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SOCIEDADE CIÊNCIAS 39

PÚBLICO • DOMINGO, 18 DEZ 2005

“A criança do Lapedo
já deixou de ser um JORGE DIAS DE DEUS E TERESA PEÑA*

debate científico” O TRABALHO DE EINSTEIN


esqueleto da criança do La- Quando se estudaram híbridos de

O pedo foi descoberto no fim


de 1998, perto de Leiria. A
equipa que o estudou, coor-
denada por João Zilhão (então director
outras espécies, como de cães, viu-se
que a morfologia era bastante impre-
visível. Eles pensam que um híbrido
de Neandertal e Cro-Magnon [os pri-
TEVE APLICAÇÕES?
E
do Instituto Português de Arqueologia, meiros homens modernos] tem de ter
agora na Universidade de Bristol, no o aspecto do Lapedo. Não vejo porquê. instein era certamente um teórico. Mas daí por exemplo do cérebro, quando há suspeita de tumo-
Reino Unido) e Erik Trinkaus (da Uni- Não me convence. ao mito do cientista perdido em problemas res. Na técnica de PET (Tomografia de Emissão de
versidade de Washington, em Saint Se a sequência [genética] do Lape- inúteis sobre o Universo vai alguma dis- Positrões) é enviado um elemento radioactivo até aos
Louis, nos EUA), disse que a criança do for igual à de outros Neandertais, tância. É pois de espantar que a veneran- tecidos com metabolismo alterado. O elemento radio-
descendia dos homens modernos, a não haveria dúvida de que seria um da revista Nature, em editorial de Janeiro, no ano do activo emite partículas, os anti-electrões ou positrões,
nossa espécie, e de Neandertais, que híbrido. Mas creio que os defensores centenário dos artigos de 1905, se lamente do Ano da em tudo iguais aos electrões, mas com carga oposta.
se tinham reproduzido entre si. do Lapedo sabem que isso é impossí- Física se concentrar em Einstein, que desperdiçou Com a colisão destes com os electrões dos átomos e
O esqueleto da criança, que morreu vel, por isso não estão interessados em tempo a lutar contra a Mecânica Quântica e a sonhar moléculas do organismo, a massa desaparece. É a ani-
há cerca de 25 mil anos, já os Neander- que se estude geneticamente. com a unificação das forças da Natureza. Coisas que quilação da matéria. Trata-se da fórmula E=mc2 em
tais tinham desaparecido três mil anos Que importância resta então ao se vejam, parece pedir a Nature. Vamos então ver o acção, no sentido da transformação de m (massa) em E
antes, é morfologicamente moderno. Lapedo? que se consegue fazer... com (energia). Num exame PET,
Mas também apresenta traços anató- Tem importância, claro, porque a física de Einstein. A transdução de luz em som, nos orgãos, assim como está
micos de Neandertais, diz a equipa de desta época há muito poucos fósseis. Num elevador, as portas sempre a acontecer no Sol,
Trinkaus e Zilhão. Anunciaram-no na Curiosamente, há menos Cro-Mag- abrem-se por segurança, através da produção intermédia a massa desaparece e surge
revista Proceedings of the National nons que Neandertais. quando a pessoa se interpõe de electricidade numa célula luz. Esta luz é tão energéti-
Academy of Sciences, entre elas, sem ser preciso ca como raios-X e sai para o
mas as suas conclu- dizer: “Abre-te Sésamo!”
fotoeléctrica, trouxe o fim do exterior, dando a imagem.
sões geraram polé- Que misterioso mecanismo cinema mudo. Teria Chaplin Naturalmente, não se pode
mica na comunidade é este? Na versão ancestral, percebido que essa revolução vinha negar toda a importância
científica, até porque na porta haveria um metal tecnológica de E=mc2. No
sempre recusaram que é sensível à luz de uma do seu amigo Einstein? mundo ávido de energia
tentar fazer testes certa cor, emitida por uma eléctrica, existem cerca de
de ADN ao esqueleto lâmpada especial. Quando não há luz, não há cor- 400 centrais nucleares em serviço, para 17 por cento
fossilizado. rente e a porta abre-se. Quando há luz, há corrente e da produção total de energia eléctrica (35 por cento na
Carles Lalueza-Fox a porta fecha-se. Trata-se de uma aplicação do efeito União Europeia, dos quais 80 por cento em França).
não concorda com a fotoeléctrico, observado por Heinrich Hertz em 1887, Estes números, para o bem ou para o mal, respondem
equipa que estudou e explicado por Einstein em 1905. A grande ideia é a às inquietações da Nature.
a criança do Lapedo. que existem grãos de luz, os fotões, que chocam com Também no sistema de localização GPS (General Po-
Para ele, os Neander- os electrões de um metal, arrancando-os. sitioning System), que a partir da informação de alguns
tais não fazem parte A transdução de luz em som, através da produção satélites em rede em volta da Terra extrai coordenadas
dos nossos antepas- intermédia de electricidade numa célula fotoeléctrica, de um local no planeta, o efeito relativista da dilatação
sados. trouxe o fim do cinema mudo. Teria Chaplin percebi- do tempo nos satélites, cujos relógios se atrasam relati-
É possível recupe- do que essa revolução vinha do seu amigo Einstein? vamente à Terra, tem de ser tomado em conta.
rar ADN da criança Hoje, fotossensores, células fotovoltáicas, sensores de Einstein não desprezava a ciência experimental,
do Lapedo? temperatura, usam a transferência de energia da luz nem a exploração comercial das aplicações. Não ti-
Desconheço-o. para os electrões de vários materiais em choques fo- nha ele tido o primeiro emprego num gabinete de pa-
Creio que li nalgum tão-electrão, de onde, em tentes? Com Leo Szilard,
lado que não havia geral, pode não resultar o físico nuclear, Einstein
colagénio preser- desfecho drástico do efei- registou a patente de um
vado, por isso as to fotoeléctrico: os elec- frigorífico com bomba-
condições de conser- trões podem não sair do gem electromagnética.
vação seriam más. metal, mas saltar apenas O processo é ainda utili-
O colagénio usa-se degraus de energia. zado no arrefecimento de
para datações e, ao A iluminação pública reactores nucleares. Mas
fazê-las, podemos automática, o controlo houve muitas outras
saber se há muito ou do tempo de exposição em (16), como uma prótese
pouco. Se há pouco, máquinas fotográficas, a auditiva, feita para uma
o ADN está muito regulação do contraste amiga cantora a perder
degradado. em fotocopiadoras, as o ouvido.
Foi contactado É uma coisa curiosa nas ciências células fotovoltáicas Quanto à questão da
pela equipa que es- que concentram energia luta inglória contra a
tuda o Lapedo para antropológicas: o tempo acaba solar para sistemas de Mecânica Quântica, a
analisar o ADN da por ditar a sua sentença em coisas aquecimento, relógios, verdade é que Einstein
criança? calculadoras e robôs no fez o papel de crítico do
Não. Não sei se que, em certo momento, parecem espaço... tudo funciona dogma. Sem as suas pro-
tentaram analisá-lo muito revolucionárias, mas que com base na energia em postas alternativas, teria
ou se, sinceramente, grânulos, os fotões, desco- John Bell chegado à ideia
não lhes interessava desaparecem dos livros e dos artigos bertos por Einstein. de como testar essa alter-
que se analisasse. Em e deixam de ser debates científicos Mas o interesse de nativa? E a computação
relação ao Lapedo, a Einstein pela radiação e a luz não acabou em 1905. quântica existiria hoje?
prova de que pode Em 1917, descobriu o princípio de funcionamento do Quanto à Unificação, Einstein sonhou com uma lei
ser um híbrido é muito débil, para Extrair ADN antigo é difícil e que hoje se chama laser, raios intensos de luz muito universal para explicar os fenómenos da Natureza.
além de que é um debate encerrado. destrutivo? pura e coerente: com frequência e sentido muito bem Trata-se de uma ideia velha na ciência moderna.
No campo científico, já ninguém fala É destrutivo, mas não mais do que definidos. É com laser que se lêem os discos DVD, se Newton fez a unificação das forças celestiais com as
deste fóssil. a datação por carbono 14. Os arque- mede a distância da Terra à Lua, se faz cirurgia de forças terrestres (na gravitação universal), e Maxwell
É uma coisa curiosa nas ciências ólogos e os paleontólogos aceitam precisão… fez a unificação da electricidade com o magnetismo (no
antropológicas: o tempo acaba por fazer um buraco num osso para o É sabido que a Relatividade revolucionou conceitos electromagnetismo). Einstein quis ir depressa demais
ditar a sua sentença em coisas que, datar. Por vezes, custa-lhes entender físicos. Mas muita gente pensa que não serve para na unificação da gravidade com o electromagnetismo,
em certo momento, parecem muito que tenham de fazer um buraco mais nada... Não é bem assim. e não tomou em conta descobertas que mostravam
revolucionárias, mas que desapare- pequeno, ao lado do que fizeram para Há, por exemplo, a construção civil e engenharia existir outras forças na Natureza. Perdeu a batalha
cem dos livros e dos artigos e deixam a datação, mas a informação é tanta electrotécnica, ligadas à construção de aceleradores da Unificação, mas tal está longe de significar que a
de ser debates científicos. A criança ou mais viável. Estamos a destruir de partículas. Nestes, electrões, protões são acelera- batalha da Unificação é uma batalha perdida. ■
do Lapedo deixou de ser um debate miligramas. dos por campos eléctricos e circulam sem bater nas *ADAPTAÇÃO FEITA PELOS AUTORES
científico. Tecnicamente, é muito complicado. paredes por acção de campos magnéticos. Os cálculos DE UM EXCERTO DO LIVRO “EINSTEIN...
Por que são débeis as provas? É preciso paciência, um laboratório usados na construção dos túneis usam as fórmulas da ALBERT EINSTEIN, HOMEM CIDADÃO
Por várias razões. A criança do La- muito bem equipado e a maioria dos Relatividade e não da Física Clássica. E o erro destas CIENTISTA” (GRADIVA)
pedo é uma armadilha morfológica: fósseis de Neandertais não tem ADN últimas para o tamanho dos túneis é enorme: a dife-
se olharmos para a morfologia, não conservado. Calculo que 90 por cento rença entre centímetros e quilómetros, ou seja, a di- Este é o décimo segundo de uma série de artigos de profes-
podemos saber se era ou não um hí- não têm ADN conservado, o que é ló- ferença de um acelerador de bolso, que não funciona, sores e investigadores do Instituto Superior Técnico, que
brido, porque não sabemos como era gico, porque se passaram 40 mil anos para um acelerador num túnel, que funciona! serão publicados aos domingos, para comemorar o Ano
a morfologia de um híbrido. ou mais. ■ Com a Relatividade Restrita, produzem-se imagens, Internacional da Física

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