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UNIRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CCET – CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
EIA – ESCOLA DE INFORMÁTICA APLICADA

Proposta de Utilização de Software Livre no Bacharelado de


Sistemas de Informação da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro – Projeto Currículo Livre

Luiz Felipe Barbosa

Monografia desenvolvida sob


orientação da Professora Doutora
Morganna Carmem Diniz,
apresentada ao Centro de
Ciências Exatas e Tecnologia da
Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro como requisito
para obtenção do título de
Bacharel em Sistemas de
Informação.

Rio de Janeiro, 2007


Brasil
UNIRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

MAGNÍFICA REITORA
Profª. Malvina Tania Tuttman

VICE-REITOR
Prof. Dr. Luiz Pedro San Gil Jutuca

DECANO DO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


Prof. PHD Astério Tanaka

DIRETOR DA ESCOLA DE INFORMÁTICA APLICADA


Prof. Dr. Alexandre Albino Andreatta
Agradecimentos:

À Professora Doutora Morganna Carmem


Diniz pela orientação e entusiasmo pelo
projeto.

Aos integrantes da Escola de Informática


Aplicada do CCET da UNIRIO que
colaboraram com as pesquisas e apoiaram o
projeto.

Aos amigos e familiares que me auxiliaram,


ainda que psicologicamente, na continuidade
deste trabalho.
Dedico este trabalho a todos os Homens de bom coração que colaboram para melhorias à
sociedade e, redundantemente a todos os meus amigos, minha maior motivação de acreditar
que podemos sonhar em coletivo.
“O conhecimento tornou-se, hoje mais do que no passado, um dos principais fatores de
superação de desigualdades, de agregação de valor, criação de emprego qualificado e de
propagação do bem estar.
A nova situação tem reflexos no sistema econômico e político. A soberania e a
autonomia dos países passam mundialmente por uma nova leitura, e sua manutenção - que
é essencial - depende nitidamente do conhecimento, da educação e do desenvolvimento
científico e tecnológico”.

[SOCINFO 2000]
ÍNDICE

UNIRIO .................................................................................................................... 2

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................... 7

CAPÍTULO 2 – SOFTWARE LIVRE ..................................................................... 10

2.1- Histórico .................................................................................................................................... 10

2.2 – Conceitos de Software Livre ................................................................................................. 13

2.3 – Licenças Livres ...................................................................................................................... 15


2.3.1 - Licença GNU GPL (GNU General Public License) ....................................................... 16
2.3.2 - Licença BSD (Berkeley Software Distribution) .............................................................. 17
2.3.3 - Open Source Definitions ............................................................................................... 18
2.3.4 - Creative Commons ........................................................................................................ 18

2.4 – Software Livre X Proprietário ................................................................................................ 20


2.4.1 - Desenvolvimento Colaborativo...................................................................................... 20
2.4.2 - Custo Reduzido ............................................................................................................. 22
2.4.3 - Legalidade de utilização ................................................................................................ 23
2.4.4 - Redução da Dependência Tecnológica ........................................................................ 23
2.4.5 - Incentivo ao Desenvolvimento da Tecnologia Nacional................................................ 24
2.4.6 - Segurança e Confiabilidade .......................................................................................... 26
2.4.7 - Aproveitamento de Hardware........................................................................................ 27
2.4.8 - Responsabilidade .......................................................................................................... 29

2.5 – Software Livre em Órgãos Públicos..................................................................................... 31


2.5.1 - Aspectos Legais e Compromisso com o Poder Público ............................................... 31
2.5.2 - Armazenamento Digital Durável.................................................................................... 33
2.5.3 - Redução de Custos e Aproveitamento de Recursos Nacionais ................................... 33
2.5.4 - Privacidade .................................................................................................................... 35
2.5.5 - Diretrizes ....................................................................................................................... 36

CAPÍTULO 3 – CURRÍCULO LIVRE .................................................................... 38

3.1 – Software Livre e Educação.................................................................................................... 38

3.2 – Proposta da ENEC .................................................................................................................. 43

3.3 – Casos de Uso e Sucesso ....................................................................................................... 45


CAPÍTULO 4 – BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA UNIRIO
.............................................................................................................................. 50
4.1 – Histórico .................................................................................................................................. 50
4.1.1 – Conceito MEC ................................................................................................................... 51
4.1.2 – Eventos e Participações ................................................................................................... 52
4.1.2.1 – Semana de Software Livre ........................................................................................ 52
4.1.2.2 – Representatividade Estudantil ................................................................................... 52

4.2 – Plano Pedagógico do Curso ................................................................................................. 53

4.3 – Estrutura Computacional ...................................................................................................... 57

CAPÍTULO 5 – SOFTWARE LIVRE NA UNIRIOTEC .......................................... 58

5.1- Análise e Discussão para migrações..................................................................................... 58


5.1.1 - Corpo discente do CCET ................................................................................................... 58
5.1.2 - Corpo docente do CCET ................................................................................................... 61

5.2 – Experiência de Software Livre em Disciplinas .................................................................... 64


5.2.1 - Sistemas Operacionais ...................................................................................................... 64
5.2.2 - Distribuição e Concorrência............................................................................................... 65
5.2.3 - Bancos de Dados .............................................................................................................. 65
5.2.4 - Desenvolvimento de Software para Web .......................................................................... 66
5.2.5 - Ambiente Operacional Unix ............................................................................................... 66

5.3- Projeto de Software por categoria de disciplina................................................................... 67

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES ............................................................................ 79

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 84

ANEXO1 – QUESTIONÁRIO PARA CORPO DISCENTE .................................... 91

ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO PARA CORPO DOCENTE ................................... 92


Resumo

Este trabalho propõe-se a apresentar o Software Livre e


suas principais vantagens, principalmente em ambientes
universitários, sob o projeto Currículo Livre, uma iniciativa
da ENEC que visa o incentivo do uso de sistemas livres em
Universidades. Por conseqüência, participando do âmbito
do projeto final de curso, esta monografia examina a
viabilidade da adoção do Currículo Livre no curso de
Sistemas de Informação da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro – UNIRIO.
Capítulo 1 – Introdução

Sabe-se que, atualmente, a utilização de softwares é imprescindível em inúmeras


instituições, independentemente de suas atividades primordiais. Dessa forma, a requisição
por programas de computador aumentou de uma maneira assustadora, acarretando em uma
expressiva demanda comercial de software no mercado.
Segundo [PACITTI 2006], nas décadas de 60 e 70, era bastante comum o
compartilhamento do código fonte1 entre seus programadores, possibilitando assim, fazer
modificações no software e compartilhar com outros as mudanças, inclusive no Brasil.
Esses hábitos se mostravam amplamente difundidos, principalmente em ambientes
acadêmicos e sempre foram coerentes ao espírito de pesquisa nas universidades, tamanho
fomento ao estudo na área da computação.
No entanto, com a extensa propagação de softwares que atendiam corporações de alto
poder financeiro, começaram a surgir estratégias de código fonte escondido e protegido
como segredo comercial. Tais medidas eram de agrado ao cliente, pela sensação da
segurança de informação e principalmente aos fornecedores do software, devido à atrelada
dependência tecnológica.
Em seguida, surgiram as licenças de software (ou EULAs2), repletas de restrições que
deveriam ser respeitadas por quem comprava seus produtos. Essas licenças incluíam normas
para domínio de pirataria. Assim, os clientes que compravam o produto, além de
impossibilitados de modificar o programa, não podiam fazer cópias dos softwares que
adquiriram, nem distribuí-los. Além disso, algumas políticas de software limitavam os casos
específicos de utilização do produto. Ou seja, o cliente não era o dono do software, apenas
comprava a licença de uso do programa, aceitando regras de restrição para apenas um
computador.

1
Código fonte é um conjunto de palavras contendo instruções para ser feito o software, escrito em
uma das linguagens de programação.
2
End User License Agreements

7
Esse regime de práticas passou a ser adotado pela maioria das futuras empresas de
desenvolvimento de software, e na maioria das vezes com elevadíssimos preços de licença,
dificultando e inviabilizando as condições de aquisição de diversas organizações.
O Software Livre é uma alternativa bastante aplicada nessa situação, tanto para o setor
público como para o privado. O movimento Software Livre, iniciado na década de 80
através de pesquisas e compartilhamento de atividades da comunidade do cenário de
conhecimento livre, proporcionou um certo amadurecimento de opções livres no mercado.
Outro aspecto importante seria a maior compreensão do comportamento do programa,
proporcionada a quem utiliza as tecnologias empregadas no software livre em contraposição
à dependência da parte dos compradores em relação ao software escolhido, gerando
diversas dificuldades, não apenas de aprendizado do método de produção, assim como
problemas de compatibilidade entre sistemas que se comunicam entre si. Esse
aprisionamento traz consigo um custo relevante na mudança de fornecedor, uma vez que se
devem pesar os gastos relativos ao aprendizado e à supressão da incompatibilidade da
utilização do novo sistema.
Sendo assim, o estudo propõe analisar fatores que condicionam a conquista do software
livre, tratando itens que favorecem e dificultam sua adoção, avaliando também suas
vantagens na proposta do projeto Currículo Livre, que visa sua utilização no ambiente da
Universidade, onde soluções que asseiam o caráter da difusão do conhecimento são tidas
como primordiais.
Além de estudos de casos reais de adoção e sucesso de software livre em outras
instituições de ensino, este estudo aborda questões próprias da UNIRIO, Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro, suas individualidades estruturais e pessoais,
analisando a viabilidade da migração e o desempenho de sistemas livres por professores e
estudantes, levando em consideração os recursos do CCET3 (Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia), o curso de Bacharelado em Sistemas de Informação, seu plano pedagógico, as
ferramentas necessárias para cada disciplina e pesquisas de opiniões dos corpos discente e
docente.
De modo organizacional, este trabalho possui a seguinte disposição:

3
Disponível em http://www.uniriotec.br

8
O Capítulo 2 trata de definições e conceitos ao longo do histórico do Software Livre,
sua formação, seus principais ideais e vantagens de utilização em relação ao software
proprietário, além de abordagens adicionais sobre a sua adoção em órgãos públicos.
O Capítulo 3 apresenta o projeto Currículo Livre, focando as vantagens do uso de
software livre na educação, seus méritos em ambientes educacionais, além de casos de uso e
sucesso em universidades conhecidas.
O Capítulo 4 contém materiais que dizem respeito sobre a UNIRIO, mais
especificamente o CCET, o Centro onde se localiza o curso de Bacharelado em Sistemas de
Informação, sob o qual este trabalho se encarrega de estudar a proposta de utilização de
Software Livre.
O Capítulo 5 descreve o processo de Análise da viabilidade exclusiva do uso de
Software Livre na UNIRIO, apresentando as pesquisas do corpo docente e discente da
Escola de Informática Aplicada e seus resultados. Além disso, exibe o projeto de pesquisa
de ferramentas livres para o curso de Bacharelado de Sistemas de Informação, relacionada
de acordo com as disciplinas oferecidas, por áreas.
No Capítulo 6, apresenta-se a conclusão deste trabalho, descrevendo discussões
adicionais a partir dos dados da observação estudados ao longo do mesmo e finalmente o
desenlace das questões de viabilidade do uso de Software Livre no curso de Sistemas de
Informação.

9
Capítulo 2 – Software Livre

2.1- Histórico

O grande precursor do conceito de Software Livre foi o programador norte-americano


do MIT4(Massachusetts Institute of Technology) Richard Stallman. A história se originou
principalmente devido à sua repugnância ao fato de o resultado de um projeto acadêmico
em que trabalhara ter sido vendido pelo MIT a uma empresa e, de forma restrita, sem acesso
ao código fonte e protegido por licenças impenetráveis.
Stallman pregava que os usuários de um software deveriam ter o direito de compartilhá-
lo com seus vizinhos, de poder estudá-lo e fazer alterações. Classificava como atitudes anti-
sociais e antiéticas as tentativas dos fabricantes de software em proibir tais liberdades aos
usuários. Um caso conhecido retrata que certa vez sua impressora havia apresentado
problemas enquanto realizava um trabalho no laboratório de Inteligência Artificial no MIT.
Ao adquirir uma nova, era necessário o conhecimento de informações do funcionamento do
dispositivo para a continuidade de seu trabalho. Entretanto, o fabricante do produto se
negou a disponibilizar o código fonte do equipamento. Dessa forma, Stallman começou a
pensar em uma forma de tornar acessíveis os conhecimentos de programas e seus códigos,
surgindo então a idéia do Software Livre. Stallman tem como plataforma principal para sua
filosofia a frase “Software deve ser livre”, e para ele tal liberdade é vital por causa dos
usuários e da sociedade. E não pelos merecidos motivos da melhoria do software.
No ano de 1984 publicou o manifesto de GNU5, delineando desde então sua direção
determinada para criar um sistema livre denominado GNU, compatível com Unix6, o qual
qualquer pessoa pudesse usar, copiar, modificar e distribuir. A razão da compatibilidade se
dava a uma maior facilidade de migração para usuários do Unix para o novo sistema.

4
O Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) é um centro universitário de educação e pesquisa,
localizado em Cambridge (EUA), e um dos líderes mundiais em ciência e tecnologia.
5
GNU = GNU’s Not Unix (em português, GNU não é Unix). Disponível em http://www.gnu.org/
6
Sistema operacional portável, multitarefa e multiusuário originalmente criado por um grupo de
programadores da AT&T.

10
Também era de seu interesse uma comunidade ativa de desenvolvedores que
trabalhariam de maneira conjunta, justificando mais uma vez a necessidade do livre acesso
ao código fonte do sistema. Segundo Richard, o desenvolvimento de um software deveria
ocorrer de forma evolucionária, no qual um programador pudesse, a partir de um programa
já existente, adicionar melhorias, novas funcionalidades, novos recursos e até mesmo
aproveitar o código disponível para criar novos programas ao invés de recomeçar do ponto
inicial.
No ano seguinte, Stallman inventou e popularizou o conceito de copyleft, uma nova
espécie de licença, sob a qual qualquer pessoa poderia usar, estudar, modificar e redistribuir
um programa sob a condição de que o produto final permanecesse livre, ou seja, em
copyleft. O termo foi uma sugestão de um artista e programador que incluiu a expressão
“Copyleft – all rights reversed” numa carta. A frase é derivada de “copyright – all rights
reserved” utilizada para afirmar os direitos autorais em publicações. O copyleft permitiria
ao sistema operacional GNU vantagens sociais em relação ao sistema Unix, mesmo não
oferecendo vantagens técnicas.
Inicialmente Richard Stallman desenvolveu, adotando copyleft em suas licenças, o
editor de texto GNU Emacs e logo em seguida o gcc (GNU C Compiler), compilador de
código. Compilador é a ferramenta responsável em transformar o texto do código fonte em
arquivos executáveis em linguagem de máquina, viabilizando o desenvolvimento de
softwares.
Conseqüentemente, incorporou a Free Software Foundation - FSF7 (Fundação do
Software Livre) para empregar programadores livres de software e fomentar uma infra-
estrutura legal para a comunidade livre, com receita derivada de vendas de cd-rom com
softwares livres. De início, a fundação desenvolveu o interpretador de comandos Bash
(Bourn Again Shell), paródia do nome do famoso interpretador do sistema Unix, Bourn
Shell. Por fim, em 1990, o sistema operacional Unix estava praticamente completo. No
entanto carecia do kernel, o núcleo central do sistema, uma parte imprescindível de um

7
Disponível em http://www.fsf.org/home.pt.html

11
sistema operacional, o qual interage diretamente com os hardwares8 do computador. Os
membros do projeto GNU trabalharam num kernel denominado Hurd, que fora excluído por
motivos de complicações de design, o que o tornaria uma escolha bastante complicada.
O acesso às ferramentas necessárias para criação de software oferecidas, em conjunto
com a publicação de uma licença geral que poderia ser aplicada a todo o projeto de software
e com a difusão da Internet no mundo, tornou possível que outras pessoas escrevessem
softwares livres, independentemente do grupo GNU.
Em 1991, um projeto independente de um estudante da Finlândia Linus Torvalds do
Departamento de Ciência da Computação da Universidade Helsinki, utilizando o gcc e
baseado em Minix9, produziu o kernel Linux, um núcleo compatível com o Unix. Linus
disponibilizou o código fonte na Internet a fim de obter melhorias no programa com a ajuda
da comunidade livre. No ano seguinte, uma versão mais trabalhada do kernel Linux foi
incorporada aos programas livres existentes GNU, consolidando um sistema operacional
livre e completo, então chamado GNU/Linux. O GNU/Linux executa diversos aplicativos
da plataforma Unix, continua evoluindo até os dias de hoje e, no geral, é o exemplo mais
popular do software livre, com diversificados modelos personalizados de sistema
operacional completo, prontos para instalação e uso, que recebem o nome de distribuições.
Partindo da filosofia de compartilhamento de conhecimento livre, o processo de criação
de software livre sofreu convenientes evoluções e atualmente apresenta produtos
completamente eficientes em repositórios centralizadores, espaços para troca de
informações, onde programadores podem reportar erros e falhas dos programas para a
comunidade, demonstrar processos de instalação e utilização, transferir códigos fontes
modificados, apresentar correções e recursos alternativos, fazer documentação para
softwares existentes, entre outros modelos.

8
Hardware é a denominação da parte física do computador. Compreende os dispositivos do sistema, como
processador, placa de vídeo, memória, teclado e mouse, entre outros.
9
Sistema operacional semelhante ao Unix, porém gratuito e com o código fonte disponível, desenvolvido por
Andrew Tanenbaum e criado inicialmente para fins educacionais.

12
2.2 – Conceitos de Software Livre

Um programa de computador é considerado software livre quando atende a quatro


liberdades, definidas inicialmente pela Free Software Foundation:

• A liberdade para executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº


0);

• A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas


necessidades (liberdade nº 1).

• A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu


próximo (liberdade nº 2);

• A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos, de


modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade nº 3).

A liberdade para executar o programa significa que qualquer pessoa física ou jurídica é
livre para utilizar o programa em qualquer tipo de sistema computacional, para quaisquer
tipos de trabalhos e atividades, sem que seja necessário atender alguma restrição pelo
fornecedor.
Não tendo acesso ao código fonte, o usuário é restringido na capacidade de entender e
modificar esse software adquirido, já licenciado ou patenteado. Só pode utilizá-lo, como
previsto no código binário original, que apenas a máquina compreende. Seria uma espécie
de caixa preta. Desse modo, a disponibilidade desses arquivos é pré-requisito obrigatório
para a liberdade do software. Caso o código fonte não seja distribuído junto com os
arquivos executáveis, ou binários, deve ser disponibilizado em local de onde possa ser
copiado, ou deve ser entregue ao usuário, se solicitado.

13
Na liberdade referente à distribuição, por sua vez, está inclusa a liberdade do repasse
dos códigos-fonte bem como, quando possível, seus arquivos binários gerados da
compilação desses códigos, seja em sua versão original ou modificados. Assim, não é
necessária a permissão do autor ou do distribuidor do programa para redistribuição do
mesmo, uma vez que a licença do software livre já nitidamente a concede.
Tais licenças devem ser irrevogáveis, para que sejam reais. Caso contrário, se o
desenvolvedor do software tiver poder de revogar a licença, o software não é considerado
livre.
É válido ressaltar que, em momento algum nas licenças, há referências a custos ou
preços envolvidos. Muitos associam diretamente o software livre ao termo gratuito. Mas
como se vê, nada impede que uma cópia adquirida por alguém seja revendida, tendo sido
modificada ou não por essa pessoa.
Nada impede também que as alterações feitas num software para uso próprio sejam
mantidas em segredo. Ninguém é obrigado a liberar suas modificações.
Já o caso do software proprietário é completamente diferente. É, em sua maioria, regido
sob uma variedade de normas que visam restrições de diversas naturezas. Uma delas é o
limite de seu uso em computadores de acordo com o número de licenças adquiridas. São
estabelecidas licenças pelas quais é necessário pagar por cada cópia instalada, geralmente
valores demasiadamente elevados. Ademais, é ilícita a redistribuição de suas cópias. Além
disso, normalmente as empresas que vendem seus softwares proprietários não
disponibilizam seu código-fonte, tornando dessa forma impossível tomar conhecimento por
completo dos cumprimentos realizados pelo programa e seu comportamento, tampouco
corrigir erros e fazer modificações ou adaptações de acordo com as necessidades pessoais
de seus clientes.
Alguns dos softwares livres mais conhecidos atualmente são o sistema operacional
GNU/Linux, a suíte de aplicativos para escritório OpenOffice e o navegador de Internet
Mozilla Firefox.
Em contrapartida, o fabricante de software proprietário mais conhecido é a Microsoft
com programas como o sistema operacional Windows, o pacote Microsoft Office e o
navegador Internet Explorer.

14
2.3 – Licenças Livres

A fim de garantir a perseverança do espírito do software livre durante os novos


resultados de trabalho colaborativo, modificações, redistribuições e nascimento de novos
programas, existem licenças nas quais são definidas as normas de utilização do software.
Durante todo o caminho percorrido pelo movimento software livre, surgiram diversas
licenças, portando políticas diferentes entre si, de acordo com as diretrizes defendidas em
cada uma, embora possuam em comum, obviamente, as quatro liberdades anteriormente
descritas que definem o software como livre. Em seu geral, as licenças se preocupam
principalmente em estabelecer regras em domínios tais quais:

• Proteção da autoria do software original;


• Maneiras de redistribuição do software;
• Formas de distribuição de modificações e seu código fonte;
• Não restrição de venda do software;
• Instalação em número irrestrito de computadores.

Ilustração 1- Diagrama das categorias de software.


Demais definições em: http://www.gnu.org/philosophy

15
2.3.1 - Licença GNU GPL (GNU General Public License)

Trata-se da licença mais difundida de software livre, provavelmente a principal dentre


todas as outras, devido seu pioneirismo e adoção do mecanismo do copyleft.
Para agregar o recurso Copyleft a um software é necessário antes o registro do
Copyright. Daí então se deduz que o Software Livre não contesta os direitos autorais, mas
os reafirma na medida que somente o proprietário de uma obra pode promover a abdicação
espontânea de seus direitos em prol do conhecimento.
O software licenciado pela GPL10 pode ser distribuído com ou sem custo, estudado e
modificado, reutilizado em outros projetos futuros, contanto que, caso algum pedaço do
código de um software licenciado pela GPL seja utilizado, o novo programa distribuído
deve do mesmo jeito adotar as medidas da licença GPL.
Essa atitude impede que o software livre licenciado, ou parte dele, seja integrado em
software proprietário.
GPL é a licença que acompanha os pacotes distribuídos pelo projeto GNU, além de uma
extensa variedade de softwares, incluindo o kernel Linux, o núcleo central do sistema
operacional GNU/Linux.
Além disso, existe uma licença alternativa do projeto GNU, a LGPL (Library General
Public License) sucedida pela Lesser GPL em 1999, que se refere às bibliotecas de
softwares desenvolvidas pela GNU, que através dessa licença, podem ser livremente
utilizadas em aplicações comerciais, contanto que o software seja capaz de aceitar
atualizações das bibliotecas livres.
A GNU ainda possui uma outra licença que cobre documentação de software, a GNU
FDL (Free Documentation License) que tem por fim manter livres documentos, manuais,
livros, diagramas, sendo permitido alteração, cópia e redistribuição, com ou sem custo de
venda.

10
A Licença Pública Geral do GNU está disponível, em português em:
http://creativecommons.org/licenses/GPL/2.0/legalcode.pt

16
2.3.2 - Licença BSD (Berkeley Software Distribution)

Criada pela Universidade de Berkeley, que desenvolveu seu próprio sistema Unix
quando passou a ser comercializado pela empresa AT&T. É conhecida como uma licença
permissiva, pois impõe poucas limitações sobre as formas de uso, modificação e
redistribuição sobre o software licenciado. Disponibiliza o desenvolvimento do software
para a sociedade, não impede sua venda e não há obrigações quanto à utilização do seu
código fonte, permitindo assim que o mesmo seja incluído em software proprietário. Esta
licença defende o crédito aos autores do programa, contudo não se importa em garantir que
trabalhos derivados de softwares livres permaneçam livres. Por conta dessa permissividade,
pode-se usar o exemplo da Microsoft, que incorporou parte do código do sistema
operacional FreeBSD para implementar a pilha de TCP/IP11, entre outros módulos, no
sistema operacional proprietário Windows.

“Como de fato ocorreu: a Microsoft utilizou partes do


código do FreeBSD em seus produtos, como mostrou o Wall Street
Journal:
...[S]everal FreeBSD volunteers combing through
Microsoft products, including the new Windows 2000
operating system, found numerous instances where
Microsoft had made use of their software – something
perfectly legal for it to do.” [FERRAZ 2002]

Essa licença é bastante utilizada por desenvolvedores comerciais como a Sun12. Além
disso, outros softwares gratuitos também a utilizam, tal como os sistemas operacionais
FreeBSD e OpenBSD, e os programas Apache, BIND e Sendmail.

11
Modelo de protocolo de controle de transmissão e Internet. TCP/IP (Transmission Control Protocol /
Internet Protocol)
12
Stanford University Network – Empresa fundada por alunos de graduação da Universidade Stanford, uma
das primeiras a defender a computação em rede baseada em Unix, promovendo TCP/IP e criou a difundida
linguagem de programação Java. Disponível em http://www.sun.com/

17
2.3.3 - Open Source Definitions

Open source não significa apenas um software com código fonte acessível.Os termos da
distribuição devem cumprir com alguns critérios, copiados pela Open Source Initiative das
definições da licença Debian13 (The Debian Free Software Guidelines), escritas
originalmente por Bruno Perens em 1997, como parte de um contrato social entre o Debian
e a comunidade software livre, onde foram removidas, obviamente, as referências
específicas ao Debian.
Essa licença possui critérios que vão além da publicação do código fonte do programa,
que são:
(a) a redistribuição deve ser livre;
(b) o código fonte deve ser incluído e pode ser redistribuído;
(c) trabalhos derivados podem ser redistribuídos sob a mesma licença do original;
(d) pode haver restrições quanto à redistribuição do código fonte, se o original foi
modificado;
(e) a licença não pode discriminar contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas, nem
quanto a formas de utilização do software;
(f) os direitos outorgados não podem depender da distribuição onde o software se
encontra;
(g) a licença não pode restringir outro software, ou outra tecnologia individual ou estilo
de interface.

2.3.4 - Creative Commons

Creative Commons (CC) denomina um conjunto de licenças padronizadas para gestão


livre, com a finalidade de facilitar compartilhamento, reutilização e recombinação de
conteúdos e informação, utilizando a filosofia do copyleft.

13
Conhecida distribuição não comercial do sistema operacional GNU/Linux.
Disponível em http://www.debian.org/

18
As licenças criadas pela organização norte americana sem fins lucrativos Creative
Commons14 permitem que detentores de copyright possam abdicar, em favor do público, de
alguns dos seus direitos inerentes às suas criações, mesmo que retenham outros desses
direitos. Isso pode ser operacionalizado por meio de um sortimento de módulos
padronizados de licenças, que resultam em licenças prontas para serem agregadas ao
conteúdo que se queira licenciar.
As licenças Creative Commons tiveram como influências a GPL (GNU Public License)
e a GFDL (GNU Free Documentation License), e diferem-se das iniciativas anteriores por
não possuírem necessariamente, dentre seus direitos públicos, as liberdades referentes ao
código-fonte, uma característica específica de softwares. Desse modo, é perceptível a
intenção de utilização de licenças livres em outros tipos de conteúdo, como textos, músicas,
imagens e filmes.
As principais licenças CC foram redigidas, a princípio, considerando o modelo legal dos
Estados Unidos da América, seu país de origem. Dessa forma, conclui-se que as mesmas,
eventualmente, podem não interagir de forma perfeita com a legislação vigente de outros
países. No Brasil, as licenças já se encontram traduzidas para a língua portuguesa e
totalmente adaptadas à legislação brasileira, assim como em mais de trinta países, como,
dentre outros, França, Alemanha e Itália.
O Governo Federal do Brasil fornece as licenças Creative Commons GNU GPL e
Creative Commons GNU LGPL em seu site15 na Internet. Tais licenças constituem-se em
meta-dados gerados pelo Creative Commons acrescidos às partes explicativas das licenças
GNU, no âmbito de utilizar seus ideais voltados mais especificamente a questões do
domínio de softwares.

14
Sítio Oficial disponível em: http://creativecommons.org
15
Disponível em: http://www.softwarelivre.gov.br/Licencas/

19
2.4 – Software Livre X Proprietário

2.4.1 - Desenvolvimento Colaborativo

Um dos maiores tesouros do espírito do software livre é justamente sua comunidade


ativa, que atua na propagação do conhecimento e, de uma forma colaborativa, impulsiona a
riqueza de recursos na produção intelectual na área de software.
O fato de permitir a liberdade do estudo e modificação do código fonte para o usuário,
juntamente com a difusão mundial da Internet em meio de diversas insatisfações com o
sistema proprietário de softwares, tece uma rede de notável dimensão de princípio
cooperativo capaz de expandir a prática ideal para o desenvolvimento de um produto
tecnológico: a de que diferentes programadores possam, tendo tal acesso ao código, alterar,
modificar, acrescentar, reconhecer e resolver falhas, propor outras soluções e até mesmo
novas funções para um determinado programa, alimentando a prática de seu ciclo de vida,
de acordo com Roberto Hexsel, em [HEXSEL 2002]. Assim, os membros da Comunidade
Software Livre enxergam o código de um sistema computacional de forma semelhante a
conhecimentos matemáticos, ferramentas primordiais para se conquistar avanços
tecnológicos e concretos.

“O ciclo de vida típico de um projeto de software livre de sucesso passa


pelas seguintes fases. O processo de desenvolvimento se inicia quando o autor
escreve uma versão inicial do programa Pv0 e publica o código fonte desta
versão incompleta. Se o programa é interessante ou útil, outros programadores o
instalam e experimentam. Erros são descobertos e corrigidos, e melhorias são
propostas ou introduzidas no programa. Estas correções e melhorias são
submetidas ao autor, que as incorpora e publica a nova versão de seu programa,
Pv1. A versão melhorada atrai mais usuários, que descobrem outros erros e
introduzem novas melhorias, o que leva a uma nova versão. Para programas
considerados úteis, e que, portanto atraem muitos novos usuários, este ciclo se
repete a cada poucos meses. Após algumas iterações, o programa P atinge
estabilidade e passa a contar com um grupo razoavelmente grande de usuários.
Nestas condições, a comunidade de suporte ao programa atinge massa crítica, e
isso garante a continuidade de seu desenvolvimento e suporte.” [HEXSEL 2002]

20
Embora possua, em sua maioria, participantes de grande conhecimento tecnológico, a
comunidade Software Livre, hoje envolvendo mais de dez milhões de pessoas, não é
constituída apenas de programadores no âmbito evolutivo do movimento. Agrega pessoas
das mais variadas áreas e interesses que utilizam e contribuem para a fortificação do
software livre, mesmo sem conhecimento de programação: seja traduzindo versões e ou
documentação de softwares, seja reportando erros encontrados nos sítios centralizadores do
programa para futuras correções ou até mesmo difundindo os ideais de liberdade e serventia
entre outras pessoas do convívio.
No software proprietário, o conhecimento é limitado a uma parcela extremamente
reduzida de pessoas e a versão inicial de um programa só pode ser liberada após inúmeros
testes e mesmo assim repleta de problemas que custam a ser percebidos e corrigidos pela
empresa que o desenvolve, uma vez que os usuários não têm acesso ao código fonte e são
mais afastados do processo de aprimoramento do software.
A adoção de Software Livre é uma forma de luta contra o monopólio de grandes
corporações que tentam se apropriar do conhecimento intelectual coletivo para benefício
próprio.
“O movimento do Software Livre clama pela descentralização da indústria
de software. O mais importante é que todas essas conquistas ficam disponíveis,
acessíveis à comunidade(...)
Compartilhar informações e conhecimento foi o que permitiu a maioria dos
grandes avanços da ciência.” [DIMANTAS 2003]

O processo de escolha do tipo de tecnologia é um ponto de vital importância para a


tomada de decisão de plano institucional. Por isso, é importante mostrar-se atentos às
vantagens que a solução em estudo proverá para a realidade da estrutura do ambiente
organizacional e principalmente educacional, como o caso deste trabalho. Assim, é
aconselhável um estudo aprofundado das vantagens estratégicas, considerando não apenas
reduções de custos, mas sim o conjunto de benefícios com a adoção de soluções livres.

21
2.4.2 - Custo Reduzido

Para abordagens de custo deve-se levar em consideração todos os aspectos que o


envolve. Dessa forma é necessário realizar um cálculo relativo a todos os gastos que um
ambiente institucional teria para se manter operacional: a aquisição, instalação, utilização,
atualização e manutenção do software.
O software livre oferece diversas vantagens econômicas em relação ao software
proprietário. A aquisição de softwares livres pode ser realizada a baixo custo, ou muitas
vezes de forma gratuita, mediante o recurso de download16 na Internet.
Em geral, o software proprietário possui elevados custos de aquisição em suas licenças.
Além disso, sobre tal categoria de software, entra em questão a necessidade de adquirir
licenças em relação à quantidade de máquinas onde se deseja instalar o produto. O caso
contrário é considerado prática de pirataria.
Uma questão bastante conhecida vinda da parte dos adeptos ao software proprietário é o
gasto com a migração e o aprendizado na utilização do software livre. Pesquisas atuais
revelam que tais investimentos são muito mais promissores e favoráveis que os gastos com
licenças de softwares ocorridos conforme o ciclo de renovação de contrato dos produtos
proprietários17, o que não acontece na plataforma livre, onde não há cobrança de licenças de
uso de software.
“(...)o Serpro informou que, desde o início da migração para software livre,
economizou R$ 14,8 milhões. O investimento em treinamento, consultoria e
suporte para software livre foi de R$ 396 mil. Como resultado final, o Serpro
(leia-se governo) economizou R$ 14,4 milhões. Esclareceu também que, de
2001 a 2005, abriu vagas em concurso para 2.333 profissionais.”
[SERPRO 2006]

16
Download é uma transferência ou cópia de arquivos e programas da Internet para o computador.
17
Os softwares ao decorrer do tempo sofrem casuais ou freqüentes atualizações ou lançamento de versões
mais modernas. Há licenças de diversos softwares proprietários que sofrem validações de acordo com essas
atualizações do produto, sendo necessárias renovações do contrato com o fornecedor ou distribuidor
responsável.

22
2.4.3 - Legalidade de utilização

Como se sabe, a cópia não autorizada de programas proprietários é prática de ato ilícito
e considerada pirataria, mesmo sendo para utilização em ambientes que portem outras
cópias em situação legal do mesmo software. As licenças de software proprietário prevêem
restrições de uso em número restrito de máquinas.
De acordo com suas liberdades definidas, o software livre oferece a possibilidade de
instalação em número ilimitado de máquinas, de cópias e redistribuição do produto sem que
esteja praticando nenhuma operação ilegal, como o da pirataria de software.
“As liberdades do software livre (direitos de execução dos programas,
adaptação, redistribuição, aperfeiçoamento e abertura do código fonte) são
baseadas no direito autoral para sua manutenção. O que significa possuir uma
licença que autorize o uso irrestrito e possibilidade de alterações, para melhor
execução do que seja necessário”. [FERNANDES 2005]

“Com a intensificação do combate a pirataria, esta prática pode sair cara,


como mostra a Lei de Software, Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Assim
o artigo Art. 12º da lei enuncia que quem violar direitos de autor de programa de
computador terá pena de detenção de seis meses a dois anos ou multa e se a
violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de
computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização
expressa do autor ou de quem o represente a pena será de reclusão de um a
quatro anos e multa”. [BACIC 2003]

2.4.4 - Redução da Dependência Tecnológica

Um dos erros mais graves na estratégia de adoção do modelo de software é definir como
padrões as soluções proprietárias de um único fornecedor, segundo [FERREIRA 2005].
Desta forma, o cliente se torna aprisionado ao fornecedor que pode exercer poder de
negociação sob ameaças de aumento de preço ou redução da qualidade dos produtos ou
serviços oferecidos. Fornecedores poderosos podem, dessa maneira, absorver uma
rentabilidade de uma corporação incapaz de corrigir tais aumentos de custos em seus
próprios preços, ou explorar recursos de outras áreas importantes de uma instituição de
ensino, por exemplo.

23
De modo contrário, o software livre reduz tal dependência, chegando a descartá-las em
muitos casos. A adoção de padrões abertos permite o acesso ao código fonte e, com isso, o
desenvolvimento interno das tecnologias ou então protege o conhecimento dentro da
corporação. E se tais serviços tecnológicos forem oferecidos por uma empresa de
consultoria específica, a opção de troca não é descartada, uma vez que o código fonte é
conhecido. Assim, os clientes podem negociar preços e serviços de uma maneira justa com
os fornecedores, sem temerem o risco de tornarem-se reféns tecnológicos.
Tem-se um exemplo citado por [ALMEIDA 2003] em educação à distância18. Uma
empresa líder mundial no ramo (WebCT) conseguiu seu atual sucesso oferecendo um
pacote com custo acessível e de boa qualidade. Assim, com sua ampla difusão no mercado,
reajustou os valores da tabela de preço de uma maneira abusiva. Muitas empresas de ensino
não tiveram alternativa a não ser a de prover novos recursos para atenderem aos novos
valores do fornecedor, muitas vezes desviados de outros setores, acarretando em prejuízos
institucionais.

2.4.5 - Incentivo ao Desenvolvimento da Tecnologia Nacional

O Brasil anualmente gasta bilhões de dólares em royalties19 em licenças de software


para o exterior, principalmente os Estados Unidos da América, país que detém a maioria
dos fabricantes de softwares proprietários mais utilizados, como a Microsoft20 e Borland21.
Tais insumos gastos em patentes de produto estrangeiro poderiam ser retidos no próprio
país e investidos em diversos setores básicos, como a saúde e educação.
Atitudes de adoção ao Software Livre, além de proporcionar ganhos macroeconômicos,
contribuem para o incentivo do crescimento de soluções livres em demais empresas
nacionais. Pequenas e médias empresas de informática terão oportunidades de adaptar o

18
Educação a distância é a modalidade de ensino que permite que professor e aluno não estejam fisicamente
presentes em um ambiente formal de ensino, e sim conectados via Internet.
19
Importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre
outros, ou pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização.
20
Maior e mais conhecida empresa de software no mundo, produtora do Microsoft Windows e do Microsoft
Office, entre outros.
21
Famosa produtora de softwares dedicada, principalmente a compiladores de programas.

24
programa de uma empresa para outra, oferecendo treinamento, desenvolvendo novas
soluções em softwares que ainda não existem, prestando consultoria a corporações que
estão em fase de migração do software proprietário para o software livre, fomentando dessa
forma a independência tecnológica resultante do compartilhamento de conhecimento e o
desenvolvimento de inovações de produtos e serviços no mercado nacional.

“Quanto mais se informatiza o cotidiano, mais são utilizados sistemas


operacionais e demais aplicativos. Assim, mais se gastará em royalties enviados
ao exterior como pagamento pelo uso de licenças de usos dos softwares
proprietários. Porém, temos acúmulo suficiente para criar, em software livre,
soluções similares às que importamos. O potencial criativo e produtivo do
brasileiro é inegável, mesmo no cenário atual, e a Secretaria de Política de
Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia assegura que o Brasil é o 7º
produtor mundial de soluções, logo depois dos Estados Unidos, Japão,
Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália. Seria extremamente viável utilizarmos
mais amplamente o software livre, pois além de não enviarmos royalties,
poderíamos nos firmar como um grande produtor e distribuidor de soluções em
código aberto”. [SILVEIRA 2003]

Segundo dados22 do Ministério da Ciência e Tecnologia, cerca de 80% dos


investimentos em software no Brasil são feitos em programas importados. Isso significa
que, dos US$ 8 bilhões gastos com software a cada ano, US$ 6,4 bilhões são destinados a
produtos estrangeiros.

“Apesar de produzir pouco do produto que consome, o Brasil dispõe de todas


as condições, tecnologia e conhecimento para ter uma indústria forte de
software”, afirmou o superintendente da Área Industrial do BNDES (Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Gastaldoni em
[MCT 2005].

22
Disponível em : http://agenciact.mct.gov.br/index.php/content/view/24777.html/

25
2.4.6 - Segurança e Confiabilidade

A segurança da informação é um dos principais aspectos em que o software livre mais


se destaca.
Para Nelson Corrêa, em [FERRAZ 2002], a segurança da informação tem o objetivo de
preservar a confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação em uma
organização ou instituição, e isto é alcançado combinando bons componentes, boa
arquitetura de projeto e boas práticas no sistema computacional.
A confidencialidade é a capacidade de manter informações em segredo; a integridade se
dá na exatidão dos dados e na certeza de que não sofreram alterações; e por sua vez, a
disponibilidade se refere à qualidade da acessibilidade em um intervalo de tempo. O grau de
importância dos três aspectos varia de acordo com a natureza do sistema. Contudo,
geralmente, a característica de disponibilidade é considerada imprescindível, uma vez que o
sistema indisponível não pode sequer ser utilizado.
Viviane Bessa, em [FERREIRA 2005] defende que, pelo fato de o sistema livre
disponibilizar amplamente seu código fonte, as falhas de segurança e erros não permanecem
ocultos por muito tempo. Os bugs23 do sistema são freqüentemente descobertos e suas
correções são comumente reportadas aos seus responsáveis. Quanto maior a abrangência de
utilidade inerente de um software, conseqüentemente maior será o número de usuários
testando e menor então o tempo de depuração e correção de falhas. Assim, inúmeros
problemas de segurança serão mais facilmente descobertos e corrigidos e suas correções
publicadas mais rapidamente via rede mundial de informação, o que se torna inviável pelo
modelo de software proprietário, que contesta ao usuário o direito do conhecimento,
dificultando a visão e a correção de problemas.
Um argumento bastante comum de defensores do software proprietário é que o software
livre é menos seguro, pois os hackers24 têm acesso ao software, que supostamente deveria

23
Falhas na lógica programacional de um programa de computador.
24
Indivíduos que elaboram e modificam software e hardware de computadores, seja desenvolvendo
funcionalidades novas, seja adaptando as antigas, e são defensores da cooperação e disseminação do
conhecimento através da liberdade de informação. Erroneamente, para muitos, o termo designa programadores
maliciosos que agem com o intuito de violar ilegal ou imoralmente sistemas cibernéticos, o que nesse caso
compete o conceito de crackers.

26
se apresentar de forma oculta, para proteger os dados do sistema, e assim podem facilmente
descobrir e explorar falhas no comportamento do projeto existentes.
Embora guardar segredos normalmente não prejudique a segurança, a atitude de tornar
em segredo o código fonte é um método muito fraco de segurança, portanto não pode ser
considerado um argumento válido a favor da prática do software proprietário. O recurso de
criptografia25 se constitui em proteções de dados, mesmo quando o algoritmo do sistema é
conhecido. A segurança da informação é uma ciência que visa a proteção de dados de um
sistema e suas técnicas são extremamente necessárias para tal.
Outro aspecto bastante pertinente ao estudo é o conhecimento íntegro do
comportamento do software livre, o qual não é apresentado no software proprietário. Com a
disponibilização do código fonte, os usuários podem ter total ciência do que é composto o
sistema. Já a situação do modelo proprietário é diferente. O usuário sabe apenas que o
programa efetua as atividades que são visíveis a ele. Alguns estudos apontam
funcionalidades do software proprietário além das funções utilizadas pelos clientes, como a
retirada de informações privadas do usuário. Como a descrição de todos os comandos não é
acessível ao usuário final, é impossível ter certeza de que seus dados não estão sendo
enviados sem sua permissão. Em contrapartida, os usuários de softwares de plataforma
aberta têm total clareza no que diz respeito a essa preocupação.

“Com software proprietário você não pode saber o que um determinado


programa faz realmente. Vários softwares proprietários muito conhecidos foram
encontrados a espiar os utilizadores e a enviar informação acerca do seu
comportamento entre outras coisas.” [OPENSUSE 2006]

2.4.7 - Aproveitamento de Hardware

Com as constantes atualizações de softwares proprietários, principalmente em sistemas


operacionais, os requisitos básicos de hardware da máquina para suportá-los são cada vez
mais complexos em conseqüência de seus crescentes componentes carregados e pesados, na

25
Área de estudo de técnicas para proteção da informação, de qualquer natureza que seja.

27
sua maioria desnecessários e raramente utilizados. Essas freqüentes atualizações,
transpostas ao usuário como necessárias, podem ser justificadas pela garantia constante de
um fluxo de receitas financeiras pela parte do fornecedor de software e pelas parcerias com
os fabricantes de hardware.
Segundo Rubens Queiroz, em [ALMEIDA 2003], uma conseqüência dessa rigorosa
exigência mercadológica que as empresas de software adotam, é o lançamento de sistemas
operacionais e softwares viáveis apenas em computadores de última geração, fora do campo
de alcance da maioria das instituições, principalmente públicas e universitárias.
Em contrário a isso, os softwares livres adotam como diretrizes centrais a
funcionalidade e a eficiência, podendo ser empregados e utilizados em um amplo campo de
computadores, dos mais antigos e simples aos mais modernos e complexos, de acordo com
suas necessidades reais. Laboratórios de ensino, servidores web, servidores de e-mails,
dentre outros serviços podem ser criados de forma prática, com recursos já disponíveis e
considerados obsoletos pela instituição.
Tomando por base essa característica do software livre, e em busca de soluções
alternativas para oferecer novos serviços aos usuários, foi implantado na UNIRIO, campus
da Urca, pelos alunos de graduação de Sistemas de Informação um projeto para a instalação
de um sistema com terminais remotos. Esse sistema, chamado de Boot Remoto permite à
Universidade uma economia considerável no quesito de investimento em equipamentos.
O procedimento dessa solução constitui em terminais remotos espalhados pelas
instalações da universidade, em diversos prédios ao longo de quase toda extensão do
campus (onde se localiza o curso de Sistemas de Informação) e obtendo o sistema
operacional, dados de usuário e softwares utilitários diretamente de um servidor, sem a
necessidade de armazenamento ou processamento de dados na máquina local. Tal recurso
oferece um serviço transparente ao usuário, que não percebe diferença entre uma estação
normal de trabalho e um terminal de servidor remoto.

28
2.4.8 - Responsabilidade

Uma justificativa bastante freqüente contra a adoção de softwares livres em corporações


é justamente a falta de responsabilidade em relação a possíveis problemas que ocorram com
o sistema, mesmo acarretando em prejuízos.
“É comum gerentes adotarem software proprietário porque está suportado
por determinadas empresas, julgando que elas arcariam com as
responsabilidades dos sistemas executarem exatamente o que se propõem, sem
prejudicarem outros sistemas pré-existentes. Entretanto, essa é uma visão
utópica, pois essa responsabilidade na prática inexiste ou é extremamente
restrita”.[FERNANDES 2005]

Como se pode observar, a seguir, diretamente na composição do contrato de licença


para usuário final (EULA) para software Microsoft, a maior representante do software
proprietário da atualidade. Além da presença de uma política de caráter restritiva aos
direitos de seus clientes, as definições de seu contrato indicam que a mesma não se
compromete a arcar com conseqüências danosas provenientes de possíveis erros e falhas do
software, em contrário da idéia de que muitos têm sobre garantias da parte da mesma.

“(...) *Você não poderá divulgar os resultados de qualquer


teste de desempenho do SOFTWARE a terceiros, sem o prévio
consentimento, por escrito, da Microsoft.(...)
Isenção de garantias. Na extensão máxima permitida pela
legislação aplicável, a Microsoft e seus fornecedores fornecem
a você os componentes do sistema operacional e quaisquer
serviços de suporte (se houver) relativos aos componentes do
sistema operacional ("serviços de suporte") no estado em que se
encontram e com todas as falhas, e a Microsoft e seus
fornecedores se isentam de todas as condições e garantias
relacionadas aos componentes do sistema operacional e
serviços de suporte, sejam expressas, implícitas ou legais,
incluindo, mas não se limitando a quaisquer garantias ou
condições (se houver) relacionadas a: comercialização,
adequação a uma finalidade específica, ausência de vírus,
respostas completas e corretas, resultados, ausência de
negligência ou ausência de esforço de aprimoramento e

29
ausência de negligência. Também não há garantias ou condição
de titularidade, uso pacífico, posse pacífica, correspondência à
descrição ou não-violação com referência ao produto. Você
assume todos os riscos resultantes do uso ou do desempenho
dos componentes do SO e de qualquer serviço de suporte.
Exclusão de danos incidentais, conseqüenciais e outros. Na
extensão máxima permitida pela legislação aplicável, em
nenhuma hipótese a Microsoft ou seus fornecedores serão
responsáveis por quaisquer danos especiais, incidentais,
indiretos, punitivos ou conseqüenciais (incluindo, sem
limitações, danos por: por lucros cessantes, perda de
informações confidenciais ou outras; interrupção nos negócios,
danos pessoais, perda de privacidade, falha no cumprimento de
qualquer obrigação (inclusive de boa fé e com cuidados
razoáveis), negligência e qualquer outra perda financeira ou de
qualquer natureza) resultantes do ou de qualquer forma
relacionados com o uso ou inabilidade no uso do software
atualizado ou dos serviços de suporte ou o fornecimento ou
falha no fornecimento de serviços de suporte ou de outro modo
sob ou com relação a qualquer disposição deste EULA, mesmo
que a Microsoft ou qualquer fornecedor tenham sido alertados
sobre a possibilidade de tais danos. (...)
As limitações, exclusões e isenções de responsabilidade
acima se aplicam na extensão máxima permitida pela
legislação aplicável, mesmo que qualquer recurso não
cumpra o seu propósito essencial.” [MICROSOFT 2005].

30
2.5 – Software Livre em Órgãos Públicos

“Nesse cenário a filosofia do Software Livre surge como oportunidade para


disseminação do conhecimento e nova modalidade de desenvolvimento
tecnológico, em função do novo paradigma que se estabelece na relação de
quem produz o software (sejam empresas sejam programadores autônomos) com
a tecnologia propriamente dita. O Software Livre cumpre, ainda, as
determinações do Governo Eletrônico, bem como os padrões estabelecidos pela
e-PING26.” [MP 2004]

A referência do parágrafo acima, do Ministério do Planejamento, foi retirada do Guia


Livre, um conjunto de itens que visam a difusão do conhecimento e referências para o
processo de migração para a utilização de Software Livre no Governo Federal.

“A questão do Software Livre está contextualizada em amplo cenário


integrado, composto por ações de desenvolvimento tecnológico, inserção
adequada do País na chamada “Sociedade da Informação”, promoção da
cidadania, inclusão digital e racionalização de recursos.
Diante do contexto, tornou-se fundamental criarmos um documento com o
propósito de nortear as ações de migração para o Software Livre da
Administração Pública Federal, cuja iniciativa de elaboração está consolidada
neste Guia Livre.” [MP 2004]

Neste tópico serão estudadas algumas razões para que instituições públicas optem pela
escolha do software livre.

2.5.1 - Aspectos Legais e Compromisso com o Poder Público

“A Constituição da República Federativa do Brasil prevê em seu Art. 37,


que a Administração Pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos Princípios Administrativos de: legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência [BRASIL 1988].

26
Conjunto de políticas e especificações técnicas regulamentadoras para a utilização da Tecnologia da
Informação e da Comunicação, denominada “Arquitetura e-PING – Padrões de Interoperabilidade do Governo
Eletrônico”.

31
Legalidade: Qualquer ação ou ato administrativo deve estar
expressamente autorizado em lei. Nada pode ser feito sem que haja
uma lei ou dispositivo equivalente que autorize ou normatize os atos
da Administração Pública.

Impessoalidade: Princípio que regula o tratamento igual a todos os


administrados, impedindo ou proibindo o favorecimento individual
de um em detrimento de outrem. Com a observância desse princípio
impede-se a auto-promoção das autoridades.

Moralidade: Exigência de observação dos preceitos éticos,


objetivando impedir que administradores públicos pratiquem ações
privilegiando interesses próprios. Dessa forma, a atuação do
administrador deve seguir padrões éticos de probidade, decoro e boa-
fé.

Publicidade: Trata-se neste princípio da transparência dos atos dos


administradores, garantindo que os cidadãos exerçam seus direitos de
fiscalização sobre os atos dos administradores públicos.

Eficiência: Prevê que os serviços prestados pelo Estado devem ser


de alta qualidade. É através da observância desse princípio que se
obtém um melhor gerenciamento de recursos, maximizando
resultados e minimizando custos. Obtêm-se isso com a utilização de
métodos racionais, modernas técnicas e tudo dentro das normas de
especificação.

Os princípios constitucionais foram citados acima para demonstrar que o


Administrador Público, quando da tomada de decisões, seja para migração do
Software Livre ou para qualquer outra ação, deve obedecer principalmente a
legislação vigente que normalmente está alinhada com os princípios
constitucionais da administração pública acima, destacados”. [BALESTRIN
2005]

“Encaminho a Vossa Excelência o Acórdão nº 1521/2003 – Plenário, do


Tribunal de Contas da União, que aborda, entre outros assuntos, o fornecimento
de produtos e serviços de Informática.
A propósito, solicito as providências de Vossa Excelência no sentido de, à
vista do contido no item 9.2.4 do documento de início citado, avaliar a
conveniência da utilização preferencial do software livre nas futuras aquisições
de hardware.
Por oportuno, solicito que seja transmitido aos Secretários de Administração
e aos Diretores e Coordenadores de Tecnologia da Informação desse Órgão, o
Relatório do Planejamento Estratégico realizado pelo Comitê Técnico para a

32
Implementação do Software Livre na Administração Pública Federal, anexo ao
presente”. [BRASIL 2003]

2.5.2 - Armazenamento Digital Durável

O governo porta a responsabilidade pelo armazenamento de diversas informações


públicas. Segundo a Constituição da República, anteriormente citada, no que se refere ao
princípio administrativo de publicidade, a população tem o direito de conferir de que forma
estão guardando tais informações e também a garantia de que esses dados estarão
disponíveis quando forem necessários.
Segundo Rafael Gomes Fernandes, em [FERNANDES 2005], para que sejam possíveis
essas características, é imprescindível a tecnologia de livre acesso ao código-fonte, já que
este permite a auditabilidade27 e sua manutenção sem que seja necessário acordo contratual
escuso, da parte do fornecedor do software ou de outra empresa responsável, do setor
privado.

“O software livre permite o governo auditar o código, mas também


comunidades de cientistas e de usuários em vários lugares do mundo possam
fazer essa aferição e detectar problemas. O que de outra forma não poderia ser
feito nem se o governo tivesse equipe especializada para olhar um código que
eventualmente fosse aberto pelo fornecedor”. [SANTANNA 2006]

2.5.3 - Redução de Custos e Aproveitamento de Recursos Nacionais

Por motivos da grande importância de tal aspecto, mesmo já antes citado no capítulo
anterior, é importante entrar em alguns detalhes sobre a viabilidade econômica do software
livre, principalmente quando o assunto se refere ao poder público.

27
Possibilidade da verificação da integridade das informações, coerência e licitude da programação, e a
capacidade da prática do rastreamento das atualizações significativas nos dados, contendo informações do
autor e sua modificação, num horário definido.

33
“O Ministério do Planejamento tem necessidade de aquisição de novas
licenças de software, tanto para seu sistema de correio eletrônico como para
implementação de novas instalações da ferramenta de automação de escritório.
Estas aquisições representam um gasto de recursos em licença de software que
pode ser minimizado significativamente com a adoção de ferramentas de
software livre com funcionalidades similares. Aproveitando o momento
propício, poderemos também adotar a utilização de software livre em outros
segmentos, como por exemplo o navegador da Internet e o sistema operacional
GNU/Linux. (...)
A utilização de software livre possibilitará que deixemos de adquirir licenças
de software proprietário, o que implicará inicialmente numa economia
financeira, levando-se em consideração apenas os projetos de Migração do
Pacote de Automação de Escritório e Migração do Correio Eletrônico. A
economia estimada será da ordem de 2 milhões de reais, já considerando os
gastos operacionais do próprio processo de migração e implementação das
ferramentas livres, especialmente relacionados aos recursos humanos”. [MP
2005]

“Em outro exemplo de como a cultura do software pode estar mudando de


forma acelerada, a Petrobrás trocou um supercomputador de US$ 8 milhões que
operava com Windows por um cluster de alto processamento (vários
microcomputadores interligados), desenvolvido pela Itautec por cerca de US$
200 mil. O cluster opera com software livre”. [MCT 2004]

No campo da Análise Financeira, Rafael [FERNANDES 2005] utilizou em seu trabalho


duas técnicas de medidas de estudo econômico iniciadas pelo Grupo Gartner em 1986, o
TCO (Total Cost of Ownership) e o ROI (Return On Investment).
TCO constitui no custo total da apropriação de uma determinada solução tecnológica
(não necessariamente compra de software). Foi utilizado inicialmente para definir a compra
de produtos de informática, incluindo em seu cálculo o preço da nota fiscal, suporte,
atualizações e manutenção. ROI é um índice financeiro que mede o retorno de um
determinado investimento realizado e contabilizado em meses no qual ele será extinto para,
doravante, gerar lucros. Trabalha juntamente com o TCO, para incluir as metas financeiras
e o quanto o investimento em questão é promissor.
Assim, a melhor maneira de comparar duas ou mais empresas é utilizando a tática do
TCO, já que as empresas possuem objetivos e metas individualizados. Entretanto, deve-se

34
ter uma concepção de TCO coberta de senso crítico analisando os diversos tipos de custos
indiretos que podem estar envolvidos.
[MARGULIUS 2003], em seu artigo, publicou uma demonstração da viabilidade
econômica do Sistema Operacional GNU/Linux, tomando como base os índices de TCO:
“(…)The more fully an enterprise adopts Linux across its infrastructure, the
more financial leverage it is likely to get out of up-front investments in the OS.
Those investments, which can be considerable, include Linux training and tools,
and cost of migrating from a Windows or a Unix environment. And that
financial leverage is improving steadily as better management tools, more third-
party vendor support and more skilled Linux system administrators arrive on the
market. (…)
‘It’s really hard to break Linux TCO down’.
No matter which model you use, the financial benefit of switching to Linux
from Unix or Windows is driven by for main cost categories: acquisition,
migration, management and support. (…)”

2.5.4 - Privacidade

Tratando-se da Segurança da Informação, há riscos graves em relação ao acesso de


dados. O Estado, assim como qualquer outro cliente do Software Proprietário, não tem
garantia alguma referente a possíveis práticas de reencaminhamento de suas informações
confidenciais para outros, pelas temidas “portas traseiras”, pois sem o acesso ao código
fonte não é possível a tomada de conhecimento total do comportamento do software e suas
conseqüências no computador, como já mencionado anteriormente. Tal situação põe em
cheque a própria soberania do Estado, uma vez que seus conteúdos de segredo não se
mostram em meios completamente confiáveis.
Por esta, entre outras razões, que o Software Livre é empregado pela NASA, o Exército
dos EUA, as forças armadas brasileiras e incontáveis outras instituições que prezam pela
segurança e confiabilidade de seus conteúdos.

“É necessário que haja transparência para que a comunidade internacional


possa fazer essa (auditoria) e contribuir para evitar que códigos maliciosos sejam
embutidos dentro dos sistemas de governo por meio de softwares proprietários.
Os softwares proprietários podem permitir operações de espionagem e varredura

35
dos computadores do governo introduzindo códigos desconhecidos que podem
executar operações irregulares e não autorizadas. (...)
A NASA é uma grande compradora de software livre. Há, inclusive,
resoluções do governo norte-americano determinando a sua utilização no âmbito
do exército, que é um tradicional comprador de encomendas tecnológicas e que
exige soluções em software livre. As opções do Exército Americano, por
exemplo, são todas apoiadas em software livre”. [SANTANNA 2006]

A decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) funcionou como um


‘empurrão’ que faltava para estimular a adesão dos vários setores de governo ao
software livre. Amadeu (presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da
Informação – ITI ) não entende, por exemplo, por que nos Estados Unidos, o
país da Microsoft, órgãos do governo, como a Casa Branca, o FBI (a polícia
federal americana) e o IRS (a Receita Federal), e do setor privado, como a Bolsa
de Valores de Nova York e a General Electric, a maior empresa do mundo,
utilizam softwares livres, enquanto, no Brasil, a maioria dos órgãos públicos
paga para rodar o sistema Windows, da Microsoft”. [MCT 2004]

2.5.5 - Diretrizes

De acordo com [BRASIL 2003A], uma Oficina de Planejamento Estratégico para a


implementação de Software Livre no governo federal resultou em diretrizes, objetivos e
ações prioritárias. A oficina contou com a presença de mais de cem representantes de
diversos órgãos do governo federal, permitindo assim, uma grande representatividade das
necessidades, pontos de vista e dificuldades distintas do assunto.

“DIRETRIZES

01) Priorizar soluções, programas e serviços baseados em software livre que


promovam a otimização de recursos e investimentos em tecnologia da
informação.
02) Priorizar a plataforma Web no desenvolvimento de sistemas e interfaces
de usuários.
03) Adotar padrões abertos no desenvolvimento de tecnologia da informação
e comunicação e o desenvolvimento multiplataforma de serviços e aplicativos.
04) Popularizar o uso do software livre.

36
05) Ampliar a malha de serviços prestados ao cidadão através de software
livre.
06) Garantir ao cidadão o direito de acesso aos serviços públicos sem obrigá-
lo a usar plataformas específicas.
07) Utilizar o software livre como base dos programas de inclusão digital.
08) Garantir a auditabilidade plena e a segurança dos sistemas, respeitando-
se a legislação de sigilo e segurança.
09) Buscar a interoperabilidade com os sistemas legados
10) Restringir o crescimento do legado baseado em tecnologia proprietária.
11) Realizar a migração gradativa dos sistemas proprietários.
12) Priorizar a aquisição de hardware compatível às plataformas livres.
13) Garantir a livre distribuição dos sistemas em software livre de forma
colaborativa e voluntária.
14) Fortalecer e compartilhar as ações existentes de software livre dentro e
fora do governo.
15) Incentivar e fomentar o mercado nacional a adotar novos modelos de
negócios em tecnologia da informação e comunicação baseados em software
livre.
16) Promover as condições para a mudança da cultura organizacional para
adoção do software livre.
17) Promover capacitação/formação de servidores públicos para utilização
de software livre.
18) Formular uma política nacional para o software livre”. [BRASIL 2003A]

Sendo assim, pode-se afirmar que a política de adoção de software livre faz parte da
linha de normas e conduta do governo federal do Brasil. Além disso, há ainda a idéia
dirigida ao incentivo nacional e promoção técnico-cultural da utilização de software livre,
também como instrumento para atividades de inclusão digital e garantia de auditabilidade e
segurança de sistemas, entre outras vantagens reconhecidas pela sua prática.

37
Capítulo 3 – Currículo Livre

3.1 – Software Livre e Educação

A educação é um dos setores que mais oferece potencial de crescimento para o país.
Segundo [ALMEIDA 2003], a iniciativa privada vem explorando diversas possibilidades na
educação, estabelecendo parcerias e lançando raízes no mercado de trabalho ascendente e
com necessidades em inúmeros pontos, desde a educação formal até cursos
profissionalizantes.
O uso de computadores em instituições, seja de ensino a distância ou ensino regular, é
imprescindível, propiciando um melhor acesso a professores e alunos, material didático e
diversas outras atividades. A formação profissional é um importante instrumento para
romper barreiras e dominar novas tecnologias.
Dessa forma, a tecnologia e sua infraestrutura precisam de um estudo apropriado para
seu emprego na instituição de ensino. Tal estudo engloba aspectos importantes, como
recursos financeiros disponíveis, estrutura computacional do estabelecimento, recursos
humanos e objetivos finais do uso da tecnologia.
As questões financeiras geralmente constituem a maioria dos problemas no campo
tecnológico em ambientes educacionais. Não bastando o enorme gasto com equipamentos e
despesas operacionais de sistema, no caso, ainda haveria o custo de licenças de utilização de
softwares proprietários, que em sua maioria são de valores elevadíssimos e limitadas a uma
máquina, tornando assim, necessária a aquisição de diversas licenças de cada programa
dentre todos necessários para as atividades da instituição.
Como visto no capítulo anterior, o software livre é uma excelente alternativa para tais
ocasiões, uma vez que não é necessário pagar pelas licenças de utilização de software, como
no modelo proprietário, de caráter restritivo e aprisionador do conhecimento, levando à
conseqüência da dependência de soluções tecnológicas, além da impossibilidade da difusão
do aprendizado.
Além da escassez de recursos financeiros, é bastante comum a necessidade da
renovação periódica de equipamentos considerados obsoletos ou precários para atender aos

38
requisitos dos novos lançamentos de versões proprietárias. Tais motivos justificam a
paridade de atualizações de hardware e software no mercado. Como já mencionado, o
software livre preza pela eficiência e portabilidade28, ou seja, há aproveitamento de
equipamentos considerados ultrapassados pela demanda moderna de softwares,
configurando, de uma maneira justa, as funcionalidades de acordo com as necessidades da
aplicação. Dessa forma, a receita destinada à renovação de peças de um laboratório de uma
universidade poderia ser aplicada na construção de um novo, com peças mais recentes e
sistemas mais pesados e complexos, enquanto equipamentos anteriores continuariam sendo
utilizados, seja no mesmo laboratório ou na implementação de novos projetos de pesquisa.
Seguindo esse pensamento, Rubens Queiroz cita um exemplo:

“(...) o Centro de Pesquisas Agrícolas da Unicamp, CEPAGRI, até pouco


tempo atrás hospedava seu servidor Web em um computador modelo 486, 33
MHz, com 16MB de memória RAM. O CEPAGRI todos os dias tem uma
exposição na televisão fornecendo a previsão do tempo para a repetidora da rede
Globo e contabiliza milhares de acessos diários. Seu servidor Web, além de
fornecer a previsão do tempo, disponibiliza também imagens de satélite para
download. Um fator a ser lembrado é que com a rápida evolução dos sistemas
livres, a instalação e configuração de um servidor Web pode ser feita com
pouquíssima intervenção por parte do usuário com a maior parte do processo
sendo totalmente automatizada. Este serviço roda hoje em um computador
486/66 MHz, com 32 MB RAM”. [ALMEIDA 2003]

Como outra forma de utilização de hardware na educação com recursos livres, pode-se
mencionar o projeto chamado ‘computador multiterminal’, desenvolvido na UFPR –
Universidade Federal do Paraná.

“Na UFPR, o grupo de Sunye29 desenvolveu uma forma de conectar quatro


conjuntos de monitor, teclado e mouse em um único computador, sem queda de
desempenho. É o computador multiterminal, no qual quatro pessoas podem usar
a mesma máquina. (...) ‘Um dos nossos laboratórios tem somente 15
computadores, mas 60 pessoas podem usá-los ao mesmo tempo, aproveitando
conjuntos antigos.’ (...) E essa descoberta vai ajudar o Governo do Paraná a ligar

28
Capacidade de um software ser utilizado em um amplo espectro de ambientes computacionais (diferentes
arquiteturas de hardware ou software) dos mais antigos aos mais modernos.
29
Professor do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal do Paraná - UFPR

39
em rede 44 mil computadores em todas as 2.100 escolas estaduais do Paraná”.
[COMIN 2006]

Além desses, cabe mencionar novamente o projeto ‘Boot Remoto’, (exemplificado no


capítulo anterior), onde são aproveitados equipamentos para terminais remotos sem
armazenamento e processamento local de dados. O projeto já é uma prática adotada em
outras universidades do país. Têm-se alguns exemplos além da UNIRIO, como a UFPR
(Universidade Federal do Paraná), UEL (Universidade Estadual de Londrina) e UFPA
(Universidade Federa do Pará).

“(...) o maior ganho com a utilização de terminais remotos está na


reutilização de equipamentos ultrapassados, considerados sucatas tecnológicas.
Na Universidade, a renovação do parque de máquinas é um processo lento e o
sucateamento dos equipamentos é inevitável. Dessa forma, pode-se observar
duas importantes vantagens no uso de terminais remotos. A primeira está na
utilização de uma plataforma livre que suporta o boot remoto, economizando
com licenças e compra de software proprietário. A segunda, e talvez mais
importante, está no reaproveitamento das máquinas, atuando no caráter social e
financeiro da Universidade, evitando grandes investimentos na compra de
equipamentos”. [BONIFÁCIO 2003]

Por outro lado, um intenso motivo pela alternativa da metodologia do software livre na
educação é seu ilimitado potencial no âmbito do conhecimento, da pesquisa tecno-científica
e da busca por melhorias sociais travadas por estudos.
A utilização do software livre pela Universidade possibilita um exponencial crescimento
da competência em diversos aspectos, tornando-se uma promissora ferramenta de análise e
geração do aprendizado, ao contrário do regime restritivo e explorador do software
proprietário, que se apropria de conhecimentos anteriores, decorrentes do processo da
construção do próprio software, transmitindo apenas um limitado conhecimento da
aplicação do programa, defendido por perversas licenças de uso.

“Na educação o software livre pode atuar como elemento incentivador à


busca pela novidade, tornando o aprendizado mais agradável e produtivo,
permitindo desta forma, que as novas gerações realmente consigam se apropriar
e dominar as novas tecnologias, não ficando presas a utilização do software

40
proprietário. Além disso, sabe-se que o verdadeiro aprendizado esta na
colaboração entre grupos e a troca de conhecimentos; o que é não é problema
para o software livre”. [ZILLI 2004]

O software livre não tem limites à inovação, oferece um caráter globalizado em


ambientes multiculturais, multidisciplinares e influências expansivas de produção
colaborativa. Estimula a competência em todos os níveis, onde estudantes são possibilitados
ao estudo direto do programa, à adaptação de acordo com as necessidades individuais da
pesquisa e ainda, à contribuição para outras possíveis feituras e aplicações deste ou de outro
programa.
Além da total compreensão comportamental do software, o acesso ao código fonte
permite um desenvolvimento produtivo na máquina da educação, revolucionando todo um
campo de estudo científico e possibilitando não apenas um tópico de disciplina, mas uma
nova metodologia na gestão do conhecimento, por professores e alunos. Isso porque, tal
proeza, de natureza evolutiva na formação profissional, é traçada por um melhor
entendimento do produto final do campo de estudo: o software. Por esse motivo, a
academia é o principal foco de discussão e pesquisa do software livre.

“O software livre, embora não seja uma solução universal, pode contribuir
significativamente para a disseminação e uso em larga escala de soluções
eficientes e de baixo custo para a educação, a distância e mediada por
computador.
A quantidade de relatos do uso bem sucedido do software livre em escolas e
universidades são prova da viabilidade desta alternativa. Apesar do preconceito
em geral contra o emprego de soluções baseadas em software livre para a
educação em geral, os casos de sucesso são numerosos e representam uma prova
eloqüente de sua viabilidade “. [ALMEIDA 2003]

Sem contar que diversas atividades podem partir de centros universitários de pesquisa,
proporcionando aplicações imediatas de conhecimento colaborativos em diferentes níveis e
segmentos da sociedade. A adoção de tecnologias baseadas em software livre tem
contribuído para projetos de inclusão digital. Um exemplo de benefícios de caráter social
promovidos pela Universidade é o acesso aos meios computacionais, promovidos por
projetos como o Boot Remoto na UNIRIO, que atrai diariamente um grande número de

41
pessoas de diversos níveis sociais, desde estudantes e professores da universidade até
alunos de escolas municipais próximas que não possuem computadores com acesso a
Internet em casa.

“Atualmente existem várias alternativas que tentam encontrar soluções para


acabar com a carência tecnológica da população. Uma das formas mais
eficientes é através da criação de telecentros comunitários, que possibilitam à
população o acesso aos recursos informacionais providos por computador. Os
telecentros comunitários geram aprendizado cooperativo, facilitam a utilização
de serviços gerais e do governo, e oferecem apoio à pesquisa e à capacitação
profissional, dentre outras questões”. [LOPES 2004]

Iniciativas como de telecentros geralmente são projetos que contam com apoio de
prefeituras e universidades, que oferecem contato com computadores conectados a Internet
em regiões pobres ou de grande concentração urbana, oferecendo, muitas vezes, desde aulas
de aprendizado e monitoria de usabilidade básica de computadores até mini-cursos
profissionalizantes.

“Também se deve destacar outra iniciativa, a Rede Escolar Livre, do governo


do Rio Grande do Sul. Baseada totalmente em software livre, ela permite que
estudantes, educadores, professores, funcionários e todos aqueles ligados à
educação tenham acesso ao mundo da tecnologia e da informação digital, em
qualquer parte, qualquer momento”. [DIMANTAS 2003]

Além dessas iniciativas, espalham-se por todo o país outros projetos educacionais de
utilização do software livre como ferramenta principal para fornecer conhecimento a grande
número da população. Como defende [DIMANTAS 2003], faculdades, colégios de ensino
médio e básico, prefeituras e ONGs, entre outras instituições e empresas, aprovam e
utilizam o software livre nas mais diversas aplicações, oferecendo nos dias de hoje o
conhecimento necessário para a futura inclusão digital do indivíduo, que faz parte do
processo de desenvolvimento socioeconômico do país.
Unificando as motivações da adoção do software livre em órgãos públicos com os
diversos pontos vantajosos da aplicação do modelo livre na educação, convergimos ao

42
pensamento da prioridade de ferramentas livres em universidades públicas, contemplando
assim, toda a gama de benefícios e funcionalidades oferecidos pelo ambiente livre.

3.2 – Proposta da ENEC

A Executiva Nacional dos Estudantes de Computação - ENEC30, fundada em 10 de


Setembro 1993, é o órgão de associação, coordenação, orientação e representação dos
estudantes dos cursos universitários de graduação e pós-graduação na área de computação
do Brasil. A ENEC é uma entidade civil, apartidária, sem fins lucrativos, gozando de
autonomia administrativa, financeira e disciplinar, com prazo indeterminado de duração.
Segundo o MEC, a área de computação no ensino superior compreende os cursos de
Sistemas de Informação, Ciência da Computação, Engenharia da Computação e
Licenciatura em Computação.
A cada ano, a ENEC organiza seu congresso, denominado ENECOMP, onde estudantes
de diversos cursos do Brasil se encontram e discutem temas variados, relacionados à área
computacional e/ou estudantil. No final de cada ENECOMP, é feita a Assembléia Geral,
onde são definidas as propostas e diretrizes a serem seguidas pela executiva em seu
próximo mandato, assim como a eleição de seus novos diretores.
Estudando todas as questões da vertente do software livre, principalmente no ambiente
das universidades, a ENEC defende a alternativa de software livre, principalmente em
ambientes universitários. Por isso, foi construído o Projeto Currículo Livre, que preza pela
adoção de ferramentas da plataforma livre em faculdades de computação em suas
disciplinas, ao invés de software proprietários, absorvendo dessa forma, todas as vantagens
de aspectos educacionais, sociais, econômicos, técnicos e legais, relatadas e estudadas
derivadas da cultura livre.

“O Currículo Livre tem por objetivo relacionar software e documentação


livre para uso de estudantes e professores de cursos superiores da área de

30
Disponível em http://www.enec.org.br

43
computação, assim como relatos de experiências de implantação de software
livre nesses cursos.
O projeto pretende incentivar o uso de software livre dentro das
Universidades, além de conscientizar os alunos e professores quanto ao modelo
de desenvolvimento colaborativo de software e documentação, que é um
processo aberto e democrático, permitindo e incentivando a participação de
todos.
Sabendo disso, nada mais coerente que Universidades, que são espaços onde
o objetivo-fim é a disseminação de conhecimento e a criação de novos saberes,
façam uso de softwares que seguem esse modelo de desenvolvimento, que prima
pela liberdade acima de qualquer coisa”. [ENEC 2005]

Segundo a executiva, as pessoas envolvidas no processo ensino-aprendizagem no ensino


superior podem estabelecer não apenas a relação de aceitar as alternativas de softwares
livres em salas de aula e laboratório, como também interagir de fato com essas, com seus
desenvolvimentos e com a comunidade, como asseguram as liberdades oferecidas (executar
o programa, estudar e modificar o código-fonte, copiar e redistribuir o programa).
O motivo de ter se iniciado com o currículo dos cursos da área de computação se dá pela
necessidade conhecida e pesquisada pelos envolvidos com o projeto desde sua concepção
de elaboração. Sabendo do apoio ao software livre pela executiva, que ostenta tal bandeira
como uma de suas principais diretrizes em suas gestões, a ENEC propôs uma contribuição
efetiva para a sociedade, lançando a idéia de se construir ou reformar um curso completo de
computação com a utilização de softwares livres.
Tais ideais são defendidos e propostos em um texto de Paulino Michelazzo31, intitulado
“Os benefícios da educação e da inclusão digital”:

“Iniciativas devem partir de todos, com a finalidade principal de modificar as


atuais grades curriculares. Estas devem ser dotadas de mecanismos flexíveis
para a adoção de novas tecnologias, como software livre e suas disciplinas
correlatas. Sem essa premissa, pouco pode se fazer para aproveitar todo o
potencial do software livre e cairmos no status quo da educação de uma geração
de ‘apertadores de teclas’.

31
Professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista – FIAP e membro da ONG Quilombo
Digital, grupo formado por pessoas que procuram entender quais as implicações do Software Livre nos
aspectos político, econômico e sociológico. Mais informações em http://www.michelazzo.com.br

44
O software livre, por suas características, é muito mais que isso. Ele deve ser
explorado a fim de apresentar como as coisas ocorrem e não somente como
programar para que ocorram. Isso não se refere apenas à questão técnica, mas
também à questão social, onde cada um aprende a contribuir para o coletivo,
mediante suas descobertas, seu aprendizado, seus erros e acertos. Formam-se
profissionais com aptidões e também forma o seu caráter”. [MICHELAZZO
2003]

A metodologia do trabalho do projeto consiste na indicação de pelo menos uma


alternativa livre para cada disciplina “macro” do currículo do curso de computação em
estudo que utilize software. Essa alternativa deve possibilitar as atividades de ensino e as
futuras aplicações daquele campo da computação.
Assim, uma compilação desse trabalho é disponibilizada, de modo que instituições de
ensino e professores tenham uma referência na aplicação de ferramentas livres em
disciplinas específicas ou na totalidade de um curso de computação.
A relação de alternativas livres pode ser conferida na Internet32, e por meio de uma
ferramenta colaborativa, o TWIKI33, torna-se possível a cooperação de alunos e professores
na informação de novas soluções da vertente do software livre nas disciplinas dos cursos de
computação.

3.3 – Casos de Uso e Sucesso

Algumas universidades resolveram adotar soluções livres em seus cursos de


informática, tendo em vista seus inúmeros benefícios oferecidos. Muitas vezes, tal fato é
concebido por conseqüência de pesquisas de alunos e projetos de aplicação de software
livre, outras por escolha do corpo docente, ou da própria direção da escola.
O caso da UFPR – Universidade Federal do Paraná provavelmente seja o melhor
exemplo de eficiência do uso de Software Livre na Universidade. Segundo o diretor do
32
Disponível em http://curriculolivre.enec.org.br/
33
Ferramenta livre, de escrita colaborativa da web, que consiste em possibilitar várias pessoas, separadas
geograficamente, de interagir, modificando o conteúdo das páginas apenas com a utilização do navegador da
Internet, sem a necessidade de software especializado. Disponível em http://twiki.org/

45
grupo de estudo que defende o fortalecimento do uso do código fonte aberto dentro da
universidade, chamado Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL34),
Marcos Sunye, numa entrevista disponível em [COMIN 2006], o curso inteiro de graduação
em Ciência da Computação utiliza apenas ferramentas livres, principalmente por motivos de
aprendizado, de desenvolvimento do espírito de prospecção oferecido pela opção livre que
permite abrir o código do software e entender como funciona e ter seu domínio. Com isso, o
software livre já trouxe grandes benefícios para a Universidade, além dos econômicos,
como parcerias importantes com órgãos do governo, projetos que promovem melhorias para
o ambiente computacional para a própria universidade e para a sociedade.

“Uma das nossas formas de atuação é a prestação de serviços à comunidade.


Uma delas é a hospedagem de mirrors, ou seja, recebemos cópias de softwares
que são originalmente disponibilizados em outros lugares para que a pessoa que
está no Brasil possa baixá-lo mais rapidamente do que usando o endereço
original. Além disso, temos mais de 100 mil projetos hospedados aqui. Também
temos parcerias com diversos órgãos, como as secretarias de Estado, Celepar35,
Câmara Municipal de Curitiba e outros. Alguns parceiros nos procuram para
promover a migração para o software livre, como é o caso da Câmara de
Curitiba. Outros para compartilhar conhecimento, como a Celepar. A inovação
tecnológica é outra área em que procuramos ajudar. Um bom exemplo do nosso
potencial é o desenvolvimento do computador multiterminal. (...) Quatro
pessoas, cada uma na sua poltrona, operam um conjunto de mouse, teclado e
monitor ao mesmo tempo, e o computador não perde velocidade por causa disso.
Para se ter uma idéia do potencial que é desperdiçado com esses
supercomputadores, conectamos oito conjuntos em um deles, sem grandes
perdas. Além disso, usamos nos nossos laboratórios uma tecnologia conhecida
como ‘boot remoto’.” [COMIN 2006]

“Foi assinado na presidência da Câmara de Curitiba, convênio de repasse de


tecnologia entre a Casa e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com a
parceria, a Câmara vai migrar todos os sistemas de informática utilizados para
softwares livres, usando a tecnologia desenvolvida pela universidade,
considerada referência nacional. (...)
A Câmara já vem trabalhando em parceria com a UFPR, recebendo
treinamento e repasse de tecnologia. Segundo o diretor de Informática da Casa,
Carlos Niemeyer, as vantagens do Software Livre são a redução de custos, a

34
Disponível em http://www.c3sl.ufpr.br/
35
Companhia de Informática do Paraná. Disponível em http://www.celepar.pr.gov.br/

46
possibilidade de alterar e adaptar os programas (já que são de plataforma aberta)
e o melhor aproveitamento das máquinas.” [CMC 2005]

Segundo o professor Marcos Sunye, a utilização do software livre é recomendada


porque possui uma melhor qualidade, possibilitando uma formação mais profunda aos
estudantes da universidade: as pessoas devem procurar os programas de código aberto
simplesmente porque eles são melhores que os fechados. Sua empresa vai funcionar melhor,
o computador de sua casa vai travar menos, e por aí vai. Aqui em Curitiba isso já é uma
realidade. Uma grande empresa de comunicação migrou para Linux porque a direção do
departamento de informática, formada por ex-alunos nossos, indicou que Software Livre é a
melhor escolha.”
Sunye também defende que os professores devem incentivar a busca pelo software livre,
tamanho seu poder de entendimento.

“Leciono a disciplina de Sistemas de Bancos de Dados. Quando você ensina


uma disciplina dessas usando um software em que o aluno pode ver como ele
funciona, o grau de compreensão dele é muito maior. Outra característica é
como a tecnologia chega para o aluno. Disponibilizar software livre para o
estudante é o mesmo que dizer: ‘o domínio tecnológico não depende de você ser
empresário de uma firma norte-americana ou o quem quer que seja, depende só
de você mesmo’. Nós ensinamos a linguagem em que o código foi feito. Cabe ao
aluno entender e fazer bom uso.” [COMIN 2006]

A UNICAMP também é uma universidade bastante experiente na utilização e


divulgação do Software Livre na educação. O Centro de Computação possui um corpo
acadêmico bastante ativo no cenário de Software Livre, envolvendo não apenas professores,
como alunos. Os estudantes do curso de Computação da UNICAMP propõem debates sobre
o entendimento das motivações do Software Livre e incentivam a difusão do mesmo com
atividades sociais, como a do CCUE – Centro de Computação da Unicamp, que tem um
projeto de montar um CD-ROM contendo uma coletânea de diversos softwares livres, que
podem ser utilizados mesmo em plataforma Windows. Para conseguir o CD, só é necessário
comparecer ao Centro de Computação, trocando uma mídia ‘virgem’ de CD pela coletânea
de programas de livre uso e distribuição.

47
Na página do CCUE36 é possível encontrar diversos projetos desenvolvidos pela equipe
de Software Livre da Unicamp, sob a licença GPL, como o ‘Rau-to’, sistema de perguntas e
respostas, ‘Nou-rau’, armazenamento e indexação digital, ‘e-Science’, ferramenta de
publicação dinâmica de pesquisa científica, entre outros.
Um dos grandes clientes dos projetos do CCUE é a Biblioteca Digital37 da Unicamp,
que oferece formato eletrônico de artigos, obras de arte, vídeo, teses e monografias entre
outros documentos de interesse ao desenvolvimento científico, tecnológico e sócio-cultural.

“A Biblioteca Central da Unicamp utiliza o software htdig para fornecer


acesso à sua base bibliográfica. A solução com htdig emprega um computador
desktop com GNU/Linux, com apenas 128 MB de memória RAM. Esta solução
foi desenvolvida em menos de uma semana e só foi possível graças ao emprego
de software livre. O sistema de consulta ao acervo das bibliotecas da Unicamp
encontra-se em http://www.unicamp.br/bc/.” [ALMEIDA 2003]

A Unicamp também é responsável pelo desenvolvimento de um famoso projeto de


ensino à distância baseado totalmente em Software Livre.

“A Unicamp tem o projeto TelEduc38, desenvolvido na linguagem PHP e


com o banco de dados MySQL. Este ambiente está sendo utilizado na UnB, no
Instituto Phenix na PUC/SP, na UCPEL e em diversas outras instituições.”
[ALMEIDA 2003]

Rubens Queiroz de Almeida é o gerente do Centro de Computação da UNICAMP, e


também mantenedor do site Dicas-L39, um repositório de códigos e instruções para melhor
aproveitamento de sistemas operacionais de código aberto e trabalha com software livre
desde 1991. Durante o CONISL de 2006, concedeu uma entrevista40, onde mencionou o
emprego de Software Livre na Unicamp:

36
Disponível em http://www.softwarelivre.unicamp.br/
37
Disponível em http://libdigi.unicamp.br/
38
Mais informações sobre o TelEduc em http://hera.nied.unicamp.br/teleduc/
39
Disponível em http://www.dicas-l.com.br/
40
Entrevista concedida à InfomediaTV, disponível em
http://infomediatv.terra.com.br/infomediatv/?section=11&article=16

48
“Em toda esta caminhada com o software livre a Unicamp tem sido
fundamental e sempre deu o apoio irrestrito a todas as idéias que nasceram. O
serviço de FTP da Unicamp foi por muito tempo, e ainda continua sendo, um
dos principais repositórios nacionais e tem contribuído enormemente para a
consolidação do software livre. Nós temos diversos projetos em software livre.
O projeto de maior destaque é a biblioteca digital, sistema Nou-Rau, que abriga
a coleção de teses e dissertações da Universidade. São hoje mais de 10.000
documentos, disponíveis na Web em texto completo e indexados pelo conteúdo.
Já foram baixados mais de 1 milhão de documentos, e este sistema, sem dúvida
alguma, está desempenhando um papel importante no desenvolvimento nacional,
através da oferta de uma quantidade tão grande de conhecimento, gerado na
Unicamp. O software Nou-Rau é livre e é usado em outras universidades, como
a Unesp, UEL e até mesmo no exterior. (...)
Outro projeto, que admiro muito, é o Código Livre, que por felicidade, tive
condição de participar como apoiador, trazendo o servidor para dentro do CPD
do Centro de Computação da Unicamp, com todo o apoio da Unicamp e da
direção do Centro de Computação. O Código Livre é mantido pela Solis41 e foi
uma das muitas boas idéias do César Brod e de sua equipe.”

41
Famosa empresa que desenvolve soluções em Software Livre

49
Capítulo 4 – Bacharelado em Sistemas de Informação na
UNIRIO

4.1 – Histórico

A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO, foi fundada em 1979.


Possui um corpo social constituído por discentes, técnico-administrativos e docentes de alta
qualificação e titulados doutores, mestres e especialistas nas mais diversas áreas de
conhecimento.
Sua definição missionária é produzir e disseminar o conhecimento nos diversos campos
do saber, contribuindo para o exercício pleno da cidadania mediante formação humanística,
crítica e reflexiva, conseqüentemente preparando profissionais competentes e atualizados
para o mundo do trabalho presente e futuro. Dentre outros, seus princípios gerais são a
ética, credibilidade e transparência, visão humanística, comprometimento com a qualidade e
com o social, profissionalismo e valorização dos recursos humanos e promoção da
interdisciplinaridade universitária.
Na sua estrutura administrativa, encontram-se a reitoria, pró-reitorias (de ensino de
graduação, de pós-graduação, planejamento, extensão e administrativa propriamente dita) e
órgãos complementares, como o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle42, o Centro de
Processamento de Dados43 e A Biblioteca Central44, que contém um catálogo digital on-
line, cujo acervo conta com mais de 188.000 itens de livros, folhetos, periódicos,
monografias, teses, partituras, entre outros, abrangendo áreas de exatas, biomédicas,
humanas e artes.
A Universidade possui diversos centros acadêmicos, dentre os quais, pode-se destacar o
CCET – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, onde está contida a Escola de Informática
Aplicada, que oferece o curso de graduação de Bacharelado em Sistemas de Informação e
de pós-graduação em Mestrado em Informática nas seguintes linhas de pesquisa:

42
Disponível em http://www.unirio.br/hugg/index.htm
43
Disponível em http://www.unirio.br/cpd/index.htm
44
Disponível em http://www.unirio.br/biblioteca/

50
Representação de Conhecimento e Raciocínio, Distribuição e Redes, e Sistemas de Apoio a
Negócios.
De acordo com o projeto acadêmico da UNIRIO, em [UNIRIO 1998], o curso de
Bacharelado em Sistemas de Informação, elaborado em 1998, deve-se formar a
interdisciplinaridade entre os diversos cursos e departamentos da UNIRIO, oferecendo
aptidões a seus profissionais egressos, tais quais: prática a suporte em ambientes
computacionais, conhecimento sólido em Ciência da Computação, conhecimento da
Metodologia Científica, formação teórica e prática em Engenharia de Software e Sistemas
de Informação, formação básica complementar em Ciências Administrativas, qualificação
na comunicação oral e escrita e formação básica complementar numa área de conhecimento
coberta por cursos de graduação oferecidos por outros centros da UNIRIO.
Apesar de pouco tempo de existência, o curso de Sistemas de Informação da UNIRIO
alcançou uma notável consideração nos mais variados meios, tanto no ambiente avaliador
do Ministério da Educação, como em movimentos estudantis e comunidades de
profissionais do campo de informática, como será apresentado a seguir.

4.1.1 – Conceito MEC

No ano de 2005, o MEC organizou a avaliação do ENADE dos cursos, dentre outras
áreas, a de computação e informática. Como já mencionado anteriormente, o MEC
reconhece nessa área quatro definições de cursos, tais quais: Sistemas de Informação,
Ciência da Computação, Engenharia da Computação e Licenciatura em Informática.
A UNIRIO participou do processo de avaliação do programa do MEC, alcançando o
grau máximo 5 (cinco), tornando-se a única, dentre as demais instituições do Estado do Rio
de Janeiro, a portar o conceito máximo no curso de Sistemas de Informação. Conforme o
resultado oferecido pelo INEP45, dentre as 404 (quatrocentos e quatro) cursos do Brasil,
apenas 6 (seis) conseguiram tal conceito.

45
Disponível em http://enade2005.inep.gov.br/resultados.php?c=CUniversidade&m=mostrar_lista_area

51
4.1.2 – Eventos e Participações

4.1.2.1 – Semana de Software Livre

A UNIRIO sempre se mostrou participativa em eventos de Software Livre, tornando-se,


dessa maneira, um ícone do cenário do Software Livre e uma grande referência do assunto
para a cidade do Rio de Janeiro.
Tem participado, durante três anos, do maior evento de Software Livre do estado, o
Fórum de Software Livre do Rio de Janeiro46, que divide a sede com o Clube de
Engenharia. Em 2006 a UNIRIO sediou o pólo técnico do evento, oferecendo palestras,
minicursos de ferramentas livres, painéis e até apresentações artísticas durante sua abertura.
A repercussão nacional do evento se dá principalmente por reunir os principais nomes do
ambiente livre nacional e internacional, promover espaços para encontros de usuários livres
e divulgar seus conhecimentos e divergências entre diferentes soluções livres no mercado.

4.1.2.2 – Representatividade Estudantil

A Unirio possui uma forte presença estudantil em eventos da área de computação.


Desde 2003, estudantes de Sistemas de Informação da Unirio preenchem o cargo de
representação do Estado do Rio de Janeiro junto à diretoria da ENEC – Executiva Nacional
dos Estudantes de Computação e atualmente possui o vice-presidente, um conselheiro fiscal
e suplente integrantes do curso47. Dessa forma, defendendo os ideais da executiva, como o
apoio ao software livre, membros da UNIRIO já participaram de diversos eventos
estudantis, como ENECOMP’s, Fórum Social Mundial, FISL, CONISL, Fórum de Software
Livre do Rio de Janeiro, entre outros.
A universidade tem como uma de suas principais referências a participação no
movimento do Software Livre no país. Inclusive, além de organizar o Fórum de Software

46
Disponível em http://www.forumsoftwarelivre.org.br/
47
As diretorias da executiva podem ser visualizadas em
http://www.enec.org.br/bin/view/ENEC/DiretoriaDaENEC

52
Livre do Rio de Janeiro, já abrigou figuras ilustres do cenário mundial, como Richard
Stallman, em Abril de 2006, um dos grandes responsáveis pela criação e defesa do Software
Livre.

4.2 – Plano Pedagógico do Curso

De acordo com o Projeto Acadêmico do curso, elaborado em 1998, pode-se apresentar


uma proposta da estrutura de seu plano pedagógico para o estudo corrente.

“É proposto um programa de bacharelado pleno de quatro anos visando


principalmente as áreas de Sistemas de Informação e Engenharia de Software. O
currículo proposto tem uma carga horária total de 3.270 horas, com 218 créditos
horas semanais a serem integralizados em, no mínimo, oito semestres, e, no
máximo, 12 semestres. A estrutura curricular está organizada em dois núcleos,
um de formação básica, constando de 110 créditos horas semanais, e um de
formação profissional, constando de 108 créditos horas semanais.” [UNIRIO
1998]

Segundo a Metodologia do Projeto Acadêmico, a Informática carrega seus fundamentos


na Matemática, no Método Científico e na Engenharia e pode ser dividida em dez áreas
fundamentais de formação:
- Algoritmos e Estruturas de Dados
- Linguagens e Compiladores
- Arquitetura e Organização de Computadores;
- Computação Numérica e Simbólica;
- Sistemas Operacionais, Redes e Sistemas Distribuídos;
- Engenharia de Software;
- Sistemas de Informação e Banco de Dados;
- Inteligência Artificial e Robótica;
- Interface Homem x Máquina, Multimídia e Realidade Virtual;
- Computação Gráfica e Processamento de Imagens

53
Embora a ênfase do curso esteja em Engenharia de Software e Sistemas de Informação,
a extensão das disciplinas permite a apresentação da maioria das áreas básicas em aspectos
teóricos, problemas de modelagem e de projeto.
Para detalhar o plano de ensino do curso, a seguir serão listadas as disciplinas oferecidas
de cada área de estudo:

Área de Matemática

- Introdução à Lógica Computacional


- Cálculo Diferencial e Integral I
- Cálculo Diferencial e Integral II
- Probabilidade e Estatística
- Álgebra Linear

Área de Algoritmo e Estrutura de Dados

- Técnicas de Programação I
- Estruturas Discretas
- Técnicas de Programação II
- Estrutura de Dados
- Análise de Algoritmos
- Programação Linear
- Fluxos em Redes
- Algoritmos para Problemas Combinatórios
- Tópicos Avançados em Algoritmos
- Inteligência Artificial

Área de Linguagens e Compiladores

- Programas Utilitários Básicos

54
- Linguagens Formais e Autômatos
- Compiladores

Área de Arquitetura e Organização de Computadores

-Organização de Computadores

Área de Sistemas Operacionais, Redes e Sistemas Distribuídos

- Sistemas Operacionais
- Redes de Computadores
- Distribuição e Concorrência
- Comunicação e Segurança de Dados
- Projeto e Gerência de Redes Locais
- Calibragem e Análise de Desempenho
- Tópicos Avançados em Redes de Computadores
- Ambiente Operacional UNIX

Área de Engenharia de Software

- Análise e Projeto de Sistemas


- Programação Modular
- Construção de Sistemas
- Projeto e Construção de Sistemas em Ambientes de Programação
- Gerência de Projetos em Informática
- Desenvolvimento de Software para Web
- Groupware - Tecnologias de Apoio à Colaboração
- Desenvolvimento Baseado em Componentes
- Tópicos Avançados em Engenharia de Software

55
Área de Sistemas de Informação e Banco de Dados

- Produtividade Pessoal com Sistemas de Informação


- Modelagem de Sistemas
- Sistemas de Banco de Dados
- Projeto e Construção de Sistemas com SGBD
- Banco de Dados em Ambiente Cliente-Servidor
- Administração de Banco de Dados
- Banco de Dados Distribuídos e Datawarehousing
- Tópicos Avançados em Banco de Dados

Área de Ciências Administrativas

- Análise Empresarial e Administrativa


- Administração Financeira
- Empresa de Informática

Área de Ciências Jurídicas

- Direito e Ética Profissional

Área de Comunicação

- Expressão Oral e Escrita


- Leitura e Produção de Textos

Área de Multimídia e Computação Gráfica

- Sistemas Multimídia
- Computação Gráfica e Processamento de Imagens

56
Outras Áreas

- História da Ciência e Tecnologia


- Seminário sobre Optativas e Eletivas
- Iniciação a Pesquisa
- Projeto de Graduação
- Estudo de Domínios de Aplicação
- Atividades Curriculares de Extensão

4.3 – Estrutura Computacional

O Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas possui em sua estrutura, além de auditório


e inúmeras salas de aula, quatro laboratórios de aula e três laboratórios de pesquisa, o LIPI,
o LETRA e o RCCSW. Além disso, possui cerca de dez estações de computadores
distribuídos ao longo do campus, entre seus centros, como terminais remotos, projeto de
inclusão digital implantado no Departamento de Informática Aplicada da UNIRIO, produto
do trabalho de estudantes membros do Diretório Acadêmico e a empresa de suporte
conveniada.

57
Capítulo 5 – Software Livre na Uniriotec

5.1- Análise e Discussão para migrações

Para se estudar um futuro processo migratório de sistemas num ambiente, é importante


uma análise prévia bastante cautelosa de alguns aspectos no ambiente computacional da
instituição.
Uma das grandes preocupações deve ser justamente o levantamento de requisitos dos
usuários do sistema, que neste caso se trata de duas amostras diferentes da população da
instituição, podendo ser dividida, de maneira funcional, em alunos e professores.
Adotando o procedimento em [CONCEIÇÂO 2005], este projeto consultou uma
amostra da população de usuários dos recursos computacionais do ambiente, focalizando
dificuldades e necessidades divergentes entre ambos os modelos dos que se servem do
sistema.

5.1.1 - Corpo discente do CCET

Para os alunos da Escola de Informática Aplicada foram elaboradas algumas perguntas


num questionário impresso, com o intuito de colher dados que pudessem prever alguns
possíveis impactos com a utilização de Software Livre na Universidade. Dessa forma,
foram analisadas as diferentes idéias do modelo livre da parte dos alunos.
A população total de alunos ativos do curso soma um total de 150, dentre eles, 50 foram
entrevistados, com as perguntas encontradas no Anexo 1.
Analisando as respostas dos alunos, foi verificado que os mesmos, em sua grande parte,
conhecem o Sistema Operacional GNU/Linux, o maior exemplo de Software Livre na
atualidade, e possuem instalado em casa, juntamente com outro sistema operacional
proprietário (MS Windows).

58
Conhecimento do Linux

11%
Conhecem o
5% Sistema

Não conhecem
mas têm interesse
em conhecer
Não conhecem e
não têm interesse
em conhecer
84%

Gráfico 1 - Conhecimento sobre o GNU/Linux por parte dos alunos

Conforme o gráfico, 84% dos alunos conhecem o sistema operacional GNU/Linux, e


dentre os que não conhecem o sistema, um terço, praticamente, tem vontade de
aprender.11% do total de alunos não fazem questão de conhecer o sistema operacional.

Utilização em Casa

Apenas Sistema
12% Operacional Linux

Apenas um Sistema
40% Operacional
Proprietário
(Windows)
Ambos os Sistemas

48%

Gráfico 2 - Sistemas Operacionais que os alunos utilizam em casa

59
Com base no gráfico 2, apesar de apenas 12% dos alunos utilizarem apenas o sistema
operacional GNU/Linux em casa, uma boa parcela possui ambos os sistemas instalados em
casa, o que evidencia o interesse de grande parte dos alunos no aprendizado em soluções
livres.

Preferência de SO no Laboratório

21%

Linux
47%
Windows
Tanto Faz

32%

Gráfico 3 - Preferência de Sistema Operacional dos estudantes nos laboratórios da Universidade

Como se pode visualizar no gráfico 3, quase metade dos alunos não manifesta
preferência na utilização do sistema operacional, se tratando de GNU/Linux ou Windows.
Isso significa que a maioria dos estudantes não demonstra aversão ou preconceito ao uso de
recursos livres na universidade. Também se pode notar aqui mais um sinal de interesse do
corpo discente a soluções livres. O índice de alunos que optariam pelo GNU/Linux é maior
que o índice dos alunos que o têm instalado em suas casas como sistema operacional único.
O número de alunos que preferem utilizar o Windows na universidade é menor que o
número de alunos que o possuem em suas casas como único sistema operacional.

60
5.1.2 - Corpo docente do CCET

A aplicação dos questionários aos professores, por sua vez, ocorreu de forma similar,
porém com perguntas diferentes. A questão no caso do corpo docente toma uma
responsabilidade maior, uma vez que o método de ensino pode ser comprometido, e
também pode-se analisar, desse modo, o grau de compatibilidade e dificuldade dos
profissionais acadêmicos na possível migração do sistema.
Aos professores, foram feitas as perguntas em seus questionários, cujo modelo encontra-
se no Anexo 2.
As perguntas tiveram uma grande importância para conhecer até que ponto o professor
sabe do sistema operacional. Mais uma vez, foi utilizado o GNU/ Linux como representante
de Software Livre, por se tratar do maior ícone de sistema operacional livre na atualidade.
O resultado foi bastante positivo. Cerca de 77% dos professores entrevistados já tiveram
algum contato com o Sistema Operacional Livre e, dentre esses, 50% na forma de nível
administrativo ou de desenvolvimento.
A segunda e a terceira perguntas são interessantes, pois tornam possível o colhimento de
informações referentes aos recursos necessários nas aulas práticas, a natureza das
ferramentas utilizadas, se há ou não alternativas livres correspondentes para os itens
mencionados. De acordo com as respostas, 85% do corpo docente utilizam o laboratório da
universidade. Dentre os softwares utilizados na universidade, foram relatados, em suma:
- os sistemas operacionais (Windows e Linux),
- o pacote de escritórios da Microsoft (Microsoft Office),
- navegador de internet da Microsoft (Internet Explorer),
- gerenciador de e-mail da Microsoft (Outlook Express),
- software editor de imagens,
- ferramentas para edição de html,
- compiladores,
- IDE’s de desenvolvimento de software (Delphi, Pascal),

61
- editores de xml
- ferramentas de modelagem de dados.
Alguns professores retornaram algumas alternativas livres correspondentes aos
softwares proprietários que utilizavam; outros até já utilizavam softwares livres mesmo em
sistema operacional proprietário.
A quarta pergunta foi feita pelo propósito de analisar possíveis informações que
estariam relacionadas ao impacto de uma migração de sistema livre para os professores.
Poucos declararam falta de conhecimentos básicos do sistema operacional; alguns já
demonstravam insegurança às interfaces livres, devido ao costume e hábito ao ambiente
Microsoft. Dentre as respostas, pode-se apresentar:
- falta de conhecimento básico do sistema GNU/Linux,
- insegurança quanto à existência, compatibilidade e eficiência dos softwares livres
correspondentes aos proprietários,
- costume a padrões de softwares proprietários,
- dificuldade com as interfaces,
- incompatibilidade de arquivos e drivers para dispositivos,
- tempo de aprendizado para operar o sistema GNU/Linux,
- estranhamento dos alunos,
- possível visão da universidade, da parte do aluno, relacionada mais a questões
políticas que de negócio,
- dependência de uma equipe técnica com conhecimento da tecnologia GNU/Linux
para manutenção do laboratório.
Já a quinta pergunta, mais direta, considera o pensamento que o professor tem em
relação ao Software Livre e ajuda a analisar o nível de cooperação ao incentivo da adoção
de soluções livres no ambiente universitário. Também é importante para saber se o corpo
docente se mostra ciente das diretrizes do movimento do software livre e não apenas se
aceita ou não uma ferramenta específica.

62
Opinião dos Professores Sobre o Software Livre

13%
Apoiam o incentivo ao
Software Livre

Não conhecem ainda a


54% fundo os seus ideais
33%
Conhecem suas diretrizes
e são indiferentes

Gráfico 4 – Opinião dos Professores da UNIRIO sobre o Software Livre

Como visto no gráfico 4, 54% dos professores apóiam a iniciativa do incentivo à


utilização do Software Livre na universidade, enquanto nenhum professor se mostrou contra
tal incentivo.
No campo de opiniões adicionais, alguns professores levantaram questões e sugestões
bastante interessantes. Alguns se mostraram motivados e interessados em utilizar software
livre. Pode-se destacar algumas observações do corpo docente, tais quais:
- É sempre importante analisar outras tecnologias diferentes, principalmente dentro de
uma universidade.
- Tenho a impressão de que o Software Livre ainda não atingiu a maturidade
suficiente em termos de negócios.
- Tenho descrença em que coisas que não dêem lucro funcionem.
- É muito importante oferecer uma boa base de Software Livre para os alunos de
Sistemas de Informação.

63
- Deveria ser adotado amplamente este ambiente livre para ensino, desenvolvimento
de pesquisa e para uso administrativo na Universidade, em função do projeto
BROffice.org48.
- É necessário utilizar Software Livre para pôr fim à pirataria na Universidade.

5.2 – Experiência de Software Livre em Disciplinas

Com o âmbito de avaliar a aceitação e o desempenho do Software Livre dentro da


universidade e um melhor entendimento para mudanças de adoção de tecnologias, foi
realizada também uma pesquisa qualitativa das disciplinas que atualmente já utilizam
ferramentas livres e as alterações que sofreram com a adoção de software livre.
Com isso, foram selecionadas algumas disciplinas, dentre todo o curso de Bacharelado
em Sistemas de Informação. Para o colhimento de tais informações, foi necessária a
colaboração mais uma vez de alguns alunos e professores que as ministraram.

5.2.1 - Sistemas Operacionais

Esta disciplina deixou de ser apenas teórica, passando a incorporar o estudo do Linux
[LINUX 2007] na sua ementa. Por exemplo, ao estudar drivers, o aluno não aprende
simplesmente o que é um driver e para que serve. Primeiro, o aluno aprende a identificar os
drivers instalados no sistema e a atualizá-los. Em seguida, o aluno é introduzido na
programação e na compilação de drivers. Além disso, dentro desse contexto, é discutida a
importância da utilização das linguagens Assembler e C no sistema operacional. Outro
exemplo interessante introduzido nessa disciplina é o estudo da segurança em sistemas
operacionais. O aluno verifica, através de exemplos, porque o Linux é considerado um
sistema mais seguro que o seu concorrente Windows. Isto é feito através do estudo dos
níveis de acesso do sistema, da execução de programas maliciosos e da verificação de

48
Baseia-se num conjunto de documentos de licenciamento aberto para subsidiar projetos com Software
Livre, principalmente de inclusão digital. Mais informações em http://www.broffice.org.br/

64
portas de comunicação disponibilizadas pelo administrador do sistema. Nesta fase, o aluno
é incentivado a pesquisar e adaptar vírus e programas de invasão do Windows para o Linux
e verificar porque eles normalmente não funcionam no segundo ambiente.

5.2.2 - Distribuição e Concorrência

Esta disciplina tem por objetivo introduzir o aluno na programação de sockets.


Anteriormente, o aluno usava nessa disciplina a linguagem Java que possui interfaces
prontas para a comunicação entre equipamentos. Essas interfaces montam o socket e
retornam um código de erro em caso de problemas. O novo formato da disciplina introduziu
o uso da linguagem C e da ferramenta gcc (coleção de compiladores GNU). A idéia foi
obrigar o aluno a verificar a ocorrência dos problemas na comunicação e aprender as
diversas formas de tratamento dos erros. Um exemplo mostrado na disciplina é a captura de
sinais. A disciplina mostra que determinados erros na programação cliente-servidor podem
gerar processos zumbis e o conseqüente desperdício de recursos. Esses erros nem sempre
são visíveis ao programador e podem ser facilmente mascarados por linguagens de alto
nível como Java. Outro fato interessante introduzido na disciplina foi o estudo das
chamadas ao sistema (funções que se comunicam diretamente com o kernel do sistema).
Para montar um socket, o aluno é obrigado a usar chamadas ao sistema, assim ele precisa
verificar as diversas características dessas chamadas e decidir o que é melhor para a
aplicação sendo desenvolvida. Por exemplo, a programação usando protocolo TCP difere da
programação usando protocolo UDP (mesmo que usem várias chamadas em comum).

5.2.3 - Bancos de Dados

Após a disciplina Sistemas de Banco de Dados, que trata de conceitos e fundamentos, o


curso oferece disciplinas de cunho mais prático, com uso de Sistemas de Gerência de
Bancos de Dados (SGBDs) livres. Na disciplina Projeto/Construção de Sistemas com
SGBD, vem sendo utilizado o SGBD PostgreSQL [PostgreSQL 2007] em conjunto com
ferramentas livres de modelagem e projeto como DBDesigner e FERRET. Na disciplina

65
Administração de Bancos de Dados, são utilizados os SGBDs PostgreSQL e MySQL
[MySQL 2007], com ferramentas de administração também livres como pgAdmin,
phpPgAdmin e phpMyAdmin. O uso desses softwares livres vem permitindo um estudo
profundo das disciplinas e conseqüente conhecimento dos assuntos mais atuais, através da
interação de alunos e professores com a comunidade de usuários e desenvolvedores através
de fóruns. Esse conhecimento motivou uma proposta de projeto de pesquisa na área de
Inteligência de Negócios, para desenvolvimento e teste de ferramenta de processamento
analítico OLAP [CG-OLAP 2007] em data warehouse geográfico, construído com
PostgreSQL e PostGIS, sobre clusters de microcomputadores rodando sistema operacional
Linux.

5.2.4 - Desenvolvimento de Software para Web

O objetivo dessa disciplina é capacitar o aluno no entendimento de metodologias,


tecnologias e padrões em diversas fases do ciclo de desenvolvimento de softwares para o
ambiente web. O curso utiliza a tecnologia de construção de softwares de conteúdo
dinâmico para web JSP (JavaServer Pages), adotando um software livre chamado Eclipse,
um dos IDEs (Integrated Development Environment) mais utilizados para a linguagem
Java, que possui uma forte orientação ao desenvolvimento baseado em plug-ins que
procuram atender às diferentes necessidades de diversos programadores. Para o exercício da
implementação do armazenamento na web, é utilizado o servidor de aplicações Java para
web Tomcat, um software livre originado pelo projeto Apache Jakarta, robusto e eficiente o
suficiente para ser utilizado mesmo em um ambiente de produção.

5.2.5 - Ambiente Operacional Unix

A disciplina tem por objetivo introduzir o aluno no ambiente Unix utilizando, como
base principal, o sistema operacional livre GNU/Linux Fedora. Com esta finalidade, são
apresentados ao aluno, durante curso: os conceitos fundamentais do Unix, os comandos
básicos e de customização do sistema, portabilidade de aplicações, diferenças importantes

66
entre o Unix e os outros sistemas operacionais, os procedimentos necessários para possíveis
migrações, entre outros. Após a conclusão do curso, o aluno deverá estar apto a atividades,
como procedimento de instalação, criação e manipulação de arquivos e diretórios, edição de
arquivos texto pela ferramenta vi, formas de acesso a dispositivos e unidades de memória, e
métodos de administração básica de sistemas operacionais baseados na tecnologia Unix,
principalmente o GNU/Linux.

5.3- Projeto de Software por categoria de disciplina

Com o ideal de estudar o uso de software livre na Universidade, foi utilizado como base,
nesta seção, o plano pedagógico do curso de Sistemas de Informação da UNIRIO. Dessa
maneira, busca-se indicar alternativas livres que atendam ao domínio das disciplinas
oferecidas.

Área de Matemática

- The R Project – R é uma linguagem e ambiente para utilização em estatística, na


construção e estudos de gráficos e análises de cálculo. A ferramenta R Project gera desde
diagramas básicos até gráficos tridimensionais. Maiores informações e download em
http://www.r-project.org/.

- Scilab – Projeto para utilização em disciplinas de Cálculo. Possui uma vasta variedade
de ferramentas que auxiliam na construção de gráficos, armazenamento de dados e outros.
Disponível no endereço http://www.r-project.org/.

- Mathomatic – Ferramenta que executa cálculos algébricos. Criado desde 1986, e


escrito em C. Roda em qualquer sistema operacional com compilador C. Disponível no
endereço http://mathomatic.orgserve.de.

67
- Octave – Ferramenta que oferece uma interface de linha de comando para a resolução
numérica de problemas lineares e não lineares, e também para outras experiências
numéricas usando uma linguagem que é, na maior parte, compatível com o MatLab49. O
Octave possui ferramentas extensivas para a resolução de problemas numéricos de álgebra
linear, encontrando as raízes de equações não lineares, integrando funções ordinárias,
manipulando polinômios e integrando equações diferenciais ordinárias e equações
algébrico-diferenciais. É facilmente extensível e customizável através de funções definidas
pelo usuário, escritas na linguagem própria do octave ou usando módulos dinamicamente
carregados escritos em C++, C, Fortran ou outras linguagens.
http://www.gnu.org/software/octave/

Área de Algoritmo e Estruturas de Dados

- GraphThing – Ferramenta que permite criar, manipular e estudar grafos. Com


demonstrações gráficas, esclarece de uma forma bastante eficaz o conceito. Disponível em
http://graph.seul.org/ .

- C Algorithms – Biblioteca de algoritmos escritos em C. Os desenvolvedores podem


reusar os códigos, incluindo em seus projetos. Disponível em
http://sourceforge.net/projects/c-algorithms/.

- Joone – Java Object Oriented Neural Engine – Ferramenta de trabalho para criar,
treinar e estudar redes neurais, aplicada em Inteligência Artificial e desenvolvida em Java.
Disponível em http://www.jooneworld.com/.

49
Conhecido programa desenvolvido pela MathWorks de alta performance voltado para o cálculo. Disponível
em http://www.mathworks.com/

68
Área de Linguagem e Compiladores

- Emacs – É um conceituado editor de texto, utilizado notadamente por programadores e


usuários que necessitam desenvolver documentos técnicos em diversos sistemas
operacionais.
Foi desenvolvido por Richard Stallman. Disponível em
http://www.gnu.org/software/emacs/.

- GCC – GNU Compiler Collection, o compilador clássico baseado na linguagem C e


C++. Disponível em http://gcc.gnu.org/

- Curso de Linguagem C Online – Curso disponibilizado pela Universidade Federal de


Mnas Gerais – UFMG. Inclui Aulas, Provas e Gabaritos. Disponível em
http://mico.ead.eee.ufmg.br:3128/cursos/C/

- Free Pascal Compiler – Compilador multiplataforma para linguagem Pascal e Pascal


Orientado a Objeto. Uma boa alternativa ao Delphi. Disponível em
http://www.freepascal.eti.br/.

- NVU – Software Livre editor de html, desenvolve páginas na internet de maneira


similar à do dreamweaver. Disponível no endereço: http://www.nvu.com/

- BlueFish – Um ótimo editor de desenvolvimento web, com suporte a múltiplas


linguagens dinâmicas e estáticas. Utiliza 40%-45% menos memória em relação aos outros
editores. Abre múltiplos documentos simultaneamente, Sintax highlight personalizado
baseado em expressões regulares, compatíveis com Perl, com suporte para sub-padrões, e

69
padrões definidos para: HTML, PHP, JavaScript, JSP, SQL, XML, Python, Perl, CSS,
ColdFusion, Pascal. Oferece também fechamento automático de tags html e xml.
http://bluefish.openoffice.nl/

Área de Arquitetura e Organização de Computadores

- XCircuit – Programa para construção de diagramas de circuitos eletrônicos.


Disponível na página http://bach.ece.jhu.edu/~tim/programs/xcircuit/.

-gEDA Project – Possui ferramentas para o projeto de circuitos, simulação,


prototipagem e produção. Página oficial : http://geda.seul.org/.

- Tkgate – Famoso simulador de circuito digital com uma eficiente interface gráfica.
Oferece recursos de simulação lógica, suporta um vasto domínio de elementos de circuito
primitivo e também módulos pré-definidos. Página Oficial: http://www.tkgate.org/.

- Digital Simulator – Programa que funciona como uma espécie de laboratório digital,
permitindo ao usuário projetar, simular e exportar seus projetos de circuito e baseado em
aplicações em ambientes Windows. Pode ser obtido pelo endereço
http://sourceforge.net/projects/digisimulator.

Área de Sistemas Operacionais, Redes e Sistemas Distribuídos

- Simmercast – Framework de simulação de eventos discretos, baseado em processos,


que auxilia no projeto e avaliação de protocolo multicast. Oferece ao usuário um modelo de
simulação de protocolo abstrato e de fácil entendimento, no qual pode-se gradualmente
ampliar o nível de detalhe da simulação. Disponível em
http://www.inf.unisinos.br/~simmcast/

70
- Jarp – Ferramenta de análise de redes de Petri, ou redes de transição, oferece recursos
de composição visual e simulação interativa de redes. Disponível na página
http://jarp.sourceforge.net/.

- GDB – Um debugger GNU baseado em linguagem Assembly que permite enxergar o


que ocorre dentro do programa enquanto ele é executado ou o que outro programa estava
desempenhando até um momento de conflito. GBD oferece várias funcionalidades,
iniciando o programa e especificando qualquer indicação que possa comprometer seu
comportamento. Efetua programação para o programa parar em momento específico,
examina o que ocorreu, quando o seu programa parou, entre outras funções. Página oficial:
http://www.gnu.org/software/gdb/.

- GCC – Compilador livre, em C e C++, já mencionado na área de linguagens e


compiladores.

Área de Engenharia de Software

- Umbrello – Modelador UML que permite a criação de diagramas de desenvolvimento


de software. Ferramenta bastante conhecida em ambientes universitários no mundo inteiro.
Página oficial oferece downloads do programa, esclarecimentos, tópicos de ajuda,
demonstração de operabilidade dos recursos, entre outros, no endereço
http://uml.sourceforge.net/.

- ArgoUML – Ferramenta de modelagem UML. Roda em qualquer plataforma Java e é


disponibilizado em dez idiomas, inclusive Português. Desenvolvido pela Tigris.org.
Interface gráfica de fácil aprendizado e funcionalidades completas para modelagem de
sistemas UML.
Página oficial: http://uml.sourceforge.net.

71
- Eclipse – Famoso sistema que oferece ambiente de desenvolvimento de software em
várias linguagens, principalmente Java, a mais utilizada pela sua comunidade. Utilizado
para diversas funcionalidades, desde programas Java de aparelhos celulares até páginas JSP
(JavaServerPages).

- Apache TomCat – Servidor de aplicações Java para a Web oficialmente endossado


pela Sun como Implementação de Referência (RI) para as tecnologias Java Servlets e JSP.
O Tomcat tem a capacidade de atuar também como servidor web/http, ou pode funcionar
integrado a um servidor web dedicado.É robusto e eficiente, é capaz de ser utilizado mesmo
em um ambiente de produção. Altamente recomendado para ambiente universitário.
http://tomcat.apache.org/.

- DotProject – Um sistema de gerência de projeto, com um bom conjunto de


funcionalidades e características que fazem dele uma boa escolha para ambientes
corporativos. Mais informações, download e treinamento, podem ser encontrados na página
oficial http://www.dotproject.net.

- Planner – Ferramenta destinada à administração de projetos. Faz parte da suíte de


aplicativos do conhecido ambiente gráfico Gnome. Possui uma interface capaz de exibir as
tarefas em formato de gráfico de Gantt, lista, sendo capaz de gerenciar recursos ligados aos
projetos, inclusive oferecer uma ótima compatibilidade com o gerenciador de banco de
dados PostgreSQL, também de plataforma livre. O Planner também pode ser aplicado a
disciplinas da Área de Ciências Administrativas, pelo poder prático no campo de
gerenciamento e organização.
http://live.gnome.org/Planner

- OpenWorkBench – Opção aberta de um sistema de gerência de projetos, software


desenvolvido pela Niku Corp, conhecido por mais de 50.000 usuários no mundo inteiro.
Baseado em aplicação em ambiente Windows. Oferece organização potente e
funcionalidades gerenciais, sendo utilizado no lugar do proprietário MS Project. A página

72
oficial com download, fórum de discussão do produto, contendo inclusive uma comparação
detalhada em relação ao software da Microsoft encontra-se no endereço
http://www.openworkbench.org

- Subversion – Ferramenta para controle de versão, carrega ciclos de trabalho de


controle de versão, executa operações avançadas de ramificação e rotulação, administra
(cria, ajusta, efetua e recupera back-ups) repositórios e configura os
servidores e os acessos aos repositórios pelos membros das equipes.
http://subversion.tigris.org/

- Trac – Software utilizado em Gerência de Configuração para controle de mudanças,


que executa ciclos básicos, facilita a documentação do software, acompanha o andamento
do projeto através de diversos tipos de relatórios e mecanismos, visualiza mudanças,
arquivos, diretórios e mensagens de log do repositório do projeto.
http://trac.edgewall.org/

- Ganttproject - Um utilitário que permite desenhar diagramas de Gantt, essas


representações gráficas sobre dois eixos, que nos permitem planificar todas as tarefas e as
atividades de um projeto no tempo, facilitando uma visualização amena do estado de
progresso de cada atividade. Desenvolvido em Java, os projetos podem dividir-se em sub-
tarefas, cada uma com suas datas de início e previsão de finalização, relacionadas a todas as
demais atividades contíguas, com suas respectivas relações de dependência, recursos
adjacentes, comentários e anotações diversas, etc.
http://ganttproject.sourceforge.net/

73
Área de Sistemas de Informação e Banco de Dados

- Ferret – Ferramenta CASE para editar modelo de dados. Pode ser implementado
dentro de um domínio de base de dados relacional, como PostgreSQL e MySQL.
http://www.gnu.org/software/ferret/

-MySQL – Um dos sistemas de gerenciamento de banco de dados mais populares que


existe e, por ser otimizado para aplicações Web, é amplamente utilizado na internet. Outro
fator que ajuda na popularidade do MySQL, além do fato de ser software livre, é sua alta
disponibilidade para praticamente qualquer sistema operacional, como GNU/Linux,
FreeBSD, Windows e Mac OS.
http://www.mysql.com/

- PostgreSQL – Sistema gerenciador de banco de dados que teve origem na


Universidade de Berkeley, na Califórnia, em 1986. O PostgreSQL é otimizado para
aplicações complexas, isto é, que envolvem grandes volumes de dados ou que tratam de
informações críticas. Assim, para um sistema de comércio eletrônico de porte médio/alto,
por exemplo, o PostGreSQL é mais interessante, já que esse SGBD é capaz de lidar de
maneira satisfatória com o volume de dados gerado pelas operações de consulta e venda.
http://www.postgresql.org/

- Firebird – Um software que oferece uma excelente solução como sistema


gerenciador de bancos de dados de alta performance. A origem do FireBird é a versão Open
Source do conhecido Interbase® 6.0, quando a Borland liberou os fontes de seu produto em
2000, e hoje em dia, o Firebird é um programa completamente independente. O seu
desenvolvimento é realizado em C e C++ para várias plataformas entre elas Windows,
GNU/Linux, Hp-UX e FreeBSD. Além disso, o FireBird oferece excelente concorrência de
acesso e uma poderosa linguagem com suporte a stored procedures e triggers de bancos.
http://www.firebirdsql.org/

74
- SQLite - SQLite é uma biblioteca C que implementa um banco de dados SQL
embutido. Programas que usam a biblioteca SQLite podem ter acesso a banco de dados
SQL sem executar um processo separado. SQLite não é uma biblioteca de cliente usada
para conectar com um grande servidor de banco de dados, e sim o servidor. A biblioteca
SQLite lê e escreve diretamente para e do arquivo do banco de dados no disco. Não
necessita de instalação, configuração ou administração; o banco de dados é guardado em
um único arquivo; mecanismo de armazenamento seguro com transações ACID50.

http://www.sqlite.org/

- DBDesigner – Prestigiado sistema de projeto visual que integra projeto de banco de


dados, modelagem, criação e manutenção dentro de um mesmo ambiente. Salva os arquivos
em XML, importa modelos gerados no ERWin (xml)e gera relatórios em html. Página
oficial: http://www.fabforce.net/dbdesigner4/

- Pentaho Business Intelligence – O projeto oferece poderosas ferramentas de análise de


informações gerenciais, monitoramento de indicadores de desempenho, data mining51 e
workflow para proporcionar maior eficácia e eficiência no uso de informações nas
organizações. O Pentaho utiliza a revolucionária abordagem de desenvolvimento,
distribuição e suporte dos softwares Open Source, proporcionando as vantagens de
flexibilidade e independência de plataforma e fornecedor, alta confiabilidade, segurança e
custo mínimo de implantação e manutenção. http://www.pentaho.com/

50
ACID é uma sigla referente às qualidades: Atomicidade, Consistência, Integridade e Durabilidade.
51
Processo de procura automática por padrões em grandes volumes de dados. O data mining aplica técnicas
provenientes da estatística, aprendizado de máquina e reconhecimento de padrões.

75
Área de Multimídia e Computação Gráfica

- Matrixreal – Programa que atende o domínio matemático de aplicação de computação


gráfica, que manipula e estuda matrizes, calculando valores, determinantes, vetores,
resolvendo sistemas lineares de diversas maneiras, sobrecarga de operações entre outros.
Também pode ser adotado na área de Matemática, uma vez que a Computação Gráfica
utiliza em sua base numerosos conhecimentos de Cálculo, Álgebra Linear e Geometria
Analítica.
http://search.cpan.org/~leto/Math-MatrixReal-1.9/MatrixReal.pm

- Blender – Um Software Livre, sob a licença GPL, para modelagem tridimensional,


renderização e texturização de imagens, animação e criação interativa.
http://blender.org/

- Gimp – GNU Image Manipulation Program - Programa com inúmeros recursos de


manipulação de imagem. Contem ferramentas de tratamento de fotos, composição de
imagens, filtros automatizados de efeitos, entre outras. Utilizado pela maioria dos usuários
de Software Livre e para diversos fins, desde retoques e montagens de fotografias digitais
até na elaboração de páginas da web.
http://www.gimp.org/

- Inkscape – Editor gráfico de imagem vetorizada, similar a programas proprietários


bastante conhecidos, como o Adobe Illustrator e o Corel Draw. Ferramenta bastante
utilizada na elaboração de projetos gráficos profissionais.
http://www.inkscape.org/

76
Disciplinas Gerais e Funcionalidade Administrativa da Escola

- Open Office – Pacote mais conhecido no cenário Software livre como suíte de
escritórios. Apresenta uma portabilidade grande, podendo ser instalado em diversas
plataformas, como GNU/Linux, FreeBSD, Windows e Mac OS X. Similar ao Microsoft
Office, contém as ferramentas que se tornaram imprescindíveis para qualquer computador
atualmente:
. Open Office Writer - Editor de texto rico em funcionalidades especiais, similar ao
software proprietário Microsoft Word, e ainda capaz de escrever documentos no formato
Portable Documento Format (PDF) e editar documentos html.
. Open Office Calc – Folha de cálculo e planilha similar ao Microsoft Excel. O Calc
possui uma série de funções que não estão presentes no Excel, incluindo um sistema de
definição de series para gráficos baseada na disposição dos dados na planilha. O Calc é
capaz de escrever a folha de cálculo como um arquivo PDF.
. Open Office Base – Sistema de gestão de base de dados, similar ao Microsoft Access.
. Open Office Impress – Um programa de apresentação de slides ou transparências,
similar em funcionalidades ao PowerPoint. Além das capacidades comuns de preparo de
apresentações, a partir da versão 2.0, é capaz de exportá-las no formato Macromedia Flash
(SWF).
Além dessas ferramentas mais comuns, também há outras inclusas na suíte atual do
Open Office, como editor de imagem vetorizada (OpenOffice Draw), editor de páginas html
(OpenOffice Web) e o editor de fórmulas matemáticas (OpenOffice Math).
http://www.openoffice.org/

- Mozilla Firefox – Navegador de Internet de plataforma livre e multi-plataforma mais


conhecido na atualidade e que tem se destacado com uma alternativa eficaz ao produto da
Microsoft, o Internet Explorer.
http://www.mozilla.com/firefox/

77
- Mozilla Thunderbird – Um gerenciador de e-mails de comportamento similar ao
Microsoft Outlook Express. Oferece acesso a arquivos xml, bloqueia mensagens, tem filtro
anti-spam embutido entre os diversos recursos. Fácil instalação e utilização, por conta de
uma interface bastante intuitiva. Opera no modelo multi-plataforma.
http://www.mozilla.com/thunderbird/

- Joomla – Sistema de controle de conteúdo de websites escrito em PHP e roda nos


servidores Web Apache ou IIS. Joomla é um software livre licenciado pela GPL.
http://www.joomla.org/

-Plone – Um dos gerenciadores de conteúdo mais conhecidos no mundo. Desenvolvido sob


a linguagem Python e roda sobre um servidor de aplicações Zope. O Plone pode ser usado
para a construção de portais de informação em intranets, extranets e na Internet. Pode ser
usado também para construir sistemas de publicação de documentos ou até como
ferramenta para trabalho colaborativo. O Plone roda em praticamente qualquer plataforma.
http://www.plone.org/

78
Capítulo 6 – Conclusões

Como se vê, não são poucos os motivos apresentados a favor da utilização do software
livre em quaisquer que sejam os ambientes. As razões de economia no custo de licenças de
uso de software estão sendo as mais impulsionadoras aos processos de migração para
plataformas livres. Ao invés de aumentar os índices de dependência tecnológica que nosso
país sempre apresentou em relação aos países de maiores níveis de desenvolvimento, deve-
se incentivar e investir no aprimoramento do aprendizado em soluções que são promissoras
no desenvolvimento de recursos próprios e de qualidade. O software livre é uma solução
mais que necessária, uma vez que oferece ferramentas para uma liberdade de criação,
desenvolvimento e manutenção de tecnologias, e com isso, fomenta a indústria interna de
software no país.
O grande potencial que possibilitou o desenvolvimento e a difusão do software livre foi
seu vigoroso espírito colaborativo, partindo de uma filosofia que defende a informação
como um bem comum, e que deve ser acessada por todos e também para benefício de todos.
Tais paradigmas sociais do software livre ganharam forças para possibilitar o alcance da
aceitação de uma grande parte do mercado de software internacional, sem nenhum apoio
inicial de uma mega-corporação, competindo com esforços de multinacionais que investiam
pesadíssimo em pesquisa e desenvolvimento, sem falar nas estratégias ultravagantes de
marketing e parcerias de negócios.
A adoção de softwares livres pelo mercado tem se mostrado de maneira crescente, não
apenas por razões sócio-econômicas. É importante ressaltar o aspecto de qualidade que o
programa de código fonte aberto oferece aos profissionais, possibilitando conhecimentos e
pesquisas, além de aplicações customizadas e seguras dentro de um ambiente de produção,
enquanto o usuário antes se via confinado a depender tecnologicamente do fornecedor do
programa, além de depositar, cegamente, confiança na integridade das capacidades do
comportamento do programa, tendo conhecimento limitado às funcionalidades propostas
pelo responsável. Analisando tais critérios, dentre outros, que instituições de alta pesquisa e
órgãos governamentais como forças armadas, principalmente, optam pelo ambiente do
software livre e suas tecnologias, mesmo, muitas vezes, portando elevados mananciais

79
financeiros, o que torna justificável o pensamento de que as vantagens reais da prática do
software livre não sejam apenas de cunho econômico.
O grau de conhecimento oferecido pelo conjunto de tecnologias do movimento livre é
de uma enorme preciosidade para se adotar, não apenas diretamente no mercado de trabalho
como na academia. O ambiente universitário é o lugar ideal para o cultivo cooperativo de
pesquisa e conhecimento. É o berço de um possível avanço tecnológico do país, que se
mostra promissor com as qualidades favoráveis ao campo da informática com as propostas
de metodologia de produção onde o conhecimento é aberto a todos e progride de forma
colaborativa.
Justamente por todas essas comprovações da perseverante conjuntura do software livre
é que o autor deste trabalho defende a primordialidade da sua utilização, essencialmente na
Universidade pública. Assim, utilizando como ferramenta motivadora a cativante idéia do
projeto Currículo Livre foi levantado um estudo de adoção de ferramentas livres no curso
de Sistemas de Informação da UNIRIO, seguindo o exemplo de diversas outras
universidades, prestigiadas não apenas no Brasil como no mundo, ganhando melhorias em
diversos aspectos, como: na economia de contratos de utilização de softwares; no
aproveitamento de recursos de hardware da universidade; fonte colaborativa e acessível de
aprendizado na área tecnológica; diminuição e erradicação das práticas de pirataria de
softwares, não apenas na universidade como nas casas de alunos e professores; incentivo ao
desenvolvimento de tecnologias independentes no país e incentivo ao surgimento e
sustentabilidade de pequenas e médias empresas do ramo, fornecendo cada vez mais
recursos e consultorias para a desenvoltura própria do país, sem o envio de royalties nem
servir como refém do poderio tecnológico e conseqüentemente econômico do exterior.
Para um estudo da migração para software livre, assim como em qualquer tipo de
migração, é necessária uma identificação de alguns elementos de suma importância do
ambiente. Neste trabalho, foi aplicado um método de análise ao corpo docente e discente da
Escola de Informática Aplicada, na forma de questionários de perguntas diferentes para
cada tipo de integrantes. Como visto, foram obtidos alguns resultados relevantes no estudo
de mudança de tecnologia do ambiente computacional.

80
De início, foram estudados os alunos do curso, que demonstraram, com o resultado, um
bom índice de aceitação do modelo livre proposto e, principalmente, um grande interesse no
aprendizado de tecnologia de software livre. A conseqüência da pesquisa também indicou
uma aplicação sem dificuldades para que satisfaçam, sem perda alguma, as exigências de
softwares utilizados na universidade. Mais de 90% dos alunos utilizam os terminais remotos
da universidade, que são constituídos de tecnologias livres por completo. Além disso, houve
um bom resultado na utilização do sistema operacional livre dos laboratórios. Os alunos, em
observações sugeriram, em grande parte, uma mudança não bruta dos sistemas, caso
ocorresse, e um auxílio no aprendizado da tecnologia do ambiente operacional GNU/Linux.
Posteriormente, o corpo docente da Escola de Informática Aplicada foi analisado.
Também foi obtida uma resposta favorável à implementação de software livre na faculdade,
com algumas declarações de possíveis dificuldades dos professores. Alguns não têm
conhecimento mais aprofundado que nível básico de usuário ou nunca tiveram contato com
o sistema operacional GNU/Linux, enquanto outros o utilizam como único sistema
operacional, tanto na universidade quanto em casa, em nível mais avançado. Na pesquisa de
ferramentas utilizadas nos laboratórios durante as aulas, surpreendentemente a grande
maioria das respostas continha softwares de uso básico de escritório, como programas de
apresentação, editor de texto e navegadores de internet. Além desses, é claro, possuíam
outros softwares de domínios mais específicos na área de informática, que apresentam
softwares livres correspondentes para suas aplicações de uso, embora alguns professores
não tenham conhecimento. Além disso, a maioria do corpo docente apóia o incentivo ao
Software Livre na Universidade.
Com esses resultados, pode-se afirmar a viabilidade da utilização de Software Livre na
Uniriotec. Tomando como base os depoimentos pessoais de todos os integrantes da Escola,
seria necessário um estudo da metodologia a ser seguida na migração de aplicações.
Inicialmente, poderiam ser instalados os aplicativos livres que funcionam em ambiente
proprietário, pois assim alunos não teriam um impacto tão grande e não precisariam instalar
em suas casas o sistema operacional de maneira forçada e imediata. Programas, como o
navegador Firefox, operam tanto em sistemas Windows como GNU/Linux. A utilização e
os bons resultados desses softwares servem como motivação para a aceitação de demais

81
tecnologias livres. Também é importante observar o recurso empregado nos laboratórios,
chamado de dual boot, que é apresentado no início da partida da máquina através de uma
tela com opções de sistema operacional que se deseja usar. No caso da UNIRIO, os
sistemas operacionais são o Windows e GNU/Linux. De acordo com os relatórios do corpo
discente, alguns alunos da universidade tiveram seu primeiro contato direto com o ambiente
GNU/Linux na universidade e, até por motivos de requisitos para o mercado de trabalho
demonstraram interesse e se especializaram em administração do SO GNU/Linux.
O autor do projeto de graduação também indica uma outra possível solução para uma
melhor adaptação dos alunos ao uso do GNU/Linux, que seria uma disciplina cuja ementa
fosse composta de conhecimentos introdutórios ao ambiente Unix, preferivelmente no
primeiro semestre do curso, como disciplina optativa ou mesmo obrigatória.
Também é necessário que os professores colaborem com o incentivo ao uso de software
livre na universidade, adotando ferramentas livres que sejam correspondentes às
proprietárias sempre que possível. Caso contrário, os softwares proprietários que não
possuírem alternativos livres no mercado, podem operar sob emuladores de sistema até que
seja lançado um que satisfaça às necessidades da disciplina, ou então, construído por algum
projeto de pesquisa da faculdade, utilizando a liberdade oferecida pela tecnologia do
software livre.
E, como produto da pesquisa de softwares livres que atenderiam às necessidades das
disciplinas oferecidas pelo curso de Sistemas de Informação, várias ferramentas indicaram
eficiência, e observou-se uma enorme disposição de substituição aos softwares proprietários
utilizados. Como exemplo, os softwares atualmente utilizados em disciplinas na área de
Engenharia de Software como Rational Rose e MS Project podem ser substituídos por
softwares livres que se encarregam das mesmas funcionalidades, como o Umbrello e o
OpenWorkBench, respectivamente. O projeto de graduação listou, no geral, cinqüenta e
uma ferramentas livres em todas as áreas oferecidas pelo curso, com descrição das
funcionalidades de cada software e seu respectivo endereço para a página oficial.
Dessa forma, o software livre se mostra como uma excelente alternativa para prover
melhorias no ambiente universitário, de modo a trazer resultados positivos no aprendizado
de desenvolvimento de software, obtendo benefícios para o próprio centro universitário, e

82
servindo no exercício de ajuda e implementação de soluções livres para outros cursos da
Universidade, e preenchendo os deveres iniciais da formação do projeto do curso de
Sistemas de Informação que trata do caráter interdisciplinar e do nome propriamente dito da
Escola de Informática. Aplicada.
Espera-se que este trabalho contribua, de fato, com melhorias tecnológicas, não apenas
para a UNIRIO, como para todos aqueles pertencentes da sociedade, esta que tem direito à
liberdade do conhecimento e a uma universidade pública de qualidade e detentora de
excelência em ensino.

83
Bibliografia

[ALMEIDA 2003] ALMEIDA, Rubens Queiroz de. Software Livre na Educação.


UNICAMP – Centro de Computação. São Paulo. 2003.

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[BONIFÁCIO 2003] BONIFÁCIO, Adilson L: SANTOS, Davi T. Software Livre na


Universidade: Aprendizado, Economia, Segurança e Desempenho. UEL –
Universidade Estadual de Londrina – Departamento de Computação. Londrina-PR.

[BRASIL 2003]. Aviso Circular nº 40 /SE-C.Civil/PR, de 24 de nov. 2003.


Encaminha Acórdão nº 1521/2003 do TCU e solicita providências no sentido de
avaliar a conveniência da utilização preferencial do software livre.
URL: http://www.softwarelivre.gov.br/documentos/circulardoministro/view.
Último acesso Novembro 2006.
[BRASIL 2003A] Comitê Técnico de Implementação de Software Livre.
Planejamento Estratégico para Implementação de Software Livre, 02 out.
2003. URL: http://www.softwarelivre.gov.br/diretrizes/. Último acesso: Dezembro 2006

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[MP 2005] MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO. Plano de Padronização do


Ambiente e Migração para Software Livre. Versão 1.2, de 23 Maio de 2005.
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[SANTANNA 2006] SANTANA, Rogério. (Secretário de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento e secretário executivo do Comitê Executivo
do Governo Eletrônico) Secretário fala sobre software livre. Fonte: Governo
Eletrônico. Disponível em:
http://www.softwarelivre.gov.br/noticias/News_Item.2006-06-06.4923/view. Último
acesso: 28 de novembro de 2006.

[SANTOS 2001] SANTOS, Carlos Augusto Moreira dos. O Software Livre Merece
um Pouco Mais de Respeito. Disponível em: http://www2.urisan.tche.br/~casantos/.
Último acesso em Fevereiro de 2007.
[SANTOS 1999] SANTOS, Carlos Augusto Moreira dos. Remando Contra a
Corrente. 1999. Disponível em: http://www.inf.ufrgs.br/~casantos/writings/. Último
acesso em Fevereiro de 2007.

[SERPRO 2006] SERPRO, Serviço Federal de Processamento de Dados. O Serpro


contesta matéria da Veja.
Disponível em: http://www.serpro.gov.br/noticiasSERPRO/20060518_05. Último
acesso em Fevereiro de 2007.

[SILVEIRA 2003] SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Inclusão Digital, Software Livre e
Globalização Contra-Hegemônica; in SILVEIRA, Sérgio Amadeu da; CASSINO,
João (Org.) Software Livre e Inclusão Digital. São Paulo, Conrad Livros, 2003. pp 17-
47.

[SOCINFO 2000] SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NO BRASIL. Livro Verde.


Organizado por Tadao Takahashi. Ministério da Ciência e Tecnologia. Brasília, 2000.

[STALLMAN 1993] STALLMAN, Richard. The GNU Manifesto. Disponível, com


anotações de 1993, em http://www.gnu.org/gnu/manifesto.html .
Último acesso em Novembro de 2006.

89
[UNIRIO 1998] Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Projeto Acadêmico
do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação. Disponível em
http://www.uniriotec.br/eia/projeto.php . Último acesso em Dezembro de 2006.

[ZILLI 2004] ZILLI, Daniel. Mundo Livre. Livro digital. 3ª edição. 2004.

90
Anexo1 – Questionário para corpo discente
UNIRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CCET – ESCOLA DE INFORMÁTICA APLICADA

QUESTIONÁRIO PARA CORPO DISCENTE DA ESCOLA

Aluno:
Período:

1- Você conhece o Sistema Operacional GNU/Linux?


( ) Sim.
( ) Não. Mas tenho interesse em conhecer.
( ) Não e não tenho nenhum interesse em conhecer.

2- Em casa você utiliza:


( ) Sistema Operacional Linux apenas.
( ) Apenas um sistema operacional proprietário (Windows).
( ) Ambos os sistemas acima.
( ) Não possuo computador em casa.

3- Você utiliza freqüentemente o laboratório da universidade:


( ) Sim.
( ) Não.

4- Se tivesse uma opção por Sistema Operacional no laboratório entre GNU/Linux


e Windows, qual deles você escolheria ?
( ) Linux.
( ) Windows.
( ) Tanto faz.

5- Quais os softwares que você utiliza no laboratório?

6- Já utilizou o Boot remoto da universidade?


( ) Sim.
( ) Não.

7- O que você pensa a respeito da idéia da utilização de Software Livre na


UNIRIO?

91
Anexo 2 – Questionário para corpo docente

UNIRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CCET – ESCOLA DE INFORMÁTICA APLICADA

QUESTIONÁRIO PARA CORPO DOCENTE DA ESCOLA

Professor:

Disciplinas:

1- Já teve algum contato com o sistema Operacional GNU/Linux? Até que nível?

2- Utiliza o laboratório na universidade? Utiliza geralmente para que finalidade?

3- Quais softwares utiliza? Conhece algum Software Livre que desempenha o


mesmo trabalho que o utilizado no momento?

92
4- Se a UNIRIO adotasse um sistema somente GNU/Linux, quais seriam as
possíveis dificuldades que você acha que poderiam ter:

5- A respeito do Projeto Software Livre e seus fundamentos, qual a sua posição


pessoal:

( ) Sou contra tais incentivos ao uso de software livreA


( ) Não conheço ainda a fundo suas diretrizes
( ) Conheço seus objetivos e para mim é indiferente
( ) Apoio o incentivo à utilização de software livre

6- Opiniões adicionais:

93

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