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Previdência Social superavitária desmente contas do governo


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“Previdência Social superavitária desmente


Denise Lobato Gentil: contas do governo”

“A conta não fecha”. Este é o principal argumento de técnicos do governo e especialistas quando o
assunto é a Previdência Social. Entretanto, quando em 2003, o governo arrecadou mais de R$ 189
bilhões pela Seguridade Social, a despesa, com a área ficou na ordem de R$ 153 bilhões, ou seja,
houve pelo menos um superávit de R$ 36 bilhões. Mesmo assim, porta-vozes do Planalto indicaram um
déficit de R$ 27 bilhões. Tal disparidade instigou a economista Denise Lobato Gentil, professora do
Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), a pesquisar sobre o fluxo
de caixa do sistema previdenciário e a cantinela sobre o rombo. Após três anos de estudos, Denise
defendeu, no final de 2006, a tese de Doutorado intitulada Política fiscal e a falsa crise da
Seguridade Social no Brasil: uma análise financeira do período de 1999 a 2005. Nesta entrevista, a
professora demonstra com dados a perversidade do governo no roubo ao patrimônio dos brasileiros.
Bruno Dias previdenciário e o saldo operacional. O resultado
previdenciário dá negativo, pois o governo utiliza
◄ Denise Lobato Gentil
apenas a arrecadação da folha de salários para
- Explique o sistema de arrecadação mostrar que a Previdência é deficitária. Já o saldo
da Previdência Social. operacional aponta superávit em quase todos os anos
- A previdência faz parte de um sistema, pesquisados. O sistema previdenciário é parte de um
o da seguridade social, composto pela sistema complexo, mas o governo se recusa a admitir
saúde, previdência e assistência social. as demais fontes, embora esteja claramente disposto
Este sistema possui seis fontes de no artigo 195 da Constituição Federal.
ingresso de recurso: a receita sobre a
folha de salários, ou seja, os valores arrecadados pelo - Logo, o sistema é superavitário?
INSS; a contribuição sobre o lucro líquido das pessoas - Sim, tanto o sistema previdenciário como o de
jurídicas (CSLL); a arrecadação recolhida sobre o Seguridade Social. A Previdência tem o papel de repor
faturamento das empresas (Confins); 11% da CPMF; renda, não apenas em função do envelhecimento da
os recursos do PIS/PASEP e a receita de concursos e população através da concessão de aposentadorias,
prognósticos, o dinheiro arrecadado nas loterias mas também por uma série de benefícios para os
federais. Parte do meu trabalho foi levantar esses trabalhadores da ativa, como auxílio-doença. Auxílio-
números e apresentar como foram aplicados. acidente, licença maternidade, auxílio-reclusão, entre
outros. São fontes de renda de extrema importância
- Como o governo utiliza esses recursos? para trabalhadores temporária ou definitivamente fora
Para os cálculos da Previdência, a União utiliza apenas do universo do trabalho, seja por desemprego, doença,
uma fonte, a receita de arrecadação sobre a folha de acidente ou por velhice. Mas com a insistência do
salários. Com cálculo muito restritivo e enviesado, o governo em limitar a realização de política
resultado é deficitário desde 1997, e assim continuará previdenciária a apenas uma fonte de receita, exige
neste cenário de baixo ritmo de crescimento que a sociedade se enquadre num padrão de gastos
econômico. A recessão por nós vivida desde o Plano mínimos, extremamente achatados, para liberar as
Real fez crescer o emprego informal e o desemprego e demais fontes da seguridade para outras despesas
diminuir a receita sobre a folha de salários. Mas, se são eleitas como prioritárias, tais como os gastos com juros
utilizadas todas as fontes de recursos da seguridade da dívida pública.
social, como está no artigo 195 da Constituição
Federal, chega-se à conclusão de que o sistema é não - Para onde vai, então, o montante das demais
apenas superavitário, mas que há um enorme fontes?
excedente de recursos. - O Sistema de Seguridade Social tem uma arquitetura
financeira extremamente sólida e um potencial de
- De que maneira a senhora chegou a esses arrecadação tão grande que chega a ser superior a
números? tudo o que o governo gasta em saúde, previdência e
- Os dados foram colhidos nas planilhas de fluxo de assistência social. Só em 2006, o governo arrecadou
caixa do INSS, disponíveis no Sistema Integrado de R$ 292 bilhões e pagou benefícios com a saúde,
Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). assistência social e previdência na ordem de R$ 241
As planilhas apresentam dois totais: o saldo bilhões, tendo superávit de R$ 51 bilhões. Desse
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montante, 20% são imediatamente retirados do caixa constar do orçamento fiscal, mas é retirada das
pelo liberalismo concedido pela Desvinculação de receitas da seguridade social. Mais uma vez, a
Recursos da União (DRU). A quantia é destinada a Constituição Federal é contrariada. Por fim, há ainda
áreas fora da seguridade social, como o financiamento uma grande soma, usada diretamente para compor o
de ministérios. Com a outra parte, o governo federal superávit primário, ou seja, para ficar disponível para
para os aposentados e pensionistas do funcionalismo as operações financeiras do governo na gestão da
público, ou seja, a parcela da União como empregador. dívida pública
Este montante deveria sair do Tesouro Nacional e

- Como a economia trata esta operação financeira? forma de consumo de bens e serviços e estimulando a
- Chamo esta operação de “esterilização”, pois uma produção e o crescimento, fica retido e estéril nos
parte substancial desse valor arrecadado da população cofres públicos ou em gastos não perceptíveis pela
não é a ela repassada, saindo de circulação. Na sociedade.
verdade, o governo faz uma dupla esterilização: uma
- Quem deveria fazer a fiscalização dessas contas?
esterilização social, pois recolhe e retém receitas que
poderiam proporcionar bens e serviços atendendo a - Existe uma série de mecanismos constituídos que
necessidades imediatas da população; e também uma poderiam causar algum constrangimento ao Executivo,
esterilização econômica dos recursos, pois o dinheiro como a fiscalização do |Tribunal de Contas da União
que poderia estar circulando nas mãos das pessoas, na (TCU) e o próprio Legislativo, no momento da
apreciação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e
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da Lei Orçamentária Anual (LOA). Mas isso não ocorre. sua riqueza na compra de títulos remunerados com
Pelo menos até onde sei, não há pressão suficiente altas taxas de juros. E a mídia tem o papel de distorcer
para fazer mudanças nessa prática orçamentária que e maquiar as informações. Tudo isso corrobora para a
contraria a Constituição Federal e que vem se opinião pública formar a idéia do caos na Previdência.
legitimando há mais de uma década. Tudo se passa à E mais: que esta situação vai se agravar nas próximas
sombra do pragmatismo da política fiscal do governo, décadas com o envelhecimento da população.
da omissão dos parlamentares e da ampla
desinformação da nossa população sobre o tema, - Como é articulado o discurso do envelhecimento?
muito especializado e complexo. - Argumenta-se ser inevitável realizar uma Reforma da
Previdência por conta do envelhecimento progressivo
- A quem interessa o discurso do déficit da da população, causado por baixas taxas de natalidade
Seguridade? e pelo aumento da expectativa de vida da população. O
- Há uma luta por conquistas de mercados, por parte que acarretaria num aumento de gastos, devido ao
das seguradoras e dos fundos privados e crescimento do número de inativos e à queda nas
aposentadoria complementar. Querem capturar uma receitas em função da redução de trabalhadores ativos.
parcela da população atualmente atendida pelo Embora o envelhecimento da população seja
governo federal. Essas empresas do setor financeiro incontestável, esse é um discurso falacioso do ponto de
fazem campanha para denegrir a imagem da vista fiscal. Se no futuro, haverá mais idosos, é dever
Previdência e querem dividir o mercado. Para elas, o do Estado ampará-los e não dificultar o acesso à
ideal seria o Estado ficar com os mais pobres dentre os aposentadoria ou achatar os valores. Essa é uma saída
pobres, concedendo benefícios de nível muito baixo, socialmente desastrosa, que encara o envelhecimento
deixando para o mercado o atendimento da fatia dos como problema. Isso só se transformará numa questão
assalariados de renda média e alta, a mais lucrativa. realmente preocupante se a economia for mantida em
Para fundos e seguradoras, não é preciso privatizar baixo dinamismo econômico. Se houver, porém, a
integralmente a previdência, basta dificultar o acesso implementação de uma política econômica que
aos benefícios - e deteriorar o valor dos intermediários assegure patamares sustentáveis de crescimento,
e do teto - para que aqueles que podem sejam haverá mais trabalhadores no mercado formal, menor
forçados a procurar formas de complementar suas desemprego, melhores padrões de renda e, portanto
rendas futuras com seguros privados ofertados pelo uma recita muito maior para a Previdência. Não há, de
mercado. Outra parcela interessada é a dos grandes fato, “um problema demográfico”, mas sim uma
proprietários de títulos públicos: investidores externos, questão sócio-economica a ser enfrentada, como o
bancos, fundos de pensão e famílias de renda alta. controle do desemprego, o desenvolvimento de
Parte substancial dos ativos bancários, por exemplo, políticas que promovam a inclusão social e que
encontra-se na forma de títulos públicos federais, assim impliquem, fundamentalmente, na superação do longo
como as famílias de renda mais elevada empregam ciclo econômico que atravessamos.

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- Com a criação da Super Receita, os debates - Não concordo com essa proposta. Há uma diferença
deixaram de ser sobre a eficácia da fiscalização e muito grande, de natureza e de propósitos, entre
se concentraram na legalização dos trabalhadores trabalhadores do setor privado e servidores públicos. A
como pessoas jurídicas. Como essa proposta afeta carreira de servidor possui características muito
a previdência Social? peculiares, o que lhes assegura, em contrapartida, um
- Acho que a Emenda Três pode até beneficiar regime próprio de previdência. O servidor tem
profissionais liberais que atuam como pessoas dedicação exclusiva ao serviço público e o tipo de
jurídicas, quando as empresas que os contratam fazem atividade que exerce está voltado para o atendimento
tudo corretamente, porque recolhem uma alíquota das necessidades coletivas. Por esta natureza, não
menor de imposto de renda. O perigo desse tipo de pode exercer atividades profissionais paralelas, que
arranjo é quando a empresa tem interesse em disfarçar poderiam lhes dar melhores condições de vida. A
o vínculo empregatício quando os serviços dos perspectiva de dignidade na aposentadoria é, por isso,
trabalhadores que emprega não são temporários, mas um estímulo ao recrutamento dos mais habilitados para
regulares. Fica conveniente para as empresas a função, o que não se constitui um privilégio. Os
utilizarem esse recurso em substituição ao contrato de servidores recolhem uma contribuição previdenciária de
trabalho pela CLT, porque deixam de pagar direitos valor muito superior aos dos trabalhadores do setor
trabalhistas, como o décimo terceiro salário, férias, privado e, por isso, recebem aposentadorias maiores. A
INSS, FGTS, vale-transporte, enfim todos os direitos contribuição do servidor público corresponde à
básicos dos trabalhadores. Abre-se um espaço para aplicação de uma alíquota única de 11% incidente
uma deterioração maior do mercado de trabalho do sobre o total de sua remuneração mensal. A
país, que já vem sendo bastante precário nas duas contribuição dos trabalhadores do setor privado é
últimas décadas. Do ponto de vista fiscal, diminui a menor, porque é feita com o uso de alíquotas
receita da Previdência, ao mesmo tempo em que progressivas, que variam entre 7,65 e 11%, até um teto
muitos ficam sem proteção no futuro porque deixarão que hoje está m R$ 2.894,28.
de ter vínculos com ela. Isso é uma reforma trabalhista
mascarada. Não acredito neste mecanismo para o - Mesmo com o quadro superavitário, em quanto
crescimento do emprego. Na boa macroeconomia, é está a dívida da iniciativa privada com o INSS?
sabido que não são os salários ou as condições de - Fala-se que o total de créditos inscritos apenas na
contrato de trabalho e nem mesmo os tributos dívida ativa atingiu R$ 87 bilhões em março de 2005. E
recolhidos sobre a folha os determinantes do emprego. que a dívida total poderia chegar a R$ 128 bilhões em
O empresário contratará se encontrar perspectiva de débitos do setor privado com o INSS. Portanto, esse
venda para seus produtos, se tiver demanda. Se não superávit previdenciário antes poderia ser ainda maior.
houver, ele não abrirá vagas. O salário pode cair a Há uma situação extremamente injusta e desigual.
zero, pode haver uma ampla desoneração de tributos e Existem os que paga ma Previdência e, do outro lado,
flexibilização de leis trabalhistas que ele não um contingente que recolhe do trabalhador e não
empregará sem a perspectiva de venda futuras. repassa ao INSS. Eles não participam deste processo
social mais amplo de proteção aos que se encontram
- Há o interesse do governo em incluir os mais frágeis. A Previdência é uma forma de pacto de
servidores públicos no regime geral da Previdência. solidariedade, através do qual o jovem ampara o idoso,
Como a senhora avalia essa posição? o sadio ampara o doente, o apto ampara o inapto para
o trabalho.
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retórico. Há uma clara deterioração no projeto de nação
- Esta visão da Previdência solidária está se e esse retrocesso é assegurado por largo apoio
perdendo. O que fazer para tentar reverter o popular. Isso é absolutamente desconcertante. O que
quadro? fazer para reverter? Talvez, quando o movimento
- Vivemos um momento muito delicado. Um país que sindical e os demais movimentos populares
cogita em fazer uma Reforma da Previdência para começarem a superar a paralisação e o desmonte
abandonar seus velhos e os setores mais frágeis da retomarem as suas formas de luta e de representação
sociedade, em condições piores que as de hoje, não é política legítima. Vai ser uma longa travessia fazer a
um pais que esteja se tornando mais democrático. É sociedade civil se engajar num processo de ver seus
uma sociedade que está se desumanizando, interesses serem contemplados pela construção de
retrocedendo em avanços sociais feitos no período uma sociedade mais justa e desenvolvida.
pós-ditadura militar. Não alimento ilusões ou otimismo

Fonte: Jornal Opinião


Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro – www.sindjustica.org.br
Edição Agosto/setembro de 2007-09-19

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