A Bruxaria é uma religião de origem Xamânica e forte tradição
mágica, Xamanismo e Magia são técnicas espirituais antigas, obtidas a partir de uma revelação cosmológica pessoal em linguagem simbólica, se entendida, abriria as portas dos segredos da natureza e do universo. Deusas da Fertilidade foram os primeiros objetos de adoração dos povos primitivos, que observavam maravilhados uma mulher dando a luz a uma criança, portanto todo o universo deveria ter sido criado por uma grande mãe. Entre os egípcios, era chamada de Nuit, a noite eterna. “Eu sou o que é, o que será e o que foi.” Entretanto ela não era apenas fonte de vida, como também senhora da morte, a noite negra. Introdução
De tempos em tempos todos os xamãs das tribos se encontram
para um combate espiritual, onde os competidores devem trazer seus aliados, suas plantas de poder e seus objetos mágicos para um combate único, “brujos” e “brujas” se encontram para uma convenção (coven). Os chamados “diableros” levam vantagem por possuírem as sombras como aliados, estas formam escudos impenetráveis, mas como toda competição mágica tem seu princípio na destruição espiritual de seu adversário, é muito difícil sair de um combate sem cicatrizes profundas, os escudos de sombras são tão impenetráveis que impedem até mesmo a própria evolução do “brujo”. É muito importante ser um guerreiro completo para poder competir sem medo da destruição, ser completo é ter uma aura de energia formando um escudo que envolve completamente o corpo do guerreiro a busca por ser completo depende unicamente de si mesmo, pois o “brujo” nunca sabe se é realmente um ser completo. A bruma da manhã se dissipa, no local escolhido vários competidores “brujos” já com o corpo pintado aguardam, muitos aprendizes assistem o embate espiritual, o fogo já está aceso, o mediador da competição avisa que maldições mortais são de responsabilidade única dos competidores. A competição inicia com a dança dos guerreiros no centro do local escolhido, a dança tem objetivo de atrair para o local do embate o (aliado) “o animal de poder” do “brujo”. Entre povos que dependem da caça, o culto ao Deus dos animais é de grande importância para os caçadores e suas famílias, ele promove a boa sorte nas caçadas e nas guerras. Quando chegou a hora do meu combate, algo estava errado pois, não tive sucesso em minha dança de guerreiro, meu aliado não apareceu para a batalha, fui ferido mortalmente em combate, meu espírito me abandonou, meu corpo ficou em coma por meses seguidos, concluí que eu não era um ser completo. Os xamãs mais velhos cuidam do meu corpo inerte e empregam uma cantoria ritual para meu espírito encontra-lo novamente, existem vários níveis de consciência, em estado de coma profundo a minha consciência, ligada ao corpo por uma fita branca (corda) o acampanha por um tempo, depois perde o interesse e é atraída pelas sombras. Sempre tive dúvidas sobre de onde vêm as almas, chegou o momento das sombras ensinarem a ver, percebi que as mulheres não criam, mas procriam a vida, e o nascimento constitui na verdade de um renascimento, pois corresponde a um retorno, de uma alma que já viveu antes.
Índio sombra que surge (Maio de 1971)
Desenvolvimento
Nenhuma origem de vida espiritual sobrepuja a do homem, pois
não existe, nenhuma criatura mais antiga, na natureza, somos mais antigos que as rochas e nossa vida corporal é, em muitos casos, uma vida de privação e lutas. A alma que habita o éter, depois de certo tempo, desce em direção a uma região por ela escolhida, escolhendo a família, no final do terceiro mês de gravidez, já acompanha a mãe, o nascimento é um momento penoso para a alma, pois corresponde a uma forma de aprisionamento, ela deixa seu estado espiritual para se introduzir num corpo material que está sujeito às contingências terrestres. A alma flutua ao redor da mãe, como uma luz difusa ou uma forma enevoada praticamente invisível, na verdade é uma sombra em transmutação na direção da luz maior, ela é guiada pelo modo como a mãe havia se preparado para recebê-la (vibrações da mãe). Os antigos mestres acreditavam que se a mãe tinha mantido pensamentos puros, construtivos e positivos durante toda a preparação do corpo que ia nascer atraía uma alma mais adequada, pura e evoluída ao seu filho, assim a mãe participava da evolução. Do contrário, pensamentos baixos principalmente medo, asseguram um carma negativo e pesado chamado maldição do nascimento esta é a origem do chamado maleficium, a maior parte das pessoas atravessa a vida sem saber sobre sua origem ou sobre os fatos a cerca de seu nascimento. Na verdade a alma tem grande curiosidade pela matéria e por conhecimento, esta volta é na verdade mais uma chance para, aperfeiçoar-se pela provação e purificar-se na dor, uma alma celestial numa efígie terrena, uma imortalidade que vem se mortificar. “Mãe do Mundo” No momento da primeira inalação ocorre o sopro da vida, a alma perde a lembrança do que já vivenciou e esquece a trama de suas vidas passadas. A visão das coisas se estreita consideravelmente, é com tristeza que se volta para o corpo físico, pois no estado espiritual tem um sentimento de paz e liberdade. A mãe portanto não é a única a sofrer, a alma quando penetra no corpo por ela escolhido, sofre a primeira prova de sua vida terrena, é um sentimento de defasagem entre o estado espiritual e a condição limitada que vivencia ao penetrar no seu novo veículo material. É difícil explicar este sentimento por meio de palavras, podemos compará-lo à sensação que temos quando somos bruscamente acordados no meio de um sonho, deixa uma sensação desagradável durante alguns minutos, paralela a esta impressão, ocorre uma tristeza por ter deixado o mundo espiritual. Durante toda nossa existência terrena, essa tristeza permanece a certo nível do nosso subconsciente e se transforma em uma saudade que nos impele inconscientemente a buscar nossa identidade real ou, quem sabe, a querer compreender de onde viemos e para onde iremos. Isso constitui o impulso básico das aspirações místicas que todo indivíduo sente em determinado momento da sua evolução. A maldição do nascimento, onde se está vinculado à mãe, na altura do umbigo é a ligação é o ponto mais frágil da teia de energia que envolve o corpo, é o buraco no escudo é a origem do maleficium, de muitas formas de mal é onde devemos buscar a resposta para a construção de um guerreiro completo. As sombras dizem que já é hora de voltar, meu corpo me espera e ele não vai esperar por mais tempo, a fita branca pode se partir, conclui que todos somos guerreiros incompletos buscando a perfeição. Não existe uma proteção perfeita, um escudo perpétuo, um casulo hermético, estas coisas são alegorias em um mundo em perpétua transmutação. Portanto meu aliado obedeceu à dança do guerreiro e veio ter comigo, meu aliado são as sombras, meu adversário na competição o outro guerreio xamã, não fez nada, ficou perplexo olhando a minha queda. Cai nos braços de uma mulher, a mãe do mundo, a mãe das sombras, a mãe das almas, de repente em um vislumbre entendi o mecanismo do grande espírito: “Se o pensamento pode chegar ao paraíso, deixem-no lá morar, se o pensamento receber medo, terror e poder de descer ao inferno; a desolação e as sombras da tua mente desconcertam e fustigam a moradia que tu deixaste para trás.”
Índio sombra que surge (Maio de 1971)
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