NOTÍCIAS DE ALVERCA
02 DESTAQUE
Editorial
António Castanho
N
os últimos dias o mundo
tem estado suspenso da
evolução das movimenta-
ções da alta finança mundial e das
negociações políticas nos Estados
Unidos. No entanto, tal como na
Gália de Asterix e Obelix os por-
tugueses parecem alheados deste
problema como se ele já não nos
pudesse prejudicar muito para
além na nossa crise interna.
“ (...) o que nós
devíamos
querer sabe
é como é que
Portugal e
a Europa
se estão a
preparar para
enfrentar esta
tempestade.
”
Talvez este espaço não seja o
mais indicado para discorrer
sobre os paralelos com o Crash de
1929 e a consequente Grande De-
pressão, ou ainda sobre os efeitos
desta crise no actual papel dos
Estados Unidos no mundo ou
mesmo se estamos apenas perante
uma das crises do Capitalismo.
Mas, é o indicado para reclamar
perante a ligeireza com que os
nossos líderes têm encarado esta
questão. Todos os analistas con-
sideram que mais tarde ou mais
cedo a economia real vai sentir
severamente os efeitos desta crise,
o que nós devíamos querer saber
é como é que Portugal e a Europa
se estão a preparar para enfrentar
esta tempestade. É que o nosso
quotidiano não vai ser afectado
apenas por mais umas quantas su-
bidas da taxa Euribor, e desta vez
o mundo pode mesmo cair em
cima das nossas cabeças.
Ficha Técnica
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Gadelha e Pedro Castelo
Colaboradores: Goreti Luis (Beleza); Luís Ferreira Lopes (Economia); Paula
SFRA vai a eleições este mês
Serafina Rodrigues não avança
para segundo mandato
S
erafina Rodrigues não se vai
recandidatar à liderança da
Sociedade Filarmónica de
Recreio Alverquense (SFRA), nas
eleições marcadas para o final do
mês de Outubro. A antiga presidente
da Junta de Freguesia de Alverca
(JFA) não está disponível para um
segundo mandato consecutivo
porque não encontra motivação inte-
rior para o fazer. “Para mim é des-
gastante chegar à conclusão de que
aquela casa não é rentável devido à
actual conjuntura. Não vislum-
bramos apoios governamentais e não
podemos ir pedir à câmara porque
há outras instituições que também
precisam de ajuda. Além disso, não
consigo continuar a contrair dívidas
para a instituição, pois quem me
suceder pode estar certo de que irá
continuar a contrair dívidas. É muito
desgastante ficar em dívida (na
ordem dos 120 mil euros) para com
trabalhadores, fornecedores e Serafina e seus pares para procurar
banca.”
A carismática dirigente afirma que o
grande problema desta colectividade
é a actual dívida à banca, fruto do
empréstimo contraído para a
construção da nova sede social. “Se
a casa estivesse paga na totalidade,
se não houvesse este empréstimo,
seria uma casa que se geria muito
bem. Agora, não dá é para ter din-
heiro no fim do mês para pagar o
empréstimo bancário e, ao mesmo
tempo, assegurar as despesas cor-
rentes.” Por isso conclui: “Não é
desmotivação pessoal, mas tudo isto
é muito desgastante! Quando o
período de carência que o Banco Es-
pírito Santo (BES) nos concedeu até
Janeiro (em que pagamos men-
salmente apenas os juros do emprés-
timo) terminar, haverá alguém que
consiga levar aquele barco para a
frente?”
Recordamos que a nova sede custou
cerca de 2,5 milhões de euros e, na
altura, a Direcção (presidida por
Sérgio Leitão) resolveu contrair um
empréstimo ao banco de 750 mil
euros para pagar ao empreiteiro a
“
Para mim é desgastante chegar à conclusão de que aquela casa não é rentável
devido à actual conjuntura. Não vislumbramos apoios governamentais e não podemos
ir pedir à câmara porque há outras instituições que também precisam de ajuda
RENDIDA. Serafina anuncia que não se recandidata à liderança
da SFRA. “É muito desgastante ficar em dívida para
com trabalhadores, fornecedores e banca”, refere
parte desse valor que cabia à Filar- portável, por muito boa gestão que
mónica. Feitas as contas, actual- se faça”, dizia-nos esta dirigente,
mente a prestação mensal da SFRA numa reportagem publicada em
ao banco é na ordem dos 7.700 Julho.
euros, “o que para nós é incom- Entretanto saiu gorada a tentativa de
Atouguia (Sociedade); Paula Monteiro (Segurança); Rogério Ferreira Lopes
(Opinião) e Rui Vitória (Desporto)
Fotografia: André Porêlo, Hélder Dias e Mário Caritas
Paginação: André Porêlo
Publicidade: Júlio Pereira / Secretariado: Lurdes Farinha
Impressão: CIC - Centro de Impressão Coraze
Tiragem: 13.500 exemplares
Propriedade: CCS – Cultura e Comunicação Social, S.A.
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Registo ICS: 109974
Depósito legal: 78298/94
Fundado em: 1984 - Medalha de Mérito Cultural Cidade de Alverca’ 2004
OUTUBRO 2008
contrair um novo empréstimo ao
BES de 750 mil euros, “sendo que
dessa forma pagaríamos a totalidade
da dívida ao banco (que ronda os
580 mil euros) e o valor sobrante
seria para pagar as dívidas a profes-
sores e fornecedores; queríamos de-
pois renegociar esse empréstimo
para, em vez de ser pago a 15, passar
a ser pago a 20 (ou 30) anos, de
forma que a prestação mensal bai-
xasse”. Mas a resposta obtida foi
negativa. “A única coisa que con-
seguimos foi um período de carên-
cia até Janeiro de 2009, caso
contrário a dívida seria ainda
maior.”
Gestão
da academia
foi aposta ganha
Uma das fórmulas encontradas por
rentabilizar as novas instalações foi
entregar, em 2007, a gestão das ac-
tividades de ginásio à Academia
Paula Manso, gerida por esta pro-
fessora e pelo marido, Carlos
Oliveira. Para estes tem valido a
pena. “Esta Direcção tem tentado
criar condições para levar a SFRA
para a frente, mas é a dívida que
complica tudo. No nosso caso temos
tido resultados extremamente posi-
tivos: fizemos aqui um grande in-
vestimento, as pessoas responderam
em massa e, este ano, o número de
praticantes (cerca de meio milhar)
excedeu todas as expectativas pos-
síveis”, explica Carlos Oliveira.
Para este responsável, a viabilização
da SFRA poderá passar por “subalu-
gar” outras secções da Filarmónica
a entidades exteriores, de forma a
tirar alguma rentabilidade das mes-
mas. “Sem tirar valor ao que se faz
actualmente, se fosse feito de uma
forma mais profissional, com mais
garra, mais disponibilidade das pes-
soas… Porque, à semelhança de
muitas outras instituições, quem está
à frente da SFRA é um pouco por
“