lábios macios e avermelhados com aquele halito perfeito que por
alguma razão que eu ainda desconhecia, tinha gosto de cereja. Minha língua se
enrolava na dela e eu sentia meu corpo acordado e tenso, minhas mãos perdendo o
foco e suspendendo-a pela cintura.

Como se o controle não abandonasse só o meu cérebro, ela enroscou as mãos em


meus cabelos, na minha nuca, e suas penas se partiram me envolvendo pela cintura
enquanto eu a levava de encontro ao tronco de uma arvore sustentando ela pelo
bum-bum redondo e delicioso.

- Hrun-rhun! - O maldito pigarro fez Amelie descer correndo do meu colo e se


endireitar na sua pose mais digna.

Era o Embry, imbecil, e eu quase parti pra cima dele, não fosse o Quil aparecer logo
em seguida com a Claire e a pequena correr na minha direção e na direção da Mily,
gritando:

- Tio Jayyy, quem é, quem é... BONITA?


Amelie POV

Eu não era mais eu mesma quando estava na companhia daquele maldito – perfeito,
gostoso e louco... - índio.

Tá, eu fui não é.

Eu fiz o que a Kim queria que eu fizesse e vim com Jacob até a festinha na fogueira.
Agora era hora de eles dizerem logo o que estava acontecendo e o porque aquilo me
envolvia.

Me sentei em um tronco qualquer e olhei o belo fogo azulado que nunca tinha visto
antes. Era como participar de um filme de magia, com aquele fogo crepitando
naquelas cores impensadas, e olha que eu era a pessoa mais cética da face da terra.
Contos de fadas nunca me impressionaram, assim como lendas e mitos nunca
colaram muito para mim.

Jake, que desde que se declarou estava todo saidinho, veio sentar do meu lado e se
eu deixasse teria me colocado no colo como estavam Kim e Jared, Emily e Sam e,
de uma forma diferente mas igualmente amorosa, o tal de Quil e sua pequena Claire.

Só uma palavra para o relacionamento desse garoto com essa menininha que eu
soube que não era nem mesmo irmã dele: Estranho!

Um homem muito velho, com cabelos brancos e longos começou a falar e sua voz
profunda e arrastada parecia uma canção antiga. Seus traços índios engolidos pelas
rugas da idade quase não se moviam mas sua dicção ainda era perfeita e tudo o que
ele dizia parecia penetrar nos ouvidos de quem ali estava.

Eu não estava imune ao seu encanto e mesmo considerando toda aquela coisa de
“lendas” um papo-furado, mantive minha promessa à Kim e abri a minha mente.

Primeiro foi a historia dos tais “espíritos guerreiros”. Tudo bem que projeção astral
não é bem uma lenda, alguns gurus faziam isso em Los Angeles e ganhavam um
bom dinheiro.

Daí passaram para a lenda do “homem lobo” e isso sinceramente era mentira e por
mais que minha mente estivesse aberta, tive que manter minha risada incrédula para
mim já que todos pareciam muito confiantes de que contavam grandes verdades.

Ainda resvalava em minha mente o que tudo isso teria haver com o que me
interessava saber, mas a todo momento que eu olhava para Kim com olhos de
reprovação, ela sustentava meu olhar com promessas, como que pudesse garantir
que tudo se explicaria. Afastei um bocejo, pois já estava começando a ter sono,
quando a historia da “Terceira Esposa” começou.

E então não era mais o senhor velhinho do cabelo branco que contava, mas sim,
Billy Black, pai de Jacob; que olhava para mim como que preocupado que eu
estivesse entendendo tudo.

Aquela historia foi mais cheia de detalhes e me incomodava o mesmo padrão de


descrições aparecendo o tempo todo: A pele fria, a beleza sobrenatural e a dureza da
pele dos vampiros. Seu cheiro adocicado e seus olhos vermelhos e sinistros. A graça
de movimentos e a evasão.

Aquilo tudo lembrava demais meu Tio Oliver para que me fizesse bem ouvir. Era
simplesmente uma lenda idiota daquela gente de mente pequena, só isso. Ou pelo
menos era no que eu precisava acreditar.

- Quando o Grande Lobo viu seu imprinting morto, a dor foi tamanha que ele não
conseguiu voltar a sua forma humana, correu para a floresta para viver como animal
até o ultimo de seus dias e não mais foi visto. - o pai de Jacob disse com profunda
reverência à historia fantasiosa.

E então ele virou-se para mim, isso mesmo, virou-se para MIM e perguntou:

- Tem alguma duvida, querida? - disse, com sua voz de barítono e eu olhei para Kim
desesperada porque seria muito estranho rir ou desmerecer aquilo que parecia um
grande acontecimento para eles.

- Acho que não. - disse meio vacilante.

Billy sorriu pra mim e as pessoas se dispersaram, comendo o resto da comida e


saindo aos pares. Jake se virou para mim e ele parecia realmente apreensivo.

- Então... o que você achou? - ele questionou.

- Er, legal... - continuava procurando a traidora da Kim com o olhar, mas agora ela
beijava Jared, apaixonadamente.

- Mily, você ouviu realmente tudo que os anciões disseram? - ele me olhou nos
olhos daquele jeito meio maluco que não me deixou mentir.

- Jake, isso é muito estranho... todas essas historias de vocês são bem interessantes e
tudo mais, mas é claro que não passam de historias! - eu disse, sincera.

Jake começou a rir, ria sem parar, se dobrando no meio.


- Você acha que são só historias?

- São só historias! - eu quase desafiei, pois muito me irritou ele rir daquele jeito.

- Porque acha que nos reuniríamos todos aqui hoje pra lhe contar umas historinhas
de terror Amelie? - ele agora parecia um tanto amargo e me olhava com um olhar
cansado.

- Eu é que vou saber? - quase gritei com ele, me levantando e saindo enfurecida do
tronco onde me sentava. Afinal, ninguém tinha me respondido nada e se eles
achavam que eu ia acreditar naquilo de lobisomens e imprinting, amor a primeira
vista, imortais e chupadores de sangue... Todos eles, até mesmo aqueles que eram
mais velhos e deviam estar melhor do juízo, todos eles estavam realmente loucos.

- Vem comigo, Deus sabe que não queria fazer assim! - Jacob quase gemeu e me
puxou pela mão, até um canto extremo da roda.

Jacob POV

Amelie era a razão da minha vida, era agora tudo de bom que poderia me acontecer
reunido em uma só pessoa, mas convenhamos que ela era uma tremenda de uma
cabeça dura, também.

Pra crer em alguma coisa, a garota precisava ver, tocar, analisar em microscópio,
catalogar e debater a respeito. Talvez eu estivesse cometendo um erro ao arrasta-la
comigo no calor do momento mas uma parte de mim parecia certa de que isso era o
melhor, de que ela era uma daquelas pessoas irredutíveis que precisavam levar
certos sustos para que pudessem crescer com a experiencia. Esperava realmente não
traumatiza-la.

- Fica aqui quietinha. Eu vou até ali, atrás daquela arvore e depois vou voltar e me
mostrar a você para que veja com os próprios olhos que EU posso me transformar
em um LOBO. - disse como quem explica alguma coisa à gente muito burra.

Ela me fuzilou com os olhos e elevou seu queixo, as mãos na cintura.

- Não tenha medo, serei só eu e não irei machuca-la! - olhei dentro de seus olhos
tentando ganhar sua confiança.
- Você está delirante, Jacob... delirante! - ela provocou.

Eu apenas fui até a arvore, como mencionei, e comecei a tirar minha roupa. Deixei
ali pelo chão mesmo, onde poderia apanhar tudo e me trocar assim que tivesse
provado o meu ponto nessa discussão ridícula.

Ouvi Kim se aproximar dela:

- Amelie, não tenha medo, está bem? Eu estou aqui com você. - Kim disse tentando
ser gentil.

- Ah! Kim, você também? - Amélie desmereceu, visivelmente irritada.

Me transformei em segundos, com facilidade. Fui saindo de dentro da floresta e o


barulho de minhas grandes patas pareceu fazê-la se virar, em silêncio.

Não durou muito, no entanto; o silêncio.

- Hahahahahaha! - ela gargalhava olhando diretamente para mim, em minha forma


de lobo. - Até parece que vou cair nessa, hahahahahahaha. - Temi pela saúde mental
do meu imprinting e então cheguei mais perto. Seus olhos focalizaram melhor,
direcionados de encontro aos meus por um breve momento.

- Eu acho que você se esqueceu que eu cresci em Beverly Hills... - ela começou a
gritar para alguem imaginário, atrás de mim, na floresta e seus olhos eram altivos
para a imensidão escura da mata. - Efeitos especiais não me impressionam, Black!
Não vai passar essa historinha como verdade só porque montou um teatrinho.

Não me contive e uivei indignado. Jared, que tinha se juntado à Kim para presenciar
minha revelação, quase uivava junto, mas em sua forma humana e de tanto rir.

Bufei frustrado e o som pareceu fazê-la olhar novamente para o animal, ou seja, EU.

- Podem sair, vamos... Podem sair daí, amigos do Jake. O cara das luzes, o cara que
está por traz do boneco... tem alguem nos efeitos sonoros também... Esse uivo foi
bem realista garotos, vocês tem futuro...

E então, cansado de ouvir aquela ladainha dela e realmente sem mais idéias, eu
voltei para detrás da arvore e coloquei minha bermuda, minha camiseta e todo o
resto do aparato humano.

- Problemas com gente cética, Jacob? - Leah veio se juntar a pequena rodinha que se
formou. Tentei ignora-la o melhor possível.

- Eu vou ajudar... - ela disse de repente. - Kim, feche os olhos do seu namorado e
você Jacob fique com os seus longe de mim ou eu saberei que você olhou. - E pela
movimentação eu pude sentir, mas não ver, que ela se despia em frente à Amelie.

- Agora, Srtª Weelow, você terá a honra de ver a transformação da única fêmea na
historia dos “Homens Lobo” - Leah disse em tom gozador enquanto Amelie ainda
olhava fixamente para o lugar onde ela estava.

Foi rápido. O ar se agitou e nós sentimos a transformação de Leah, como um


chamado para nos transformarmos também, como sempre. Amelie congelou no
lugar, os olhos saltados, nenhum traço da arrogância de antes. Ela desfaleceu e eu a
aparei.

- Muito obrigado Leah! Ela desmaiou. - eu a peguei no colo enquanto Leah voltava
a forma humana gargalhando e se vestia rápida.

- Te fiz um favor garoto! - ela ladrou e saiu na direção em que todos tomavam para
irem embora.

- Vou levar ela para casa. - disse, a contra gosto. As coisas tinham sido bem mais
difíceis do que seriam se Mily fosse uma pessoa mais maleável.

- Fique tranqüilo, Jake. Eu vou com você e converso com ela. Irá me ouvir agora! -
Kim veio até nós, gentil como sempre. O Jared teve muita sorte com essa coisa de
gênio feminino.

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Amelie POV

Jake era um lobo, um lobo gigante com uma boca enorme cheia de dentes afiados...
ou ESSA era a garota lobo? Definitivamente se ela tinha aqueles dentes, os de Jacob
deveriam ser ainda maiores. O cara por quem eu estava apaixonada não era só um
índio pobretão habitante do fim do mundo. Pra completar a equação surreal, ele
ocasionalmente tinha uma calda.

Acordei em lençóis macios tentando me convencer de que tudo era apenas um


pesadelo. Kim, ao meu lado na cama, sentada e babando em minha cabeceira era
uma prova de que eu não sonhara.

E então, mais claro impossível, todas as historias vieram à minha mente e não era
Jake quem me assustava, ao final de minhas avaliações.

A historia sobre os frios ficava enchendo minha cabeça com imagens de minha
própria vida, meu Tio Oliver que nunca envelhecera uma ruguinha sequer em mais
de dez anos.

Acreditar que tudo aquilo era real - e eu acreditava na parte dos lobos agora, já que
eu vi com esses olhos e eu não estava louca - era acreditar que meu Dindo, a pessoa
em quem depositei maior confiança do que depositava em meus próprios pais, a
pessoa que mais significava para mim, apenas me enganou, sempre, como se eu não
merecesse a verdade.

- Kim, Kim – sacudi minha doce amiga, que ficara ao meu lado mesmo enquanto eu
a humilhava, por vezes. Ela me olhou meio assustada.

- Você está bem? - ela me perguntou, saindo de seu estado sonolento e


demonstrando verdadeira preocupação comigo.

Sorri para ela, embora fosse um pequeno e incerto sorriso, quis tranqüiliza-la.

- Onde está o Jake? - perguntei, vendo que a luz que passava pelas cortinas ainda
parecia difusa e indicava que estávamos apenas no incio da manhã.

- Ele deve estar dormindo no seu sofá! - Ela passou as costas das mãos nos olhos
afastando definitivamente o sono. - Convencemos Marta de que você tinha bebido
um pouco demais ontem. - ela parecia muito envergonhada. - Desculpe por isso,
estávamos preocupados e era o único jeito de ficarmos por aqui sem levantar
suspeitas.
Por um momento tive raiva. Tudo era segredo, tudo era mentira. Então me lembrei
que ELES confiaram esse segredo à mim, logo aqueles a quem desprezei desde
minha chegada ao que considerei um exílio e sabia agora ser meu verdadeiro lar.
Uma estranha, mesmo com a historia do imprinting enfiada em minha mente, como
todo o resto, eu ainda era uma estranha para todos aqui.

Meu Tio, minha família, jamais teve comigo essa mesma consideração.

- Chama ele pra mim, Kim – pedi, creio que da primeira vez tratando-a com o
respeito e deferência que ela merecia. - Eu preciso conversar com ele.

- Não o menospreze Amelie, o imprinting é uma coisa seria e ele te ama muito. - ela
pedia com os olhos, a expressão e a voz, conjunto completo.

- Fica fria – disse firme. Ela sorriu pra mim e se foi.

Ajeitei meu cabelo e refiz o rabo de cavalo arruinado. Jake não precisava me ver
feia e descabelada mesmo que estivesse condenado a me amar pra sempre. O que
agora me parecia imensamente lisonjeiro e aproveitável. Sorri sem me conter. Ele
não me deixou mais tempo para arrumações, passou pela porta em instantes.

- Kim disse que queria me ver, você está bem? - ele atropelava as palavras
adoravelmente. - Não achei que iria querer me ver por um bom tempo, achei que
teria medo de mim, desculpe pela forma como a Leah explodiu na sua frente, não
era assim...

Eu o calei, findando a distancia entre nós e o abraçando apertado, pela cintura


mesmo, colando minha cabeça em seu largo e quente peitoral.

- Fica quietinho, tá bem? - Sussurrei, aspirando seu cheiro. - Nós estamos bem, OK?
- perguntei olhando para cima e encontrando seus olhos castanhos profundos, mais
brilhantes do que nunca.

- OK! - ele imitou meu tom e afagou meu cabelo. Voltei a me apoiar em seu peito.

- Realmente achei que você fosse sair gritando! - ele disse, casual.

- Eu desmaiei, não desmaiei? - disse confiante. - Acho que é chilique o bastante!

Senti sua risada baixa contra minha cabeça e continuei ali, escorada no meu... acho
que AMOR era a melhor palavra.
Jacob POV

- Temos que nos arrumar, Mily. - eu disse, mesmo que a contragosto, perto de seu
ouvido.

Ela separou-se de mim e me encarou.

- Vai me dar carona hoje, Black? - perguntou com uma sobrancelha elevada e uma
cara de moleca.

- Sempre, Srtª Weelow! - respondi puxando-a pela cintura de forma brusca enquanto
ela se deixava levar na ponta dos pés e sorria.

Me deu um celinho e então sua expressão se fechou, se retesou um tanto.

- O que aflige a minha garota? - perguntei segurando seu maxilar e olhando em seus
lindos olhos.

- SUA garota? - ela desmereceu.

- Só minha! - eu disse à sério. Isso a fez voltar o sorriso nos lábios.

- Vai pra sua casa Jake, logo eu fico pronta e no caminho da escola agente conversa.
- ela disse, saindo da prisão dos meus braços e desatando os cabelos, começando a
se arrumar. - Será que a Kim já foi? - perguntou, enquanto se sentava de frente a
uma comoda com um grande espelho e penteava os longos fios caramelo.

- Acho que sim, ela também tem aula cedo.

- Eu bem podia transferir minha matricula para a escola daqui, não é como se fosse
muito pior do que Hoquiam. - ela disse de súbito e então se virou. - Não estou
dizendo que aqui seja ruim...

- Esquece isso, eu entendi. - Disse, porque era obvio que ela estava se sentindo
totalmente atrasada na escola de Hoquiam e se sentiria ainda mais aqui na reserva.

Por um momento pesou-me na consciência condena-la a uma vida simples quando


ela estava tão habituada a tudo o que era caro.

- É serio Jake! - ela se levantou e tomou meu rosto nas mãos, me obrigando a olha-
la. - Eu estou melhor com você do que estaria com um príncipe da Inglaterra e
acredite, eu conheci o jovem Harry quando fui a Londres e ele não chega aos seus
pés.

- Tá bom Mily, eu acredito! - disse amargamente, me punindo por ter transmitido


meu desagrado de uma forma tão obvia.

- Todas as escolas são perda de tempo, no final. Eu nunca fui CDF, mesmo. - ela
disse séria.

- Quer dizer que La Push agora é o bastante para você? - eu me mantinha cético e
percebi que realmente me machucava pensar sobre isso.

- VOCÊ é o bastante pra mim. - ela falou e sua voz tremeu. - Jake, eu fugi de você e
eu tenho ignorado o que sinto desde que cheguei aqui. Admito que não era o sonho
da minha vida acabar em uma cidadezinha de interior e viver em uma casa que só
tem um banheiro mas eu nunca, nem em meus maiores sonhos, esperava encontrar
amor, porque eu não conhecia amor. Meus amigos não eram amigos de verdade,
minha família não era uma família de verdade. Eu só tinha Marta, e bem, eu ainda a
tenho e ela é como minha mãe. Agora, você disse que vai me amar pra sempre e eu
não vou deixar meu orgulho no meio disso. Com o tempo eu coloco alguma classe
nesse lugar. - ela disse com um sorriso largo e eu não podia acreditar no que ela
dizia, ainda dividido entre a alegria e a incredulidade. Ela pareceu perceber minha
indecisão porque continuou. - Eu amo você, seu idiota, eu amo você de volta, nós
podemos viver com isso... Eu, vivi com tão menos. O dinheiro não é tão importante
ass...

Mas não deixei ela dizer mais nada e a tomei pra mim num beijo sofrego, possessivo
e alucinado. Ela me amava, ela não se importava com o fato de que um futuro ao
meu lado era um futuro sem todas aquelas marcas caras e baladas da moda. Ela me
amava, Amelie me amava e era o que mais importava.

Nem podia acreditar que era a mesma garota que chegou aqui a pouco mais de um
mês com tristeza em seus olhos falsos e cheia de ataques. Ela parecia tão valente e
tão doce ao dizer tudo o que disse. Minha guerreira, minha. A garota que eu sempre
acreditei que ela poderia ser.
Amelie POV

Nunca pensei que eu seria daquelas pessoas, felizes em ser o grande peixe na
pequena lagoa, mas eu estava tão bem, apesar de ainda confusa em relação ao Dindo
e temerosa de que minha situação de órfã me atrapalhasse a viver o meu AMOR...

Mas era isso, eu amava e eu era correspondida. Acho que nem mesmo uma bolsa
Gucci edição limitada fez tanto por mim quanto os beijos de Jacob faziam. Estava
bem com isso: Eu namorava um membro do proletariado!

Porque obviamente ele só saiu de minha casa quando eu aceitei ser sua namorada,
de forma oficial.

Também agradeci a Kim por ter ficado comigo o tempo todo e quase morri de rir da
cara dela ao perceber que eu estava realmente agradecendo por algo, sem ser
obrigada a isso ou sem a ajuda de substancias ilegais.

Pisquei pra ela quando ela saiu pela varanda e juro que ela quase engoliu a língua.

No meu Ipod eu coloquei uma seleção de musicas que eu mantinha quase que a sete
chaves escondida - porque não fazia muito o estilo da minha antiga turminha
PODRE de ex-amigos - e logo que a voz agradável da Taylor Swift chegou aos
meus tímpanos, foi como se eu pudesse flutuar.

Sabia que a conversa que eu teria com Jacob a caminho da escola não seria das mais
amigáveis porque se tratava, em grande parte, do meu Tio Oliver. Jake, no entanto,
tinha bastante paciência comigo e isso era algo que eu tinha de admitir para ele.

A buzina do Rabitt me tirou de casa imediatamente, a mochila de couro YSL presa


em um ombro só. Meu lindo namorado sorria pra mim como se presenciasse a
própria Afrodite, vinda do paraíso. Eu definitivamente gostava dessa historia de
impressão.

- Então, sou todo ouvidos. - ele disse depois de me sufocar um pouco em seu peito
largo e me beijar daquele jeito sempre desesperado dele que me fazia suar,
independente de sua temperatura elevada.

- Eu preciso saber mais sobre os Frios. - disse na lata mesmo, não era muito fã de
enrolação.

Jacob franziu o senho e fez uma careta horrorosa. Dei um tempo pra ele.

- O que quer saber, exatamente? - ele perguntou ainda de muito mal-humor, olhando
para frente e evitando o meu olhar. Se ele ia agir como um idiota o problema era
dele. Eu teria essa conversa.

Jacob POV

Não gostava nada de estar dando todos os dados sobre vampiros que eu conhecia à
uma Amelie que ouvia interessantíssima. Mas fazer o que se ela QUERIA saber, e
achava que tinha DIREITO de saber.

Acho que no fundo, até que eu admitia que estava certo ela querer esclarecer tudo.
Foi então que minha parte racional, preocupada em contemporizar com ela sofreu
um golpe tão repentino quanto todo o resto de mim que já odiava estar sequer
falando sobre aquilo.

- Eu quero visita-lo! - ela disse assim, fácil, como se não tivesse pedindo para que
eu deixasse meu imprinting ir até outra cidade, quilômetros de distancia e ficar com
um vampiro por horas, quem sabe dias, a sós.

O freio do carro protestou e cantou os pneus enquanto eu nos jogava no


acostamento. Sai disparado do meu banco pra fora, emborcado e tentando conter o
fluxo da tremedeira que se apossou de mim. Medo, ódio, panico completo.

- Jake! - ela gritava, parecia preocupada.

Levei uma mão a frente, me recusando a olha-la. Pareceu me entender já que não se
aproximou. Fui me acalmando e pude fitar seus olhos. Ela estava corada e
esbaforida, mas não parecia ter medo de mim ou guardar ressentimento.

- Eu preciso ir Jacob, ele mentiu pra mim mas ainda é da minha família. Preciso
resolver as coisas com ele nem que seja para cortar relações. - ela estava muito séria,
mas também foi bastante doce para seu normal.

- Não. - eu disse baixo e vi minha voz sair humilhada, implorativa. Não era nem de
longe uma ordem. Quem mandava ali era ela.

- Jake, entenda.... você pode vir comigo se te deixa mais seguro! - ela tentou, dessa
vez se aproximando devagar de mim. Já estava controlado o suficiente para permitir
que ela me tocasse. Ela traçou a linha do meu maxilar.

- Ele não vai me fazer nada, ele nunca me fez nada a não ser... mentir. - e ela
abaixou os olhos e tomou um longo folego.
Percebi que ela estava sofrendo com isso. Ela amava o sanguessuga, ela o
considerava membro de sua família e ele havia lhe feito muito mal quando mentiu
para ela sobre sua condição durante todos esses anos. Até me perguntei se ela
realmente não sabia das segundas intenções que eu vi nos olhos do maldito. Me
pareceu obvio que ela não sabia disso também.

Por mais que tudo aquilo me enchesse de ressentimentos e aflição eu não poderia
vê-la sofrer.

- Nós vamos, então. - eu consegui dizer e não se parecia muito com minha própria
voz ainda, estava ofegante.

- Obrigada, obrigada, você é o melhor! - ela pulou em mim, me distraindo e


sorrindo, me beijando no rosto, no pescoço, na boca, em toda parte.

- Mas não vamos ficar muito. - eu disse, já completamente recuperado do grande


susto, tentando não pensar muito no que estava fazendo ao concordar com aquela
loucura.

- Eu só quero esclarecer tudo. Preciso ouvir da boca dele. Você pode grudar em mim
como chiclete no asfalto! - prometeu com olhos brilhantes.

Eu a segurei pela cintura e a beijei demoradamente, carinhosamente. Tentando


eternizar os segundos em que ela estava ali comigo, segura.

Pouco tempo depois nós voltamos para o carro. Já estávamos bastante atrasados.

Amelie POV

Jake tinha fugido dessa visita por quase duas semanas mas aqui estávamos nós,
parados em frente ao loft que meu Tio adquirira em Seatle esperando que o porteiro
confirmasse nossas identidades.

Podia senti-lo tenso de encontro aos meus braços, perpassados em seu quadril,
tentando manter-se relaxado com os braços em torno de meus ombros, como um
namorado comum. Nem cogitaria pedir para que ele esperasse aqui em baixo pois
não estava disposta a faze-lo tremer como vara verde de raiva.

Segundo Kim e suas dicas de como namorar um lobisomem com sucesso, irrita-lo
não era nunca o melhor caminho e eu entendia cada vez melhor sobre as historias e
o segredo para saber que era realmente penoso para ele me ver, supostamente,
“desprotegida. Tão próxima a seu inimigo de nascença.

- Jake, não vai fazer um cena, me prometa. - olhei duro para ele e recebi um olhar
tenso.

- Não chega muito perto dele, por favor! - ele pediu entre dentes de forma
implorativa. Eu quase sorri para a cara torturada que ele fazia. Peguei a mão que
estava sobre meu ombro e a beijei. Ele pareceu relaxar, visivelmente.

Nossa entrada foi permitida e entramos no espaçoso elevador privativo.

Jacob me lançou um sorriso predador quando a porta se fechou e avançou até mim,
parecendo muito cheio de idéias.

Me segurou pela cintura, me erguendo o suficiente para que eu o abraçasse pela


cintura, minhas pernas rodeando seu quadril. Inclinou-se para mim e me beijou na
boca com fome e se pôs a distribuir chupões por todo o meu colo.

Pega de surpresa e definitivamente exitada eu não pude fazer muito mais que evitar
gemer enquanto ele trabalhava em mim.

- O que foi tudo isso? - eu consegui dizer ofegante quando ele me largou e aporta
finalmente se abriu.

- Demarcando o território. - ele disse sacana e eu apertei meus olhos em raiva.

- Idiota! - eu tentei acerta-lo mas ele apenas riu e se desviou. - Você me paga Jacob,
pode apostar que me paga.

Ele veio até mim e me pegou plea mão, sério de novo. Estava na hora. A grande
porta de mogno entalhado da cobertura assomava agourenta até nós dois. Não
precisei apertar a campainha para que ela se abrisse.

Oliver POV

Alguma coisa estava errada. Malditamente errada.

Era só o que eu podia pensar quando desliguei o telefone naquela tarde de sexta.
Pela primeira vez em muitos seculos senti uma especie de medo se infiltrar em meu
sistema morto. Amelie havia me ligado e fora, pra dizer o minimo, fria comigo.

Queria marcar um hora para me ver e recusou meu motorista categoricamente


dizendo que um “amigo” a traria. Que amigo? - eu desejara como o inferno
perguntar-lhe mas me mantive distante de um confronto por telefone.

Nada me tirava da idéia que aqueles cachorros estavam envolvidos, mas não
imaginei realmente que ela tivesse descoberto nada demais, afinal, para isso eles
teriam de contar sua parte da historia e não me parecia que eles queriam muita
audiência para seus próprios segredos.

Deixei-me cair no sofá como se precisasse daquilo para relaxar, como o humano que
eu já não era a tanto tempo. Agora faltava pouco, ela estava a caminho e logo
chegaria até mim. Talvez eu devesse contar-lhe de uma vez sobre Eleanor e sobre
estarmos prometidos e ligados pela eternidade. Talvez eu realmente o fizesse.

O porteiro interfonou e pediu autorização para deixar entrar uma garota que dera o
nome de Amelie Wellow. Autorizei de pronto enrolando uma mão na outra, em outro
gesto humano inútil de impaciência.

Observei o monitor que mostrava imagens do elevador privativo, em ótima


resolução. Amelie entrou, linda, serena.

Mas então outra pessoa tomou minha visão. Um grande borrão em minha vista de
minha amada, devo dizer. Prontamente reconheci o rapaz como um dos cachorros
que me interpelaram no dia em que a visitei. Aquele que eu suspeitei que lhe
enviava olhares quando ela se retirou com a babá.

Meus punhos se fecharam em ódio em vê-lo ali, junto dela, minhas piores suspeitas
concretizadas. E nada, absolutamente nada, em mais de quatrocentos anos me
preparou para a cena seguinte.

Aquele sórdido, sujo e imoral; aquele animal inferior colocou suas mãos
possessivamente sobre ela, apalpando-a de forma indecente, esfregando-se nela
enquanto ela permitia que ele a tomasse, suas pernas firmes ao redor dele, a cabeça
levemente jogada para traz enquanto ele a possuía, parecendo desejosa do que ele
fazia.

Minha vista se tingiu de vermelho e eu arremessei o copo de cristal, ainda pela


metade de sangue, que estivera em minha mão. O cristal foi de encontro ao maldito
monitor, destruindo os dois na dura pancada.

Meu coração morto parecia se esfacelar em minhas mãos impotentes e e pela


primeira vez eu as vi como duas pessoas diferentes. Minha Eleanor jamais me trairia
de forma tão atroz.

No que pareceram segundos o elevador chegou ao meu andar e eu os ouvi saindo.


Ela ria e o provocava, no que parecia a resposta a qualquer piada que o estupido
garoto tivesse feito.

Não delongaria mais meu próprio sofrimento. Abri a porta.

Amelie POV

O belo rosto de meu Tio estava contorcido numa expressão de cólera que me fez
tropeçar de encontro aos braços seguros de Jacob, que me amparou.
Eu certamente não esperava por uma recepção daquelas.

- O que quer? - ele perguntou em um silvo e eu senti Jake praticamente rosnar em


minha defesa.

Controlei uma lagrima que já se formava em meu olho. Porque ele havia me
recebido assim?

- Nós precisamos conversar, seria bom se eu pudesse entrar... - tentei me manter


firme, lembrando-me que era EU quem tinha direito de estar magoada ali e era EU
quem merecia explicações.

Ele afastou-se da porta rudemente e aquilo pareceu uma deixa para que o
seguíssemos.

-Parasita fedorento! - ouvi Jake murmurar em desaprovação.

- Shii! - pus meus dedos nos lábios trancados e fiz uma careta para ele, igual quando
repreendemos uma criança sem boas maneiras. Ele rolou os olhos.

Meu Tio parou de encontro ao grande sofá preto com almofadas de veludo
vermelho, manteve-se de costas, recusando-se a me encarar.

- Porque mentiu pra mim Dindo? - eu deixei sair assim, sem mais edições. Ser
sincera em momentos de crise era uma coisa que eu nunca pude evitar.

Ele me fitou pela primeira vez, por de traz de sua mascara de raiva, parecia sentir
dor.

- Porque me interpela dessa maneira? - ele disse encarando-me de forma ainda


muito dura.

- Eu sei o que você é... - entendimento luziu nos olhos dele e sua mascara de raiva
voltou a toda. Respirei com dificuldade para continuar. - Eu não posso entender...
não posso aceitar você ter mentido para mim por tantos anos, você sequer é meu tio
de verdade... - abaixei minha cabeça, de repente cansada demais para continuar.
Senti Jake me afagando e me rendi a seu consolo quente e saudável.

- Me acusa de te enganar, deve estar pensando a respeito da especie de monstro eu


sou... Eu me pergunto se você sabe que especie de monstro é este aí, em quem você
se apóia, com quem se agarra como uma prostituta num local publico, sujeito a
vigilância...

Jake se levantou e me deixou cair no sofá.

- Retire o que disse, sanguessuga, retire agora mesmo o que disse dela. - ele tremia e
se convulsionava e eu só pude ouvir uma gargalhada amarga e assombrosa sair de
dentro do ser que um dia considerei como uma parte importante de mim.

- Acha que tenho medo de um cachorrinho? Viva alguns anos mais antes de me
dirigir a palavra, criança! - Aquela certamente não era a voz que me acalmou e
confortou por anos, me fazendo segura, era realmente a voz de um monstro, um
monstro frio.

Estava assutada mas sabia que não poderia deixar que Jake me defendesse. Pulei
precariamente entre os dois, minhas mãos no peito de Jacob. Meus olhos
implorando para que ele se acalmasse. Ele parecia tenso demais e ainda assim minha
aproximação fez ele se retrair, o medo de me machucar colocando-o sano pelo
menos por enquanto.

- Eu sei exatamente o que Jake é, porque ele não mentiu para mim como você fez,
como você ainda tentaria fazer, creio eu, se eu não estivesse tão segura de quem
você é... - e então uma grande raiva nasceu dentro de mim, como se não pertencesse
a mim, somente. - Assassino! - eu cuspi.

Pareceu que meu Tio ficou ainda mais branco do que sua natureza impunha.

- Você não sabe o que diz... - ele desviou os olhos. - Eu não mato para me alimentar,
nunca matei.

- Mentiroso, Cretino! - eu acusei com as lagrimas tomando conta. - Você matou o


que eu um dia senti por você então você é sim um assassino. - respirei, doía, doía
tanto e eu só queria sair dali, ir para La Push, me atirar entre minhas cobertas e me
acolher nos braços quentes do Jake.
- Você não é mais meu Tio, você não é mais nada meu e se voltar a cruzar meu
caminho eu não irei pedir pela sua vida quando as “crianças” quiserem elimina-lo. -
eu jurei, olhando-o nos olhos e então juntei minhas ultimas forças para sair dali.

- Estou orgulhoso de você! - Jacob falou com sua voz mais doce, de encontro a
meus cabelos, quando finalmente caminhávamos para o carro dele, para ir embora.

- Eu não sei se posso dizer o mesmo... - suspirei, ainda sentindo meus olhos
molhados e transbordantes.

Minha voz era fraca e eu nunca teria permitido que ninguém me visse daquela
forma. Mas uma prova de que eu mudara muito.

- Não sei exatamente se fiz certo... ele sempre foi bom pra mim, mesmo que fosse
uma mentira... - minha raiva pelo Tio Oliver parecia menor agora que eu
descarreguei tudo em cima dele.

- Acho melhor assim, você não pode se por em risco o tempo todo pra ter ele na sua
vida. - Jake argumentou, sempre sério demais quando falava sobre esse assunto.

Me agarrei mais forte a ele querendo dar razão a cada uma de suas palavras e apenas
esquecer. Quem sabe um dia eu estivesse pronta para perdoar e ser perdoada, por
enquanto eu me sentia ainda muito órfã.

Definitivamente sem laços e sem nada que me prendesse ao mundo a não ser o
gentil e tempestuoso homem que me mantinha inteira e me levava agora, de volta
para um lugar que eu chamei de casa e que agora me pertencia. Talvez Marta tivesse
uma caneca de chocolate quente com canela pra me fazer um agrado quando
chegássemos.

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Jacob POV

Era o meio de Março, o sol já aparecia de vez enquanto, como hoje por exemplo.

Estava encostado na minha moto, que não mais me trazia recordações de Bella,
enquanto esperava minha patricinha sair da aula porque estávamos em uma terça
feira e ela sempre saia tarde nas terças fazendo com que eu esperasse por ela e não o
contrario, como nos outros dias da semana.

Tinha acertado minha vida numa rotina agradável ao lado do meu amor.

Pensar nela como patricinha era, agora, só uma brincadeira, porque a garota forte e
maravilhosa que Amelie se revelou ser nunca mais tinha deixado seus modos.

Ela as vezes era mais madura que eu e olha que sou um cara até bastante sério se
formos considerar os babacas do meu bando, por exemplo.

Por falar em MEU bando, bem, agora seria mais MEU do que nunca.

As coisas começaram a se complicar quando Sam me chamou, no fim de semana


passado, para uma conversa a sós: Ele queria me entregar a liderança da matilha
oficialmente, em breve, e então se afastar para garantir que suas preocupações
estivessem 100% em cima de sua família.

Emily estava gravida, tinham acabado de confirmar; e era agora que ia sobrar pra
mim de verdade.

Uma responsabilidade que nunca quis, jogada assim em meus ombros já que o
bonzão estava decidido a ser o pai do ano. Sam até tinha arrumado um emprego
melhor em Port Angels e me enchia o saco constantemente dando suas ultimas
“patacas” na direção daqueles fedelhos irritantes que eu agora tinha de liderar.

Quem ficou feliz foi a Leah, porque mesmo a contragosto tive de promove-la à
segunda no comando, prezando pela minha saúde mental, entendendo que era
melhor ela, com sua autoridade nata e certa responsabilidade do que qualquer dos
outros que ainda eram imaturos demais para o posto.

Quem não gostou muito foi o Quil e ele ainda me olhava com aquela cara de melhor
amigo traído sempre que tínhamos reunião.

Jared e Paul não foram problema já que se desligariam mais cedo ou mais tarde para
ficarem com seus imprintings e se dedicariam apenas a família como Sam mesmo
estava fazendo.
Eu sabia que Quil não teria achado aquilo tão ruim se Leah não estivesse tão
empolgada com o poder. As vezes ela ficava mandando nos garotos com vigor
demais e eles estavam cada vez mais fulos da vida em receber ordena de uma
mulher, aquele bando de machistas.

A minha patricinha podia mandar em mim o quanto quiser que eu ficaria feliz em
obedecer, mas pensando bem, não posso culpar os garotos já que isso era só com
ELA.

No mesmo instante o vento soprou e o cheiro dela, tão melhor que qualquer outro,
soprou de encontro ao meu faro. Ela estava lá, olhando para os lados de frente a
velha fachada do colégio, me procurando, ainda sem me encontrar.

Então a vi lançar um olhar assassino para uma outra garota, com um uniforme de
Torcida e logo após, sorrir brilhantemente para mim, vindo em minha direção e
apressando o passo.

- Oi meu Lobo! - ela disse com um sorriso perigoso que ela usava, tenho certeza, só
pra me enlouquecer.

Traçou uma linha pelos meus ombros, com a delicadeza de um roçar de pena.

- Quem deixou você sair com essa camiseta regata? - acusou, fingindo me
repreender. - As idiotas dessa escola não merecem essa visão. - ela completou
chegando mais perto.

Eu me controlava para não pucha-la pra mim, deixando que ela fizesse seus
joguinhos.

Ficar imóvel era uma grande luta, enquanto Amelie ficou na ponta dos pés mesmo
com seus saltos altos e a ponta de sua língua traçou meu lábio inferior. A puxei pra
mim, sem mais qualquer intenção de esperar por ela.

Amelie POV

Mais uma terça feira comum, indo de volta para casa. Essa era uma boa vida.

Ainda parecia um pouco com “As férias malucas que você nunca vai esquecer” mas
mesmo assim, eu acreditava que isso era só uma fase e eu me via cada dia mais
pronta para aceitar as coisas como elas eram agora .

Eu era uma Befart Weelow, mesmo que isso não me significasse tanto quanto antes.
Eu morava numa pequena reserva indígena, na costa de Washington e me sentia
muito bem com isso - até o meu cabelo não caia mais. Eu tinha bons amigos aqui,
pessoas que fariam tudo para me deixar mais feliz, ou me confortar se eu precisasse
de um colo, mesmo que ainda não me sentisse muito a vontade em falar sobre meus
sentimentos. Mas principalmente, eu tinha o melhor, o mais atencioso, carinhoso,
esperto e engraçado, além de GOSTOSO namorado do mundo.

A garota que foi a solteira mais convicta de toda a L.A., aquela que começou a ter
encontros aos doze anos e que mesmo assim nunca passou mais de duas semanas
com um cara só; estava agora completamente apaixonada por um incrível espécime
local e ainda por cima envolvida em uma trama de mitos que eram extremamente
reais para o pânico de sua mente cética.

Era de se imaginar que eu realmente consegui tudo o que eu queria, mesmo que não
tivesse vindo até aqui a procura de nada, primeiramente.

Jake estacionou em frente a minha casa, desligou o carro e deu seu melhor sorriso.

- A barra tá limpa, nenhum som em mais de um quilometro! - avisou meu namorado


de ouvidos supersensíveis.

Já foi tratando de saltar de seu carro e me pegar como o louco que ele é na maioria
das vezes, para não perdermos nem um minuto da nossa seção de amassos diários
no sofá até a hora em que Marta chegaria do lugar ao qual ela sempre ia.

É que, bem... Agente começou a ir rápido demais logo na primeira semana de


namoro, quando ele pegou pela primeira vez em uma área proibida, além da minha
cintura, por cima do meu sweater.

Foi aí que eu comecei a estabelecer alguns limites que nunca conseguia manter até o
final mas que nos impediram, com sucesso, de transar no sofá da sala enquanto
Marta passava pela porta no fim de tarde, até agora.

Claro, meus limites estavam começando a fazer aquela coisa de “O feitiço vira
contra o feiticeiro” e eu sabia que teria que tomar alguma providencia para
descarregar a quantidade de energia sexual que eu tinha acumulado em tantas “horas
do sofá”. Nunca fui puritana e nasci em Beverly Hills, tinha quase 17 anos e não
pretendia ficar guardando o ouro pra sempre não, mas tinha aquele medinho na
espinha que qualquer garota tem quando sabe que vai ser a primeira vez.

Não tinha lá muita vergonha de ficar nua na frente dele não, eu tinha mesmo era
panico de que desse tudo errado e eu fosse me descobrir como uma frigida de
carteirinha. Mesmo com todos os artigos da Cosmo's que eu li, ainda era
irritantemente inexperiente. Não sabia se preferia que ele fosse inexperiente
também, pra dar vexame junto comigo, ou se gostaria que o cara fosse o Az do sexo.

Eu estava bem dividida.

O importante mesmo era que Jake não pressionava. Ele ficava com uma carinha de
cachorro pidão por uns dois minutos mais logo dava um jeito de mudar de assunto,
nos momentos em que eu era obrigada a parar tudo, porque ele mesmo nunca
parava.

Jacob POV

Já fui passando a mão na lateral do corpo de Amelie, suspendendo a blusa que ela
usava. Ela fez uma carinha de safada e tirou a blusa sem nenhuma cerimonia me
deixando a visão da sua lingerie pink. Eu ia enlouquecer qualquer dia desses, e ia
sair correndo feito um lobo louco só pra não rasgar as roupas daquela garota e
possuir ela em cima daquele sofá mesmo. O meu corpo inteiro era sensível a ela
como se eu estivesse sobre efeito de algum estimulante químico poderoso.

Deitou de costas, virada pra mim; o sorriso sacana se estendendo pelo rosto antes
angelical, colocou uma das pernas sobre o encosto e me deu uma visão clara do play
ground proibido. O dedo indicador me chamando enquanto ela abria o botão do
jeans e descia um pouco o ziper e eu já sabia exatamente onde ela queria chegar.

Ataquei primeiro seu pescoço só pra ver ela se arrepiar e gemer como uma gatinha.
Dei um chupão com um pouco mais de vontade e ela colocou as mãos por baixo da
minha camiseta pra se vingar. Tirei a camiseta e ela me unhou com vontade
deixando rastros de vergões em minha pele. Ardia como o desejo dentro de mim e
eu já tava todo duro.

Não tinha nenhuma experiencia afora as vezes que estive com ela mas por incrível
que pareça isso nunca me impediu de explora-la e de me fartar dentro dos limites
que ela impunha. Com um mês de “hora do sofá” eu já havia aprendido a esquentá-
la rapidinho e com eficiência. Conhecia muitos pontos fracos e quanto mais eu
esquentava ela mais eu era recompensado: uma nova peça de roupa que caia ou ela
tomava iguais liberdades comigo. Um dia esse sofá ainda pegava fogo de vez.

Mas o que realmente importava era ver a minha garota feliz e já era um grande
privilegio ter o que ela se dispunha a me dar. Eu nunca iria pressiona-la por mais.
Ela saberia a hora certa e então seria certo pra mim também. Mas convenhamos que
a minha compreensão não era sem esforço e a minha Mily sabia ser bem malvada.
Abriu o zíper da minha calça enquanto eu ainda distribuía chupões pela pele clara
deixando umas marcas inevitáveis e fazendo ela dançar em baixo de mim. Senti a
mão dela em cima do meu sexo e gemi perdendo o rumo, ela só roçava e as vezes
me apertava, sempre brincando com meu controle. Uma das minhas mãos foi pra
baixo do soutien sem tira-lo e eu belisquei seu mamilo enquanto ela puxava meu
cabelo com outra mão pra me colar em sua boca. O beijo era furioso e cheio de
linguá, ela me conduzia me inflamando e me satisfazendo no beijo, mas claro, eu
ainda queria bem mais.

- Jake – ela suspirou quando me desviei do beijo para tortura-la com mais atenção. -
Faz! - implorou com os olhinhos apertados.

- Faz o que? - perguntei mordendo seu lábio inferior e deslizando as minhas mãos
nas laterias de sua cintura, só pra vê-la pedindo mais. Ela olhou pra mim com uma
carinha submissa que foi uma loucura. - Faz o que você faz de melhor. - mandou
com mais vontade.

Eu gargalhei, apertando o seu seio que ainda estava completamente no soutien, por
cima da roupa mesmo. Levei minha mão até sua calcinha e corri um dedo em cima
do tecido fino e cintilante.

- Você quer isso? - apertei seu sexo enquanto perguntava. Ela gemeu mais alto e o
quadril se ofereceu para minha mão. - Não é o meu melhor!- cochichei em sua
orelha, mordi o lobulo e acabei com o sofrimento dela colocando minha mão por
dentro da peça intima. - Mas você pediu com carinho... Eu faço.

Podia sentir sua excitação enchendo o ar como uma neblina sexy.

Posicionei meus dedos nela, sua carne sensível e macia era um chamado natural,
movi dois de cada vez, fazendo um circulo sincronizado e constante.

Amelie suava e gemia completamente fora de si, completamente desfrutável.


Tentava me beijar e eu permitia por vezes enquanto minha mão dançava em seu
sexo, minha língua dançava em sua boca.

A confiança que tinha em mim era quase tão poderosa quanto a energia que eu podia
sentir percorrendo nossos corpos, a atração, o amor, era insano. Um insano muito
bom.
Amelie POV

Sabe quem diz que chocolate é melhor que sexo? Então, essa pessoa com certeza
não namora Jacob Black!

Seu corpo quente, os músculos rígidos, sem falar na habilidade manual e no


tamanho daquele homem. Tava decidido, essa semana mesmo eu daria um jeito de
termos mais tempo pra nós dois e eu finalmente me veria livre da minha virgindade
que só servia para restringir o nosso prazer.

- Caramba! - Jake xingou, saindo de cima de mim com preça e subindo as calças.

- O Que? que ?- eu perguntei abobada fechando a minha braguilha e procurando


minha blusa no chão.

- Marta... bem perto! - ele ofegou enquanto me ajudava a me vestir, já de camiseta.

Jake me puxou para sentar comportadamente ao seu lado no exato momento em que
Marta passou alegre e cantarolando pela porta.

- Boa tarde, jovens! - ela estava um pouco alegre demais. Fiz uma anotação mental
para descobrir porque.

E definitivamente eu ia arrumar um jeito de tirar o atraso porque essa tinha sido por
pouco. Olhei para Jake que sustentava o sorriso mais amarelo de todos e reparei que
o susto parecia ter dado conta de sua excitação, já que dessa vez ele não estava com
uma almofada no colo.

- Eu tenho que ir... - ele se virou pra mim. - Banho, Jantar...

- Vai lá, minha coisa gostosa! - eu respondi puxando sua bochecha enquanto ele
balançava a cabeça descrente. Eu ri.

- Te amo! - me deu um selinho, parecendo chateado como sempre com a partida.


Também não estava muito contente mas gostava de um tempo só pra mim e também
precisava de comida e banho, um banho bem quente e relaxante de preferencia pra
tentar resolver tudo o que ele começou e não pode acabar.

- Amo você também! - fiz uma voz de falso descaso e ele riu, passando enfim, pela
porta.

Já na banheira, peguei o telefone sem fio e liguei para a Kim. Ela demorou um
tempo pra atender e acabou dando um bocejo daqueles quando disse “Oi”.
- Não me diga que você estava tirando uma sonequinha? - provoquei.

- Bem mais decente que a Srtª, que com certeza estava de safadeza com o Jacob.
Vocês ainda vão ser pegos! - ela disse a ultima frase séria.

Kim era diversão garantida sempre. Depois de gargalhar por alguns segundos fui
direto ao assunto.

- Eu decidi liberar pro Jake de uma vez e VOCÊ vai me acobertar! - intimei.

- Não tenho nada a ver com isso, me deixe fora das suas armações. - ela se
acovardou. Kim sempre precisava de um incentivo.

- Você teve sua vez com o seu lobo, agora é a minha, por favor Kim, honey,
PLEASEEEEEEEEEE! - choraminguei na maior cara de pau. - Dê uma ajudinha ao
amor verdadeiro.

- Aiiiii, tudo bem né Amelie, como se eu fosse mesmo aprender com a vida a te
dizer não. O que você quer que eu faça? - falou a contra gosto, mas eu percebi a boa
vontade de sempre.

- Eu amo você Kim, agora pegue papel e caneta! - ordenei.

- Você não quer realmente planejar a sua primeira vez como se planejasse um
evento, não é? - Kim parecia tomada por panico.

Gargalhei outra vez.

- Claro bobinha, ou você acha que eu vou sair rolando no mato com ele?

Jacob POV

A casa estava cheia, Emily havia começado a cozinhar no começo da tarde e o


cheiro era delicioso. Apertei ainda mais Amelie contra meus braços. Ela se
aconchegava a mim toda manhosa e raramente usava casaco desde que começamos
a namorar.

- Como vai a gravidez, Emily? Tem enjoado muito? - Kim perguntou.

- Toda manhã Kim, parece até que tenho hora marcada. - Emily respondeu
parecendo extremamente orgulhosa por vomitar todo dia. Mulheres gravidas,
sempre estranhas.
- Você pensa em ter filhos Kim? - Amelie perguntou, com uma voz pequena, pouco
comum a ela.

- Não sei, talvez dois ou três. Preciso ir para a faculdade primeiro. - respondeu.

- Dois ou três é muito pouco, vamos fazer logo um time de beisebol! - Jared
retrucou empolgado.

- Claro, porque não é você que vai pari-los. - Kim bateu nele.

Até Quil começou a rir com a cena inédita da Kim tomando dores o suficiente para
bater em alguem mas Mily ficou muito quieta, quieta demais. Já ia perguntar o que
estava acontecendo com ela quando Kim falou:

- E você, Mily, quantos filhos você quer ter?

- Eu não posso ter filhos. - disse simplesmente, como se sua cabeça estivesse em
outro lugar.

Vi os caras me olharem com pena e Kim segurou a mão de Amelie.

- Está tudo bem. - ela sorriu, ainda amarelo. - Eu sempre soube disso, tenho uma
daquelas síndromes malucas, os médicos disseram pra minha mãe que futuramente
eu poderia procurar uma barriga de aluguel e ela deu graças a Deus por nunca se
preocupar com uma possível gravidez adolescente. - dessa vez ela sorriu de verdade.

Eu ainda estava tentando processar essa informação. É claro que nós dois não
estávamos fugindo pra casar nem nada assim, mas saber que Amelie não poderia me
dar filhos foi estranho. Talvez o ambiente estivesse agravando a situação, com toda
aquela coisa do Sam e a Emily esperando alegremente um bebê e todos os outros
caras sabendo que poderiam providenciar seus próprios bebês também.

Vi minha linda ficar meio envergonhada e a chamei para um passeio enquanto a


comida não saia.

- Desculpe por isso. - ela disse de repente.

- Não é sua culpa. - eu a abracei.

- Eu não devia ter dito nada. Agora eles vão achar que não sou boa o bastante pra
você. - ela abaixou a cabeça. - Isso nunca tinha me importado antes. - admitiu.

- Não seja boba, você é a pessoa certa pra mim sim senhorita. Nós temos o
imprinting como prova. - eu a peguei pela cintura, tentando animá-la com um
selinho. Ela sorriu.
- Você se importa muito? - ela olhou nos meus olhos. Eu não podia mentir então
optei por uma verdade absoluta:

- Eu me importo muito com VOCÊ!

Amelie POV

- Me refresca a memoria do porque eu te deixei me arrastar pra isso, mesmo? -


encarei a Kim enquanto ela arrumava um circulo de pedras na areia e os garotos iam
pegar alguns galhos para fazer uma fogueira no “acampamento”.

- Um tempo sozinha com Jacob... Lugar ascensível... 100% permitido por pais e
guardiões legais! - ela sussurrou enumerando e fazendo uma especie de dancinha
ridícula.

- Se você acha que eu vou me resignar a ter uma das maiores experiencias da minha
vida nessa droga de praia dentro de uma porcaria de uma barraca, você tem menos
miolos do que eu sempre achei que tinha! - também sussurrei. Mas eu bem poderia
ter gritado. Kim sorriu ainda mais.

E aqui estava eu, acampando. Não, não era uma pegadinha!

Segundo o plano da idiota da Kim, que eu realmente acredito que ela tenha achado
que funcionaria, TODOS nós sairíamos em um grande grupo para um inocente
passeio de fim de semana. Os lobos, as garotas dos lobos, alguns amigos da escola
da reserva... Enfim, a fubazada inteira.

Muito romântico Kim, muito romântico! Quem precisa de uma suíte no Four
Seasons?

Sam e Emily, que eram casados e supostamente responsáveis vieram para controlar
a “garotada” e a cabeça de meleca parecia muito convicta de que no cair da noite,
ela simplesmente se mandaria da nossa barraca e iria expulsar Jacob da barraca que
ele dividiria com o Jared, deixando o caminho livre para nós, nas próprias palavras
dela.

Minha disposição para essa palhaçada era nenhuma mas eu dormiria sem problemas
com o meu Jake, abraçadinha, mesmo de baixo de uma ponte e isso me reconfortava
por não estar perdendo tanto assim o meu tempo.

Quando acenderam a fogueira um pessoal começou a tocar uns violões que


trouxeram. Sam sabia tocar gaita muito bem e o som estava realmente me fazendo
repensar as qualidades de um acampamento.

Kim ficou me provocando pra que eu cantasse alguma musica e eu fiquei lançando
olhares mortais pra ela e dizendo que não conhecia nada do que eles sabiam tocar.
Ela tava assim tão chata porque me ouviu ensaiar pra um musical da escola em que
eu fiquei ligeiramente interessada - sabe como é, pra passar o tempo.

Segundo ela eu tinha a voz mais bonita que ela já ouvira. Mandei ela comprar uns
bons Cds e parar de me encher o saco.

- Essa aqui você conhece, não é possível! - Ela disse quando começaram a tocar
“Hotel Califórnia”.

- Não é só porque tem Califórnia no nome que eu tenho que conhecer, tosca! -
retruquei.

- Canta logo Mily! - ela pediu, juntando as mãos como se implorasse.

Eu gargalhei e já que todo mundo conhece a porcaria dessa musica, porque nunca dá
pra sair de uma roda de violão sem ouvir ela, acabei cantando. Mas continuei
sentada mesmo, sem muito alarde.

O pessoal se animou e umas meninas fizeram o coro pra mim no refrão.

- Não sabia que além de parecer uma sereia você cantava como uma. - Jake
sussurrou no meu ouvido me fazendo rir, mas ficar inegavelmente arrepiada.

- Sem cantadas baratas, amor. - avisei.

Ele me pegou pela nuca e me beijou, deixando o pessoal acabar a musica sozinho.

O beijo era quente, cheio de promessas, e de repente não pareceu nada absurdo ser
dele no meio daquela praia mesmo que não tivéssemos nem uma barraca.

Jacob POV

Todo mundo já tinha ido caçar seu rumo pra passar a noite e aqui estava eu,
encalhado com o imbecil do Jared. Condenado a dormir com um macho perto
demais de mim já que uma barraca comum de dois lugares, cabe, na pratica, meio
lobisomem.

Fechei os olhos. Maldita hora em que concordei em vir nesse acampamento de


bosta. Era impossível não pensar em dormir agarrado com a minha linda a noite
inteira sem mencionar os outros extras desse contato.

Ouvi passos lentos na areia e depois a voz da Kim cochichando:

- Jacob, será que você podia trocar comigo e dormir na minha barraca? - ela pediu
muito timidamente.

Não esperei mais nada. Sai dali e nem olhei pra traz. O vento frio não fazia
diferença contra minha temperatura naturalmente alta. Era impossível não querer
estar com ela a cada segundo, sentir a pele macia e cheirosa. Deixar que ela me
enlouquecesse pra sonhar com ela depois...

- Mily? - perguntei ainda do lado de fora pra dar a ela a chance de me recusar
mesmo que isso me doesse.

- Entra! - ela chamou com uma voz de espectativa.

Assim que comecei a abrir o zíper da barraca, o cheiro de alfazema, rosas e Amelie
me atingiu com tudo. Olhei todo o ambiente antes de me virar para ela, justamente
por saber que não veria nada depois que nossos olhos se encontrassem.

Havia duas grandes almofadas de veludo vermelho. Lençóis muito brancos e bem
estirados cobriam o colchão de ar e por toda a barraca, encontravam-se pétalas
vermelhas salpicadas.

No teto ela conseguiu pendurar uma pequena lamparina que deixava a luz tênue e
amarelada ainda mais convidativa. Eu nem ao menos poderia dizer como estava me
sentindo, tal sentimento de alegria me dominava. O conforto de amar alguém que te
ama de volta, a satisfação de desejar alguém que também te quer. Eu já era o cara
mais feliz do mundo só por ela existir...

Os olhos cinza profundos e expressivos da minha linda me fitaram com um misto de


orgulho de si mesma e apreensão. Um sorriso de moleca brincava em seus lábios
carnudos, doces e convidativos como todo seu belo corpo semi exposto em uma fina
camisola vermelha como as pétalas de rosa.

Se encostou ainda mais na grande almofada, se refastelando como um felino,


fazendo as pernas languidas me convidarem para um jogo sensual. Os cabelos soltos
e revoltos pediam para ser agarrados e suas delicadas mãos subiam sutilmente a
barra da camisola para revelar as cochas bem torneadas e claras, implorando para
serem apertadas.

Eu gostava de viver. A vida definitivamente não era uma droga, e definitivamente,


eu não queria morrer nunca se fosse pra passar meus dias com aquela deusa.
Amelie POV

Estava nervosa. Claro que eu estava muito, muito nervosa.

Quando Kim terminou de me ajudar com a”arrumação” da nossa barraca e saiu


dizendo que iria garantir que Jacob viesse até mim, eu realmente pensei em dar para
traz na minha idéia de dormir com ele.

Respirei fundo, impedi minhas pernas de saírem correndo de medo por uma coisa
que eu queria e muito e controlei as ofegadas da minha respiração.

Não precisei de mais nada assim que ele passou pela portinha de lona, vestindo só
uma bermudinha insignificante. Deus seja louvado por mais que eu nunca tenha sido
crente. Meu namorado era gostoso demais pra eu lembrar que a palavra MEDO
existia.

Eu tinha tanta sorte. Eu deveria ser a garota de maior sorte em todo o mundo e isso
nada tinha haver com a fortuna que eu herdaria um dia.

Só tinha haver com ele, aquele índio enorme e super sexy, ali parado me encarando
como se eu fosse a maior maravilha do mundo e ele estivesse rolando em ouro e
seda na suíte real do Plaza. Como se a minha simples e até modesta surpresa fosse o
melhor presente que alguém podia ganhar.

Olhar pra ele me despertava um fogo, uma sede, coisas que eu nunca tinha sentido
antes. Borboletas davam rasantes em meu estomago e eu queria ele ali, me tocando,
me tomando cada parte do corpo, como ele bem entendesse.

Sem poder dizer nada; a boca seca com a falta dos seus beijos, deslizei minha
camisola pelas pernas, partindo-as um tanto, olhando naqueles olhos negros e
intensos. Implorando, tremendo de vontade.

Ele veio até mim com mais delicadeza do que eu esperei, olhando nos meus olhos
sem se desviar, me passando o resto da confiança que o desejo não cobria. Sua mão
quente espalmou meu ombro, correndo por ele e despindo a camisola com sutileza e
facilidade. A outra mão cobriu minha face, sorrindo pra mim com seu sorriso mais
bonito, um sorriso de menino.

Ergui meus braços e ele me ajudou com a camisola pra acabar de despi-la. Um
arrepio se fixou permanente em minha espinha quando suas mãos desceram por
minha lateral nua e sua boca beijou meu pescoço com carinho.

Minhas mãos alcançaram a nuca dele e eu enrolei meus dedos em seus cabelos
crescidos, puxando ele pra mais perto, selando um beijo de lábios apenas. Sentindo
seu cheiro peculiar e tremendamente masculino me enlouquecer e me excitar um
pouco mais.

Jake abriu meu soutien enquanto me beijava, era tomara que caia e eu nem senti
quando finalmente caiu. Mas eu senti sua mão em meu seio direito, embalando e
sustentando, apertando com propriedade mas muita delicadeza. Os dedos roçando
no mamilo tenso, a boca deixando a minha para beijar meus ombros.

Me puxou pra seu colo, de frente pra ele pra que eu sentisse sua excitação me
pressionar. Me mexi de encontro a ele, deixando-o também inebriado de prazer,
fazendo-o gemer junto comigo. Sua língua rodeou meu mamilo direito e eu arfava,
rebolando em seu colo, completamente necessitada. Prendeu seus lábios ali e sugou.

- Ahh... Jake! - eu ouvi meu lamento, como uma voz que não conhecia.

Uma mão me mantinha cativa pela nuca enquanto a outra brincava no meu seio
esquerdo até que ele decidiu levá-la mais abaixo, entrando na minha calcinha úmida.
Um espasmo de prazer me fez contorcer só de ele encostar seus dedos em mim.
Nesse passo eu ia acabar enfartando antes mesmo de conseguir consumar nosso ato.

Jacob POV

“Vai devagar”, “Se segura”, “Ela é tão delicada” - era a torrente constante de
pensamentos que enchiam minha cabeça. Era difícil de se concentrar quando tudo
parecia gritar dentro de você. Eu tava tão duro que chega a doer e quando Amelie se
contorcia em cima de mim eu ficava um tanto mais insano. Meus gemidos já se
misturavam com os dela e eu queria que ela me tocasse também, mas eu tinha medo
de não durar nada se ela fizesse isso.

Mordisquei o mamilo dela e ela deu um gritinho enquanto eu sentia seu sexo se
alagar para os meus dedos.

A estimulei como já sabia bem fazer. Vi quando sua cabeça pendeu pra traz e ela se
entregou as ondas de prazer que eu lhe provocava. Fiz devagar pra que ela pudesse
estar totalmente pronta pra mim quando eu entrasse nela e só o pensamento do meu
sexo no dela, sendo comprimido dentro dela, sentindo cada partezinha da minha
linda, me deixava perto demais de me satisfazer.

Eu não poderia estar satisfeito enquanto ela não estivesse. Eu teria que me
concentrar com toda a minha força.

- Jake, ahh Jake... - ela gemia. - você é tão bom nisso! - ela sorria boba enquanto
espasmos atingiam seu ponto mais sensível.

- Você não viu nada, linda... - eu arfei junto com ela, tomando seus lábios nos meus
sem deixar a estimulação de lado. - Nós vamos por fogo nessa barraca hoje!

Ela sorriu em meio aos gemidos e suas mãos que traçavam meus braços e
seguravam meus cabelos de repente tiveram a mesma idéia que a pouco me
ocorrera. Senti quando os dedos finos entraram na minha bermuda, tirando-a
desajeitadamente. Eu só usava aquela peça de roupa e ajudei ela de bom grado a se
livrar daquilo.

Amelie levou as mãos nas laterais da calcinha e a tirou também, quando meus dedos
a deixaram para me despir. Aquela visão de ela tirando a própria calcinha ficou
reverberando na minha mente como veneno. Ela tocou meu sexo inchado e eu cai
por cima dela, fazendo de tudo pra me manter longe de esmagá-la.

- Linda... - avisei enquanto ela me estimulava também. - ... não faz isso!!! - suspirei
sem vontade.

- Você tem certeza que não quer Jake? - ela perguntou safada, trançando as pernas
nas minhas e fazendo nossas intimidades se encontrarem.

- Você acaba comigo... - eu ainda gemia quando ela não parou de me tocar.

- Vem Jake! - ela pediu de olhos fechados. - Faz!

- Abre os olhos pra mim! - eu consegui dizer quando senti sua entrada, quase tão
quente quanto minha pele. Suas pernas abertas e acomodadas.

Olhei bem para as orbes cinzentas mais magnificas que jamais sonhei conhecer.

- Eu sempre vou amar você! - eu jurei sentindo a força daquela promessa com a
mesma força com que sentia meu desejo.

Amelie POV

- Eu sempre vou amar você! - eu ouvi a sinceridade em sua voz, a mesma


sinceridade que havia em meu coração, em meus sentimentos por ele.

E então o senti empurrar devagar, sempre mantendo sua posição. Fiquei imóvel com
medo da dor e ela veio. Ardia enquanto ele tentava ganhar mais algum espaço em
mim. Suei frio e minhas arfadas já eram em parte, desconforto.
Jake deve ter percebido porque parou, ficando tão imóvel quanto uma estatua e de
repente senti seus dedos alisando a minha carne fraca, apertando minha coxa e em
menos tempo do que achei possível, meu corpo já era fogo outra vez e eu o queria
empurrando mais, eu o queria completamente em mim.

A dor não passou, ela estava latejando junto com outra sensação antes desconhecida,
com os gemidos de Jake quando pareceu encontrar um ponto final dentro de mim, se
acomodando completamente colado. Nós eramos literalmente um só.

- Você está bem? - perguntou como se estivesse a lutar uma dura batalha.

- Ahan. - eu consegui dizer, ainda incerta enquanto a dor não sedia.

Ele me beijou, um beijo completo, quente e sensual. O beijo que me fez esquecer de
qualquer coisa que não fosse ele. Então investiu contra mim, saindo e entrando
firme. Arqueei minhas costas e gemi porque a sensação estranha era um prazer
estranho agora. Ele voltou, se apoiando nos cotovelos, fazendo minha perna
esquerda abraçar seu quadril. Quase não doía mais.

Desci minhas mãos para seu bum-bum e dei uma boa apertada. Ele riu e parecia
bem mais relaxado agora. Voltou a me preencher, estabelecendo um ritmo e
estocando. Foi ficando cada vez melhor e eu já gemia de novo, envolvida pela
loucura do prazer .

Minhas duas pernas agora estavam em sua cintura, minhas mãos arranhavam suas
costas e eu queria que ele fosse mais rápido e mais duro e enquanto eu rebolava de
encontro a ele, de meus lábios saiam murmúrios desconexos e pedidos de mais.

Jacob POV

Perdi completamente o controle dos meus atos, meu corpo se encaixando no dela
como se fossem realmente feitos na mesma forma. Nossos quadris colidindo
vigorosamente. Seus gemidos de satisfação me guiando em uma sensação
indescritível.

Tão apertada de encontro a mim, tão quente. Suas mãos sabiam exatamente onde ir,
seus lábios sabiam exatamente como me beijar. Sua língua doce na minha, tremendo
quando o prazer era insuportável demais, louco demais.

Eu sabia que a apertava com força e que não tinha controle enquanto ela me pedia
mais, seu coração perdendo alguns compassos na batida frenética de encontro ao
meu.
Amelie começou a relaxar, uma lagrima descendo por seus olhos apertados e seu
sorriso frouxo e satisfeito e eu sabia que era hora de me satisfazer também. Me
entregar nas mãos dela, completamente submisso àquela mulher que eu nunca fiz
tanto para merecer.

Eu não estava cansado mas estava incrivelmente mole quando nos rolei no colchão
para que ela ficasse por cima de mim, saindo dela com cuidado.

Se amarrou a mim como um bicho preguiça, toda grudada com um sorriso largo e os
olhos brilhantes. Tão linda. Tão minha. A conexão do imprinting parecia criar uma
aura entorno dela enquanto eu a olhava ali, deitada de encontro ao meu peito
suspirando e retomando o folego. Eu sentiria muito mais do que dor se ela fosse
arrancada de mim naquele momento. Dependia completamente dela.

- Isso foi incrível! - ela disse, virando seu rosto sorridente para mim e me beijando
nos lábios devagar.

- Eu te machuquei? - perguntei, de repente preocupado e me lembrando bem do


desconforto que ela a principio sentiu.

- Nada que uns beijinhos não resolvam. - ela disse convicta.

Eu a puxei pra mim em um beijo calmo e afaguei seus cabelos.

- Vamos dormir a-go-rahhhh. - ela bocejou no meio da frase me fazendo rir ainda
mais, como um idiota muito feliz pra ser verdade.

- Cansada? - provoquei.

- Você realmente não tinha mostrado seu melhor ainda. - falou derrotada. - Acho que
estou como se tivesse corrido uma maratona! - falou dando outro bocejo no final e
dormindo sem mais delongas.

Amelie POV

Acordei toda suada, sentindo um calor enorme. Me virei e imediatamente


lembranças da minha primeira noite com o Jake me tomaram. Parecia que tinha
dado tudo certo, eu ao menos gostei bastante.

Assim que prestei atenção a alguma coisa ao meu redor, o calor que eu sentia
começou a se justificar.
Ter um Lobo com mais de quarenta graus de temperatura corpórea agarrado a você
enquanto ambos não vestiam absolutamente nada pode resultar em muito, muito
aquecimento, do tipo dia de verão na Califórnia, no minimo.

Sorri sozinha ao ver ele roncar, as vezes de forma sonora, as vezes de forma
tranqüila. Tudo nele me fazia sorrir e me deixava totalmente fascinada. Tentei me
movimentar de minha posição e minhas pernas protestaram. Estavam duras como se
eu tivesse malhado um dia inteiro.

Meu sexo também parecia um pouco maltratado, o que era bem previsível se fosse
considerar o tamanho da invasão que ele sofreu ontem. Não era tão ruim assim. Eu
sabia que eu queria mais, muito mais.

- Mily! - a voz da Kim me fez insistir com o corpo dolorido e me enrolar no lençol
pra atender ao seu chamado.

Engatinhei pra fora da barraca vestindo minha camisola que achei caída por ali; eu
vestira minha calcinha antes, assim que ela chamou.

- Oi! - ela sorriu pra mim, cúmplice e cheia de curiosidade.

- Bom dia, flor do dia! - eu exclamei e a abracei. Ela deu uma risadinha atrás da
outra em uma gargalhada nervosa.

- Nem preciso perguntar se deu tudo certo pelo visto. - disse enquanto eu largava
dela. Eu sorri mais ainda para demonstrar meu nível de contentamento.

- Ainda tá escurinho. - disse, passando as mãos nos braços que de repente me faziam
tremer de frio dentro da camisola de seda, agora que estava sem meu casaco
particular. - O que você quer?

- Precisa acordar ele. Você sabe, não custa fingir que ninguém sabe que trocamos de
barraca. - ela ficou vermelha.

Eu entrei pra acorda-lo e ele saiu da barraca quase como um sonambulo. Acho que
ainda ia dormir bastante.

Depois de arrumarmos tudo já estávamos prontos ao meio dia. Iriamos almoçar em


casa, cada um na sua. Claro, Jake estava convidado para o maravilhoso assado da
Marta, assim como estava convidado para qualquer coisa que eu pudesse fazer
acompanhada na vida.

Entramos no Rabitt e ele dirigiu de pressa enquanto eu colocava musicas de garota


no som e ele nem reclamou, segurando minha mão e me lançando olhares
apaixonados a cada dez minutos. Eu estava no céu, com o meu anjo e ele não era
mais o anjo da morte que eu pensei encontrar naquele dia, agora tão remoto, quando
me perdi na floresta, fugindo. Jake era meu anjo porque ele era o meu protetor, a
minha metade da laranja.

- Estranho... - ele rompeu o clima aconchegante, franzindo o cenho e farejando


assim que entramos na minha rua. - Você conhece aquele carro, Mily? - perguntou
casualmente, mas eu não prestava mais atenção a nada.

A Mercedes que meus pais usavam estava estacionada de frente a porta de madeira
simples da casa que eu dividia com Marta. Jake não precisou ir muito alem antes de
parar, logo atrás do carro elegante demais para La Push. Eu já podia vê-la ali, na
sacada, detrás de seu óculos Chanel, sua bolsa Kelly e seu lenço.

A minha MÃE, totalmente VIVA.

Jacob POV

Minha linda estava branca como papel. Seus olhos pareciam permanentemente
arregalados. Mal eu estacionei ela pulou do carro, como se seu corpo estivesse
sendo controlado por outra pessoa.

Saltei em seguida.

Havia uma mulher na varanda de Marta Uley. Uma mulher que tinha o mesmo tom
de cabelo que minha Amelie, embora os seus estivessem mais desbotados. Estava
vestida de maneira muito elegante. Mais elegante do que a própria Amelie tinha se
vestido no inicio de sua estadia aqui em La Push.

- Violet. - a mulher falou com uma voz severa, abaixando o grande óculos escuro
que fazia ela parecer uma mariposa. Sua voz tinha um pouco de sotaque e eu me
perguntei se ela era americana.

- Mãe! - Amelie quase engasgou e eu senti meus próprios olhos arregalados. A mãe
dela não tinha morrido, ou pelo menos, os pais não tinham caído com um avião?

- Vamos entrar. Eu já esperei de mais aqui fora e não é apropriado que conversemos
em companhia de estranhos. - e falando isso foi a primeira vez que ela sequer olhou
pro meu lado. Seus olhos não se demoraram em mim e ela não exibiu nenhuma
emoção como se eu apenas não existisse.
- Jacob vem comigo! - a voz de Amelie era forte e ela parecia bem mais recuperada
do susto de ver a mãe supostamente morta, ali na sua frente.

Eu não esperava que minha linda fosse se lembrar de mim numa hora dessas mas ela
apertou a minha mão e deu um passo para traz que a colocava mais perto de mim.
Isso fez a mulher olhar para traz e dessa vez eu pude distinguir claramente seu
desprezo.

- Eu já disse que quero falar com você a sós Violet, não me canse com sua falta de
modos e deixe que esse rapaz siga o caminho dele. - disse ainda mais arrogante,
como se eu fosse uma coisa muito miserável que ela não agüentasse olhar nem
mesmo enquanto destratava.

- O meu caminho é com ela. - falei em alto e bom som, passando a mão pela cintura
fina da minha Mily e trazendo ela junto de mim.

- Violet! - a mulher olhou diretamente para Amelie, seus olhos pálidos e apáticos
pareciam adquirir um tom fervente por um momento.

Mily se manteve firme e encarou de volta.

- Mãe, esse aqui é Jacob Black, meu namorado. - falou com um orgulho que me fez
sorrir pra ela como se a mãe dela nem estivesse ali.

- Não estou interessada em seus casinhos... Tenho assuntos sérios a tratar com você.
O seu pai está em coma se isso te ajuda a deixar esse índio aí e entrar na casa. -
falou sem um minimo de sentimento.

Essa mulher era mais fria que um sanguessuga, isso sim. Como podia anunciar que
o marido estava em coma com aquela cara? Pelo visto eu teria uma cobra como
sogra, literalmente. Só me importava que ela não levasse Amelie embora, porque eu
tinha de me lembrar que ela não tinha 18 anos ainda. Eu mesmo acabara de fazer 18
anos. A confusão e o medo me fizeram recuar. Não que eu não fosse ouvir tudo que
elas falassem de qualquer jeito. Só achei melhor evitar um confronto de incio.

Peguei Mily pelo queixo, olhei no fundo de seus olhos.

- Vá com sua mãe, amor. Nos vemos depois! - e a beijei.

Um selinho e um abraço apertado. Ela pareceu me apertar ainda mias. Meu coração
doeu por deixa-la, mais dessa vez do que das outras. Sorriu pra mim como se
quisesse me tranqüilizar.

- Deixe a janela aberta! - eu sussurrei em seu ouvido. Ela pareceu relaxar e então se
foi enquanto eu dava a volta e entrava no Rabitt.
Amelie POV

Mais do que qualquer coisa, ter minha mãe ali era estranho.

Sei que devia estar pulando de felicidades por ela não ter morrido, porque realmente
me importei quando pensei que ela estivesse morta. Eu não entendo como isso pode
ter acontecido, mas simplesmente ela não era tão importante assim e como eu disse,
descobrir isso foi muito estranho.

Jacob por outro lado, deixou o mesmo vazio de sempre no meu peito quando virou-
se para ir embora e eu temi de verdade que a volta da minha mãe pudesse significar
uma separação pra nós dois. E isso era uma coisa que eu não queria nem cogitar.

Entramos na casa e Marta parecia desconcertada em receber Clarisse Befart-Weelow


em sua casinha minuscula e nada confortável para os padrões da grande socialite.

Eu vi a coitada tentando ajeitar nossos pratos simples, servir a cada segundo uma
outra opção de aperitivos e maquiar toda a simplicidade em que vivíamos muito
bem, atualmente. Mas ela foi, em grande parte ignorada por minha mãe.

E claro, só pra não esquecer de mencionar, eu odiava quando me chamavam de


Violet e só ELA me chamava assim.

- Seu pai está em coma. - disse apaticamente enquanto se sentava numa ínfima
beirada do sofá como se o tecido ruim fosse capaz de corroer sua saia Chanel.

É, minha mãe nunca foi famosa pelo tato, não com as pessoas da família pelo
menos.

- O avião caiu em algum lugar da Europa Central e nós fomos encontrados algumas
semanas depois. Eu tive um probleminha de perda de memoria recente e fiquei inútil
durante minha convalescença, por semanas enquanto seu pai ainda está em um
estado mais grave. - ela ia dizendo e mais parecia alguem que conta um relato super
entediante de como foi sua consulta ao dentista nessa tarde.

- Vocês voltaram pra L.A.? - perguntei sem ter coragem pra perguntar o que
realmente queria saber, que era: “Eu vou voltar? “

- Sim, assim que me recuperei consegui fazer uma serie de telefonemas e nos tirar
daquele lugarzinho caótico onde tinham nos internado. Estávamos num hospital
publico ridículo! - disse, horrorizada, porque isso parecia te-la afetado mais do que o
fato de ter caído com um avião. Essa era minha mãe! Ela prosseguiu.

- O que vim dizer alem do obvio que você pode ver é que seu castigo está revogado
e você pode voltar comigo pra casa assim que colocar suas coisas numa mala! -
disse. - Também abrimos uma conta pra você com a herança da sua avó e decidimos
que agora você poderá gastar o seu próprio dinheiro e nós pouco temos haver com o
que fará com ele. - E aí ela se levantou.

Eu congelei na parte de “Voltar comigo pra casa assim que colocar suas coisas numa
mala”, e fiquei com minha cara pregada no chão, suando frio.

Eu não queria ir embora!

Eu não poderia ir. Não tinha mais nada para mim em L.A.

E agora eu podia ver que, de fato, eu nunca tive nada importante ali. Nada que
realmente fosse me fazer falta.

Não poderia deixar Jacob e minha amizade por Kim e tudo que conquistei por mim
mesma.

Minha mãe percebeu que eu não disse nada e virou-se para mim com uma expressão
desdenhosa.

- Vejo que está disposta a ficar enterrada aqui e continuar brincando de casinha com
aquele índio! - e então fez um gesto de impaciência e rolou os olhos. - Faça como
quiser. Não vou te obrigar a ir embora, afinal, o que de pior poderia acontecer na sua
idade não é mesmo possível já que você é estéril. Fique o quanto quiser... - e
lançando um ultimo olhar para mim disse: - Vou mandar lembranças a seu pai
quando ele tiver acordado, vejo você depois.

E saiu do mesmo jeito que chegou, me fazendo muito indignada por pensar que eu
nunca havia enxergado realmente o quanto aquela mulher era vazia e horrenda,
enquanto minha culpa por não amá-la diminuía visivelmente e eu me sentia aliviada
por ela ter me deixado ali, em paz, no lugar onde eu sabia que pertencia desde que
as vendas em meus olhos caíram e eu conheci a verdade.

Jacob POV

Definitivamente ouvir aquela conversa não foi fácil. Não teve um minuto sequer que
eu não desejasse entrar por aquela porta e colocar aquela “fria” pra fora, porque
aquela mulher era muito pior que um sanguessuga. Não duvidava que ela fosse
capaz de se alimentar de humanos mesmo não sendo vampira. Como uma mãe
conseguia tratar uma filha daquele jeito? Me lembro o suficiente da minha pra saber
a resposta: Não conseguia!

Vi o carro sair pomposo de La Push e pelo menos uma coisa boa saiu de toda aquela
conversa: A mulher não ia tirar minha Amelie de mim, ou devo dizer que ela não
TENTARIA tirar a minha Mily, porque conseguir ela não ia mesmo, sem chance.

Pelos barulhos que eu ainda podia ouvir de dentro da casa, minha linda estava em
seu quarto muito calada mexendo os pés no assoalho. Parecia ansiosa. Resolvi
passar por lá antes mesmo de voltar pra casa porque achei que talvez ela precisasse
ser lembrada de que tem alguem que a ama e se importa com ela o suficiente para
pular na frente de um trem para salva-la.

Pulei a janela que ela tinha deixado aberta, não deixando de sorrir por ela ter
realmente feito isso.

- Jake! - se jogou nos meus braços assim que me viu por os pés no quarto, com uma
carinha desanimada.

Eu a apertei em mim sentindo seu cheiro e me concentrando em não esmagá-la


como gostaria para que ela ficasse ainda mais próxima de mim.

- Você ouviu tudo não foi? - ela perguntou com o rostinho colado no meu peito.

- Ela é louca, ignore! - eu tentei brincar. Ela sorriu um pouco, então funcionou.

- Eu queria tanto ter tido uma família sabe, acho que a minha nunca fez isso direito,
essa coisa de família de verdade! - ela disse aérea como se pensasse alto.

- Eu sou sua família agora, minha linda e eu prometo que vou fazer direito! - falei
imediatamente e sabia que aquela era uma promessa que eu poderia cumprir da
melhor forma, de todo o coração.

- Você é o melhor, Namorado. - ela sorriu verdadeiramente e então me beijou.

Amelie POV

BAM-BAM!!!
Soou a buzina estridente do Rabitt.

Se pensar que a uns três meses atrás essas duas buzinadas eram como as trombetas
do inferno... “É Mily, você perdeu o jeito, garota!” - pensei comigo mesma, sorrindo
boba e apaixonada e me apressando até a porta.

Ajeitei meu cachecol. Não que eu fosse precisar dele no carro com meu namorado
lobo super quente pra me esquentar, mas a escola não era assim tão aconchegante
então era melhor eu levar.

Assim que cheguei ao carro, a porta do carona se abriu do lado de dentro e ele nem
tinha que se esticar para abri-la, tão grande que era.

Um monte de pensamentos pecaminosos passaram por minha mente, como sempre,


enquanto eu via o sorriso matinal super brilhante do meu Jake. Sorri de volta, e eu,
precisava me esticar para beija-lo. Ele afagou minha nuca e me arrepiou no beijo
leve.

- Tá linda! - me elogiou como sempre, me comendo com os olhos e me fazendo


corar como só ele podia, já que eu não era de sentir vergonha de nada.

- Merci! - disse fazendo um biquinho que ele dizia que me deixava toda metida.

Jacob aumentou seu sorriso e deu partida no carro, nos colocando a caminho da
minha escola e de seu trabalho.

- A Kim pediu ao Jared que pediu a mim que te passasse um recado. - disse.

Eu gargalhei e mandei ele repetir aquela bagunça toda, no que ele fez uma careta e
repetiu. Jake prestava pouca atenção a estrada, olhando-me mais que o necessário.

- A louca da Kim esqueceu que já existe algo como... telefone? - perguntei e percebi
que meu tom não era de deboche para com a atitude mais do que idiota de minha
nova melhor amiga.

- Parece que ela está de castigo SEM o telefone! - Jacob esclareceu.

Eu exclamei e então disse: - Fala logo!

Ele me olhou com uma carinha repreensiva pelo meu tom autoritário e eu rolei os
olhos mas acabei por me corrigir com um polido: “Por favor”.

- Ela quer que você a encontre na porta da casa dela exatamente as duas da manhã e
que você espere ela abrir a porta e não bata até que ela abra! Parece urgente e o
Jared estava bastante preocupado mas ele não arrancou nada dela então eu não sei o
que ela quer. - Jake foi objetivo.

- Uhulll! - gargalhei. - Isso tá tão James Bond, o que será que aquela garota
aprontou? - pensei alto.

Jake pareceu empolgado por um momento.

- Nós vamos descobrir amanha, depois das duas. - disse com a perspectiva de ver
sua curiosidade saciada.

- NÓS é a vovozinha Jake! - encarei ele dura. - Minha amiga quer falar COMIGO e
não pense você que eu vou sair fofocando, sua velha mexeriqueira!

Ele murchou e ficou se fazendo de emburrado.

- Não seja criança, Jake! - eu desmereci quando ele ainda continuava bicudo depois
de uns cinco minutos.

- Quero um beijo por você ter sido má comigo! - ele sorriu safado enquanto uma
mão ia até minha cocha e apertava.

- Você não presta. - eu sorri pra ele e o beijei na bochecha.

E então eu senti um calafrio estranho percorrer minha espinha, o mesmo tipo de


coisa que sentimos quando estamos doentes. Comecei a suar também e minha boca
ficou amarga de repente.

O ultimo sinal de alarme veio do meu estomago que se revirou totalmente, então eu
me ouvi guinchar um “PARE” que doeu até nos meus próprios tímpanos.

O carro cantou pneus no acostamento da estrada e eu nem pude revidar o olhar


assustado que meu namorado me deu quando eu voei do banco em uma velocidade
incrível pra colocar todo o meu café da manha pra fora, da forma mais violenta
possível ainda sentindo as contrações do meu estomago tentando expulsar mais e
mais coisas de dentro de si, até atingir o completo vazio.

Quando percebi Jacob já estava lá segurando meu cabelo e me fazendo gemer em


protesto.

- Calma Mily! - ele dizia enquanto eu travava meu maxilar e tentava afasta-lo,
porque eu odiava estar em situações tão vulneráveis.

- Não quero que você... veja isso! - consegui grunhir entre uma golfada e outra.

- Larga de ser boba! - Jake repreendeu sério e muito preocupado até que eu me senti
melhor e fui pra me endireitar mas ele já tinha me pego no colo com aquela
facilidade assombrosa como se eu pesasse o mesmo que uma pena.

- Tem agua na minha bolsa. - eu sinalizei, de repente cansada demais para lutar
contra os cuidados dele.

Assim que alcançou minha maxi bolsa Chanel e conseguiu achar minha garrafinha
de agua mineral, Jake me passou a embalagem e agachou entre minhas pernas me
olhando carinhosamente.

- O que foi isso? - sua testa se franziu enquanto sua voz saia encabulada de mais.

- Mal-estar Jacob, mal-estar. - disse mal humorada. - Eu sou só uma garota humana,
está lembrado? Nós mortais temos estômagos frágeis! - me defendi imediatamente,
mas eu sabia que a incerteza na voz dele também estava presente em cada fibra
minha. Eu sabia que não era comum pra mim ter esse tipo de problema. Podia se
chamar meu estomago de muitas coisas, menos de “sensível”.

Jake ainda me olhava com aquele olhar que sondava até minha alma e eu tentei um
sorriso amarelo para dissuadi-lo a voltarmos para estrada. Com o tempo, viu que eu
não voltaria a passar mal e então continuou o caminho até Hoquiam. Nós dois já
estávamos bastante atrasados.

Jacob POV

A Amelie pensa que me dobrou com aquela historia dela de estomago “sensível”,
pois ela está é muito enganada. Se ela não contar tudinho pra Marta eu é que vou me
encarregar de leva-la ao primeiro hospital para fazer logo um Check-up, já que eu
me lembro sim do quanto ela é humana e bem sei que todo cuidado é pouco com
essas coisas de saúde.

Claro, sem que eu percebesse uma parte de mim se lembrou de Emily e seus enjôos
matinais e logo a outra parte do meu cérebro, aquela que guardava a inteligencia, me
puniu por pensar nisso e eu me lembrei das duras palavras da mãe de Amelie sobre o
assunto: “ O que pior poderia acontecer na sua idade não é mesmo possível já que
você é estéril.” E a voz cruel da mulher ainda estava muito bem gravada na minha
memoria e também a expressão de tristeza da minha linda quando contou a todos
sobre sua condição. Não podia negar o quanto me machucava pensar que de fato,
certas coisas nunca aconteceriam pra nós dois e que nossa família seria um tanto
quanto pequena demais.

Depois disso, só tentei ocupar meu dia com a pilha de serviço que quase
literalmente se formou na oficina, até a hora de sair.

Era umas cinco da tarde e o meu chefe tinha saído pra comprar umas peças quando
minha Mily apontou no fim do corredor, toda alegre e sem nenhum resquício de
indisposição, batendo o salto de suas sandálias altas de encontro ao concreto da
oficina e me lançando sorrisos indecentes enquanto se sentava de pernas cruzadas e
saia curta em cima de um banquinho no canto próximo onde eu estava.

Realmente, ela estava em sua melhor forma e não parecia nem sequer se lembrar de
nada que nos acometeu na estrada, de manhã.

- Sabe que eu devia te comprar um daqueles macacões de mecânico bem tampados


com mangas compridas? - disse, enquanto me analisava e colocava os dedos
pretensiosamente em seu queixo delicado. - Você fica aí trabalhando só de jeans e
todas essas mulheres que vem pegar seus carros ficam de olho gordo... - se levantou
e veio até mim, andando calmamente e de forma bem sensual. - Não gosto nada
disso!

- Não vejo nenhuma mulher aqui, amor! - falei tentando não prestar atenção a
sedução barata que ela jogava pra cima de mim.

- Não vê? - ela perguntou como quem dizia: E EU?

Continuei fingindo que não prestava a minima atenção só para ver ela jogar ainda
mais baixo, porque eu sabia que aquele sorrisinho dela estava bastante mal
intencionado.

Amelie POV

Assim que aquele maldito sinal tocou eu corri pra oficina. Tava louca pra ver o Jake
graças a um maldito/bendito sonho que eu tive enquanto tirava um cochilo durante a
aula de espanhol.

No sonho o meu Lobo tava me cobrindo de beijos enquanto alisava cada centímetro
do meu corpo, vestido só com aquela calça jeans justa de sempre e sem a camisa,
como ele gostava de trabalhar, para o meu desespero.

Não passei mal nenhuma outra vez e me sentia melhor impossível a não ser, claro,
pelo fogo que se alastrara em mim desde o sonho impuro. Um fogo que ele bem que
podia apagar.

Quando cheguei na oficina olhei no pseudo-escritório do chefe dele e constatei que


estávamos mesmo sozinhos. Jake tava trabalhando lá nos fundos num canto bem
afastado dentre o labirinto de carros e eu me aproximei fazendo de tudo para que ele
me notasse e me agarrasse logo. De alguma forma irritante, ao perceber o que eu
queria, ele começou a resistir.

“Quer saber?” - eu pensei - “Eu vou é apelar!” e então ajustei minha blusa, abrindo
três botões e me encostei no tal carro, de frente pra ele, colocando meus peitos
praticamente grudados ao seu rosto. Ele continuou debruçado sobre o motor, mas
seus olhos escureceram na hora. Eu já ia comemorando quando ele simplesmente se
afastou e só limpou as mãos em um pano, me dando as costas.

Bufei contrariada, quase o puxando pelos cabelos, mas então tive uma idéia melhor.

- Tá um dia quente, não acha amor? - perguntei bem desinteressada na maior cara de
pau possível.

Ele virou-se para mim, que era exatamente o que eu queria. Não esperei ele
responder.

Parei de me apoiar no carro onde ele antes trabalhava e levei minhas duas mãos para
baixo da minha saia com precisão. Jake estancou e olhou bem para as minhas
cochas, por onde eu deslizei a minha calcinha de renda preta sem pudor, fazendo ela
passar pelos meus dois pés e depois a segurei com um dedo só enquanto o fitava
com uma mascara entediada.

- Definitivamente quente! - exclamei, me abanando com a outra mão enquanto


jogava a calcinha dentro da bolsa.

Jacob venceu nossa distancia em uma passada só e me ergueu pela cintura, me


sentando em cima de uma pick-up sem pneus. A vitoria tinha um gosto doce. As
mãos ferventes escorreram pelas laterias do meu corpo e apertaram as minhas
coxas , separando minhas pernas com certa violência.

Eu tinha provocado ele bem serio dessa vez já que nem se deteve e rasgou minha
blusa, arrebentando os botões que ainda estavam fechados, enquanto tomava meus
seios por baixo do soutien sem nem se dar ao trabalho de tira-lo.

Minha excitação já clara, me deixava ofegante e pronta pra ele sem que precisasse
brincar muito comigo. Jake, claro, continuou a me provocar, guiando minha nuca e
enredando uma mão firme em meus cabelos enquanto me beijava esfomeado. Dava
chupões fortes em meu colo e imprensava seu membro duro coberto pela calça jeans
no meu sexo nu, me arrancando gemidos e pedidos de clemencia.

Apoiei minhas mãos na lataria do carro e cravei meus saltos no para choque
enquanto sentia ele tirar um dos meus seios fora do soutien e sugar o mamilo
apertando vez ou outra entre seus dentes. E eu o arranhei, sem dó nem piedade, por
toda a extensão dos braços grossos e longos. Ouvi o barulho do zíper quando ele
abaixou o jeans e uma mão me segurou pela cintura como suporte.

Jake se enterrou fundo dentro de mim com um movimento só. Eu gritei em luxuria e
senti espasmos pelo corpo todo. Sua outra mão foi pra lateral da pick-up onde ele
apoiou todo o peso e descontou a força das estocadas curtas e ritmadas, enquanto
minhas pernas bambas rodeavam seu quadril, minha panturrilha roçava na calça que
ele só abaixou.

Eu mais que gemia e arfava, me contorcendo em um primeiro orgasmo prematuro


enquanto ele ainda me empurrava vigorosamente contra aquele capô, não me dando
espaço de tempo pra respirar ou para que meu corpo se acalmasse. Tomando meus
lábios entorpecidos nos seus lábios carnudos e exigentes. Brincando com minha
língua e fazendo com que meu corpo se reavivasse em frenesi novamente. Quando
ele por fim me apertou ainda mais de encontro a si e eu arranhei suas costas e mordi
meu próprio lábio em loucura, foi que o senti se derramar e me satisfiz junto com
ele, outra vez, caindo realmente bamba em suas mãos.

- Você ainda... me... MATA! - minha voz quase não saiu com a força que eu fazia
para retomar o folego.

Ele sorriu satisfeito e rouco.

Seth POV

Essa semana estava estranha, mas que o normal de estranheza para La Push.

Era como se alguma coisa estivesse atacando os imprintings dos caras. Eles estavam
todos loucos de preocupação, sendo que só o Sam sabia o real motivo para a garota
dele estar vomitando as tripas e comendo banana com catchup como se fosse a
sétima maravilha do mundo.

Como eu fiz a ronda com Paul, Jared e Jake , também; eu tinha pego pensamentos
demais da cabeça deles para que conseguisse ficar indiferente. E tinha que admitir
que era realmente muito estranho que todos eles estivessem enfrentando problemas
dos mais variados com as namoradas. Parecia mais uma epidemia, se eu bem me
lembro o significado disso, da aula de biologia.

É pensando bem, um vírus maluco explicaria tudo.

O primeiro foi o Jared. O problema dele se iniciou quando a mãe da Kim pegou eles
de safadeza no quarto dela e então colocou ela de castigo e separou os dois por um
tempo. Até aí nada demais e nada de doença. Mas logo a garota começou a faltar a
escola e a mãe dela não dizia nada. Parecia que Kim estava se sentindo muito
cansada, e por dois dias não conseguiu acordar a tempo de ir à aula. O cara pirou,
lógico. O imprinting dele estava doente e ele não podia vê-la. Foi lá na casa dela e
quase que entra em fase no meio da sala da Senhora Fays, mãe da Kim.

Bem, ver a namorada não ajudou tanto assim já que ele só constatou que ela estava
realmente adoentada, um pouco abatida e um tanto mais magra. Kim jurou que já
tinha ido ao medico e era só uma alergia de alguma coisa sem importância e que ela
logo estaria bem. Jared não engoliu aquilo, mas não podia fazer mais nada então só
encheu minha cabeça na ronda.

Na quarta feira foi o Paul. Estava bufando de raiva porque tinha marcado com a
Rachel de ir visita-la em Seatle no fim de semana e ela ligou dizendo que não se
sentia muito disposta e que não era pra ele ir, mas que ele jurava que ouviu na mente
da Leah uma conversa bem diferente. Que era mais ou menos assim:

- Rachel diz: Leah amiga, eu não paro de comer. Acho que é o estresse das provas
finais, porque eu te juro que meu manequim está uns dois números maior e nem
morta eu vou deixar o Paul me ver assim. Fala serio, eu já sou mais velha que ele.
Não posso deixar ele vir no fim de semana. Eu tô a maior baleia. Preciso de pelo
menos uma semana pra perder esse peso!

Mas quando ele ligou pra ela de novo pra tirar isso a limpo e dizer pela milésima
vez que ele amaria ela do jeitinho que ela estivesse e que ele estava com muita
saudade, a colega de quarto dela atendeu e disse que ela tinha pego alguma virose
gástrica e que era verdade, porque viu ela vomitando de manha no lixo do quarto.

Paul também não caiu nessa e acha agora que a garota dele desenvolveu aquela
doença da TV que as gordinhas tem e ficam vomitando até alcançar o peso que
consideram ideal e como a Rachel foi bem firme com ele, ele também não pode
fazer nada além de deixar as preocupações dele virarem preocupações minhas, no
meio da ronda.

E então, quando eu penso que seriam só Paul e Jared, me aparece Jacob com um
pensamento bem focado na Srtª Weelow botando as tripas pra fora no meio da
estrada quando eles tentavam chegar à Hoquiam e alegando um “mal-estar”, e
depois, ela aparecendo toda saudável na oficina, mais tarde no mesmo dia, lançando
olhares cobiçosos pra ele. Foi quando Jake percebeu que estava distraído demais da
ronda e que eu também estava ali e então rugiu um “Pare de ler minha mente,
pirralho!” muito mal humorado como se eu tivesse escolha e então começou a se
focar em qualquer outra coisa por que o resto daquela lembrança devia ser
totalmente censurável.
E eu me perguntavas, sinceramente, o que essas garotas tinham? E era realmente
bizarro que estivessem todas doentes, na mesma época. Quer dizer, não a Emily
claro, já que a Emily estava... AI MEU DEUS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Amelie POV

Ainda bem que a casa da Kim era perto da minha e que eu tinha o meu maravilhoso
casaco de pele de chinchila pra me esquentar porque essa noite tava bem friozinho e
o Jake tava de ronda, então não pode me trazer e me esquentar, de quebra. Olhei o
meu Cartier de ouro branco e já eram duas e dez da manha e nada daquela tratante
vir abrir essa porta. Ainda bem que La Push não era violenta e que meu namorado
era um ser mitológico poderoso que com certeza deveria estar dando um jeito de
curiar essa conversa, nesse mesmo momento, ou eu ia começar a sentir medo de
ficar parada aqui nessa varanda deserta esperando a Kim abrir a porta.

- Amelie?! - uma voz que era pouco mais que um sussurro chamou de uma pequena
fresta na porta da frente. Pulei na sua frente assim que vi a cabeça de Kim
apontando na porta.

- Até que enfim! - falei exasperada e ela me olhou com panico indicando os lábios
fechados para que eu fizesse silencio.

Entrei atrás dela e fomos passando pelo corredor da casa muito semelhante a que eu
dividia com Marta e na maioria das noites, com Jake também.

- Pronto! - ela falou quando fechou a porta de seu quarto e me puxou para outro
canto, mais afastado, próximo a janela.

- Pra que tudo isso? - eu respeitei a regra de silencio e apenas cochichei.

Kim me olhou com dor nos olhos pequenos e cansados e uma lagrima caiu por sua
bochecha grande. Eu a abracei sem dizer nada enquanto ela chorava baixinho no
meu ombro e eu afagava seus cabelos que estavam um tanto quebradiços e
horrorosos.

- Amelie, me ajuda, eu não sei o que fazer... - ela engasgou tentando manter a voz
ainda baixa.

- Me conte tudo. Eu estou aqui e é claro que eu vou ajudar! - eu disse com certeza.
Ela esteve ali para mim sempre que precisei e agora eu retribuiria.
- Eu não sei como dizer... Eu acho que não consigo... Eu ainda não acredito! - ela
falou mais calma com uma expressão meio maniaca nos olhos.

Nos sentamos em sua cama.

- Tudo bem. - eu falei tomando a dianteira. - Comece pelo começo! - instrui.

Ela respirou fundo e limpou uma ultima lagrima de seu rosto. Então ela começou a
falar mais calma:

- No começo eu pensei que eu tava doente sabe. Eu senti o cheiro do meu próprio
shampoo e acabei vomitando todo o almoço...

- Comigo foi o café da manha! - pensei alto e ela me olhou com os olhos arregalados
mas fiz sinal pra ela continuar.

- Mas depois eu fiquei tonta e eu sentia muito sono e aí me deu uma vontade louca
de comer panquecas com mel e maionese... - e ela já estava chorando de novo.

Afaguei seus cabelos e ela parou a narrativa e se afastou abrindo uma gaveta da
comoda que estava fechada com uma chave. Voltou trazendo o que me pareceu um
monte de palitos de plastico, mas não eram bem palitos, porque eram...

- Eu acho que eu tô gravida! - ela falou e me entregou uns cinco testes diferentes,
daqueles de farmácia.

E eu fiquei pregada no chão, não só porque pelos testes ela estava mesmo gravida,
mas porque quando eu tentei levantar da cama uma tontura super forte me abateu e
eu ia cair quando Kim me acudiu.

Kim POV

- Amelie, tá tudo bem? - eu perguntei quando ela quase caiu em cima de mim depois
de eu contar as minhas terríveis suspeitas.

- Eu... Sim. - respondeu. Notei que ela tinha os olhos arregalados e estava com uma
expressão estranha como se contivesse uma gargalhada histérica.

- Você não tá bem não. – eu acusei.

Ela voltou-se pra mim e então apenas sorriu e me olhou com genuína curiosidade.
- Sobrou algum teste desses? - ela perguntou apontando um dos muitos testes de
gravidez que eu fiz e que agora estavam no chão. Gastei quase a mesada do mês
inteiro naquelas coisas.

- Sobrou sim. - eu disse pegando uma caixinha fechada na mesma gaveta onde
guardava os outros. - Eu faço um todo dia, a uma semana, pra ter certeza. - confessei
e parecia que eu já tinha chorado o suficiente de desespero já que pela primeira vez
eu parecia encarar aquilo de olhos secos.

- Você me dá? - ela ainda tinha aquela mesma cara esquisita e parecia cada vez mais
aérea.

- Tá, sem problema, pode ficar. - disse.

- Obrigada, Kim... - e então ela voltou ao normal me olhando nos olhos e falou. -
Vai ficar tudo bem, amiga! Não conta pra ninguém e agüenta firme que eu preciso
conferir uma coisa e amanha eu dou um jeito de te encontrar, tá bom? - e me deu um
abraço corrido, pegou o teste e enfiou na bolsa, saindo da minha casa com preça
suficiente para tirar o pai da forca.

Eu ia falar alguma coisa. Acho que ia perguntar o que deu nela, mas ela já tinha
desaparecido e eu só deitei na minha cama com a mão na minha barriga lisa e
pensei: “É bebê, sua madrinha é doida!” e então realizei que eu estava falando pela
primeira vez com o meu possível filho e entrei em panico outra vez.

Amelie POV

Andei até em casa no menor espaço de tempo em que um ser humano seria capaz de
fazer aquele percurso, com certeza.

Ansiosa era pouco pra mim. Eu estava pirando TOTAL.

Eu era estéril! Quer dizer, eu sempre fui estéril desde que comecei a ir em
ginecologistas e sim, havia uma minuscula chance de eu engravidar no futuro caso
eu fizesse um tratamento intensivo em uma boa clinica de reprodução in vitro, mas
gravida? Assim, ao natural?

Eu precisava chegar logo até aquele maldito banheiro e tirar a prova. Depois eu me
juntaria ao desespero/emoção, junto com a Kim.
Outra coisa estranha. Porque eu estava engravidando justamente na mesma época
que minha melhor amiga? Não que não fosse ser legal, caso realmente estivesse
acontecendo e depois de agente ter aceitado essa situação impossível, mas fala serio.

A Kim é outra que nem deveria estar gravida já que pelo que eu sei ela toma
remédio pra impedir e na maioria das vezes obriga o Jared a usar qualquer outra
forma contraceptiva. E quando me lembro de Emily que está mesmo gravida e já
está indo para o quarto mês, penso em quantas gravidas seremos, afinal! Isso é
mesmo super estranho. Bem no nível de estranheza do meu namorado ser um Lobo
enorme e assustador na metade do tempo.

Graças aos meus passos de bailarina, nem passei perto de acordar a Marta então não
precisava me preocupar com essa parte, por enquanto. Afinal, eu até começava a
imaginar a cara da Marta quando eu chegasse pra ela assim, como quem não quer
nada e dissesse:

- Oi Marta querida, sabe o Jake, meu namorado que você adora e ficou tentando
juntar agente desde o inicio que eu sei... então, ele me ENGRAVIDOU, legal né?

Tá certo que engraçado seria, com certeza. Mas afinal de contas, o que na minha
trágica vida não tem sido cômico se olharmos por todos os lados?

Tudo bem, essa coisa de teste caseiro era bem simples. Desembrulha, molha o
pedacinho com a fitinha azul e sacode. Nada anormal.

Tranquei a porta do banheiro só pra ter certeza que ninguém viria conferir o que eu
fazia depois das duas da manha, na surdina. E então esperei.

Esperei o primeiro minuto que pareceu um seculo, depois o segundo e terceiro e já


tava começando a suar frio quando olhei o quadrinho que indicaria um risco para
negativo e dois riscos para positivo e parecia que tava tudo bem já que apareceu um
risco bem forte, que é negativo. Mas aí foi surgindo um pouco do outro risco e ele
foi ficando tão forte quanto o primeiro e agora eu acho que ia desmaiar naquele
banheiro porque eu definitivamente estava gravida!

Kim POV

Eu estava tentando dormir porque já devia estar quase amanhecendo e essa coisa de
gravidez estava me deixando muito preguiçosa, mas um barulho na minha janela
estava ficando mais e mais insistente.

Espantei o sono e sai pelo quarto enrolada no edredom até que vi Amelie enrolada
naquele casaco de pele enorme dela, que deve ter matado uns mil bichinhos pra ser
feito. Ela estava tacando pedras na minha janela e me olhava irritada por ainda estar
de fora.

Fiz um sinal pra ela dar a volta e abri a porta pra ela em silencio até entrarmos no
meu quarto.

Ela estava com uma cara engraçada. Uma especie de sorriso nervoso tatuado pra
sempre em sua expressão e seus olhos brilhavam ao mesmo tempo que as mãos
tremiam.

- Eu também! - ela falou com o que pareceu empolgação e panico.

Eu boiei, claro.

- Eu também, Kim! - ela repetiu como se eu fosse entender melhor dessa vez.

- Você o que? - eu tentei.

- Ou sua lerda, eu também... - ela respirou com dificuldade e então cuspiu. - Eu tô


gravida, também. - e me estendeu um teste igual aos milhões que eu fiz. Eu
reconheci como o teste que dei pra ela ainda na caixa.

- Ai meu Deus! - eu pus as mãos na cabeça. - Eu tô delirando? Essa é a sua nova


idéia de piadinha? - eu perguntei seria.

- Claro que não, idiota. - ela retrucou ofendida.

- Tá falando sério, não é? - tive até medo de dizer.

- O pior é que tô mesmo! – ela admitiu.

- Parabéns! - eu falei sem pensar, num impeto de alegria ao lembrar que ela sempre
pensou que era estéril.

- Pimenta nos olhos dos outros é refresco, né Kim? - ela brigou. - Parabéns também!
- disse, não conseguindo ficar seria por muito tempo.

- Nossos filhos vão ter a mesma idade. - eu realizei esse fato enquanto nós duas
ficávamos ali esbabacadas no meio do meu quarto.

- Éhh... - ela disse aérea e sorridente. Tinha uma carinha de boba que deixou ela
adorável e nada parecida com a patricinha que eu enfrentei todos esses meses pra
conseguir minha melhor amiga.
- Ai meu Deus, agente vai ter que contar pros meninos... - eu disse e já me sentei na
cama com um principio de ataque cardíaco.

Ela sentou do meu lado e passou os braços pelos meus ombros.

- Acho que não vai ser tão ruim quanto contar aos nossos pais... - ela lamentou. -
Minha mãe vai pirar e eu nem quero saber o que ela pode tentar fazer comigo e... -
ela engasgou um pouco e tocou a própria barriga. - Com ELE!

Eu coloquei minha mão sobre a dela e a olhei com uma confiança que eu não havia
sentido até aquele momento.

- Você não precisa falar nada pra ela. Pensa apenas no melhor pro seu bebê e
esquece qualquer outra coisa. Nós estamos juntas nessa! - afirmei.

- Fechado! - ela apertou a minha mão, com sua mão que estava livre.

Então eu imaginei a cara de alegria do Jared quando eu finalmente aceitasse me


casar com ele já que não tinha muito mais a ser feito e eu quis realmente bater nele
por mais que eu o amasse.

Jacob POV

Buzinei duas, três, quatro vezes diante da casa da Mily e nada.

Levantei bufando porque ela devia estar colocando quilos de maquiagem na cara. O
que alem de nos atrasar, só servia pra chamar ainda mais a atenção dos caras da
escola dela. Como se eu não tivesse que agüentar o olho gordo daqueles moleques
pra cima do que era meu todo santo dia em que ia busca-la.

A porta como sempre estava destrancada e eu entrei. Marta não parecia estar em
casa. Caminhei até o quarto da minha linda e também não bati na porta, como de
costume.

Já estava pronto pra bancar o responsável quando a surpreendo no quinto sono,


abraçada ao cobertor e ressonando como um bebê. Ela ficava tão linda dormindo
que me esqueci completamente de que era sexta-feira mas ainda não era sábado e eu
tinha trabalho, ela tinha escola e nós iriamos nos atrasar feio.

Sentei na beirada da cama dela e toquei seu rosto tirando uma longa mecha de
cabelo dourado de cima de seus olhos fechados. Como era linda e como eu tive
sorte. Nem conseguia acreditar que a alguns meses eu andava por aí como um
cachorro miserável me lamentando por uma garota que nunca me amou de verdade e
que além de não me querer, trocou sua própria vida por uma semi-vida monstruosa
ao lado de um sanguessuga. Não que eu me importasse mais com isso, realmente.
Bella era bem grandinha e sabia bem o que fazia. Teve muitas escolhas.

Já ia me levantando pra deixar Amelie dormindo enquanto ia sozinho para o


trabalho quando percebo que ela tem sua mão direita fechada com segurança
entorno de um pequeno objeto. Quase instantaneamente ela se move e sua mão
desfaz o aperto, deixando o objeto cair no chão e quicar fazendo aquele barulho
surdo de plastico em madeira.

Sem nem me dar conta do porque, eu me estico voltando a me sentar na cama e


pego o pequeno objeto que se assemelha muito à um palito de picolé que sofreu uma
engorda.

Tem uma sigla que não reconheço pintada com letras cor-de-rosa no alto e então eu
vejo duas linhas em uma pequena bola transparente no meio do palito mas nada
daquilo faz sentido até que eu vire o objeto em minhas mãos e leia a palavra
GRAVIDEZ em letras garrafais.

Amelie POV

- Amelie! Amelie! - escuto bem de longe enquanto durmo confortavelmente. Mas o


barulho aumenta e alguma coisa começa a me sacudir. - Acorda Amelie!

Reconheço aquela voz linda e rouca com um sorriso bobo e apaixonado na cara e
vou abrindo os olhos devagar.

- O que é isso, Mily? - Jacob me pergunta com os olhos arregalados sacudindo


alguma coisa branca, pequena e cumprida em suas mãos.

- O que é O QUÊ, amor? - pergunto ainda sonolenta tentando abraça-lo mesmo


deitada.

Ele continua com um olhar frenético, balançando a coisinha branca em meus olhos
até que...

Acordo de verdade, salto da cama ficando muito tonta no processo, cambaleio, sou
amparada e me sento outra vez olhando Jake com muito medo e ansiedade porque
percebo que peguei no sono segurando o meu teste de gravidez e meu namorado
acaba de encontra-lo.

- Ai! - gemi sem fazer nenhuma idéia de como confirmar o que ele já esta
imaginando.

- O que significa isso, Amelie? - ele me olhou serio dessa vez.

- A Kim também tá gravida. - eu soltei com uma voz super esganiçada como uma
criança que se justifica pelos erros dos amiguinhos.

Vi Jake abrir a boca e me encarar com uma expressão quase catatônica e quando eu
já ia na cozinha buscar uma agua fria pra jogar nele e desperta-lo daquele transe, ele
me agarrou e me abraçou tão forte que eu gemi de novo, dessa vez em protesto.

Ele me largou na mesma hora e levou uma mão pra minha barriga que graças a Deus
ainda parecia o resultado de anos de academia. Os olhos negros e brilhantes estavam
cheios de agua quando ele me olhou, me prendendo naquele mar de contemplação.

- Isso é sério, não é? - ele perguntou com a voz rouca demais e um sorriso largo e
sincero nascia em seus lábios.

- Sim. - eu disse num tom bobo, o mesmo de sempre quando estava com ele.

- Ual... - Jake olhou pra cima e me pôs sentada em seu colo em um movimento só.

- É, quem diria! Eu, gravidez na adolescência, morando em Washington... - Virei-me


para olhar Jacob que esperava eu terminar de falar com as sobrancelhas juntas. Eu
sorri do medo dele de que eu desse mais um piti e resolvi acabar logo com a lenga-
lenga. - Amando muito tudo isso! - completei sincera.

Ele me abraçou de novo, dessa vez com bastante cuidado. Cuidado até demais para
seu nível costumeiro de precaução.

- Você é perfeita, sabia? - ele me disse como se estivesse constatando uma grande
verdade. Rolei os olhos.

- Deu pra beber agora Jake? - perguntei. - Não era você mesmo que me achava
encrenqueira, mimada e arrogante? - perguntei me lembrando de todos os nossos
momentos de cão e gato.

- É, tudo isso e mais um pouco. - ele afirmou e foi minha vez de estreitar os olhos. -
Só que é a minha encrenqueira, a minha paty mimada e a minha mulher pra
sempre ... - e então ele pareceu engolir com um pouco de dificuldade. - A mãe do
meu filho!

Foi estranho, assustador e maravilhoso ouvir ele dizendo aquilo e então eu virei pra
ele segurando firme os meus braços em seu pescoço.
- E então... pronto pra ser pai? - disse.

E Jake me abriu seu sorriso de orelha a orelha, no melhor estilo comercial de pasta
de dente.

Jacob POV

- E então... pronto pra ser pai? - ela disse, ainda incerta.

E aquilo foi a coisa mais estranha, assustadora e maravilhosa que ela poderia ter
dito. Assim, sem mais delongas.

Enterrei meu rosto em seu cabelo aspirando seu cheiro que estava um tanto mais
acentuado e então apenas fiquei ali com ela, por um longo tempo, me esquecendo
das responsabilidades enquanto ainda podíamos e organizando aquela verdade
surpreendente em minha cabeça.

É claro que eu estava pirando completamente com aquilo. Nós eramos muito novos
e inexperientes nessa coisa de criar uma criança. A mãe dela me odiava. Eu era um
lobo pé rapado e ela era uma herdeira milionária. Eu tinha feito dezoito anos a muito
pouco tempo enquanto ela ainda teria de esperar para ser considerada adulta. Nós
poderíamos ter tantos problemas que não caberiam em uma lista só. Eu sabia de
tudo isso e em parte minha mente me alertava para cada uma dessas novas
complicações.

Mas era impossível não agarra-la com toda a minha alegria e não imaginar o meu
filho ali, crescendo em sua barriga. Crescendo dentro da mulher que eu amava mais
que a mim mesmo, da forma mais natural possível. Metade eu e metade ela, juntos
de um jeito que não dava mais pra separar.

- Nós temos que contar, você sabe. - alertei a ela que suspirou e rolou os olhos.

- Não tenho nem idéia de como chegar em Marta, porque ela é a única que vai saber
da minha parte já que eu prefiro entrar pra dentro da terra antes de contar pra minha
mãe que eu estou gravida... - ela disse num folego só parecendo assustada.

- Calma amor! Duvido que a Marta vá ser um problema e meu pai vai ficar todo
bobo com o primeiro neto. - garanti a ela – Na sua mãe nós pensamos depois. -
despistei.

Ela também não fez questão de discutir isso.


- Mas perai... Você disse que a Kim também estava gravida? - eu me lembrei do
começo de nossa conversa.

Amelie me olhou e então gargalhou e assim que conseguiu parar de rir, balançou a
cabeça afirmativamente. Essa era uma coincidência interessante. Minha garota
estéril estava gravida, a garota super precavida do Jared estava gravida também.

Aí tinha coisa.

Amelie POV

Jake e eu nos sentamos no sofá da casa de Emily enquanto ela e Kim preparavam
algo para comermos no jantar. Eu estava me sentindo particularmente enjoada por
todo o dia e Jake estava particularmente me irritando.

Ele vinha tentando colocar alguma coisa saudável e comestível em minha boca de
minuto em minuto, o dia inteiro, e ele sempre vinha com a mesma lenga lenga de:
“Não comer fará mal para o bebê”

Sim, aparentemente eu era só uma encubadora para ele agora.

E sim, estou exagerando!

Eu sei que faz mal para o bebê ficar com pouca coisa no estomago mas eu não
conseguia me empolgar com nada que fosse remotamente saudável e Jake não
estava muito inclinado a me dar seus salgadinhos de queijo porque Sam veio com
uma historia ridícula de que Emily não comia mais essas porcarias que eram cheias
de química e faziam mal para o bebê.

Eu não sou louca por salgadinhos nem nada. Na verdade sempre achei essas
coisinhas a maior pobreza mas eu não podia me controlar se minha vontade deles
era maior do que minha vontade por qualquer outra coisa.

Já estava pronta a ameaça-lo de que se não me desse o salgadinho a criança nasceria


igualazinha ao bicho feio da embalagem embora acreditasse menos ainda nessas
superstições idiotas, quando Jared passou pelo sofá e roubou o pacote de Jake.

Meu amor o fuzilou com os olhos. Então Jared atirou alguns salgadinhos para mim
que peguei o mais rápido que pude, colocando tudo na boca antes de ser impedida.

Definitivamente conviver com os lobos tinha levado minha classe para o espaço e
largado ela por lá.
- Ei cara, sua garota não tá comendo isso! - Jake brigou. Jared sorriu.

De fato, Kim estava tão preocupada quanto Emily com a coisa da comida saudável,
mas Jared estava tão feliz desde que ela concordou em se casar que estava fazendo
as vontades de todo mundo por quem passava e eu era agradecida a isso no
momento.

Kim não contou nada aos pais dela, nem eu tive coragem de dizer nada a Marta e já
fazia umas duas semanas que eu descobrira a gravidez.

Estávamos conversando mais cedo sobre onde faríamos o pré -natal e Emily
recomendou sua medica, no hospital de Forks mesmo. Acho que eu não iria muito
mais longe, não precisava.

De repente a porta da sala se escancarou e uma Rachel desvairada passou por ela
arrastando uma mala de rodinhas. Quase não reconheci a minha cunhada pela
expressão em seu rosto.

Ela parecia perigosa com o tanto de raiva que carregava.

- Eu sei que aquele desgraçado do Paul está aqui então não adianta ninguém tentar
esconder ele. - ela gritou com as mãos na cintura que já não era mais tão magra
quanto eu me lembrava.

Paul, inocentemente veio da cozinha com um sorriso bobo na cara e já ia abraçar a


namorada que chegara de surpresa quando ela começou a esbofeteá-lo e mesmo que
não machucasse ele continuou apanhando e se encolhendo até ela cansar e se escorar
nos próprios joelhos.

- Como você fez isso Paul? Como? - ela esbravejava mesmo sem folego e sem se
importar com toda a audiência que ela tinha ali, já que todo mundo estava na casa da
Emily para o jantar. - Como... como pode? Como conseguiu? - então ela desabou
chorando.

Ninguém entendeu nada e eu fiquei com dó do Paul que tinha a cara mais
desentendida de todos nós. Ele tentava abraça-la e ela ainda lutava com ele, mesmo
aos soluços. Ela voltou a falar:

- Eu estava lá no meio de um seminário e de repente me vem essa vontade maluca


de comer um brounie. Aí eu vou e corro na cantina e como logo uns cinco brounies
e depois quase morro de vomitar pra acabar na enfermaria com um diagnostico de...
de... - ela não parecia capaz de dizer então eu facilitei pra ela.

- Gravidez? - falei e juro que tentei mostrar solidariedade mas minha voz parecia
animada demais porque ela arregalou os olhos e depois os estreitou mais ainda
batendo em Paul de novo. - Entra na fila! - eu falei pra ela com um sorriso ainda
maior no rosto, achando que essa era mais uma bruta coincidência que não tinha
cara de coincidência nem se agente maquiasse muito.

- O que? - Rachel parou de espancar o namorado e me olhou seria.

- Eu tô gravida, a Kim tá gravida... Acho que da Emily você já sabia né? - contei nos
dedos e ela continuava me olhando pasma.

Dei um tapinha no ombro dela enquanto todo mundo assitia apreensivo a sena se
desenrolar.

Ela respirou fundo e engoliu seco. Então Jacob pareceu acordar para a realidade.

- Você engravidou minha irmã, idiota? - ele partiu pra cima de Paul segurando-o
pela blusa.

Jared pulou entre os dois separando eles com violência e Sam pareceu acordar
também.

- Chega de briga, vão lá pra fora... - rosnou. - Não quero confusão com as garotas
aqui, pensem nos seus filhos!

Os ânimos pareceram se aclamar mas Jacob ainda rosnava para Paul que parecia ter
sido eletrocutado.

- Sua namorada também está gravida! - Paul se defendeu idiotamente, uma voz
débil. Acho que ele ainda não tinha realizado o que Rachel gritou para ele.

E aí ficou um clima estranho, mas não tenso e enquanto todos ainda estavam ali
parados esperando sabe-se lá o que e Emily saiu da cozinha dizendo que a comida
estava pronta, eu puxei disfarçadamente o saco de salgadinhos da mão de Jared.

Já ia levando um até a boca toda feliz com minha façanha quando Jake tirou de mim
com uma velocidade incrível.

- Nem pensar, você vai comer direito agora! - disse me lançando um sorriso
matreiro.

Eu encarei ele com ferocidade e juro que queria pular em seu pescoço, mas ele me
ignorou o suficiente para me abraçar pelos ombros protetoralmente e beijar minha
cabeça, me conduzindo até a cozinha.

Emily teria que por mais um prato à mesa. Mais uma gravida jantaria ali hoje.
Jacob POV

Estava em casa, tomando um banho e depois iria até a casa de Amelie onde
finalmente contaríamos à Marta e ao meu pai sobre o bebê, durante o almoço no
meio de um domingo relativamente comum em La Push.

É claro que o velho achava que estava apenas descolando um rango na vizinhança e
a pobre Marta acreditava estar apenas recebendo o namorado da patroa e o pai dele
no final de semana, mas nós conseguiríamos nos sair bem dessa.

Se as coisas ficassem tensas pra valer eu já tinha me precavido, passado em Port


Angels e comprado um anel de noivado que eu não hesitaria em usar.

Era simples, com uma pedra verde e pequena e a aureola fina, afinal eu não sou
nenhum endinheirado e tenho certeza que Amelie tinha jóias muito melhores em
suas coisas. Mas ainda assim minha esperança de que ela gostasse dele era imensa e
eu estava ainda mais ansioso por causa disso.

Passei a toalha pelo quadril e caminhei para o meu quarto quando o telefone
começou a berrar estridente.

Billy devia estar lá fora já que não atendeu e eu tive que correr para ver quem era.

- Alô – eu disse com um pouco de pressa, indiferentemente.

- Jacob? - uma voz de sinos soou em meu ouvido. Parecia conhecida e ao mesmo eu
poderia jurar que nunca a ouvi.

- Sim? - reconheço que pareci bem idiota.

- Jake, aqui é a Bella!

Amelie POV

Estava cada vez mais difícil dissuadir Marta de que não havia nada de diferente
comigo, porque é claro que havia. Eu estava gravida.

E alem de gravida eu acreditava estar ficando maluca também, porque


todos os meus gostos mais básicos estavam se modificando.

Fiz minhas contas por cima e eu devia estar de dois meses, então eu ficava me
perguntando sem parar como é que dois meses de gravidez poderiam me
transformar em uma nova, e mais desclassificada Amelie.

Desenvolvi um desprezo pela maioria das coisas que me agradava. Empacotei todos
os meus perfumes franceses e não conseguia usar nada mais do que o sabonete que a
própria Marta usava, porque qualquer cheiro que não fosse aquele simples aroma de
alfazema me fazia vomitar até o que eu não tinha comido.

Era, definitivamente o meu fim.

Estava me sentindo uma bagunça e uma baranga ainda maior a medida que eu via
minhas roupas se apertando e minhas camisolas de seda que marcavam a cintura
entrando com tanta dificuldade no corpo que era mais fácil começar a dormir com a
camisa do Jake de vez.

Adeus sensualidade e adeus qualquer resquício de beleza enquanto eu só queria


mais e mais comida e mais e mais carne vermelha, que eu sinceramente não comia
desde os treze anos e que agora voltei a comer como uma loba faminta e
desesperada. Claro, eu culpava meu namorado Lobo gostoso e seus genes caninos
por essa parte.

Jake ria de mim quando eu reclamava e dizia com seus olhos brilhantes que eu
estava a cada dia mais linda, mas isso não me sensibilizava, já que ele, eu sempre
soube que era louco.

Hoje era o dia da verdade para nós. Marta e Billy estariam presentes no almoço e
eles receberiam a bomba, ou devo dizer, novidade sobre a minha gravidez
adolescente.

Marta estava cozinhando desde cedo e parecia pressentir que as coisas lhe seriam
finalmente explicadas já que vez ou outra ela passava pela sala onde eu estava
enrolada em cobertas, com meu lap-top no colo passando o tempo e me lançava seus
olhares reprovativos.

Juro que quase dei com a língua para ela mas eu pensei melhor quando percebi que
essa não era uma atitude muito madura para uma mãe e eu seria uma mãe em alguns
meses.

OMG! OMG! Eu estou mesmo gravida. Eu vou ser mesmo mãe. Eu estou tendo
uma parada cardíaca. Acho que tenho reação retardada às coisas.

Peguei o telefone para ligar para o Jacob e dizer que era melhor agente dar pra traz
com essa coisa do almoço. Não me pareceu a melhor hora para falar com o meu
adulto responsável sobre a minha condição e eu nem imaginava o que Billy pensaria
de mim, comprometendo o filho dele desse jeito, tão cedo.

Disquei o numero toda tremula para em seguida bufar de ódio, porque o telefone
estava ocupado. Tentei de novo, claro.

Ocupado de novo.

E ocupado pelas próximas cinco tentativas, também.

Jacob POV

Eu fiquei pregado no chão, sem saber o que pensar. Minha voz saiu meio arrastada,
totalmente surpresa e muito idiota.

- Bella? - perguntei inutilmente, pois agora eu era capaz de reconhecer a voz dela
mesmo por traz da nova afinação.

- Jacob, me desculpe estar ligando. Me desculpe mesmo. Ninguém aqui sabe que
estou fazendo isso. Eu dei uma fugida e estou te telefonando do centro da cidade. Eu
preciso ser rápida... - ela estava bastante apreensiva e eu entendi que qualquer que
fosse a razão pela qual ela estava entrando em contato comigo depois de tanto
tempo, ela tinha os seus motivos para fazê-lo. Motivos sérios o suficiente.

- Pode falar Bella. - eu disse de maneira bem mais calma, pensando racionalmente.

- Nós estamos perdidos Jake, perdidos. - ela disse e então pareceu perder o folego
por mais que os sanguessugas não perdessem o folego. Ela soluçou e continuou. -
Aconteceu algo que pode ter condenado a minha família inteira a morte e eu estou
desesperada. Eu não tinha mais para quem ligar, eu juro que não queria...

- Fala logo Bells! - De repente pareceu tão natural ajuda-la.

Não havia a magoa de antes por ela ter acabado com meu coração e com a própria
vida. Não havia a Bella sanguessuga e não havia a mulher que me trocou por um
monstro depois de tudo o que passamos. Ali era só a Bells, minha amiga,
desesperada como uma humana frágil me pedindo ajuda aos soluços. Afinal, Amelie
mudara totalmente a minha perspectiva.

Nem uma parte de mim era capaz de sofrer por Isabella Swan, não havia mais todo
aquele rancor que eu tive dela pela escolha que fez para a própria vida.

- Ah Jake... - ela disse emocionada. - Nós estamos em Denali, você recebeu minha
carta, não recebeu?

- Recebi sim, Bells. - e dizer isso não doeu nada. Lembrar da carta não fez
diferença.

- Nós estamos aqui pela região dos Denali desde que eu e Edward voltamos da
América do Sul, mas Irina Denali não está em casa desde que Carlisle recusou a
ajuda em vingar Laurent, aquele que você e os outros lobos mataram para me
proteger. Irina gostava muito dele e ela acabou saindo de casa quando as irmãs
ficaram contra ela e do lado de Carlisle. - Bella então abaixou ainda mais a sua voz
e eu percebi seu tom arrasado. - O meu filho não é uma criança comum, ele cresce
rápido e ele tem agilidade e força mas ele ainda é uma criança. Uma criança
inofensiva que prefere muitas vezes comer as frutas que Esme lhe compra do que
beber de animais como nós fazemos. Ele é em parte tão humano mas quando Irina
viu que estávamos aqui, quando ela nos encontrou caçando na floresta e ela viu E.J.
abater um cervo ela não me esperou explicar. Ela achou que nós tínhamos infringido
a lei e transformado uma criança em vampiro. Criar uma criança imortal é um erro
muito grave, é o mais importante dos tabus. A Mãe das irmas Denali foi destruída
pelos Volturi por fazer uma coisa dessas a seculos atrás e Irina fugiu de mim na
floresta assim que viu meu filho. Ela foi até os Volturi para nos delatar, Jake. Eles
vão caçar o meu filho. Alice já teve a visão deles decretando que o E.J. deveria ser...
- ela soluçou mais alto e não conseguiu dizer. - Nós estamos condenados Jake. Nós
seremos executados... - e então ela parou de emendar uma informação na outra e se
pôs a chorar compulsivamente.

Era certo que eu entendi só a metade daquele monte de coisas que ela tentou dizer.
Ficou bem claro que a criança corria perigo e que ela não era completamente
vampira e estava certo que eles se sentiam encurralados e sem esperança e foi
inevitável não pensar em Amelie, gravida de um filho meu. Um filho que eu já
amava mais que minha própria vida. Um presente pelo qual eu lutaria até a morte.

Mas eu tinha a impressão de que Bella não dissera tudo. Ela continuava a chorar
baixo, descontrolada e humana demais naquele telefonema.

- Bella, me conte isso direito. Vocês certamente tem um plano!


Amelie POV

Eu estava a ponto de ir atrás daquele Lobo cretino que eu amo tanto, já que o
telefone ele não atendia mesmo, quando bateram na porta e eu quase tropecei na
mesinha de centro na tentativa de atender mais rápido. Eu devia me lembrar de ter
mais cuidado agora que eu não era responsável só por mim.

Quando abri a porta, no entanto, desejei não ter corrido, desejei nem sequer estar em
casa porque me deparei com ninguém menos, ninguém mais que minha mãe. E
como se o circo já não estivesse completo o meu Ex-Dindo, vampirão mentiroso de
marca maior estava ao lado dela. Ofeguei e quase fui tomada pelo panico.

Onde estava meu namorado, pelo amor de Deus!

- Vai nos deixar mofar nessa soleira, Violet? - minha mãe me lançou um olhar
ferino. - Essa convivência com empregados parece ter tirado de você toda a
educação que eu perdi meu tempo ensinando! - empinou seu nariz fino em cima de
mim e eu sai de sua frente ainda em choque, morrendo de medo e tentando ficar o
mais longe possível de Oliver que não tirava os olhos de mim.

Eu ia matar o Jake por me deixar sozinha, ainda mais agora. Ele já deveria ter
chegado a mais de meia hora e ele não se atrasa. Comecei a me preocupar com mais
isso como se já não tivesse motivos suficientes para pirar.

Dois motivos para ser mais exata. E eles estavam entrando na salinha de Marta
nesse momento e minha mãe evitava tocar em qualquer coisa, como de praxe.

- Sra. Weelow! - Marta veio da cozinha, limpando as mãos em seu avental e minha
mãe a ignorou completamente.

- Vá pegar suas malas, Violet. - ela disse enquanto mal fitava meu rosto. - Eu já
deixei você brincar de casinha por tempo o suficiente. Oliver me trouxe a razão!
Não podemos deixar que sua educação se comprometa enquanto você termina o
colegial nessa escolinha mediócre. Já teve seu castigo, agora podemos voltar a vida
real.

Eu totalmente parei de prestar atenção assim que a palavra “malas” foi mencionada
e quando minha mãe estalou seus dedos em frente aos meus olhos tentando me
chamar atenção por que eu ainda não falara nada, eu só pude fitar ela e ter a reação
mais bizarra de todas. Porque eu cai na gargalhada, literalmente.

Me dobrei de rir e fiquei tonta, o que fez com que eu caísse sentada no sofá. Minha
mãe mantinha os olhos estreitos perigosamente e sua boca estava fina em um sinal
de profunda irritação, mas isso só me deixava com mais e mais vontade de rir.

- Você é louca. - eu disse em meio a um suspiro quando já me controlava. - Não


pode me tirar daqui assim...

- Eu sou sua mãe, você é menor e eu banco todas as suas despesas. Eu posso fazer o
que quiser com você, Violet. - ela deu um sorrisinho sarcástico e arqueou uma das
suas perfeitas sobrancelhas.

Um frio desceu por minha espinha e eu sabia que ela estava certa. Malditamente
certa. Mas era estranho, porque pela primeira vez em minha vida eu não tive medo
dela e não levei tanta fé nas coisas que ela dizia cheia de segurança.

Eu tinha uma vida crescendo dentro de mim agora. Eu seria uma mãe também e eu
seria o tipo de mãe que ela nunca conseguiu ser, eu tinha certeza.

Por isso, continuei desejando que pudesse ter Jake ao meu lado enquanto dizia em
alto e bom som o que eu precisava dizer mas mesmo sem ele ali, eu faria.

- Não vou a lugar nenhum, mamãe. - a encarei seria, não esmoreci em nenhum
momento. - Aqui é o meu lugar, onde eu sou feliz como nunca pensei que seria.

Então a porta se abriu de repente e eu vi Jacob me olhar preocupado e entrar a


passos largos na sala para ficar a minha frente. Mas antes que ele tomasse seu lugar
eu a encarei pela ultima vez.

Eu fitei minha mãe nos olhos e eu sorri vitoriosa quando disse:

- Eu estou GRAVIDA, mamãe!

Jacob POV

Bella realmente não dissera tudo o que precisava dizer e eu descobri com um
arremedo de desgosto que ela nem de longe tocara nos assuntos mais importantes.

A vidente dos Cullen, pôde ver com clareza o dia em que os sanguessugas italianos
chegariam para cobrar sua justiça e eles chegariam em nossas terras, não nas terras
dos tais Denali, no Alasca.

Eles viriam não só pelo filho de Bella. Estavam de repente muito “curiosos” sobre o
grande bando de Lobisomens que residia em Olympic, já que a mesma vampira que
traíra os Cullen, revelou também nossa existência.

Segundo o que ela conseguiu me dizer, os problemas nem de longe se limitavam a


essas duas ocorrências, já que os tais Volturi sempre cobiçaram alguns Cullen por
seus talentos extras e o verdadeiro motivo dessa “visita” era recruta-los.

Estavam usando a criança como um pretexto mediócre, um estopim. Mas nada disso
se comparava a verdade em suas palavras tremulas.

Nós teríamos uma guerra.

Nosso inimigo era, teoricamente imbatível e estávamos todos condenados. Mesmo


se o bando não desejasse interferir, poderíamos acabar subjugados como eles
certamente acabariam. Seriamos apenas, destruídos separadamente.

Sem considerarmos quantas vidas humanas se perderiam para alimentar o exercito


Volturi, nossas perdas já pareciam graves o suficiente para que eu caísse sentado, no
braço do sofá como a criança assustada que eu era naquele momento.

Tentando muito recobrar minha consciência e me lembrar de que eu teria um filho e


eu tinha uma mulher frágil e humana para proteger com minha vida.

Porque eu era um Lobo e eu estava na primeira linha de tiro junto aos meus irmãos e
aos outros sanguessugas aliados, mas minha Amelie não precisava correr nenhum
risco e eu faria qualquer coisa para que ela estivesse muito longe daqui quando a
neve voltasse a atingir o solo e o dia do nosso fim se aproximasse.

Lembro-me vagamente de Bella dizer algo sobre as medidas que Carlisle julgava
necessárias nesse momento de pouca esperança. Os Cullen estavam atrás do maior
numero de vampiros amigos, vegetarianos ou não, que pudessem testemunhar que o
filho dela não era nenhum monstro e todas as esperanças de minha amiga estavam
em uma solução diplomática sem confronto. Quando a verdade sobre a criança fosse
provada e os Italianos não pudessem alegar nenhum outro crime.

Mas eu soube, assim que ela me contou que os Cullen estavam todos voltando para
Forks para organizar aqui a sua resistência, que eu devia alertar todos os Lobos e
nós deveríamos estar prontos porque a vidente, que era nossa maior arma, foi a
primeira a abandonar o barco.

- Alice, ela foi embora... Acredito que tenha tido uma visão onde ela precisasse
partir para nos ajudar mas todos estamos com medo Jake, porque ela se foi... Não
disse nada, apenas se foi! E ela nunca nos deixaria se houvesse esperança - Bella
suspirara pouco antes de desligar o telefone.

Cego por todas aquelas verdades eu voei em direção a porta e meu pai se assustou
assim que bateu os olhos em mim. Eu deveria estar transparecendo toda a apatia e o
desespero que me tomavam.

- Jacob... - ele já ia dizendo mas eu não esperei que terminasse.

Deixei o velho lá na área mesmo e corri para a casa da minha Mily. Eu precisava
garantir que ela estivesse em segurança. Eu precisava abraçar ela e sentir seu cheiro,
sua pele macia em contato com a minha. Precisava olhar dentro dos seus olhos
cinzentos e profundos como o mar da First Beach.

E mais do que qualquer outra coisa, antes de convocar uma reunião com o Bando e
organizar táticas militares para lutar por uma sobrevivência desacreditada. Eu
precisava escutar o pequeno coração do meu filho bater de encontro a minha
audição aguçada, para me lembrar pelo que eu lutava.

O grande motivo que eu tinha para não me deixar abater.

Amelie POV

- Hahahahahahaha... - minha mãe gargalhou histericamente assim que ouviu o que


eu dizia. Nunca a vi tão descontrolada e certamente aquilo me assustou. - Você ficou
louca, garota? - seus olhos de repente eram mais maldosos e ferinos. - Você é
ESTÉRIL Violet, ESTÉRIL. Sabe o que isso significa?

Eu fechei bem os meus olhos e contei até cinco. Quando cheguei ao cinco, Jake já
estava ao meu lado, abraçando-me de encontro a ele protetoramente.

Mas tinha alguma coisa errada com o meu amor, porque ele não estava tão quente
como sempre e sua expressão era muito estranha, um tanto aérea e torturada. E algo
me dizia que não era a minha mãe quem havia posto aquela expressão em seu rosto.

Ele me olhou e não me passava confiança e Deus sabe que Jake é uma das únicas
pessoas no mundo capazes de passar confiança o bastante para deixar qualquer um
seguro e feliz apenas com um sorriso.

- O que foi? - eu murmurei para ele enquanto minha mãe ainda me fitava incrédula.

Ele negou com a cabeça e então pareceu despertar um pouco mais para nossa
situação de crise, ali no meio da sala.

- Você foi avisado sanguessuga. Não é bem vindo em nossas terras! - ele se dirigiu
ao meu Tio Oliver, recobrando certo tom ameaçador em sua fala.
Meu Tio apenas sorriu sarcasticamente e colocou as mãos nos ombros de minha mãe
dirigindo-se a ela.

- Amelie diz a verdade, querida. Está mesmo gravida. - ele falou paulatinamente,
perto de seu ouvido.

Pela cara que ela fez, eu jurei que minha mãe desmaiaria e em resposta àquilo, só
pude olhar para o lado onde Marta me encarava com tantas perguntas em sua mente
que pareciam estar cutucando minha própria cabeça para serem respondidas.

Como eu devia muito mais explicações à Marta do que àquele projeto de monstro
que um dia eu chamei de mãe, eu fui até minha babá, que estava de pé na porta que
nos levava a cozinha.

Eu a abracei. Ela me recebeu, como sempre, de forma carinhosa.

- Me desculpe se não contei antes. O almoço de hoje era para isso! - expliquei.

Marta então deixou um sorriso singelo passar por seus lábios que estavam apertados
em uma repressão natural.

- Você está certa disso? - me perguntou e nos estávamos ignorando minha mãe
juntas, agora.

- Sim. - eu sorri para ela, brilhantemente. Sem nem me incomodar com o campo
minado onde nos encontrávamos. Com toda a alegria que eu sentia por ter aquela
pequena vida dentro de mim.

- Agora eu penso que entendo o porque de tantos enjôos e a mudança na


alimentação. - ela pousou sua mão em minha barriga que ainda não parecia. - Eu
nem suspeitei... Talvez por que nunca tive meus próprios filhos!

Eu a abracei mais forte e ela sussurrou no meu ouvido: “Eu estou com você!”

E depois de ouvir aquilo eu sinceramente esperava que minha mãe e meu Tio se
explodissem em um milhão de pedacinhos naquela sala porque nada que eles
falassem ou impusessem ia me tirar de La Push.

- Você vai se livrar desse problema Violet! - minha mãe veio até mim e agarrou meu
braço enquanto Jake não a impediu pois estava travando uma batalha de olhares
furiosos com meu Tio e certificando-se de que ele não se aproximaria nem um
milimetro de mim. - Vamos ligar para o Dr. Kent assim que chegarmos à Los
Angeles.
- Sem chance! - eu puxei meu braço e ela me soltou a contra gosto porque eu era
mais forte que ela, já que comia um pouco mais do que duas folhas de coisa verde,
desde que engravidara.

Mas eu certamente não esperava pelo que aconteceu em seguida.

- Vá com ela, Amelie! - Jake me olhou nos olhos e ele tinha plena certeza do que
dizia.

Eu acho que abri minha boca com tanta força que poderia ter deslocado meu
maxilar.

- Você ouviu o que ela disse? Você tá louco? Ela quer que eu mate o nosso bebê! -
eu gritei com ele sem paciência para entender o porque de ele estar agindo daquele
jeito tão ridículo.

- Ela não vai fazer nada disso. Você não vai deixar amor, mas precisa ir com ela! -
ele se aproximou deixando o confronto com Tio Oliver, de lado.

- Eu não vou coisa nenhuma Jake! Qual é o seu problema? - eu gritei mais ainda e já
podia sentir o gosto das minhas lagrimas salgadas e amargas. O que ele achava que
estava fazendo? Ele queria que eu fosse embora? Ele estava me descartando? E a
historia do imprinting, de que ele não poderia sobreviver sem mim... Era mentira?

Ele me abraçou forte, fazendo os meus pés subirem em uma ponta de bailarina.

- Eu amo você, mais do que a minha própria vida. - ele falou com paixão como se
lesse meus pensamentos atormentados. - E eu amo o nosso filho do mesmo jeito. - e
então ele segurou meu rosto, uma mão em cada bochecha e olhou meus olhos com
muita dor em suas iris intimidantes, feito dois lagos negros. - É por isso que você
precisa ir!

- Não... - eu tentei dizer e ele selou meus lábios com os seus sem aprofundar o beijo.

- Vá Amelie, por mim. Vá com sua mãe. - disse por fim.

E então eu vi meu mundo desabar em cima da minha cabeça e comecei a me sentir


fraca demais para continuar lutando com aquela situação.

Porque ir contra a minha mãe já não era grande coisa para mim, mas ouvir da boca
de Jacob que ele me queria longe, não foi assim tão fácil de superar.

Jacob POV
Foi como um milhão de facas me perfurando, o olhar ressentido e quebrado que
Amelie me jogou antes que eu lhe desse um ultimo beijo e corresse, tentando
ignorar o meu instinto de permanecer junto dela que agora era mais forte do que
qualquer coisa.

Claro, não a deixei lá com aquele sanguessuga. Antes de bipar Sam e os outros caras
e marcar a reunião que era crucial para todos nós nesse momento, eu pude me
certificar que o tal Tio dela estivesse saindo dos limites da reserva e com ele,
levando a mãe dela que deixara bem claro que:

“- Volto amanha, sem falta para busca-la. Esteja você pronta ou não!”

No que Amelie apenas a ignorou apática, olhando para mim sem desviar aqueles
imensos orbes cinzentos, cheios de acusações.

Ela deveria estar me odiando pelo que eu implorei a ela que fizesse. Deveria estar
me achando o maior dos traidores. Quem sabe até coisa pior.

Mas eu poderia viver com sua magoa se ela estivesse segura e longe daqui quando
tudo explodisse e foi por isso que eu me mantive forte quando julguei não ter mais
força alguma e me afastei dela de uma forma fria que me partiu em dois.

Por bem ou por mal ela precisava ir embora. Não concebia a possibilidade de te-la
tão perto da morte. Não podia sequer imaginar perde-la ou comprometer sua
segurança só porque eu cai em combate e não pude protege-la. E tinha o bebê. O
meu pequeno filho que de nada sabia ainda, mais indefeso até do que sua frágil mãe.

Que escolha eu tinha? Contar para ela, com certeza não era uma opção. Eu sei que
ela me desobedeceria e permaneceria comigo até o fim. Ela não pensaria primeiro
nela, ou no bebê. Ela pensaria em nossa pequena família. Que nós deveríamos ficar
unidos, enfrentar tudo juntos.

Eu sabia que não era assim que funcionava se eu quisesse garantir sua segurança.

Pensei em minha irmã, que também estava gravida. E havia ainda Emily e Kim.
Com certeza os caras as mandariam para algum lugar seguro.

Para minha amada Amelie esse lugar seguro bem poderia ser sua, antes adorada,
Beverly Hills.

Eu sabia, e isso me doía admitir, que aquele Tio sanguessuga dela não deixaria que
nada lhe acontecesse quando eu não pudesse mais protege-la e com essa esperança,
que não tinha nada haver com confiar naquele monstro, eu poderia viver ou morrer
em paz. Por qualquer que fosse o meu destino.

Voltei a forma humana e coloquei minha bermuda porque eu preferia esperar meus
irmãos sem compartilhar minha dor com eles.

Estava em uma pequena clareira perto de um riacho e sabia que de nada adiantava
adiar o momento inevitável das vozes confusas, assutadas e raivosas em minha
mente, pois que, isso aconteceria no momento em que eles soubessem de tudo.

Mesmo assim, algum instinto egoísta e profundamente humano, me fez desfrutar


dos últimos cinco minutos de silencio mental antes do caus.

Amelie POV

Eu estava completamente fora do ar. Sem entender mais nada e cogitando loucura
atrás de loucura.

Primeiro porque eu não conseguia imaginar um motivo grande o suficiente para que
Jacob me quisesse longe e segundo porque a Kim também não sabia de nada e essa
era a minha esperança quando eu liguei para ela atrás de respostas assim que minha
mente voltou a funcionar normalmente.

- Jared também saiu correndo lá de casa quando recebeu uma mensagem de Jacob.
Era um chamando para todos! – ela foi dizendo assim que passou pela porta.

Engoli o choro e me sentei no sofá da sala enquanto ela sentava-se ao meu lado.

Não valia a pena desperdiçar minhas lagrimas para o que obviamente não tinha nada
haver comigo. Algo sério estava acontecendo. Sério o suficiente para ele cogitar a
minha volta para L.A. sem fazer uma cena sequer.

Eu não era ingenua e não era insegura o bastante para acreditar que toda essa
confusão fosse apenas um problema em nosso relacionamento.

Acorda! Nós não tínhamos problema algum entre nós. Eu estava milagrosamente
gravida e estávamos felizes como uma viciada em compras no meio de uma
liquidação Prada. Não tinha como ele simplesmente me querer longe e eu lembro
bem o exagero que foi quando eu sequer visitei meu Tio em Seatle.

Isso estava cheirando a encrenca grande e assim que Kim me contou sobre uma
época em que os lobos lutaram uma especie de guerra contra um exercito de
vampiros recém-criados, eu soube pelo frio que tomou minha espinha que os
problemas tinham finalmente nos achado e eles não eram, nem de longe fáceis de se
resolver quanto na época em que dizer adeus à minha mãe era o maior dos desafios.

Pois bem. Eu estava nessa para a vida toda. Las Push agora era minha casa e Jake
era o homem da minha vida.

Ele poderia argumentar. Ele poderia implorar. Eu fecharia meus olhos e taparia os
ouvidos porque eu e o nosso bebê não iriamos a lugar algum.

Jacob POV

Eu podia sentir o medo, a dor e a desesperança que percorria a roda mesmo que
nenhum de nós tenha se transformado. Quando eu contei a todos os garotos, e à
Leah o que eu havia conversado com Bella no telefone, foi como ver a minha
expressão de choque e horror ganhar raízes nos rostos deles. Como faces gêmeas de
uma mesma angustia.

Leah tremia um pouco as mãos e lançava olhares fulminantes para mim como se eu
pudesse ouvi-la culpar Bella por tudo. Como se eu pudesse ignorar qualquer razão e
fazer o mesmo que ela. Minha família estava em risco. Minha casa, as pessoas
importantes para mim. Tudo o que eu um dia conheci ou valorizei.

Sam parecia um homem morto quando me olhava com um semblante cansado


demais e Paul também começou a tremer quando finalmente entendeu a gravidade
do assunto.

- Precisamos tirar as garotas daqui! - Foi Jared quem disse, pela primeira vez o que
todos nós pensamos primeiro.

Um murmurar de entendimento percorreu a todos, até mesmo Leah.

- Nós temos uma chance, certo? - Foi Quil quem se pronunciou, fazendo a pergunta
que nenhum de nós queria considerar. - Os Cullen trarão aliados e nós também
seremos muitos! - ele tentava convencer a si mesmo.

Ninguém o ajudou a se iludir.


- Eu acredito que tudo ficará bem, cavalheiros... senhorita! - uma voz pausada e
persuasiva soou no mesmo momento em que o cheiro doce abalou nossas narinas
nervosas.

Eu não podia acreditar nos meus olhos e na petulância daquele sanguessuga. O tal
Tio Oliver estava ali, sozinho, encarando um bando inteiro de Lobos como se não
lhe pudéssemos fazer mal e não contente com esse feito apenas, nos olhava com
uma expressão confiante, cheio de petulância, como se soubesse realmente o que
dizia.

Paul explodiu e rosnou para ele que se manteve firme e me fitou sério esquecendo
um pouco sua expressão de superioridade.

- Eu tenho muita influencia, garoto. - ele falava comigo ignorando Paul que rosnava.
- Meu clã não é grande mas temos aliados importantes e eu conheço os Volturi, ou
melhor dizendo, ELES me conhecem.

Então Paul atacou. Mas o vampiro apenas o fitou nos olhos e ele rapidamente se
dobrou sobre as patas dianteiras como se recebesse um comando direto do alfa.
Leah explodiu com a cena e Sam olhava para mim assombrado enquanto Oliver
apenas voltou a me fitar, como se não tivesse feito nada.

- O que quero dizer é que não precisam tratar essa disputa como um massacre. Caius
Volturi tem contas a acertar comigo e, claro, eu não deixarei minha Amelie murchar
sobre seu cadáver. - E então deu um sorrisinho divertido ao se perguntar: - Que tipo
de monstro eu seria?

Eu deveria estar de boca aberta feito um idiota porque eu certamente não esperaria
por aquilo nem em um milhão de anos.

- Teremos uma guerra... Há sim! A coisa vai ser feia – Ele fez uma careta e então
encarou o bando todo, até mesmo Leah e Paul em sua forma animal. - Mas comigo
aqui, há muitas chances! - e seus olhos brilharam perigosamente vivos quando ele
disse aquilo.

Bem, eu queria poder falar que fui orgulhoso em dizer que não precisávamos da
ajuda de nenhum sanguessuga e que tínhamos a nossa honra e tudo, mas não posso
dizer que aquilo soou pior do que realmente soou porque pela primeira vez em todo
o dia maluco eu pude acreditar em alguma coisa diferente da sina que eu pintei para
mim onde eu estava perpetuamente separado de Amelie para sempre. Onde eu não
via nosso filho nascer e onde eu morria naquela empreitada suicida.

Os ânimos se acalmaram tanto quanto possível e Sam começou a fazer perguntas


uteis ao vampiro, que de repente se mostrava como a ajuda que ninguém esperou e
na qual todos acabaram depositando suas fichas, exclusivamente por falta de
opções.

A vida da voltas inimagináveis e mesmo que não estivéssemos no melhor dos


arranjos ali, eu acreditava que poderíamos cooperar. Oliver me pareceu
verdadeiramente preocupado com Amelie quando disse que não a deixaria chorar
minha morte e embora eu soubesse que sua compaixão era apenas para com ela, já
estava de bom tamanho, desde que nós dois e agora nós três, eramos como a mesma
coisa.

Amelie POV

Assim que Kim voltou para casa eu comecei a ficar inquieta naquele sofá e esperar
por noticias estava me matando.

Não parava de pensar nas palavras finais de minha mãe: “- Volto amanha, sem falta
para busca-la. Esteja você pronta ou não!”. E minha mãe podia ser chamada de um
monte de coisas mas mentirosa não era uma delas. Clarissa não precisava falar duas
vezes. Ela estaria realmente na minha porta assim que o dia nascesse e eu ainda teria
de pensar no que fazer para evitar que ela me levasse.

Claro, talvez eu não contasse nem mesmo com o inútil do Jacob, já que ele pareceu
bem serio ao dizer que eu deveria voltar para Beverly Hills. Eu não sei o que faz
aquele estrupício, irritante e pulguento que eu tanto amo, pensar que pode mandar e
desmandar em mim tão facilmente.

Eu devo ter dado uma impressão bem errada de submissão quando finalmente me
entreguei a ele.

Uma idéia me passou repentinamente pela cabeça.

- Marta!!! - chamei me esguelhando cheia de esperanças.

- O que foi, tá tudo bem com o bebê? - Marta apareceu assustada na porta da
cozinha. Eu bufei indicando minha falta de paciência para a preocupação exagerada
dela.

- Marta querida do meu coração. - falei de um jeito manso demais que fez ela me
olhar desconfiada. - Você ainda tem aqueles papeis de tutoria que meus pais
assinaram quando nos mudamos? - e então frisei. - Aqueles papeis que te dão todos
os direitos dobre mim!
Ela me olhou em duvida por um momento e então sorriu.

- Sim, sim! Estão numa pasta, na segunda gaveta da comoda, no meu quarto... - e
então seu olhar se fez mais severo sobre mim. - Porque pergunta Srtª?

- Bem Marta. Talvez precisemos deles amanha. Você sabe que não tem jeito de eu ir
embora com a minha mãe. Olhe bem pra mim e veja se tenho cara de mãe solteira! -
Marta deu uma risadinha. Eu também me animei um pouco ao saber que os papeis
ainda existiam.

Essa boa coisa no meio de todo aquele caus não fez com que eu me acalmasse, tão
pouco. Decidi por fim que esperaria por Jacob em sua casa, já que era possível ele
continuar com a palhaçada de “Você deve ir embora com sua mãe”, o que talvez
fizesse com que ele nem sequer viesse me ver outra vez, ainda hoje.

Me pus a caminho depois de avisar à Marta onde estava indo. Não era uma
caminhada longa e eu talvez me distraísse pelo caminho. Não me importava de estar
testando a competência do solado de minhas galochas Chanel. Eu aprendera que há
coisas mais importantes na vida do que se estragar um par de calçados de trezentos
dólares.

Billy não estava em nenhum lugar a vista e a casa como sempre, permanecia aberta,
com a porta apenas fechada e sem tranca. Agradeci pelo calor revigorante assim que
passei pela pequena sala e fui logo me encaminhando para o quarto do Jake. O
pensamento de me jogar nos lençóis baratos e impregnados com seu delicioso cheiro
me fez sorrir ao invés de refugar como era de se esperar pela parte do “lençóis
baratos”.

Abri a porta com um meio sorriso idiota no rosto que eu podia reconhecer que tinha
mesmo que não estivesse olhando para um espelho. Mas não foi só o quarto semi-
bagunçado do meu Lobo que eu achei ao abrir aquela porta.

Havia uma mulher de pé, gloriosa como uma estatua grega, logo junto a janela. Ela
se virou para mim no exato instante em que pus os pés naquele quarto e eu soube,
também naquele mesmo instante, que a beleza dela estava longe de ser humana.

Bella Cullen POV

Eu precisava vê-lo. Precisava pedir desculpas ao meu melhor amigo por ter
envolvido ele e sua família, mesmo que indiretamente, nos meus problemas. Sabia
que era proibido cruzar a fronteira agora que eu me tornara vampira e sabia que era
muito provável que Jake nem sequer me reconhecesse mas eu precisava tentar.
Edward não sabia que eu estava aqui. Ele teria descordado totalmente.

Sai de casa com o proposito de visitar Charlie e de fato visitei, mas eu sabia que não
faria só isso. E cá estava eu, no quarto de Jacob, esperando que ele retornasse,
envolta em completo silencio para não ser descoberta.

O cheiro de seu quarto era desagradável, como ferrugem e cachorro molhado. E


mesmo enquanto corria pela mata pude sentir os outros Lobos, igualmente
desagradáveis ao meu olfato. Finalmente entendera todo o antagonismo de minha
nova família quanto a isso.

Comecei a imaginar quanto tempo ele demoraria para voltar e se era realmente a
coisa certa a se fazer, esse encontro com ele, por baixo dos panos. Pensei também
em meu pequeno E.J. me esperando em casa e em toda a Guerra que nos atingiria
dali a um mês. A incerteza de poder vê-lo crescer em paz, seguro e normal como
qualquer outra criança. Me ferindo como uma chaga aberta. Porque meu filho era
tão amável e inofensivo quanto uma criança mortal e ele não merecia estar no meio
de toda essa luta irracional por poder.

De repente um cheiro doce e muito humano me atingiu. Eu era controlada, senti a


garganta queimar e o veneno se acumular em minha boca mas eu nunca machucaria
um ser humano.

Fui percebendo aos poucos que o cheiro era misto e não parecia tão apetitoso
quando vinha misturado com o cheiro dos Lobo. Agradeci por isso.

Me perguntei durante os passos lentos demais do humano, quem ele seria. Então
ouvi mais um coração bater e fiquei assutada por não ouvir outro par de pés se
movendo. O “quem seria?” cresceu ainda mais e eu me preparei para sumir de vista
quando fui pega desprevenida pela porta que se abriu inteira revelando, finalmente,
de quem se tratava.

A primeira vista, tudo foi explicado, ao mesmo tempo em que outras questões foram
se formando com urgência em meu cérebro super rápido de recém-criada.

Uma garota pouco mais alta que eu, de cabelos castanho-claros e ondulados com
grandes olhos cinzentos e uma barriguinha de inicio de gravidez me fitava com o
que poderia ser descrito claramente como medo e admiração. Quem era ela e o que
estaria fazendo no quarto de Jake, eram as primeiras perguntas que eu faria. No
entanto, mesmo humana, a garota foi mais rápida.

- Quem é você? O que quer aqui? - sua voz soou tremula mas seu nariz estava em pé
e ela tinha muito porte.
Algo no jeito como protegeu a barriga e me encarou firme, dizia que ela sabia
exatamente o que eu era mesmo que a ruga interrogativa em sua tez revelasse que
não me conhecia, assim como eu não a conhecia.

Eu já ia devolvendo a mesma pergunta à ela quando mais uma brisa nos atingiu e eu
pude sentir mais de seu cheiro. O cheiro humano estava quase todo sobrepujado
pelo cheiro daquele quarto. E então eu percebi que não era apenas o cheiro dos
Lobos nela. Ela tinha o cheiro de Jacob, como se ele estivesse em toda parte, como
se fizesse parte dela.

Amelie POV

A vampira não me respondeu quando perguntei quem ela era. Comecei a sentir
ainda mais medo. Na verdade, nem ao menos sei onde arranjei coragem para
perguntar mas achei que era uma boa maneira de iniciar o filme de terror já que sair
correndo era meio clichê demais.

- Você tem o cheiro de Jacob em você! - ela falou depois de um tempo, me


observando como se seu olhar pudesse me dissecar.

A forma como ela falou, quase me desafiando a descordar dela, fez com que eu
perdesse qualquer receio e me enchesse de uma certa ira por aquela vampira
estranha que estava no quarto do meu namorado especulando sobre como eu
cheirava ou não, então eu nem vi quando retruquei:

- Eu tenho muito mais que o cheiro dele em mim. Eu tenho um filho dele na barriga
e acho que você não vai querer esperar até que ele chegue e te veja aqui porque ele
pode ser bastante super-protetor e não é muito fã da sua especie...

Eu tagarelei nervosa demais para prestar atenção a tudo o que dizia. Depressa
demais para realizar que ela realmente citara o nome de Jacob e que fizera isso de
uma forma onde ficava claro que ela o conhecia.

- Quem é você? - perguntei com menos medo e mais espectativa do que nunca.

Porque eu temia que ela fosse repetir um nome que eu já ouvira Jacob chamar. Um
nome do qual não falávamos e do qual ninguém nunca dizia nada. O nome da
mulher que deve ter atormentado realmente o meu lobo para ter marcado ele de
forma tão profunda.

Então a vampira tentou parecer simpática quando falou, exatamente o que eu não
precisava ouvir.
- Desculpe se te assustei. Eu sou Isabella Cullen, mas pode me chamar de Bella!

E de repente tudo em que eu podia pensar era: “Como esses sanguessugas são
bonitos” e “Como ela é magra” e em como eu estava cada dia mais horrorosa com a
gravidez e que Jake iria realmente querer que eu sumisse agora que a tal Bella
voltara para sua vida e que mesmo com a tal da impressão eu duvidava muito que
fosse convence-lo a ficar comigo quando ele poderia ter aquela estatua grega anti
rugas e com uma cintura fina em sua frente.

Claro, ela era uma vampira e ele era um lobisomem e eu já tinha entendido que eles
eram especies inimigas, mas quem liga? Eu tinha visto um monte de filmes onde a
caçadora acaba se apaixonando pela caça e esse tipo de coisa. Quer dizer, parecia
bastante possível acontecer ali já que tudo era quase tão irreal e irracional quanto o
cinema.

Me sentei na cama de Jake e toquei minha barriga como se quisesse assegurar o meu
filho de que tudo daria certo quando eu só conseguia me sentir insegura e cheia de
vontade de chorar até que minhas lagrimas acabassem. Porque Jake tinha que ter me
entregado a minha mãe mais cedo. Ele me deixou toda vulnerável aos hormônios de
gravidez e agora eu estava enlouquecendo.

A vampira continuava lá. Eu achei que aquela era uma especie um pouco mais
inteligente. Será que ela não podia ao menos esperar que Jake se livrasse de mim
antes de começar com seu plano para roubar meu namorado.

Será que não ouviu eu dizer que estava gravida?

Que vadia.

Jacob POV

Logo depois que Sam deu a reunião do bando por encerrada, eu só pensava em
Amelie. Vê-la era minha primeira preocupação. Me assegurar de que ela não estaria
magoada entendendo tudo errado como ela certamente estava.

Os caras do bando pensavam em um lugar para onde mandar todas as garotas e


Makah era a melhor solução por enquanto. Quando Paul sugeriu que Rach fosse
para o Hawaii com Rebeca todos fiaram encantados com a possibilidade de manda-
las para o mais longe possível mas Sam colocou todos nós com os pés no chão ao
dizer que deveríamos fazer algumas contas antes de considerarmos uma viagem
dessa. Não sairia barato, nada barato.

O sanguessuga firmou conosco um pacto de proteção mutua e correu em seguida


para o seu calabouço ou seja lá o que ele chamava de casa para avisar seu clã de que
teríamos uma luta. Ninguém estava feliz em recorrer a essa ajuda e mesmo assim
ninguém teve coragem de protestar. Não com todas as garotas gravidas e todo o
nosso medo de não conhecermos nossos filhos. O orgulho não tem vez quando tudo
o que você quer é poder ver o seu imprinting de novo.

Todos queriam muito sobreviver e Bella me dera um panorama desanimador demais


para que estivéssemos confiantes. Teríamos de encontrar um meio de cooperar com
os Cullens, com Oliver e com qualquer vampiro que se privasse de sangue humano
e quisesse nos ajudar.

Passei pelo quarto de Amelie e entrei pela janela como sempre fazia mas ela não
estava lá. Marta me disse minutos depois que eu a encontraria em minha casa. Ela
devia estar realmente aflita. Eu não poderia assusta-la contando-lhe a verdade. Ela
certamente se recusaria a ir embora com as outras mulheres ou com sua mãe ela
precisava ir. Tinha de estar segura.

Quando circundei minha casa meu coração acelerou-se ainda mais no medo. Captei
um cheiro indiscutível. Havia um vampiro por ali. Eu tremi e precisei me concentrar
com todas as minhas forças para não me transformar antes de saber o que estava
acontecendo.

Ouvi a voz de Amelie quando ela perguntou ao visitante quem ele era e tive orgulho
de como segura ela pareceu por mais que sua voz tenha tremido ligeiramente. Minha
garota era corajosa.

Corri para meu quarto ainda tremendo como uma vara de bambu e completamente
agradecido por ter chegado a tempo de salva-la de quem fosse que a estava
ameaçando, mas sofri um bom choque quando ouvi a voz de sinos dizer:
“ -Desculpe se te assustei. Eu sou Isabella Cullen, mas pode me chamar de Bella!”

O que ela estava fazendo ali, afinal? Ela não sabia que era proibida de ultrapassar a
fronteira depois que fosse um deles? O que Bella ainda queria comigo para estar em
meu quarto intimidando minha mulher?

Pulei a janela a tempo de encontrar os olhos tristes de minha Mily, sentada


displicentemente em minha cama e pude fitar a vampira em desagrado.

Bella me olhou com olhos humanos demais quando eu fui até a minha mulher e a
puxei para um abraço sussurrando em seu ouvido que tudo ficaria bem.
Amelie POV

Assim que Jake apareceu e me abraçou, todas as minhas duvidas e ânsias foram
embora como um mal estar matinal. Toda aquela baboseira de que eu teria de ir com
minha mãe e todo o drama de estar finalmente conhecendo a tal Bella, que para meu
azar era bastante bonita, deram lugar a uma calma e uma paz conhecidas de quando
eu estava perto o suficiente do meu amor para sentir como se nada fosse nos separar
de fato, nunca.

- O que faz aqui? Sabe que não é permitido aos Cullen atravessar nossa fronteira. É
o tratado e ele ainda está de pé! - Jake falou de forma áspera à mulher e certamente
não parecia muito inclinado a voltar correndo para ela e me largar gravida. Relaxei
ainda mais em seu abraço.

- Desculpe Jake, mas eu precisava vir. Precisava me desculpar por tudo e lhe dizer
que eu... - e então ela balançou sua cabeça de um jeito bobo e apenas sorriu amarelo.
- Quer saber, esquece... Eu devo aproveitar que estou aqui para dizer que nós
estamos nos instalando na cidade e Carlisle entrará em contacto com Sam assim que
possível. Eu desejo que você seja feliz Jake, apesar de tudo nós precisamos ter
esperança. Eu não voltarei aqui, eu prometo e... - ela olhou para mim quando disse
isso. - Parabéns pelo bebê!

Depois a vampira se virou e eu não entendi como simplesmente desapareceu já que


ela se foi antes que eu piscasse os olhos. Seres estranhos...

Me separei de Jacob me recompondo. Ele teria de ouvir uma hora ou outra, então
achei melhor o enfrentar o quanto antes. Eu me cansara de estar no limbo, cheia de
incertezas por tudo o que deveria ser certo. O fitei de queixo erguido e me controlei
para não por as mãos na cintura em um velho e horroroso gesto quando disse:

- Minha mãe acha que vou com ela amanha e você não é nem idiota de achar que eu
vou! Então Jacob Black, faça o favor de ir abrindo essa sua boca grande porque eu
quero uma explicação detalhada de como e porque você está agindo como um idiota
desde o começo desse maldito dia. - e retomei meu folego ao perceber que o perdera
na pressa e na raiva.

Jake me olhou um tanto assustado, o tom de comando em minha voz deve te-lo
alarmado já que ele claramente esperava por uma mulher às lagrimas. Ele devia me
conhecer melhor para saber que não era tão fácil me enganar ou fazer-me de boba.

- Vamos, diga o que tem que dizer. - eu voltei a pressionar quando ele, lerdo, nada
disse. - Eu estou ganhando rugas aqui!
Billy Black POV

Jacob achava realmente que podia me enganar com aquela historia de: “ Vamos
apenas filar um rango na casa da Mily”, mas eu via como ele estava nervoso e a
muito tempo já observava os dois confabularem como se escondessem algo. Eu
sabia que eles estavam planejando pegar Marta e eu desprevenidos nesse almoço e
nos contar finalmente o que estava acontecendo.

Mas eu não estava realmente preocupado com isso, em si. Eu estava preocupado
com uma outra coisa muito maior, uma profecia que eu ignorara para o que eu achei
ser o bem de todos.

Uma profecia que agora se cumpria e que eu desconfiava estar mais próxima de seu
grande desfecho a cada segundo em que via os acontecimentos se desenrolarem ao
meu redor. Com o coração na mão eu vi meu filho passar por mim transtornado logo
após receber um telefonema que eu não poderia saber de quem veio.

Eu temia que já não importasse revelar a todos o que Dilia Ateara me dissera
durante seu transe, naquela quarta feira aparentemente comum, há cinco meses
atrás.

A filha mais velha de Quil Ateara morava em Makah com o marido e veio visitar o
pai por alguns dias. Lembro-me que Jake me levara até a casa deles e depois saíra
com o jovem Quil. Naquela época meu filho ainda não tivera sua impressão mas as
coisas estavam se aquietando com os Cullen fora de Olympic. Todos estávamos
mais descansados a respeito do segredo que guardávamos.

Dilia Ateara sempre foi muito sensível à influencia espiritual e por mais de uma vez
no passado eu vira ela entrar em transe, falando por aqueles que não tinham uma
boca para transmitir suas mensagens. Lembro-me que foi ela quem nos avisou do
retorno dos Cullen quando Carlisle Cullen decidiu voltar à sua antiga casa.

Estávamos na sala e ela nos trouxe um café que acabara de passar. Sua irmã mais
nova, mãe do jovem Quil, estava fora trabalhando e estávamos apenas eu, ela e seu
pai naquela casa.

Assim que a bandeja caiu no chão, seus olhos perderam o foco e sua voz mudou de
timbre. Aquelas palavras ficaram marcadas em minha memoria embora tenha
demorado tanto tempo para entende-las:
“ Quando o verdadeiro alfa assumir, ele terá a maior das provações a sua frente.
Uma guerra sem esperança e sem razão abaterá nosso povo na aurora do inverno
mais rigoroso. Os sinais serão claros e absolutos: Todas aquelas, parceiras em idade
fértil irão carregar os filhos do amanha porque a linhagem precisa sobreviver a
qualquer custo. Enquanto seus ventres estiverem cheios com a semente da
esperança, nada estará completamente perdido. Mas a guerra por si, só será vencida
se o orgulho vier ao chão e a ajuda impura for aceita, sem hesitação. “

Nenhum de nós entendeu de fato o que aquela visão queria dizer e nenhum de nós
deu o credito merecido àquela profecia que não tinha nenhuma razão de ser. Mas
então as garotas começaram a engravidar.

Primeiro Emily, que não nos alarmou por estar seguindo exatamente o curso que
esperava de sua vida, mas depois veio Rachel, amedrontada pela possibilidade de
conceber um filho quando tanto o preveniu e depois Kimberly, ainda mais jovem,
ainda mais amedrontada. Não fazia sentido para nenhuma delas e agora eu tinha
absoluta certeza sobre o que Jacob tentava me esconder mas quisera eu não ter essa
certeza, pois, se Amelie também estivesse gravida, então a profecia era verdadeira e
precisávamos saber até que ponto.

Guiei minha cedeira de volta ao interior de minha casa e peguei o telefone. Eu


precisava reunir o conselho o mais rápido possível. Pressentia que Jacob fosse
precisar de todos nós juntos, ainda hoje.

Jacob POV

Ali estava a minha Amelie, me encarando de frente. Seu senho franzido e seus olhos
luzindo indignação. E vê-la assim, forte o bastante para me colocar contra a parede,
me trazia uma esperança doentia e quase infantil de que nós poderíamos enfrentar
qualquer coisa juntos. Como se todo o medo e o stresse gerados por esse dia infernal
e interminável, pudessem se extinguir diante da bravura incansável daquela garota.
A frágil e 100% humana, a mulher que carregava meu filho e todo o meu apresso.

Avancei até ela deixando qualquer distancia para traz e me permiti aperta-la de
encontro a mim e beija-la com todo o meu amor e meu sofrimento, sentindo-a
desfalecer contra mim e retribuir toda a minha paixão.
Me pareceu de repente muito egoísta mante-la no escuro, sem escolhas e sem
direitos quanto ao que estava para acontecer, mesmo que fosse bem mais fácil
protege-la, enganando-a se considerarmos seu gênio.

Nos separamos e ela continuou a me encarar, firme mesmo que um tanto ofegante
agora. Ela ainda esperava a verdade.

Sua atitude forte com certeza me quebrou, pois a garota que deixei naquela sala, esta
manhã, estava cercada por incerteza e parecia bastante abalada com meu único e
ridículo plano de afasta-la a qualquer custo desse lugar, agora maldito.

- Desculpe, eu vou lhe contar tudo! - admiti mais para mim mesmo que para ela.

Sua expressão relaxou um tanto e ela me pegou pela mão como uma mãe guiando
seu pequeno garotinho. Amelie sentou-se em minha cama e eu fui com ela, deixando
que o cansaço físico e psicológico se alastrasse e se mostrasse em mim como eu
vinha evitando.

E ela me ouviu pacientemente, sem interrupções, enquanto deixava suas mãos


vagarem pelas minhas em conforto e eu cheguei a me perguntar onde foi que ela
arrumara tanta candura e de onde vinha toda aquela maturidade. Antes de perceber
que um coração bom como o dela certamente guardava ainda mais virtude e eu era
tolo em questionar seu bom senso baseado em todos aqueles preconceitos que eu já
tive para com ela.

Sei que vi o medo tomar seus olhos quando, mesmo fazendo tudo para não assusta-
la, eu contei sobre nossas poucas chances naquela guerra e vi igualmente seus olhos
brilharem, desta vez com certo orgulho, quando contei sobre seu Tio, oferecendo-
nos ajuda.

De repente ela voltou-se para mim e sorriu como se dissesse que eu deveria
realmente alimentar a esperança. Como se intendesse a verdade por traz de toda a
minha preocupação e mesmo assim estivesse apostando em nosso sucesso com
muita certeza.

Uma de suas mãos tomou minha nuca e embrenhou-se em meus cabelos, puxando
meu rosto de encontro ao seu. Eu fui, sem nenhum motivo para resistir e ela me
presentou com um beijo doce e logo depois, vários outros beijos por meu pescoço.
Seu nariz um tanto gelado roçou minha orelha e aquilo acordou a fera em mim.
Porque mesmo com todos aqueles problemas eu nunca estaria imune à ela e ao que
podia fazer com minha sanidade.

- O que está fazendo? - eu perguntei sentindo minha garganta se fechar e meu desejo
queimar obvio sob minhas veias.
- Eu não quero perder nenhum segundo... - ela ronronou guiando sua boca até a
minha, outra vez. - Não temos mais o luxo do tempo e eu preciso de você. Eu
preciso sentir o quanto é real!

Amelie POV

Acho que fez muito sentido quando ele me contou sobre os tais vampiros italianos e
o que aconteceria a todos nós, em breve. Eu estava assutada e eu com certeza não
poderia lidar com aquilo, mas por alguma razão suprema, eu só conseguia pensar
que eu o tinha ali, em meus braços e talvez não houvessem mais chances como
essas.

Eu subjuguei a minha parte histérica, que queria chorar e gritar e comandar ordens
ao destino para evitar qualquer perigo. Porque eu sabia que nada adiantaria se eu
parecesse mais uma criança mimada e eu não ajudaria Jacob a carregar aquele fardo
se ele precisasse controlar-me também.

Era minha chance de me mostrar apta, adulta e merecedora dele. Era minha hora de
enfrentar o meu medo e a minha desesperança e lutar como eu podia para garantir a
vida da minha família. E o que eu podia fazer se limitava, infelizmente, à deixar que
meu amor acreditasse que estava tudo bem e que ele não precisava temer por mim
que eu manteria nosso filho seguro e eu o esperaria, fazendo o que ele me ordenasse
mesmo que meu orgulho idiota fosse ter varias idéias anarquistas no processo.

E a grande verdade continuava nublando qualquer outro sentimento. Aquela verdade


imediata de que essa poderia ser a ultima vez para beijar seus lábios voluptuosos e
alisar sua face rija, sentindo sua pele desfalecer na minha. A ultima vez para estar
em paz!

De repente era urgente minha vontade de tê-lo pra mim, como se nossa união física
fosse afugentar os fantasmas de nossa separação. Gravar cada segundo em minha
memoria para me manter viva quando ele precisasse ir. Porque ele precisaria, em
breve.

- O que está fazendo? - ele ainda perguntou, quando minhas mãos traçaram
caminhos certeiros por seu adomem e minha boca chamou a sua.

- Eu não quero perder nenhum segundo... Não temos mais o luxo do tempo e eu
preciso de você. Eu preciso sentir o quanto é real!

E eu creio que ele entendeu muito bem o meu ponto, já que logo estava tomando as
redias da situação para si, guiando um novo beijo quente e encontrando os caminhos
para as minhas maiores fraquezas, das quais só ele tinha conhecimento.

Seu cheiro tão conhecido, seu toque exigente e os sons baixos e satisfatórios que lhe
saiam pela boca quando eu revidava uma ou outra investida. Eu já estava com uma
saudade enorme de estar com ele, pude perceber assim que minha blusa foi embora
e não demorou para que a calça seguisse o mesmo caminho.

Com as mãos em minhas coxas, Jake pareceu despertar de nosso transe coletivo.

- E o bebê? - perguntou um tanto hesitante. Eu consegui rir com sua expressão.

- Não seja bobo, ele foi feito assim, que mal pode haver?! - assegurei impaciente.

Ele riu do meu desespero enquanto eu o ajudava a se livrar da bermuda e então


esqueceu-se completamente das razões para qualquer hesitação.

Acho que eramos dois ali, temerosos de que essa fosse nossa ultima chance para se
entregar sem reservas ao desejo, ao carinho e à louca ligação que parecia nos unir
cada vez mais.

Uma guerra certamente é capaz de nos por em perspectiva.

Sempre fora delicioso estar com Jacob mas seus toques carregavam muito mais que
nossa química usual, era como se eu pudesse sentir a magica na ponta de seus
dedos. O destino que nos unia e nos acorrentava um ao outro.

A ponta de sua língua traçou um arco em meu mamilo direito enquanto sua mão
tomava meu sexo com experiencia. Eu podia senti-lo em toda parte, seus músculos
sobre mim, cobrindo cada partícula de pele.

Seu beijo era lento e eu me sentia flutuar, subjugada pelo momento. Desfrutando
tudo que ele podia me oferecer.

- Eu amo você. - sussurrei de encontro ao seu ouvido.

Jacob acomodou-se entre minhas pernas, enquanto empurrava com facilidade. Uma
sensação conhecida de prazer e cumplicidade me tomou enquanto eu o sentia
mover-se de forma certeira e cadenciada, apagando qualquer razão ou pensamento
logico.

Em pouco tempo eramos apenas gemidos e sussurros, perdidos naquela tarde antes
maldita, seguros em nossa própria bolha de alegria.
Jacob POV

Acordei com o barulho insistente do telefone. Amelie dormia um sono tranqüilo


enroscada em mim. Me peguei pensando que poderia permanecer ali para o resto de
minha vida, pois nada mais me faltava.

A vida real, no entanto, cobrava a minha presença e me levantei devagar para não
acordar minha linda. Puxei o aparelho barulhento do gancho e atendi sonolento,
pedindo aos deuses para que não fosse mais um problema à se acumular na
montanha que já pesava em meus ombros.

- Jacob, até que enfim, já estava ficando preocupado. Ninguém te achava em lugar
nenhum! - era só a voz de meu pai, então pude relaxar.

- Fica frio velho, já tem um tempo que estou em casa... - então me lembrei que era
ELE que eu não via desde cedo. - Onde o senhor está, pai?! - perguntei em seguida.

- Na casa de Quil Ateara, com todos os garotos do seu bando, esperando apenas
você para começar a reunião do conselho. - ele disse como quem repreendi.

Respirei fundo e disse um: - Estarei aí em dez minutos!

Voltei para o quarto afim de deixar um bilhete para Amelie caso ela acordasse e se
visse sozinha, mas me deparei com ela sentada na cama, os olhos um tanto
assustados, procurando ao redor e se perguntando onde eu fora, com certeza.

- Amor. - chamei e ela se virou para mim com uma expressão ainda abobada de
quem acordou à pouco. Não que eu estivesse melhor. - Preciso encontrar o bando e
o meu pai, na cada do velho Quil. Você quer que eu te deixe em casa?

- Não, você pode me deixar na Emily. Eu aposto que as garotas estão todas lá e eu
quero falar com a Kim. - ela começou a se arrumar, catando suas roupas pelo chão.

Eu a abracei pelas costas quando ela terminou de colocar a blusa.

- Eu já falei obrigado por como você me escutou e me entendeu? Já pedi desculpas


por ter tentado te afastar hoje de manha? - perguntei soando adequadamente
culpado.

Ela balançou a cabeça em um gesto descrente e então virou-se para me beijar na


bochecha e sorriu.

- Você pode ser muito idiota Black, mas eu já aprendi como devo lidar com você.
Está tudo bem agora! - e me olhou com os olhos estreitos por um momento. - Mas, é
bom você saber: Não se atreva a esconder mais nada de mim! Você entendeu? Eu
fui clara?

E eu apenas me encolhi e lancei à ela meu melhor olhar de submissão, entrando na


dúbia brincadeira.

- Como você quiser, minha senhora!

Amelie POV

- Como você quiser, minha senhora! - Jake soou adoravelmente resignado.

- Acho bom mesmo! - Revidei prolongando o joguinho e me sentindo toda


poderosa.

E então uma idéia veio até mim do que só pode ser descrito como “As profundezas
da minha inconsciência” e eu me lembrei dos papeis de tutoria que davam à Marta
minha guarda, eu me lembrei da necessidade dos garotos de tirar-nos dessa zona de
guerra que em breve seria La Push e mais do que tudo eu entendi que tinha menos
de doze horas antes de minha mãe aparecer para invalidar qualquer livre arbítrio
meu.

E acho que foi isso, em resumo, que me fez virar para o meu, agora desconfiado
namorado e dizer com uma voz de incrível obviedade:

- Você vai se casar comigo, Jacob Black! - e você pode notar que eu não cheguei a
pedir, exatamente.

Jake arregalou seus olhos e ele pareceu até momentaneamente assustado mas não
demorou para que lançasse sua cabeça para traz em uma sonora e libertadora
gargalhada. Como se estivesse ainda brincando, coisa que ele não estava, virou-se
para mim e perguntou cheio de impertinencia:

- A senhorita tem ao menos um anel para me dar, ou acha que vou me dar assim,
sem receber nada?

E agora quem tinha uma cara de idiota era eu, já que nem ao menos pensei em
nenhuma dessas ramificações do noivado ou do casamento quando o propus e me
dei conta de que realmente não me importava se assinaríamos apenas em um papel
ou receberíamos algumas bençãos em uma capela vinte e quatro horas, porque eu
estava fazendo a coisa certa.

- Eu realmente não tenho um anel... - eu concedi quando ele parou de rir e me pegou
pela cintura, me fazendo chocar contra seu peito maciço.

- Acho que você deve agradecer ao seu noivo por ser um cara tão preparado... - ele
disse cheio de si e eu reparei na palavra noivo enquanto ele começou a mexer em
uma gaveta ao lado da cama, ainda me segurando firme pela cintura. - Porque
diferente de você... - ele hesitou pegando algo la dentro - Eu tenho um anel para te
dar e tenho um pedido oficial para fazer, já que o homem dessa relação ainda sou
EU.

E virou-se para mim com seu maior sorriso de garoto. Aquele mesmo sorriso que
me desarmou e me venceu desde o primeiro dia. Jacob deslizou em meu dedo uma
coisinha linda e delicada feita em ouro branco com uma pedra verde, aninhada em
uma caminha de arabescos muito bem trabalhada. Foi então, a primeira vez em que
eu vi a única jóia que eu usaria por todos os dias de minha vida sem nunca pensar
em tira-la; a única que carregava um valor realmente inestimável e a única da qual
eu não sabia nem remotamente a procedência, e sinceramente, nem me importava.

Jacob POV

Nunca realmente pensei que estaria me amarrando antes dos 20, mas lá estava eu tão
feliz quanto todos os outros caras do bando, lê-se, Sam, Paul e Jared que já haviam
se comprometido com um noivado ou no caso de Sam, casamento propriamente
dito. Eu só esperava que uma alegria assim pudesse vir em tempos melhores mas
acabei percebendo que para eu e Amelie, pelo menos, as coisas pareciam estar
acontecendo exatamente como deveriam ser.

Era uma sensação estranha, abrasadora... De alguma forma para nós dois, tudo era
maior que o imprinting em si; nós tivemos tempo para amar um ao outro antes que o
destino nos escolhesse. Parecia que eu tive tudo o que poderia pedir e mais do que
um dia ousaria almejar.

Ter esperança de novo era com certeza uma grande coisa, por mais que não me
permitisse senti-la a cada segundo como que me penitenciando por estar tão feliz
quando corríamos, ainda, tanto perigo.
Estacionei em frente à casa de Emily, beijei minha mulher e meu filho, ainda em sua
barriga e deixei-a antes que não pudesse solta-la mais. Afinal, o conselho me
esperava.

- Até que enfim, cara. - Quil parecia um tanto atordoado enquanto me esperava na
varanda de sua casa.

- Foi mal, eu peguei no sono. - disse a guisa de desculpa.

Quando passei pela soleira da porta respirei fundo. Estavam todos lá.

Billy parecia compenetrado enquanto falava ao telefone. Pude ouvir quando ele
disse: “- Está certo, nós telefonaremos depois Sr. Cullen!”. Soube instantaneamente
que ele falava com o Dr. Caninos, em quem confiava bastante desde meu acidente
com o exercito de recém-criados. Parece que o pessoal já foi adiantando o assunto.
Era melhor assim.

Enquanto Billy contava sobre uma tal profecia que ele antes ignorou, eu me
distanciava da felicidade pura e infantil que senti quando estava com minha Mily
nos braços e depois quando ela me pediu em casamento daquela forma abrupta e
incomum com só ela poderia.

Lembro-me de estar ali totalmente aterrorizado por me encontrar no comando de


tantas vidas enquanto Sam estava voltando temporariamente ao bando mas se
recusou a liderar. Eu era o herdeiro de Hephraim Black, ele dizia. Eu devia assumir
o meu destino!

Todos ficaram boquiabertos quando Billy repetiu as palavras da profecia e o velho


Quil reforçou-as em juramento.

“ Quando o verdadeiro alfa assumir... Uma guerra sem esperança e sem razão... Os
sinais: Todas aquelas, parceiras em idade fértil irão carregar os filhos do amanha.”

E então a promessa na qual todos nós estávamos colocando nossas melhores


intenções. “Enquanto seus ventres estiverem cheios com a semente da esperança,
nada estará completamente perdido. “

Assim devia ser, eu podia ver no rosto de cada um de meus irmãos de bando. Nossos
filhos deveriam sobreviver. Proteger as garotas era nossa grande prioridade, mesmo
que tecnicamente as vidas humanas como um todo viessem em primeiro lugar.

“A guerra por si, só será vencida se o orgulho vier ao chão e a ajuda impura for
aceita, sem hesitação. “ - entoou Billy, por fim. E foi com grande alivio que eu
recebi essas palavras enquanto me convencia de que realmente fizera bem em
aceitar a ajuda de todos aqueles sanguessugas.

Amelie POV

Não pude me conter. Mesmo com toda aquela confusão de guerra, incertezas e
minha mãe pairando ameaçadora sobre nossas cabeças; tudo o que eu conseguia
pensar enquanto entrava pela porta da casa de Emily, era: “Eu vou me casar com
Jake” e “Eu nunca pensei que pudesse amar tanto assim!”. E claro, “Eu tenho um
lindo anel para exibir”.

Devo admitir que não me sentia nenhum pouco fútil.

Kim e Rachel estavam sentadas no sofá e faziam algo que depois de um tempo eu
reconheci como tricô. Embora eu quisesse rir da cara delas e provavelmente ainda o
faria, não pude deixar passar um pequeno sapatinho azul de bebê que já estava
pronto, largado sobre o colo de Rachel.

A visão daquele pequeno e adorável objeto me fez pensar imediatamente em meu


filho. Seria um menino? Moreno, encrenqueiro e completamente dócil como o pai?
Ou herdaria os meus olhos sem graça que Jake insistia que eram os mais lindos
olhos que ele vira em toda a vida?

Não importa o que Jacob me dissesse, eu esperava que menino ou menina, ele
pudesse realmente herdar os olhos do pai. Eu ainda sentia falta de minhas lentes de
contato a tanto perdidas.

- Amelie, pensei que não te veria aqui hoje! - Emily veio da cozinha, limpando suas
mãos em um avental florido.

- Mily? - Kim finalmente me viu e veio para meu lado. - Você está melhor? Você
encontrou com Jacob?

Depois de eu contar tudo o que acontecera, enquanto elas também me contavam o


que sabiam a respeito do mais novo problema do bando, percebi que os outros
garotos não contaram muita coisa à elas, e que no fim, eu acabei com os maiores
detalhes.

Não fiz alarde quanto às coisas que Jake me contara e em certa altura comentei
sobre o casamento com Kim e Rachel que começaram a comemorar como se elas
mesmas não estivessem prestes a se casar.

Kim pelo menos estava, já que Rachel fez um grande caso quando Paul a pediu e ele
achou melhor deixar a raiva dela esfriar para pedir de novo em uma ocasião melhor.
Acho que minha cunhada ainda guardava certa magoa de ter engravidado por mais
que se mostrasse tão apaixonada por seu bebê quanto nós estávamos pelos nossos.

A imagem de Jake me implorando para deixar La Push, no entanto, passou a povoar


meus pensamentos depois de um tempo e não queria sumir de jeito nenhum. Eu tive
a impressão de que os outros garotos queriam a mesma coisa pelo pouco que Emily
me disse sobre a possibilidade de se mudar de volta para Makah, para a casa de sua
irmã, temporariamente.

Nenhuma de nós queria ir embora, muito menos abandonar nossos homens nessa
hora tão sombria. Mas cada uma tinha a plena consciência de que não poderia
decidir apenas por si e se as coisas ficassem realmente perigosas – e que os deuses
nos livrassem disso – nós precisávamos pensar primeiro em nosso bebês.

Eramos fracas e inúteis em uma guerra como essa. Não passávamos de distração
para os rapazes quando eles precisavam, de fato, estar focados em algo maior. Não
adiantava gritar e chutar. Não mudaríamos o fato de que não tínhamos nada a
oferecer além de nosso amor, que na pratica, não parava exércitos.

Considerei que seria muito fácil para cada uma das mulheres ali, seguir o exemplo
da pequena Claire, que com certeza iria ao chão em birra quando Quil a levasse de
volta para os pais, mas nenhuma de nós poderia se dar ao luxo de ser assim tão
imatura e impulsiva. Não mais.

Acho que poderia dizer que pela primeira vez na minha vida, a palavra
“responsabilidade” soou pra mim como algo mais que muita chatice. Era tempo de
por a cabeça no lugar e manter o coração fiel para suportar aquilo que não se pode
controlar.

Como se para nos lembrar o porque nossas bocas estavam tão caladas e nossas
mentes tão cheias, os garotos irromperam na sala de Emily algum tempo depois do
anoitecer parecendo tão abatidos e assustados como nunca os vimos.

Eu caminhei até Jake e o abracei pela cintura colocando minha cabeça junto ao seu
coração assim como Rachel fez seu caminho até Paul, Emily até Sam e Kim
alcançou Jared.

Parecia que aquelas 24 horas tinham durado 24 dias quando eles se puseram a contar
sobre a reunião do conselho e a estranha profecia que envolvia todas nós.

Ninguém parecia querer voltar para suas casas e dormir, como se mesmo todo o
esgotamento não fosse capaz de derrubar os muros de medo que foram construídos
ao redor de cada um de nós.

Resolvi assumir então a liderança de todas aquelas caras desgastadas e trazer um


pouco de diversão, falando sobre um assunto também importante, mas
completamente agradável.
- Acho que você esqueceu Jacob, que minha mãe estará na porta da minha casa
assim que amanhecer. - eu falei alto e os outros garotos começaram a rir do meu tom
quando cobrei. - Você vai se casar comigo ou não vai? Nós temos só essa noite!

Just say YES!

Kim POV

Quando Amelie colocou Jacob contra a parede pressionando-o para casar-se com ela
antes que o dia nascesse todo mundo apenas riu, mas com o tempo, não muito, nós
fomos percebendo o quanto ela falava serio. E então começou o frenesi, a grande
correria para encontrar uma daquelas capelinhas 24 horas que casam qualquer um
que tiver 18 anos ou permissão de um responsável e todos de repente estavam
ajudando nos preparativos.

Se fosse só a questão da igreja ou de vestir a noiva e conseguir uma ceia para os


poucos convidados, que se resumiam ao bando e o conselho, no entanto, não
estariam todos malucos.

Mas é obvio que um casamento para Amelie Weelow, era um casamento a ser
celebrado com tudo o que houvesse de exagerado e pomposo mesmo que tivéssemos
o incrível prazo de duas horas e tudo precisasse ser feito no interior de Washington
onde as únicas coisas abertas após as 22:00hs fossem lojas de conveniência de beira
de estrada no caminho entre as varias cidadezinhas inúteis.

O que facilitou tudo, embora tenha criado certo atrito com os garotos foi que Seth
estava na ronda, que agora parecia passar mais perto da casa dos Cullen do que de
costume e enquanto ele pensava sobre nossa missão impossível, o vampiro leitor de
mentes acabou captando parte de seus pensamentos e decidiu que os Cullen
ajudariam Jacob em tudo o que fosse possível e logo havia uma mulher chamada
Esme ligando para a casa dos Black e combinando um monte de coisas com Rachel
e Emily.

Claro que o Jake rateou e recusou qualquer ajuda mas Amelie conversou com a tal
Esme apenas uma vez para se convencer de que ela era a pessoa de melhor gosto em
todo o estado e certamente aceitaria qualquer ajuda sim, muito obrigado.
Acho que ninguém entendeu muito bem o porque dos Cullen procurarem se meter
em algo tão pessoal mas eu ouvi Billy comentar com o velho Quil que era bom para
fortalecer a aliança e que não haveria nenhum problema enquanto eles
permanecessem do lado deles da fronteira.

- Acho que vou convidar Esme e a família dela. Jacob explicou que eles são
vampiros bonzinhos. - Amelie divagava enquanto eu prendia seu cabelo com vários
grampos em um penteado elaborado. Eu duvidava muito que Jacob tivesse dito a ela
que os Cullen eram “bonzinhos” mas não refutei. Era bem impossível ela conseguir
permissão para tal coisa.

Olhei para minha amiga enquanto ela se levantava e eu a ajudava a fechar o vestido
branco de algodão e renda que Amelie já tinha e que Emily arrumou de ultima hora,
soltando as costuras da cintura.

- Talvez eu não use sapato... - ela disse um tanto sonhadora, enquanto eu procurava
a valise de maquiagem. - A noite está seca e quente e parece que vai continuar
assim. Sam disse que poderia arrumar a praia para um luau se não fosse chover.

“Bom”, pensei. Muito bom mesmo. A praia devia estar bem bonita, já que tínhamos
uma grande lua cheia no céu, desde que o sol se foi.

Amelie POV

Sim, eu estava nervosa. E sim, era o maior clichê. Mas quem liga?

Tudo estava uma zona e eu só conseguia pensar que não daria certo.

Então, como eu reagia: Eu gritava e comandava as coisas eu mesma para que tudo
acontecesse? Eu fazia tudo eu mesma para que fosse mesmo acontecer? Eu me
enchia de confiança e me lembrava de todos os artigos da Cosmo que eu li sobre
controle do estresse?

Não.

Por alguma razão, meu nervosismo e meu panico me transformaram em uma grande
ameba, completamente inútil que não conseguia fazer mais nada a não ser sentar-se
em uma cadeira deixando que Kim me arrumasse. Sim, a Kim! A mesma pessoa a
quem EU ensinara como usar um rímel.

Se eu fosse um computador eu estaria travada em uma pasta de arquivos que minha


dona nunca realmente quis acessar, mas como eu era uma noiva adolescente e
gravida cujo casamento aconteceria algumas horas depois do pedido formal e a festa
após a cerimonia dependia unicamente da boa vontade do céu de Washington em
não chover como de fato ele chovia praticamente todo dia, acredito que eu estava
em estado equivalente. Digo, travada era uma boa palavra para mim agora.

Eu me sentia com metade da minha capacidade e as vezes eu tinha algum pico de


adrenalina onde eu conseguia gritar com alguém por infames cinco segundos para
depois cair em completa catatonia.

Você pode pensar que era muito estranho para alguém tão confiante como eu, estar
assim com tanto medo por coisas básicas como: “Meu noivo vai aparecer? Nós
teremos comida para os convidados? Nós teremos convidados?

Mas eu desafio você a se casar antes de me julgar por qualquer uma dessas psicoses,
porque afinal, tudo estava muito divertido quando eu pedi Jake em casamento e ele
aceitou e me deu um lindo anel e todos os nossos amigos se divertiram com o
desafio de preparar tudo em uma noite antes que minha mãe retomasse minha
guarda e invalidasse o casamento...

Não é divertido tentar achar decoração as 23:00hs no interior de Washington. Não é


divertido resumir sua lista de convidados às vinte pessoas mais animadas que
concordaram em aparecer às 4:30 da manhã. Não é divertido que seu namorado seja
um ser sobrenatural super gostoso que teve um caso com uma outra mulher antes de
te conhecer e ficou morrendo de dor de cotovelo e essa mulher agora retornou, fatal
e super poderosa. E é menos divertido ainda que a maldita vampira esteja
completamente magra quando você não pode mais esconder sua barriga de quase
cinco meses e se sente o mais completo lixo.

Nunca antes na vida eu passei pelo panico de ver uma roupa minha ser “alargada”
para que ela entrasse em mim.

E é claro que meu vestido de noiva não foi um modelo especialmente desenhado
para mim com trocentos meses de antecedência. Ele não passava na verdade, de um
modelo Chanel de duas coleções atrás ao qual Emily precisou fazer ajustes na
cintura.

- Você está tão linda, filha! - Marta falou com a voz embragada quando Kim
terminou a maquiagem.

Ela estava sendo sincera e eu não consegui não sorrir para ela mas minha vergonha
permaneceu e meu medo ainda ficaria alojado ali no meu estomago até eu ter
certeza de que Jacob não fugira do altar, me abandonando por eu não ser mais a
garota cheia de classe e distinção que ele conheceu.
Sera que ele ainda conseguia me achar, pelo menos bonitinha? Pouco provável.
Jacob POV

As coisas estavam acontecendo. Parecia que não daria certo no inicio mas eu
precisava reconhecer que aceitar a ajuda da mulher do Dr. Presa fez uma grande
diferença e eu com certeza bateria menos no Seth por ter exposto os MEUS
problemas pessoais para toda a família “Vampiros prontos à ajudar”.

Não me deixavam ver Amelie e isso me irritava mas eu era capaz de entender a
superstição besta de que o noivo só poderia ver a noiva quando já estivesse no altar.

É claro que ela estaria ainda mais linda. E é claro que doía muito pensar que esse
pudesse ser nosso ultimo momento juntos já que ela agora não se opunha em ir com
sua mãe para Los Angeles, enquanto as coisas não se resolviam por aqui.

- Jacob, cara, que olho de peixe morto é esse? - Quil me deu um tapão nas costas
como se eu tivesse me engasgado com alguma coisa. - Você vai se casar com a
mulher da sua vida. Cadê o meu sorriso? - ele era mesmo um idiota.

Virei meus olhos sem poder me impedir e Jared entrou no quarto onde eu acabava
de vestir o paletó Branco que Rachel me arrumou sabe-se onde.

- Sam já foi buscar o tal pastor. - ele falou, tomando o lugar de Quil ao meu lado no
espelho e arrumando o próprio cabelo. - Dá pra acreditar que essas capelinhas ficam
realmente 24hs abertas? Sempre achei isso tão inútil e veja que nos salvou a pele,
não é mesmo?

Mantive meus olhos abaixados e minha consciência estava mesmo pesando. Por
mais que o otimismo me dissesse que seria um grande momento mesmo que
estivéssemos sozinhos no meio de um deserto eu sabia ao que Amelie estava
acostumada e me penitenciei realmente por faze-la perder todo e qualquer sonho que
ela pudesse ter tido com essa data.

Era inevitável não pensar se ela estaria mesmo satisfeita ou se ela iria, por fim,
perceber que eu não tinha quase nada a oferecer em vista do que ele sempre teve.

Parecia que a qualquer momento, minha Mily poderia seguir o pensamento obvio de
que estava perdendo muita coisa em se enterrar aqui no “fim do mundo” como ela
chamava La Push e então ela correria para os braços do Tio Oliver ou para qualquer
outra direção contraria à mim e eu não estaria apenas destroçado pela falta da
mulher que amo mas ela levaria consigo nosso filho, a quem eu não acreditava
merecer, tão pouco.

Nós deixamos que o nosso desesperado amor nos consumisse e não pensamos em
mais nada. Sera que esse amor era bastante para ela?
Sera que ela continuaria achando justo renegar todo aquele luxo por mim, por nós?

Acho que os noivos também ficam nervosos, no final.

Alice Cullem POV

As imagens passavam por minha mente em um turbilhão descontrolado. Apoiei-me


em Jasper e paramos de correr por um instante para que eu tentasse mais uma vez
focalizar o futuro que tanto buscava sem sucesso.

Nossa família devia estar verdadeiramente confusa com minha aparente deserção
embora eu tenha certeza de que Bella acharia o bilhete que deixei para ela avisando
que deveria chamar os lobos como aliados e também as coordenadas do advogado
que cuidava de todos os papeis da família para que ela livrasse a criança na ultima
hora se realmente nada fosse nos salvar da guerra que eu previ contra os Volturi.

- Alice, talvez seja melhor você me esperar por aqui enquanto eu confiro o ultimo
endereço de Peter! - Jasper dizia serio, percebendo o quanto eu estava abalada.

Nós estávamos arrecadando aliados enquanto buscávamos por minha mais estranha
visão dos últimos dias. A visão de um rapaz em uma floresta tropical que tinha as
mesmas características que meu querido sobrinho E.J. e que parecia-me nossa maior
esperança.

Eu não tentei dissuadi-lo e fiquei realmente esperando, a beira de uma clareira


encostada a uma grande e frondosa arvore.

Em todos os meus anos como imortal, os únicos de que lembrava em minha


existência, nunca me sentira realmente cansada como me sentia agora. Acho que a
falta de esperança faz isso a você. Deixa-o miserável e anula suas forças, mas foi
nesse momento que algo mudou.

Apareceu diante de mim, no que claramente identifiquei como mais uma visão, uma
garota loira que nunca tinha visto, ela estava aninhando sua grande barriga de
gravida e um homem, um vampiro, a olhava com muito carinho e um traço imediato
de dor. Ele jurava a ela que protegeria a todos que ela amava e enquanto ele fazia
seu juramento sincero um relance nublou essa visão. Eram os Volturi, dando as
costas a uma grande e irregular formação de aliados onde eu via Carlisle e meus
irmãos e também alguns lobos agrupados. Eles estavam desistindo.
Em algum lugar dentro de mim, reuni forças e fiz o que poderia ser chamado de
prece enquanto torcia para que esse vampiro mantivesse sua palavra com aquela
humana desconhecida para mim.

E então me pareceu que depois de todo esse tempo eu finalmente tinha no que
acreditar.

Amelie POV

Tudo bem Amelie, você pode fazer isso! Ele estará lá, ele te ama e você ainda não
está tão gorda assim, foram só quatro centímetros de cintura, nada demais...

Nada DEMAIS? NADA demais?

Tudo demais!!!

- “Eu nunca em toda minha vida ganhei esse peso todo”!

- Você está gravida, pelo amor de Deus! - Disse Kim enquanto me ajudava a sair do
carro, que pelo menos era uma Mercedes e que a doce vampira Esme fez o favor de
nos emprestar em cima da hora.

Eu não havia me dado conta de que falara a ultima parte de meu pensamento em voz
alta. Estava realmente mais desequilibrada do que jamais me lembrava de ter estado.

Sabe quando as pessoas dizem que sua vida passa como um flech diante de você
quando está em perigo e pensa estar prestes a morrer? Pois então, eu acho que isso
também vale para o instante em que você está prestes a se casar.

Pelo menos eu sei que eu passei por isso já que tudo que que eu pensava antes sobre
ser abandonada no altar foi totalmente agravado pelos meus outros muitos medos
que me jogavam de cara na realidade a cada segundo:

Eu tinha 17 anos e estava gravida e iria me casar. Eu não tinha terminado nem ao
menos o Ensino Médio, talvez minha mãe me deserdasse no momento em que
descobrisse do casamento, o que seria muito em breve, do tipo, em menos de quatro
horas; meu pai ainda estava aparentemente em coma, não que ele fosse me ser de
muita ajuda. O meu amor, o meu Jake, estaria correndo risco de vida em uma
batalha com um bando de vampiros malvados em aparente vantagem e eu nada
poderia fazer sobre isso quando já tinha concordado em ir com minha mãe pela
manha de volta a L.A., não que se eu ficasse, minha patética condição de
adolescente gravida fosse útil para qualquer coisa.

Como minha cabeça não tinha explodido ainda? Como eu não cai dura?

Eu tinha quase certeza de ter esquecido a resposta quando percebi que Kim e Marta
realmente me arrastaram até uma esteira trançada que cobria o chão e era cercada
por adoráveis tochas ornamentadas no meio da First Beach enquanto o primeiro sol
da manhã, muito tímido, ganhava o céu.

Eu quase esqueci dos meus maiores motivos para continuar, mas eu disse QUASE,
porque quando eu olhei para frente e meus olhos bateram de encontro com os olhos
negros e profundos, cheios de amor, do meu Jacob, eu não senti mais medo. Eu não
conseguia me lembrar de qualquer um dos meus problemas e eu tive de forçar ar nos
meus pulmões para caminhar até ele no pequeno altar cheio de flores brancas que
iam se azulando na luz das chamas e os poucos raios de sol.

Jacob POV

- Cara, você vai abrir um buraco no chão! - Embry me encheu o saco por estar
andando de um lado à outro do altar enquanto as ultimas coisas da decoração eram
postas em seus devidos lugares.

Eu tentei ajudar mas Rachel gritou comigo que eu era o noivo e não poderia estar
todo suado e cheio de folhas verdes quando minha noiva chegasse.

A minha noiva!

Eu não parava de pensar nisso. Eu estava mesmo prestes a me casar com Amelie.
Não era uma coisa muito fácil de se acreditar, quer dizer, quem imaginaria que uma
garota como ela fosse querer um cara pé-rapado como eu? De alguma forma e de
todas as formas, eu estava grato que as coisas pudessem ser malucas assim, o
suficiente para ela me amar.

E eu só tinha ela na cabeça como se fosse mesmo possível esquecer uma guerra e
mais um batalhão de problemas.

Tremia de expectativa e até parecia que EU era a noiva. Não tinha como estar mais
pilhado do que eu estava. Os caras do bando passavam por mim tirando sarro vez ou
outra e apenas Quil não dizia nada sobre como meu olhar bobo vagava pela entrada
do estacionamento de cinco em cinco segundos esperando o carro dela chegar.
Tudo bem que ela adorou que os Cullen fossem emprestar o carro da noiva e eu não
achei nada bom mas não me opus tão pouco, na esperança de dar a ela realmente
tudo a que ela pudesse ter acesso.

Essa garota me tinha na coleira, feliz por estar aprisionado. Não via a hora de dizer
um SIM alto o suficiente para ser ouvido do outro lado da costa.

Acompanhei cada um de seus passos assim que Marta e Kim a ajudaram a sair do
carro. Como ela conseguia estar ainda mais linda?

O vestido se ajustava nos seios que tinham aumentado consideravelmente depois da


gravidez e seu decote me fazia querer tapá-la imediatamente para impedir os
membros mais novos do bando de babarem o tanto que eu via eles babarem em cima
da minha mulher.

Seus cabelos estavam presos em uma trança frouxa cheia de florzinhas brancas
minusculas e seus grandes olhos cinza se fixaram em mim assim que ela cruzou o
tapete que cobria a areia e a guiava ao altar.

Eu nem preciso dizer que não vi mais nada então, preciso?

Só existia eu e ela por mais que todas as outras pessoas continuassem ali. Minha
super audição sumiu totalmente, ou devo dizer que se concentrou, em um único
ponto. Ela.

Vi quando respirou com dificuldade e quando sorriu pra mim como se nunca tivesse
sido mais feliz fazendo com que eu segurasse uma lagrima de alegria com todas as
minhas forças para não ser ainda mais zuado quando Embry me deu um soco no
ombro e disse: - Vai lá cara!

E eu a encontrei no meio do caminho, lhe oferecendo o meu braço e percebendo


seus pés descalços que a deixavam adoravelmente baixinha perto de mim.

Ela tremia e mais de uma lagrima já tinha escorrido por suas bochechas quando
chegamos à frente do pastor que Sam trouxera minutos antes de ela chegar.

Tudo pareceu ficar suspenso e nós dois não demos nenhuma atenção ao pobre
homem enquanto ele proclamava o que devia ser dito para nos casar.

Lembro-me no entanto, claramente, quando ela disse sim e sua voz estava rouca de
chorar, como eu nunca realmente pensei que ela fosse demonstrar seus sentimentos
assim, na frente de outras pessoas.

E então a pequena Claire entrou morta de sono e cambaleando, fazendo com que
Quill a apanhasse na metade do caminho e terminasse a distancia entre nós com as
alianças nas mãos. Alianças que foram de meu pai e minha mãe e ele as deu para
mim de ultima hora mas de coração.

Meu sim soou mais seguro do que qualquer coisa que já tenha dito e eu agradeci o
dia em que a sorte me trouxe Amelie. Aquela patricinha mimada e prepotente que
não conseguia nem assim esconder seu grande coração. Os sentimentos mais nobres
e meigos que eu já conhecera em uma pessoa mesmo que soterrados, por vezes, em
sua teimosia troiana.

O homem nos declarou casados e Marta assinou a permissão depois de mostrar os


papeis que a tornavam legalmente tutora de Amelie Violet Gerard Beafarth Weelow,
que agora, a pedido dela mesma seria chamada apenas de Amelie Black.

Amelie POV

- Jacob vá logo pegar essa água! - eu empurrei seu ombro e ele continuou lá sentado
na cadeirinha de pobre da nossa recepção, sem fazer nada. Que marido mais inútil
eu fui arrumar. - Jaaaaa-ke, por favor... - eu apelei para um bico infantil. - Por
favorzinho!!!

- Mily, eu te trouxe uma bebida a uns cinco segundos atrás, qual é o seu problema
amor?! - ele virou-se para mim interrompendo sua animada conversa com Embry e
um outro rapaz que eu nunca vira na vida, que estava ali por La Push e foi
arrebanhado para a festa de casamento junto com mais um monte de gente que eu
desconhecia.

- Jacob Black, eu estou gravida do seu filho e nós acabamos de nos casar, dá pra
pegar a porcaria da água! - eu quase gritei. Só não gritei porque ainda tinha classe.
No momento ela era bem pouca, mas ainda existia.

- Falou a patroa! - Embry caçoou e eu lancei pra ele o meu melhor olhar de “tira o
olho desse ultimo par de sapato”. Vi o imbecil murchar rapidinho.

- Amor, eu não me importo de pegar a sua água. - Jake virou-se para mim de forma
carinhosa desfazendo o meu bico e toda a minha manha irritante.

Então ele se levantou e foi atrás da maldita água.

Sim, eu estava tentando chamar a atenção dele e sim, ele de fato vinha fazendo tudo
o que eu queria desde antes mesmo da cerimonia. Eu estava sendo uma chata
nojenta e estava amuada com uma cara de poucos amigos e mal cumprimentei
qualquer dos meus convidados.
Eu posso culpar meus hormônios no momento, embora eu saiba que a verdadeira
razão estava justamente na perspectiva de deixar meu lindo marido para traz e voltar
para uma realidade que não era mais a minha, acompanhada de minha mãe, que por
si só já é um bom motivo para panico, sempre.

Vi Kim interromper sua dança lenta e ela estava caminhando até mim. Jared passava
agora pela mesa de frios que ficava do outro lado da pista, outra vez em menos de
vinte minutos. Esses meninos realmente se alimentam como monstros.

- Você está com essa carinha abatida desde o fim da cerimonia! - ela me censurou.

Dei língua para ela.

- Pra onde você vai? Quando os garotos forem... você sabe! - perguntei depois de
um tempo, quando Jake já havia voltado com a água e ela continuava ali, sentada,
me fitando vez ou outra interrogativamente.

- Talvez eu vá para Makah com Emily mas eu ainda não sei realmente. - agora ela
estava tão desanimada quanto eu.

Rachel passou por nossa mesa pegando a conversa pela metade.

- Também não quero voltar para Seatle! – ela exclamou enquanto prendia os cabelos
em um nó. Parecia cansada de correr de um lado para o outro providenciando tudo.
E eu devia estar agradecendo a ela em vez de fazer minha cara de ingratidão e fossa.

- Se pelo menos agente fosse para o mesmo lugar... - Kim suspirou.

E então a luz se acendeu na minha cabeça. É claro que poderíamos ir todas para o
mesmo lugar, afinal, minha casa em Beverly Hills tinha, sei lá, uns cem quartos e
eu com certeza precisaria de todo o apoio de minhas novas amigas quando voltasse
para minha antiga escola, mesmo que por algumas semanas. Respirei fundo e uma
certa euforia me atingiu. Me virei para elas com novo animo.

- Então meninas, vocês já foram pra Califórnia?

Oliver POV

Cheguei à Seatle no começo da noite. Meus sentimentos se digladiavam, fazendo de


mim um homem de duas faces, mas principalmente, tornando-me alguém com dois
corações; ambos partidos.
Amelie era Eleanor, e ao mesmo tempo, minha fé se esvaia ao vê-la apaixonada por
aquele maldito Lobo. A angustia floresceu em meu peito morto, em descobri-la
agora, gravida dele.

Pensava sobre as possibilidades de que ela jamais concordasse em dar voz ao meu
amor, e se ela não concordasse, o ritual jamais poderia se realizar e eu nunca mais a
teria para mim. Por outro lado, eu aprendera a amar aquela pequena garotinha de
madeixas loiras que antes mesmo de aprender a andar já tentava dizer meu nome,
enrolado em sua vozinha de criança: Dindo Oiver!

Eu nunca me apegara a nenhum humano até que ela nasceu, mas quando a vi e
quando soube quem ela de fato era, foi impossível não me apaixonar, também, por
Amelie Weelow, a garota por traz de meu grande amor. A doce e impetuosa, quase
tão corajosa e vital quanto minha Eleanor.

Minha Eleanor, que foi tirada de mim, na mesma noite em que me tornei um
imortal. Ela foi levada pelos mesmos homens que me perseguiram, os quais entendi
pouco tempo depois, não eram como homens comuns.

Jurei nunca esquecer o nome ao qual atribuíram essa ordem, a ordem de tirá-la de
mim, mesmo que ela levasse minha criança em seu ventre. Os soldados
conversavam sobre Caius Volturi quando a fútil vampira Liana roubou-me do
cativeiro para morder-me e dar-me essa vida, acreditando que eu poderia amá-la ou
pelo menos servi-la adequadamente.

É claro que me informei a seu respeito. Caius... Caius Volturi. Um poderoso


guardado por poderosos e um tirano. O mesmo monstro que sequestrou minha
mulher gravida apenas para que ela fosse fruto de uma de suas hediondas
experiencias com humanos. E mesmo depois de me informar a respeito, depois de
descobrir coisas impossíveis através de fontes ainda mais improváveis, aqui estava
eu, atado até o ultimo fio de cabelo.

A vingança parecia um prato que eu nunca seria capaz de degustar.

Até aquele momento na floresta onde pude ouvir os garotos-lobo e aquele nome foi
outra vez mencionado. Dessa vez, talvez, como uma única oportunidade, eu
estivesse próximo o suficiente de meu inimigo.

Mandei reunir meu pequeno clã. Apenas os poucos vampiros que se juntaram a mim
ao longo desses seculos, ou aqueles filhos que eu mesmo transformei por fraqueza e
solidão.

- Senhor, todos lhe esperam na sala. - meu mordomo avisou-me assim que cheguei à
mansão, um lugar que eu mantinha como a um covil apenas para reunir-me à eles
ocasionalmente e controlar os negócios na região. Eu fazia as leis por aqui.

De um lado minha indiferença pela causa daqueles cachorros imundos e de outro


meu amor por Amelie e minha chance de vingar Eleanor.

Seria uma noite longa, muito longa.

Mais que amigas!

Jacob POV

Rachel me chamou no canto quando já estava na hora de eu levar Amelie para casa
de Marta e fazê-la descansar um pouco antes que sua mãe chegasse.

- Maninho, eu tenho uma surpresa para você! - minha irmã sorriu toda alegre, como
ela estava desde que minha mulher – era ótimo chamá-la assim - decidiu que estava
levando todas as garotas para a Califórnia junto com ela.

Eu e os caras não sabíamos se estávamos agradecidos pela enorme distancia que as


manteria seguras, se estávamos ainda mais deprimidos pela certeza de que todas elas
estavam indo embora em algumas horas ou se estávamos totalmente putos com a
grande quantidade de confusão que isso poderia gerar, enquanto estaríamos aqui, do
outro lado do país lidando com alguns malditos sanguessugas que não tinham nada
melhor para fazer do que acabar com nossa paz.

- Diga Rachel! - eu tentei alguma animação mas ela fez uma careta para a minha
pouca vontade.

- Eu vou fazer sua alegria, tome! - e ela me estendeu a chave da nossa casa, o que
fez com que eu cogiasse chamar o Paul e delatar minha irmã por beber durante a
gravidez porque, de outra forma, o que ela achava que estava fazendo em meu
favor, dando-me a copia dela da chave lá de casa?

Quando eu não estendi a mão para apanhar a tal chave, ela pegou minha mão e fez
isso ela mesma.
- Eu já tenho uma copia da chave de casa, Rachel! - eu insisti procurando Mily com
os olhos e começando a perder a pouca paciência. - De qualquer forma eu vou levar
Amelie antes...
- Como você é burro garoto! Eu sabia que mamãe tinha te derrubado de cabeça
quando era bebê. - Era Rachel quem me olhava irritada agora. - Agora escuta aqui e
vê se faz o que eu mando... - ela franziu o senho e então uma expressão cansada e
resignada se formou antes que ela maneirasse sua voz e falasse gentilmente:

- Eu não vou te contar nada porque é surpresa, mas eu devo te adiantar que você não
levará Amelie para a casa de Marta, você levará ela lá pra casa e vocês tem dois dias
antes que eu e Marta entreguemos a localização de vocês para a mãe dela. Não se
preocupe que eu cuidei de tudo e não me agradece agora. Pega a sua patricinha e
some daqui, certo Jake?

Mais dois dias com a minha Mily? E eu que pensei que ia ser só um beijo na testa e
um depressivo “até logo” sem muita certeza do “logo”.

É claro que não fiquei mais nenhum segundo lá tentando entender o que era a tal
“surpresa” da Rachel. Fui atrás da Sra. Black e não esperei que minha irmã
colocasse minha capacidade mental em duvida ou tentasse me dar outro sermão.

Amelie POV

- Jake, dá pra me contar porque exatamente nós não estamos a caminho da minha...
OMG!!!

É claro que eu estava apenas tentando arrancar uma desculpa convincente do meu
marido – era ótimo chamá-lo assim – enquanto ele me erguia no colo, mesmo após
todo o meu ganho instantâneo de peso e me conduzia da forma mais tradicional e
brega possível, porém ainda fofa, para dentro da casa dele e não para meu quarto na
casa que eu dividia com Marta, onde eu deveria estar agora esperando por minha
mãe e me resignando a dizer adeus a tudo que me fez feliz até hoje em minha vida.

Mas então ele abriu a porta. Jake me apoiou sem esforços com um de seus braços
enquanto o outro girava a chavezinha na porta e assim que eu vi o interior da casa
eu não pude evitar:

Meus olhos saltaram realmente das orbitas, não de um jeito figurativo; e eu dei um
gritinho totalmente vergonhoso saltando do colo do Jake e correndo pela sala.

Haviam tantas pétalas de rosa vermelhas e brancas espalhadas pelo caminho e a


maioria dos moveis fora retirada, enquanto uma grande cama havia sido montada na
sala, que era o maior comodo da casa, de modo que a residencia dos Black estava
agora, igualzinha a uma suíte de hotel. Nada tão cinco estrelas mas tão charmoso
quanto, talvez até mais.

- Caramba! - exclamou Jake que parecia não ter mais noção do que acabávamos de
encontrar do que eu tinha. Ouvi ele balbuciar um: - “Então era disso que ela estava
falando!” mas nem dei atenção. Apenas pulei na cama como se tivesse três anos
oura vez e tudo pareceu tão certo que eu até me esqueci de meu recente mau humor
e meus muitos problemas.

Nunca subestime o poder dos lençóis de linho egípcio que Marta com certeza tratou
de desempacotar de algumas malas que nunca abrimos.

- Eu não acredito que as garotas fizeram tudo isso e ainda assim arrumaram nosso
casamento. Elas são mais que amigas!!! - eu consegui dizer quando Jake arrancou
seus sapatos e sua camisa e veio se juntar a mim. Me aninhei de encontro ao seu
calor e beijei seu tórax exposto enquanto brincava distraída com meus dedos em
seu abdomem.

- Rachel me disse que nós temos dois dias! - ele quase ronronou de encontro ao meu
ouvido.

- Isso é sério? - eu parti minhas pernas e subi em cima dele, uma coxa de cada lado
de seu quadril.

- Muito sério! - ele deu seu grande sorriso matador pra mim e eu me senti
totalmente acordada como se não estivesse morta de cansaço e cheia de sono.

- Isso aqui tá mesmo lindo! - eu dei mais uma olhada ao redor notando agora
algumas velas e alguns ramalhetes de rosas em jarros de cerâmica branca
espalhados pelo aposento. E então me perguntei onde estariam todas as outras coisas
que compunham a casa.

- O que será que tem na cozinha? - Jake parecia levar seus pensamentos para os
mesmos padrões.

Saltei da cama e tratei de soltar a frente de meu vestido.

- Abre o zíper pra mim, amor. - eu pedi enquanto me livrava também dos enfeites de
cabelo e joias, deixando-os em uma comoda clara logo a frente da cama.

- É sempre um prazer! - Jake me atendeu prontamente e plantou um beijo no meu


ombro me fazendo arrepiar.
- Calma garotão, eu preciso de um banho! - sorri pra ele sem muita convicção
enquanto era mais uma vez colocada no colo, como uma boneca de pano, e levada
até o fim do corredor, para o banheiro que eu já conhecia mas que agora estava
quase tão arrumado quanto todo o resto.

- O que é isso aqui? - Jake balançava um pequeno frasco com o que devia lhe
parecer areia e sua expressão confusa quando se virou, me fez rir ainda mais com
aquela grande onda de contentamento que me tomava. Eu estivera me perdendo em
suas formas musculosas e suas costas perfeitamente delineadas em V, agora que ele
vestia apenas uma boxer branca.

- São sais de banho meu amor! Aposto que Rachel andou pesquisando bastante em
meu quarto e agradeço por isso.

Ele deixou o frasquinho onde o tinha achado.

- Traz pra mim! - eu disse enquanto fechava a torneira, vendo que a banheira já
estava quase totalmente coberta com água.

Tirei o roupão que achei em nossa “suíte”, logo quando me livrei do vestido, me
impressionando ainda mais com a riqueza dos detalhes aos quais Rachel se dedicara
e confesso que me senti um pouco esquisita só com meu conjunto de renda La perla,
agora que eu não tinha um abdomem tão reto quanto antes.

Não pude disfarçar meu constrangimento e abracei minha barriguinha de gravida já


muito saliente como se assim pudesse fazê-la sumir e então continuar atraente como
eu julgava ter sido. Jake obviamente percebeu e ele não é muito famoso por sua
delicadeza.

- O que está escondendo aí? - perguntou com uma pontada de divertimento que me
irritou um pouco.

- Nada... - eu desconversei.

- Não tá com vergonha de mim está? - ele sorriu ainda mais e eu comecei a ficar
realmente irritada quando pude ver através de seus divertidos olhos negros todo o
discurso do “não tem nada aí que eu já não tenha visto”.

- Pode se virar, por favor!? - eu confesso que exigi, na minha voz de poucos amigos.

- Não! - ele disse cortando um pouco seu divertimento e me avaliando mais


seriamente. - Você é minha mulher e eu já te vi nua! - disse então justamente o que
minha mente psicótica estava esperando para pirar completamente.

- Sai! - eu exigi mas não pude controlar o tom choroso que me dominou. De repente
nada mais parecia perfeito. Eu estava com medo e muitas coisas confusas
passeavam por minha mente, sendo que a maioria carregava o mesmo slogan de:
Você está realmente gorda e ele vai te odiar!
Nunca pensei que eu me sentiria tão pequena e tão pronta a abrir vergonhosamente
o berreiro. Mas para minha total surpresa, Jake apenas olhou-me carinhosamente e
ignorando minha birra veio até mim, sem sorrisinhos matreiros e sem qualquer olhar
de desprezo que eu pudesse temer.

Ele veio até mim e me abraçou na borda da banheira onde eu estava estática.

- Você é linda, sua boba! Você é a garota mais linda, sexy, cheirosa... - ele aspirou
meus cabelos – E a garota mais perfeita que qualquer cara poderia desejar. - e então
ele desatou habilmente o meu soutien enquanto dava novos beijos em meu ombro e
apertava levemente os meus seios, me distraindo, me subjugando e me fazendo tão
segura pelo simples fato de que ele me entendia, talvez melhor que eu mesma e ele
parecia me aceitar de qualquer forma.

- Você é minha! - ele me olhou sério demais por um momento. Seu desejo e seu
amor queimando em seus olhos escuros. - Não há nada que eu não faria por você e
por nosso filho. - e ele tocou minha barriga com carinho tirando-a do esconderijo de
minhas próprias mãos. - E eu pretendo ter você por quanto tempo você me quiser,
mesmo que você esteja com cinco, sete ou nove meses de gravidez, porque Sra.
Balck, você não tem ideia do quanto é GOSTOSA.

E eu tive que rir com essa. Fazendo minhas lagrimas caírem de alegria e não mais
por confusão. Até que meu marido, a quem eu poderia devolver o mesmo elogio, me
despiu por completo e me deu o melhor banho de banheira que eu jamais sonhei
tomar.

Jacob POV

Amelie dormia completamente relaxada em cima do meu peito enquanto eu via sua
face de anjo distender-se em pequenos sorrisos, durante o que me parecia ser um
sonho bom.

Dentro de um sonho era como eu me sentia, protegido por uma redoma onde nada
poderia nos atingir e nossa inevitável separação não parecia assim tão inevitável.

Minha casa estava irreconhecível e eu deveria agradecer eternamente à Rachel pelo


cuidado e dedicação com o qual arranjara, sabe-se Deus como, todo aquele lugar e
toda aquela situação para que nossa “lua-de-mel” não passasse em branco.

O telefone que estava ao lado da cama de casal e era a única coisa que nos ligava ao
mundo lá de fora, soou apenas uma vez antes que eu o atendesse, preocupando-me
em não acordar minha linda mulher adormecida.

- Jacob? - era a voz quase pesarosa de minha irmã.

- Oi Rachel, muito obrigada! - eu praticamente cochichei de encontro ao aparelho.

- Ah, eu só queria que vocês tivessem o seu tempo. Ela está dormindo? - perguntou,
percebendo que eu me esforçava para que minha voz não soasse completa.

- Sim, não quero acordá-la! Muito obrigada mesmo maninha, você é a melhor! - eu
insisti e pude ouvir uma risadinha do outro lado da linha que me garantia que
Rachel estava bastante feliz consigo mesma.

- Jake, eu odeio interromper mas vocês precisam se arrumar. A mãe dela estará aqui
em umas duas horas pelo que Marta me disse e nós já estamos todas prontas para... -
e ela não conseguiu terminar a frase, parecendo subitamente deprimida. - É isso aí
Jake, te esperamos aqui! - disse por fim e depois de mandar um beijo à Amelie ela
desligou, me tirando de dentro da minha redoma e me lembrando que a vida real
seguia seu curso e nada mudara lá fora embora tudo tenha se intensificado ainda
mais dentro dessas paredes.

Precisava acordá-la então comecei a beijar-lhe os cabelos, agora bem mais escuros
do que na época em que nos conhecemos, embora igualmente cheirosos e macios.

Quando meus beijos seguiram até o lóbulo de sua orelha ela resmungou e sorrindo,
ainda de olhos fechados, me puxou pela nuca, escorregando de cima de meu peito e
fazendo com que eu ficasse totalmente por cima de seu corpo.

Eu a beijei na boca, deixando minha língua brincar com a sua e ela ronronou antes
de sua voz rouca dizer:

- Bom dia marido gostoso!

Não contive o riso e me soltei um tanto dela para em seguida ser novamente
condicionado à me voltar sobre seus lábios quando ela continuou a agarrar os
cabelos de minha nuca. O beijo ficou mais forte e sua língua travava uma batalha
contra a minha.

Amelie partiu suas pernas e afastou o fino lençol que a cobria, encostando todo o
seu corpo em mim. Ela ainda estava completamente nua da ultima vez que fizemos
amor e seu sexo roçou o meu, já cheio de umidade, deixando-me completamente
exitado.

- Você é uma garota má, Sra. Black! - eu falei de encontro a seu ouvido enquanto ela
bufava algo incompreensível e levava às mãos ao meu membro rijo e
completamente sensível entre suas pernas.

- Fala menos e faz mais Jacob! - Mily disse com falsa impaciência enquanto me
guiava ela mesma pra dentro de si.

Gemi descontrolado sentindo seu sexo quente me apertar e me engolir inteiro e ela
arranhou meus braços quando eu teimei em estocá-la gentilmente.

- Vem Jake, você faz melhor que isso! - ela provocou enquanto eu tentava manter a
linha ali. Não podia mais me dar ao direito de libertar o animal em mim enquanto
ela estava carregando meu filho, mas a maluca não parecia se lembrar disso.

Levei uma das minhas mãos até seu sexo, bem próximo de onde nos uníamos e
comecei a estimulá-la enquanto aumentava minimamente a pressão sobre ela.
Amelie parou qualquer provocação, seus olhos se espremeram e sua boca abria e
fechava formando adoráveis caretas de prazer. Começou a se remexer e gemia
completamente entregue provando-me que aquela foi, de fato, uma boa ideia.

Tive de acelerar mais, me revezando entre estocadas longas e profundas, apertando-


lhe a carne alva dos quadris e beijando-lhe sofregamente até que ela explodiu e eu
fui logo em seguida.

- Precisamos nos arrumar, meu amor. - eu falei quando sai dela e a puxei para meu
lado. - Já é hora de irmos!

Amelie POV

E lá estava eu, sentada numa das poltronas do Jatinho da minha família do lado de
uma Kim completamente apavorada por estar andando de avião pela primeira vez na
vida. Se não estivéssemos todas muito mal-humoradas por termos nos despedido de
nossos Lobos a poucas horas atrás, eu talvez encontraria forças para rir dela.

Entramos em uma área de leve turbulência e pude sentir a pressão em meus ouvidos
e uma pequena sacudida na aeronave.

- Ai meu deus do céu! - Kim espremeu os olhos e juntou as mãos em seguida como
se rezasse.
- Ei, nós não vamos cair nem nada assim, relaxa! - falei sem paciência, embora uma
parte de mim se condoesse com sua situação.

Recostei-me em minha própria poltrona e pus a mão meio que inconscientemente


em cima de minha barriga. Quase pude sentir os lábios de Jake me beijando ali
quando se despediu de mim. Ele fez questão de levantar minha blusa e fazer toda
uma cena que eu acreditei que fosse levar minha mãe à uma combustão instantânea
além de já deixá-la completamente roxa de indignação.

- Eu vou te ligar todo dia minha linda! – ele prometeu com os olhos molhados me
fazendo segurar o choro de forma ferrenha para não derramá-lo perto de minha mãe.
- E você fica bem filhão! - ele falou com minha barriga ainda modesta se comparada
à de Emily que estava se despedindo de Sam à poucos passos de mim. - Fica
saudável aí dentro e não dá muito trabalho pra sua mamãe certo? - continuou como
se a criança já pudesse obedecê-lo.

Eu sorri para ele mas não consegui dizer nada alem do abraço apertado que
trocamos e um ultimo beijo desesperado.

É claro que a Sr. Clarissa Weelow, infelizmente conhecida como minha progenitora,
quase gritou comigo se esquecendo de toda sua pose e circunstancia, além de me
ameaçar varias vezes com o terrível: “Vou deserdá-la, mocinha”, assim que fixou
seus olhos em minha aliança e teve a confirmação de que eu realmente me casara,
de forma legal.

Mas nem mesmo a minha mãe foi capaz de continuar me atazanando quando deixei
meus olhos caírem e assumi minha nova voz, completamente sem vida lhe dizendo
um: “Faça o que você quiser” e lhe informando que todas as garotas estavam indo
conosco para Beverly Hills.

Depois disso entrei em um dos carros que meu Tio Oliver providenciou quando
ligou para Marta e foi informado do meu plano de levar todas as minhas novas
amigas comigo e segui direto para um aeroclube particular em Seatle de onde
partimos em um voou sem escalas com destino à quente, porem emocionalmente
gélida, L.A.

Minha mãe acabou tendo de morder a própria língua de cobra e vir junto sem dizer
mais nada, já que pareceu bem obvio que eu a jogaria pela janelinha do avião a
qualquer momento se ela se manifestasse outra vez sobre qualquer coisa relativa à
meu casamento, meu marido ou meu filho, quem dirá sobre as garotas que viriam
comigo e ficariam de hospedes em uma casa que também era minha e seria mesmo
se ela me deserdasse já que pertencera primeiramente à minha avó, já falecida e que
não teve tempo de me deserdar antes de morrer, conferindo-me tanto direito à
mansão quanto tinha minha mãe. Talvez até mais.
Jacob POV

Amarrei a bermuda na minha perna e me estiquei todo antes de me curvar para a


transformação. Podia sentir Quil e Embry fazerem o mesmo movimento a poucos
passos de mim, Leah um tanto mais afastada, enquanto Sam, Jared, Paul e os outros
garotos já estavam transformados, suas mentes conectando-se as nossas assim que
tomamos nossa forma animal.

Dentro de cada um de nós o medo e a saudade se fez presente mesmo que os


instintos mais primitivos gritassem pelo sangue do inimigo e nos deixassem
totalmente alerta quanto à iminente batalha.

Não estávamos caminhando para o confronto ainda, no entanto. Estávamos a


caminho de uma clareira na mata, exatamente situada entre as terras dos Cullens e
as nossas terras e lá teríamos nossa primeira “reunião” sobre o que viríamos a
enfrentar em algumas semanas, novamente juntos, como aliados.

Depois de um tempo relativamente curto de corrida, o mal cheiro nos mostrou que
estávamos perto o suficiente do ponto de encontro.

- Sejam bem vindos! - Carlisle Cullen falou amigavelmente enquanto um a um, eu e


meus irmãos saiamos da sombra das arvores e nos mostrávamos.

Junto ao clã de vampiros já conhecido estavam também outros vampiros, que eu


supus serem as tais “testemunhas” de que Bella falara, aliados para o tal momento
de diplomacia que precederia o provável massacre.

Nunca antes havíamos sequer os farejado e eles conseguiam ser ainda mais fedidos
que os Cullen, o que me fez perceber seus olhos vermelhos logo em seguida,
levando meus irmãos as mesmas conclusões e assim causando uma comoção dentre
o bando e muitos rugidos zangados até que Edward tomou a frente do pai e tentou
se explicar:

- Eles não estão caçando em Olympic! Nós estamos comprando sangue e estocando,
mas não é justo pedir a eles que adotem nossa dieta. Eles estão aqui para NOS
ajudar e somos agradecidos por isso. Não estamos em posição de recusar ajuda e
julgar nossos amigos!

Isso não ajudou muita coisa e os rugidos dos mais novos eram ainda mais intensos.
No entanto, Sam mandou que se calassem e eu não pude evitar de pensar que não
tínhamos realmente muita alternativa.

Quando esse pensamento se firmou a tristeza entre o bando era palpável mas
nenhum outro rugido de cólera se ouviu e a tal “reunião” estava novamente segura.

- Não podemos brigar entre aliados se quisermos uma chance! - o Dr. Preza voltou a
dizer e em seus olhos havia uma tristeza similar aquela que eu sentia em meus
irmãos.

Por respeito a ele, me sentei sobre minhas patas traseiras e me deixei cair naquele
solo para ouvir tudo oque eles tinham a nos dizer. Afinal, eu fora uma das pessoas
de quem ele cuidou quando precisei de seus serviços médicos e não estava em
discussão o apreço que aquele ser tinha pela vida humana.

Depois de nos informar com riqueza de detalhes sobre todas as visões de Alice e nos
apresentar aos “amigos” que compareceram dispostos à testemunhar a favor do filho
de Bella, eu me concentrei em Edward e pedi a palavra.

O vampiro me encarou acenando positivamente e comunicou a todos que eu iria


falar. Sam não se importou e eu, incomodado com o fato de aquele lá ficar
traduzindo o que eu dizia e editando ao seu bel prazer, avisei à Sam apenas em cima
da hora, que estava mudando de forma e falaria eu mesmo, com minha boca e
minhas palavras.

Em alguns segundos eu já estava de volta, com minha bermuda e um olhar mortal


do lobo negro sobre mim por não ter esperado seu consentimento quanto a essa
possível imprudência de minha parte.

- E aí sanguessuga! - cumprimentei sem poupar o sarcasmo e deixando claro a todos


que não precisaríamos de um interprete.

Evitei olhar para Bella que estava ao lado de seu marido e não tirava seus olhos de
mim, em uma vã esperança de estabelecer qualquer contato. Ela era uma maldita
egoísta que ainda por cima tinha se transformado em monstro por vontade própria.
O que ela esperava que eu fizesse: Corresse atrás dela emocionado para ter sua
amizade de volta? Ela me ferira o bastante e mesmo que Amelie tenha tirado
qualquer vestígio de Bella que pudesse estar ainda dentro de mim eu não queria me
reaproximar dela. Eu queria que ela fosse cuidar de sua vida bem longe de mim e
me deixasse finalmente em paz.

Pela expressão carrancuda do sanguessuga com meus pensamentos não parecia


concordar com a minha opinião sobre sua mulher. Rolei os olhos em impaciência e
me dirigi apenas ao Dr. Preza.

- Sr. Cullen, eu preciso avisar sobre um outro aliado que teremos em comum. - falei
me sentindo meio sem jeito ao encarar o vampiro que me olhava cheio de respeito e
que logo disse algo como “Por favor me chame de Carlisle, filho!”

Continuei com o que ia dizendo.

- Através de minha mulher, conhecemos um vampiro de nome Oliver e ele se


manifestou ao nosso favor. Ele e o seu clã se comprometeram com a luta. Achei
justo avisá-los antes que ele batesse a sua porta. - terminei por fim, ainda um tanto
constrangido em ter assumido minha aliança com o mais novo sanguessuga que
tentara me tomar a garota.

Foi inevitável pensar em Amelie e em seu sorriso molhado quando disse SIM
naquele altar improvisado e se tornou ainda mais a “minha mulher”. Com essa
imagem em minha mente engoli um pouco mais do meu orgulho e me dirigi à
vampira ao lado de Carlisle.

- Sra. Cullen, eu tenho certeza de que minha esposa agradeceria muito por sua ajuda
em nosso casamento se estivesse aqui. Eu agradeço também! - disse ainda mais sem
jeito.

- Oh querido, foi de coração. Tudo o que precisar, estaremos aqui. Sei que não é
agradável para vocês estar em contato conosco mas nós é que agradecemos por
aceitarem essa aliança, pela segunda vez! - a mulher dizia com sinceridade nos
olhos enquanto me fazia realmente pensar em como uma fria conseguia ser tão terna
e maternal enquanto a mesquinhez e maldade de minha sogra me saltavam ao
pensamento.

- Jacob... - Bella tentou falar mas eu praticamente agradeci ao Cullen quando a


refreou com o olhar. Eu não desejava nenhum dialogo com ela.

Dando por encerrada qualquer comunicação com o nosso novo grupo favorito de
“amiguinhos”, me pus a mudar outra vez de forma e pude ir embora com meus
irmãos escutando os resmungos de Sam sobre minha neglicencia e impulsividade, e
claro, não deixando de pensar nem por um segundo em minha linda e geniosa
patricinha e no que ela estaria fazendo, junto a todas as outras garotas, agora que
certamente já teriam chegado à ensolarada Califórnia.
Amelie POV

Olhei pro meu quarto, lindo, intacto e completamente compatível com o que eu
mereço e senti falta de tudo, como se toda a seda, o linho egípcio e o requinte não
me fizessem nem remotamente feliz, como um certo índio em uma barraca de lona
fez um dia.

Respirei fundo e reorganizei as ideias, pois se eu ia para a escola no dia seguinte,


gravida de quase quatro meses com uma barriguinha bem saliente e uma grande
aliança no dedo eu teria de endurecer um pouco o que andei amolecendo em La
Push e teria que deixar a Srª Weelow tomar conta de mim mas uma vez, se eu
quisesse sobreviver àqueles corredores.

Conhecendo pela primeira vez na vida a fraqueza, fiz aquilo que todo fraco faz
primeiro:

- Kim!!! - gritei minha melhor amiga, que dessa vez não era só uma vadia
interesseira e sim uma pessoa que me aturava e gostava de mim por tudo o que eu
era. Logo ela estava ali, com sua carinha de assustada e pronta à me ajudar.

Abracei Kim bem forte e ela me correspondeu e então eu me ouvi dizer uma coisa
que se parecia muito pouco comigo ou com o “eu” que eu sempre conheci:

- Dorme comigo aqui? Essa cama é grande demais!

E ela sorriu pra mim como quem pensa o mesmo e nem precisou dizer nada pra que
eu percebesse que ela estaria ali pra mim em qualquer momento.

No dia seguinte, tudo foi muito corrido já que Rachel e Emily decidiram que todas
nós iriamos ao médico o mais rápido possível, pois só Emily fazia pré-natal e já
estava mais que na hora de todas nós seguirmos essa mesma direção.

Claro, eu e Kim íamos à escola também, e pela cara de Marta, isso era bem
inegociável. Uma boa coisa pelo menos foi notar ou melhor, não notar, minha mãe,
mais conhecida como a grande serpente, em nenhum lugar da casa.

Eu sabia que ela estava tramando alguma coisa porque não seria Clarissa Befart-
Weelow se não estivesse e eu admito que aqui, longe de Jake, onde me sentia
totalmente insegura, eu temia o que ela pudesse fazer a mim e a meu bebê.

Vesti meu uniforme com aquele brasão, antes tão conhecido e ouvi um engraçado
suspiro de Kim enquanto ela se olhava no espelho do closet logo atrás de mim.
- Você poderia imaginar que eu estaria vestindo uma dessas coisas algum dia! - ela
sorriu sem graça e eu notei todo seu embaraço, me identificando mais com ela do
que devia. - Isso aqui diz “Escola Particular” tão alto! - ela disse e eu percebi com
um sorriso que eu também a influenciara um pouco no fim das contas, já que esse
tipo de comentário não costumava vir da Kim mega tímida que eu de incio conheci.

- Coloca esses sapatos aqui. - estendi pra ela um par Manolo Blahnik que eu
comprara antes de ser exilada em Washington e nunca tivera a oportunidade de usar.
Não estavam passados já que eram de uma coleção vintage super cobiçada e com
certeza fariam todos abrir caminho pra ela, mesmo na Abermonth Academy.

- Ah Mily, não sei se posso... - ela começou a recusar daquele jeito vergonhoso dela
e eu a olhei com meu melhor olhar de “Isso é uma ordem” calçando meus sapatos
Prada exclusivamente encomendados para mim.

Estávamos prontas antes do tempo e nos olhávamos com uma compreensão mutua
de que aquilo ali não seria fácil ou agradável.

Na mesa do café encontramos Emily com a pequena Claire no colo e Rachel


conversando com Marta enquanto essa se mostrava muito incomodada em se sentar
à mesa dos “patrões” como eu dissera que ela se sentaria de agora em diante, logo
quando chegamos.

- Amelie, nós conseguimos marcar as consultas e vamos buscar vocês assim que
terminarem as aulas. - Rachel falou quando apontamos na sala de refeições.

Eu assenti, sempre impressionada com a competência da minha querida cunhada e


quando disse isso em voz alta eu pude ter certeza que as bochechas naturalmente
avermelhadas de Rachel se destacaram ainda mais tingidas, deixando-a ainda mais
bonita.

Entramos no Mercedes que John, o motorista, sempre conduziu para levar-me a


escola e não pude deixar de sentir um comichão a respeito de estar voltando para
“casa” depois de ter minha vida completamente virada de cabeça para baixo e em
minha opinião mais justa, totalmente mudada para melhor por mais que o meu
amado marido estivesse a alguns estados de distancia prestes a lutar com algumas
criaturas míticas terríveis que nunca poderiam voltar a ser um mito para mim.

Kim POV

Aquilo era tão estranho. Quer dizer, eu estava em um carro super chique sentada no
banco de traz com Amelie enquanto um homem que eu não conhecia nos levava ao
colégio e nos tratava, nas raras vezes em que se dirigia a nós duas, por Srtª acrescido
de nosso ultimo nome. Completamente surreal para a minha realidade.

No dia anterior quando chegamos à mansão onde Amelie morava, porque qualquer
coisa menos que “mansão” era insultar aquele lugar; ela me surpreendeu
completamente pedindo para que eu dormisse com ela. Eu fiquei tão feliz, porque eu
estava tão sozinha e eu sentia tanta falta de Jared e de minha casa, mesmo que meus
pais estivessem meio brigados comigo por conta da gravidez.

O carro parou em frente a um muro alto de pedra e eu vi um portão de ferro se abrir


para que entrássemos. Foi quando o estacionamento surgiu, apinhado por um monte
de carros brilhantes que eu só vira na televisão.

Me sentia completamente impropria naquele uniforme e usando aqueles sapatos


caros demais. Aquilo ali não era pra mim e eu não pude me impedir de abaixar a
cabeça quando o motorista veio abrir nossa porta.

- Olhe pra cima Kim, eles são só um bando de garotos infelizes. - Mily me cutucou,
reconhecendo meu medo e me repreendendo instantaneamente.

Concentrei toda a minha coragem no simples gesto de olhar para frente e Amelie
pegou o meu braço enroscando no dela e fazendo com que andássemos juntas pela
escadaria que se estendia diante de nós.

Íamos subindo, ou Amelie ia enquanto eu me firmava em sua confiança, quando


uma garota barrou nossa passagem. Ela era alta, muito magra e loira e sua expressão
era tudo menos amigável.

- Hora, Hora... E a boa filha a casa torna! - disse a garota enquanto Mily a encarava
com um olhar que eu não quereria ter sobre mim se fosse ela.

- Vejo que a sua má educação não foi concertada, querida! Pode nos dar licença, por
favor!? Estamos passando se não percebeu. - Amelie tinha uma voz tão doce e
calma que contrastava completamente com o aperto de ferro que ela agora exercia
em meu braço. Aguentei calada e tentei por tudo não abaixar minha cabeça para as
outras três garotas que estavam paradas próximas à loira.

- Mily, amiga, você precisa se livrar desse mal humor matinal, os rapazes odeiam
esse tipo de gênio assim logo de manhã! - a garota continuava a barrar nossa
passagem e eu senti Amelie respirar fundo e mudar o peso de uma perna para a
outra em uma tentativa clara de se controlar enquanto todo o seu corpo parecia
querer cair em cima da outra garota.

Isso não ia dar certo.


Amelie POV

Assim que chegamos na Abermonth Academy me preparei para o pior embora


estivesse admitindo pra mim mesma que adoraria que nada acontecesse.

Eu e Kim saímos do carro e eu garanti que ela não iria se portar como coitadinha já
que a primeira coisa que você pode fazer para fracassar na escola é se portar como
coitadinha. Você será realmente uma coitada tão rápido quanto aprenda a dizer “Por
favor, não!”

Para minha completa falta de sorte, no entanto, Trace já estava ali logo na escadaria
e ela obviamente começou uma conversa pretensiosa e imbeciloide tentando mostrar
quem era o grande chefão quando eu obviamente não voltei das férias de Natal para
reclamar meu posto.

- Hora, Hora... E a boa filha a casa torna! - dizia ela se achando inteligente enquanto
eu rolava meus olhos e sentia raiva por ter de olhar na cara dela.

O que era aquilo afinal? A vadia já começou apelando para citações bíblicas? “As
coisas realmente decaíram por aqui” - não pude me impedir de pensar.

- Vejo que a sua má educação não foi concertada, querida! Pode nos dar licença, por
favor!? Estamos passando se não percebeu. - optei por ser rápida e demonstrar meu
desprezo em continuar em sua companhia por mais tempo que o estritamente
necessário.

- Mily, amiga, você precisa se livrar desse mal humor matinal, os rapazes odeiam
esse tipo de gênio assim logo de manhã! - ela disse e eu vi tudo vermelho quando
percebi que ela não ia sair dali quanto tudo o que eu verdadeiramente queria era ser
deixada em paz.

“- Quem você esta chamando de amiga, sua vagabunda?” - foi o que eu quase gritei
pra ela, mas eu sabia que nunca você vence um embate com uma biscate como a
Trace, descendo ao mesmo nível que ela, afinal, gente assim pode sempre ir mais e
mais baixo e tudo o que eu e meu bebê não precisávamos agora era de uma louca
como ela fazendo nosso sangue ferver e nossa boca se sujar com alguma ofensa
barata. Então o que eu obviamente disse foi:

- Concordo completamente com você “AMIGA”, lembro-me muito bem do Luke


reclamar que acordar ao seu lado era como acordar ao lado de um dragão com TPM.
- e então permiti que um sorriso maligno passasse por meus lábios deixando-a
ainda mais encanada. - E só para que você saiba, antes que precise fofocar o
suficiente para descobrir, agora é Srª e não Srtª porque pra você já não era mais
Mily, há muito tempo, “QUERIDA”!

E imediatamente comecei a procurar uma brecha em seu ridículo cerco a Kim e eu


para que minhas palavras a deixassem no chão tempo o suficiente para que eu
escapasse dali, já que esse tipo de embate nunca foi vencido de fato pelo maior
numero de respostas mas sim pela pessoa que conseguiu ter a ultima palavra e a
minha já estava dada.

Kim POV

Eu estava afoita e meu coração estava disparado. A Amelie é doida isso sim! Não
que eu já não soubesse disso mas o que sinceramente ela acha que seria da gente
agora depois de declarar toda essa guerra contra a menina loira? E eu percebi que
ela não estava apenas ganhando como de costume. Algo parecia se partir nela
quando falava com a tal de Trace. Me lembrei que esse era o nome da garota que ela
costumava chamar de “melhor amiga” e tive ainda mais medo da situação.

- Você não quer uma água? - perguntei quando nós duas já estávamos distantes e ela
estava levemente ofegante com um olhar baixo e resignado que me alarmou.

- Não exagera Kim! - ela se recompôs. - Aquela vadia não significa mais nada pra
mim. - disse muito decidida, embora a ponta de ressentimento fosse clara.

Não me importei com o que ela faria comigo ou se me afastaria e mesmo assim
avancei até ela e a abracei. Mily pareceu mais surpresa impossível mas isso não fez
ela me afastar como eu esperava e sim, colocou sua cabeça no meu ombro deixando
um longo suspiro sair, rindo levemente depois, um riso nervoso.

Antes que eu pudesse falar em voz alta o que esperava que ela estivesse sentindo
naquela momento:“Eu estarei aqui para você, sempre” alguma coisa tremeu entre
nós duas e começou a tocar uma musiquinha animada que soava como OhOhOohh.

- É o Jake! - ela gritou como se tivesse a mesma idade da Claire e eu não poderia
julgá-la por isso quando uma saudade ainda mais palpável do meu Jared me invadiu.

- Ah, é só uma mensagem! - ela parecia um pouco menos animada mas eu aprovei
totalmente o sorriso que nasceu em sua face e as rugas de preocupação que se foram
como se não tivéssemos passado por nada estressante.

Ela virou o visor pra mim e eu pude ler a mensagem, aproveitando eu mesma a
minha parte de alegria.

(De: Jake --- Para: Mily

Tô morrendo de saudades da minha patricinha!!! Tá tudo bem por aqui. Não se


preocupem, nenhuma de vocês! Cuida bem do meu coração, Srª. Black!!!
Jared manda dizer à Kim que ela não vai mais escapar, ele vai fazer dela uma
mulher honesta em muito breve.)

Eu tinha lagrimas nos olhos de saudade e de contentamento pelo que acabava de ler.
Eu não estava mais tranquila quanto ao perigo que eles enfrentariam mas pude
perceber que, assim como Amelie, eu estava muito feliz por terem se lembrado de
nós assim no meio do dia, sem um proposito aparente. Com toda essa distancia
significava ainda mais.

- Amelie Weelow? - uma voz masculina perguntou com o que parecia real surpresa e
eu me virei para ver Mily cumprimentar um garoto loiro que parecia um daqueles
modelos de marcas famosas. Ele olhava pra ela com olhos arregalados intercalados
entre seu rosto e seu ventre levemente saltado na camisa de uniforme. Esperei
sinceramente que ele não fosse mais um “amigo da onça”.

Amelie POV

- Amelie Weelow? - A voz de Luke me abordou enquanto eu ainda tentava engasgar


o choro pela mensagem do Jake. A saudade corroendo e por um instante eu pude
jurar que meu bebê mexera mas foi tão suave que poderia muito bem ser fruto da
minha imaginação.

Tratei de me recompor e erguer a cabeça a tempo de vê-lo intercalar olhares


confusos do meu rosto à minha barriga levemente saltada e novamente ao meu
rosto.

- Luke! É sempre bom vê-lo, espero que esteja tudo bem! - falei apertando sua mão
e lhe concedendo os dois beijinhos na bochecha que a educação pede quando
estamos em frente a uma pessoa que conhecemos por quase toda a vida.

E me lembrei imediatamente da ultima vez que vi Luke e mesmo que a saudade me


apertasse tive de conter minha risadinha quanto à facilidade com que Jacob livrara-
se dele. Percebi que o garoto agora mirava minha aliança e a ruga em sua testa
aumentou enquanto seus olhos arregalaram.
-Então Trace estava dizendo a verdade! - ele exclamou esquecendo-se dos bons
modos com a mesma rapidez que sua pretendente vagabunda, minha ex-amiga.

- Se você se refere à minha aliança... Os rumores que certamente ouviu são


verdadeiros, não que seja do interesse de qualquer pessoa aqui presente. - disse com
meu melhor sorriso amarelo enquanto Kim arregalava os olhos pra mim no que
percebi claramente como uma repreensão muda por minha audácia em alfinetá-lo já
de cara.

- Eu não posso... - ele já ia falando qualquer outra coisa que eu não tinha nenhuma
necessidade de ouvir e não estava interessada tão pouco quando o grande sino do
colégio badalou providencialmente tirando-me qualquer obrigação de continuar a
aturá-lo.

- Desculpe querido, precisamos ir não é Kim?! - virei-me para ela que felizmente
balançou a cabeça em afirmativa rápido o suficiente. - Nos vemos por aí! - acenei
enquanto já me punha a caminho da primeira aula.

É claro que Marta ligara na escola e pegara os nossos horários, impedindo assim que
nos detivéssemos na salinha da secretaria por tempo indeterminado dependentes da
boa vontade de um funcionário enquanto aturávamos todos os olhares sobre nós. Eu
conhecia bem a sala para a qual Kim e eu íamos agora, já que nossos horários eram
completamente idênticos como uma exigência minha a diretoria que logo foi
acatada.

Passei pela porta e percebi que o professor já se encontrava em sua mesa. Olhei para
Kim por um momento. Ela estava branca e suava um pouco nas têmporas. Segurei
em sua mão como se ainda fossemos crianças e a apertei com confiança sorrindo
para ela com sinceridade e cheia de esperanças. Tudo que eu pensava é que deveria
protegê-la dessas pessoas.

E então eu percebi que nós ficaríamos ambas bem justamente porque passaríamos
por tudo isso juntas. Kim já me era muito mais que uma amiga, e, no momento em
que eu finalmente reconheci aquela sensação antes impossível, fui capaz de nominar
seu significado em minha vida.

Aquela garota de La Push, meiga e extremamente simples, ao mesmo tempo que


podia ser leal e até destemida, era pra mim, uma irmã. A irmã que eu nunca tive.

Uma irmã que sempre me faltou!


Arma Secreta

Jacob POV

O treinamento se intensificava a cada dia. Sam e eu estávamos levando os garotos e


a nós mesmos para um outro nível. Experimentávamos nossas habilidades até o
máximo da exaustão e não poupamos nem mesmo os mais novos ou Leah - não que
Leah fosse aceitar algum cavalheirismo de nossa parte – Foi uma decisão difícil mas
acatada pela maioria, de que se essa luta era a nossa única chance de sobreviver e
proteger aqueles por quem lutaríamos até o ultimo suspiro, todos que pudessem
combater estariam combatendo e teriam assim sua chance de revidar.

Estávamos aceitando alianças com vampiros, afinal de contas. Alguns deles


totalmente desconhecidos. Não é como se pudéssemos dizer aos mais jovens que
eles deveriam ficar em casa com suas mães.

Os Cullen e seus aliados também se mantinham ocupados. Ainda mais ocupados


que o bando, pelo que pude perceber nas informações que chegavam para mim
através de Seth, que oferecera-se para ser uma ligação entre nossa matilha e o clã
deles. Oliver foi outro que apareceu com meia duzia de sanguessugas estranhos e se
alojou permanentemente na mansão dos Cullen como um convidado especial. Eu
não queria admitir mas ele estava trabalhando duro também, tentando por tudo
reverter o desastre Volturi que estava prestes a cair sobre todos nós.

Levantei minha cabeça do grande emaranhado de mapas postos sobre a mesa da


cozinha de Sam, onde tentava planejar rotas de fuga para uma possível emboscada
caso chegássemos à um confronto direto – a vidente dos Cullen, antes de abandonar
o barco tinha deixado o aviso de onde as sanguessugas italianas chegariam para nos
pegar e muita estrategia estava sendo montada com base nisso, por todos, cada um
fazendo sua parte no lado do território que mais conhecia.

- Ei Jake, você precisa dormir! - Jared se encostou na divisão entre a cozinha e a


sala e deu um grande bocejo. Ele era outro que deveria estar seguindo esse
conselho.

- Você já trocou de turno com o Paul, vá você dormir! - encontrei minha voz para
responder, desconhecendo cada vez mais esse meu novo tom sem esperança, sem
vida e sem motivação. Tudo que eu era desde que minha Amelie fora embora
levando meu filho e meu coração com ela.
- Cara, eu também tô morto de saudades! - Jared me olhou sério e pareceu ler cada
um de meus pensamentos mesmo que ele não pudesse estar fazendo isso, de fato, já
que não estávamos transformados.

- Vocês nem vão acreditar no que tenho pra dizer! - Seth entrou pela porta dos
fundos como se fosse natal outra vez e parecendo plenamente acordado mesmo que
fosse o meio da noite.

Eu e Jared o encaramos.

- Oliver vai emprestar o jatinho dele. Vocês vão encontrar as garotas na Califórnia
para o fim de semana. Foi tudo ideia da Bella. - o garoto despejou como se estivesse
dando a noticia que terminaria com a guerra.

E por mais que ele não estivesse, tenho de admitir que pra mim foi mais ou menos
como isso. Já que tudo o que eu pude realmente ouvir foi que pelo visto eu veria a
minha Amelie outra vez, antes do fim. E mesmo que eu fosse dever mais alguns
favores para alguns inimigos mortais eu poderia até abraçar aquele garoto por ter me
dado aquela noticia e eu faria mesmo isso se Jared não tivesse surpreendentemente
pulado na minha frente antes para fazer o mesmo.

Amelie POV

A primeira semana no colégio não foi nada fácil, mas eu podia dizer que me
orgulhava de como Kim estava enfrentando tudo. Depois de um começo meio
desastroso cheio de cabeças baixas e suspiros vergonhosos ela pareceu bem mais
confortável em dividir comigo o martírio de todas as manhas e, infelizmente,
metade das tardes.

Tracy e sua turma não deram descanso e em mais de uma ocasião eu vi a própria
Kim desarmá-las com sua fala justa e humilde mas ainda era estranho ver o quão
pouco elas nos afetavam.

Quando diziam coisas como: “Você nos surpreendeu Amelie, ninguém pensava
realmente que fosse acabar gravida de um índio pobretão antes de terminar o
secundário” ou “Eu posso vender um dos meus Prada's para ajudar à criar sua
pequena família miserável, porque eu sempre fui caridosa com os necessitados” eu
não me importava realmente, e era algo incrível me virar para Kim e ver que pra ela
também não fazia a minima diferença quando ela sorria para mim de volta e eu
podia ler no seu sorriso que ela estava pensando no quão vazias e dignas de pena
aquelas garotas eram.

Eu estava agora sentada na minha cama olhando a foto da minha primeira


ultrassonografia e não pude me impedir de sorrir muito boba como se estivesse
prestes a ir as lagrimas outra vez, como no dia em que fiz o exame.

Era tão fácil me lembrar.

Rachel e Emily nos esperavam junto ao carro do motorista na saída da escola já


naquele primeiro dia e então, depois de uma breve passada em casa, todas nós
fomos à consulta juntas.

Era uma clinica particular que atendia membros da minha família à gerações e por
isso fomos permitidas à assistir o exame uma das outras. É claro que eu via no rosto
delas o mesmo que eu sentia em meu coração. A falta absurda dos nossos lobos e o
pensamento de que não teria ninguém no mundo com quem gostaríamos de dividir
aquele momento mais do que gostaríamos de dividir com eles. Mas nós nos viramos
muito bem, afinal.

Pegamos minha câmera de vídeo semi-proficional, que estivera esquecida no fundo


do meu closet e era usada para filmar bebedeiras e baladas do meu passado não tão
distante e fizemos um verdadeiro documentário de nossas consultas para mostrar a
eles quando voltássemos para casa. Afinal, aquela era a primeira vez que eles
veriam seus filhos também.

Ao fim da tarde cada uma pegou a foto de seu bebê e ficamos babando no bebê da
Emily que era o mais grandinho e o único que já parecia realmente com um bebê e
não com um grande borrão de tinta. Mas um adorável borrão de tinta, é logico.

Depois eu dei a grande ideia para o fim daquele dia que havia saído, muito melhor
que o planejado e fizemos as nossas primeiras compras para os bebês. Menos a
Emily que já tinha começado a comprar algumas coisas, mas ela entrou na festa e
comprou sapatinhos que era, segundo ela, uma coisa que definitivamente não tinha.

Passamos pelo mesmo momento de sempre onde meu cartão de credito platina
pagou tudo enquanto elas resmungavam e não aceitavam nada até que eu insistisse
quase às lagrimas que elas ficassem com os presentes assumindo publica e
vergonhosamente que se não fosse por elas ali comigo eu não saberia nem como
levantar de manhã e então elas deviam deixar que eu agradecesse do jeito que eu
sabia agradecer.

Coloquei a foto do bebê bem segura dentro do álbum de fotos do meu casamento
que Rachel me dera ainda no avião, na vinda para cá, enquanto eu arregalava meus
olhos por ela ter conseguido mais essa façanha e foi o tempo certo para que minha
querida cunhada abrisse a porta e colocasse apenas seu rosto para dentro do quarto
enquanto me procurava com os olhos.

- Ei Rach! - falei para que olhasse logo pra mim.

Ela sorriu e entrou, sentando-se ao meu lado e parecendo um tanto inquieta.

- Você tem visita. Marta pediu pra que eu te chamasse. - ela disse com um sorriso
meio amarelo e eu me perguntei quem seria minha visita para causar em Rachel essa
reação.

Resolvi acabar logo com o mistério e sai do quarto, descendo as escadas para
encontrar quem é que fosse.

Não posso dizer que esperava por aquela visita.

Bella Cullen POV

- Mais uma vez, vamos Bella, você consegue! - Katy gritava comigo na tentativa de
me motivar.

Perdi mais uma vez o controle de meu corpo imortal até então muito imbatível e vi
Edward rugindo para ela. Quase fui aos meus joelhos e meu escudo mental
evaporou no ar como uma cortina de fumaça.

- Você não vê que a esta forçando de mais? Ela está sentindo dores físicas. - ele
rugia como o monstro perigoso que supostamente era e eu podia ouvir Katy Denali
se defender sem muito medo dizendo apenas que se eu quisesse estar pronta para a
batalha deveria treinar com mais afinco ou o meu dom mental, descoberto assim que
me transformei, não seria de grande ajuda para nossa causa se não estivesse
totalmente desenvolvido.

Eu concordava com ela, é claro, mas para impedir que Edward arrancasse a cabeça
de um de nossos mais valorosos aliados quando tínhamos tão poucos em frente ao
grande numero dos Volturi, eu fiz um sinal para Katy de que já chegava por aquele
dia e ela pareceu suprimir um muxoxo indignado quando eu fui delicadamente
conduzida até a sala da mansão e colocada no sofá como se eu realmente precisasse
descansar.

Meu marido parecia apegado demais à ideia de que eu era frágil mesmo agora que
eu era até menos frágil que ele por ser uma recém-nascida e ter mais força que meu
cunhado Emmett que era sabidamente o vampiro mais forte da casa.
Meu pequeno E.J. pulou em meu colo segurando seu grande copo de sangue
humano e minha garganta ardeu mais eu segurei firme a vontade de avançar em sua
comida. Ele era a criança ali e eu caçaria mais tarde com os demais e me alimentaria
dos não-tão-apetitosos animais como a adulta que eu supostamente era.

- Já disse que não deve treinar tão forte, pode até fazer mal aos seus progressos,
sabe... - Edward já ia passando seu velho sermão quando uma súbita vontade de sair
dali me abateu. Lembrei que havia prometido à Charlie uma visita e seria
reconfortante poder vê-lo uma ultima vez antes do conflito.

Me arrumei, Edward entendeu e E.J. ficou com Rosalie para que eu fosse ver meu
pai, e então, quando eu estava virando a rua de minha antiga casa, meu celular tocou
e era ninguém menos do que Alice.

- Bella, escute com atenção, nós não temos muito tempo. Eu não abandonei vocês, é
claro, mas ninguém pode saber, ou Aro saberá... - e eu entendi na hora o porque de
ela estar ligando para a única pessoa da família de quem ninguém poderia ler nada,
afinal minha mente era trancada desde que eu era uma simples humana. Eu poderia
manter esse segredo. Ela continuou: - Consegui uma testemunha infalível para nós.
Ele é um garoto meio-vampiro como E.J., mas ele já tem 150 anos e é a prova de
que sua raça é ainda mais rara que a nossa mas não constitui nenhuma ameaça. Com
ele os Volturi não terão argumentos pra nos atacar, mas eu tenho tido visões muito
estranhas que me dizem que nem assim estamos a salvo. Nessas visões há uma
garota humana, um vampiro e uma outra moça que me parece ser uma vampira
também, embora eu quase não consiga vê-la. Algo está acontecendo e eu não posso
ver um jeito de interferirmos à nosso favor mas eu quero que você faça algo por
mim. Vá caçar perto da fronteira Quileute com Edward hoje. Quando eu vejo vocês
se aproximando desse lugar, as coisas começam a fazer sentido.

E então ela desligou, me deixando mais desnorteada do que eu estava antes e


fazendo com que eu adiasse a visita à Charlei e voltasse para casa.

Edward POV

Bella parecia tremendamente abalada desde a visita à Charlie e eu estava agoniado


em vê-la daquele jeito por mais que ela tenha recusado conversar comigo sobre o
assunto. Era definitivamente irritante não poder ler sua mente como todas as outras.

Ouvi um padrão de pensamentos agora bem conhecidos alcançarem a mansão e


percebi que Oliver trouxera mais um amigo. Levantei-me do piano onde estava
sentado, me distraindo com uma melodia e observando Bella brincar com E.J. logo
à minha frente e decidi dar as boas vindas ao visitante já que Carlisle estava no
hospital e não poderia fazê-lo.

- Oi Edward! - Oliver cumprimentou amigavelmente e em seus pensamentos eu vi


que considerava sua amiga a nossa maior aquisição. - Está é Nímade. - ele
apresentou em seguida a alta, esguia e bela moça de cabelos cor de mogno muito
curtos, praticamente masculinos.

- Por favor me chame de Nina, minha mãe tinha um senso de humor muito toxico. -
ela deu um sorriso brilhante e eu lhe estendi a mão em educação.

Bella já estava à meu lado quando os convidei para entrar e disse à Oliver para se
sentir em casa.

- Nina concordou em nos ajudar contra os Volturi. - Oliver expôs.

- Eu tenho problemas com aqueles crápulas italianos à anos e adoraria uma chance
de derrotá-los e Oliver sabe que eu não fujo de uma boa briga então... - a moça
sorriu e tirou um pequeno cantil de metal de dentro do bolso interno de seu
sobretudo dando uma grande golada. Eu podia sentir o cheiro de sangue fresco e me
controlei ao máximo para não demostrar nenhum desagrado.

Os pensamentos dela eram diferentes de qualquer coisa que eu havia lido. Eu estava
escutando algo de sua mente com certeza, mas eu não poderia dizer nada alem de
algumas palavras como se alguém houvesse ligado o radio em uma estação errada e
uma especie de chiado estivesse interferindo com tudo.

- Você está dando dor de cabeça à Edward, Nina. - Oliver que também era telepata
embora segundo ele, não tão competente quanto eu, olhou para a moça com o que
pareceu uma repreensão quase divertida.

A tal Nina jogou a cabeça para traz e gargalhou gostosamente.

- Me desculpe por isso. - disse com sinceridade e então agora eu não podia ouvir
nada, nem mesmo o chiado e as poucas palavras esparsas.

- Como fez isso? - Não consegui me impedir de perguntar.

- Lancei um feitiço em mim mesma que impede que qualquer paranormal penetre
em minha mente. Você estava sendo confundido por esse feitiço e eu precisei apenas
me concertar para que ele te bloqueasse totalmente. - ela explicou como se falasse
sobre o clima.
- Feitiço? - dessa vez foi minha Bella que perguntou tão boquiaberta quanto eu.

- Nina é uma das ultimas bruxas de uma linhagem antiga e poderosa que sobreviveu
a grande caça em Salem... - Oliver ia dizendo.

- E também sou uma boa ovelha negra que não satisfeita com minha condição ainda
encontrei um vampiro disposto à me transformar. - ela rebateu fazendo com que ele
fizesse uma careta.

E então eu ouvi na mente de Oliver o que de fato parecia dizer a ele que aquela
garota era nossa mais forte aliada. Ela era capaz de conjurar os mais poderosos
feitiços, feitiços esses que afetavam tanto vampiros quanto humanos e ela tinha
muitos truques na manga e um grande ressentimento por Caius Volturi que viria a
calhar milagrosamente.

Quando já havíamos apresentado à nossa nova convidada aos meus irmãos e os


outros vampiros presentes, Bella manifestou a vontade de caçar e Nina ficou
encantada com a ideia de experimentar sangue animal como se tudo fosse engraçado
demais. Oliver acabou nos acompanhando e por alguma razão a mim totalmente
desconhecida, Bella acabou nos levando para os limites da fronteira com os lobos.

Seth POV

Estava substituindo Brad e Collin na ronda, passando mais uma vez pela nossa
fronteira com os Cullen quando captei um cheiro desconhecido. O bando fora
forçado a reconhecer o cheiro de cada um dos novos vampiros aliados e por mais
que eles tenham se comprometido à não ultrapassar a fronteira esse era o nosso jeito
de garantir que nenhum mal entendido acontecesse.

Esse cheiro eu tinha certeza que não farejara antes então ignorei os cheiros
conhecidos de Edward, Bella e Oliver que deviam ter passado por ali mais cedo e
me pus em perseguição. Minha mente não estava muito focada, admito, já havia um
tempo eu ficava me lembrando da tristeza nos olhos e pensamentos dos garotos que
estavam longe de seus imprintings, sentindo minhas mãos atadas e sofrendo junto
com eles.

Assim que cheguei no alto de um rochedo e avistei o riacho que fazia a divisa de
nossas terras com as deles, avistei um grupo inusitado e o cheiro se mostrou ser o
cheiro de um de seus integrantes. Sabendo que estava entre aliados, e entre amigos
quando identifiquei Edward e Bella. mudei minha forma e pus minha bermuda.
- Espero não ter invadido o território, Seth! - Bella foi a primeira a dizer com uma
voz baixa e parecendo realmente preocupada.

Dei de ombros e expliquei que ainda estavam na fronteira, nem lá, nem cá.

- Isso é incrível! - a garota desconhecida que eu tinha farejado estava me secando. -


Então eles ainda existem, eu jurava que tinham virado lenda! - ela virou-se para
Oliver e ele assentiu com a cabeça enquanto ela voltava a me olhar com admiração.

- Nós vamos nos afastar Seth, pode deixar! - Edward garantiu quando viu em meus
pensamentos que para mim aquela aproximação não era problema mas que se fosse
qualquer outro dos garotos do bando eles poderiam ter se desentendido.

- Como ele está Seth? - Bella perguntou de repente e eu sabia que ela estava falando
de Jake, e como ele sempre evitava conversar com ela, a mais nova Cullen
costumava pedir noticias a mim.

- Você sabe, daquele jeito...- deixei escapar enquanto Edward me lançava um olhar
condescendente. - Todos sentem muita falta das garotas! - disse querendo sair dali
logo, pois aquela conversa me soava um tanto estranha.

- Se tivesse algo que pudêssemos fazer... - Bella franziu o senho e pareceu muito
humana com essa expressão.

- Do que eles estão falando? - a garota estranha perguntou baixinho para Oliver,
como se algum de nós ali não fosse capaz de ouvir até mesmo o seu menor sussurro.

- As companheiras estão todas longe, em segurança. O bando sente a falta delas e


isso o preocupa. - ele respondeu e manteve sua expressão impenetrável.

- Talvez pudessem visitá-las! Ainda temos algum tempo... Nós pagaríamos as


passagens com prazer, não é mesmo Edward? - Bella parecia bem desesperada para
fazer algo.

Eu também estava desesperado por ajudar mas duvidava muito que os caras
aceitariam dinheiro dos Culen nem mesmo para ver seus imprintings.

- Ninguém precisa pagar nada. Eu disponibilizo meu jato e eles podem ir nesse final
de semana mesmo. - Oliver completou assim que a garota estranha olhou para ele
com uma expressão de curiosidade e abriu um grande sorriso de vitoria ao qual
Edward fez coro.

Como Bella e eu não eramos capazes de ler pensamentos e não sabíamos dizer o que
estava acontecendo ali, simplesmente me incumbiram de passar o recado para os
caras e dar a boa noticia enquanto eu torcia para que a saudade deles fosse grande o
suficiente para que eu não apanhasse por ter exposto aquelas minhas preocupações
acerca disso e ficasse tudo esquecido quando eles estivessem finalmente a caminho
para vê-las de novo.

Amelie POV

- Sente-se, por favor. Precisamos conversar algo muito sério. - Tio Oliver estava
bem em minha frente, assustadoramente imóvel e acompanhado de uma garota que
com certeza era uma vampira e tinha o corte de cabelo mais curto que eu já vira uma
mulher usar.

Algo me dizia que ele não me faria mal e então eu apenas me sentei. Claro que
minha curiosidade também ajudou nessa hora. E ali todo o nervosismo da pobre
Rachel fora explicado já que ela sabia muito bem o que meu tio era e sua convidada
não deve ter passado desapercebida tão pouco.

- Está é Nina. - ele apresentou a moça e ela apenas sorriu para mim enquanto eu a
encarava meio atordoada.

- Bem, você pode dizer a que veio! - tirei coragem sabe-se lá de onde para encará-lo
com o que me parecia uma postura objetiva.

E então quando eu achei que todas as bizarrices já tinham me acontecido por essa e
outras vidas, ele começou a contar coisas que faziam menos e menos sentido e eu
continuei ali e apenas forcei minha mente a prestar a devida atenção. Porque aquilo
ali era loucura, com certeza, mas parecia ser bem serio também.

Kim POV

Amelie parecia preza em seus pensamentos de uma maneira quieta demais até
mesmo se fossemos considerar que nenhuma de nós estava muito feliz ou realmente
concentrada na vida real desde que deixamos La Push. Reparei que ela ficara desse
jeito devido à visita inesperada de seu padrinho vampiro mas não parecia que ela
iria me dizer o porque tão cedo.
Larguei meu bordado, que já estava pela metade graças a ajuda de Marta em me
ensinar novos pontos mais rápidos quando um grito cortou o ar e mesmo que a
mansão fosse enorme nós pudemos ouvir com clareza de detalhes a voz da Rachel
encher todos os cômodos.

Amelie pulou de susto confirmando minha ideia de que estivera a parte deste mundo
e eu e ela descemos as escadas depressa demais para nossa própria segurança
temerosas de que algo serio pudesse ter acontecido.

Mas não era nada ruim, pelo menos, por mais que valesse realmente o grito. Eu
fiquei quase catatônica de emoção quando a primeira coisa que eu vi assim que
aterrizei na sala, foi o meu Jared perto da grande porta da entrada olhando para mim
com aqueles seus olhos escuros transbordados da mesma alegria que os meus agora
continham e mesmo sem enxergar nada alem dele meus ouvidos puderam jurar que
eu ouvira os outros rapazes também. Inclusive o novo grito de Amelie quando pulou
em Jake, que apenas veio provar essa ideia.

Jacob POV

Não dava nem pra acreditar que eu estava esparramado naquele sofá macio e
gigante com a minha Amelie entre os braços olhando metade do meu bando sorrir
como se fossem garotos ganhando presentes na manha de Natal enquanto
abraçavam suas garotas quase tão apertado quanto eu abraçava a minha, assistindo
juntos à um engraçado vídeo que elas fizeram sobre a consulta no medico e as ultra
sons. Claro que nem dava pra lembrar que dali a um dia e meio estaríamos de volta
à La Push, de volta a guerra e devendo um favor daqueles à um sanguessuga. Não
dava pra lembrar nem o nome direito. Era como uma overdose de alegria.

Quando você ama o seu orgulho realmente cai por terra e como se eu já não tivesse
certeza disso a vida parecia me lembrar a cada segundo desse novo ensinamento.

- Jake, meu Jake! - Amelie se aconchegou mais em meus braços quase que
ronronando.

Eu sinceramente não entendia como eu conseguia sorrir ainda mais, quando virei
sua cabeça na minha direção e a beijei longamente como se estivéssemos sozinhos e
aquele fosse o momento de nossas vidas. Era assim que eu estaria vivendo aquele
tempo e eu tenho certeza que os outros caras pensavam o mesmo.
Não poderia brigar com Seth por nenhum motivo depois do bem que ele fez nos
conseguindo mais essas horas e eu com certeza devia um obrigada à Bella, já que
ela estava realmente se esforçando para conseguir o meu perdão e quando eu estava
ali, com Mily e meu filho, não havia espaço pra nenhum rancor em mim, nem
mesmo àquele velho ressentimento que eu guardava de Bella por toda a nossa
historia que agora, eu podia perceber cada vez mais, que ficara no passado, sem
maiores danos, afinal.

Eu sei, nem eu estava me reconhecendo com todos esses pensamentos amigáveis


para com sanguessugas e toda essa filosofia rosa mas em minha defesa, é
simplesmente impossível julgar, negar e odiar qualquer um ou qualquer coisa
quando você simplesmente tem tudo o que você poderia desejar na vida e está
vivendo esse momento com toda a sua energia.

- Vamos pro meu quarto. - Mily sussurrou no meu ouvido e sorriu de lado.

Pulei com ela do sofá e a carreguei em meus braços no caminho para subir as
escadas, sentindo como se voasse mesmo sem azas.

E então como numa piada do destino, a mãe dela chegou.

Amelie POV

As coisas que Oliver me dissera ainda remexiam em minha cabeça e mesmo que eu
tenha dado a ele a minha palavra e estivesse satisfeita em ajudar a acabar com
aquela maldita guerra de uma forma que eu jamais pensei que poderia, eu estava
também, inegavelmente temerosa pelo meu bebê e pela possibilidade de Jake me
impedir, descobrindo de alguma forma as pretensões de Nina e de meu padrinho
para o dia do confronto tão esperado com os tais vampiros italianos.

“Não seja idiota, como Jake descobriria?” - uma parte de mim alegava enquanto a
outra lutava com a possibilidade ainda que remota de ele saber à que eu estaria me
expondo e expondo o nosso filho, mentindo para ele, de certa forma, quando optei
por não lhe contar nada.

E então Rach gritou, Kim e eu saltamos pelas escadas para entender o que acontecia
e de repente ele estava ali como se fosse uma ferroada na minha consciência nada
lipa e ao mesmo tempo um balsamo ao meu coração tão torturado. O meu bebê
mexeu pela primeira vez de forma forte o suficiente para que eu tivesse certeza que
era mesmo isso que acontecia em meu abdomem e então tudo estava bem.
Porque ali estava o meu Jake, ainda mais magnifico ao vivo do que era em minha
reles lembrança, rodeado por Paul, Sam, Quil e Jared que agora abraçavam minhas
amigas, tão descaradamente felizes quanto eu estava.

Como se fossemos sugados para um mundo ideal, fomos informados de que o


lanche que Marta sempre nos preparava já estava servido e quando Emily sugeriu
assistirmos ao vídeo das consultas e entregar a eles as fotos dos bebês todas nós
corremos aos nossos quartos para acatar tão obvia e brilhante ideia e tudo parecia ter
sido esquecido, inclusive meu novo e assustador papel naquela guerra que ainda
permanecia um segredo a todos. Porque você simplesmente não consegue se
impedir de ser tão feliz.

- Vamos pro meu quarto. - sussurrei para o meu amor depois de termos visto o
suficiente do vídeo, tendo muitas ideias para que aquela visita fosse ainda mais
memorável, e como eu já esperava não precisei falar outra vez quando ele me
ergueu nos braços e começou a caminhar em direção à escada.

Eu estava incrivelmente leve e totalmente empolgada com a possibilidade de trancá-


lo naquele quarto e esquecer ainda mais das coisas até chegar a duvidar do meu
nome, mas a sorte nunca é tanta porque de repente não só não estávamos sozinhos
como estávamos na presença da pior pessoa que poderia nos aparecer naquela hora.

- Ponha minha filha no chão, agora! - a voz sempre educada de Clarissa Weelow, um
dia conhecida como minha mãe, soou agourenta e mais prepotente do que nunca.

Jake a encarou com firmeza mas não me soltou. Eu me assustei com sua
aproximação mas logo percebi que não poderia perder o controle.

- Saia da nossa frente! - pedi no mesmo tom que ela, desafiando-a a me contradizer.

- Esta casa é minha mocinha, eu posso chamar a policia e colocar esses arruaceiros
para fora agora mesmo então se você não quer visitar esse seu namoradinho sujo na
cadeia é melhor fazer com que ele e toda a sua tropa de infelizes saiam daqui agora!
- ela gritou perdendo a linha e me assustando de verdade nessa hora, já que minha
mãe era uma cobra com certeza, mas nunca perdia a calma e a dissimulação. Me
perguntei o que de fato acontecera.

Desci do colo do Jake e me mantive inexpressiva.

- Vai encontrar meus papeis de emancipação na escrivaninha do escritório do papai.


Não que eu precise realmente pois sou uma mulher legalmente casada a algumas
semanas. E eu acho que não é necessário te lembrar a quem essa casa de fato
pertence, “mamãe”, já que você conhece muito melhor que eu os termos do
testamento da vovó Weelow. - dei minha cartada mais cruel e ao mesmo tempo, a
mais certa.

Clarissa murchou na hora, de certo se perguntando quando foi, entre uma balada e
outra, que eu arranjei tempo para saber dos meus direitos e ela devia realmente estar
considerando que eu tive muito tempo sozinha e desiludida nos meus primeiros dias
em La Push quando minha família me ignorou no NATAL, para pesquisar qualquer
coisa que me livrasse dela.

Me deu as costas como se eu fosse indigna de qualquer outra de suas palavras e


desapareceu pelo fim do corredor que levava a garagem.

Jake me abraçou como quem pergunta: “Você está bem?”

Mas eu logo voltei a sorrir para ele. Não é que eu gostasse dessa situação, não é que
eu teria escolhido desprezar a minha mãe se eu tivesse tido essa escolha antes. Mas
eu não podia obrigá-la a me amar, não poderia a essa altura ensiná-la a ser uma mãe
e sinceramente tinha afeto o suficiente das pessoas à minha volta para não precisar
mais do dela. Como se dentre tudo o que poderia me afetar ela fosse reduzida à um
nível tão baixo, que não desse mais pra sentir os seus espinhos.

- Eu estou bem, meu amor, você está aqui! - eu disse em voz alta e eu sabia que
Jacob entenderia à que eu estava me referindo porque mesmo que eu não dissesse
tudo que estava em minha cabeça no momento, é isso o que acontece quando você
ama alguém que ama você de volta.

Oliver POV

- Aquela moça não é Eleanor, Oliver, espero que você saiba disso! - Nina disse
assim que entramos no jato da minha corporação já que o meu jato pessoal eu
emprestei para o bando de cachorros em um rompante de diplomacia.

- Você não sabe o que diz, ela tem a marca Nina, e foi você mesma quem disse que
eu poderia esperar pelo retorno dela e a marca seria um sinal. - retruquei não
entendendo onde ela queria chegar com aquela conversa.

- Não seja ingênuo e ignorante Oliver. - ela parou seu caminhar falsamente humano
e me olhou com o que me pareceu pena.

- O que... - eu ia contradizê-la outra vez e alertá-la para controlar sua língua quando
ela me impediu, sentando-se numa poltrona dupla e fazendo com que eu sentasse na
outra. Ela segurou minha mão.
- Veja Oliver. Ela tem a marca e esse é um sinal. Não estou contradizendo a minha
própria profecia mas eu me pergunto se você realmente entende o que aquela marca
significa. Quando eu disse a você que da humana com a marca renasceria Eleanor
eu não estava dizendo que ela seria Eleanor, mas que a partir dela a sua amada
renasceria, como “nascer outra vez”. Sempre soubemos que a linhagem estava certa.
Eu não sei se você percebeu mas aquela moça está gravida Oliver, isso não lhe diz
nada? - falou segura de forma amigável.

- Mas e o ritual de revelação. Eu fiz minha pesquisa...

- Homem tolo! - ela repreendeu ficando impaciente. - A jovem Amelie é sua chave.
Apenas isso. Ela dará a luz a uma criança e esta criança será Eleanor, renascida. E
com o tempo as memorias da vida passada poderão ser despertadas nela sem que
você precise fazer ritual algum. Conviver com você bastará. Você sabe que vocês
dois tem a ligação. Uma das mais fortes que já vi em tantos seculos.

- Eu não entendo como você possa ter essa certeza sobre esse bebê que nem veio ao
mundo ainda. Foi você mesma que disse para que eu procurasse pela marca. É
Amelie, Nina, tem que ser...

- Você está sendo teimoso, Oliver. O encantamento que estou prestes a fazer com a
garota é um encantamento antigo que só funciona com a ligação de almas gêmeas,
conectadas desde o incio de suas formações e não é só você quem eu usarei para
selar o feitiço. Eu vou usar também o jovem alfa porque eu pude sentir a ligação
entre ele e a sua protegida mesmo que eles estivessem distantes. Quando falamos
com Amelie eu tive ainda mais certeza de que funcionaria, eu pude sentir o bebê e
aquele bebê se liga a você inegavelmente. Sei que você está pouco familiarizado
com o que os lobos chamam imprinting mas sabe que eu conheço esses
transmutadores e a magia deles sempre me interessou. Eu os estudei o bastante para
saber que Amelie e o garoto foram criados juntos e vem retornando vida após vida
para se encontrarem. É bem simples na verdade: Amelie não é sua Eleanor porque a
alma dela não pertence a você e sim ao lobo. Se ela fosse Eleanor, o garoto nunca
teria sofrido o imprinting com ela. Você está sendo orgulhoso demais para admitir
que tem perseguido a garota errada. Seja impaciente e irá reencontrar sua Eleanor.
Alem do mais, eu sei que você não está ajudando a esses pobres coitados porque
você é assim tão bom de coração. Você e eu desejamos pegar Caius Volturi há muito
tempo e sabe que uma oportunidade dessas só vem uma vez.

E então se virou, encostando-se na poltrona como se fosse só uma humana


preparando-se para um longo voou e nada mais disse.

Minha mente estava incrédula mas eu percebia a verdade em casa misera palavra de
Nina. Era difícil no entanto, abrir mão da certeza agradável de que eu finalmente
achara minha amada para o incerto pressentimento da bruxa ao meu lado, mesmo
que ela fosse com certeza a mais poderosa de sua especie.

Pensei em Caius Volturi, no entanto, e a raiva cega me fez forte.


Aquela guerra estava definitivamente vencida com o que Nina prepararia usando a
mim, Amelie, e pelo que parecia, também o seu bebê e o seu cachorro de estimação.

Aquele feitiço não só deixaria todo o bando de lobos inatingível, literalmente, como
protegeria todas as almas irmãs em um raio de quilômetros e os Cullen e seus
aliados eram praticamente todos casados, enquanto os Volturi tinham uma politica
que desencorajava uniões entre os membros da guarda. Não seria preciso nada mais
assim que Aro tocasse Nina para que eles recuassem como os ratos covardes que
sempre foram e quando eles recuassem ela e eu estaríamos esperando para pegar
Caius fora de sua toca como ele nunca esteve em muitos e muitos seculos.

Quem iria dizer que seria o amor a vencer o exercito de poderosos que Aro Volturi
vinha colecionando por mais de um milênio.

Nina tinha razão em outra coisa. Eu não estava nessa pelo meu bom coração ou para
proteger Amelie embora olhar para ela me lembrasse do que eu realmente vingava.
Aquele maldito italiano levara meu amor de mim uma vez, pois eu levaria o que ele
mais prezava. Sua maldita existência.
Batalha final

Jacob POV

O fim de semana passou como um flash e não mais que de repente estávamos
subindo a bordo daquele jato para voltar à amarga realidade. Não tivemos coragem
para nos despedirmos das garotas e apenas deixamos que dormissem. Não
estávamos nos sentindo nada heroicos mas ninguém ali aguentaria uma outra
despedida então fomos apenas, terrivelmente práticos.

- Temos duas semanas até o conflito. - Sam disse assim que o avião ganhou o ar. -
Precisamos intensificar os treinamentos e selar as fronteiras mas também
precisamos encontrar uma forma de deixar todos inteiros para o dia do confronto.
Eu estou tão acabado quanto vocês mas não quero mais saber de perda de sono, má
alimentação ou exaustão física. Vocês já conhecem seus limites. Respeitem eles e
trabalhem com eles.

Eu concordei enquanto via um após outro fazer o mesmo. Daquele instante em


diante tínhamos de trancar nossos corações. Os nossos sentimentos nos faziam mais
fortes porque nos lembravam o porque de lutarmos sem desistir mas também
conseguiam nos deixar fracos por nos dizerem a todo momento o que estávamos
perdendo.

Devíamos sentir agora apenas a raiva que nos moveria pra cima daquele bando de
sanguessugas italianas enquanto mostrávamos para eles que aquela guerra seria seu
pesadelo tanto quanto era o nosso.

Amelie POV

Despistei Kim para que dormisse com Emily e não comigo, arrumei uma pequena
valise com tudo o que a tal vampira Nina havia me alertado para levar, peguei
minhas vitaminas de gravida e o lanchinho que Marta arrumara pra mim pensando
que eu levaria para a escola de manha e segui meu coração mesmo sabendo que
teria grandes problemas com Jake por estar fazendo tudo isso pelas costas dele.

- Oi Amelie, ainda não foi para a cama? - Rachel me surpreendeu no corredor e eu


mal consegui esconder a valise que eu levava comigo.

Já faziam duas semanas que os garotos tinham voltado para La Push e embora as
garotas não soubessem que estávamos à 24 horas do confronto que decidiria nossas
vidas, eu sabia, porque eu estava agora mesmo fugindo exatamente para o olho do
furacão.

- Eu só pensei em descer e fazer um pouco de sauna para relaxar. - menti com minha
melhor cara de inocência.

- Ah, boa sauna então! - ela disse toda aérea sem questionar o porque de eu estar
levando uma grande parca em meus braços enquanto calçava botas de couro
confortáveis e sem salto mas que ainda gritavam “FUGITIVA” bem alto.

Creio que não poderia culpar a Rachel e as garotas por estarem no mundo da lua.
Por mais que elas não soubessem ao certo o que estava acontecendo acho que todas
nós sentíamos que chegara a hora.

Já fora dos portões da mansão, não olhei para traz enquanto erguia meu queixo e
firmava minha escolha. Andei um quarteirão e esperei. Não que eu tenha esperado
muito.

- Tem tudo o que precisa? - Nina apareceu me assustando embora tivesse um sorriso
ameno na face e transmitisse confiança.

- Sim. - eu respondi. - Estou pronta!

Jacob POV

- Chegou a nossa hora. – Seth passou pela porta da casa de Emily e Sam e sua
expressão era séria como nunca antes fora. Eu mal reconhecia o garoto animado que
vivia me pentelhando naquele novo cara compenetrado e de ações mecânicas como
o resto de nós.

Tirei minha camiseta e meus tênis, saindo da casa e vendo todos os outros garotos
do bando fazerem a mesma coisa.

Nós já sabíamos onde deveríamos nos encontrar com os Cullen e esse era o sinal.
Agora nos restava esperar e ter fé de que tudo seria resolvido para o melhor. E
mesmo assim, se não tivéssemos tal sorte, precisaríamos confiar que estávamos
preparados para proteger todos os indefesos que de nós dependiam.
Amelie POV

- Você é muito corajosa garota, eu preciso dizer! - a vampira olhou pra min com seu
sorriso aberto e gozador. - Vejamos bem, aqui está a mexa de cabelo do seu lobo,
uma mexa do seu próprio cabelo, algo que ele deu a você, algo que você deu à ele...
- ela entoava enquanto juntava todas as coisas que me pediu pra levar dentro de um
paninho velho e encardido.

É claro que eu estava com medo, estava confusa e estava pirando total enquanto o
jato do meu tio me levava de volta à La Push.

- Bem, espero que você não tenha medo de agulhas porque preciso de um pouco do
seu sangue para juntar com esse aqui. - ela chacoalhou um vidrinho com um liquido
vermelho escuro e eu me perguntei se aquele sangue era do Jake e como ela teria
conseguido aquilo.

Meio que fazendo tudo no piloto automático eu estendi meu braço para ela e apertei
o lábio inferior com os dentes enquanto ela procurava uma agulha dentro da própria
bolsa.

- É descartável, fique tranquila! - ela abriu a embalagem na minha frente como se


achasse esse tipo de preocupação um tanto engraçada.

A picada doeu mas não foi nada que eu já não tivesse sentido em exames médicos.
Não estava disposta a choramingar.

- Bem, estaremos chegando no meu hotel dentro de alguns minutos e vamos ficar lá
enquanto eu preparo você para o ritual. Preciso lembrá-la outra vez de que enquanto
sua ligação com seu bebê e o seu lobo estiver fortalecendo o bando dele, você
estará totalmente vulnerável porque qualquer feitiço que eu viesse a lançar sobre
você para evitar isso anularia toda a coisa, certo? Tem certeza que quer fazer isso? -
ela perguntou depois de tagarelar.

Apenas acenei com minha cabeça positivamente e ela continuou seu monólogo.

- Você será protegida por Michael e John todo o tempo, são dois amigos meus e de
Oliver que já lutaram mais batalhas do que podem contar mas ainda assim, se os
Volturi tiverem sua própria bruxa, o que eu acho tremendamente difícil - mas nada é
impossível - você não estará em segurança. Não teremos tempo de olhar por uma
humana enquanto tentamos defender nossa própria vida. - ela parecia mais seria
agora.

- Eu entendi e eu quero ajudar! É o único jeito, não é?! - disse quando percebi que
ela continuaria tentando me dissuadir se eu não parecesse totalmente certa daquilo.

- Sim criança, esse é o melhor jeito! Acho que é o único também.

Quando eu menos esperei o avião pousou, Nina pediu minha permissão para me
carregar em suas costas e enquanto me instruía à fechar os olhos, me levou até um
quarto alugado de uma pousada um tanto chinfrim que eu particularmente não
chamaria de hotel.

Era totalmente alucinante ser carregada por um vampiro, no entanto, como estar em
uma grande montanha russa só que mais rápido e mais suave.

- Tire a roupa. - ela disse na maior como se eu fosse mesmo fazer aquilo. - O que
foi, não me ouviu? - questionou quando eu continuei ali parada e obviamente
vestida. - Hei, se não fosse totalmente necessário eu não teria pedido, OK? - ela foi
paciente. - Eu posso me virar se você quiser!

Comecei a obedecer sem tempo para ser pirracenta e amedrontada demais com o
tom de repente serio de suas palavras. Ainda de costas ela continuava suas
instruções.

- Eu preciso que você tire brincos, anéis, prendedor de cabelo, calcinha, soutien,
qualquer coisa, certo?

Eu obedeci em silencio sentindo o frio tomar conta de mim.

- Agora vá até o banheiro e mergulhe naquela banheira que está cheia e não se
importe com as folhas. Não estão sujas nem nada assim. - ordenou ainda sem me
olhar. - Fique aí até que eu te chame e por favor, de agora em diante concentre-se no
seu lobo, nos seus momentos com ele. Tente não pensar em mais nada a não ser ele.
- ela ainda dizia enquanto eu pensava que isso sim seria fácil. Jake já ocupava 90%
do meu pensamento de qualquer forma. - Não se enxugue quando eu mandar você
sair e não interrompa seus pensamentos.

E então eu contrariei todas as minhas impressões sobre onde e como eu devia me


banhar e entrei na tal banheira que tinha de flores até folhas de todo o tipo, algumas
tão pequenas que pareciam até aquela coisinha que colocam em cima da pizza.

- Venha até mim. - Nina disse depois do que me pareceu um longo tempo. Pelo
menos o banho não fora gelado. - Vista isso! - me atirou um pedaço de pano muito
velho e miserável que fez com que eu desse dois passos para traz.

- Ah, vamos, sem frescuras! - me repreendeu com severidade ainda sem me encarar,
respeitando meu espaço como podia. - Isso é uma túnica de algodão egípcio,
colhido, fiado e tecido a mão por virgens do templo de Isis a mais de um milênio. É
a única coisa que você pode vestir sem comprometer o ritual e pode agradecer à
minha obsessão por peças raras e antigas porque se não fosse por essa túnica aí você
teria de ir nua mesmo e eu garanto que nenhum dos Volturi te daria às costas em
consideração.

- Eu morrerei de frio! - defendi o único argumento que talvez fosse me salvar de


vestir apenas aquele trapinho mofado.

- O encantamento te manterá aquecida assim que eu conjurá-lo. - garantiu.

E então eu percebi que ela falava sério quando depois de engolir uma poção
extremamente doce que eu não gostaria de pensar que envolvia meu sangue e os fios
de cabelo que ela pegara comigo, e ficar andando em minha volta, pronunciando
uma cantilena no que parecia latim, Nina finalmente me declarou pronta, me
entregando um colar que parecia uma pequena trouxinha com cordas e me
colocando nas costas outra vez para me levar até o campo de batalha.

Jacob POV

A clareira era a mesma onde encontramos o exercito de recém-criados não muito


tempo atrás. A relva estava voltando a esverdear-se depois do inverno rigoroso que
tivemos no Natal. Sam nos colocou em formação, uma especie de V que protegeria
os mais novos e colocava os mais habilidosos na linha direta do ataque. Ficamos
dispostos logo atrás da formação dos Cullen, que já estava pronta quando chegamos
e fazia uma distinção clara de quem estava ali para lutar e aqueles que vieram como
Carlisle dissera, apenas para testemunhar o crescimento do garoto meio-vampiro.

Havia um bom numero de aliados que estavam dispostos à lutar. Eu conseguia


contar mais ou menos vinte e cinco vampiros entre Cullens, os Denali e aliados
trazidos por Oliver. A matilha estava maior também e como prometemos que
deixaríamos todos lutarem por mais novos que estes fossem, contávamos com Seth,
Collin, Brad, Neil, Daniel e Nick, além de Sam, Paul, Jared, Embry, Quil, Leah e eu.

Todos estavam tensos à espera de algo, um sinal que fosse da grande chegada. Mas
até agora nada dos sanguessugas italianos. Só a expectativa e as infrutíferas
tentativas de concentração. Porque não tem como você não pensar nas pessoas mais
importantes da sua vida quando está prestes a arriscar sua vida e eu sei que como
todos os outros caras eu fiz um juramento de que nesse campo eu seria só um
soldado mas não dava simplesmente para arrancar o marido e pai de dentro de mim.
Sam rugiu ao meu lado tomando minhas palavras como dele e pude ver nas mentes
de Paul e Jared o mesmo medo que me rondava.
Mas então algo se mexeu do outro lado da clareira, na mata escura a nossa frente
onde nem os nossos poderosos olhos definiram ao certo o que estava vindo por ali.
O cheiro de vampiro dominou nossos sentidos mesmo quando já estávamos
cercados pelo fedor dos aliados.

Não eram os Volturi afinal. O ultimo pensamento que captei da matilha antes de
mudar de forma imediatamente foi o de Seth, já que ele reconhecera o visitante
antes de qualquer um de nós. A vampira que chegou até a formação dos Cullen sem
causar comoção deveria estar do nosso lado mas certamente não foi ela que me fez
abandonar qualquer protocolo.

A fria trazia consigo uma garota humana. Garota essa de quem eu reconheceria o
perfume à quilômetros de distancia.

Amelie POV

Nina me pôs no chão gelado e eu notei que embora o seu feitiço tenha me mantido
aquecida, eu ainda podia sentir o friozinho incomodo nas solas de meus pés.
No entanto, não tive nem um segundo sequer para observar em nossa volta ou me
indignar por estar descalça quando meu Jake irrompeu da formação de vampiros
desconhecidos em sua forma humana, vestindo apenas a sua bermuda e com uma
carranca que me deixou realmente amedrontada como nem os sanguessugas
deixaram.

- O que está acontecendo aqui? O que ela faz aqui? Quem é você sanguessuga? Saia
de perto dela, eu só vou avisar uma vez! - ele falava tão irritado que eu podia ver
suas mãos tremerem enquanto ele as apertava em punho.

Em menos de outro segundo, Sam e Embry já estavam ao lado dele, também em


suas formas humanas.

Não sei como, mas aquela situação toda me deixou um pouco idiota e como eu sabia
da minha culpa de não ter preparado ele pra nada daquilo mesmo que fosse
inevitável ele me ver e fazer todo esse escândalo, eu só fiz uma careta e disse:

- Oi amor. Fico feliz que você está bem!

E então a atenção dele voou de Nina para mim como que na velocidade da luz e
agora eu estava mesmo ferrada.
- O que significa isso, Amelie? - ele perguntou diretamente pra mim quando Nina
foi se juntar à Oliver ignorando-o completamente.

- É... bem... é meio complicado amor, eu explico depois certo? Agora vamos ficar
ali quietinhos e esperar com os outros, certo? Deveria se trans...

Mas eu nunca acabei de dizer aquilo.

- Amelie Violet Black, eu te fiz uma pergunta e eu mereço uma resposta direita. O
que você pensa que está fazendo aqui? - e como ele tinha acabado de falar meu
nome inteiro, meu novo nome, diga-se de passagem, eu me senti intimidada o
suficiente para contar a ele o que era tudo aquilo ali.

Depois de mais alguns gritos, risadas disfarçadas de um vampiro grandalhão que


nos olhava como quem assiste uma novela mexicana e tentativas de Carlisle em
acalmar Jake e meu tio Oliver e Nina explicando direito como toda aquela coisa de
feitiço funcionava, eu ainda acho que Jacob não estava disposto à cooperar com a
idéia, já que ele disse que um lobo mais jovem me escoltaria até La Push não
importa o que eu tenha pensado que faria.

E foi naquela hora que ele provocou a garota errada porque eu estava sendo muito
boazinha até aquele momento e ele bem sabe como eu o amo, mas ele tinha que
entender que não mandava em mim e que naquela altura do campeonato eu não
sairia dali de jeito nenhum.

- Jacob Black, seu grande troglodita, eu fiz uma escolha e ninguém me obrigou à
isso. Foi errado não te contar? Foi! Você teria me deixado vir se eu tivesse contado?
- e então ele mesmo respondeu um NÃO bem alto, mas antes que ele continuasse e
ganhasse força novamente, eu prossegui. - Você acha que eu vou embora porque
você mandou?! Porque sua ignorância não deixou você prestar atenção quando
todos explicaram que eu posso ser a única chance de todo mundo aqui?! Eu sei o
que eu estou fazendo, seu idiota! Essa é a chance que eu tenho de garantir ao meu
filho que ele não vai crescer sem pai e eu acredito que possa funcionar ou eu nunca
colocaria ele em risco. Não questione o meu direito de estar aqui e proteger a quem
eu amo de um jeito que só eu posso fazer quando você está aqui fazendo a mesma
coisa. Eu te entendi desde o começo. Eu apoiei você...Faça o mesmo!

E então, ele foi e me deixou ficar, pedindo desculpas pelo barraco publico?

É claro que não! Ou ele não seria o teimoso, impulsivo e grosso do meu marido,
muito amado.

Jacob apenas me calou com um beijo que mais parecia uma agressão e então me
jogou em cima de seu ombro e começou a caminhar em direção à floresta decerto
pronto pra me levar até La Push ele mesmo.
E aí tudo parou, como se o tempo tivesse mesmo congelado a todos e algo o
impediu. A mesma coisa que fez as expressões de cada ser ali naquela clareira,
fecharem-se e convergirem para uma mascara de poder, enquanto Sam e Jared
voltavam imediatamente à suas formas de lobo e todos mantinham suas posições
que exalavam defesa.

Fui tirada do seu ombro, mas mantida em seu colo. Dois vampiros que estiveram ao
lado de Nina vieram para mais perto de mim e Jake e pude reconhecê-los como
meus prometidos seguranças.

Porque do lado exatamente oposto ao que nos encontrávamos, logo à nossa frente,
uma longa formação horizontal de gente encapuzada se colocava, rígida e sem
falhas. Eles se moveram juntos antes de finalmente pararem à vários metros
deixando um miolo entre os dois grupos, como se fizessem uma terra de ninguém.

E ali eu percebi que nunca realmente tinha entendido o significado do medo antes,
nunca antes percebi minha respiração faltar e nunca antes conheci pavor grande o
bastante para fazer com que meu estomago embrulhasse todo quando eu sabia que
dessa vez, a gravidez nada tinha a ver com meu mal estar.

Os tais Volturi haviam chegado. A nossa hora havia chegado.

Eu estava às portas de minha morte ou de um triunfo do qual jamais poderia


imaginar.

Jacob POV

A Amelie era maluca mas aquilo ali era mais serio. Como ela esperava que eu fosse
conseguir lutar enquanto ela estava ali no meio de tudo, e sinceramente, quem pôs
aquela roupa nela? Se aquilo podia ser chamado de roupa, afinal. Ela devia estar
congelando. Só me faltava pegar uma pneumonia. Eu sei que devia ter me separado
dela e me transformado. Metade da minha mente e meu corpo gritavam por essa
resolução mas a outra metade que parecia ganhar a disputa manteve-me ali, colado à
ela, esquentando-a com meu corpo e decida a protegê-la acima de qualquer
juramento ou comportamento sensato.

- Tão teimosa! - Sussurrei para ela sem conseguir manter o tom de raiva de antes
quando olhava seus grandes olhos cinzento completamente apavorados com a
chegada dos Volturi que me pareciam tantos que seriam capazes de nos engolir em
menos de uma tentativa.

- Vai dar tudo certo Jake, apenas fique comigo. Nós precisamos nos lembrar de tudo
que passamos. Precisamos nos tornar um só em pensamento e nossa ligação vai ser
forte o bastante! - ela falou com a voz falhada mas dava pra ver que ela acreditava
no que dizia.

A apertei um pouco mais e já que não havia nenhuma outra atitude à tomar, acreditei
também.

TRECHOS do cap 36 de “Amanhecer”, Livro 3, Bella.

“Carlisle enquadrou seus ombros e andou vários passos à frente da nossa linha
defensiva. Odiei vê-lo sozinho, desprotegido. Ele estendeu os seus braços, apoiando
as suas palmas como em uma saudação.

– Aro, meu velho amigo. Já se passaram séculos.

Pela primeira vez, a fileira dos Volturi reagiu. Uma rosnadura murmurada rolou
pela linha, um olhar feroz sob as sobrancelhas, lábios enrolados atrás de dentes.
Alguns dos guardas inclinaram-se para frente agachados.

Aro apoiou uma mão em direção a eles. - Paz.

- Palavras justas, Carlisle - ele falou em sua voz fina. - Elas parecem fora do lugar,
considerando o exército que você reuniu para me matar, e matar os meus queridos.

Carlisle sacudiu a sua cabeça e esticou a sua mão direita para frente como se não
houvesse ainda quase cem metros entre eles.

- Você tem apenas que tocar a minha mão para saber que essa não nunca foi a
minha intenção.

Os olhos perspicazes de Aro se estreitaram.

– Mas como a sua intenção pode importar, querido Carlisle, em vista ao que
você fez? - Ele franzir as sobrancelhas, e uma sombra de tristeza cruzou seu
rosto — se era verdadeira ou não, não posso saber.

– Não cometi o crime para o que você deve me punir aqui.

– Então dê passagem para punir os responsáveis. Realmente, Carlisle, nada


me agradaria mais do que conservar a sua vida hoje.
– Ninguém violou a lei, Aro. Deixe-me explicar. - Novamente, Carlisle ofereceu
a sua mão.

Antes que Aro pudesse responder, Caius veio rapidamente para a frente ao lado de
Aro.

– Tantas regras inúteis, tantas leis desnecessárias que você cria para você,
Carlisle - o antigo cabelo branco assobiou. - Como é possível que você
defenda a quebra daquela que realmente importa?

– A lei não foi quebrada. Se você escutar...

– Vimos a criança, Carlisle - Caius rosnou. - Não nos trate como tolos.

– ELE não é imortal. ELE não é vampiro. Posso comprovar facilmente isto em
somente alguns momentos...

Caius o corta.

– Se ele não é um dos proibidos, então por que você reuniu um batalhão para
protegê-lo?

– Testemunhas, Caius, assim como você trouxe. - Carlisle gesticulou irritado


com a horda na borda da floresta; alguns deles rosnaram em resposta. -
Alguém desses amigos pode lhe dizer a verdade da criança. Ou você pode
apenas ver ele, Caius. Ver o rubor do sangue humano nas suas faces.

– Artifícios! - Caius repreendeu. - Onde está o informante? Deixe-a vir aqui na


frente!

Ele olhou por cima de seu pescoço para ver Irina que se encontrava atrás das
esposas.

– Você! Venha!

Tanya e Kate assobiaram sincronizadamente. O corpo de Irina estava rígido e os


seus olhos finalmente concentraram-se em Caius. Ele apontou seu dedo para E.J,
que estava às minhas costas.

– Esta é a criança que você viu? - Caius exigiu. - Aquela que era obviamente
mais do que um ser humano?

Irina olhou para nós, examinando E.J. pela primeira vez desde sua entrada na
clareira. Sua cabeça inclinou-se ao lado, a confusão cruzou seu rosto.
– Então? - Caius rosnou.

– Eu… não estou certa - ela disse, seu tom era desconcertado.

A mão de Caius se contraiu como se ele quisesse lhe esbofetear.

– O que você acha? - ele disse em um sussurro de aço.

– ELE não é o mesmo, mas acho que é a mesma criança. Acho que é ELE
modificado. Esta criança é maior do que aquela que vi, mas...

A respiração furiosa de Caius crepitou repentinamente e ele mostrou os dentes.


Irina parou de falar. Aro foi para o lado de Caius e pôs uma mão em seu ombro.

– Se recomponha, irmão. Temos todo tempo para classificar isto. Nenhuma


necessidade de ser rápido.”

Nina POV

Sentia-me como uma adolescente outra vez, e pior que isso, sentia-me
tremendamente humana enquanto repetia em minha mente milhões de vezes:
Tomara que eles não tenham uma bruxa, tomara que eles não tenham uma bruxa!

Eu sabia que nenhuma de minhas irmãs trabalharia para um vampiro mesmo que
disso dependesse sua própria vida e até onde eu sabia só eu tinha sido arrogante,
mesquinha e teimosa o bastante para me transformar em uma vampira, explicando o
porque de eu estar ao lado de vampiros no momento, mas mesmo assim um monte
de imagens passavam por minha cabeça alimentadas por minha ansiedade. E se eles
estivessem mantendo uma bruxa presa, ameaçando sua família ou até mesmo
tivessem encontrado uma bruxa ainda bebê e a criado para sua guarda? Pelo que eu
conhecia dos Volturi, eles eram capazes de tudo.

A única coisa que realmente me confortava era o pensamento claro de que Aro
Volturi nunca acreditou muito no poder das bruxas e por isso nunca pareceu
disposto à mantê-las contra sua vontade ao seu lado.

Olhar para Amelie e seu lobo, no entanto me fazia bem. Aquele feitiço estava
amarrado com cordas inquebráveis, mais seguro que se protegido com aço. Nunca
antes eu tive a oportunidade de controlar uma ligação daquelas e eu podia sentir o
poder se esvaindo do meu corpo e se juntando ao deles para completar o ritual de
uma forma que me tranquilizava, me fazendo mais crente do que eu gostaria na
possibilidade que nem se os Volturi tivessem uma bruxa, ela teria força suficiente
para quebrar tal elo.

Subestimar o inimigo não era algo que eu fazia com frequência então me forcei a
me manter humilde.

E quando a formação de encapuzados saiu das arvores e todos ficaram em seu


segundo particular de medo eu só conseguia sorrir como se eu fosse uma garota de
sete anos novamente e estivesse no quintal de minha casa em um dia de verão
enquanto minha mãe descascava pêssegos para fazer grandes quantidades de doce,
porque eu sentiria uma bruxa se ela estivesse ali, assim que eles chegaram, mas não
havia qualquer outra bruxa em toda aquela clareira que não fosse eu mesma. Nós
estávamos definitivamente salvos e o plano estava de pé.

Haveria vitória hoje e ela não seria Volturi.

Oliver POV

Assim que Nina olhou para mim eu entendi apenas pelo arco agradável de seu
sorriso e seus olhos brilhantes que estávamos cobertos. Os números estavam
totalmente aceitáveis. Haviam trinta e dois Volturi e fazíamos um grupo um pouco
maior embora nem todos fossem lutar em caso de conflito.

Ouvi quando Edward disse que os vampiros que vieram junto com os Volturi e eram
sim, muito numerosos, nunca se envolveriam em um confronto e isso também me
confortava.

Foi com grande decepção, no entanto, que eu pude ver Alice Cullen entrando na
clareira assim que Aro Volturi declarou que E.J. poderia ser perigoso, quando nem
mesmo os Cullen sabiam ao certo como ele cresceria.

Porque a pequena vidente não havia abandonado sua família como todos pensamos.
Ela trazia um garoto, o qual apresentou a Aro junto à mais uma testemunha que
provava que para os meio-vampiros era até mais fácil passar desapercebido no
mundo dos humanos. Eles se alimentavam também de comida e atingiam a
maturidade e então permaneciam vivendo naquela forma por muito tempo. O garoto
que ela trouxera, por exemplo, parecia ter uns 16 anos mas já tinha por volta de 150.

Duvidei de que houvesse conflito depois de toda aquela diplomacia bem sucedida.

Até que Caius Volturi assinou sua sentença de morte, chamando Irina Denali outra
vez. Dessa vez, no entanto, não era para que ela testemunhasse sobre a criança,
refazendo suas acusações, que nos levaram ali, em primeiro lugar. O porco estava
apenas interessado em assassiná-la por ela tê-lo exposto a tal vergonha, de estar
completamente errado perante suas testemunhas e todos aqueles a quem ele julgava-
se superior.

Eu vi a fúria bulir nos olhos de todos entre nossos aliados e se alojar


permanentemente em Tânia e Kate Denali, um segundo antes de apreciar a
realização dos meus planos.

Amelie POV

Tudo estava muito tenso, conversas que eu não conseguia ouvir pela distancia em
que eram travadas e coisas das quais não entendia muito. No fim, parecia que eles
estavam se resolvendo muito bem já que ninguém tinha começado a morder
ninguém ainda e em algum lugar da minha mente ainda mais perturbada que o
normal, eu imaginava que eles brigariam assim: às mordidas.

- Porque nada está acontecendo? - perguntei à Jacob que recusara-se a se


transformar e ainda me mantinha em seu colo.

- Pelo que eu posso ouvir, Alice, a sanguessuga baixinha que acabou de chegar,
conseguiu provar que o garotinho não é uma ameaça – ele disse tentando se
concentrar no que acontecia.

É claro que o menino não era uma ameaça. Ele estava no colo da tal Bella mas era
uma gracinha. Olhava para mim cheio de vergonha e eu sorria para ele deixando-o
ainda mais vermelho. Acho que ele ficava imaginando o porque de eu estar no colo
de alguém, como só ele estava, se eu não era mais criança.

De repente a conversa acabou e todos ficaram mais tensos.

E então eu não conseguiria dizer o que aconteceu ao certo, mas só o que eu sei é que
tudo se transformou de repente, quando a nossa frente uma pequena pira se acendeu
e algo começou a queimar nela por mais que eu não pudesse ver o que era.

Duas mulheres vampiras do nosso lado rugiram como animais selvagens e raivosos.
Meus seguranças fecharam o cerco sobre mim e Jake, e eu sabia que havia chegado
a hora onde tudo acontece quando vi meu tio Oliver avançar na terra de ninguém e
arrancar a cabeça do primeiro vampiro que apareceu na frente dele, como se aquela
criatura não fosse nada mais que um boneco.

Fui parar no chão e Jake explodiu no grande lobo castanho avermelhado que eu já
vira antes. Ele rugiu para a linha inimiga enquanto vários vampiros de ambos os
lados avançavam uns sobre os outros e eu via os primeiros lobos irem de encontro
aos seus alvos.

Com um alívio prematuro, meio impossível de se conter, eu notei que mesmo que a
maioria dos adversários fossem apenas borrões para mim, nenhum dos lobos parecia
ter sido atingido e uma coisa engraçada – por falta de expressão melhor – acontecia
logo mais adiante com uma vampira de manto preto, que mais parecia uma
menininha. Ela estava cercada por dois vampiros que lutavam por ela enquanto se
concentrava claramente na tal Bella, a ex do Jake que dava uma gargalhada insana
enquanto mantinha o filho seguro em suas costas e parecia tão confiante quanto eu
como se ela também estivesse decidindo o futuro desse confronto.

- Parem, Parem... recuem todos! - uma voz torturada ecoou pela campina e todos os
vampiros italianos começaram a correr.

Há essa altura percebi que não sobravam muitos vampiros de capuz.

Meu tio Oliver e mais alguns vampiros do nosso lado foram ao encalço dos
fugitivos com certeza para retalhar mais alguns enquanto o resto comemorava aos
vivas na maior algazarra que eu já vira. Afoita me perguntei se aquele era o fim.

À minha esquerda o vampiro grandalhão que rira da minha briga com Jacob mais
cedo, tentava se soltar dos braços de uma loira estonteante que berrava coisas como:
“Não seja estupido, acabou, nós ganhamos, não vai perseguir ninguém!” e logo mais
adiante eu podia ver a macabra cabeça da garotinha vampira ser atirada em uma das
três grandes fogueiras que agora jaziam na clareira enquanto alguns dos lobos se
revezavam dançando em torno delas, no que eu logo percebi não ser uma dança e
sim, uma coleta de varias partes de corpo que eles estavam queimando ali.

Era tudo tão irreal, mas o que não era irreal naquela minha nova vida louca que eu
abraçara totalmente ao receber Jacob nela?

E como se a menção mental de seu nome fosse capaz de trazê-lo para mim
instantaneamente, eu vi o lobo que eu amava voltar a ser o homem da minha vida,
pôr sua bermuda rápido o suficiente e vir ao meu encontro com a mais agoniada das
expressões que eu tinha certeza ser apenas o seu medo de que eu não estivesse bem,
como ele logo poderia ver que eu estava, embora o feitiço de Nina estivesse se
esvaindo pelo que eu podia imaginar, já que eu começava a sentir frio.
Sorri para ele e estiquei meus braços de um jeito bobo e totalmente ideal e quando
seu calor bateu de encontro a mim, senti seu cheiro e pude sufocar em seu abraço
firme e apertado. Porque eu soube, como eu sempre sabia quando ele me abraçava,
que tudo estaria muito bem!

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨FIM¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Epilogo
LA PUSH, Casa dos Black – 19 anos e 364 dias depois da vitoria sobre os Volturi.

Amelie Balck se apoiava na bancada de granizo de sua cozinha cortando suculentas


maçãs verdes, que em breve iriam se tornar parte essencial de uma gigantesca torta
que ela estava fazendo com uma velha receita de Marta para levar até a reunião do
conselho de anciões Quileute, na fogueira daquela noite.

Não seria, no entanto, uma noite comum de fogueira e lendas. Havia um proposito
especial na noite de hoje e um motivo a mais para celebrarem a tradição Quileute e
tudo o que ela significava. Estariam comemorando 20 anos da derrota dos Volturi.
Ainda era estranho a ela imaginar o quão rápido o tempo passou, pois ele
certamente corre quando você está sendo feliz e vivendo seu proposito a cada dia.

A vinte anos a garota que atendia por Wellow e não por Black como agora, nunca
poderia imaginar que estaria casada à essa altura, nunca imaginaria que viria a ter
um filho sequer, quando ela, de fato, já tinha três.

Sua primogênita fora Sarah, que ganhou esse nome em homenagem a mãe de seu
marido, que morrera quando ele ainda era criança. Sarah já tinha 20 anos agora, com
os cabelos negros de Jake e os olhos cinzentos de Amelie, ela já era uma mulher
feita, mais alta que a mãe, não que isso fosse muito difícil.

Ela foi sua primeira menininha e Amelie a mimou e protegeu até ser obrigada a
soltá-la para o mundo. No momento a garota estava em Seatle cursando a faculdade
de Psicologia e deveria estar chegando de viagem a tempo para a fogueira desta
noite. Permitiu-se recordar a confusão que fora o nascimento de sua primeira filha já
que na mesma ocasião, sua melhor amiga e sua cunhada também estavam dando à
luz e aquilo quase levou todo um bando de lobos à loucura.

Lembrou-se e sorriu sozinha em sua cozinha, totalmente reformada, assim como foi
o resto da modesta casa, quando ela descobrira a gravidez de seu segundo filho e
perceberam que precisariam de mais espaço já que não estavam nenhum pouco
interessados em começar a fazer planejamento familiar.
Assim que o rosto de seu filho passou por sua cabeça, seu peito se encheu de
orgulho. Ele era uma copia fiel do pai, nem mesmo parecia que tivera uma mãe já
que de Amelie ele herdara apenas o que Jake chamava de: “teimosia obstinada”, no
que Amelie sempre rolava os olhos e dizia que então, nem isso fora dela, pois era o
marido, a pessoa mais teimosa que ela conhecera na vida.

Essa noite também seria especial para o seu garotinho, que também já não era mais
um garotinho. Com seus dezoito anos, Victor estaria assumindo o bando de seu pai
para que Jake pudesse finalmente parar de correr e começar a envelhecer como um
homem comum. Tudo seria oficialmente anunciado hoje.

O telefone tocou e Amelie esticou-se para apertar o botão do viva voz e voltar ao
trabalho.

– Como vai a torta, cunhadinha? - a voz de Rach soou animada por detrás do
aparelho pregado na parede.
– Tudo sob controle, acho que não vou queimar nada dessa vez! - Amelie
assegurou.

Rachel gargalhou do outro lado da linha.

– A garota da Califórnia fazendo tortas de maçã, quão provinciano. - provocou


com intimidade.
– Falou a PHD, gravida pela quarta vez e responsável pela torta de carne. -
Amelie devolveu e Rach gargalhou outra vez, gostosamente.
– Eu liguei pra avisar que a Kim está tendo alguns problemas em casa e talvez
nós tenhamos que fazer a parte dela...
– O que foi? - Amelie perguntou preocupada com a melhor amiga e cortando
Rachel.
– Não é tão sério e eu só sei porque sou vizinha dela. Acabou de acontecer, na
verdade. Parece que Matt se envolveu numa briga. - Rachel fez pouco caso.

O filho de Kim era um bom garoto mas era totalmente o oposto da mãe e seu
temperamento era até mais parecido com o de Paul, marido de Rachel, do qual o
garoto nem era realmente parente. Apostavam nele para o próximo membro na
segunda geração do bando.
– Não é nenhuma bomba atômica! - concordou Amelie.

E então Rachel disse algo como: “Eu disse que não era!” e logo desligou para cuidar
de seu forno. A primogenita de Rachel, Ana, era namorada de Matt desde que os
dois descobriram que não parecia mais nojento beijar o coleguinha e Amelie
imaginou que principalmente por isso e não por serem vizinhas de porta, foi que
Rach soube da tal crise antes dela que era sempre a primeira pessoa para quem Kim
ligava quando precisava de ajuda com qualquer coisa. “Não deve ter sido nada serio
mesmo!” pensou outra vez e voltou para suas maçãs.

(…)

O relógio cuco que tinha na parede às suas costas apitou e Amelie percebeu que
Jacob logo chegaria em casa. Seu marido era realmente um pedaço de mal caminho!
Sua memoria à levou até sua ultima viagem para a Califórnia.
A Abermonth Academy, escola onde estudara por quase toda a vida iria oferecer um
jantar de ex-alunos em ocasião de seu bicentenário. Recebera o convite ainda em La
Push e apenas rira com a possibilidade de comparecer mas aconteceu de a data do
evento coincidir exatamente com a visita que fazia ao pai.
Seu pai, ao contrario de sua mãe, pareceu muito a favor de seu relacionamento com
Jake assim que acordou de um coma de quatro meses completamente recuperado e
com toda uma outra visão da vida, depois de passar por uma emocionante
experiencia de quase morte que já virara anedota familiar pela quantidade de vezes
que fora contada. Essa atitude positiva de seu pai frente às escolhas que Amelie
fizera, acabou reconstruindo um laço que ela pensava ter perdido para sempre com
sua família.
Na verdade, os dois construíram a partir dali algo muito mais importante do que
todos os anos que passaram apenas ocupando obrigatoriamente os cargos de pai e
filha. Claro, Clarissa não fez parte de nada disso e após conseguir um acordo
milionário pelo divorcio, mudou-se para França, onde fora criada e felizmente
ninguém a viu outra vez.
Vencida então, pelo desejo um tanto mórbido de contar as rugas de Trace e ter
certeza que as suas não eram mais numerosas, ela obrigou um Jake um tanto
relutante à entrar em um smoking, subiu em cima de seus La Boutins mais
glamourosos e foi até o melhor salão de beleza de Beverly Hills para garantir que
estaria totalmente à altura daquele tipo de evento.
Às oito em ponto, uma hora cuidadosamente atrasada, lá estava ela e seu marido
troféu ainda preso em um corpo de 25 anos mesmo que já tivesse quase 38.
Jake odiou tudo, é claro. Não parava de se irritar pela quantidade de homens que
cercavam Amelie impressionados com o fato de ela parecer exatamente a mesma
garota que conheciam, como se os anos não tivessem afetado ela também. Ele não
percebeu que toda e qualquer mulher do salão olhava para ele e encarava sua esposa
com ares de inveja, enquanto as más línguas começavam a circular sobre quem era o
garotão que Weelow decidira sustentar.

Já no meio da festa, onde os aperitivos davam lugar ao jantar, Amelie fora abordada,
não muito gentilmente por alguém que demorou reconhecer. Luke não tinha mais o
corpo firme e bronzeado e os cabelos dourados que faziam dele o rei da escola à
vinte anos atrás. Ela podia apostar que até mesmo os olhos dele haviam perdido o
brilho da confiança, alem de ganharem algumas bolsas frouxas, ganharam também
uma característica submissa e meio idiota que ele nunca demonstrara antes.

– Amelie Weelow, você não mudou nada! Como pode estar ainda mais gostosa
que na época do colégio! Você não ia ter um filho? - disse tropego,
claramente alterado pelo Wisky do qual vinha se abastecendo no bar desde
que chegara ali.
Antes que Jake fizesse algo mais do que encará-lo com muita raiva, Luke virou-se
subitamente, dando à Amelie uma visão completa de sua calvície já bem avançada.

– Venha Trace, veja quem eu achei! - chamou um tanto alto demais, alardeando
sua patética condição.

E então o queixo de Amelie caiu um pouco mais quando viu andar até ela uma
mulher extremamente magra, tão magra que sua pele macilenta parecia
completamente frágil ao mais simples toque. Trace era uma coleção de cirurgias
plasticas que deram errado. Desde os olhos que pareciam esbugalhados demais, à
sua sobrancelha tatuada permanentemente e seus lábios de silicone, carnudos em
excesso. A sua total e completa falta de rugas devido à uma obvia aplicação cavalar
de Botox, conferiu a ela uma qualidade ofidídea e Amelie imaginou que pela
primeira vez a ex-amiga parecia por fora, a cobra que ela era por dentro.

Não ficou muito tempo mais naquele lugar. Sua curiosidade mórbida não era
suficientemente grande para diverti-la depois de tudo o que viu ali. Deu à Jacob seu
tão esperado passe livre daquele terno engomadinho, como ele mesmo o chamava.
Mesmo morando no fim do mundo e fazendo tortas de maça ela ainda era uma
dama, não chutaria cachorro morto.

(...)
Voltando ao presente, ouve a porta bater e pelo descaso com que fora batida só
poderia ser uma pessoa. A sua caçula, com 16 anos recém completados e a dor de
cabeça da casa, totalmente rebelde e metida a sabe tudo, que a fazia lembrar de mais
de si mesma nessa idade. Para complicar um pouco a situação, ela também era o
imprinting de um dos lobos da nova geração do bando. O filho mais velho de Sam, a
quem todos chamavam Samuel.

– Mellanie, onde você estava? - alterou sua voz quando percebeu que a garota
passara direto pelo corredor que levava aos quartos e não se dera ao trabalho
de entrar na cozinha.

Não obteve resposta enquanto respirou fundo e lembrou a si mesma para ter
paciência. Jake mimara demais sua garotinha e como ela era realmente a caçula, já
que Amelie decidiu fechar a fabrica depois do terceiro filho, acabou sendo estragada
pela família inteira também.

Menos de cinco minutos depois a porta bate outra vez, fazendo o mesmo som
irritante. Amelie pondera se deve ou não ir atrás da garota e exigir explicações de
seu paradeiro mas parar e pensar faz com que já seja tarde demais, pois se bem
conhece a filha, em seu passo ligeiro de fugitiva já deve ter virado a rua.
Bufa indignada por não ter pulso firme quando se trata de Mel e admite que assim
como acusa todos os outros de tê-lo feito, ela também a mimou demais.

– Porque a cara de brava, minha patricinha linda? - Jake sussurra em seu ouvido
chegando de mansinho sem que ela o percebesse.
– A sua filha me ignorou outra vez e saiu de casa sem dizer onde ia! - responde
mal humorada embora sem a convicção necessária já que o marido agora
desce a mão até seu bumbum o apertando e começa a distribuir beijos em seu
pescoço.
– Agora ela é só MINHA filha, não é? - ele ri matreiro enfiando a outra mão
por baixo do avental e atravessando a fina regata que ela usava até encontrar
um de seus seios.

Amelie desiste de suas maçãs e se deixa levar completamente quando Jake a vira de
frente e a imprensa contra a pia. Trocam um beijo faminto e cheio de língua e ele
aperta sua cintura sem delicadeza enquanto a coloca em cima da bancada. Ela abre
suas pernas e o enlaça instintivamente. Joga a cabeça para traz em um gemido alto
enquanto ele chupa com gula um dos mamilos que acabou de descobrir. A regata
que usava, totalmente relaxada e inútil pela violência com que fora afastada. Sente a
ereção dele sob o jeans e descontrolada como sempre quando ele a pega desse jeito,
desce suas mãos afim de abaixar ela mesma as calças dele e acabar logo com a
tortura. Seu sexo pulsando com força. Apenas afasta a calcinha como já fizera tantas
vezes, na pressa de ser consumida por aquele êxtase tão conhecido.

– ECO! - o grito tira os dois de orbita e Jake sobe suas calças em uma
velocidade impressionante.

Mellanie está parada na porta da cozinha com uma mão no peito enquanto a outra
mão aperta dramaticamente os olhos em um sinal de recusa veemente.

– Por favor diz pra mim que eu não acabei de ver o “remake” da minha
concepção! Meus olhos foram cegados para sempre! – ela choraminga
enquanto continua dizendo “ECO” “ECO” sem parar.
– O que você faz aqui? - Amelie pergunta nervosa ignorando a tentativa de
drama da filha caçula. Os seios ainda desnudos protegidos pelo peito largo de
Jake.
– Ah, agora é assim não é?! Quando eu não estou em casa é “O que você tanto
faz na rua, porque não fica mais em casa?” Decide logo o que você quer
mamãe! - diz atrevida enquanto solta uma risadinha sarcástica.
– Ai, eu vou matar ela! - a mãe esquece completamente que deve parecer um
adulto responsável e pula da bancada, esquecendo-se também de sua situação.

A garota grita outro “ECO” e tampa novamente os olhos e antes que Amelie avance
enfurecida em sua doce filha adolescente Jake para sua mão e diz sério.

– Vá pro seu quarto Mell, falo com você depois e não ache que eu não estou
sabendo do que você e aquele filho irresponsável do Sam aprontaram na praia
porque eu fico sabendo de TUDO, mocinha!

E como ao pai ela nunca ousa desobedecer, talvez por sua voz trovejar acima de
qualquer outra da casa, impondo aquele tom alfa, Mellanie apenas dá língua para a
mãe despreocupadamente e sai da cozinha.

– Essa menina está impossível! Nem eu fui tão terrível, tenho certeza! -
desabafa Amelie arrumando sua blusa arruinada e parecendo mais cansada do
que estaria normalmente após um dia comum de sua rotina.

Jake levanta a sobrancelha e está pronto à lembrar sua esposa do quando ela fora até
mais impossível que sua filha quando considera que não deve dizer nada ou acabará
dormindo no sofá.

(...)

No inicio da noite Jacob e Amelie deixam a casa e caminham de mãos dadas como o
apaixonado casal de namorados que eles são já a vinte anos. Amelie já ajudara na
organização das mesas de comida e voltara para casa afim de se arrumar e ir até a
fogueira com o marido, aproveitando a caminhada.
– Você acha que Victor está mesmo pronto? - pergunta à ele sobre o filho que
está prestes a receber grande responsabilidade.
– Ele aceitou tudo isso muito melhor que eu e é um bom garoto, pode lidar com
tudo sem maiores problemas. Ainda estarei aqui para ele nos próximos anos e
meu pai diz que tudo está calmo agora. Não parece que ele vá passar por um
terço do que nós enfrentamos! - tranquiliza a esposa.
– Ele ainda é meu bebê, sabe! - Amelie se defende com um sorriso fraco, ainda
preocupada como uma boa mãe.
– Ele é o meu bebê também. Vai dar tudo certo! - Jake a abraça um pouco mais
forte fazendo-a suspirar e concordar com a cabeça.

Depois de comerem e ouvirem as lendas, Jake anuncia o filho como próximo líder
da matilha e Victor recebe os cumprimentos da comunidade ali reunida. De repente
um carro estaciona ali por perto e dele sai Sarah, que agita seus braços, chamando o
pai e a mãe.

– Desculpem por não chegar a tempo, mas é que eu tenho uma surpresa! - a
garota anuncia transbordando de felicidade. A outra porta do carro se abre e
Amelie percebe quando Jake enruga o nariz e olha em volta assumindo uma
posição protetora em volta da filha e da mulher.
– Mãe, pai, eu vou me casar! - a garota anuncia exibindo um grande anel de
diamantes ainda sem deixar que eles falem qualquer coisa. - Conheçam o meu
noivo, Oliver. - indica o homem que acaba de contornar o carro postando-se à
seu lado.

(...)
Quando toda a confusão foi resolvida e as cabeças foram mantidas, com um grande
esforço por parte das mulheres, principalmente, Jake ainda muito carrancudo e
completamente fechado à uma conversa franca e Amelie que se mantinha
embasbacada com tudo o que ouvira sobre sua filha que estava de casamento
marcado com o vampiro que ela mesma conheceu como padrinho por quase toda a
vida, chegaram em casa prontos para dormirem primeiro e pensarem depois quando
suas cabeças estivessem um pouco aliviadas.

E eis que no sofá da sala, na primeira luz que acendem, eles finalmente descobrem
onde Mellanie se metera a noite toda, que não pode aparecer nem um segundo
sequer na fogueira.

Só de calcinha ela se enroscava sem pudor algum no filho primogênito de Sam


Uley, que era cinco anos mais velho que ela e nem assim mais responsável, vestido
apenas com uma bermuda surrada de quem acabara de voltar da ronda e com o zíper
totalmente aberto.

– Eu vou matar essa menina! - foi a vez de Jake trovejar.

A filha deu um alto pulo do sofá puxando uma manta que estava caída no chão e
tapando a nudez enquanto seu acompanhante tentava fechar com alguma dignidade
a braguilha sobre sua grande ereção aparente.

Por alguma razão que ela desconhecia, talvez o nervosismo já acumulado através
daquela noite atribulada, ou quem sabe as lembranças dos amassos indecentes que
ela mesma dera naquele sofá aos 16 anos, Amelie Black não conseguiu fazer nada
além de se dobrar de tanto rir.
Chacoalhando o corpo em soluços histéricos, ela gargalhava tanto com tal foça que
fez com que Jake esquecesse até mesmo o que tinham presenciado para encarar a
mulher, preocupado com sua sanidade.

– Samuel. - ela chamou o garoto ainda rindo, agora um pouco mais controlada.
- Você precisa se concentrar mais, garoto. A Marta nunca pegava o Jake em
flagrante!

E então como se já tivesse dito tudo, caminhou até seu quarto tropega pelo ataque
de riso arrastando um Jacob muito assustado com o que ela acabara de dizer e
começando a se recuperar do susto o suficiente para considerar ir até a sala e
arrancar uma das patas daquele filho abusado do Sam.

– Vou casar aqueles dois e aí ela vai ser problema dele! - Jake sentou-se na
cama e sua carranca aumentou. No momento ele parecia uma velha puritana.
– Há por favor! Qual é a nossa moral pra dizer alguma coisa? Ela nos pegou na
mesma situação mais cedo e nós nem temos a desculpa de que nossos
hormônios nos enlouquecem! - Amelie rebateu.
– Realmente, não são os meus hormônios que me enlouquecem... - Jake sorriu
para a mulher esquecendo-se temporariamente de qualquer preocupação com
os filhos enquanto assistia ela se despir despreocupadamente para vestir o
pijama. - Quem me enlouquece, e sempre me enlouqueceu, é você Sra. Black!
- gracejou agarrando-a antes que colocasse os shorts.
– Pois eu posso dizer o mesmo Sr. Black! - ela levou às mãos aos braços fortes
do marido ainda sem se virar.

Aqueles braços já eram seu lar tempo suficiente para que ela soubesse que, por mais
que sua humanidade impedisse um “para sempre”, ela duvidava que mesmo a morte
fosse capaz de separá-los.

– O que você acha de terminarmos o que começamos mais cedo, hein? - ele
mordiscou seu pescoço apertando mais possessivamente sua cintura.
– Eu acho que você tem as melhores ideias, meu amor!

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Agradecimentos
Ual, como eu começo? Estou ainda meio boba de pensar que terminei mesmo essa fic, que foi
com certeza a maior historia que eu já escrevi, não só em tamanho, já que meu arquivo aqui acusa
353 páginas de Word, mas também pelo tempo dedicado – comecei a escrever em Julho de 2009.
Pra mim é muito difícil pensar na trama e eu tive tanta gente me elogiando ao longo da Fic e
sendo gentil comigo e mostrando tanto suporte. Vocês são muito boas pra mim!!! Foi maravilhoso
responder cada um dos comentários e eu só tenho a agradecer o tempo de vocês, o tempo que
dedicaram para prestar atenção nesse projeto, que eu acredito, me ensinou muito. Acho que eu
tenho mesmo sorte. Minhas leitoras são as pessoas mais legais, compenetradas e divertidas. Eu
não tenho nenhum dos problemas que vejo por aí alguns autores reclamando e eu só posso pensar
que eu devo isso a vocês também! Foi um ano complicado pra mim. Eu acabei de terminar meu
curso na faculdade e acreditem que escrever pra vocês me salvou de varias maneiras!

Desculpem qualquer coisa e me perdoem se eu esquecer alguém aqui. Sou meio lerda as vezes ^^
Obrigada a todas as meninas que me acompanharam no orkut:

- Anna - Adriele - aleka - Aline - Andy – Babi - Becca - Bella Marie - Bia – Brendha - Carol -
Caroline - Cristiane - Daiane - Daysi - DC Tinky - F. - Fernanda - FRÊNCH FLÄAÍH C - Gabi
- Higina - Isa - Janille - Jeh - Jess - Jéssica - Joana - Jule Stew - Karol - Layse - Lêê - Lenita -
Lidiane - loloon - Lorii - Lu - Manuella - Mariana - Marianna - Maryana - Melissa Maciiel -
Melissa Queiroz - Mikaella - Nath - Nathalie - Nine - Paanic - Priscila - “Plush Moderação”-
R. - Rachel - Raphaela - Renata - Sally - Samara - Suany - Suuuri - Stephanie - stephany - T.
- Tali - Tamy - Thabata - ”Taylor Fotos” - Thay - x maá spaolonzi - yasmim - Yaya - Yla -

Obrigada à todas as minhas leitoras do Nyah:

- AmandaLautner13, Amelia Cullen, anaguima, Angiex3, Adrinit, Andreia_Renata,


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UchihaAn, vava, vicsalles, Victor Martyn, violetofnight, Yayaa, “141292” -

Um beijo especial para quem recomendou a fic:

- Aryane - Bella_Pattinson - mariajulia_09 - Rafa srb - Ray Lima - smktamy -


sol - Yayaa -

*É muito bom ver as recomendações de vocês, que são sempre mais um jeito de ter
meu trabalho reconhecido... obrigada, obrigada!

Minha comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?


cmm=99781408

- BigBjo para todas vocês que participam e pra quem não entrou ainda... são muito
bem vindas lá!!!

Pra quem acompanha minhas outras duas Fics em andamento, “The drug of love” e
“She's the one” saibam que elas estarão agora em prioridade máxima e logo tem
post!

E para quem se interessar, estarei estreando, exclusivamente no Nyah, uma nova


Fic: - Coração Selvagem – (link em breve, nessa mesma pág.)

Ela será um universo alternativo com um shiper que é novidade pra mim –
Jake/Bella/Edward – Por mim convido a todas mas essa será uma historia para quem
não se importa em ler uma Fic um pouco mais “adulta”. Ficaria muito feliz de
encontrar vocês nesse novo projeto e vocês podem ver mais detalhes no link
acima!!!

OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!

*_*

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