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Crimes ambientais e responsabilidade penal objetiva.

Autor: Guilherme José Purvin de Figueiredo. Diretor Geral da


Escola Superior do Instituto Brasileiro de Advocacia Pública.

O Brasil é um dos países que consagra a regra da responsabilidade civil objetiva


decorrente de danos ao meio ambiente. Isto significa que, em nosso país, não é
preciso apurar se o agente poluidor praticou o ato ambientalmente lesivo por
culpa ou por dolo: basta que esteja configurado o nexo de causalidade entre o ato
e o dano para que seja imputada a responsabilidade civil — entenda-se, o dever
patrimonial de reparar o dano.

Tal regra merece aplausos por parte da doutrina abalizada e dos movimentos
ambientalistas. Com efeito, seria um enorme fardo exigir da população atingida
pela poluição atmosférica provocada por uma indústria que provasse que a
emissão de gases e vapores prejudiciais à saúde pública e em desacordo com os
limites estabelecidos em lei se deveu à intenção manifesta do poluidor de causar o
dano ambiental ou, no mínimo, por negligência, imperícia ou imprudência.

O Direito Internacional do Meio Ambiente desde a década de 1960 consagra a


regra da responsabilidade civil objetiva para determinados danos, como aqueles
causados por poluição por óleo nos mares. Em determinadas hipóteses, nosso
ordenamento nacional foi ainda mais longe. Assim, dada a gravidade de que se
reveste a ocorrência de uma acidente nuclear, desde 1977 a Lei Federal 6.453
prevê a responsabilidade (civil) sem culpa do agente causador do dano ambiental.
Todavia, a fim de que a matéria não viesse a ser flexibilizada futuramente pelo
legislador ordinário, veio ela a ser tratada também na Constituição Federal que,
em seu art. 21, inciso XXIII, letra "c", dispõe que a responsabilidade civil por danos
nucleares independe da existência de culpa.

Por outro lado, a importantíssima Lei Federal 6.938/81 (Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente), consagrada genericamente em nosso ordenamento jurídico
ambiental a responsabilidade civil por qualquer espécie de lesão ao meio
ambiente.

Não há, porém, que se aplicar analogicamente a Lei 6.838/81 na interpretação da


Lei 9.605/98 (a conhecida "Lei dos Crimes Ambientais"). A interpretação das
normas penais desta lei devem obediência, evidentemente, aos princípios
basilares do Direito Penal. E não há como cogitar da aplicação da regra da
responsabilidade sem culpa (válida para os aspectos cíveis do Direito Ambiental)
no campo penal.

A prevalência da tese da responsabilidade penal objetiva, na verdade, constituiria


um gravíssimo retrocesso em nosso ordenamento jurídico, notadamente no campo
dos Direitos Humanos. Sustentar que o agente causador de um dano ambiental
deva responder criminalmente por um ato que ele não praticou por culpa ou por
dolo significaria, na verdade, adotar valores obscurantistas e incompatíveis com o
estágio contemporâneo de nossa civilização.
Não é preciso ir longe para vislumbrar as conseqüências funestas que adviriam
para a nossa incipiente democracia caso tal heresia jurídica (e que,
surpreendentemente, já foi ouvida mais de uma vez no meio acadêmico) viesse a
ser consagrada: ante a possibilidade de vir a ser privado de sua liberdade em
decorrência da mera configuração do nexo de causalidade entre o dano e o ato
praticado (sem a perquirição da existência de culpa ou dolo do agente), quem se
arriscaria a aceitar um posto trabalho no qual pudesse de alguma forma vir a
provocar um dano ambiental tipificado penalmente pela Lei 9.605/98?

O que a Lei 9.605/98 consagrou, em cumprimento ao disposto no art. 225, § 3°, da


Constituição Federal, foi a responsabilidade penal da pessoa jurídica — este sim
um grande avanço do Direito Brasileiro na luta contra a impunidade diante de
crimes ambientais. Nesse sentido, é de uma importância vital que os recentes e
consecutivos acidentes ecológicos ocorridos em nosso país por uma mesma e
riquíssima sociedade de economia mista estatal (pessoa jurídica de direito privado,
portanto), sejam investigados com a seriedade que merecem, em especial para
fins de ressarcimento civil dos danos causados. As sucessivas reincidências de
danos ambientais, por outro lado, constituem uma importante razão para que se
comece a pensar também no desdobramento das investigações para a esfera
criminal

Todavia, para que seja configurada a responsabilidade penal, seja de pessoas


físicas ou jurídicas, será necessário apurar o dolo ou a culpa (negligência,
imperícia ou imprudência) dos agentes responsáveis. Não nos esqueçamos de que
o Direito Ambiental está permeado dos valores que inspiram os Direitos Humanos,
da mesma forma que o Direito Internacional dos Direitos Humanos está
indissoluvelmente atado à proteção do meio ambiente. Defender a
responsabilidade penal sem culpa por danos ao meio ambiente será antes de mais
nada afrontar a dignidade humana.

Guilherme José Purvin de Figueiredo. Diretor Geral da Escola Superior do Instituto


Brasileiro de Advocacia Pública e Professor do Curso de Especialização em Direito
Ambiental da Faculdade de Saúde Publica da USP.

" Há muita diferença entre muitas pessoas trabalho juntas - isso é uma equipe - e
todas trabalhando juntas - isso sim é um grupo" - Fela Moscovici

Email enviado em: terça 14/12/2004 11:54


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Assunto: SESMT Crimes ambientais e responsabilidade penal objetiva

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