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O Clamor
Como já vimos, o estado espiritual de Israel estava deteriorado. Como
consequência, também o estado económico e politico decaiu, tornando a vida naquele
pais um desespero. Os filhos de Israel semearam rebeldia, prostituição e idolatria e
colheram os seus frutos. Diante de tamanha debilidade com a presença maciça e
destruidora dos midianitas, os filhos de Israel, então, clamaram ao Senhor.
O clamor é diferente da oração. Na oração, as palavras soam como súplicas ou
até mesmo em forma de gemidos. Mas o clamor não! O clamor só é expresso perante
uma situaçãode extremo desespero. É preciso chegar ao fundo do poço ou no limite da
dor e aflição para se estar habilitado ao clamor.
Quando os autores sagrados registam o clamor dos filhos de Israel, trata-se
realmente da expressão mais profunda de angústia, dor e desespero. Porque enquanto se
conta com o fio de esperança nos próprios recursos, não é possível manifestar o
verdadeiro clamor.
O Chamamento de Gideão
Já vimos que Deus fez surgir lideres em Israel em diferentes ocasiões, perante
diferentes situações. Assim foi com Otniel, Eúde, Sangar, Débora e Baraque. Mas o
chamamento de Gideão foi um caso à parte, tendo em consideração que o próprio Anjo
do Senhor, provavelmente o Senhor Jesus, veio, pessoalmente, à sua presença. A
aparição do Senhor no seu chamamento mostra que Gideão tinha algo que o
diferenciava dos seus antecessores. Deus não apareceu, pessoalmente, a todos os Seus
escolhidos, apenas alguns foram especiais. Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e Josué foram
dos poucos privilegiados até aquela época. E Gideão faz parte dessa lista especial. Mas,
porquê?
Porque o coração de Gideão “pulsava” de acordo com o de Deus! A sua
profunda expressão de revolta e indignação, na realidade, era a de Deus!
O sofrimento e a dor de um povo reflecte o sentimento de Deus pela
humanidade. E quando alguém sente essa mesma dor de Deus, é sinal de que está a ser
chamado. No diálogo com o Anjo, Gideão manifestou o que Deus tinha no coração:
revolta e indignação pela calamidade imposta pelos inimigos ao Seu povo. Por isso,
Deus veio pessoalmente até ele!
Aos olhos de Gideão não era admissível aceitar a crença num Deustão poderoso
e viver oprimido pelos inimigos. Como seria possível crer num Deus Todo-Poderoso e
viver nos limites do desespero, da opressão e da dor?
Só mesmo uma fé destituída de inteligência pode combinar a crença em Deus
com a fome, miséria, dividas, doenças, lares destruídos, enfim, com a desgraça total!