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1. Introdução
Embora a doutrina estrangeira não atribua ao ato político dimensão palpável, não
existe relutância de o enquadrar como quarta categoria, diferenciada, entre os
atos emanados dos órgãos de soberania. Assim, até para discernimento quanto ao
objeto de estudo, o ato político é posto ao lado do ato administrativo, do ato
legislativo e do ato jurisdicional.
Lúcia Valle Figueiredo entende que os atos políticos não se diferenciam dos atos
administrativos. Trata-se de normas individuais, concretas, que seguem o padrão de
legalidade, compreendida em amplo sentido. Assim, atos diretamente subsumidos à
Constituição não escapam ao controle jurisdicional, como, por exemplo, a
decretação do estado de sítio, a declaração de estado de defesa e opções quanto à
política econômica[6].
É suficiente dizer, no momento, que os atos políticos são atos que expressam a
função política concretizada, mais especificamente a função governativa (política
stricto sensu), conformando-se sem conteúdo normativo, em regras ou decisões.
Manifestam-se por intermédio de órgãos governativos ou por participação política
das pessoas (eleição, referendo), com expressão no direito interno ou
internacional[11].
Fixe-se que nos diversos países a teoria dos atos políticos se desenvolveu de
forma peculiar, razão pela qual é angustiosa a análise comparada do instituto.
Fixe-se, outrossim, que a idéia de isenção judicial de uma categoria genérica de
atos políticos ou com direcionamento político, bem como a proibição de
interferência do Judiciário em matérias reservadas ao Executivo não aparecem como
tendência nos sistemas constitucionais contemporâneos[12].
O estudo dos atos políticos tem ocorrido sem norteamentos seguros. Dada a
atipicidade, procura-se-os caracterizar individualmente, à medida que aparecem e
se concretizam na casualidade. Tendo-se em vista a estrutura atípica, a
conformidade com a Constituição é garantida por meio da análise de pressupostos,
elementos e requisitos no ato concretizado ou a concretizar[18].
Pode-se conceber uma ligação direta entre a função política e o dever de assegurar
bens ou valores, de suma importância ao desenvolvimento do Estado, traduzidos e
fixados na Constituição. É possível identificar algum elemento norteador da função
política, via transversa, nos tipos penais construídos para caracterizar os
chamados crimes de responsabilidade, a que estão sujeitos os titulares da função
política[23]. A tipicidade penal se apresenta como controle preventivo e
repressivo dos desvios ou abusos no exercício da função política.
Por outro lado, questões eminentemente políticas, são atacáveis pelo critério
inverso dos pressupostos positivos: possibilidade jurídica de controle de
constitucionalidade, interesse, impulso processual, conhecimento da matéria pelos
Tribunais[31]. Dá-se, aí, o controle jurisdicional.
A análise comparada dos atos políticos não pode, então, deixar de ser casuística,
considerando-se os diversos fatores que atuam no real dimensionamento.
O primeiro parâmetro, ponto de apoio encontrado para o estudo é fixado nos modelos
típicos de fiscalização da constitucionalidade.
O quarto modelo típico é relevante também para que se entendam dois movimentos em
sentido contrário no controle de constitucionalidade atual: nos países com
estrutura jurídica fundada no sistema romano-germânico, com controle de
constitucionalidade concentrado, caminha-se ao controle difuso; os sistemas
jurídicos fundados a partir do judicial review, de outro lado, apresentam traços
do controle concentrado.
Enquanto nos países da Europa a noção de ato político é conexa à temática das
imunidades dos atos de poder e à inviolabilidade pessoal do titular da função
política (seja como privilégio, seja como garantia de autonomia funcional), nos
E.U.A., os atos políticos são tratados a partir da doutrina da political question.
É importante decisão de junho de 1971 em que a Suprema Corte foi provocada pelo
governo para proibir a veiculação, no New York Times e no Waschington Post, de
artigos baseados em documentos secretos do Pentágono sobre a guerra do Vietnam. A
Corte decidiu que cabia ao governo o ônus de informar sobre os motivos que
tornariam as publicações danosas à segurança nacional, o que não foi
suficientemente provado[48].
O sentido da decisão Marbury versus Madison pode ser considerado claro e simples.
Declarou-se, ali, a supremacia da Constituição sobre as leis ordinárias. Contudo,
tal perspectiva, sem delimitação material ao que se pode entender como integrante
do conteúdo constitucional assusta, principalmente em relação aos direitos,
liberdades e garantias[50].
A doutrina da political question foi utilizada pela Suprema Corte americana, por
exemplo, para rejeitar writ impetrado por George W. Bush, quando concorria à
eleição presidencial de 2000. Em razão de divergência na contagem de votos,
realizada de forma manual, conforme ordenado pela Suprema Corte da Flórida, a
Suprema Corte americana decidiu que a questão deveria ser submetida às leis do
Estado da Flórida[52].
Outro exemplo típico do non liquet fundado na doutrina da political question foi a
decisão da Corte de Massachusetts na Civil Action n.03-10284-JLT, impulsionada por
John Doe I e outros contra o Presidente George W. Bush e o Secretário da Defesa
Donald H. Rumsfeld, em 24 de fevereiro de 2002. Na ação, os imputados eram
acusados de empreender invasão militar no Iraque sem Declaração de Guerra pelo
Congresso ou autorização do mesmo para tanto. Ter-se-ia violado o artigo I,
Section 8 da Declare War Clause. A defesa alegou que não havia jurisdição, pois se
tratava de uma questão política não sujeita ao controle por parte do Judiciário.
Decidiu-se pela political question, ou seja, fixou-se que decisões sobre a conduta
externa do país são de ordem política, pois envolvem questões cujas resoluções são
atribuídas pela Constituição aos poderes políticos, Executivo e Legislativo. Se
houvesse divergência clara entre os poderes políticos em relação à condução da
política militar, não se trataria de mera questão política, mas de séria questão
constitucional a ser resolvida pelo judiciário. Assim, o Judiciário só poderia
julgar as políticas de guerra na hipótese de conflito aberto entre o Congresso e o
Executivo. Na medida em a Constituição estatui que o Presidente é o comandante e o
chefe das Forças Armadas e o Congresso, de seu lado, tem poderes para declarar
guerra e para criar e manter exército e marinha, os dois poderes políticos têm
responsabilidades e prerrogativas em relação à política de guerra. O Congresso,
pela case law, não tem poder exclusivo para decidir se os Estados Unidos devem ou
não entrar em guerra. Portanto, a ratificação pelo Congresso de atividades de
guerra, ou de continuação de guerra não declarada, pode se realizar mesmo sem
declaração de guerra formal. A forma a ser adotada e o conteúdo necessário para a
ratificação cabem exclusivamente ao Congresso apreciar, não ao Judiciário.
Discordâncias, debates e meras divergências são características do relacionamento
entre os poderes políticos e não significam conflito intransponível a ser dirimido
pelo Judiciário[53].
4.2. Inglaterra
Assim, quando a lide extravasa o âmbito de competência das cortes inglesas, seja
invocando a aplicação de normas que não integram a common law, seja apresentando
como causa de pedir a ilegitimidade de um “ato do soberano”, sequer existirá
possibilidade de apreciação jurisdicional do pedido[65].
Após o Crown Proceeding Act, de 1947, ações civis e criminais passaram a ser
admitidas contra a Coroa, com o impedimento de decisões impositivas diretas do
Judiciário ou remedies contra a mesma. Medidas de suspensão ou de execução forçada
foram evitadas mesmo que tivessem como fundamento a garantia de direitos das
partes[66].
Mesmo assim, em decisão pioneira, o Comitê Jurídico da Câmara dos Lordes foi
impulsionado pelo Tribunal de Justiça da Comunidade Européia a resolver um
conflito direto entre uma lei britânica e o Tratado de Roma. Em julho de 1990, o
Tribunal de Justiça, em questão prejudicial, decidiu pela aplicação do direito
comunitário em proteção de um direito individual[70].
4.3. França
A doutrina francesa entende que são insuscetíveis de controle os atos que dizem
respeito ao relacionamento entre órgãos estatais, como o Governo e o Parlamento, e
os atos referentes às relações de direito internacional, como os ligados aos
tratados internacionais e à declaração de guerra. Mas o entendimento não é
absoluto. As relações entre o Presidente e o Governo, as do Executivo com o
eleitorado e a nomeação dos membros do Conseil Constitutionnel também seriam
qualificadas como atos políticos.
Com fundamento na teoria do ato de governo, o Conseil d’Etat se recusou, até 1990,
a conhecer atos que traziam questionamento sobre as relações do Governo com um
Estado estrangeiro ou outro organismo internacional[81].
O declínio da teoria dos atos de governo teve como conseqüência uma investida
contra as imunidades dos titulares de funções públicas. Na prática, cinco
ministros franceses, pressionados, renunciaram às suas funções quando se
encontravam sob averiguação ou na iminência de serem perseguidos por abuso de suas
funções no governo[88].
Em julho de 2000, o Conseil d’État decidiu, no caso Paulin, que nem o artigo 55 da
Constituição nem qualquer outra disposição de valor constitucional dispõe que o
juiz administrativo deve fazer prevalecer, em caso de conflito, costume
internacional ou princípio geral de direito internacional sobre a norma
legislativa interna (no caso, norma fiscal francesa). Reconheceram-se válidos,
costume e princípio de direito internacional, apenas em caráter supletivo[91].
Vedada estaria a apreciação de constitucionalidade de ato legislativo com
fundamento no direito internacional.
Toda essa casuística é importante para o presente estudo para que se possa
visualizar um começo de descentralização e de jurisdicionalização do controle de
constitucionalidade no direito francês, inclusive por tribunais administrativos,
na prestação jurisdicional concreta.
4.4. Alemanha
Há plena consciência por parte dos juízes constitucionais de que a função que
exercem encontra-se demarcada pelo princípio democrático e pela afirmação dos
valores constitucionais, em um “equilíbrio delicado”, entre a regra da maioria e
as garantias constitucionais[96]. Desta forma, procura-se garantir tanto o
pluralismo como a proteção das minorias, consideradas legitimadas para reclamar na
jurisdição direitos no âmbito interno dos órgãos constitucionais.
O Tribunal Constitucional funciona como suprema corte, sobretudo quando atua como
última instância na função de garantir direitos fundamentais. Atua, no plano
subjetivo, após esgotamento de recursos e manifestação dos demais tribunais.
Mediante a Verfassunsbeschwerde, recurso posto à disposição tanto de pessoas como
de grupos, o tribunal atua no caso concreto com eficácia contra atos do poder
público, inclusive decisões políticas (lei, regulamentos, atos administrativos, do
executivo e judiciais).
Não significa dizer que a jurisdição intervirá sempre e que todos os atos públicos
serão controlados. Há, processualmente, momento reservado à verificação de
requisitos de admissibilidade do pedido de apreciação jurisdicional, onde se
verificam a existência de lesão efetiva ou iminente de direitos e interesse
legítimo da parte reclamante, o que de certa forma funciona como condicionamento
do acesso à jurisdição[103].
Embora sua função precípua esteja mais ligada à proteção de direitos fundamentais
e à garantia da Constituição, o Tribunal Constitucional é forçado a se manifestar
na conformação das decisões políticas justamente porque os políticos o procuram
para a solução de seus problemas específicos[107].
g) recursos eleitorais.
4.5. Itália
O ato político foi identificado e localizado pela doutrina, ao longo do tempo, nas
relações entre Governo e Parlamento (apresentação de projetos de lei, nomeação e
destituição de Ministros, promulgação de leis); nas relações internacionais; nas
medidas de ordem interna; no poder de graça do Chefe de Estado; em atos movidos a
garantir a ordem pública e, por fim, nos chamados atos de exceção[114].
4.6. Espanha
Parecia, à primeira vista, revivida a teoria dos atos políticos, mas a sentença
foi prolatada em outro contexto. Apesar do entendimento de que a transcendência
política da questão submetida ao Tribunal Constitucional não impedia a verificação
dos limites e obrigações constitucionalmente impostos, ou seja, vinculação ao
programa constitucional, o amparo não foi conhecido por ilegitimidade de parte e
por falta de requisito essencial à utilização do remédio constitucional: violação
ou ameaça a direito concretizada ou a se concretizar. As corporações de advogados
impetrantes foram consideradas sem legitimidade processual para defender em nome
próprio direitos de todos os jurisdicionados. Também o requisito da lesão efetiva
e concreta de direitos não havia sido observado[144]. Na verdade, a falta de
instrumentos processuais para o reclamo da inconstitucionalidade por omissão
assemelhou-se, em resultado, à incontrolabilidade dos atos políticos.
Outra decisão que pode ser considerada exemplo de superação da teoria dos atos
políticos foi dada pelo Tribunal Supremo em 4 de abril de 1997. Decidiu-se ali que
documentos taxados de secretos pelo Governo, porque ligados à luta contra o
terrorismo, poderiam ser usados na instrução penal em defesa de direitos
fundamentais[145]. Deu-se prevalência à proteção de direitos fundamentais, ao
direito à tutela efetiva, em detrimento do interesse de segurança e defesa do
Estado[146]. Antes da decisão, o Tribunal de Conflitos, em dezembro de 1995,
decidira excluir documentos classificados como secretos de processo contencioso-
administrativo. O Tribunal Constitucional decidiu, em recurso de amparo, que não
se podia deduzir da decisão do Tribunal de Conflitos a existência de matérias
reservadas, imunes ao controle jurisdicional. A classificação dessas matérias pelo
Conselho de Ministros podia ser impugnada na via ordinária, perante jurisdição
contencioso-administrativa. Não esgotadas as vias jurisdicionais, inadmitia-se o
amparo[147].
O tema dos atos políticos, contudo, tende a reaparecer com a criação do Centro
Nacional de Inteligência, viabilizado pela lei 11/2002, ligado ao Governo,
instituído com a finalidade de proteger e promover interesses políticos,
econômicos, industriais, comerciais e estratégicos da Espanha e prevenir perigo ou
ameaça à independência, à soberania e à integridade territorial. Previu-se, ainda,
na lei orgânica 2/2002, a criação de nova competência jurisdicional legada a
magistrado do Tribunal Supremo para autorizar, também com finalidade preventiva,
medidas que afetem direitos individuais, tais como interceptação telefônica e
violação de domicílio, bem como a classificação de documentos como secretos[149] .
Esse pensamento tão explicitamente traduzido por Jean Rivero permeia, na verdade,
a maior parte das obras daqueles que se preocupam com o direito comparado. É assim
que Giuseppe Vergottini oferece a América Latina como exemplo de sistema globale
de controle da constitucionalidade, próximo àquele concebido ao tempo de Weimar,
no qual o Estado se ocupava do controle da constitucionalidade. Tal qual o chefe
de governo tinha o poder de decidir sobre o estado de exceção, na América Latina,
era o poder militar quem garantia a Constituição, seja por meio da concentração do
indirizzo politico (governo direto) seja mediante supervisão e possibilidade de
intervenção (governo indireto). Assim foi definido, assegura o autor, na
Constituição do Peru de 1933, na do Paraguai, de 1940, na do Equador de 1945, na
do Brasil, de 1946 e assim por diante[151].
As cortes supremas na América Latina são chamadas a prestar jurisdição por meio
desses instrumentos processuais, seja em razão de competência originária (ex.:
contra atos do presidente), seja em via recursal[167].
Nos países que têm instrumentos processuais incorporados à ordem jurídica para
questionamento dos atos políticos perante o Corte Constitucional
(Verfassungsbeschwerde, Juízo de Amparo, Mandado de Segurança, Ação Popular),
existe a possibilidade de anulação, suspensão ou declaração da inexistência
jurídica do ato, ex post facto ou cautelar. São exemplos a Alemanha, a Espanha e
alguns países latino-americanos, nos quais, apesar do controle de
constitucionalidade difuso, a competência para conhecer desses instrumentos
constitucionais contra atos de autoridades superiores se concentra nas supremas
cortes que acumulam, na maior parte das vezes, função de última instância de
decisão de conflitos e de controle de constitucionalidade.
José Afonso da Silva afirma que, no Brasil, existe técnica peculiar de controle
de constitucionalidade que não comporta a teoria norte-americana, pelo menos em
sua totalidade, pois existe presunção de validade constitucional em favor de leis
e atos normativos do poder público que perdura no tempo até acionamento do
mecanismo de controle jurisdicional constitucionalmente previsto[199]. Este
entendimento cabe para os países latino-americanos com estrutura administrativa
fundada no princípio da legalidade, mas com sistemática de controle de
constitucionalidade assemelhada à norte-americana.
6. Conclusões
1) Os atos políticos não se identificam mais com os atos incontroláveis.
10) O costume internacional tem sido cogitado como fórmula para invalidar ou
conformar atos políticos.
11) Há conformação, nos diversos ordenamentos, de uma zona política, especial para
assuntos do Estado, no âmbito da segurança interna, externa e da cooperação
judiciária internacional, com atividades não tipificadas e sequer publicizadas. A
delimitação constitucional é duvidosa.
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[5] Leia-se Eugênio Raúl Zaffaroni: “Há tendência européia de separar as três
funções judiciais: solução de conflitos, controle de constitucionalidade e
autogoverno- processo de separação orgânica da função de controle de
constitucionalidade” (Poder Judiciário. Crise, acertos e desacertos, São Paulo:
RT, 1995, p. 75).
[7] Assinala ainda a autora referida que a definição de ato político, como ato
que fugiria ao controle jurisdicional não se sustenta face ao artigo 5º, XXXV,da
Constituição brasileira: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito” ( Direito Administrativo Moderno, São Paulo: RT, 1996,
p.48, 49, 170 e 171).
[11] Cf. Jorge Miranda, Funções, órgãos e actos do Estado, Lisboa: Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa, 1990, p. 19/29. A noção de função política
stricto sensu, em Portugal, é sintetizada nas competências dos órgãos políticos de
soberania e das regiões autónomas (V. Jorge Miranda, Funções., p. 37). Também do
mesmo autor Manual de Direito Constitucional, T. V, Coimbra: Coimbra Editora,
2000, p. 24).
[13] Cristina M.M. Queiroz afirma que a Constituição portuguesa opta pela
constitucionalização da política (Os actos políticos no Estado de Direito. O
problema do controle jurídico do poder, Coimbra: Almedina, 1990, p. 181). Em
Portugal, Gomes Canotilho afirma que a redução da complexidade da fiscalização
concreta conduz o “judicial review a um direito de exame incidental sem poderes
decisórios”, transformando-se tribunais em “instâncias de trânsito de questões
concretas de constitucionalidade” (Jurisdição constitucional e intranquilidade
discursiva, in Perspectivas constitucionais nos 20 anos da Constituição de 1976,
V. I, Coimbra: Coimbra Editora, 1997, p. 876). Carlos Blanco de Morais, de seu
lado, afirma que a Constituição portuguesa não trata do controle jurisdicional da
constitucionalidade dos atos políticos, nem de sanções por inconstitucionalidade
dos mesmos. Daí falar-se em um inexplicável “défice processual” da Constituição no
tratamento da matéria (Justiça Constitucional, T. I. Garantia da Constituição e
controlo da constitucionalidade, Coimbra: Coimbra Editora, 2002, p. 530). No
Brasil, assiste-se à politização do judiciário, dada a interação do controle
difuso e concentrado de constitucionalidade, tanto na justiça federal, como na
estadual, mais a fomentação da tutela coletiva e individual com instrumentos
processuais que viabilizam a garantia de constitucionalidade (A função das cortes
supremas na América Latina, Cândido Rangel Dinamarco, Relatório Latino-americano
para o Congresso Internacional do Direito Processual, Tessalônica, 21-25 de maio
de 1997).
[18] Pressupostos são condições prévias e exteriores ao ato, base para sua
existência e formação; elementos são partes integrantes do ato que lhe dão
especificidade; requisitos são pressupostos e elementos analisados para ato
específico sob o prisma constitucional, atendendo a valores, interesses e
finalidades . (V. Jorge Miranda, Funções,.p. 135 e Manual., T. V, p. 104). Ainda
conforme Jorge Miranda, é preciso atender muito mais à limitação material do poder
político e não mais à puramente formal (Fiscalização da Constitucionalidade. Uma
visão Panorâmica, in Sciencia Ivridica, T. XLII, 1993, n. 244 e 246, p. 163).
[33] Ibidem, p. 5.
[42] No Steel Seizure case (1952), a Suprema Corte fixou o entendimento de que
a princípio o Poder Executivo não está imune ao Judiciário, nem mesmo nas
hipóteses de emergência, em que cabe unicamente ao chefe de governo efetivar
medidas de urgência. Adnitir-se-ia, no contrário, supremacia do poder presidencial
sobre a Constituição (V. Bernard Schwartz, American Constitutional Law, Cambridge:
University Press, 1955, p. 204).
[46] More Supreme than court? The fall of the political question doctrine and
the rise of judicial supremacy, Rachel E. Barkow, in Columbia Law Review, V. 102,
no. 2, março de 2002, p. 253.
[47] Robert J. Pushaw Jr, The presidential election dispute, the political
question doctrine, and the fourteenth amendment: a reply to professors Krent and
Shane, in: Florida State University Law Review, V. 29, p. 603.
[57] Note-se, ainda, que tanto os juízes da Supreme Court como os juízes das
Federal Courts são nomeados pelo Presidente, com o apoio e consentimento do Senado
(Mauro Cappelletti, Il controlo giudiciario di constituzionalità., p. 79).
[64] Cf. Eugênio Zaffaroni, Poder Judiciário. Crise, acertos e desacertos, São
Paulo, Revista dos Tribunais, 1995, p. 106.
[68] Lei sobre a Marinha Mercante, aprovada pelo Parlamento em 1988, que
condicionava a utilização da bandeira britânica a navios de pesca de propriedade
de empresas britânicas. Empresas espanholas estariam impedidas de pescar em mares
britânicos pela nova lei.
[73] Cf. Dawn Oliver, Pourquoi n’y a-t-il pas vraiment de distinction entre
droit public et droit privé en Englaterre?, in Revue Internationale de Droit
Comparé n. 2, avril/juin 2001, p. 330.
[83] Cf. Gérard Teboul. Nouvelles réflexions sur le droit international non
écrit dans la jurisprudence du juge administratif et du juge judiciaire français,
in Revue du Droit Public de la Science Politique en France et à l’Étranger, n. 4,
Juillet/Août 2001, Paris: Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, p.
1112.
[95] Tal orientação, em linhas gerais, pode ser explicada pelos pensamentos de
Kelsen e Radbruch (Cf. Winfried Hassemer, Control de Constitucionalidad y Proceso
Político, in Persona y Derecho 45, 2001, p. 119/121.
[102] Cf. Jutta Limbach, Papel y poder del tribunal constitucional, In Teoría
y realidad constitucional, no. 4, 2º semestre de 1999, Universidad Nacional de
Educación a Distancia, Editorial Centro de Estudios Ramón Areces, p.99; Peter
Härbele, El recurso de amparo en el sistema germano-federal de jurisdicción
constitucional, in Revista Jurídica de Macau, O Direito de Amparo em Macau e em
Direito Comparado, no. especial, 1999, p. 216. Afirma Winfried Hassemer que o
Tribunal Constitucional não pode simplesmente renunciar a se manifestar sobre
questões políticas a ele submetidas e invocar a teoria da political questions, mas
pode desenvolver um proceder de forma a não entrar diretamente no âmbito da
decisão política (Control de constitucionalidad y proceso político, Persona y
Derecho, Revista de las instituciones jurídicas y de derechos humanos, no. 45,
Universidad de Navarra, 2001, p. 129/130.
[103] Certa margem residual é deixada em favor dos atos reservados aos órgãos
constitucionais e aos atos de governo, como os atos de relações internacionais,
pois só a eles seriam creditados interesse legítimo e lesão a direito próprio (V.
García de Enterría, Democracia, jueces y control., p. 282, nota 8).
[104] Posição semelhante foi adotada pelo Tribunal Supremo espanhol nos casos
de atos de classificação de documentação secreta, como se verá adiante (V. García
de Enterría, Democracia, Jueces y control., p. 329, nota 3).
[110] Enrique Garcia Llovet, Control del acto politico y garantia de los
derechos fundamentales. El derecho a un proceso sin dilações indevidas, in Revista
Española de Derecho Constitucional, ano 12, no. 36, setembro/dezembro de 1992,
Centro de Estudios Constitucionales.
[111] Cf. Michel Fromont, “Les pouvoirs d’injonction du juge administratif en
Allemagne, Italie, Espagne et France. Convergences”, in Revue Française de droit
administratif, Paris: Dalloz, ano 18, no. 3, mai/juin 2002, p. 551/560.
[112] Cf. Giuseppe di Gaspare, Considerazione, cit., p. 156 e José Luis Carro
y Fernández-Valmayor, La doctrina del acto politico (Especial referencia al
Derecho italiano), in Revista de Administração Pública 53, Mayo/Agosto 1967,
Madrid: Instituto de Estudios Políticos, p. 93. Incluíam-se na categoria os
decretos-leis, os decretos legislativos e apreciação de fundamentos para a
declaração de estados de exceção.
[113] Cf. José Luis Carro y Fernández-Valmayor, La doctrina del acto politico
(Especial referencia al Derecho italiano), in Revista de Administração Pública 53,
Mayo/Agosto 1967, Madrid: Instituto de Estudios Políticos, p. 89.
[114] Ibidem.
[116] Cf. Luigi Ferrajoli. Direito e Razão. Teoria do Garantismo Penal, São
Paulo: Revista dos Tribunais, (trad. Ana Paula Zomer e outros), 2002, p. 564/565.
[126] Consulte-se Paolo Tonini, A prova no processo penal italiano, São Paulo:
RT, 2002.
[134] Antonio Embid Irujo, La justiciabilidad de los actos de Gobierno (De los
actos políticos a la responsabilidad de los Poderes públicos), in: Documentación
Administrativa n. 220, Octubre/Diciembre 1989, Instituto Nacional de
Administración Pública, p.23 e 24.
[162] Cf. Dinamarco, A função das cortes supremas na América Latina, cit.
[164] Idem.
[179] Senado da Argentina anula leis de anistia, por Elaine Cotta, Folha de
São Paulo de 22 de agosto de 2003.