Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
UM ENFOQUE NA CERTIFICAÇÃO
Waldomiro Vergueiro
Professor Associado
Departamento de Biblioteconomia e Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443
São Paulo, SP, Brasil 05508-900
wdcsverg@usp.br
Telma de Carvalho
Diretora Técnica
Serviço de Documentação Odontológica
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
Av. Prof. Lineu Prestes, 2227
São Paulo, SP, Brasil 05508-900
telmac@usp.br
Introdução
Os últimos anos do século 20 caracterizaram-se, entre outras coisas, pelas novas propostas ou
filosofías de gestão, aplicadas nas mais diversas áreas empresariais, tanto nas de produção
como nas de serviço, como resposta à crescente competição do mundo contemporâneo. Desde
o inicio das novas tendências, os programas de qualidade estiveram entre as iniciativas de
maior implementação no mercado, concorrendo e, muitas vezes, até mesmo suplantando
outros modelos de gestão, como a reengenharia e a aprendizagem organizacional, entre outros.
De uma maneira general, as bibliotecas universitárias também foram englobadas nessa busca
pela qualidade, com maior ou menor sucesso. Todavia, em países em desenvolvimento, como
é o caso de Brasil, a aplicação de programas de qualidade em bibliotecas universitárias não
tem sido tarefa das mais fáceis.
Existe um grande número de livros, artigos, folhetos e manuais sobre o tema da qualidade; no
entanto, muito pouco ainda se acha direta ou indiretamente relacionado com unidades
informação ou bibliotecas, de uma maneira geral (FITCH, THOMASON, WELLS, 1993,
JUROW, BARNARD, 1993). Os primeiros livros sobre qualidade em serviços de informação
começaram a ser publicados a partir de 1995 (BROPHY, COULLING, 1996; HERNON,
ALTMAN, 1995; ST. CLAIR, 1995, 1996).
Além dos prêmios nacionais de qualidade no país, deve-se destacar, também, as iniciativas de
adoção e/ou implementação dos programas de qualidade pelos diversos Estados da Federação
brasileira, que igualmente podem ser consideradas como fator estratégico para o
desenvolvimento nacional. O Estado do Amazonas, por exemplo, estimula a competitividade
dos bens e serviços para a melhoria da qualidade e produtividade. Da mesma forma, a
Federação das Indústrias do Estado da Bahia – FIEB, busca promover a adoção dos conceitos
e técnicas de gestão da qualidade pelas empresas e instituições desse Estado. No Paraná, o
Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade – IBQP, oferece a todos aqueles que buscam
a melhoria da Produtividade, associada ao desenvolvimento sustentável, à preservação
ambiental e à melhor qualidade de vida para toda a sociedade. O Programa Pernambucano de
Qualidade - PROPEQ, foi criado com o objetivo de incentivar a implantação dos programas de
gestão de qualidade total nos diversos segmentos sócio-econômicos do Estado. No Rio de
Janeiro, o Programa Qualidade Rio tem por missão promover ações sistemáticas, envolvendo
organizações públicas e privadas, organismos de defesa do consumidor e representantes dos
trabalhadores, de modo a contribuir para o desenvolvimento do Estado
(www.portalqualidade.com.br, 2002).
Nas seções seguintes destacam-se alguns prêmios de qualidade no país, entendendo-se que os
mesmos podem representar exemplos significativos para utilização por parte das bibliotecas
universitárias.
Como uma das ações estratégicas do Programa de Qualidade no Serviço Público, foi
instituído, em 03 de março de 1998, o Prêmio de Qualidade do Governo Federal, cuja
finalidade é reconhecer e premiar as organizações públicas que comprovem, mediante
avaliação feita por uma banca examinadora, “desempenho institucional compatível com as
faixas de reconhecimento e premiação”. Na realidade, ele surgiu tendo por base os processos
de excelência utilizados pelo Prêmio Nacional de Qualidade - PNQ, instituído a partir da
criação da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade, uma entidade privada, sem fins
lucrativos, criada em 1991 por 39 organizações públicas e privadas, exatamente para
administrar esse prêmio.
3) Faixa Ouro: aquela em que a qualidade já está internalizada. Sua liderança e seu
corpo funcional conhecem, compreendem e observam os valores e princípios da
Gestão Pública pela Qualidade, voltando-se para o atendimento dos interesses de seus
usuários (Prêmio Qualidade do Governo Federal. Revista Viva Qualidade, 2002).
Para concorrer ao PQGF, conforme salientado pela Revista Viva Qualidade (2002), as
organizações públicas passam por diversas etapas, como a elaboração de um relatório sobre as
práticas gerenciais que desenvolvem, no qual devem ser destacados aspectos do seu sistema de
liderança, as formas como estimulam a postura ética e responsabilidade pública dos
servidores, o seu processo de planejamento estratégico, além do desdobramento deste em
planos de ação, a apresentação dos mecanismos adotados para manter um relacionamento
bilateral produtivo com os usuários, a estruturação do sistema interno de informações e a sua
utilização no processo de tomada de decisão e as práticas de promoção do desenvolvimento
profissional e o comprometimento das pessoas com a organização e com o trabalho. A partir
das informações apresentadas em cada relatório, as instituições são avaliadas por uma banca
examinadora, que, ao final, lhe atribuirá pontuação dentro de uma escala de zero a 500. As que
obtiverem melhores pontuações serão habilitadas para a etapa de avaliação "in loco", sendo
visitadas pela equipe de examinadores para verificação das práticas gerenciais descritas. Ao
fim da etapa de visitas, uma banca de juízes indicará o nome das finalistas, dentre as quais o
Conselho do PQGF decidirá aquelas que serão reconhecidas e/ou premiadas.
Os prêmios de qualidade acima descritos podem ser entendidos como possibilidades concretas
para aplicação pelas bibliotecas universitárias que almejem instituir a qualidade em serviços
como o principal diferenciador de sua atuação institucional. Neste sentido, quando
comparados com o processo de certificação ISO9000, os prêmios têm a grande vantagem de
ter um custo bem inferior, na medida em que, em geral, o mais alto custo é representado pelo
pagamento da inscrição. Apenas no caso de bibliotecas universitárias com mais de 100
funcionários haveria uma despesa adicional, incluindo o pagamento de deslocamento, estadia
e alimentação dos examinadores, caso ocorra a visita dos mesmos às instalações (Prêmio
Qualidade RS 2002, p. 14).
No entanto, ainda que o custo seja significativamente menor, é discutível se a maioria das
bibliotecas universitárias brasileiras terá condições para, sozinhas, atenderem a todos os
requisitos dos prêmios de qualidade. Pode ser necessária a utilização de assessores
especializados em processos de certificação, que indicarão às gerências e às equipes das
bibliotecas as providências necessárias para atingir os objetivos da premiação. Existem
motivos para acreditar que, antes de se pensar em preitear os prêmios de qualidade, é também
necessário um “estágio” de organização interna dos serviços, para que eles possam
minimamente ambicionar atingir os critérios de excelência propostos.
A maior parte das bibliotecas universitárias brasileiras ainda precisa ser conscientizada sobre
os benefícios da sistematização dos processos de qualidade. A experiência demonstra que
iniciativas relativamente simples de busca da qualidade, como, por exemplo, a implantação da
técnica do “5 S”, pode encontrar dificuldades, muitas vezes intransponíveis, para sua
aplicação, comprometendo o avanço para novos patamares. Por outro lado, um programa
como esse pode ser a primeira etapa para alavancar o processo de implantação da qualidade
em bibliotecas, conscientizando a equipe de profissionais, em todos os níveis, sobre suas
responsabilidades e compromissos em relação à questão. É o que testemunha Márcia Saad, da
biblioteca central da Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiroz”, da Universidade de
São Paulo (ESALQ), ao relatar sua experiência de busca de um programa formal de qualidade:
“com relação à nossa implantação do Sistema de Gestão de Qualidade na biblioteca,
começamos por volta de setembro/1998 com a aplicação da técnica do “5 S” como uma forma
de estar desenvolvendo e energizando toda a equipe. A linguagem também foi treinada (...)
Depois vieram todas as outras técnicas (...) que são as UGBs, PDCAs” (BRITO et al, 2001, p.
48).
Além do que foi acima citado, é importante lembrar que o processo de preparação para a
obtenção dos prêmios de qualidade é necessariamente prolongado, exigindo dos gerentes uma
posição firme em relação à questão. É importante que estes possibilitem a inserção total de
suas equipes na busca dos prêmios e evitem restrições à implementação da qualidade em suas
bibliotecas, garantindo, desta forma, maiores benefícios para seus clientes.
Conclusão
Referências
ASSER, M. The demand for quality. Library Management, v. 14, n. 4, p. 13-16, 1993.
de junho de 2002.
COSTA, M. F. T. de J. F., LIMA, E. B. de. Implantação da gestão pela qualidade total – GQT
DOCUMENTAÇÃO, 17, Belo Horizonte, 1994. Anais... Belo Horizonte : Associação dos
FITCH, D. K., THOMASON, J., WELL, E. C. Turning the library upside down:
1996.
advantage for the information revolution. IFLA Journal, v. 21, n. 4, p. 265-73, 1995.
MACKEY, T., MACKEY, K. Think quality! The Deming approach does work in libraries.
ROLT, Miriam Inês Pauli de. O uso de indicadores para a melhoria da qualidade em
pequenas empresas . Florianópolis : 1998. Dissertação (Mestrado em Engenharia)
Universidade Federal de Santa Catarina. Cap. 4 [Disponível em
http://www.eps.ufsc.br/disserta98/rolt/cap4.html] <Acesso em 28 de maio de 2002>
ST. CLAIR, G. Customer service in the information environment . London : Bowker Saur,
1995.
ST. CLAIR, G. Total quality management in information sciences. London : Bowker-Saur,
1996
qualidade e sua implantação na Rede de Bibliotecas da UNESP: relato de uma experiência. In:
WHITE, M. D., ABELS, E. G. Measuring service quality in special libraries: lessons from