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Crença, Conhecimento (Factual, "Factivo", Provável, Superado) ,Verdade

( Crítica de Manuais Escolares-IV)

Uma das características predominantes deste heterogéneo movimento designado


por filosofia analítica é a tendência para deslocar o carácter intuitivo-racional
da verdade do mundo empírico para o mundo da lógica pura, caindo na hiper-
análise.

Por hiper-análise entendo a tendência de separar em fragmentos as partes


inseparáveis de um todo.

Uma das teses analíticas mais expendidas nos Manuais de Filosofia no Ensino
Secundário é a de que «o conhecimento implica três condições, que são a
crença, a verdade e a justificação».

Ressalta de imediato a existência de dois erros nesta formulação: a separação


entre crença e conhecimento e a separação entre crença e verdade.

Quem crê, acredita em algo. Crer é designar uma «verdade» para mim, para
nós ou «em si». Portanto, a verdade, no seu aspecto de ser apreendida
subjectiva ou intersubjectivamente, faz parte da crença, não está fora desta.
Classificar crença e verdade como condições separadas é um erro de hiper-
análise.

É seguir as pisadas de Descartes, ao formular o «Cogito» («Eu penso«) como uma


cápsula fechada, vazia. O «penso» é sempre «penso algo, um barco, os meus
amigos, o átomo, o céu, etc», é sempre uma «representação do mundo ou
verdade», como Husserl mostrou.

Aliás, toda a crença é conhecimento, entendendo que há vários níveis de


conhecimento: o conhecimento factual, «indiscutível», da verdade, seja
sensorial (exemplo: «a neve é fria»), empírico-racional ou racional (exemplo:
12+12=24); o conhecimento provável, metafísico-religioso (exemplo: «Deus criou
o universo físico») ou metafísico-científico (exemplo: «O Big Bang originou o
universo»), incerto, discutível, de uma «verdade» impossível de objectivar; o
conhecimento ilusório ou «superado» de que parte da humanidade se
desembaraçou ( exemplo: a teoria geocêntrica de Aristóteles e Ptolomeu, a
crença no «mau-olhado», etc).

O conhecimento é a superfície de contacto entre o sujeito cognoscente,


pessoal ou transpessoal, e a «realidade-objecto», seja esta física, psíquica,
racional, metafísica ou de outra natureza.

Esse contacto possui uma dupla vertente: verdade e erro, que, em larga
medida, se transformam dialeticamente um no outro.

Assim, parece-nos errónea a seguinte formulação do conhecimento num Manual


de Filosofia:

«O conhecimento é factivo, ou seja, não se pode conhecer falsidades.»

«Dizer que não se pode conhecer falsidades não é o mesmo que dizer que não se
pode saber que algo é falso. As duas coisas são distintas. Vejamos os seguintes
exemplos:»

«1. A Mariana sabe que é falso que o céu é verde.


«2. A Mariana sabe que o céu é verde.

«1 e 2 são muito diferentes. O exemplo 1 não viola a factividade do


conhecimento. Mas a afirmação 2 viola a factividade do conhecimento: a Mariana
não pode saber que o céu é verde, pois o céu não é verde».

«Dizer que o conhecimento é factivo é apenas dizer que sem verdade não há
conhecimento».

(Aires Almeida, Célia Teixeira, Desidério Murcho, Paula Mateus, Pedro Galvão, A
arte de pensar, manual de Filosofia do 11º ano, Didáctica Editora, pag.96).
A afirmação de Maria de que «o céu diurno é azul» seria factiva, segundo estes
autores. Mas como classificar a afirmação dos filósofos e físicos, que perfilham a
teoria das qualidades primárias e secundárias dos objectos físicos, de que «o
céu diurno não tem cor, o azul que lhe atribuimos apenas existe no nosso
cérebro»? Ambas são afirmações factuais, derivadas de perspectivas diferentes:
empírica versus epistemológica. E ambas podem ser postas em dúvida, a partir
de outras perspectivas de raciocínio. Alguma delas é "factiva", deveras?

Se o conhecimento fosse factivo, no sentido em que os autores do texto o


definem, isto é, impedindo a falsidade, então não haveria progresso no
conhecimento do mesmo tema científico: se consideram factivo que «o céu é
azul» ou que «o número de massa do hidrogénio é um» ou que «os átomos têm
órbitas circulares com electrões» estas asserções deveriam permanecer como
«verdades imutáveis» por toda a eternidade.

Ora, isto não é assim. O conhecimento, na sua grande vastidão, é revisível,


mistura, na sua essência mutável, a verdade com o erro. Se há conhecimento
factivo, no sentido de indiscutível, limita-se às operações da matemática, a
princípios lógicos e a intuições empíricas fundamentais (exemplos: «Estou
neste lugar; O azeite a ferver queima-me se saltar sobre a minha pele»).

Há, no entanto, muito mais conhecimentos, além destes, que não são
indiscutíveis, factivos - a teoria de Darwin é um conhecimento e, em boa parte,
não factivo; a teologia cristã ou islâmica é um conhecimento metafísico de seres
míticos, não factivo para centenas de milhões de pessoas; a teoria da democracia
liberal mundial como a melhor das sociedades possível também não é "factiva",
etc.

Na Idade Média europeia, a crença em que a Terra estacionava no centro do


universo com o sol e os planetas a girar à sua volta era o conhecimento
científico possível. Depois essa teoria geocêntrica foi substituída, no século
XVII, pela teoria heliocêntrica: deixou de ser um conhecimento científico,
sociologicamente falando, e passou a ser um conhecimento pré-científico, um
conhecimento superado. E ainda hoje, no século XXI, o geocentrismo continua
a ser conhecimento, de uma «verdade superada» ou ilusão.

Portanto, conhecimento não implica obrigatoriamente verdade - verdade


objectiva, consensual, universal - mas tão somente «verdade para mim» ou
«verdade para nós», «verdade» provável ou plausível, «verdade superada» ou
erro.

Falar de «verdade» em geral como condição do conhecimento e não distinguir


entre «verdade objectiva, universal» e «verdade subjectiva» ou «verdade
intersubjectiva» nem distinguir entre «verdade provável» e «verdade
indiscutível, definitiva» é falsear a noção de conhecimento.

(Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)

http://astrologia.weblog.com.pt/arquivo/2006/02/crenca_conhecim.html

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