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O desenvolvimento humano é muito mais do que o au- dignidade de todos, criando respeito próprio e respeito O desenvolvimento tem
mento ou quebra dos rendimentos nacionais. Tem a ver pelos outros.
a ver com o alargamento
com a criação de um ambiente no qual as pessoas pos-
sam desenvolver o seu pleno potencial e levar vidas TRINTA ANOS DE PROGRESSO IMPRESSIONANTE – das escolhas que as
produtivas e criativas, de acordo com as suas necessidades MAS , UM LONGO CAMINHO AINDA A PERCORRER
pessoas têm para levar
e interesses. As pessoas são a verdadeira riqueza das
nações. O desenvolvimento tem a ver, portanto, com o Os desafios do desenvolvimento humano mantém-se uma vida a que dêem
alargamento das escolhas que as pessoas têm para levar grandes no novo milénio (quadros 1.1 e 1.2). Vemos, em
valor
uma vida a que dêem valor. E tem a ver com muito mais todo o mundo, níveis inaceitáveis de privação na vida
do que o crescimento económico, que é apenas um das pessoas. Dos 4,6 mil milhões de pessoas nos países
meio – ainda que muito importante – de alargar as es- em desenvolvimento, mais de 850 milhões são analfa-
colhas das pessoas. betas, perto de mil milhões não têm acesso a fontes de
Para alargar estas escolhas, é fundamental a criação água melhoradas, e 2,4 mil milhões não têm acesso a
das capacidades humanas – o conjunto de coisas que as saneamento básico.1 Perto de 325 milhões de rapazes e
pessoas podem ser, ou fazer, na vida. As capacidades mais raparigas estão fora da escola.2 E 11 milhões de crian-
elementares para o desenvolvimento humano são: ter ças com menos de cinco anos morrem todos os anos de
uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos causas evitáveis – o equivalente a 30.000 por dia.3 Cerca
recursos necessários para um nível de vida digno e ser
capaz de participar na vida da comunidade. Sem estas,
QUADRO 1.1
muitas outras escolhas simplesmente não estão Privações graves em muitos aspectos da vida
disponíveis e muitas oportunidades na vida mantém-se
Países em desenvolvimento
inacessíveis.
Esta forma de olhar para o desenvolvimento, fre- Saúde
968 milhões de pessoas não têm acesso a fontes de água melhoradas (1998)
quentemente esquecida na preocupação imediata com 2,4 mil milhões de pessoas não têm acesso a saneamento básico (1998)
a acumulação de bens e riqueza financeira, não é nova. 34 milhões de pessoas vivem com HIV/SIDA (final de 2000)
2,2 milhões de pessoas morrem anualmente devido à poluição do ar interna (1996)
Os filósofos, economistas e líderes políticos, desde há
Educação
muito que enfatizam o bem-estar humano como o objec- 854 milhões de analfabetos adultos, dos quais 543 milhões de mulheres (2000)
tivo, o fim, do desenvolvimento. Como dizia Aristóte- 325 milhões de crianças fora da escola nos níveis primário e secundário, das quais
183 milhões de raparigas (2000)
les, na Grécia antiga, "A riqueza não é, evidentemente,
Privação de rendimento
o bem que procuramos, pois ela é útil apenas para obter 1,2 mil milhões de pessoas vivem com menos de 1 dólar por dia (dólares PPC de
outra coisa qualquer". 1993), 2,8 mil milhões com menos de 2 dólares por dia (1998)
Nota: Os dados referem-se apenas aos países que têm dados disponíveis para 1975 e 1999. Nota: Para os nomes completos das convenções,
Fonte: Baseado nos quadros de indicadores 2 e 5. ver as abreviaturas..
Fonte: UN 2001b.
As pessoas vivem mais, com mais saúde… …estão mais alfabetizadas e mais instruídas… …e têm rendimentos mais elevados
Esperança Taxa de Mortalidade Pessoas Taxa de Taxa de Países em desenvolvimento
de vida mortalidade de menores subali- alfabetização escolarização bruta Crianças Rendimento Privação de
à nascença Infantil de 5 anos mentadas de adultos 1970–97 (percentagem) fora da escola rendimento
1975–98
1970–75 to 1970–99 1970–99 1975–99 1970–2000 (est.)
1995–2000 1970–2000 (est.) (PIB per capita, 1990–98
(por 1.000 (por 1.000 (milhões) Primária Secundária
(anos) (percentagem) (milhões) dólares PPC 1985) (percentagem)
nados-vivos) nados-vivos)
80 0 0 100 100 100 300 4,000 15
700
50 90 90 80
325 3,000 20
70 50 800
100 80 80 60
350 Melhoria 25
Melhoria 2,000
900 Melhoria
150 70 70
60 100 40
375 30
200 60 60 1,000
1,000 20 1970
1997 1998
90 90 90 4.0 80
1.0
80 80 80 Melhoria Melhoria
3.0 60 1998
1.1
70 70 70 1980 Melhoria
1998 2.0 40
Improvement
60 60 60 1.2 1974
1970 1980 1.0 20
50 50 50
1.3 0 0
Fonte: Baseado em UNESCO 2001a. Fonte: UNDP, UNDESA e WEC 2000; Fonte: IMF, OECD, UN
quadro de indicadores 18. e World Bank 2000.
Fonte: Quadro de Indicadores 8. Fonte: Quadro de Indicadores 8. Fonte: Quadro de Indicadores 10. Fonte: Quadro de indicadores 11.
40 Ásia do Sul
40 40
foi de – 1% em média. Madagáscar e Mali têm, actual- O Relatório deste ano apresenta estimativas do
mente, rendimentos per capita de 799 e 753 dólares índice de desenvolvimento humano (IDH) para 162 .700
(dólares PPC de 1999) – abaixo dos 1.258 e 898 dólares países, assim como as tendências do IDH para 97
(dólares PPC de 1999) de há 20 anos atrás. Em 16 ou- países com dados para 1975-99 (caixa 1.1; ver quadros
tros países subsarianos, os rendimentos per capita tam- de indicadores 1 e 2). Os resultados mostram uma mu-
.600
bém foram mais baixos em 1999 do que em 1975. Na dança substancial da população mundial, de níveis
Europa Oriental e Comunidade de Estados Indepen- baixos para níveis médios de desenvolvimento hu- 1975 1999
dentes (CEI), os rendimentos caíram acentuadamente. mano e de níveis médios para níveis elevados (ver
Fonte: Quadro de indicadores 2.
Desde 1990, os rendimentos per capita diminuíram em destaque 1.1).
16 países-em 4 dos quais, caíram mais de metade. Como medida resumo do desenvolvimento hu- FIGURA 1.3
mano, o IDH realça o sucesso de alguns países e o pro- Nenhuma ligação automática
entre rendimento
NOVOS DESAFIOS E RETROCESSOS gresso mais lento de outros. Por exemplo, a Venezuela e desenvolvimento humano
começou com um IDH mais alto do que o Brasil, em
Rendimento igual, IDH diferente, 1999
O trajecto do desenvolvimento humano nunca é cons- 1975, mas o Brasil fez um progresso muito mais rápido
Rendimento Índice de
tante. O mundo em mudança traz sempre novos desafios, (figura 1.2). Coreia do Sul e Jamaica tinham posições PIB per capita desenvolvimento
(dólares PPC) humano
e a última década assistiu a retrocessos e reversões preo- idênticas no IDH, em 1975, mas actualmente a Coreia
8,000 .800
cupantes. está na posição 27 e a Jamaica na 78.
• No final de 2000, cerca de 36 milhões de pessoas As posições no IDH e no PIB per capita podem 7,000
viviam com HIV/SIDA-95% das quais nos países em de- ser bastante diferentes, mostrando que os países não .700
6,000 Vietname
senvolvimento e 70% na África Subsariana. Só em 1999, têm de esperar pela prosperidade económica para
foram mais de 5 milhões de novos infectados.10 Na África fazer progressos no desenvolvimento humano (ver o 5,000
.600
Subsariana, entre 1985-90 e 1995-2000, mais de 20 países quadro de indicadores 1). Costa Rica e Coreia do Sul
4,000
experimentaram quebras na esperança de vida, devido, tiveram, ambas, ganhos impressionantes no desen-
principalmente, ao HIV/SIDA. Em seis países – Botswana, volvimento humano, reflectidos em IDH superiores a .500 Paquistão
3,000
Burúndi, Namíbia, Ruanda, Zâmbia e Zimbabwe – a es- 0,800, mas a Costa Rica obteve este resultado hu-
2,000
perança de vida reduziu-se de mais de sete anos.11 A propa- mano com apenas metade do rendimento da Coreia. .400
gação do HIV/SIDA tem múltiplas consequências para O Paquistão e o Vietname têm rendimentos seme- 1,000
o desenvolvimento. Rouba aos países pessoas na sua ple- lhantes, mas o Vietname fez muito mais na transfor-
nitude e deixa crianças ao desamparo. No final de 1999, mação desse rendimento em desenvolvimento humano 0
13 milhões de crianças eram órfãos da SIDA.12 (figura 1.3). Portanto, com as políticas certas, os países Fonte: Quadro de indicadores 1.
• Na Europa Oriental e CEI, o impacte destruidor da podem progredir mais depressa no desenvolvimento
transição arrancou um elevado tributo em vidas hu- humano do que no crescimento económico. E se con-
manas, com efeitos adversos sobre o rendimento, esco- seguirem assegurar que o crescimento favorece os po-
larização e esperança de vida, especialmente nos homens. bres, podem fazer muito mais com o crescimento para
• A segurança pessoal continua a ser ameaçada pela promover o desenvolvimento humano.
criminalidade e pelos conflitos. A globalização criou O IDH mede apenas a realização nacional média,
muitas oportunidades para a criminalidade transfron- não mede se ela é bem, ou mal, distribuída num país.
teiriça e para o aumento de sindicatos multinacionais do A desagregação do IDH de um país por região e grupo
crime e de redes. Em 1995, o comércio ilegal de drogas populacional, pode realçar grandes disparidades e,
estava estimado em 400 mil milhões de dólares,13 e cerca em muitos países, os resultados animaram o debate na-
de 1,8 milhões de mulheres e crianças foram vítimas de cional e ajudaram os decisores políticos a avaliar as
tráfico ilegal.14 E, devido a conflitos, o mundo tem ac- diferenças no desenvolvimento humano, entre áreas
tualmente 12 milhões de refugiados e 5 milhões de pes- rurais e urbanas, entre regiões e entre grupos étnicos
soas deslocadas internamente.15 e de rendimento. Na África do Sul, em 1996, o IDH
Os Relatórios de Desenvolvimento Humano, latório do Desenvolvimento Humano (ver dade à nascença de não ultrapassar os 60 anos, a taxa
desde o primeiro, em 1990, têm publicado o índice quadro de indicadores nº 2, para uma tendência do de analfabetismo funcional dos adultos, a per-
de desenvolvimento humano (IDH) como uma me- IDH desde 1975, baseada em metodologia e dados centagem de pessoas que vivem abaixo da linha de
dida compósita de desenvolvimento humano. Desde consistentes). A procura de novos aperfeiçoamen- privação de rendimento (com rendimento
então, foram desenvolvidos três índices comple- tos metodológicos e nos dados para o IDH continua. disponível das famílias inferior a 50% do valor
mentares: o índice de pobreza humana (IPH), o médio) e a taxa de desemprego de longa duração
índice de desenvolvimento ajustado ao género (IDG) (12 meses ou mais).
e a medida de participação segundo o género Índice de pobreza humana
(MPG). O conceito de desenvolvimento humano, Enquanto que o IDH mede o progresso global de
contudo, é muito mais amplo do que o IDH e os um país na realização do desenvolvimento humano, Índice de desenvolvimento ajustado
índices complementares. É impossível apresentar o índice de pobreza humana (IPH) reflecte a dis- ao género
uma medida compreensiva – ou mesmo um conjunto tribuição do progresso e mede a acumulação de pri- O índice de desenvolvimento ajustado ao género
compreensivo de indicadores – porque muitas di- vações ainda existente. O IPH mede a privação nas (IDG) mede os progressos nas mesmas dimensões,
mensões vitais do desenvolvimento humano, tais mesmas dimensões do desenvolvimento humano e utilizando os mesmo indicadores, que o IDH, mas
como a participação na vida da comunidade, não são básico que o IDH. capta as desigualdades na realização entre mulhe-
facilmente quantificáveis. Embora as medidas com- res e homens. É, simplesmente, o IDH ajustado para
pósitas simples possam chamar a atenção para as IPH -1 baixo pela desigualdade entre os sexos. Quanto
questões, com bastante eficácia, estes índices não O IPH-1 mede a pobreza nos países em desen- maior a disparidade entre os sexos quanto ao de-
substituem o tratamento completo de uma pers- volvimento. Aborda as privações em três dimensões: senvolvimento humano básico, menor o IDG de um
pectiva plena de significado como é a do desen- longevidade, medida pela probabilidade à nascença país, comparado com o seu IDH.
volvimento humano. de não ultrapassar os 40 anos; conhecimento, me-
dido pela taxa de analfabetismo de adultos; e apro-
Índice de desenvolvimento humano visionamento económico global, público e privado, Medida de participação segundo o género
O IDH mede os progressos globais de um país, em medido pela percentagem de pessoas que não uti- (MPG)
três dimensões básicas do desenvolvimento hu- lizam fontes de água melhoradas e pela percentagem A medida de participação segundo o género (MPG)
mano – longevidade, conhecimento e nível de vida de crianças menores de cinco anos com peso defi- mostra se a mulher pode tomar parte activa na
digno. É medido pela esperança de vida, nível edu- ciente. vida económica e política. Ela aborda a partici-
cacional (alfabetização de adultos e escolarização pação, medindo a desigualdade entre os sexos nas
combinada do primário, secundário e superior) e IPH -2 áreas fundamentais da participação económica e
rendimento per capita ajustado, em paridades de Dado que a privação humana varia com as política e da tomada de decisão. Rastreia a per-
poder de compra (PPC). O IDH é um resumo e não condições sociais e económicas da comunidade, centagem de mulheres no parlamento, entre os
uma medida compreensiva de desenvolvimento foi concebido um índice separado, o IPH-2, para legisladores, funcionários superiores e gestores e
humano. medir a pobreza humana em países seleccionados entre trabalhadores especializados e técnicos – e a
Como resultado de refinamentos na metodolo- da OCDE, baseado na maior disponibilidade de disparidade ente os sexos quanto ao rendimento
gia do IDH, ao longo do tempo, e de modificações dados. O IPH-2 aborda a privação nas mesmas auferido, reflectindo a independência económica.
nas séries de dados, os valores do IDH não devem três dimensões que o IPH-1, e numa adicional, a Diferindo do IDG, expõe a desigualdade de opor-
ser comparados entre as diferentes edições do Re- exclusão social. Os indicadores são a probabili- tunidades em áreas seleccionadas.
IDH Esperança de vida 1. Taxa de alfabetização de adultos PIB per capita (dólares PPC) —
à nascença 2. Taxa de escolarização combinada
IPH-1 Probabilidade à nascença Taxa de analfabetismo de adultos Privação no aprovisionamento económico medido por: —
de não ultrapassar 1. Percentagem de pessoas que não usa fontes
os 40 anos de água melhoradas
2. Percentagem de crianças menores de cinco anos
com peso deficiente
IPH-2 Probabilidade à nascença Percentagem de adultos que são Percentagem de pessoas que vivem abaixo da linha de Taxa de desemprego
de não ultrapassar funcionalmente analfabetos privação de rendimento (50% do rendimento disponível de longa duração
os 60 anos médio das famílias) (12 meses ou mais)
IDG Esperança de vida 1. Taxas de alfabetização feminina e masculina Rendimentos auferidos estimados —
à nascença 2. Taxas de escolarização combinadas feminino e masculino, reflectindo o poder
feminina e masculina do primário, secundário e superior das mulheres e homens sobre os recursos
feminina e masculina
Fonte: Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano.
QUADRO 1.3
Países onde as taxas de escolarização secundária líquida das raparigas diminuiu, 1985-97
Nota: OCDE de rendimento elevado exclui os membros da OCDE classificados como países em desenvolvimento e os da Europa
do Leste e CEI. Ver a classificação dos países. Igualmente importante é a desigualdade de rendimentos
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano baseados em World Bank 2001g.
dentro dos países, a qual pode afectar a prosperidade a
longo prazo (caixa 1.2). Embora existam dados razoáveis
CAIXA1.2
Porque razão a desigualdade é importante
10.000
Se a desigualdade tem importância, e porquê, é uma • A concentração do rendimento no topo pode minar
velha questão – recuando para o tempo de Karl Marx e as opções de políticas públicas – tais como o apoio a
mesmo antes. Para os economistas do desenvolvimento, uma educação pública universal de alta qualidade – que
preocupados principalmente com os países pobres do podem fazer progredir o desenvolvimento humano. As
mundo, as questões centrais têm sido o crescimento e a políticas populistas que geram inflação prejudicam
América Latina
redução da pobreza, não a desigualdade. E para os econo- os pobres, a longo prazo. Os preços artificialmente 5.000 e Caraíbas
mistas da corrente principal, durante a maior parte do baixos da água e saneamento significam que os serviços
período do pós-guerra do século XX, a desigualdade públicos arruinados nunca se estendem às comu- Ásia Oriental
foi, na pior das hipóteses, um mal necessário – que aju- nidades pobres. Se os ricos apoiarem os subsídios à in- e Pacífico
dou a melhorar o crescimento com a concentração do dústria ou empréstimos baratos aos grandes Ásia do Sul
rendimento nos ricos, que poupam e investem mais, e que proprietários de terras, isso poderá, também, reduzir África
criou incentivos para os indivíduos trabalharem com directamente o crescimento. Desenvolver e executar 0 Subsariana
empenho, inovarem e assumirem riscos produtivos. boas políticas sociais é particularmente difícil onde as Países
Mas a desigualdade de rendimento é importante. Ela desigualdades assumem a forma de concentração no menos
desenvolvidos
é importante, em si mesma, se as pessoas – e os países – topo, combinada com pobreza substancial na base-e,
se preocuparem com o estatuto do seu rendimento rela- portanto, com falta de uma classe média que exija um
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório de
tivo. Ela pode importar, igualmente, por razões instru- governo responsável.
Desenvolvimento Humano
mentais – ou seja, porque afecta outros resultados. • A desigualdade pode corroer o capital social, in- baseados em World Bank 2001g.
• A desigualdade pode exacerbar os efeitos do mer- cluindo o sentimento de confiança e de responsabili-
cado e dos fracassos políticos sobre o crescimento e, con- dade dos cidadãos, que é fundamental para a formação
sequentemente, sobre o progresso contra a pobreza. e sustentabilidade de organizações públicas sãs. Ela pode
Isto torna a desigualdade um problema especial dos minar a participação em esferas tão comuns da vida da
países pobres, onde os mercados imperfeitos e os fra- comunidade como, os parques, ligas desportivas locais
cassos institucionais são comuns. Por exemplo, onde os e associações de pais – professores de escolas públicas.
mercados de capitais são fracos, os pobres, a quem fal- A criminalidade de rua mina a vida comunitária e as
tam bens colaterais, estão impossibilitados de pedir em- diferenças na desigualdade de rendimento entre países
préstimos. O seu potencial para iniciar pequenos estão estreitamente associadas com as diferenças nas
negócios é limitado – reduzindo o crescimento global e taxas de criminalidade e violência.
limitando as oportunidades dos pobres. Embora o cresci- • A desigualdade pode, ao longo do tempo, aumentar
mento não seja sempre suficiente para fazer avançar o a tolerância de uma sociedade para com a desigualdade.
desenvolvimento humano e reduzir a privação de rendi- Se as pressões mundiais conduzirem a aumentos nas
mento, a experiência da China, da Coreia do Sul e de diferenças de salários (por exemplo, quando sobem os
outros países da Ásia Oriental, sugere que o seu con- salários das pessoas mais qualificadas e com maior mo-
tributo é grande. Finalmente, existe a realidade ari- bilidade internacional), a norma social sobre qual é o hiato
tmética. Mesmo que haja crescimento e os pobres salarial aceitável pode, eventualmente, mudar. Se a de-
consigam ganhos proporcionais, a mesma taxa de cresci- sigualdade tem importância, por qualquer uma das razões
mento gera menos redução da pobreza quando a de- acima mencionadas, também tem importância a possi-
sigualdade é elevada inicialmente. bilidade de ela poder piora.
Fonte: Birdsall (a publicar).
FIGURA 1.7
Desigualdade de rendimento dentro dos países
Coeficiente de Gini, 1990-98 a
60 Nicarágua Suazilândia
Brasil
Papua-
México -Nova Guiné
50 Nigéria Federação
Russa
CAIXA1.3
Comparações internacionais de padrões de vida –
a necessidade das paridades de poder de compra
Para comparar os rendimentos das pessoas em países de câmbio não só produz medidas de desigualdade muito
diferentes, os rendimentos têm, primeiro, de ser conver- mais elevadas, como também afecta as tendências da de-
tidos numa moeda comum. Até 1999, o Relatório do sigualdade.
Desenvolvimento Humano utilizou medidas de rendi- Com a medida da taxa de câmbio, o rácio do rendi-
mento baseadas nas conversões de taxas de câmbio, para mento entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres
avaliar a desigualdade mundial do rendimento (como na cresceu de 34 para 1, em 1970, para 70 para 1, em 1997.
comparação do rendimento dos 20% mais ricos e dos 20% Com a medida da PPC, o rácio desceu de 15 para 1 até
mais pobres do mundo). Mas as conversões das taxas de 13 para 1. Embora ambas as medidas mostrem de-
câmbio não tomam em consideração as diferenças de sigualdade crescente entre os 10% mais ricos e os 10%
preços entre os países, o que é fundamental quando se mais pobres, a medida da taxa de câmbio mostra um au-
comparam padrões de vida. Para ter em conta estas dife- mento muito maior do que o crescimento dos padrões
renças de preços, são usadas as taxas de conversão de pari- de vida reais.
dades de poder de compra (PPC) para converter os Embora a PPC seja a melhor forma de converter o
rendimentos numa moeda comum, da qual foram elimi- rendimento quando se comparam padrões de vida, elas
nadas as diferenças entre os níveis de preços nacionais. não estão livres de problemas teóricos e práticos. Estes
As duas abordagens para medir a desigualdade pro- problemas apontam para a necessidade de maior apoio
duzem resultados muito diferentes. A utilização de taxas – financeiro e organizacional – à recolha de dados da PPC.
Desigualdade de rendimento entre os mais ricos e os mais pobres do mundo, com base nas médias dos
países, 1970 e 1997
Fonte: UN 2000b; Melchior, Telle e Wiig 2000; Cálculos do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano baseados em World Bank 2001h e 2001g.
Reduzir para metade a proporção das pes- Entre 1990 e 1998, a parcela das pessoas Mesmo que a proporção seja reduzida
soas que vivem em pobreza extrema. que vivem com menos de 1 dólar (PPC para metade em 2015, existirão ainda 900
dólares 1993) por dia, nos países em de- milhões de pessoas vivendo em pobreza
senvolvimento, foi reduzida de 29% para extrema, no mundo em desenvolvimento.
24%.
Reduzir para metade a proporção das pes- O número de pessoas subalimentadas, no O mundo em desenvolvimento tem ainda
soas famintas. mundo em desenvolvimento, caiu até 40 826 milhões de pessoas subalimentadas.
milhões, entre 1990-92 e 1996-98.
Reduzir para metade a proporção das pes- Cerca de 80% das pessoas do mundo em Perto de mil milhões de pessoas não têm,
soas que não têm acesso a água potável. desenvolvimento têm, agora, acesso a ainda, acesso a fontes de água melhoradas.
fontes de água melhoradas.
Inscrever todas as crianças no ensino Até 1997, mais de 70 países tinham taxas Nos próximos 15 anos deverão ser tomadas
primário. de escolarização primária líquidas superio- medidas para os 113 milhões de crianças
Obter a realização universal da escolari- res a 80%. que estão agora fora do ensino primário e
dade primária. Em 29 dos 46 países com dados, 80% das para os milhões que vão entrar na idade es-
crianças inscritas atingem o 5º ano. colar.
Capacitar as mulheres e eliminar as de- Até 1997, a taxa de escolarização feminina Em 20 países, as taxas de escolarização se-
sigualdades entre os sexos na educação nos países em desenvolvimento tinha cundária das raparigas continuam a ser
primária e secundária. atingido 89% da taxa masculina ao nível menores do que dois terços das taxas dos
do primário e 82% no secundário. rapazes.
Reduzir as taxas mortalidade materna até Apenas 32 países conseguiram uma taxa Em 21 países, a taxa de mortalidade ma-
três quartos. de mortalidade materna registada inferior terna registada excede 500 por 100.000
a 20 por 100.000 nados-vivos. nados-vivos.
Reduzir as taxas de mortalidade infantil Em 1990-99 a mortalidade infantil foi re- A África Subsariana tem uma taxa de mor-
até dois terçosa duzida em mais de 10%, de 64 por 1.000 talidade infantil superior a 100 e uma taxa
nados-vivos para 56. de mortalidade de menores de cinco anos
Reduzir as taxas de mortalidade de A mortalidade de menores de cinco anos superior a 170 – e tem vindo a fazer um
menores de cinco anos até dois terços. foi reduzida de 93 por 1.000 nados-vivos progresso mais lento do que outras
para 80, em 1990-99. regiões.
Parar e começar a inverter a propagação Em alguns países, como o Uganda e pos- Cerca de 36 milhões de pessoas vivem com
do HIV/SIDA. sivelmente a Zâmbia, a prevalência do HIV/SIDA.
HIV/SIDA está a dar sinais de declínio.
Prover acesso a serviços de saúde reprodu- A prevalência de contraceptivos atingiu Cerca de 120 milhões de casais que
tiva a todos os interessados.a cerca de 50% nos países em desenvolvi- querem usar a contracepção não têm
mento. acesso a ela.
Executar estratégias nacionais de desen- O número de países que estão a adoptar A execução das estratégias continua a ser
volvimento sustentável até 2005, para in- estratégias de desenvolvimento sustentável mínima.
verter a perda de recursos ambientais até cresceu de menos de 25 em 1990 para mais
2015.a de 50 em 1997.
Mortalidade materna
Reduzir as taxas de mortalidade materna até três quartos 13 49 46 37 37 27 31
Comodidades básicas
Reduzir para metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável 18 32 42 41 41 27 26
Fome
Reduzir para metade a proporção de pessoas famintas 6 37 3 23 17 40 16 21
Educação universal
Inscrever todas as crianças no ensino primário 5 27 4 13 9 22 9 10
Obter a realização universal da escolaridade primária 8 32 28 15 15 11 11
Nota: A análise exclui os países de rendimento elevado da OCDE. Ver a nota técnica 3 para uma explicação dos critérios de avaliação do progresso e para informação sobre as fontes dos dados usados. PMD significa
países menos desenvolvidos.
a. Objectivo do desenvolvimento internacional.
Nota: As parcelas da população não somam 100 porque a análise exclui os países de rendimento elevado da OCDE.
a. Refere-se à soma das populações dos países nas respectivas categorias, em percentagem da população mundial.
b. Objectivo do desenvolvimento internacional.
Fonte: FAO 2000b; UNICEF 2001b, 2001c; World Bank 2000c, 2001h; UNESCO 2000b; UNFPA 2001; UNAIDS 1998, 2000b; IMF, OECD, UN e World Bank 2000; Hanmer, Healey e Naschold 2000.
CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL
Desenvolvimento dos recursos humanos no século XXI: aumentar o conhecimento e as capacidades de informação
Estamos a viver numa era de conhecimento e de in- suas próprias escolas de Budismo e Confu- detém, está também a alargar-se. O mundo inteiro
formação, repleta de oportunidades mas, também, cionismo. deve cooperar para estreitar a diferença e procurar
de perigos. Existem oportunidades para que os Baseados nesta tradição, estamos a fazer um a prosperidade comum. Para esse fim, devemos
menos privilegiados e os pobres se tornem ricos e esforço concertado para desenvolver os nossos re- levar "a globalização da informação" um passo
fortes. Mas, ao mesmo tempo, existe o perigo de que cursos humanos com vista a tomar a dianteira na mais adiante, para "a globalização dos benefícios
o hiato entre os países ricos e pobres possa alar- era do conhecimento e da informação. Estamos da informação". Os países em desenvolvimento
gar-se. A mensagem é clara. Temos que continuar a oferecer oportunidades educativas a todos os devem ser capazes de participar no processo de pro-
a desenvolver os nossos recursos humanos. cidadãos, incluindo estudantes, agricultores, moção das capacidades de informação e de rece-
O sucesso ou o fracasso dos indivíduos e dos países, pescadores, homens e mulheres das forças mili- ber a sua parcela justa de benefícios. Devemos
assim como a prosperidade da humanidade, de- tares e prisioneiros, para aumentar as suas ca- fazer um esforço conjunto, quer regional, quer
pende de conseguirmos desenvolver sensatamente pacidades de informação. Completámos a mundialmente, para que toda a humanidade possa
os nossos recursos humanos. construção de uma rede nacional de auto-estradas partilhar os benefícios da informação avançada e
Durante o século XX elementos tão tangíveis de informação e estamos, agora, a providenciar das tecnologias de comunicação.
como o capital, o trabalho e os recursos naturais às escolas elementares, médias e secundárias o As propostas da Coreia para o desenvolvi-
foram a força condutora por detrás do desen- acesso rápido e gratuito à Internet. Estamos a mento conjunto de indústrias de ponta foram
volvimento económico. Mas, no novo século, ele- combinar indústrias convencionais, como a pro- adoptadas em vários fóruns multilaterais, incluindo
mentos tão intangíveis como a informação e a dução de automóveis, construção naval, têxteis e a ASEM, a APEC e a ASEAN+3. Além disso, a
criatividade darão aos países uma vantagem com- mesmo a indústria agrícola, com capacidades de Coreia organizou em Seul, em Fevereiro de 2000,
petitiva. Consequentemente, se formos bem suce- informação. um fórum sobre Cooperação Sul-Sul em Ciência
didos no desenvolvimento do potencial dos nossos O número de utilizadores da Internet na Co- e Tecnologia, em conjugação com o Programa das
cidadãos, fomentando um espírito de aventura cria- reia atingiu, recentemente, o máximo de 20 milhões Nações Unidas para o Desenvolvimento, para aju-
tivo, os indivíduos e os países tornar-se-ão ricos, e cerca de 28% da população, ou 4 milhões de dar a construir uma rede de cooperação de de-
mesmo que não possuam muito capital, trabalho ou famílias, têm acesso rápido à Internet. E planeamos senvolvimento tecnológico entre os países em
recursos naturais. produzir cerca de 200.000 especialistas em infor- desenvolvimento.
A Coreia do Sul não é dotada com recursos mação e tecnologia por volta de 2005. Tudo isto faz A Coreia continuará a apoiar os países em de-
naturais e capital suficientes, mas o seu povo pos- parte dos nossos esforços para tornar a Coreia num senvolvimento através do programa de ajuda pública
sui o espírito do desafio e a confiança de que se país com capacidades de conhecimento e infor- ao desenvolvimento, ao mesmo tempo que participa
pode tornar num país avançado de primeira ordem mação avançadas no século XXI. activamente nos esforços internacionais para aju-
no novo século. A fonte da sua confiança está no Acredito que os países em desenvolvimento dar esses países a aumentar as suas capacidades de
seu potencial inato e na sua determinação de se de- que ficaram para trás na sua industrialização, du- informação. É crença deste governo, que só através
senvolver ao máximo. Com o seu entusiasmo per- rante o século XX, podem ultrapassar a pobreza e de tais esforços toda a humanidade pode partilhar
manente pela educação, o povo Coreano alcançar o crescimento económico através do de- a paz e a prosperidade.
desenvolveu uma base de conhecimento impres- senvolvimento bem sucedido dos seus recursos hu-
sionante. A percentagem de alunos do ensino se- manos. E para o fazerem, são vitais a ajuda e a
cundário que entra na Universidade é de 68% na cooperação da comunidade internacional.
Coreia, uma das taxas mais elevadas do mundo. O aumento das capacidades de informação
Os Coreanos têm também uma rica tradição de pode trazer-nos a abundânica, através do aumento
criatividade, absorvendo as culturas importadas na da eficiência. Mas a divisão digital entre os que Kim Dae-jung
sua própria cultura, como é exemplificado pelas detém a tecnologia de informação e os que não a Presidente da Coreia do Sul
A inovação tecnológica é essencial para o progresso A TECNOLOGIA PODE SER UM INSTRUMENTO – E NÃO As transformações
humano. Desde a tipografia ao computador, desde a APENAS UMA RECOMPENSA – DE DESENVOLVIMENTO
tecnológicas actuais estão
primeira utilização da penicilina até à utilização alargada
de vacinas, as pessoas têm procurado instrumentos para A tecnologia não é intrinsecamente boa ou má – os interligadas com uma
a melhoria da saúde, aumento da produtividade e aper- resultados dependem da forma como é utilizada. Este
outra transformação –
feiçoamento da aprendizagem e comunicação. Hoje, a Relatório trata das formas como as pessoas podem criar
tecnologia está a merecer uma nova atenção. Porquê? e utilizar a tecnologia para melhorar as vidas humanas, a globalização – e juntas
Porque os progressos digitais, genéticos e moleculares especialmente para reduzir a pobreza global.
estão a criar a era das
estão a avançar as fronteiras de possibilidades de uti- Algumas pessoas argumentam que a tecnologia é
lização da tecnologia para a erradicação da pobreza. uma recompensa do desenvolvimento, sendo inevitável redes
Estes avanços estão a criar novas possibilidades de que a desigualdade digital segue a desigualdade de
melhoria da saúde e nutrição, de expansão dos conhe- rendimentos. É verdade que, à medida que os rendi-
cimentos, de estímulo do crescimento económico e de mentos aumentam, as pessoas ganham acesso aos bene-
maior poder de participação das pessoas nas suas fícios dos avanços tecnológicos. Mas, muitas tecnologias
comunidades. são instrumentos do desenvolvimento humano, que per-
As transformações tecnológicas actuais estão in- mitem às pessoas aumentarem o seu rendimento,
terligadas com uma outra transformação – a globalização viverem mais tempo, serem mais saudáveis, gozar um
– e juntas estão a criar um novo paradigma: a era das melhor nível de vida, participarem mais nas suas co-
redes. Estas transformações alargam as oportunidades munidades e terem vidas mais criativas. Desde os tem-
e aumentam as recompensas sociais e económicas da pos mais remotos que as pessoas concebem
criação e utilização de tecnologia. Também estão a al- instrumentos para resolverem os desafios da sua exis-
terar as formas através das quais – e através de quem tência, desde a guerra aos cuidados de saúde até à
– a tecnologia é criada e possuída, e as formas como ela produção agrícola (caixa 2.1). A tecnologia é como a
é disponibilizada e utilizada. Um novo mapa de ino- educação – permite às pessoas saírem da pobreza.
vação e difusão está a emergir. Pólos de crescimento
tecnológico – centros que juntam institutos de inves-
CAIXA 2.1
tigação, empresas emergentes e capital de risco – estão
Tecnologia e identidade humana
a espalhar-se pelo mundo, desde Silicon Valley (Esta-
A tecnologia tem estado no coração do pro- para beber água e suspensórios de cabedal
dos Unidos) a Bangalore (Índia) ou El Ghazala
gresso humano desde os tempos mais anti- para carregar bebés. Há cerca de meio mi-
(Tunísia), ligados através de redes de desenvolvimento gos. Os nossos antepassados pré-humanos lhão de anos, por toda a África, Ásia e Eu-
de tecnologia. Mas estas novas redes e oportunidades preparavam varas para alcançar alimentos, ropa, o Homo erectus preparava elegantes
sobrepõem-se a um outro mapa que reflecte uma longa usavam folhas para apanhar água e atiravam machados em forma de folhas e aparente-
pedras quando estavam zangados, tal como mente usava o fogo. A nossa própria espé-
história de tecnologia distribuída desigualmente, tanto os chimpanzés fazem hoje. A primeira es- cie, o Homo sapiens – o "homem sábio", de
dentro de como entre países. pécie humana chama-se Homo habilis – o há 40.000 anos atrás na Europa, Médio Ori-
Nenhum indivíduo, organização, empresa ou go- "homem hábil". Os seus fósseis, com mais ente e Austrália – fabricava ferramentas de
de 2,5 milhões de anos, jazem ao lado de pe- pedra, osso e hastes, bem como adornos
verno pode ignorar estas mudanças. Este novo ter-
dras lascadas, as primeiras incontestáveis como colares, e desenhava arte simbólica
reno requer mudanças na política pública – nacional ferramentas de pedra. O Homo antigo pode nas paredes de pedra – tecnologia ao serviço
e mundial – para aproveitar as transformações tecno- ter usado as tecnologias perecíveis de cabaças de ideias e da comunicação.
lógicas actuais como instrumentos para o desenvolvi- Fonte: Jolly 2000.
mento humano.
uma realização particularmente impressionante, se lamento e permitindo às pessoas estarem melhor in-
1978–80 1988–90
considerarmos que foi conseguida durante a "dé- formadas e participarem nas decisões que afectam as MÉXICO
cada perdida" para o crescimento económico, quando suas vidas. Ligada a estas tecnologias está a comu-
o crescimento do rendimento foi negativo ou estagnou nicação social livre, um pilar de todas as democra- Fonte: Gutierrez e outros 1996;
World Bank 2001g.
(figura 2.2).2 Para além disto, entre 1970 e 1999, a cias activas. A divulgação da máquina de fax durante
mortalidade das crianças com menos de cinco anos os anos de 1980 permitiu uma mobilização popular
reduziu-se em quase metade, de 170 para 90 por muito mais rápida, tanto nacional como mundial-
1.000. mente.
A importância da tecnologia é quantificada num es- Emprego e crescimento económico. Nos anos
tudo recente do Banco Mundial, que demonstra que o de 1970, a aquisição e adaptação de tecnologias trans-
progresso tecnológico contribuiu para 40 a 50% da re- formadoras trouxe ganhos rápidos no emprego e no
dução da mortalidade, entre 1960 e 1990 – provando rendimento à Coreia do Sul, Malásia e Singapura.
que a tecnologia é uma fonte mais importante de bene- A revolução industrial foi despoletada pela mudança
fícios do que rendimentos mais elevados, ou do que um tecnológica, e os economistas defendem que o progresso
nível de educação mais elevado entre as mulheres tecnológico joga um papel central no crescimento
(quadro 2.1).3 económico sustentado no longo prazo.5 Estudos trans-
Produção de alimentos e nutrição. O progresso versais sugerem que a mudança tecnológica é respon-
tecnológico tem desempenhado um papel semelhante sável por uma grande parte das diferenças entre taxas
na aceleração da produção de alimentos. Demorou de crescimento.6
QUADRO 2.1
Tecnologia como uma fonte de redução da mortalidade, 1960-90
(percentagem)
Contribuição Contribuição
Contribuição dos ganhos nos dos ganhos
dos ganhos níveis de educação no progresso
Melhorias na no rendimento das mulheres adultas técnico
QUADRO 2.2
Os produtos de alta tecnologia dominam a expansão das exportações
(percentagem anual média do crescimento das exportações, 1985-98)
.0002
i486DX2
50mHz
Fonte: Fortier e Trang 2001; Chandresekhar 2001; Hijab 2001; Tamesis 2001; UNDP, Accen-
ture and the Markle Foundation 2001; Zakon 2000; ITU 2001b; Nua Publish 2001; Cox e Alm Intel Intel 80486
Intel
1999; Archive Builders 2000; Universitiet Leiden 1993; W3C 2000; Bell Labs 2000; Bignerds 4004 80286 Intel 80386
2001; Teli Mobile 2000.
1970 1980 1990 2000 1970 1980 1990 1999
mais 195.000 licenças de trabalho por ano para profis- TECNOLOGICA DESIGUAL
O desenvolvimento de novos produtos e invenções, Como se poderia esperar, a utilização de novas e velhas
geralmente como resultado do investimento sistemático tecnologias é desigual – uma função obvia do rendi-
na investigação e desenvolvimento, é conduzido quase mento, entre outros factores. O que é surpreendente é
exclusivamente nos países da OCDE e nalguns países a rápida difusão de novas tecnologias nalguns países e
em desenvolvimento da Ásia e América Latina.28 Os as tendências diversas entre eles.
países da OCDE, com 14% da população mundial, são Em Hong Kong (China, RAE), Islândia, Noruega,
responsáveis por 86% dos 836.000 pedidos de patente Suécia e Estados Unidos, a Internet chega a mais de
submetidos em 1998 e 85% dos 437.000 artigos em re- metade da população e noutros países da OCDE chega
vistas científicas publicadas mundialmente.29 Estes
países também investem mais tanto em termos absolu-
CAIXA 2.6
tos como relativos – uma média de 2,4% do seu PIB vai
Combinação de conhecimentos tradicionais e de métodos científicos
para a investigação e desenvolvimento, comparado com para gerar inovações no tratamento da malária no Vietname
0,6% na Ásia do Sul (quadro anexo A.2.2). A inovação
O Vietname reduziu extraordinariamente os malária como uma prioridade nacional.
também significa propriedade. Dos pagamentos de
casos e mortes por malária, utilizando medica- O primeiro grande avanço foi o desenvolvimento
royalties e de direitos de licenças em 1999, no mundo, mentos de alta qualidade produzidos local- e fabrico de um novo medicamento – artemisina
54% foram para os Estados Unidos e 12% foram para mente. Entre 1992 e 1997, o número de mortes – para o tratamento dos casos graves de malária
o Japão.30 causadas pela malária caiu 97% e o número de e resistentes às combinações de medicamentos.
casos quase 60%. O que é que permitiu estes O novo produto, extraído da árvore indígena
No entanto, este perfil de concentração nos
enormes avanços? thanh hao, tinha sido utilizado na medicina tradi-
países da OCDE oculta a real evolução e dinamismo No início dos anos de 1990, o Governo cional chinesa e vietnamita durante séculos. A co-
em muitos países em desenvolvimento. Existem cen- vietnamita aproveitou uma melhoria na econo- laboração entre indústria e investigadores levou
mia, aumentando o seu investimento no con- à produção local, a baixo custo, de artemisina de
tros de inovação no Brasil, Índia, África do Sul,
trolo da malária e identificando a luta contra a alta qualidade e de outros derivados.
Tunísia e noutros locais e vários outros países da
Ásia e América Latina estão cada vez mais envolvi- Fonte: WHO 2000a.
QUADRO 2.5
Investimento na capacidade tecnológica doméstica
OCDE de
rendimento Utilizadores de Internet em percentagem
elevado da população nacional
excl. EUA
Ásia do Sul 1998 2000
60
África Suécia
Subsariana
Estados Unidos
50
Noruega
Países Árabes
Utilizadores de Internet
(em percentagem da população)
30 Japão
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano baseados em dados fornecidos por Nua Publish 2001 e UN 2001c.
A desigualdade diminui –
mas ainda muito lentamente A desigualdade digital no interior dos países
Mais de três quartos dos
utilizadores de Internet vivem nos países
da OCDE de rendimento elevado, Apesar dos dados sobre a demografia dos utilizadores da • Novos. Em qualquer lado, é mais provável que as
que contém 14% da população mundial Internet serem limitados, constata-se que a sua utiliza- pessoas mais novas estejam ligadas. Na Austrália, as
OCDE de ção é claramente concentrada. Na maior parte dos países, pessoas com 18-24 anos têm cinco vezes mais proba-
elevado os utilizadores da Internet são predominantemente: bilidade de serem utilizadores de Internet do que as
População mundial rendimento
• Urbanos e localizados em certas regiões. Na que têm mais de 55 anos. No Chile, 74% dos uti-
14% China, as 15 províncias com menos ligações, com 600 lizadores têm menos de 35 anos; na China essa per-
milhões de pessoas, têm apenas 4 milhões de uti- centagem é de 84%. Outros países seguem o mesmo
lizadores de Internet – enquanto que Xangai e Pe- padrão.
População que usa a Internet
quim, com 27 milhões de pessoas, têm 5 milhões de • Homens. Os homens constituem 86% dos uti-
OCDE de rendimento utilizadores. Na República Dominicana, 80% dos uti- lizadores na Etiópia, 83% no Senegal, 70% na China,
elevado 88% em 1998
lizadores situam-se na capital, Santo Domingo. E na 67% na França e 62% na América Latina.
79% em 2000 Tailândia, 90% vivem em áreas urbanas, onde se Algumas destas disparidades estão a diminuir.
encontram apenas 21% da população do país. Entre Por exemplo, a assimetria entre os sexos está a
as 1,4 milhões de ligações de Internet da Índia, mais diminuir rapidamente – como acontece na Tailândia,
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório de de 1,3 milhões são nos cinco estados de Delhi, Kar- onde a percentagem de utilizadoras saltou de 35% em
Desenvolvimento Humano baseados em dados nataka, Maharashtra, Tamil Nadu e Mumbai.. 1999 para 49% em 2000, ou nos Estados Unidos,
fornecidos por Nua Publish e UN 2001c.
• Mais ricos e com melhor educação. Na Bulgária, onde as mulheres representavam 38% dos utilizadores
os 65% mais pobres da população incluem apenas em 1999 e passaram para 51% em 2000. No Brasil,
29% dos utilizadores da Internet. No Chile, 89% dos onde a utilização da Internet tem aumentado rapi-
utilizadores da Internet tiveram educação superior, damente, as mulheres representam 47% dos uti-
no Sri Lanka 65% e na China 70%. lizadores.
América Latina 30
América Latina
1.500 e Caraíbas 120 e Caraíbas
Países Árabes América Latina
10 e Caraíbas Ásia Oriental
1.000 Ásia do Sul 80 & Pacífico
Ásia Oriental Países Árabes
& Pacífico Países Árabes
Ásia Oriental
África 5 & Pacífico
500 Subsariana 40
Ásia do Sul
Ásia do Sul África
Subsariana
0 0 0
1990 1997 1990 1997 1990 1999
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano baseados em World Bank 2001h, FAO 2000a e ITU 2001b.
Tipo 1970 1980 1990 1998 1970 1980 1990 1998 1970 1980 1990 1998 1970 1980 1990 1998
Trigo 11 46 83 90 19 49 74 86 5 16 38 66 5 22 32 52
Arroz 2 22 52 65 10 35 55 65 0 2 15 40
Milho 10 20 30 46 10 25 45 70 1 4 15 17
Sorgo 4 20 54 70 0 8 15 26
Milho-miúdo 5 30 50 78 0 0 5 14
Mandioca 0 1 2 7 0 0 2 12 0 0 2 18
Nota: As áreas sombreadas indicam que menos de 30% da terra é plantada com variedades modernas de culturas.
Fonte: Evenson e Gollin 2001.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano baseados em NCAER 1999; UNDP, Índia Country Office 2001; Chandrashekar 2001; Government of
Índia, Department of Education 2001.
a explicar algumas das diferenças, mas o rendimento cimentos que afectam as pessoas pobres. Muitos dos Taxa de escolarização bruta (percentagem)
OCDE
mais baixo também reflecte um nível mais baixo de sucessos do século 20 obrigaram a esforços delibera- de rendimento
100
factores de produção tecnológicos (quadro 2.8). dos para desenvolver soluções tecnológicas para os elevado
• Os progressos médicos que impulsionaram enormes problemas humanos, adaptando-as aos países em de-
ganhos na sobrevivência continuam fora do alcance de senvolvimento e difundindo-as amplamente entre as 80
muitos. Cerca de 2 mil milhões de pessoas não têm pessoas pobres. Para a revolução verde ocorrer, foi Mundo
acesso a medicamentos essenciais, como a penicilina. necessário mobilizar a comunidade internacional para 60
Países em
A reidratação oral continua a não ser utilizada em 38% um gigantesco programa de investigação agrícola para Desenvolvimento
dos casos de diarreia, nos países em desenvolvimento. prevenir a fome mundial, juntamente com a investigação 40
E metade das crianças africanas com 1 ano não foi vaci- e adaptação científicas ao nível local. A terapia de rei-
nada contra a difteria, coqueluche, tétano, poliomielite dratação oral emergiu com a investigação de ponta, mas 20 Países menos
e sarampo.34 a sua disseminação exigiu um grande esforço público Desenvolvidos a
frente de 28%, a média da OCDE.35 Mas, a maior parte difundir amplamente as inovações. Não basta investir
dos países em desenvolvimento está muito atrasada em na criação, adaptação e comercialização de produtos 30
relação aos países da OCDE na escolarização (figura necessários às pessoas pobres, ou que estas possam
2.3). adquirir – os seus salários são demasiado baixos e não 20
Mundo
representam uma oportunidade de mercado para o
Países em
10
TRANSFORMAR A TECNOLOGIA NUM INSTRUMENTO sector privado. As capacidades nacionais nos países desenvolvimento
DE DESENVOLVIMENTO HUMANO REQUER ESFORÇO em desenvolvimento também são limitadas. Benefícios Países menos
0 desenvolvidos a
potencialmente enormes requerem uma coordenação 1970 1995
No final do século 19, a aplicação da ciência as técni- difícil ao nível mundial. Os direitos de propriedade
cas manufactureiras ou às práticas agrícolas tornou-se intelectual podem estimular a inovação, mas no mundo a. Os dados referem-se a 1970 e 1994.
Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório de
na base dos sistemas produtivos, tendo contribuído de de hoje, de profundo desequilíbrio na procura e ca- Desenvolvimento Humano baseados
em UNESCO 1999.
alguma forma para aumentar o rendimento da maio- pacidade, eles não são suficientes para estimular a ino-
ria dos trabalhadores. No século 20, a investigação e vação em muitos países em desenvolvimento. Ao nível
o desenvolvimento transformaram o conhecimento mundial, benefícios potencialmente vastos requerem
num factor produtivo crucial e as invenções produzi- uma coordenação difícil. Contudo, o investimento
das pelos laboratórios industriais rapidamente encon- público no desenvolvimento tecnológico pode ter re-
traram o seu caminho para o mercado. A iniciativa tornos enormes. Por exemplo, estima-se que cerca de
empresarial e os incentivos de mercado aceleraram o 1.800 programas públicos de investigação sobre o trigo,
progresso tecnológico para satisfazer a procura do arroz, milho e outras culturas – que ocorrem em todas
Índice de realização
tecnológica
Líderes
Líderes potenciais
Seguidores dinâmicos
Marginalizados
Dados não disponíveis
Resultados de inovação
Centros tecnológica
16 (máximo)
4 (mínimo)
Centros mundiais de inovação tecnológica Em 2000, a revista Wired consultou fontes locais nos governos, indústria e meios de comunicação social, para encontrar as localizações mais im-
portantes na nova geografia digital. Cada uma foi classificada de 1 a 4, em quatro áreas: a capacidade das áreas universitárias e das instalações de investigação para formar trabalhadores qualificados ou desen-
volver novas tecnologias, a presença de companhias e de grandes empresas multinacionais para fornecer competências e estabilidade económica, o impulso empresarial da população para iniciar novas aventuras e
a disponibilidade do capital de risco para assegurar que as ideias se orientam para o mercado. Quarenta e seis locais foram identificados como centros tecnológicos, identificados no mapa com círculos pretos.
Resultados 13 Taipé, Taiwan (província 11 Malmo, Suécia - 10 Paris, França 8 Santa Fé, EUA
16 Sillicon Valley, EUA da China) Copenhaga, Dinamarca 10 Bade-Wurttemberg, 8 Glasgow-Edinburgo, RU
15 Boston, EUA 13 Bangalore, Índia 11 Baviera, Alemanha Alemanha 8 Saxónia, Alemanha
15 Estocolmo-Kista, Suécia 12 Nova Iorque, EUA 11 Flandres, Bélgica 10 Oulu, Finlândia 8 Sophia Antipolis, França
15 Israel 12 Albuquerque, EUA 11 Tóquio, Japão 10 Melbourne, Austrália 8 Inchon, Coreia do Sul
14 Raleigh-Durham-Chapel 12 Montreal, Canadá 11 Quioto, Japão 9 Chicago, EUA 8 Kuala Limpur, Malásia
Hill, EUA 12 Seattle, EUA 11 Hsinchu, Taiwan 9 Hong Kong, China (RAE) 8 Campinas, Brasil
14 Londres, RU 12 Cambridge, RU (província da China) 9 Queensland, Austrália 7 Singapura
14 Helsínquia, Finlândia 12 Dublin, Irlanda 10 Virgínia, EUA 9 São Paulo, Brasil 6 Trondheim, Noruega
13 Austin, EUA 11 Los Angeles, EUA 10 Vale do Tamisa, RU 8 Salt Lake, EUA 4 El Ghazala, Tunísia
13 São Francisco, EUA 4 Gauteng, África do Sul
Fonte: Hillner 2000.
Quatro categorias do índice de realização tecnológica (ver anexo 2.1, p. 46; e quadro anexo A2.1, p. 48)
Este relatório introduz o índice de realização tecno- índice tem de ser capaz de distinguir entre países que • Qualificações humanas. Uma massa crítica de
lógica (IRT), cujo objectivo é retratar a forma como estão no fundo da classificação. qualificações é indispensável ao dinamismo tecno-
um país cria e difunde a tecnologia e constrói uma lógico. Tanto os criadores como os utilizadores de
base de capacidades humanas – reflectindo a ca- Componentes do índice nova tecnologia precisam de qualificações. A tecno-
pacidade de participação nas inovações tecnológicas O IRT concentra-se em quatro dimensões da ca- logia de hoje exige a adaptabilidade – qualificações
da era das redes. Este índice compósito mede reali- pacidade tecnológica que são importantes para colher para dominar o fluxo constante de novas inovações.
zações e não o potencial, esforços ou inputs. Não é os benefícios da era das redes. Os indicadores se- As bases desta capacidade são o ensino básico, para
uma medida para conhecer o país que lidera no de- leccionados estão relacionados com objectivos im- desenvolver capacidades cognitivas, e qualificações
senvolvimento tecnológico mundial mas, antes, para portantes da política tecnológica de todos os países, em ciências e matemáticas. Utilizam-se dois indi-
avaliar se um país no seu todo está a participar bem independentemente do seu nível de desenvolvimento: cadores para reflectir as qualificações humanas
na criação e na utilização da tecnologia. Considere- • Criação de tecnologia. Nem todos os países pre- necessárias à criação e absorção de inovações: anos
mos os Estados Unidos – uma fonte de influência da cisam de estar na vanguarda do desenvolvimento médios de escolaridade e taxa de escolarização bruta
tecnologia mundial – e a Finlândia. Os Estados tecnológico mundial, mas a capacidade de inovar é de estudantes do ensino superior inscritos em ciên-
Unidos têm um total de invenções e anfitriões de In- relevante para todos os países e constitui o nível mais cia, matemática e engenharia. Apesar de ser desejável
ternet muito maior do que a Finlândia, mas não se elevado da capacidade tecnológica. A economia incluir indicadores de formação profissional, estes
classifica tão bem na ordenação do IRT, porque na mundial dá grandes recompensas aos líderes e pro- dados não estão disponíveis.
Finlândia a Internet está mais amplamente difun- prietários da inovação tecnológica. Todos os países
dida e muito se faz para desenvolver uma base de qual- precisam ter a capacidade de inovar, porque a pos- Fontes de dados e limitações
ificações tecnológicas por toda a população. sibilidade de inovar na utilização da tecnologia não Os dados utilizados para construir o IRT provêm das
As realizações tecnológicas de um país são mais pode ser plenamente desenvolvida sem que exista a séries internacionais mais utilizadas na análise de
amplas e mais complexas do que este ou qualquer capacidade de criar – sobretudo de adaptar produ- tendências tecnológicas, sendo portanto os mais
outro índice pode retratar. É impossível reflectir a tos e processos às condições locais. A inovação ocorre fidedignos do conjunto disponível, como se mostra
gama completa de tecnologias – da agricultura à medi- em toda a sociedade, em contextos formais e infor- no quadro. O conjunto de indicadores apropriados
cina e indústria transformadora. Muitos aspectos da mais, apesar da tendência actual ser no sentido de au- limita-se àqueles que têm uma cobertura razoável.
criação, difusão e qualificações humanas tecnológicas mentar a comercialização e formalização do processo Ao interpretar os valores e a classificação do
são difíceis de quantificar. E mesmo se fosse possível de inovação. Na ausência de indicadores perfeitos e IRT, deve-se ter em consideração as limitações das
quantificá-los, a falta de dados fidedignos faz com que de séries de dados, o IRT utiliza dois indicadores para séries de dados. Alguns países podem ter inovações
seja impossível reflecti-los completamente. Conside- captar o nível de inovação numa sociedade. O pri- subavaliadas, porque os registos de patentes e os
remos, por exemplo, a ocorrência de importantes meiro é o número de patentes concedidas per capita, pagamento de royalties são os únicos dados sobre in-
inovações tecnológicas no sector informal da econo- para reflectir o nível actual de actividades de in- ovação tecnológica que são recolhidos sistematica-
mia e nos sistemas de conhecimento indígenas. Mas, venção. O segundo é dado pelas receitas de royalties mente, mas que deixam de fora inovações valiosas mas
como não são registadas não podem ser quantifi- e direitos de licenças recebidos do estrangeiro per não comercializadas, como as que ocorrem no sec-
cadas. Por isso, o IRT é construído utilizando indi- capita, para reflectir o stock de inovações bem suce- tor informal e em sistemas de conhecimento indíge-
cadores, e não medidas directas, das realizações de um didas no passado que ainda são úteis e, portanto, têm nas. Para além disto, os sistemas e tradições nacionais
país em quatro dimensões. Fornece um resumo em valor de mercado. diferem no seu âmbito e nos critérios. A difusão de
bruto – e não uma medida compreensiva – das reali- • Difusão de inovações recentes. Todos os países novas tecnologias pode ser subavaliada em muitos
zações tecnológicas de uma sociedade. têm de adoptar inovações para beneficiar das opor- países em desenvolvimento. O acesso à Internet é me-
tunidades da era das redes. Isto é medido pela difusão dido através de anfitriões de Internet, porque estes
Porquê um índice composto? da Internet – indispensável à participação – e pela ex- dados são mais fidedignos e têm melhor cobertura do
O IRT destina-se a ajudar os decisores políticos na portação de produtos de alta e média tecnologia que os dados sobre utilizadores de Internet, ao nível
definição de estratégias tecnológicas. Este Relatório como uma parcela do total de exportações. do país.
defende que as estratégias tecnológicas precisam ser • Difusão de invenções antigas. A participação na
redefinidas na era das redes. Como primeiro passo, era das redes exige a difusão de muitas invenções anti- Ponderação e agregação
apela aos decisores políticos para considerarem de gas. Embora seja possível saltar etapas, o avanço tec- A metodologia para a construção do IRT é apresen-
novo as suas realizações tecnológicas actuais. Um nológico é um processo cumulativo e a ampla difusão tada em pormenor na nota técnica. Cada uma das qua-
índice compósito ajuda um país a situar-se em relação de invenções mais antigas é necessária para adoptar tro dimensões tem igual ponderação. E cada um dos
a outros, sobretudo aqueles que estão mais avança- invenções mais recentes. Os dois indicadores uti- indicadores que compõem as dimensões também
dos. Há muitos elementos que compõem as realiza- lizados aqui – telefones e electricidade – são parti- tem igual ponderação.
ções tecnológicas de um país, mas uma avaliação cularmente importantes, porque são necessários para
global é realizada com mais facilidade através de a utilização das tecnologias mais novas e, também, Valores e classificações do IRT
uma única medida compósita do que através de várias porque são inputs difusos de uma grande variedade As estimativas do IRT foram preparadas para 72
medidas diferentes. Tal como outros índices com- de actividades humanas. Contudo, ambos os indi- países, para os quais existem dados disponíveis e de
pósitos dos Relatórios de Desenvolvimento Humano cadores são expressos como logaritmos, cujo máximo qualidade aceitável. Para outros, não existiam dados
(o índice de desenvolvimento humano, por exemplo), é o nível médio da OCDE, dado que são impor- ou eram insatisfatórios para um ou mais indicadores.
O IRT é para ser usado como ponto de partida para tantes numa fase inicial do avanço tecnológico mas Muitos dos países do mundo em desenvolvimento não
uma avaliação global, seguida pela análise por- não nas suas fases mais avançadas. Assim, embora seja têm dados sobre patentes e royalties. Como a falta de
menorizada de diferentes indicadores. importante para a Índia concentrar-se na difusão da dados geralmente indica que existe pouca inovação
A elaboração do índice reflecte duas preo- electricidade e dos telefones, para que as suas popu- formal, utilizou-se nestes casos um valor igual a zero
cupações particulares. Primeiro, concentra-se em in- lações possam participar na revolução tecnológica, o para o indicador em falta.
dicadores que reflectem as preocupações políticas de Japão e a Suécia já passaram esta fase. Exprimir a me- Os resultados mostram três tendências: um mapa
todos os países, independentemente do nível de de- dida em logaritmos garante que, à medida que os de grandes disparidades entre países, diversidade e
senvolvimento tecnológico. Segundo, ser útil aos níveis aumentam, a sua contribuição para o índice é dinamismo no progresso tecnológico entre países
países em desenvolvimento. Para o conseguir, este menor. em desenvolvimento e um mapa de pólos tecnológi-
Receitas de royalties e direitos de licenças do exterior, per capita Banco Mundial (World Bank 2001h)
Difusão de inovações recentes Anfitriões de Internet per capita União Internacional das Telecomunicações
(ITU 2001a)
Exportações de alta e média tecnologia como parcela de todas as exportações Divisão de Estatísticas das Nações Unidas
(calculado com base em dados de Lall 2001 e
UN 2001a)
Difusão de inovações antigas Logaritmo dos telefones per capita (cabo e telemóveis combinados) União Internacional das Telecomunicações
(ITU 2001b)
Logaritmo do consumo de electricidade per capita Banco Mundial (World Bank 2001h)
Qualificações humanas Anos médios de escolaridade Barro e Lee (Barro e Lee 2000)
Taxa de escolarização bruta no ensino superior em ciências, matemática e engenharia Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, Ciência e Cultura (cálculos baseados
em dados da UNESCO 1998, 1999 e 2001a)
cos sobrepostos em países com níveis de desen- antigas, mas inova pouco. Cada um tende a posi- que o Reino Unido, Canadá e outras economias in-
volvimento diferentes. cionar-se relativamente baixo numa ou duas dimen- dustrializadas já estabelecidas. A Irlanda classifi-
O mapa de grandes disparidades mostra quatro sões, tal como a difusão de inovações recentes ou de cou-se acima da Áustria e da França. Países em
grupos de países (ver mapa 2.1), com os valores do invenções antigas. Mas, a maior parte tem níveis de desenvolvimento de grande dimensão – China, Brasil,
IRT a variar de 0,744 para a Finlândia a 0,066 para qualificação comparáveis aos do grupo do topo. Índia – têm prestações piores do que seria de esperar,
Moçambique. Estes países podem ser considerados • Seguidores dinâmicos (0,20-0,34) – estes países porque esta não é uma classificação do "poderio
como líderes, líderes potenciais, seguidores dinâmi- são dinâmicos na utilização de novas tecnologias. tecnológico" de um país.
cos ou marginalizados: Muitos são países em desenvolvimento com níveis de Finalmente, os pólos tecnológicos têm um efeito
• Líderes (IRT acima de 0,5) – liderados pela Fin- qualificações humanas significativamente mais ele- limitado no índice devido às disparidades no interior
lândia, Estados Unidos, Suécia e Japão, este grupo vados que os do quarto grupo. Inclui, entre outros, dos países. Se o IRT fosse estimado apenas para os
está na vanguarda da inovação tecnológica. A ino- o Brasil, China, Índia, Indonésia, África do Sul e pólos, estes países seriam sem dúvida classificados
vação é auto-sustentada e estes países têm realiza- Tunísia. Muitos destes países têm indústrias de alta entre os líderes ou líderes potenciais.
ções elevadas na criação, difusão e qualificações tecnologia e centros tecnológicos importantes, mas
tecnológicas. A seguir vem a Coreia do Sul, em a difusão de invenções antigas é lenta e incompleta. Realizações tecnológicas
quinto e Singapura, em décimo – dois países que, • Marginalizados (menos de 0,20) – a difusão e desenvolvimento humano
nas décadas recentes, avançaram rapidamente na te- tecnológica e a construção de qualificações ainda Apesar das realizações tecnológicas serem impor-
cnologia. Este grupo separa-se do resto pelo seu têm um longo caminho a percorrer nestes países. tantes para o desenvolvimento humano, o IRT mede
índice de invenção mais elevado, com uma diferença Largos sectores da população não beneficiaram da di- apenas as realizações tecnológicas. Não nos dá indi-
significativa entre Israel, neste grupo e a Espanha, fusão de antigas tecnologias. cação sobre o nível de tradução destas realizações em
no seguinte. Estas classificações não seguem as do rendi- desenvolvimento humano. Apesar disso, o IRT mostra
• Líderes potenciais (0,35-0,49) – a maior parte mento e mostram um dinamismo considerável no uma correlação elevada com o índice de desenvolvi-
destes países investiu em níveis elevados de qualifi- campo das realizações tecnológicas, em vários países mento humano (IDH) e correlaciona-se melhor com
cações humanas e difundiu amplamente tecnologias – por exemplo, a Coreia tem melhor classificação do o IDH do que com o rendimento.
Líderes
1 Finlândia 0,744 187 125,6 200,2 50,7 1,203 d 14,129 e 10,0 27,4
2 Estados Unidos 0,733 289 130,0 179,1 66,2 993 d 11,832 e 12,0 13,9 f
3 Suécia 0,703 271 156,6 125,8 59,7 1,247 d 13,955 e 11,4 15,3
4 Japão 0,698 994 64,6 49,0 80,8 1,007 d 7,322 e 9,5 10,0 g
5 Coreia do Sul 0,666 779 9,8 4,8 66,7 938 d 4,497 10,8 23,2
6 Holanda 0,630 189 151,2 136,0 50,9 1,042 d 5,908 9,4 9,5
7 Reino Unido 0,606 82 134,0 57,4 61,9 1,037 d 5,327 9,4 14,9
8 Canadá 0,589 31 38,6 108,0 48,7 881 15,071 e 11,6 14,2 f
9 Austrália 0,587 75 18,2 125,9 16,2 862 8,717 e 10,9 25,3
10 Singapura 0,585 8 25,5 h, i 72,3 74,9 901 6,771 7,1 24,2 h
11 Alemanha 0,583 235 36,8 41,2 64,2 874 5,681 10,2 14,4
12 Noruega 0,579 103 20,2 i 193,6 19,0 1,329 d 24,607 e 11,9 11,2
13 Irlanda 0,566 106 110,3 48,6 53,6 924 d 4,760 9,4 12,3
14 Bélgica 0,553 72 73,9 58,9 47,6 817 7,249 e 9,3 13,6 f
15 Nova Zelândia 0,548 103 13,0 146,7 15,4 720 8,215 e 11,7 13,1
16 Áustria 0,544 165 14,8 84,2 50,3 987 d 6,175 8,4 13,6
17 França 0,535 205 33,6 36,4 58,9 943 d 6,287 7,9 12,6
18 Israel 0,514 74 43,6 43,2 45,0 918 d 5,475 9,6 11,0 f
Líderes potenciais
19 Espanha 0,481 42 8,6 21,0 53,4 730 4,195 7,3 15,6
20 Itália 0,471 13 9,8 30,4 51,0 991 d 4,431 7,2 13,0
21 República Checa 0,465 28 4,2 25,0 51,7 560 4,748 9,5 8,2
22 Hungria 0,464 26 6,2 21,6 63,5 533 2,888 9,1 7,7
23 Eslovénia 0,458 105 4,0 20,3 49,5 687 5,096 7,1 10,6
24 Hong Kong, China (RAE) 0,455 6 — 33,6 33,6 1,212 d 5,244 9,4 9,8 f, g
25 Eslováquia 0,447 24 2,7 10,2 48,7 478 3,899 9,3 9,5
26 Grécia 0,437 (,) 0,0 j 16,4 17,9 839 3,739 8,7 17,2 f
27 Portugal 0,419 6 2,7 17,7 40,7 892 3,396 5,9 12,0
28 Bulgária 0,411 23 — 3,7 30,0 i 397 3,166 9,5 10,3
29 Polónia 0,407 30 0,6 11,4 36,2 365 2,458 9,8 6,6 f
30 Malásia 0,396 — 0,0 2,4 67,4 340 2,554 6,8 3,3 f
31 Croácia 0,391 9 — 6,7 41,7 431 2,463 6,3 10,6
32 México 0,389 1 0,4 9,2 66,3 192 1,513 7,2 5,0
33 Chipre 0,386 — — 16,9 23,0 735 3,468 9,2 4,0
34 Argentina 0,381 8 0,5 8,7 19,0 322 1,891 8,8 12,0 g
35 Roménia 0,371 71 0,2 2,7 25,3 227 1,626 9,5 7,2
36 Costa Rica 0,358 — 0,3 4,1 52,6 239 1,450 6,1 5,7 g
37 Chile 0,357 — 6,6 6,2 6,1 358 2,082 7,6 13,2
Seguidores dinâmicos
38 Uruguai 0,343 2 0,0 j 19,6 13,3 366 1,788 7,6 7,3
39 África do Sul 0,340 — 1,7 8,4 30,2 k 270 3,832 6,1 3,4
40 Tailândia 0,337 1 0,3 1,6 48,9 124 1,345 6,5 4,6
41 Trindade e Tobago 0,328 — 0,0 i 7,7 14,2 246 3,478 7,8 3,3
42 Panamá 0,321 — 0,0 1,9 5,1 251 1,211 8,6 8,5
43 Brasil 0,311 2 0,8 7,2 32,9 238 1,793 4,9 3,4
44 Filipinas 0,300 (,) 0,1 0,4 32,8 77 451 8,2 5,2 f
45 China 0,299 1 0,1 0,1 39,0 120 746 6,4 3,2
46 Bolívia 0,277 — 0,2 0,3 26,0 113 409 5,6 7,7 f, g
47 Colômbia 0,274 1 0,2 1,9 13,7 236 866 5,3 5,2
48 Peru 0,271 — 0,2 0,7 2,9 107 642 7,6 7,5 f
49 Jamaica 0,261 — 2,4 0,4 1,5 i 255 2,252 5,3 1,6
50 Irão 0,260 1 0,0 i (,) 2,0 133 1,343 5,3 6,5
a. Com o fim de calcular o IRT, utilizou-se um valor igual a 0 para os países que não tinham dados disponíveis.
b. Com o fim de calcular o IRT, utilizou-se um valor igual a 0 para os países fora da OCDE que não tinham dados disponíveis.
c. Os dados referem-se ao ano mais recente disponível durante o período indicado.
d. Com o fim de calcular o IRT, foi utilizado o valor médio ponderado para os países da OCDE (901).
e. Com o fim de calcular o IRT, foi utilizado o valor médio ponderado para os países da OCDE (6,969).
f. Os dados referem-se ao ano mais recente disponível durante o período 1989-94.
g. Os dados são baseados nas estimativas provisórias da UNESCO da taxa de escolarização superior bruta.
h. Os dados são de fontes nacionais.
i. Os dados referem-se a 1998.
j. Os dados referem-se a 1997.
k. Os dados referem-se à União Aduaneira Sul-Africana, que inclui Botswana, Lesoto. Namíbia, África do Sul e Suazilândia.
l. Os dados referem-se apenas às exportações de média tecnologia.
Fonte: Coluna 1: calculado com base nos dados das colunas 2-9; para pormenores, ver nota técnica 2; coluna 2: WIPO 2001a; coluna 3: World Bank 2001h, a não ser quando indicado de outro modo; colu-
na 4: ITU 2001a; coluna 5: calculado com base em dados de exportações, de Lall 2001 e UN 2001a; coluna 6: ITU 2001b; coluna 7: World Bank 2001h; coluna 8: Barro e Lee 2000; coluna 9: calculado
com base em dados das taxas de escolarização superior bruta e escolarização superior em ciências, de UNESCO 1998, 1999 e 2001a.
Fonte: Colunas 1-4: Barro e Lee 2000; colunas 5-7: World Bank 2001h, baseado em dados da UNESCO; coluna 6: UNESCO 1999.
Consumo de fertilizantes Tractores em uso Exportações de baixa Exportações de média Exportações de alta
(kg por hectare de terra arável (por hectare de terra arável tecnologia tecnologia tecnologia
e permanentemente cultivado) e permanentemente cultivado) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens)
Ordem IDH 1970 1998 1970 1998 1980 1999 1980 1999 1980 1999
Consumo de fertilizantes Tractores em uso Exportações de baixa Exportações de média Exportações de alta
(kg por hectare de terra arável (por hectare de terra arável tecnologia tecnologia tecnologia
e permanentemente cultivado) e permanentemente cultivado) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens)
Ordem IDH 1970 1998 1970 1998 1980 1999 1980 1999 1980 1999
Consumo de fertilizantes Tractores em uso Exportações de baixa Exportações de média Exportações de alta
(kg por hectare de terra arável (por hectare de terra arável tecnologia tecnologia tecnologia
e permanentemente cultivado) e permanentemente cultivado) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens)
Ordem IDH 1970 1998 1970 1998 1980 1999 1980 1999 1980 1999
Consumo de fertilizantes Tractores em uso Exportações de baixa Exportações de média Exportações de alta
(kg por hectare de terra arável (por hectare de terra arável tecnologia tecnologia tecnologia
e permanentemente cultivado) e permanentemente cultivado) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens) (em % das export. de bens)
Ordem IDH 1970 1998 1970 1998 1980 1999 1980 1999 1980 1999
a. Inclui o Luxemburgo.
b. Os dados referem-se à República Federal da Alemanha antes da unificação.
c. Os dados referem-se a 1998.
d. Os dados referem-se à União Aduaneira Sul-Africana, que inclui Botswana, Lesoto. Namíbia, África do Sul e Suazilândia.
e. Os dados referem-se à antiga república Árabe do Iémen.
Fonte: Colunas 1-4: calculado com base em dados do consumo de fertilizantes e uso da terra, de FAO 2000a; colunas 5-10: calculado com base em dados de exportações, de Lall 2000 e UN 2001a.
Fonte: Colunas 1-4, 9 e 100: ITU 2001b; colunas 5 e 6: ITU 2001a; coluna 7: calculado com base em dados de chamadas locais, de ITU 2001b e dados dos factores de conversão das paridades de poder
de compra, de World Bank 2001h; coluna 8: calculado com base em dados de chamadas locais, de ITU 2001b e dados dos deflatores do PIB e dos factores de conversão das paridades de poder de com-
pra, de World Bank 2001h.
Todos os avanços tecnológicos trazem benefícios mudança pode ser complexo e politicamente contro- Todos os avanços
e riscos potenciais, alguns dos quais não são fáceis de verso. Apesar da tecnologia agrícola da revolução verde
tecnológicos trazem
prever. Os benefícios das tecnologias podem ser bastante ter mais do que duplicado a produção de cereais na Ásia,
melhores do que os seus criadores previram. Quando entre 1970 e 1995,1 os impactes nos rendimentos dos tra- benefícios e riscos
Guglielmo Marconi inventou o rádio em 1897, fê-lo para balhadores agrícolas e no ambiente são, ainda, debati-
potenciais, alguns dos
uma comunicação privada em dois sentidos, não para dos intensamente.
a transmissão. Hoje, o transistor é anunciado como Tal como em momentos anteriores de mudança, as quais não são fáceis
uma das maiores invenções de sempre – embora, transformações tecnológicas actuais aumentam as pre-
de prever
aquando da sua invenção em 1947, apenas se pensasse ocupações com os seus possíveis impactes ecológicos,
nalguns usos para além do desenvolvimento de melhores socioeconómicos e na saúde. As plantas geneticamente
ajudas para as pessoas surdas. Nos anos de 1940, a modificadas são suspeitas de terem introduzido novas
IBM nunca pensou que o mercado de computadores iria fontes de alergias, de terem criado ervas daninhas re-
crescer mais do que umas unidades de venda por ano. sistentes e de ameaçar espécies como as borboletas
Ao mesmo tempo, os custos ocultos das tecnolo- monarcas. A investigação biotecnológica de ponta au-
gias podem ser devastadores. A encefalite espongiforme mentou as preocupações éticas com a possibilidade de
bovina – doença das vacas loucas-quase de certeza que clonagem humana e a facilidade de produção de armas
a sua origem e propagação se devem às poupanças de biológicas destruidoras. As tecnologias de informação
custos nas técnicas usadas para produzir rações. O poder e comunicação facilitam a criminalidade internacional,
nuclear, que então se acreditava ser uma fonte inesgotável suportam as redes de comércio da droga e permitem a
de energia, tornou-se uma perigosa ameaça para a saúde difusão da pornografia infantil.
e o ambiente após os acidentes de Three Mile Island (Es- Perante tais preocupações, porquê adoptar novas
tados Unidos) e Chernobyl (Ucrânia). Alguns perigos tecnologias? Por três razões.
são rapidamente denunciados e removidos. A talido- • Benefícios potenciais. Tal como descreve o capí-
mida, registada inicialmente, em 1957, para tratar tulo 2, as possibilidades de promoção do desenvolvi-
náuseas matinais das mulheres grávidas, resultou em hor- mento humano através das transformações tecnológicas
ríveis defeitos de nascimento em milhares de crianças são imensas nos países em desenvolvimento. Nalguns
de todo o mundo, tendo sido banido no início dos anos casos, os benefícios esperados são pelo menos tão
de 1960. Mas outros horrores estiveram escondidos grandes como os riscos.
durante décadas. Os Clorofluorocarbonetos (CFC), • Custos de inércia versus custos de mudança.As
inventados em 1928, eram largamente utilizados nos re- novas tecnologias melhoram frequentemente as que
frigeradores, latas de aerossol e condicionadores de ar. vão substituir: o jacto moderno, por exemplo, é mais
Só em 1984 – mais de 50 anos depois – se tornou uma seguro do que o aeroplano a hélice. Se os operários
evidência convincente a sua ligação com o esgotamento tivessem sido bem sucedidos na proibição da adopção
da camada de ozono e o aumento dos cancros da pele, dos teares mecânicos giratórios, a Inglaterra teria im-
em países mais expostos aos raios ultravioleta. Ainda uti- pedido o crescimento de produtividade que permitiu
lizado em muitos países, os CFC deverão ser retirados o crescimento irreversível do emprego e dos rendi-
até 2010. mentos.
As sociedades respondem a estas incertezas procu- • Meios de gestão dos riscos. Muitos perigos po-
rando maximizar os benefícios e minimizar os riscos das tenciais podem ser geridos e as suas possibilidades re-
mudanças tecnológicas. Fazer isto não é fácil: gerir tal duzidas através da investigação científica sistemática,
QUADRO 3.1
Posições de política em relação às culturas geneticamente modificadas – as escolhas para os países em desenvolvimento
Biosegurança Sem análise cuidadosa; Análises, caso a caso, princi- Análises, caso a caso, por Nenhuma análise cuida-
apenas análise simbólica ou palmente para os riscos pro- dúvidas científicas devidas dosa, caso a caso; assun-
autorização baseada nas vados, dependendo do uso à novidade do processo ção do risco devido aos pro-
autorizações de outros países projectado do produto de desenvolvimento cessos de desenvolvimento
Segurança alimentar Nenhuma distinção reguladora Distinção feita sobre Rotulagem compreensiva de Proibição das vendas
e escolha do consumidor entre alimentos modificados alguns rótulos de alimentos, todos os alimentos modifica- de alimentos geneticamente
e não modificados mas sem exigir a separação dos, exigidos e impostos modificados, ou exigência
na análise ou rotulagem dos canais de mercado com separação de mercado de rótulos de advertência,
para segurança alimentar que estigmatizam os
alimentos modificados
como não seguros
Investimento Recursos públicos utilizados Recursos públicos utilizados Não são utilizados recursos Não são utilizados financia-
na investigação pública no desenvolvimento na adaptação local públicos significativos na mentos públicos ou de
e adaptação local da tecnologia de culturas investigação ou adaptação doadores para a adaptação
da tecnologia modificadas, mas não de culturas modificadas; ou desenvolvimento da
de culturas modificadas no desenvolvimento os doadores concedem finan- tecnologia das culturas
de novos transgénicos ciamento para a adaptação modificadas
local das culturas modificadas
Comércio Promoção de culturas Restrições à importação As importações de sementes Bloqueamento das impor-
geneticamente modificadas de produtos primários e matérias modificadas são tações de sementes e plantas
para reduzir os custos dos modificados idênticas às dos analisadas ou controladas geneticamente modificadas;
produtos primários e aumentar produtos não modificados, separadamente e mais cuidado- manutenção do estatuto das
as exportações; nenhuma de acordo com as normas samente que os não modificados; não modificadas, na esperança
restrição à importação da Organização Mundial rotulagem exigida para as do mercado de exportação
de sementes modificadas do Comércio importações de alimentos e
ou matérias-primas produtos primários modificados
CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL
A aproximação antyodaya: um caminho para a revolução sempre verde
Os retrocessos ecológicos e sociais das novas técnicas poderoso para o fomento de explorações ecológi- Mahatma Gandhi há mais de 70 anos, quando disse:
de produção de culturas devem-se frequentemente cas, bem como para melhorar a produtividade de "Recorde-se da cara das pessoas mais pobres e mais
às monoculturas, à excessiva aplicação de fertilizantes solos secos e salinos. Cientistas na Índia transferi- fracas que viu e pergunte a si mesmo se os momen-
e pesticidas químicos e à insustentável exploração ram genes do Amarantus para as batatas, para tos de contemplação vão ter alguma utilidade para
do solo e das águas subterrâneas. Simultaneamente, melhorar a qualidade e quantidade de proteínas, e ele". Uma aproximação antyodaya – isto é o desen-
a expansão populacional – associado com o au- dos mangues para culturas anuais, para dar tolerância volvimento baseado na atenção às pessoas mais po-
mento do poder de compra – deixa a maior parte à salinidade. O mapeamento baseado nos sistemas bres – na transposição da desigualdade digital,
dos países em desenvolvimento sem nenhuma opção, de informação geográfica (SIG) e o progresso nas genética e sexual, adoptada nas nossas biocidades na
com excepção de produzir mais em condições de previsões meteorológicas do curto e médio prazo, Índia, provou ser muito eficaz na inclusão dos ex-
diminuição da terra arável e dos recursos de irrigação associados ao desenvolvimento dos mercados e da cluídos na capacitação tecnológica e de qualificações.
per capita. A opção de importação dos alimentos, informação sobre preços, estão a ajudar os agricul- Os meus quase 40 anos de experiência –
aparentemente fácil, só agravará o desemprego rural tores a atingir um equilíbrio correcto entre o uso da começados na Índia, em 1964, com o Programa
em países onde a segurança dos meios de subsis- terra e os factores ecológicos, meteorológicos e de Nacional de Demonstração, sobre milho e arroz,
tência de mais de 60% das famílias rurais dependem marketing. Os avanços são decisivos, dado que a agri- bem como a minha experiência posterior em vários
da agricultura. Como podemos, então, atingir um cultura fornece o mais amplo caminho para o novo países asiáticos e africanos com os sistemas de Cul-
crescimento contínuo da produtividade biológica emprego através de empresas ambientais – tais tivo Sustentado do Arroz e de Mulheres nas Redes
sem associá-lo com danos económicos e sociais? como a reciclagem de resíduos sólidos e líquidos, a de Cultivo do Arroz, do Instituto de Investigação
Felizmente, entrámos na era da Internet, dos bioterapia, ecotecnologias desenvolvidas pela com- Internacional sobre o Arroz – levaram-me a conside-
genomas e dos proteomas. As últimas três décadas binação de conhecimentos tradicionais com a ciên- rar duas directrizes básicas na concepção de pro-
indicam que a transformação tecnológica de pe- cia moderna, e sistemas de segurança dos alimentos gramas de ensaio e difusão tecnológica:
quenas explorações agrícolas – se baseadas nos e água baseados na comunidade. • Se as demonstrações e ensaios forem organi-
princípios da ecologia, economia, igualdade social A nossa experiência em Pondicherry, Índia, zados nos campos dos agricultores pobres em re-
e sexual e produção dos meios de subsistência – mostrou que os centros de conhecimento rural geri- cursos, todos os agricultores beneficiam. O inverso
podem contribuir, significativamente, quer para a er- dos por mulheres e orientados pelos utilizadores, pode não acontecer.
radicação da pobreza, quer para a integração social. com apoio de computadores e ligados à Internet, aju- • Se as mulheres estiverem capacitadas com in-
A tecnologia tem sido, sem dúvida, um factor im- dam a transpor, simultaneamente, a desigualdade formação tecnológica e qualificações, todos os
portante no alargamento da desigualdade entre ricos entre os sexos e a digital. Sinergias entre tecnologias membros de uma família beneficiam. O inverso
e pobres, desde o início da revolução industrial na e políticas públicas, por um lado, e parcerias entre pode não acontecer.
Europa. Mas, temos hoje oportunidades pouco ha- o público e o privado, por outro, irão conduzirão O caminho antyodaya deve ser o ponto de par-
bituais para incluir a tecnologia como um aliado no ao progresso rápido na criação de novos meios de tida em todos os programas de planeamento do de-
movimento para a igualdade entre os sexos. Pro- subsistência rural e não rural. Mas, é importante en- senvolvimento e de difusão tecnológica, se quisermos
gressos recentes na biotecnologia e nas tecnologias tender, se o mercado for o único determinante nas evitar, no futuro, o crescimento conduzido pela de-
espaciais e de informação estão a ajudar no lança- decisões de investimento na investigação, "os órfãos sigualdade e as práticas ambientais insustentáveis.
mento de uma revolução sempre verde, capaz de ha- permanecerão órfãos" e as desigualdades económi-
bilitar as pequenas famílias a alcançar melhorias cas e tecnológicas aumentarão.
sustentáveis na produtividade e no rendimento por Como podemos assegurar que um movimento
unidade de terra, tempo, trabalho e capital. de revolução sempre verde, baseado nas tecnologias M. S. Swaminathan
A nova genética, envolvendo o mapeamento e genéticas e digitais, é caracterizado pela inclusão so- Vencedor do Prémio Alimentar Mundial
a modificação molecular, é um instrumento cial e sexual? A resposta a esta questão foi dada por de 1987
A revolução tecnológica é, antes de mais, uma questão moderados e níveis elevados de poupança e investimento. Nenhum país beneficiará
nacional – porém, nenhum país beneficiará da nova Não são só as grandes empresas que precisam de esta-
da nova era da
era da informação se ficar à espera que os benefícios bilidade. As pequenas empresas e as explorações agrícolas
caiam do céu. Hoje em dia, as transformações tecno- familiares também dependem dum quadro financeiro informação se ficar
lógicas dependem da capacidade de cada país para es- estável, em que as poupanças estejam seguras e seja pos-
à espera que os benefícios
timular a criatividade da sua população, permitindo-lhe sível recorrer a empréstimos. E elas estão onde normal-
compreender e dominar a tecnologia, inovando e ada- mente começa a inovação e a adaptação tecnológicas. caiam do céu
ptando essa tecnologia às suas necessidades e oportu- Apesar de necessária, esta estabilidade não é sufi-
nidades específicas. ciente. São também necessárias políticas pró-activas de
Para estimular a criatividade, é necessário um am- estímulo à inovação.
biente económico dinâmico, competitivo e flexível. No • A política tecnológica pode ajudar a criar um en-
caso da maioria dos países em desenvolvimento, isto im- tendimento comum, entre os vários actores funda-
plica reformas que promovam a abertura – a novas mentais, acerca do papel central da tecnologia na
ideias, novos produtos e novos investimentos. Con- diversificação económica.
tudo, o papel central no fomento da criatividade cabe • As reformas com objectivo de aumentar a concor-
à expansão das qualificações humanas. Por esse motivo, rência no sector das telecomunicações são essenciais para
a mudança tecnológica aumenta significativamente a im- proporcionar às pessoas e às organizações um melhor
portância que cada país deve dar ao investimento na edu- acesso às tecnologias de informação e comunicação.
cação e nas qualificações da sua população. • Para estimular a investigação orientada para a
Um grande número de países em desenvolvimento tecnologia, os governos podem promover laços entre uni-
está em boa posição para tirar partido das oportu- versidades e empresas – e oferecer incentivos fiscais à
nidades da revolução tecnológica e promover o desen- investigação e desenvolvimento das empresas privadas.
volvimento humano. Outros, porém, deparam-se com • É também essencial estimular o espírito empre-
barreiras consideráveis, como a falta de um ambiente sarial, assumindo o capital de risco uma importância fun-
económico propício à inovação e de instituições e com- damental no estímulo às novas iniciativas de base
petências que permitam adaptar as novas tecnologias às tecnológica.
necessidades e constrangimentos locais.
No entanto, uma política económica adequada CRIANDO UMA VISÃO PARA A TECNOLOGIA
pode fazer a diferença. A chave está em criar um am-
biente que mobilize o potencial criativo da população Os governos deverão executar uma estratégia tecno-
para utilizar e desenvolver as inovações tecnológicas. lógica ampla, em parceria com todos os participantes
fundamentais envolvidos. Diversos governos têm pro-
CRIAÇÃO DE UM AMBIENTE movido o desenvolvimento tecnológico de forma directa.
PROP ÍCIO À INOVAÇÃO TECNOLOGICA Alguns têm subsidiado indústrias de alta tecnologia –
com políticas industriais muitas vezes amplamente criti-
A criação de um ambiente propício à inovação re- cadas porque o governo nem sempre sabe escolher de-
quer estabilidade política e macroeconómica. Veja-se o vidamente os beneficiários. Mas, o que os governos
exemplo das histórias de sucesso na Ásia, assentes numa podem fazer é identificar as áreas em que a sua coor-
forte aposta na educação e saúde, aliada a uma inflação denação é essencial, porque nenhum investidor pri-
baixa, défices orçamentais e da balança de pagamentos vado actuará sozinho – é o caso, por exemplo, da criação
CAIXA 4.1
CRIAR A CONCORR Ê NCIA NOS SERVIÇOS
Previsão tecnológica no Reino Unido – criação de consensos
DE TELECOMUNICAÇÕES
entre os principais participantes
O programa de previsão tecnológica do Reino Actualmente, estão a ser executadas as re-
Os custos das telecomunicações e da Internet são par-
Unido, anunciado em 1993, está a gerar uma comendações do estudo. Por exemplo, a in-
parceria mais estreita entre cientistas e indus- vestigação nas quatro áreas prioritárias – ticularmente elevados nos países em desenvolvimento.
triais para orientar a actividade científica e nanotecnologia, comunicações móveis sem fios, As taxas mensais de acesso à Internet correspondem a
tecnológica financiada com recursos públicos. biomateriais e energia sustentável – está a ser cerca de 1,2% do rendimento mensal médio do uti-
Mais orientada para o mercado e menos con- apoiada através de um esquema de prémios à
duzida pela ciência do que outros projectos investigação. Outro exemplo é a sua aplicação lizador norte-americano típico, em contraste com os
semelhantes, este programa encontra-se na sua na Escócia. A Scottish Enterprise recebe o coor- 614% de Madagáscar,1 278% do Nepal, 191% do
terceira fase. denador deste programa para a Escócia, que Bangladeche, ou 60% do Sri Lanka (quadro 4.1).2
A primeira fase criou 15 painéis de espe- procura promover a previsão como um instru-
Com custos elevados e rendimentos baixos, a
cialistas sobre mercados e tecnologias rele- mento das empresas para reflectirem e reagirem
vantes para o país, cada um presidido por um de forma estruturada às mudanças futuras. Este chave para a disseminação da Internet em grande parte
industrial sénior. Cada painel ficou respon- coordenador trabalha com um vasto conjunto dos países em desenvolvimento é o acesso comunitário.
sável pelo desenvolvimento de cenários do fu- de actores públicos, privados e académicos. Computadores, contas de correio electrónico e ligações
turo na sua área de análise, identificando as Um dos objectivos principais é ajudar cada uma
tendências fundamentais e sugerindo alterna- das empresas a gerir melhor a mudança, o que à Internet são frequentemente repartidos entre vários
tivas de resposta. Em 1995, os painéis apre- é feito mediante a canalização de esforços através indivíduos ou famílias. Telecentros, quiosques de In-
sentaram os seus relatórios a uma comissão de uma série de intermediários empresariais de ternet e centros de aprendizagem comunitária tornam
directiva, que sintetizou as principais con- confiança – organismos industriais, redes em-
os telefones, computadores e a Internet mais acessíveis
clusões e identificou as prioridades nacionais. presariais e organizações de distribuição locais
Na segunda fase, a comissão elaborou um – que têm uma influência sustentável nas e menos dispendiosos para um maior número de pes-
relatório com as principais recomendações di- actividades das empresas. Todos os painéis e gru- soas.
vididas em seis temas: tendências e impactes pos de trabalho enfrentam dois temas trans- Na Tanzânia, a Ademi Communications Interna-
sociais das novas tecnologias; comunicações e versais: desenvolvimento sustentável e educação,
informática; genes e novos organismos, proces- qualificações e formação. tional fornece o primeiro serviço telefónico fiável. Ins-
sos e produtos; novos materiais, sínteses e Na educação e qualificações, a filosofia do talou unidades resistentes e de fácil utilização, capazes
processamento; precisão e controlo na gestão, programa de previsão está sintetizada numa das de efectuar chamadas locais, de longa distância e in-
automação e engenharia de processos; e ques- suas conclusões: "As raízes do nosso sistema
ternacionais. O sistema sem fios desta empresa é muito
tões ambientais. de aprendizagem – salas de aula e anfiteatros
A comissão determinou três categorias como – remontam às necessidades da era industrial flexível, permitindo instalar telefones públicos onde
prioritárias: áreas tecnológicas fundamentais, do século XIX. No início do século XXI, é são mais necessários, independentemente da existência
para as quais era indispensável o desenvolvi- necessário reconstruir o processo de apren- de cabos telefónicos. As pequenas empresas depen-
mento de novos trabalhos; as áreas intermédias, dizagem. Apesar de muitas das instituições
cujos trabalhos precisavam ser reforçados; e as educativas permanecerem, terão um aspecto dentes das telecomunicações foram extremamente bene-
áreas emergentes, onde os trabalhos poderiam ser muito diferente do actual. Tornar-se-ão am- ficiadas.3 No Peru, a Red Cientifica Peruana, o maior
considerados se as oportunidades de mercado fos- bientes sociais de apoio à aprendizagem eficaz, fornecedor de acesso à Internet deste país, criou uma
sem promissores e se fosse possível desenvolver desempenhando novas funções e com res-
rede nacional constituída por 27 telecentros.4
capacidades de nível mundial. ponsabilidades diferentes".
Os custos elevados devem-se, em grande parte, ao
Fonte: UK Government Foresight 2001; Lall 2001.
domínio monopolista do Estado sobre o sector das
telecomunicações na maioria destes países. Sem con-
CAIXA 4.3
Estratégias para estimular a investigação e desenvolvimento na Ásia Oriental
Governos de países da Ásia Oriental têm utilizado tema das chaebol terem criado ineficiências e produtos industriais estratégicos. O sistema fiscal
uma série de incentivos para estimular a investigação estarem agora a ser reformulados, a Coreia é, estabelece a dedução total das despesas com I&D,
e desenvolvimento (I&D) pelo sector privado, ainda assim, um dos mais extraordinários exem- amortização acelerada do equipamento de investi-
apoiando-se numa combinação de financiamento plos de rápida transformação tecnológica. gação e incentivos especiais às empresas instaladas
público e benefícios fiscais para encorajar a I&D no Parque Científico de Hsinchu. O Governo exige,
no interior das empresas, bem como na colaboração Taiwan (Província da China) ainda, às grandes empresas que invistam entre 0,5%
entre agências governamentais, universidades e Tal como na Coreia, o principal estímulo ao de- e 1,5% das suas vendas em actividades de I&D e
sector privado. senvolvimento das actividades de I&D em Taiwan lançou consórcios de investigação de grande di-
(Província da China) veio da orientação para a ex- mensão, co-financiados pela indústria, para de-
Coreia do Sul portação, combinada com medidas para encaminhar senvolver produtos fundamentais, tais como
O Governo coreano apoiou directamente a I&D as empresas para actividades mais complexas e re- motores de automóvel de nova geração ou chips de
privada através de incentivos e de outras formas de duzir a sua dependência em relação à importação memória para computadores mais sofisticados.
apoio. Concedeu às empresas fundos livres de im- de tecnologia. Mas, o Governo taiwanês não pro-
postos para as actividades de I&D (embora es- moveu o crescimento de grandes conglomerados pri- Singapura
tivessem sujeitos a impostos punitivos se não fossem vados. Apesar da estrutura industrial "mais leve" de Em 1991, o Governo de Singapura lançou um
utilizados dentro de um período determinado). Taiwan (Província da China) ter resultado num plano tecnológico quinquenal, envolvendo 1,1 mil
Os fundos também podiam ser investidos no menor crescimento da I&D privada, em compara- milhões de dólares, para promover o desenvolvi-
primeiro fundo coreano de capital de risco, a Em- ção com a Coreia, foi também uma fonte de ener- mento de sectores como a biotecnologia, micro-
presa para o Desenvolvimento Tecnológico da gia – levando à emergência de capacidades de electrónica, tecnologia dos materiais e as ciências
Coreia, ou em esforços de I&D em parceria com inovação mais flexíveis, mais sensíveis aos mercados médicas. Para a despesa em I&D, o plano estabe-
institutos públicos de investigação. O Governo e mais amplamente disseminadas pela economia. leceu uma meta de 2% do PIB em 1995. Um novo
concedeu créditos fiscais, permitindo a rápida O Governo começou por apoiar as capaci- plano, lançado em 1997, duplicou a despesa em
amortização dos investimentos em instalações de dades locais em I&D no final da década de 1950, ciência e tecnologia, direccionando os fundos para
I&D, e redução de impostos e direitos alfandegárias quando a dependência crescente do comércio re- indústrias estratégicas, de forma a assegurar a com-
sobre os equipamentos de investigação. Também forçou a necessidade de desenvolver e diversificar petitividade futura.
utilizou outros incentivos fiscais para promover a as exportações. Em 1979, foi criado um programa Singapura utiliza diversos sistemas para pro-
importação de tecnologias. O Governo concedeu, de ciência e tecnologia para o desenvolvimento mover a I&D no sector privado. O Programa Coo-
ainda, subsídios e empréstimos bonificados de orientado para a energia, automação da produção, perativo de Investigação concede subsídios às
longo prazo às empresas participantes em projec- ciências da informação e ciências e tecnologias dos empresas locais (com participação local de pelo
tos de I&D e benefícios fiscais e fundos públicos materiais. Em 1982, foram acrescentados a esta lista menos 30% das acções) para desenvolverem a sua ca-
aos institutos de I&D, públicos e privados. a biotecnologia, a electróptica, o controlo da hepatite pacidade tecnológica, através da colaboração com
Porém, o principal estímulo à I&D industrial e a tecnologia dos alimentos. Para prosseguir o universidades e instituições de investigação. O Sis-
na Coreia veio menos dos incentivos específicos planeamento estratégico, foi lançado um plano de tema de Incentivos à Investigação nas Empresas
do que da estratégia global – criação de grandes desenvolvimento científico e tecnológico para concede subsídios para o estabelecimento de centros
conglomerados de empresas (chaebol), através 1986-95, cuja meta para a I&D era atingir um valor de excelência nas tecnologias estratégicas, abertos a
da concessão de financiamento, da protecção do correspondente a 2% do PIB em 1995. qualquer empresa. O Sistema de Assistência à I&D
mercado interno para lhes proporcionar espaço Cerca de metade da I&D é financiada pelo Es- concede subsídios para produtos específicos e in-
suficiente para dominarem as tecnologias mais tado. No entanto, a I&D das empresas cresceu, à vestigação de processos que promovam a competi-
complexas e, posteriormente, da sua orientação medida que algumas empresas locais se expandiam tividade das empresas. E a Comissão Nacional para
para os mercados de exportação através do levan- e se transformavam em grandes multinacionais. a Ciência e Tecnologia cria consórcios de investigação
tamento de barreiras de protecção. A estratégia O Governo utilizou, ao longo dos anos, uma varie- para permitir às empresas e institutos de investi-
coreana de promoção da tecnologia proporcionou dade de incentivos para estimular essa I&D, in- gação a reunião dos seus recursos de I&D. Em con-
às chaebol uma base sólida para a exigente pro- cluindo o provimento de capital de risco e de junto, estes sistemas permitiram o crescimento da
dução de massa. Apesar de muitos aspectos do sis- financiamento para as empresas que desenvolvessem parcela da I&D privada para 65% do total.
Fonte: Lall 2001.
CAIXA 4.5
A orientação e o conteúdo são tão importantes como os recursos – lições das estratégias de educação na Ásia Oriental
Ao longo das quatro últimas décadas, os "tigres" da qualificados e instruídos – e o ensino superior cresceu tratégia que combina professores altamente quali-
Ásia Oriental – Hong Kong (China, RAE), Coreia do rapidamente, sobretudo depois de 1980. Na Coreia, ficados e bem remunerados com mais estudantes.
Sul, Singapura e Taiwan (Província da China) – al- a taxa de escolarização superior elevou-se de 16% em Na Coreia, em 1975, os rácios aluno-professor ex-
cançaram um rápido desenvolvimento das qualifi- 1980 para 39% em 1990 e 68% em 1996. cediam 55 no ensino primário e 35 no ensino se-
cações humanas, preparando as suas populações para cundário, comparado com as médias de 36 e 22,
um rápido progresso na adaptação de novas tecno- Financiamento privado do ensino pós-básico respectivamente, dos países em desenvolvimento.
logias. Os seus sucessos sugerem algumas estratégias A Ásia Oriental adoptou uma abordagem original do Mas, a Coreia também paga aos seus professores do
que os países menos desenvolvidos poderiam ter em financiamento da educação, apoiando-se em fontes início e do meio de carreira salários mais elevados,
conta e adaptar às suas próprias circunstâncias. privadas para uma fatia relativamente grande da em relação ao PNB per capita, do que os de qual-
Uma lição fundamental: a orientação e o con- despesa, em particular no último ciclo do secundário quer outro país da OCDE.
teúdo da educação são tão importantes como a e no superior. E alguns países dependeram larga-
afectação de recursos. Estes países não só investi- mente do sector privado para prover o ensino su- Aprendizagem ao longo da vida
ram no ensino básico mas, também, apostaram em perior. Na Coreia, em 1993, as instituições privadas A formação contínua foi considerada como decisiva
currículos orientados para a tecnologia nos níveis foram responsáveis por 61% das inscrições no 2º ciclo para o desenvolvimento das qualificações humanas,
mais elevados de ensino. Estes investimentos nas do secundário e 81% no ensino superior. num contexto de rápida mudança tecnológica. À me-
qualificações eram parte de uma estratégia de de- O papel predominante do sector privado na dida que os países da Ásia Oriental se tornavam mais
senvolvimento conduzido pelas exportações, que oferta de ensino levanta questões importantes sobre sofisticados, os governos e as empresas foram con-
forneceu os sinais da procura em relação às quali- a equidade no acesso. Os países têm adoptado frontados com pressões no sentido da provisão de
ficações necessárias para melhorar a competitividade. diferentes abordagens para enfrentar esta questão. sistemas de ensino e formação eficazes. Na Coreia,
A despesa pública de educação era muito A Coreia orienta os recursos públicos para o ensino em 1967, na sequência da entrada em vigor da Lei
baixa na Ásia Oriental, à volta de 2,5% do PIB em básico e é mais selectiva em relação à combinação de Formação Profissional, o Governo criou institutos
1960, na maior parte dos países. Em 1997, a média de recursos públicos e privados para os níveis su- públicos de formação profissional bem equipados
regional era ainda de apenas 2,9%, bem menos do periores. Singapura mantém um envolvimento rela- e programas subsidiados de formação nas empre-
que a média de 3,9% no total dos países em de- tivamente forte do Estado na administração e sas. Nos anos de 1970, quando o Governo procu-
senvolvimento e a média de 5,1% na África Sub- financiamento da educação, em todos os níveis. rava desenvolver as indústrias pesadas e químicas,
sariana. No entanto, à medida que os países da Os dados disponíveis mostram que as institui- promoveu escolas secundárias profissionais e esco-
região cresciam rapidamente, também crescia o ções financiadas pelo sector privado têm custos las técnicas pré-universitários para satisfazer a
nível absoluto de despesas com a educação. E a des- unitários de funcionamento mais baixos. Nem procura crescente de técnicos. O Governo também
pesa de educação também se expandiu enquanto todos os países em desenvolvimento podem criou instituições públicas de ensino e investigação
proporção do rendimento nacional, em parte através apoiar-se no financiamento privado, mas a combi- para oferecer cientistas e engenheiros de qualidade
do crescimento da despesa privada. nação dos financiamentos público e privado nos elevada, como o Instituto Coreano de Ciência e
níveis mais elevados de ensino com o financia- Tecnologia, em 1967, e o Instituto Avançado de
Evolução das prioridades nas estratégias mento público no ensino primário e 1º ciclo do se- Ciência e Tecnologia da Coreia, em 1971.
de educação cundário constitui uma opção – desde que a O Governo de Singapura tomou iniciativas
A Ásia Oriental deu prioridade ao ensino básico possibilidade de acesso ao ensino superior esteja as- semelhantes, lançando uma série de programas de
logo na fase inicial do seu desenvolvimento, al- segurada aos jovens pobres. Neste caso, os dona- formação – Ensino Básico para a Formação de Quali-
cançando a escolaridade básica universal no final dos tivos, empréstimos e subsídios podem ter um papel ficações, em 1983, Formação Modular de Qualifi-
anos de 1970. Este facto facilitou a sua concentração muito útil. cações, em 1987, e Qualificações Nucleares para a
na melhoria da qualidade e no aumento dos recur- Eficiência e a Mudança, em 1987. Nos anos de 1990,
sos para o 2º ciclo do secundário e para o ensino su- Rácios aluno-professor elevados mas salários o Governo também orientou o desenvolvimento da
perior. No ensino superior, as taxas de escolarização atractivos para os professores indústria de tecnologias de informação e comuni-
permaneceram abaixo dos 10% até 1975, contras- As classes de pequena dimensão e a elevada quali- cações, apoiando os estudos nesta área realizados
tando desfavoravelmente com os valores da América dade dos professores são considerados como factores pelas instituições superiores e construindo institutos
Latina. Mas, à medida que os países se desenvolviam, que melhoram a realização dos alunos. No entanto, de formação especializada, bem como institutos em
aumentava a necessidade de trabalhadores mais os governos da Ásia Oriental optaram por uma es- joint-venture com empresas privadas.
QUADRO 4.3
Despesa pública de educação média, por aluno e região, 1997
(estimativa)
Média Primária e secundáriaa Superior
Percentagem Percentagem Percentagem
do PNB do PNB do PNB
Dólares EUA per capita Dólares EUA per capita Dólares EUA per capita
a. Inclui pré-primária.
Fonte: Lee 2001, utilizando UNESCO 2000b..
As transformações tecnológicas actuais estão a fazer os mecanismos internacionais – desde o acordo sobre Uma descoberta num país
avançar as fronteiras da medicina, comunicações, agri- os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual
pode ser utilizada
cultura, energia e fontes de crescimento dinâmico. Além Relacionados com o Comércio (TRIPS) até à atribuição
disso, tais progressos têm um alcance mundial: uma de nomes de domínio pela Internet Corporation for As- em todo o mundo
descoberta num país pode ser utilizada em todo o signed Names and Numbers – não são postos contra os
mundo. O mapa do genoma humano, traçado primeira- utilizadores mais recentes ou implementados para
mente por investigadores no Reino Unido e nos Esta- desvantagem dos que já estão atrasados.
dos Unidos, é igualmente valioso para a investigação Por um lado, as actuais transformações tecnológi-
biotecnológica em todo o mundo. A Internet foi criada cas possuem um enorme potencial na ajuda à erradicação
nos Estados Unidos, mas as consequências das reduções da pobreza. Embora não substituam a necessidade de
drásticas nos seus custos sobre a informação e comu- mobilizar e de fazer melhor uso das tecnologias exis-
nicações aumentam as oportunidades das pessoas em tentes, elas oferecem novas formas de ultrapassar velhos
todos os países. constrangimentos.
Mas as tecnologias concebidas para as carências e As possibilidades envolvem:
necessidades dos consumidores e produtores na Eu- • Vacinas contra a malária, HIV e tuberculose, bem
ropa, Japão ou Estados Unidos não irão, necessaria- como doenças menos conhecidas, como a doença do
mente, ter em conta as necessidades, condições e sono e a cegueira dos rios.
constrangimentos institucionais que enfrentam os con- • Variedades das principais culturas adaptáveis à
sumidores e os produtores dos países em desenvolvi- seca e resistentes aos vírus, da África Subsariana e de
mento. Algumas tecnologias podem ser adaptadas agricultores de terras marginais.
localmente, mas isso exige recursos. Outras, necessi- • Computadores de baixo custo, ligações sem fios,
tam essencialmente de ser reinventadas. Os países em ecrãs digitais de baixa literacia e software de cartões de
desenvolvimento podem fazer imenso para explorar os chip pré-pagos para o comércio electrónico sem cartões
benefícios e gerir os riscos das novas tecnologias – de crédito.
mas as iniciativas mundiais são também cruciais. Porquê • Pilhas de combustível para transportes, energia e
mundiais? Porque o valor da investigação e desen- geração de calor, mais eficientes; tecnologias de biomassa
volvimento atravessa fronteiras e poucos países vão in- modernizadas para produzir combustíveis líquidos e
vestir o suficiente, por sua própria conta, para fornecer gasosos e electricidade; e tecnologias solar e eólica mais
bens públicos a nível mundial. Além disso, o impacte eficientes.
global do avanço tecnológico depende dos elos mais Por outro lado, há muita coisa pelo caminho:
fracos da cadeia. Por exemplo, um controlo insufi- Climas diferentes, exigências diferentes. Muitas
ciente dos impactes das culturas geneticamente modi- das tecnologias necessárias ao progresso na agricul-
ficadas nos países mais pobres pode, em última análise, tura, saúde e energia, diferem significativamente em cli-
afectar os mais ricos. mas temperados e tropicais – compare-se, por exemplo,
Ao nível mundial, são necessárias duas coisas. as suas doenças, pragas, solos e recursos energéticos,
Primeira, mais financiamento público gasto de novas cada um dos quais requer tecnologias adequadas ao con-
maneiras, com a política pública a motivar parcerias cria- texto. Algumas tecnologias podem ser adaptadas para
tivas entre as instituições públicas, indústria privada e ultrapassar a divisão ecológica – especialmente a tec-
organizações não lucrativas. A segunda, uma reavaliação nologia da informação e comunicações – mas outras não
das regras do jogo e da sua execução, assegurando que podem. Uma vacina contra o sarampo não se pode
gias de desenvolvimento, só por si, não têm, não podem jectos. As comunidades virtuais oferecem formas de
Japão
e não serão fornecidas através do mercado mundial. Em- recorrer às qualificações e ao empenho da diáspora
bora os últimos 20 anos tenham assistido a um impor- científica dos países em desenvolvimento. Brasil
China
tante crescimento na excelência da investigação em Além disso, durante os últimos 20 anos, alguns 100
Hungria
alguns países em desenvolvimento, outros não têm países em desenvolvimento criaram centros de investi-
Quénia
ainda uma capacidade de investigação e desenvolvi- gação de nível mundial para um conjunto de novas
Coreia do Sul
mento adequada. Sem esta, eles não podem, livremente, tecnologias (caixa 5.2). Esta mudança permite aos países
Cuba
adaptar as tecnologias mundiais disponíveis às suas ne- em desenvolvimento estabelecer prioridades para a in- 50 Tunísia
cessidades – sem falar em estabelecer as suas próprias vestigação e gera potencial para a cooperação regional.
agendas de investigação para novas inovações. As políti- Os esforços para construir estes centros de investigação
cas nacionais inadequadas são parcialmente respon- beneficiarão duplamente da relevância regional e da
sáveis, mas a perda de emigrantes altamente qualificados, colaboração de nível mundial. 0
a falta de instituições mundiais de apoio e a imple- Os benefícios das comunicações de baixo custo e 1986–88 1995–97
mentação injusta das regras de comércio mundiais, de novos centros de investigação estão reflectidos no Fonte: NSF 2001.
criam barreiras adicionais. crescimento da colaboração internacional na investi-
Este Relatório apela a uma acção em quatro frentes: gação. Ao longo dos últimos 10 anos, ela tem crescido
• Criação de parcerias inovadoras e novos in- em todo o mundo, com investigadores, quer dos países
centivos à investigação e desenvolvimento – moti- em desenvolvimento, quer dos países industrializados,
vando o sector privado, os governos e a comunidade a fazerem artigos de investigação em co-autoria com cien-
científica para juntar os seus esforços na investigação tistas de um número sempre crescente de países,
e desenvolvimento, quer dentro dos países em de- estabelecendo uma comunidade de investigação ver-
senvolvimento, quer através da colaboração interna- dadeiramente mundial. Em 1995-97, cientistas dos Es-
cional. tados Unidos escreveram artigos com cientistas de 173
• Gestão dos direitos da propriedade intelectual – outros países, cientistas do Japão com 127, do Brasil com
alcançando o equilíbrio certo entre incentivos privados 114, do Quénia com 81, da Tunísia com 48 (figura 5.1).
à inovação e interesses públicos em prover acesso às in- Os papéis das comunidades de investigação altera-
ovações. ram-se extraordinariamente, criando novas formas de
• Expansão do investimento em tecnologias para trabalhar. Pense-se na hélice dupla, a estrutura que cria
o desenvolvimento – assegurando a criação e difusão a vida – duas faixas de ADN, entrelaçadas mas não
de tecnologias que são urgentemente necessárias, mas emaranhadas. Poderá esse mesmo equilíbrio ser en-
que são negligenciadas pelo mercado mundial. contrado entre a indústria privada, investigadores uni-
• Prestação de apoio institucional regional e versitários e institutos públicos – quer nos países em
mundial – com regras de jogo justas e com estratégias desenvolvimento, quer nos industrializados – para a
que criem a capacidade tecnológica dos países em de- criação de uma "hélice tripla" que persiga a investigação
senvolvimento. orientada pelas necessidades e sensível às reacções dos
QUADRO 5.1
Quem tem acesso efectivo ao pedido de patentes?
Empresas Institutos públicos Comunidades
Questão multinacionais de Investigação agrícolas
De acordo com a lei Os contractos de trabalho Os contratos de trabalho podem O conceito de inventor
da propriedade intelectual asseguram que os inventores assegurar que os inventores individual é estranho
o inventor tem de ser subordinam a maior parte ou subordinam a maior parte ou em muitas comunidades
designado todos os seus direitos à empresa todos os seus direitos ao instituto e pode gerar conflitos
Os critérios sobre patentes O foco da atenção das empresas Mais centrados na investigação Dado que estes critérios
incluem inovação nos pequenos melhoramentos básica, os institutos não podem, têm pouco a ver com o
e acto inventivo cumpre normalmente frequentemente, processo de invenção
os critérios cumprir os critérios da comunidade,
são difíceis de cumprir
O aconselhamento jurídico As empresas possuem Os institutos têm pouca capacidade As comunidades não podem,
de advogados especializados departamentos jurídicos interna e acesso limitado normalmente, suportar os
em patentes é dispendioso internos e fácil acesso a consultoria especializada custos ou obter aconselha-
a consultores especializados dispendiosa mento básico ou especializado
Os detentores de patentes devem As empresas utilizam tácticas Os institutos não têm, As comunidades consideram
defender as suas patentes agressivas, utilizando os pedidos frequentemente, defesa forte quase impossível monitorizar
ao abrigo da lei civil de patentes para reclamar de patentes e desistem, – sem falar em confrontar –
o seu espaço de mercado perante as pressões políticas, as infracções às patentes
de enfrentar o sector privado em todo o mundo.
Fonte: UNDP 1999a.
Em todo o mundo, 36 milhões de pessoas vivem vendas – conhecido como licenciamento compul-
com HIV/SIDA. Cerca de 70% destas estão na África sivo. A questão é que estas medidas podem tornar-
Subsariana – um em cada sete quenianos adultos, um se em prática quando são mais necessárias.
em cada cinco sul-africanos, um em cada quatro zim-
babwenses e um em cada três botswanos. Esta epi- Prover acesso aos medicamentos é apenas uma parte
demia tem sido comparada à peste do século XIV que do combate à SIDA – mas é uma parte importante.
varreu toda a Europa-só que agora existem trata- Pode aumentar significativamente a qualidade e du-
mentos salvadores. Desde 1996, uma combinação ração de vida das pessoas já infectadas, assim como
de três medicamentos anti-retrovirais reduziu ex- ajudar a prevenção, encorajando outras a fazerem
traordinariamente as mortes por SIDA nos países in- testes, e reduzir a transmissão do vírus de mãe para
dustrializados. filho. Mais, tais medicamentos podem dar uma mo-
tivação muito necessária para melhorar os sistemas
Estes medicamentos salvadores são produzidos sob de distribuição de serviços de saúde em países em
patente por algumas empresas farmacêuticas nos desenvolvimento. Contudo, em Dezembro de 2000,
Estados Unidos e Europa. Antes da Ronda do os anti-retrovirais estavam avaliados mundialmente
Uruguai das negociações do Acordo Geral Sobre Tar- em 10.000 a 12.000 dólares, por paciente, ao ano,
ifas e Comércio (GATT), durante a qual o acordo longe de serem comportáveis para governos de países
sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade In- onde vivem as pessoas mais afectadas. Àquele preço,
telectual Relacionados com o Comércio (TRIPS) em 1999, a prestação de tratamento teria custado ao
foi adoptado, 50 países não davam protecção de Quénia pelo menos o dobro do seu rendimento na-
patentes aos produtos farmacêuticos, o que lhes cional e à Zâmbia mais do triplo (ver quadro). Em
permitia produzir ou importar versões genéricas de consequência, apenas 0,1% dos 25 milhões de pes-
baixo custo de medicamentos patenteados. Tal soas com HIV/SIDA na África Subsariana têm
atribuição de patentes foi introduzida em França ape- acesso a estes medicamentos salvadores.
nas em 1960, na Alemanha em 1968, no Japão em
1976 e na Itália, Suécia e Suíça em 1978. No entanto, Estão a ser desenvolvidas duas respostas conjugadas
o TRIPS exige patentes de produtos para 20 anos a a esta situação urgente: o estabelecimento dos preços
todos os membros da Organização Mundial de dos medicamentos de marca, por níveis, e a pro-
Comércio. dução de medicamentos genéricos.
Ao mesmo tempo, o acordo permite aos países in- Várias iniciativas estão em curso para estabelecer
cluírem, nas legislações nacionais, salvaguardas con- preços diferenciados para os medicamentos de
tra os monopólios de patentes que poderiam ser marca. A iniciativa de Aceleração do Acesso foi
prejudiciais em circunstâncias extraordinárias de in- lançada em Maio de 2000 pelo Programa Con-
teresse público. O acordo não impede os países de junto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA e
importarem medicamentos de marca que são vendi- cinco das maiores empresas farmacêuticas:
dos mais baratos noutros países – conhecidos como Boehringer Ingelheim, Bristol-Myers Squibb, F.
importações paralelas. E, em alguns casos, permite Hoffman-La Roche, GlaxoSmithKline and Merck.
aos países utilizarem patentes sem a permissão do seu As reduções dos preços têm sido negociadas por
detentor, em troca de um royalty razoável sobre as empresa e por país e, até Abril de 2001, os Ca-
marões, Costa do Marfim, Mali, Ruanda, Senegal
e Uganda negociaram preços que devem ser de
1.000 a 2.000 dólares por pessoa, ao ano. Mas,
As diferenças na capacidade de financiar o tratamento da SIDA em 1999
este processo não tem seguido, na prática, as ex-
Suíça Quénia Uganda Zâmbia pectativas: negociações lentas são contrárias à
urgência da crise da SIDA e, com os termos dos
Popula o 7 milh es 30 milh es 23 milh es 10 milh es
acordos mantidos em segredo, alguns críticos sus-
Pessoas com HIV 17.000 2.100.000 820.000 870.000
peitam que as reduções de preços dependem da in-
Custo do tratamento de todos os infectados
trodução de legislação ainda mais rigorosa sobre
com medicamentos antiretovirais, a pre os
a propriedade intelectual. Eles têm apelado a re-
de mercado mundiais, a cerca de 12.000 d lares
duções de preços mais acentuadas, indiscrimi-
por pessoa ao ano (d lares) 204 milh es 25 milh es 10 milh es 10 milh es
nadas e anunciadas publicamente. A Merck, Abbott
Custo do tratamento em % do PIB 0,08 238 154 336
Laboratories, Bristol-Myers Squibb e Glaxo-
Despesa p blica com cuidados
-SmithKline deram passos nessa direcção em Março
de sa de em % do PIB, 1998 7,6 2,4 1,9 3,6
de 2001 – o começo promissor daquilo que precisa
Despesa total com cuidados
tornar-se, urgentemente, uma tendência geral.
de sa de em % do PIB, 1998 10,4 7,8 6.0 7,0
lhor opção é uma abordagem administrativa que e aplicada e mesmo através de experiências clínicas.
Vendas de produtos farmacêuticos possa ser aerodinâmica e processual. Mas uma vez transferidos sob licença exclusiva para
no mercado mundial, 2002
• Medidas governamentais fortes. O acordo as empresas farmacêuticas para desenvolvimento,
Percentagem dos rendimentos previstos TRIPS dá aos governos amplos poderes para au- acabam por ser patenteados e comercializados a
torizar o uso de patentes para uso público não preços de monopólio. Entender os verdadeiros cus-
comercial e esta autorização pode ser acelerada, tos da investigação e desenvolvimento para a indús-
América do Norte 41,8 sem as habituais negociações. Nenhum país em tria farmacêutica é fundamental para avaliar o impacte
desenvolvimento devia ter medidas de utilização dos medicamentos genéricos nos incentivos ao in-
públicas mais fracas do que a lei alemã, irlandesa, vestimento. Uma análise de séries de valores pode ser
britânica ou norte-americana sobre tal prática. utilizada para decompor os custos de cada etapa,
• Permissão de produção para exportação. mas a falta de dados transparentes da indústria cria
A legislação deve permitir a produção para expor- avaliações divergentes. Uma alternativa para discu-
tação, quando a falta de concorrência numa classe tir os dados é criar uma entidade pública, ou não lu-
Europa 24,8 de medicamentos tenha dado ao mercado mundial crativa, de desenvolvimento de medicamentos, para
produtor um poder que impede o acesso a medica- levar a investigação pública até à etapa final e colo-
mentos alternativos, ou quando os legítimos inter- car os medicamentos resultantes no domínio público,
Japão 11,3 esses do dono da patente estão protegidos no para serem produzidos concorrencialmente e ven-
mercado de exportação – como, por exemplo, didos próximo do custo marginal.
América Latina & Caraíbas 7,5
quando esse mercado fornece uma compensação ra-
Ásia do Sudeste/China 5,0
zoável. Entre Dezembro de 2000 e Abril de 2001, a pos-
Médio Oriente 2,6 • Regras credíveis sobre compensação. A com- sibilidade de tratamento transformou-se, para as
Europa do Leste 1,8
Subcontinente indiano 1,8 pensação tem de ser previsível e fácil de administrar; pessoas com SIDA no mundo em desenvolvi-
Australásia 1,3 as directrizes sobre royalties reduzem a incerteza e mento. O preço do tratamento caiu de, pelo
África 1,3
CEI 0,8 aceleram as decisões. A Alemanha tem usado taxas menos, 10.000 dólares para menos de 600 dólares
de 2 a 10%, enquanto no Canadá o Governo costu- por pessoa, ao ano. Esta oportunidade deve ser
mava pagar royalties de 4%. Os países em desen- levada à prática. Em Março de 2001, o governo
Fonte: IMS HEALTH 2000.
volvimento poderiam ter um prémio extra de 1 a 2% do Botswana agarrou esta oportunidade, anun-
para produtos de valor terapêutico especial e menos ciando que ela iria proporcionar acesso nacional
Indústrias lucrativas – 1 a 2% quando a investigação e desenvolvimento livre aos antiretrovirais. Globalmente, os recur-
Produtos farmacêuticos no topo da lista tenha sido parcialmente coberta por fundos públi- sos têm de ser mobilizados para criar um trust
cos. fund para prevenção e tratamento do HIV/SIDA,
Retorno médio sobre o rendimento para
500 empresas Fortune, 1999 (percentagem)
• A discussão exige divulgação. O ónus deverá cair que poderia ser administrado pelas Nações
sobre o detentor da patente para apoiar reclamações Unidas, com base em medicamentos – incluindo
20
de que a taxa do royalty é inadequada. Isto ajudará genéricos – oferecidos ao melhor preço mundial.
Produtos farmacêuticos a promover a transparência e a desencorajar recla- Em Abril de 2001, o Secretário-geral das Nações
mações intimidadoras mas injustificadas. Unidas, Kofi Annan, apelou a uma grande cam-
Bancos comerciais
panha para angariar 7 a 10 mil milhões de dólares
15 Incentivos à investigação e desenvolvimento anualmente para um fundo mundial destinado à
As empresas produtoras de fármacos de marca batalha contra o HIV/SIDA e outras doenças in-
reclamam que a concorrência dos genéricos vai fecciosas.
Telecomunicações corroer os seus incentivos para investir na investi-
10 gação e desenvolvimento longa e onerosa, a qual Uma solução a mais longo prazo envolve a criação
dura 12 a 15 anos e custa 230 a 500 milhões de da capacidade de fabrico de produtos farmacêuti-
Computadores, dólares, por cada medicamento. Mas, as ameaças cos nos países em desenvolvimento. Em Março de
equipamento de escritório da concorrência dos genéricos são contestáveis. 2001, o Parlamento Europeu apoiou o uso do li-
Produtos químicos A África deverá contribuir para apenas 1,3% das cenciamento compulsivo e apelou à cooperação
5 Companhias de aviação
vendas de fármacos, em 2002 – dificilmente uma tecnológica para reforçar a capacidade produtiva dos
parcela de mercado passível de influenciar as de- países em desenvolvimento. Um apoio mais amplo
cisões de investimento mundial (ver figura em cima, a estas medidas, seguido de acção, será essencial para
à esquerda). assegurar que tal crise de acesso não ocorrerá de
0 novo, quer com o HIV/SIDA, quer com futuras epi-
Para além disso, a alta rendibilidade da indústria demias de saúde.
Fonte: Fortune 2000. farmacêutica incitou a uma maior exploração dos cus-
tos contraídos (ver figura em baixo, à esquerda).
Muitos medicamentos da SIDA foram financiados Fonte: Correa 2001 and 2000; Harvard University 2001; Médecins
Sans Frontières 2001a; Love 2001; Oxfam International 2001; Weiss-
com fundos públicos, através de investigação básica man 2001.
Defesa
0
1991–92 1999–2000
CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL
Insistir na responsabilidade: uma campanha para o acesso aos medicamentos
Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) são conhecidos Os médicos dos MSF recusam-se a aceitar esta nova investigação e desenvolvimento. Os activistas
mundialmente pela sua acção de emergência, seja situação. Em nome da ética médica pessoal e dos nos países em desenvolvimento estão a exigir mais
distribuindo abastecimentos médicos em mulas no princípios nos quais os MSF foram fundados, lançá- dos seus governos. E finalmente – embora de-
Afeganistão devastado pela guerra, ou tratando mos a Campanha de Acesso a Medicamentos Essen- masiado lentamente – mais medicamentos estão
crianças subalimentadas no sul do Sudão. Mas, nos ciais para insistir na mudança. O papel dos MSF foi ao alcance dos pacientes. Mas estes são sucessos pe-
últimos anos, temos testemunhado um tipo diferente sempre o de falar sobre as injustiças que teste- quenos, temporários, naquilo que continua a ser
de desastres: os nossos pacientes estão a morrer munhamos na vida dos nossos pacientes. Por isso, uma batalha árdua. Eles não podem substituir as
não apenas devido a inundações, fome, ou minas ter- estamos a exigir que as regras internacionais de soluções políticas reais. Os MSF continuam em-
restres mas, cada vez mais, porque não conseguem comércio tratem os medicamentos como sendo fun- penhados em pressionar para melhorar o acesso aos
obter os medicamentos de que necessitam. damentalmente diferentes de outros bens; que as or- medicamentos, mas desafiam igualmente os gover-
Um terço da população mundial não tem acesso ganizações internacionais de saúde dêem prioridade nos, empresas, organizações internacionais e a so-
a medicamentos essenciais; nas partes mais pobres da aos tratamentos, em paralelo com a prevenção; que ciedade civil para que façam com que isto aconteça.
África e da Ásia, este número cresce para metade. as empresas farmacêuticas baixem os seus preços para
Com demasiada frequência, nos países onde traba- níveis comportáveis; e que os governos nacionais
lhamos, não podemos tratar os nossos pacientes cumpram as suas responsabilidades de protecção da
porque os medicamentos são demasiado caros ou já saúde pública. Em resumo, estamos a exigir um sis-
não são produzidos. Algumas vezes, os únicos medica- tema no qual a saúde pública seja protegida, em vez
mentos de que dispomos são altamente tóxicos ou in- de ser sacrificada às leis do mercado.
eficazes e ninguém procura um remédio melhor. A resposta tem sido encorajadora. O preço dos
Isto não é coincidência. O crescente poder medicamentos da SIDA caiu rapidamente, desde Morten Rostrup, M.D., Ph.D.
dos interesses comerciais, o papel cada vez menor os níveis de 1999. Os medicamentos abandonados Presidente do Conselho Internacional dos
dos governos e uma fuga geral às responsabilidades estão a voltar a ser produzidos. Os doadores dos Médicos Sem Fronteiras, vencedores do
têm-se combinado para criar a corrente crise. países ricos estão a discutir o financiamento de Prémio Nobel da Paz de 1999
NOTAS 119
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