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Apresentação 9
A aventura do existir 14
O defensor do Rio
Último desafio
Apresentação
“Certa vez tive a pretensão de escrever a minha
biografia. Mas de alguma maneira fiquei me
perguntando se seria o caso. Minha opção tem
sido mais por viver e fazer coisas do que fazer
um balanço. Como se balanço fosse uma espécie
de despedida. (...) Na minha visão, o importante
não é tanto a sua vida, mas a relação entre ela
e a história política do país”.
Este livro não pretende ser uma biografia nem um balanço. Está mais para
um reencontro com Betinho e seus grandes temas. Seguindo sugestão
dele próprio, pretende conectar sua trajetória à realidade brasileira e às
bandeiras de luta que conferiram significado à sua vida. Ainda que tenha
sido concebido como parte da comemoração dos 70 anos de seu
nascimento, não é uma simples homenagem. É uma oportunidade para
atualizar os debates que ele animou e para conhecer, ou reviver, a
criatividade, o entusiasmo e a audácia com que enfrentou os problemas
do país, bem como suas dificuldades pessoais.
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cartas, artigos de opinião, documentos oficiais, cartazes, panfletos, abaixo-
assinados e recortes de jornais, entre outros.
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de viagens e fugas que acabou por levá-lo ao exílio, durante o qual seria
impossível manter ou acumular papéis. Mesmo da fase em que morou no
Chile, nada restou. Apenas dos anos em que viveu no Canadá e no México,
com uma passagem pela Escócia, guardou a correspondência trocada com
amigos e parentes, com cientistas sociais de diversas nacionalidades e com
autoridades dos países nos quais se estabeleceu. Com a fundação do Ibase,
depois de voltar ao Brasil, os documentos que retratam sua atuação,
contatos e interesses passaram a ser produzidos e/ou guardados no âmbito
institucional. O que ocorre, de fato, com a documentação dos anos 1980
e 1990, é uma profunda interpenetração entre personagem e instituição.
Foi no Ibase que Betinho idealizou todas as suas campanhas e executou
todos os seus projetos. Era ali que refletia sobre a conjuntura, escrevia
artigos, recebia a imprensa e fazia encontros festivos com amigos. O Ibase
era a sua casa, e não surpreende que lá estivesse guardada a quase
totalidade de seus papéis.
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brasileiros exilados durante o regime militar.
Fazer um livro sobre Betinho foi uma tarefa difícil e fácil ao mesmo tempo.
Difícil porque o livro foi elaborado em um prazo muito apertado e tivemos
que “garimpar” um arquivo cuja organização ainda não estava concluída.
Difícil, ainda, porque o resultado do trabalho está condenado a ficar aquém
do personagem: sua vida foi extremamente rica, e “os vários Betinhos”
apenas se insinuam nestas páginas. Fácil porque se trata de um homem
extremamente cativante, ousado e coerente, indignado e meigo, incisivo
e bem-humorado, que vivenciou os acontecimentos políticos da história
recente do Brasil, deixando a sua marca nessa história. Fácil porque, apesar
das lacunas documentais, seu arquivo nos propiciou uma visão original e
privilegiada sobre sua trajetória. Fácil, finalmente, porque Betinho continua
a tocar os corações e a contagiar, com sua energia, os que dele se
aproximam.
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Do pessoal do Ibase recebemos, igualmente, todo o apoio. Antônia
Rodrigues e Rozi Billo foram particularmente importantes, atendendo às
nossas solicitações com eficiência e gentileza. Algumas fotos aqui publicadas
integram o acervo do Ibase, bem como as charges cedidas ao Instituto
pelo Salão do Humor do Piauí, realizado em 2003. Por esse material também
agradecemos.
Um abraço,
Dulce e Luciana.
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