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Durante muito tempo se disse (e ainda se ouve isso em muitos lugares) que a expansão
comercial dos EUA produziria uma espécie de “americanização” forçada dos demais países.
Muitas pessoas acreditavam que outros povos passariam a desejar o jeito americano de
viver ou que, pelo menos, absorveriam hábitos e comportamentos da cultura americana.
Nesse contexto, os adolescentes seriam as principais vítimas: bombardeados pela música,
filmes e produtos geralmente produzidos pelos EUA, em pouco tempo, eles seriam
transformados em produtos da cultura daquele país. Mas será que as coisas são mesmo
assim? É possível dizer que a vida do adolescente americano é igual à do adolescente
brasileiro? Será que a globalização conseguiu derrubar as fronteiras e tornar os adolescentes
brasileiros semelhantes aos americanos?
Antes de analisar o tema, é preciso fazer uma ressalva: assim como o Brasil, os EUA são
um país muito grande. Por isso, é tão difícil falar do “adolescente americano” quanto do
“adolescente brasileiro”. No Brasil, as diferenças regionais e econômicas fazem com que
um jovem que tenha nascido e crescido no interior de Roraima tenha uma vida
completamente diferente da de um nascido e criado em Porto Alegre, por exemplo (nem
melhor e nem pior, é preciso deixar bem claro, apenas diferente). Do mesmo modo, não se
pode achar que a adolescência de um garoto de origem hispânica nascido no interior do
estado do Alabama seja igual à de um menino nascido em Nova Iorque. Portanto, quando
falo em “adolescente americano”, estou fazendo uma generalização que deve ser
relativizada.
Dito isso, pode-se lançar um olhar geral sobre a juventude norte-americana. Aparentemente,
os jovens de lá em muitas coisas são como os de nosso país: adoram música (mas só as
cantadas na língua deles), usam jeans, adoram fast food e shopping centers, a escola ocupa
um papel importante em sua vida e as preocupações amorosas rondam a cabeça deles o
tempo todo.
Um olhar minucioso, porém, vai revelar algumas diferenças culturais importantíssimas, que
resultam em padrões de conduta marcadamente diferentes. Assim, percebe-se que não basta
consumir o mesmo produto para que duas pessoas se pareçam. Adolescentes brasileiros e
americanos, apesar de compartilharem muitas preocupações e desejos, são diferentes por
motivos que vão além do refrigerante consumido ou da música ouvida. Eles não são iguais
porque a raiz de suas culturas e de seus valores é diferente.
É sobre essas desigualdades (e sobre algumas semelhanças) que nós vamos conversar nos
próximos artigos. Então, você mesmo poderá tirar suas próprias conclusões.