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John Wesley
Sermão 127
[Este parece ter sido o primeiro Sermão que o Sr. Wesley se comprometeu a
publicar. Ele foi pregado, por volta de um mês antes que ele partisse para a Geórgia, e
publicado no mesmo ano por C. Rivington, no Pátio da Igreja de St. Paul. Depois de não ter
sido impresso, por mais de noventa anos, ele está aqui republicado como um autêntico; e
não desinteressante espécime de sua pregação, naquele tempo, quando ele deixou seu país
natal para converter os ateus; e, como ele declara, aprendeu nos confins da terra, o que ele
menos suspeitava, que ele nunca convertera a si mesmo. O leitor observará que enquanto o
sermão exibe grande seriedade e zelo, ele exibe uma visão inadequada do real Cristianismo.
O pregador atribui a santificação da natureza humana, em uma grande medida, aos
sofrimentos pessoais; assume que o corpo é o alicerce dos males morais, e que o pecado
existe nos melhores cristãos, até que obtenham o livramento da mão da morte. Com que
habilidade e sucesso ele, mais tarde, se opôs a esses princípios não bíblicos, e ensinou a
doutrina da presente salvação de todo o pecado, através da fé em Jesus Cristo, é bem
conhecido a todos que estão familiarizados com suas Obras, e, especialmente com seu
Diário e Sermões. Visto em ligação com seus escritos subseqüentes, este Sermão é de
importância considerável, já que ele serve, muito visivelmente, para ilustrar a mudança que
tomou lugar em seus sentimentos religiosos, previamente à sua entrada naquela carreira
impressionante do trabalho e utilidade ministerial, através da qual ele foi tão
eminentemente distinguido. Como um antídoto perfeito dos erros doutrinários que ele
contém, o leitor é encaminhado ao admirável sermão, intitulado, "O Caminho Bíblico da
Salvação" [43].
Quando Deus, a princípio examinou todas as obras que tinha feito, "observou, que
elas eram muito boas". Tudo estava perfeito na beleza; e o homem, o senhor de todos, era
perfeito na santidade. E como sua santidade era, assim era sua felicidade. Não conhecendo
o pecado, ele não conhecia a dor. Mas, quando o pecado foi concebido, ele logo produziu
dor; e todo o cenário foi mudado, de repente. Ela agora gemia, sob o peso de um corpo
mortal, e, o que era muito pior, uma alma corrupta. Aquele "espírito", que teria carregado
todas as suas outras "enfermidades" estava, ele mesmo "ferido", e doente de morte. Assim,
"no dia em que ele pecou, ele começou a 'morrer'"; e, assim, "em meio à vida, nós estamos
na morte"; sim, "toda a criação geme junta; na escravidão do pecado"; e, portanto, na
miséria.
A dor da cura deve, então, ser suportada, por todo homem, assim como a dor da
doença. E nisto está manifesta a infinita sabedoria Dele que se preocupa conosco, para que
a própria enfermidade daqueles com os quais ele se relaciona, possa ser um grande meio de
toda cura do homem. A própria maldade dos outros é, em milhares de maneiras, condutiva
para uma boa santidade do homem. Eles o perturbam, é verdade; mas, até mesmo esta
perturbação é "saúde para sua alma e tutano para seus ossos". Ele sofre muitas coisas
deles, mas é para esta finalidade, para que ele possa ser "feito perfeito, através" desses
"sofrimentos".
Mas, como a santidade perfeita não é encontrada na terra, então, também não existe
felicidade perfeita. [Nesta vida, os adultos cristãos são salvos de todo o pecado, e são feitos
perfeitos no amor. Veja o "Relato Claro da Perfeição Cristã", do sr. Wesley – Editor].
Alguns resíduos de nossa doença sempre serão sentidos, e alguns medicamentos serão
necessários para curá-los. Portanto, nós devemos estar, mais ou menos, sujeitos à dor da
cura, assim como a dor da doença. E. assim sendo, nem "pecaminoso" aqui "cessa de
preocupar"; nem pode "o fraco ter descanso".
Quem, então, nos "livrará do corpo desta morte?". A morte nos livrará. A morte
deixará livres, imediatamente, aqueles que "estavam todo seu tempo de vida, sujeitos à
escravidão". A morte destruirá, de uma vez, todo o corpo do pecado [Esta doutrina, de que
somos salvos do pecado, através da morte, é, em nenhuma parte, ensinada nas sagradas
Escrituras, como o sr. Wesley, mais tarde, percebeu, e demonstrou no tratado justamente
mencionado, e nos diversos de seus Sermões – Editor], e também de sua companheira, -- a
dor. Portanto, "lá o perverso cessará de preocupar, e lá o cansado encontrará repouso".
1. Os homens perversos perturbam aqueles que servem a Deus, pelas injúrias que
eles fazem a eles. Assim como, no princípio "ele que nascera, segundo a carne, perseguiu
a ele que nasceu, segundo o Espírito, o mesmo acontece agora". E, assim, deve ser, até que
todas as coisas sejam cumpridas; "até que o céu e terra passem"; "todos que viverem
santos em Jesus Cristo sofrerão perseguição". Porque existe um inimigo irreconciliável,
entre o Espírito de Cristo, e o espírito do mundo. Se os seguidores de Cristo "fossem do
mundo, o mundo amaria o que é seu: Mas, porque eles não são do mundo, o mundo os
odeia". E este ódio, eles não falharão em mostrar, através de suas palavras: Eles "dirão
toda sorte de mal contra eles, falsamente"; "eles descobrirão muitas invenções", por meio
das quais, até mesmo "do bem que existe neles, se falará mal"; e, em milhares de exemplo,
colocarão sob a responsabilidade deles, aquilo que eles desconhecem. No devido tempo,
eles partirão das palavras para os feitos; tratando os servos, como seus antepassados
fizeram com seu Mestre; causando-lhes injustiça, e, desrespeitosamente, os usando, de
tantas maneiras, quanto a fraude puder inventar, e a força puder executar.
2. É verdade, que essas preocupações são mais pesadas naqueles que ainda estão
fracos na fé; e quanto mais algum homem se beneficia do Espírito de Cristo, mais leve elas
parecem a ele. De maneira que, para aquele que está verdadeiramente renovado nele; que
está cheio do conhecimento e amor a Deus, todas as injurias dos perversos não apenas não
causam malefícios, mas são motivos de alegria verdadeira e sólida. Mas, embora ele se
regozije, por causa de si mesmo, ainda assim, ele não pode deixar de se afligir por eles.
"Ele tem grande peso e tristeza contínua, em" seu "coração, por causa de" seus "irmãos,
na carne", que estão assim "juntando, para si mesmos, a ira contra o dia da ira, e da
revelação do justo juízo de Deus". Ele chora por eles em secreto; ele está terrivelmente
temeroso por eles; sim, ele "desejaria ser", ele mesmo,"amaldiçoado", para que eles
pudessem receber uma bênção. E assim é que, aqueles que não apenas dão pouca
importância, mas se regozijam nas maiores injurias que lhe são feitas, ainda, estão
preocupados, com o que os perversos fazem a si mesmos e com as misérias terríveis que os
atendem.
3. Quanto mais eles estão preocupados com as injúrias que os perversos estão
continuamente oferecendo a Deus! Esta foi a circunstância que causou a contradição dos
pecadores serem tão severamente provados pelo próprio nosso Senhor: "Ele que
menosprezou a mim, menosprezou Aquele que me enviou". E como esses desprezadores
agora se multiplicaram sobre a terra! Eles não temem o Filho, tampouco o Pai. Como
estamos cercados com aqueles que blasfemam contra o Senhor e seu Ungido; quer
insultando todo o seu glorioso Evangelho, ou fazendo dele um mentiroso, quanto a algumas
das verdades abençoadas que ele graciosamente revelou nele! Quantos daqueles que
professam acreditar no todo, ainda assim, em efeito, pregam um outro Evangelho; assim
menosprezando as mais essenciais doutrinas dele, através das suas novas interpretações, de
maneira a reterem apenas as palavras, mas nada da "fé, uma vez, entregue aos santos!".
Quantos que ainda não naufragaram na fé, e são estranhos aos frutos dela! Não purificaram
seus corações; não dominaram o mundo; eles estão ainda "no fel da amargura, e no
cativeiro da iniqüidade". Eles ainda são "amantes de si mesmos"; "amantes do mundo";
"amantes do prazer", e não, "amantes de Deus". Amantes de Deus? Não. Ele "não está em
todos os seus pensamentos!". Eles não se deleitam Nele; eles não estão sedentos Dele; eles
não se regozijam em fazer a vontade Dele; nem exultam do louvor a Ele! Ó, fé, operada
pelo amor, para onde tu fugiste? Certamente o Filho do homem uma vez introduziu a ti
sobre a terra. Onde então, tu estás agora? Em meio às riquezas? Não. "O engodo das
riquezas", lá "sufoca a palavra, e ela se torna infrutífera". Em meio ao pobre? Não. "As
preocupações do mundo" estão lá, assim, ela produz nenhum fruto para a perfeição. No
entanto, nada existe para impedir seu crescimento em meio aqueles que nem são pobres,
nem são ricos; -- Sim; "o desejo de outras coisas". E a experiência mostra, por milhares de
exemplos melancólicos, que o desejo concedido de alguma coisa grande ou pequena, ao
contrário de significar uma coisa necessária, ele, aos poucos, banirá o cuidado deste com a
alma, e a incapacitará para toda boa palavra e obra.
Tal é a preocupação – para não descer aos pormenores, que são incessantes – que os
perversos [continuamente] ocasionam nos homens de bem. Tal é o estado de todos os bons
homens, enquanto na terra: Mas não é assim com suas almas no paraíso: No momento em
que eles estão livres do corpo, eles não conhecem mais a dor. Embora ainda não possuam a
"plenitude da alegria", ainda assim, toda a aflição acabou. Porque "lá, o perverso cessou
de preocupar, e o cansado encontra repouso".
II
4. E, ainda assim, tudo isto, inconcebivelmente grande como ele é, é a menor parte
do livramento deles. Porque, no momento em que eles se desfazem da carne, eles estão
livres, não apenas do transtorno causado pelo ímpio, não apenas da dor e doença, da tolice e
enfermidade; mas também de todo o pecado. Um livramento este, diante de cujos olhos
todo o restante desaparece. Esta é a canção triunfal que todos ouvem, quando atravessam os
portões do paraíso: -- "Tu, uma vez morto, não pecas mais. O pecado não tem mais domínio
sobre ti. Porque, no que tu morres, tu morres para o pecado, imediatamente; mas no que tu
vives, tu vives junto a Deus". [O sentimento que é novamente expressado aqui, de que é a
morte que destrói o pecado no coração humano, embora concluída na linguagem de um
Apóstolo, é um ramo daquele misticismo filosófico que o sr. Wesley levou em consideração
neste primeiro período de sua vida, e que ele, mais tarde, renunciou, pela doutrina bíblica
da salvação pela fé. De acordo com o Novo Testamento, todo aquele que crê está livre do
domínio do pecado.; e a Bíblia nunca representa a inteira santificação de nossa natureza
como efetuada pela morte. É a obra do Espírito Santo; e isto não é suspenso com a
dissolução do corpo. Mas com o exercício de uma fé firme no Altíssimo Salvador. –
Editor].
5. Lá, então, "os cansados encontrarão repouso". O sangue do Cordeiro curou todas
as enfermidades deles, lavou totalmente sua maldade, e os limpou de seus pecados. A
doença de sua natureza está curada; eles estão, por fim, completos; estão restaurados para a
saúde perfeita. Eles não mais lamentam a "carne cobiçando contra o Espírito"; a "lei em
seus membros" está agora no fim, e não mais "guerreia contra a lei de sua mente, e os traz
cativos para a lei do pecado". Não existe raiz de amargura restante; nenhum resíduo, até
mesmo, daquele pecado que "tão facilmente os assolou"; nenhum esquecimento "Dele, em
quem eles vivem, se movem, e têm sua existência"; nenhuma ingratidão para com seu
gracioso Redentor, quem derramou sua alma, por causa deles, em sua morte; nenhuma
infidelidade para com o abençoado Espírito, que há tanto carrega suas enfermidades. Em
uma palavra, nenhum orgulho, nenhuma vontade-própria existe lá; de maneira que eles que
estão assim "livres da escravidão da corrupção" podem, de fato, dizer uns aos outros, e isto
em um sentido enfático: "Amados, nós agora somos os filhos de Deus; ainda que não
pareça o que deveremos ser, seremos como Ele, porque o veremos, como ele é".
[Editado por George Lyons at Northwest Nazarene College (Nampa, ID), for the
Wesley Center for Applied Theology.]