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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
O PAPEL DO CONHECIMENTO NA
CADEIA DE SUPRIMENTOS:
FUNDAMENTANDO HIPÓTESES SOBRE
A CADEIA DO MORANGO
1. Introdução
Já há algum tempo que estão em evidência as expressões: concorrência acirrada, disputa de
mercado, flexibilidade, vantagem competitiva. Com a abertura da economia e globalização
dos mercados, as organizações passaram a atuar em um ambiente de alta competitividade e
marcado por inúmeras incertezas. A velocidade das mudanças proporcionada, principalmente,
por avanços tecnológicos, trouxe a tona à quebra de vários paradigmas para as empresas.
Esse nível de complexidade faz com que, hoje, não seja mais possível atuar de forma
competitiva no comércio simplesmente adquirindo produtos dos fornecedores e vendendo-os
aos consumidores. Isto porque as vantagens competitivas na ponta de consumo não dependem
somente do varejista, mas vêm sendo agregadas ao longo de toda a cadeia de suprimentos
(NOVAES, 2001).
É necessário reforçar as relações entre os fornecedores, distribuidores e clientes, buscando o
desenvolvimento de parcerias ao longo de toda a cadeia de valor, onde se inclui, por exemplo,
a estruturação conjunta de uma estratégia competitiva, de objetivos claros para todos.
Para acompanhar as rápidas mudanças em curso, torna-se relevante à aquisição de novas
capacitações e conhecimentos, o que significa intensificar a capacidade de indivíduos,
empresas, países e regiões de aprender e transformar este aprendizado em fator de
competitividade para os mesmos. Por este motivo, vem-se denominando esta fase como
“Economia do Conhecimento” (LEMOS, 2000).
A literatura (PRAHINSKI & BENTON, 2004; GERMAIN, DROGE & CHRISTENSEN,
2001) apresenta resultados positivos quando os fornecedores são incluídos como parte ativa
no processo, através de relações de confiança. Confiança esta desenvolvida, muito, em função
de compartilhamento de conhecimento.
Este estudo tem o propósito de desenvolver hipóteses sobre como o conhecimento pode
influenciar a gestão da cadeia de suprimento do morango, para isso, realizaram-se entrevistas
em profundidade com produtores e envolvidos nesta cadeia.
2. Referencial Teórico
2.1. Conhecimento
Platão definiu o conhecimento como sendo uma crença verdadeira e justificada (NONAKA &
TAKEUCHI, 1997), e, Grant (1996) define, simplesmente, “como aquilo que é conhecido”.
Nonaka & Takeuchi (1997) consideram que o conhecimento é um processo humano
dinâmico de justificar a crença pessoal com relação à verdade.
Gestão do Conhecimento
Diversos autores visualizam o conhecimento como um importante aliado para a manutenção,
diferenciação e crescimento das organizações. Entre eles, Alvin Toffler, Peter F. Drucker,
Peter Senge, Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi (CHERUBINI NETO, 2003). Toffler (1995)
acredita ser o conhecimento um recurso de suma importância para a economia. Drucker
(1988) argumenta que as empresas deverão se converter rapidamente em organizações
baseadas em conhecimento para poderem se manter competitivas e, até mesmo, sobreviverem
no novo contexto econômico-social. O maior valor de mercado das empresas em relação ao
seu valor patrimonial também revela a importância do conhecimento na economia atual
(TERRA, 1999).
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Segundo Takeuchi (1998), o “boom do conhecimento” é visível em toda a parte nos negócios
ocidentais da atualidade, em novos livros e revistas especializadas, conferências sobre gestão
do conhecimento, serviços de gestão do conhecimento apoiados sobre “base de dados de
conhecimentos”, novos cargos nas corporações, entre outras coisas. O aumento da
importância do conhecimento na economia trouxe às organizações e aos seus estudiosos, além
das antigas questões epistemológicas, novas indagações sobre o conhecimento: “Como medir
ou avaliar o conhecimento?”, “Como as organizações aprendem?”, “Como o conhecimento é
adquirido?”, “Como o conhecimento é armazenado?”, “Como o conhecimento é transmitido”,
“Como se cria conhecimento?”, etc. Com isto, o termo “Gestão do Conhecimento” ganhou
importância no cenário científico e econômico mundial.
A expansão da Gestão do Conhecimento e a subjetividade do objeto a ser gerenciado deram
origem a um debate sobre a possibilidade ou não de se gerenciar o conhecimento. Neste
debate destacam-se duas correntes principais: (i) a oriental ou japonesa; e (ii) a ocidental.
Segundo Takeuchi (1998), a abordagem ocidental é focada principalmente no conhecimento
explícito e tenta gerenciar o conhecimento. Já, a abordagem japonesa é apoiada no
conhecimento tácito e busca a “criação do conhecimento”. Uma organização não pode criar
conhecimento sozinha, o que ela pode fazer é dar suporte à criatividade dos indivíduos ou
prover o contexto para que eles criem conhecimento (TAKEUCHI, 1998).
2.2. A Cadeia de Valor
Segundo Porter (1985) a cadeia de valor é o conjunto de atividades desenvolvidas pelas
empresas para satisfazer as necessidades dos clientes, desde as relações com fornecedores
passando pelos ciclos de produção até o recebimento do produto pelo cliente.
A concorrência vem deixando o nível da empresa para ocorrer no nível de toda a cadeia de
fornecimento. Uma empresa isolada não mais sobrevive, precisa estar integrada com seus
clientes e fornecedores. Não adianta um fabricante adotar as melhores práticas, se seus
fornecedores são caros e/ou seus canais de distribuição são ineficientes no atendimento às
expectativas dos clientes (SAMPAIO & DI SERIO, 2000).
Atualmente, considera-se que o conhecimento pode alavancar toda a cadeia de valor das
organizações nos aspectos relacionados com o planejamento, manuseamento, armazenagem e
movimentação de materiais, ao longo de todo o ciclo de produção e comercialização de
qualquer bem ou serviço. O conhecimento é essencial ao desenvolvimento sustentado das
organizações, sendo já hoje reconhecida aos níveis mais elevados de direção e administração
das empresas.
Não é mais possível gerenciar a companhia como se ela estivesse num vácuo, sem qualquer
interligação com outras organizações. É preciso ter em mente que a vantagem competitiva é
cada vez mais uma função da eficiência e eficácia da cadeia de suprimentos, fica claro assim
que, quanto maior a colaboração, em todos os níveis, elos, entre os fornecedores e clientes,
maior serão as vantagens conquistadas (CHRISTOFER, 1997).
Assim, o gerenciamento da cadeia de suprimentos, ou supply chain management, nada mais é
do que administrar o sistema de logística integrada da empresa, ou seja, o uso de diversas
técnicas para planejar e controlar uma complexa rede de fatores visando produzir e distribuir
serviços de qualidade (MARTINS & ALT, 2000).
Para Novaes (2001), o gerenciamento da cadeia de suprimentos é a integração dos processos
industriais e comerciais, partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais,
gerando produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente.
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Morango é um fruto produzido por erva rasteira, Fragrância Vesca, originária da Europa,
possui inúmeras variedades naturais e híbridas. É vermelho, quando maduro, carnoso e
aromático, sendo utilizado em compotas, refrescos, geléias e licores, além de muito apreciado
ao natural. Sua constituição é composta por água, açúcar, sais solúveis, cálcio de ferro,
substâncias protéicas e celulose.
O morangueiro é uma cultura típica de climas mais amenos, não sendo muito tolerante a
temperaturas elevadas. No Brasil, o morango tem se adaptado melhor do sul de Minas Gerais
até o Rio Grande do Sul, porém, existem experiências até mesmo no cerrado.
O morango é botanicamente classificado como uma hortaliça da família das rosáceas, a fruta
ainda é mais conhecida como um delicioso frutinho rasteiro, tendo a vantagem de ir para o
mercado, na primavera, quando há poucas frutas à venda, alcançando bons preços. Ademais,
na indústria é conhecido pelo uso freqüente em iogurtes e sorvetes.
3. Metodologia
O método depende diretamente da natureza do problema que se quer investigar, assim, uma
metodologia eficaz é fundamental para a validação e entendimento das informações obtidas.
Método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objetivo, conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões dos cientistas (LAKATOS e
MARCONI, 1991).
Para alcançar os objetivos propostos foi desenvolvido um estudo de caso sobre a cadeia do
morango. Foram realizadas entrevistas com produtores, distribuidores além de comerciantes
com o intuito de levantar dados para construir hipóteses.
4. Análise das Entrevistas e Desenvolvimento das Hipóteses
Foram entrevistadas 12 pessoas, sendo sete produtores, duas pessoas de uma fábrica de
processamento, e três revendedores. Acredita-se que este número de entrevistas constitui-se
em um referencial verdadeiro da situação, à medida que as respostas começavam a se repetir.
Nove pessoas eram do sexo masculino e três do sexo feminino. A maioria 10 pessoas tem o
2º. grau completo, sendo que duas pessoas tinham graduação em administração de empresas.
Todos possuem filhos, e as idades variam entre dois e 15 anos. Todos já têm contato com a
cadeia do morango a pelo menos três anos, sendo que duas pessoas, são de uma família
tradicional de produtores de morango, desde a geração de seus avós que a família trabalha no
cultivo desta fruta.
4.1. Programas de Desenvolvimento de Fornecedores
Somente dois entrevistados faziam parte de programas de desenvolvimento de fornecedores.
Em sua totalidade, os entrevistados, tanto os que estão envolvidos com programas de
desenvolvimento como os que não estão, concordam que, sabendo as diretrizes da empresa de
compra tais como avaliação e certificação, e, contando com incentivos para a implantação de
melhorias, poderiam gerar ganhos para toda a cadeia de suprimentos.
Um dos entrevistados afirma “se soubéssemos o que, realmente, o comprador quer,
poderíamos ter nossos esforços direcionados em busca desta qualidade”. Outro entrevistado
garante “se tivéssemos uma empresa forte, que pudesse implementar métodos mais ativos, nos
tornando seus parceiros definitivos, poderíamos melhorar toda a qualidade da cadeia”.
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Incentivos
Verticalização
Financeiros
Programa de H7
desenvolvimento H6 H8
H1
Comprometimento H5 Melhor desempenho
Do Fornecedor Financeiro
H4
Envolvimento
Alta gerência H2
H3
Comunicação
colaborativa
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