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John Wesley
"Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam". (Hebreus 11:6)
1. Mas o que é fé? É a "evidência e convicção" divina "das coisas não vistas"; das
coisas que não são vistas agora, quer sejam visíveis ou invisíveis, na natureza delas.
Particularmente, é uma evidência e convicção divina de Deus, e das coisas de Deus. Esta é
a definição mais compreensível da fé que sempre foi dada e pode ser dada; de maneira a
incluir todas as espécies de fé, da mais baixa a mais alta. E ainda assim, eu não me lembro
de algum escritor eminente que tenha dado um relato completo e claro de diversas espécies
dela, entre todos os tratados prolixos e tediosos, que têm sido publicados sobre o assunto.
2. Alguma coisa, de fato, de uma espécie similar, tem sido escrita por aquele grande
e bom homem, Sr. Fletcher, em seu "Tratado sobre as Várias Dispensações da Graça de
Deus". Neste ele observa que existem quatro dispensações que são distinguidas umas das
outras, por um grau de conhecimento que Deus concede àqueles que estão sob cada uma.
Um pequeno grau de conhecimento é dado àqueles que estão sob a dispensação pagã. Esses
geralmente acreditaram "que existiu um Deus, e que ele foi um recompensador deles que
diligentemente o buscaram". Mas um grau bem mais considerável de conhecimento foi
outorgado para a nação judaica; visto que para eles "foram confiados" os grandes meios de
conhecimento, "os oráculos de Deus". Conseqüentemente, muitos desses tinham idéias
claras e sublimes da natureza e atributos de Deus; da obrigação deles para com Deus e
homem; sim, e para a grande promessa feita a nossos primeiros antepassados e transmitida
por eles para sua posteridade, de que "a Semente da mulher pisaria a cabeça da serpente".
3. Mas acima de ambas, a dispensação pagã e judaica, estava a de João Batista. A ele
um conhecimento ainda mais claro foi dado; e ele mesmo "uma luz incandescente e
brilhante". A ele foi permitido "observar o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do
mundo". Assim sendo, o próprio nosso Senhor afirma que "de todos os que nasceram das
mulheres" não havia, até aquele tempo, surgido "um maior do que João Batista". Mas, não
obstante ele nos informa, "aquele que é o menor no reino de Deus", a dispensação cristã, "é
maior do que ele". Mas, aquele que está sob a dispensação cristã, o Sr. Fletcher quer dizer
aquele que recebeu o Espírito de adoção; que tem o Espírito de Deus testemunhando "com
seu espírito, que ele é um filho de Deus".
Com o objetivo de explicar isto ainda mais além, eu me esforçarei, com a ajuda de
Deus.
I
Em Primeiro Lugar, eu me esforçarei para indicar algumas espécies de fé. Seria
fácil, quer reduzir essas a um número melhor, ou dividi-las em uma maior. Mas não parece
que isto responderia a algum propósito valoroso.
1. A menor espécie de fé, se ela pode ser alguma fé, afinal, é aquela de um
Materialista – um homem que, como o falecido Lorde Kames, acredita que não existe coisa
alguma, a não ser matéria no universo. Eu digo, se for alguma fé afinal; porque, falando
propriamente, não é. Não é "uma evidência ou convicção de Deus"; porque eles não
acreditam que existe alguma; nem é "uma convicção das coisas não vistas", porque eles
negam a existência de tal. Ou, se, por causa da decência, eles admitem que existe um Deus,
ainda assim, eles supõem que Ele seja material. Porque uma de suas máxima é Jupiter est
quodcunque vides [Lucan]. "O que quer que você veja é Deus". O que quer que você veja!
Um deus visível, tangível! Divindade excelente! Completo absurdo!
4. Não se pode duvidar, mas este apelo beneficiará milhões de ateus modernos.
Visto que para eles pouco é dado, deles pouco será requerido. Quanto aos ateus antigos,
milhões deles, igualmente, eram selvagens. Não mais, portanto, dever-se-ia esperar deles,
do que viverem à altura da luz que eles tinham. Mas, muitos deles, especialmente nas
nações civilizadas, nós temos grande motivo para ter esperanças de que, embora eles
vivessem em meio aos ateus, ainda assim, eles fossem de um espírito completamente outro;
sendo ensinados por Deus, através da voz interior, em todas as essências da religião
verdadeira. Assim eram aqueles Maometanos, e árabes que, um século ou dois atrás,
escreveram a Vida de Hai Ebn Yokdan. A história parece inventada; mas ela contém todos
os princípios da religião pura e imaculada.
12. E, de fato, a menos que os servos de Deus hesitem, através disto, eles irão
receber a adoção de filhos. Eles receberão a fé dos filhos de Deus, revelando seu único
Filho em seus corações. Assim, a fé de um filho é, propriamente e diretamente, a convicção
divina, por meio da qual todo filho de Deus é capaz de testificar: "A vida que eu agora
vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo por mim". E, quem
quer que tenha isto, o Espírito de Deus testemunha com seu espírito, que ele é um filho de
Deus. Assim, o Apóstolo escreve aos Gálatas: "Vocês são filhos de Deus pela fé. E porque
são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, clamando: Aba, Pai"; ou
seja, dando a você uma confiança pueril nele, junto com um tipo de afeição, em direção a
ele. Isto, então, é o que propriamente constitui (se Paulo foi ensinado por Deus, e escreveu,
como movido pelo Espírito Santo) a diferença entre um servo de Deus e um filho de Deus.
"Ele que crê", como um filho de Deus, "tem o testemunho em si mesmo". Isto o servo não
tem. Ainda assim, que nenhum homem o desencoraje; antes, amavelmente o exorte para
esperar por isto, todo o momento.
13. É fácil observar que todos os tipos de fé que podemos conceber são redutíveis a
uma, ou outra das precedentes. Mas vamos desejar os melhores dons, e seguir o caminho
mais excelente. Não existe razão, por que você ficaria satisfeito com a fé de um
Materialista, um Ateu, ou um Deista; nem, na verdade, com aquela de um servo. Eu não sei
que Deus requer isto de suas mãos. Na verdade, se eu tivesse recebido isto, você deveria
não lançar fora; você não deveria, de maneira alguma, subestimar isto, mas ser
verdadeiramente agradecido por ela.
Ainda assim, neste meio tempo, cuide em como você descansa aqui: Siga em frente,
até que você receba o Espírito de adoção: Não descanse, até que o Espírito testemunhe
claramente com seu espírito, que você é um filho de Deus.
II
2. Quase igualmente desolado, é o caso do pobre Deísta; quão iletrado, sim, quão
moral, quem quer que ele seja. Porque você, igualmente, embora não possa atentar-se para
isto, está realmente "sem Deus no mundo". Veja sua religião; a "Religião da natureza,
delineada", através do engenhoso Sr. Wollaston; quem, eu me lembro de ter visto, quanto
estive na escola, atendendo ao serviço público, na capela de Chaterhouse. Ele encontrou sua
religião junto a Deus? Nada menos. Ele a encontrou junto à verdade, à verdade abstrata.
Mas ele por aquela expressão queria significar Deus? Não; ele O colocou fora da questão, e
construiu um castelo bonito no ar, sem ser devedor, quer a Ele ou à sua Palavra. Veja seu
orador de língua suave de Glasgow, um dos escritores mais agradáveis da época! Ele tem
algo mais a fazer com Deus, sobre seu sistema, do que o Sr. Wollaston: Ele deduz sua
"Idéia da Virtude" Dele, como o Pai das Luzes, a Fonte de todo o bem? Exatamente o
contrário. Ele não apenas planeja toda sua teoria, sem tomar o menor conhecimento de
Deus, mas em direção ao encerramento dela propõe aquela questão, "O ter um olho para
Deus, em uma ação, intensifica a virtude dela?". Ele responde: "Não; está longe disto, que,
se em fazer uma ação virtuosa, ou seja, uma ação benevolente, um homem mistura um
desejo de agradar a Deus, quanto mais existe deste desejo, menos virtude existe naquela
ação". Nunca antes eu me encontrei quer com um judeu, turco, ou ateu que tão claramente
renunciou a Deus, como este professor cristão!
3. Mas com ateus, maometanos, e judeus nós temos, no momento, nada a fazer;
apenas podemos desejar que suas vidas, não envergonhem muitos de nós que somos
chamados cristãos. Nós não temos muito mais a fazer com os membros da Igreja de Roma.
Mas não podemos duvidar que muitos deles, como o excelente Arcebispo de Cambray,
ainda retêm (não obstante muitos erros) que a fé é operada pelo amor. E quantos dos
Protestantes desfrutam disto, quer membros da Igreja da Inglaterra, ou de outras
congregações? Nós temos motivo para acreditar que um número considerável, ambos de
um e de outro (e, abençoado seja Deus, um número crescente), em toda a parte da terra.
4. Algo mais, eu exorto vocês que temem a Deus e operam retidão, vocês que são
servos de Deus, Em Primeiro Lugar, a fugirem de todo pecado, como da face da serpente;
sendo rápidos, como a menina do olho, e sentirem o mais leve toque do pecado; e operarem
a retidão, com o extremo do poder que agora têm para abundarem nas obras ambas da
devoção e misericórdia. E, Em Segundo Lugar, continuamente clamarem a Deus, para que
Ele revele seu Filho em seus corações, para que vocês não sejam mais servos, mas filhos;
tendo seu amor espalhado em seus corações, e caminhando na "liberdade gloriosa dos
filhos de Deus".
5. Por fim, eu exorto vocês que já sentiram o Espírito de Deus testemunhando com
seus espíritos que vocês são filhos de Deus, a seguirem o conselho do Apóstolo: Caminhem
em todas as boas obras, através das quais vocês são criados em Jesus Cristo. E, então,
"deixando os princípios da doutrina de Cristo, e não colocando novamente o alicerce do
arrependimento proveniente das obras mortas e da fé em direção a Deus" (Hebreus 6:1),
seguindo para a perfeição. Sim, e quanto vocês obtiverem a medida do amor perfeito,
quando Deus tiver circuncidado seus corações, e os capacitado a amá-Lo, com todo seu
coração e com toda sua alma, não pensem em descansar nisto. Isto é impossível. Vocês não
podem ficar de pé ainda; vocês devem tanto levantar quanto cair; levantar mais alto ou cair
mais baixo. Portanto, a voz de Deus, para os filhos de Israel, os filhos de Deus, é, "Sigam
adiante!". "Esqueçam-se das coisas que ficaram para trás, e avancem, junto àqueles que
estão na frente, pressionem para a marca, para o prêmio de seu alto chamado de Deus em
Jesus Cristo!".
[Editado por Dave Rotz, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções de George Lyons para the Wesley Center for Applied Theology.]