Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
O SAPATEIRO POBRE
Havia um sapateiro que trabalhava porta de casa e todo o santssimo dia cantava. Tinha
muitos filhos, que andam rotinhos pela rua, pela muita pobreza, e noite, enquanto a mulher fazia
a ceia, o homem puxava da viola e tocava os seus batuques muito contente.
Ora defronte do sapateiro morava um ricao, que reparava naquele viver e teve pelo
sapateiro tal compaixo que lhe mandou um saco de dinheiro, porque o queria fazer feliz.
O sapateiro l ficou admirado. Pegou no dinheiro e noite fechou-se com a mulher para o
contarem. Naquela noite, o pobre j no tocou viola. As crianas, como andavam a brincar pela
casa, faziam barulho e levaram-no a errar na conta e ele teve de lhes bater. Ouviu-se uma
choradeira, como nunca tinham feito quando estavam com mais fome. Dizia a mulher:
- E agora, que havemos ns de fazer a tanto dinheiro?
- Enterra-se!
- Perdemos-lhe o tino. melhor met-lo na arca.
- Mas podem roub-lo! O melhor p-lo a render.
- Ora, isso ser onzeneiro!
- Ento levantam-se as casas e fazem-se de sobrado e depois arranjo a oficina toda
pintadinha.
- Isso no tem nada com a obra! O melhor era comprarmos uns campinhos. Eu sou filha de
um lavrador e puxa-me o corpo para o campo.
- Nessa no caio eu.
- Pois o que me faz a conta ter terra. Tudo o mais vento.
As coisas foram-se azedando, palavra puxa palavra, o homem zanga-se, atia duas solhas na
mulher, berreiro de uma banda, berreiro da outra, naquela noite no pregaram olho.
O vizinho ricao reparava em tudo e no sabia explicar aquela mudana. Por fim, o sapateiro
disse mulher:
- Sabes que mais? O dinheiro tirou-nos a nossa antiga alegria! O melhor era ir lev-lo outra
vez ao vizinho dali defronte, e que nos deixe c com aquela pobreza que nos fazia amigos um do
outro!
A mulher abraou aquilo com ambas as mos, e o sapateiro, com vontade de recobrar a sua
alegria e a da mulher e dos filhos, foi entregar o dinheiro e voltou para a sua tripea a cantar e a
trabalhar como de costume.
Vale Moutinho, Contos Populares Portugueses
Forma
Frase
- Ora, isso ser onzeneiro!
- Nessa no caio eu.
- E agora, que havemos ns de fazer a tanto dinheiro?
Dificuldades diagnosticadas
Grupo I Compreenso de Texto
- Identificao de personagens
- Classificao quanto ao relevo
- Caracterizao psicolgica
- Localizar aco no espao
- Localizar aco no tempo
- Classificao do narrador
- Marcas de oralidade
- Moral do conto
Observaes: _____________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
O professor: _____________________________ O Enc. Educao _________________________