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Recortes de imprensa

"A sociedade ficará mais pobre com esta perda


de terreno da filosofia nas escolas"
Diário de Notícias, 15 de Dezembro de 2006

Filomena Naves

O sistema de ensino no seu todo vai ressentir-se com o apagamento da filosofia ditado pelo
fim do seu exame nacional, diz Maria Filomena Molder. A filósofa é uma das organizadoras
do debate que hoje se realiza em Lisboa sobre o tema.

A filosofia está a perder terreno no ensino secundário, em Portugal?

Está. E está a perder terreno no ensino superior também. O decreto-lei de Fevereiro deste
ano, que elimina o exame nacional de filosofia para os 10.º e 11.º anos, é uma medida
puramente administrativa, cujas consequências não são administrativas. São pedagógico-
científicas, desde logo no secundário, e na articulação com o ensino superior.

Que consequências são essas?

Sem a avaliação nacional externa haverá um empobrecimento da exigência e


aprofundamento nas aulas. O facto de deixar de haver exame implica um estado de espírito
diferente por parte dos alunos e levará também a uma diminuição dos candidatos à escolha
opcional da filosofia no 12.º ano, afectando, com todas as consequências previsíveis, a
escolha da filosofia no ensino superior.

Disse que é uma decisão administrativa. O que quer isso dizer?

Quer dizer que não tem pressupostos, não invoca qualquer princípio e ignora as
consequências. Ninguém foi ouvido para esta decisão. A filosofia está há muitos anos
ancorada no ensino, com todas as irradiações que o ensino tem para a investigação, a
comunicação, a publicação e transmissão de conhecimento. Esta decisão tem
previsivelmente um pensamento por trás, e parece-me que só pode ser um. O de diminuir o
peso institucional da filosofia no sistema de ensino. O que significa que um dia destes ela
pode ser suprimida ou tornada opcional também no 10.º e 11.º anos.

Acha que o ensino vai ser todo afectado por esta medida?

A médio e longo prazo vai. A filosofia é uma condição de independência do espírito, de


sentido crítico, de aprendizagem da argumentação, para pôr à prova conceitos e pontos de
vista. A actividade filosófica permite a capacidade de distanciação em relação a acções,
convicções que não estão suficientemente elaboradas, ou a regras da pura sobrevivência e
utilitarismo. Isso exige tempo de reflexão, de raciocínio, de confronto e tem que ter
resposta no ensino.

Pensa que haverá implicações a um nível social mais vasto?

O estudo da filosofia tem consequências para a compreensão do que é ser livre, ou para
construir conceitos, por exemplo, acerca da responsabilidade, ou da compreensão da morte.
Sem filosofia, a sociedade fica mais utilitarista e inconsciente de si própria. Fica menos
apta a reconhecer-se a si própria, a criticar-se, a descobrir os seus próprios limites e a
descobrir uma maneira de transcender os seus limites. Fica claramente mais pobre.

É esse alerta que pretendem com o encontro [que se realiza hoje]?

Queremos mostrar ao Ministério da Educação que o ensino da filosofia, e os mecanismos


que permitem que ele se aprofunde e possa ser avaliado, tem repercussões na própria saúde
do sistema educativo. Queremos chamar a atenção para as consequências preocupantes
desta medida. O tom do debate, que contará com testemunhos de várias áreas, é reflexivo.
Mas seguir-se-ão exigências e reivindicações.

http://cef-spf.org/imp_50.html

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