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COMUT, reprografia e direito autoral

NEWTON PAULO TEIXEIRA DOS SANTOS

Há cerca de quinze anos, o COMUT (Con-


selho de Comutação Bibliográfica) procurou o
CNDA (Conselho Nacional de Direito Autoral)
para saber sobre as implicações do direito auto-
ral sobre seu procedimento. O processo teve
como relator o conselheiro Carlos Alberto Bit-
tar, que, em artigo publicado na Revista de In-
formação Legislativa, escreveu o seguinte:
“A integração do sistema de comuta-
ção ao de cobrança de direitos autorais.
Avanço significativo, nesse sentido, foi
dado, entre nós, em recente decisão do
Conselho Nacional de Direito Autoral – a
que pertencemos –, que, apreciando con-
sulta formulada pelo representante do
Sistema Nacional de Comutação Biblio-
gráfica (COMUT), respondeu afirmativa-
mente quanto à incidência dos direitos
autorais na extração de cópias de obras
intelectuais realizadas pelas bibliotecas
que o integram.
Em nosso voto como relator no pro-
cesso – acompanhado à unanimidade
pelo Conselho –, deixamos evidenciado
que esses direitos, por destinarem-se ao
amparo da mais nobre criação humana,
devem ser respeitados mesmo que os fins
visados na extração sejam de interesse
da coletividade, desde que exista cobran-
Newton Paulo Teixeira dos Santos é Mestre e ça – como no caso – de um determinado
Doutor em Comunicação, membro do Instituto dos valor, mesmo a título de recuperação de
Advogados Brasileiros, da Associação Brasileira de despesas. Caso contrário, estaríamos sa-
Propriedade Intelectual, da Associação dos Arqui-
vistas Brasileiros e do Instituto de Pesquisa em Pro- crificando o criador às custas do benefí-
priedade Intelectual Henri Debois (Paris), Advogado cio trazido ao, ou pelo, serviço de repro-
e perito judicial para questões referentes ao Direito dução.”1
Autoral e Direito à Imagem. Foi professor da Univer-
1
sidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Conse- Revista de informação legislativa, ano 20, n. 80
lho Nacional de Direito Autoral. (out. dez. 1983).
Brasília a. 35 n. 140 out./dez. 1998 139
Essa referência serve para mostrar como o “Não se estanca um oceano com uma declara-
problema é antigo no próprio COMUT. Nós pró- ção de princípios”3. Por isso é imperioso repen-
prios já trabalhamos a questão em comunicação sarmos a questão.
feita ao II Seminário de Direitos Autorais, pro- Ora, podemos apreciar de três ângulos di-
movido pela Biblioteca Nacional (Rio de Janei- versos o fenômeno da reprografia:
ro), em agosto de 19952. Por se tratar de uma
questão complexa, que vai-se tornando mais a) do ponto de vista sociológico;
complexa a cada avanço tecnológico, vamos tra- b) do ponto de vista econômico;
tá-la por partes. c) do ponto de vista jurídico.
Em sentido amplo, reprografia designa qual- Do ponto de vista sociológico, estamos di-
quer processo ou técnica de reprodução mecâ- ante de um fenômeno dos mais ricos, pronto a
nica de escritos, imagens e sons. Em sentido sustentar nossos processos de troca de infor-
estrito (e é o que interessa ao COMUT), signifi- mações, e é dessa troca que nossa sociedade se
ca apenas a reprodução mecânica de escritos e alimenta. Seríamos loucos se tentássemos frear
corresponde à definição vista no Aurélio: esse processo. Tanto mais que ele ocorre espe-
“conjunto de processos de reprodução cialmente no domínio das publicações científi-
que, em vez de recorrerem aos métodos cas de alto nível, como documentam as esta-
tradicionais de imprimir, recorrem às téc- tísticas do COMUT. Devemos até estimulá-lo, para
nicas de fotocópias, eletrocópias, micro- que se processe uma farta distribuição do saber.
filmagem, heliografia, xerografia, etc.” Do ponto de vista econômico, é indiscutível
É verdade que, nesse sentido, já se deve que o consumidor sai ganhando, em virtude do
incluir o COMUT on line. Como se lê no folder barateamento dos suportes. O prejuízo que pos-
da instituição: sa trazer ao autor e/ou ao editor é muito mais
aparente que real. Há um discurso já instalado
“Você já pode solicitar cópia de docu- nesse setor que fala em milhões de dólares per-
mentos por meio eletrônico. Para ter aces- didos anualmente pelos autores e/ou editores.
so a este novo serviço, navegue pela In- Não é bem assim. Vejam só: as fontes, isto é, as
ternet, até o IBICT, pelos seguintes en- bibliotecas precisam adquirir o livro ou a revista
dereços.” para reproduzi-los; em princípio, o usuário não
A questão sobrevém (é claro) quando o con- vai satisfazer-se com o texto reprografado, ao
teúdo do documento solicitado está protegido contrário, vai ser estimulado pela bibliografia ci-
pelo direito autoral, o que exclui os que estive- tada, e muitas vezes vai adquirir o próprio livro
rem em domínio público (v. art. 45 da Lei nº 9.610/ para complementar seu conhecimento, ou para
98) e outros documentos como textos legais, guardá-lo como livro de referência. Diga-se, ain-
decisões judiciais, documentos bancários, no- da, que é bem pouco provável que ele o compras-
tícias do dia, etc. Isso importa em dizer que cada se se não houvesse o estímulo da cópia. Copiam-
documento há de ser avaliado caso por caso. se muito as revistas técnicas, e dizem que elas
Às vezes é muito fácil; outras, nem tanto, como saem prejudicadas; mas elas sempre tiveram uma
ocorre com as traduções, por exemplo, em que tiragem reduzida. Apesar das cópias, assiste-se,
o tradutor também tem um direito autoral, ou hoje, a uma expansão dessas publicações.
quando ocorre a morte de um autor e a conta- Do ponto de vista jurídico (e aqui chegamos
gem do prazo de proteção se torna complicada. ao ponto), é preciso distinguir:
Dá para sentir a enormidade do problema.
Se formos adotar as lições do direito autoral clás- – a obra não está protegida, portanto não há
sico, haveremos de seguir os conselhos de Car- implicações com o direito autoral;
los Alberto Bittar e nos afogarmos em um dilú- – a obra está protegida. Então temos que
vio de normas legais. Nem a ameaça penal es- distinguir:
tampada nas “Advertências”, que costumam a) trata-se de cópia única para uso pri-
preceder as reproduções gráficas, fonográficas vado? Então não há como pensar em re-
ou de multimídia, estancou o fenômeno repro- compensa para o autor e/ou editor;
gráfico. Como diz José de Oliveira Ascensão:
3
Vamos acompanhar o pensamento lúcido de José
2
V. Reprografia e reprodução em massa, in Re- de Oliveira Ascensão em seu recente Direito autoral.
vista de informação legislativa, ano 32, n. 128, p. 2a. ed. Refundida e ampliada. Rio de Janeiro, Reno-
157-60. var, 1997.
140 Revista de Informação Legislativa
b) não se trata de uso privado. Ago- letra manuscrita. E com ela a autenticidade da
ra, sim, temos uma questão jurídica. Mas mensagem.
temos ainda que distinguir: Também o fax vem desfazendo aquela fron-
b.1) ocorre uma comercialização ilíci- teira que havia entre a vida profissional e a vida
ta: isso é crime, é violação de um direito privada, pois um fax doméstico permite que se
autoral. Se o usuário multiplica a cópia tenha um escritório em casa, enviando e rece-
para tirar um proveito econômico, come- bendo cópias reprográficas. Na Itália, o suces-
te um ato ilícito. É caso de pirataria, que so foi tão grande, que a Igreja precisou anunciar
se visualiza mais nos fonogramas que nos que a confissão por fax não estava autorizada...
textos literários ou científicos, mas pode Por tudo isso, temos que distinguir dois tra-
ocorrer; tamentos quando ocorre reprodução de texto
b.2) outras formas de utilização, como protegido:
nas escolas, nas universidades, nas em-
presas. Aqui está o ponto mais delicado, a) a cópia única para uso privado;
porque há interesses legítimos dos titu- b) outras formas de utilização da cópia de
lares da obra que devem ser satisfeitos, um texto protegido.
em virtude da multiplicação não autoriza- O segundo caso é criminoso, e a violação já
da e concorrente, embora esta tenha um está prevista no Código Penal (arts. 184 a 186).
fim (digamos) didático ou cultural. O primeiro caso (cópia única) é uma limita-
Portanto, só nos casos em que não há uso ção hoje prevista pelo art. 46, I, da Lei nº 9.610/
privado, ocorre necessidade de soluções one- 98, que diz assim:
rosas e/ou punitivas. As punitivas serão entre-
gues à polícia. Vejamos as onerosas. “Não constitui ofensa ao direito au-
Essas soluções têm sido procuradas no toral:
mundo inteiro e às vezes pretendem tributar o I – a reprodução em um só exemplar
próprio uso privado, a chamada cópia única. de pequenos trechos, para uso privado
Como remunerar o autor devidamente? Entre do copista, desde que seja feito por este,
nós, há mais de vinte anos, estão sendo feitas sem intuito de lucro.”
tentativas. Autoralistas renomados como An- Essa norma está autorizada pela Convenção
tônio Chaves e Antônio Carlos Bittar fizeram de Berna, art. 9.2:
propostas que não frutificaram. Em 1992, foi fun- “Fica reservada às legislações dos pa-
dada a Associação Brasileira de Direitos Repro- íses da União a faculdade de permitirem a
gráficos (ABDR). Depois de seis anos, é preci- reprodução das referidas obras, em cer-
so avaliar seu desempenho. tos casos especiais, desde que tal repro-
O vilão já não é só a fotocópia ou o fax, dução não prejudique a exploração nor-
porque o documento já pode ser acessado on- mal da obra nem cause um prejuízo injus-
line. Mas o fax ainda é um dos maiores respon- tificado aos legítimos interesses do au-
sáveis pela reprodução de textos literários ou tor.”
científicos. Deixem-me lembrar que o fax (abre- O nosso Código Civil, de 1917, assimilou a
viatura de fac simile) não pode ser tido como regra da Convenção, em seu art. 661, VI:
tecnologia de ponta. Ele foi inventado em 1907 “Não se considera ofensa aos direi-
por Edouard Belin, que chamou a sua invenção tos do autor:
de belinógrafo, invenção capaz de transmitir (...) VI – a cópia, feita à mão, de uma
imagens fixas por meio do telefone. Foi um fra- obra qualquer, contanto que não se des-
casso; até que os japoneses aperfeiçoaram a tine à venda.”
invenção, pois viram nela um meio ideal para
transmitir seus ideogramas. Sua difusão foi es- Quando chegou a lei de 1973, a redação foi
petacular. Tanto a vida das empresas como a atualizada. Veja-se o art. 49:
vida social se transformaram. Há muito tempo, “Não constitui ofensa aos direitos do
no Japão, os alunos já fazem o dever de casa e o autor:
enviam por fax à escola; quando, no dia seguin- (...) II – a reprodução, em um só
te, chegam à escola, o dever já está corrigido. E exemplar, de qualquer obra, contanto
o fax recuperou, reabilitou uma coisa que esta- que não se destine à utilização com in-
va sendo desprezada – a expressão escrita, a tuito de lucro.”
Brasília a. 35 n. 140 out./dez. 1998 141
Já não se exigiu que a cópia fosse feita “à obras protegidas a quem as solicitasse,
mão”, pois a fotocópia estava bem difundida. mesmo sem intuito de lucro, estaria de
Agora é que a nova lei introduziu algumas certo agindo de modo que os limites mais
expressões perturbadoras. Fala em “pequenos amplos da reprografia não podem tolerar.
trechos”, o que pode sugerir uma citação, mas A distribuição de cópias ao público, in-
não é o caso de uma citação, porque esta está discriminadamente, é sempre vedada”6.
autorizada expressamente no inciso III. Esse rigor é um pouco inquietante, pois é
Será, então, um capítulo, um artigo, parte do grande o número de instituições científicas que
livro, etc. O conceito de “pequenos trechos” se prevalecem dessa limitação ao direito dos au-
ficou em aberto. Talvez sejam aqueles que não tores.
digam o que seja principal na obra, mas nada é Ora, há quase vinte anos, Eduardo Vieira
mais subjetivo. Manso já visualizara a questão com muita niti-
Não é só. A lei diz que a reprodução “deve dez, ao comentar nossa lei de 1973:
ser feita por este” (o copista). “Contudo, dada a licença que o novo
O que significa? É preciso que eu tenha direito confere ao usuário de realizar có-
uma máquina fotocopiadora? Parece ser o en- pias mecanicamente, não mais exigindo
tendimento de Eduardo Ss. Pimenta, em obra sua pessoal atuação em manuscritos, é
recente: preciso ater-se ao fato de que, nem sem-
“A alínea II autoriza cópias da obra pre (melhor ainda será afirmar que quase
se estas ocorrerem em aparelho de foto- nunca) esse usuário é, ele próprio, pro-
cópia próprio; não está autorizado o uso prietário dos aparelhos que fornecem as
de aparelhos de terceiros, como um cen- cópias e, quase sempre, essas reprodu-
tro de reprodução”4. ções são onerosas.”
No entanto, ele cita o art. 19 da lei suíça, de E continua o saudoso Eduardo Vieira Manso:
9 de outubro de 1992, sobre direitos autorais, “Assim, enquanto o interessado na
que diz assim: obtenção da cópia visa unicamente a uti-
“Utilisation de l’oeuvre à des fins pri- lizar a obra para fins meramente intelectu-
vées. ais, fazendo estrito uso privado da pró-
pria obra, segundo a natureza desta, aque-
2 – la personne qui est autorisée à la pessoa (no geral uma pessoa jurídica)
réproduire des exemplaires d’une oeuvre que possui a máquina copiadora estará
pour son usage privé peut aussi en char- tirando um proveito econômico da mes-
ger un tiers; les bibliothèques qui met- ma obra, mediante um preço que cobra
tent à disposition de leurs utilisateurs un pela cópia que fornece. Há, pois, em cena,
appareil pour la confection de copies sont dois interesses que se satisfazem com
également considerées comme tiers au diferentes formas de usar a obra: um, tira-
sens du présent alinea.” lhe o proveito natural, que é a sua utiliza-
Essa citação me parece auxiliar muito a inter- ção intelectual (para a qual se vale de
pretação do texto brasileiro, que não pode ser cópia); outro, um proveito anormal, quan-
rigorosa, mesmo levando-se em conta o que diz do não autorizado para tal.”
o art. 4º, que fala em interpretação restrita; Veja-se com que propriedade o ilustre Vieira
mas, a rigor, aqui não se trata de um negócio Manso vai adiante e vem em nosso socorro:
jurídico5.
“O primeiro, enquanto se mantiver nos
No entanto, o próprio Ascensão, apesar de limites do uso pessoal, ou privado, será
discursar longamente sobre a necessidade de livre e não implicará violação de direitos
repensar o direito autoral quando se fala em re- autorais; o segundo, que ultrapassa o
prografia, não avança muito e diz: conceito de puro uso, eis que colhe al-
“Assim, a instituição científica que to- gum fruto da utilização, não deveria ser
masse a iniciativa de enviar cópias de livre, ou, ao menos, gratuito, e muito bem
4
poderia a lei ter instituído uma licença le-
PIMENTA, Eduardo Ss., Código de direitos gal para ele. É que, enquanto da parte do
autorais. São Paulo, Lejus, 1998. P. 160. que tira proveito intelectual, há uma úni-
5
Art. 4 - Interpretam-se restritivamente os negó-
6
cios jurídicos sobre os direitos autorais. Ob. Cit., p. 251.
142 Revista de Informação Legislativa
ca cópia, do lado do proprietário da má- ao atual imposto sobre o cheque, que pretensa-
quina copiadora o número de exemplares mente é arrecadado em favor da saúde...
copiados é ilimitado, podendo constituir Mas não há outra maneira.
verdadeiras ‘edições’. E, nesta hipótese, À vista do exposto, proponho os seguintes
nada poderia impedir que também se fa- procedimentos:
lasse em verdadeira ‘pirataria sobre obra
– Em cada reprodução feita por fotocópia ou
literária’”7.
enviada por fax, inscreva-se, de forma bem visí-
Como agir? vel, a advertência: REPRODUÇÃO PROIBIDA.
Na comunicação que fiz por ocasião do refe-
– Nas mensagens enviadas on-line, acres-
rido II Seminário organizado pela Biblioteca Na- cente-se o seguinte: ADVERTÊNCIA: Ao usu-
cional, reduzi as soluções já propostas para o ário é concedido um direito individual, não co-
caso de reprografia a um quadro que contem- letivo e não exclusivo, sobre o conteúdo do do-
plava: 1 – a arrecadação; 2 – a distribuição dos cumento. Ele pode salvá-lo com a intenção de
direitos autorais. tornar a visualizá-lo em sua tela, ou imprimi-lo
Propus que a arrecadação abandonasse a em um só exemplar. São proibidas as reprodu-
idéia impraticável de recolher um direito autoral ções e todas as formas de difusão em rede, mes-
só de obras protegidas e depois distribuísse esse mo que parcial. Esse direito é pessoal e para uso
fundo aos respectivos titulares. Ao contrário, exclusivo do usuário. Qualquer outro uso de-
pensei em onerar a máquina e o suporte, inves- pende de autorização prévia e expressa do CO-
tindo-se o resultado em favor da cultura. Vejo, MUT. As violações a essas normas submetem
no entanto, que isso seria o mesmo que criar um o contraventor e todas as pessoas responsá-
novo imposto, nada tendo que ver com o direito veis às penas civis e criminais previstas em lei.
autoral, que pressupõe um determinado autor e Este é um parecer, e, portanto, sujeito a me-
uma determinada obra. Seria mais ou menos igual lhor juízo.

7
MANSO, Eduardo Vieira. Direito autoral. São
Paulo, José Bushatsky Ed., 1980. p. 303, n. 180.
*
Notas bibliográficas conforme original.
Brasília a. 35 n. 140 out./dez. 1998 143

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