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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO 17

UM PAÍS DE ÁREA REPARTIDA 19 OS HOMENS E O MEIO 80


A IMPORTÂNCIA DO MAR E A LOCALIZAÇÃO TERRITÓRIO, SUPORTE DAS GENTES 82
DO ESPAÇO PORTUGUÊS 20
A POPULAÇÃO 86
O MAR QUE NOS ENVOLVE 25 EVOLUÇÃO RECENTE 86
A MORFOLOGIA DOS FUNDOS 25 UMA DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL 86
CORRENTES OCEÂNICAS 26 BAIXOS NÍVEIS DE NATALIDADE E FORTES SALDOS
O MAR E A ATMOSFERA 28 MIGRATÓRIOS 93
VARIAÇÕES DE TEMPERATURA 29 UM ENVELHECIMENTO PROGRESSIVO 93
A TERRA QUE HABITAMOS 36 A EMERGÊNCIA DE NOVOS COMPORTAMENTOS 93
UNIDADES MORFOESTRUTURAIS 38 EDUCAÇÃO 94
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO OESTE PENINSULAR 38 TERRA DE MIGRAÇÕES 98
O RELEVO DO CONTINENTE 43 A EMIGRAÇÃO 98
FISIONOMIA DAS REGIÕES AUTÓNOMAS 43 O REGRESSO 100
CLIMA E SUAS INFLUÊNCIAS 50 A IMIGRAÇÃO 102
ELEMENTOS CLIMÁTICOS 50 UMA POPULAÇÃO
A IRREGULARIDADE DO TEMPO NO CONTINENTE 54 QUE SE URBANIZA 104
AS ONDAS DE CALOR 59 UMA LEITURA ‘CLÁSSICA’ DO SISTEMA URBANO
O CLIMA DAS ILHAS 59 NACIONAL 104
A REDE HIDROGRÁFICA 61 UMA AVALIAÇÃO RECENTE 106
OS SOLOS 64 MUDANÇAS RECENTES 110
A VEGETAÇÃO ‘NATURAL’ 65 LISBOA E PORTO COMO REFERÊNCIAS 110
TIPOS DE PAISAGEM 66 ‘PRODUZIR’ CIDADE 111
DIVERSIDADE E GRUPOS DE PAISAGEM 66 COMUNICAÇÕES E MOBILIDADE
ÁREAS PROTEGIDAS 70
DA POPULAÇÃO 120
AS ILHAS 73
REDES DE COMUNICAÇÃO 120
REDE NATURA 2000 77
SISTEMA DE TRANSPORTES 123
ÁREAS DE PROTECÇÃO DE AVIFAUNA 77
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O PAÍS SOCIOECONÓMICO 130 PORTUGAL NUM MUNDO


ECONOMIA PORTUGUESA: ARTICULAÇÃO DIFÍCIL ENTRE DE RELAÇÃO 210
MUDANÇAS INTERNAS E AS EXIGÊNCIAS COMPETITIVAS 132 A LÍNGUA PORTUGUESA: UM TRAÇO DE UNIÃO À RODA DO MUNDO 212

ACTIVIDADES DA TERRA 138 COMUNIDADES PORTUGUESAS 216


A AGRICULTURA 139 TESTEMUNHOS DE UM PASSADO LONGÍNQUO 216
AGRICULTURA EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO145 EVIDÊNCIAS CULTURAIS DE HOJE 217
PECUÁRIA 145
IDENTIDADE E CULTURA
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 149
EM TEMPOS DE MUDANÇA 222
PRODUTOS TRADICIONAIS 150
RIQUEZA E DIVERSIDADE DE CULTURAS 222
A FLORESTA 154
FRONTEIRAS DE UM PORTUGAL CULTURAL 223
A CAÇA 162
ACTUAL SUPORTE À CULTURA 223
A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS EXTRACTÍVEIS 164
PORTUGAL NA UNIÃO EUROPEIA 228
RECURSOS VIVOS MARINHOS 168 PORTUGAL NA EUROPA 229
UM SECTOR ESTRATÉGICO 168
A INTEGRAÇÃO DA EUROPA 229
O SECTOR DAS PESCAS 172
TRANSFORMAÇÕES NA UE-15 230
ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO PRIORIDADES SOCIAIS DA UE 230
REGIONAL 176 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
CRESCIMENTO ECONÓMICO 176 E NÍVEL DE VIDA 231
OS SECTORES DE ACTIVIDADE E A DIFERENCIAÇÃO ENERGIA: A MAIOR FRAGILIDADE DA UE 232
REGIONAL 177 PRESIDÊNCIA PORTUGUESA NA UE 233
MERCADO EXTERNO E COMPETITIVIDADE 183 O ALARGAMENTO DA UE 234
A COESÃO SOCIAL 186 UMA CONSTITUIÇÃO PARA A EUROPA 235
O DESENVOLVIMENTO HUMANO 189

TEMPO DE TURISMO 190 O ATLAS E O POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO

O TURISMO BALNEAR 191 DE PORTUGAL 236

NOVOS PRODUTOS 192 ANEXOS 239


UM SECTOR ESTRATÉGICO DE FUTURO 195 PLANTAS ESPONTÂNEAS, SUBESPONTÂNEAS
E ORNAMENTAIS MAIS COMUNS EM PORTUGAL 240
POLÍTICAS DO TERRITÓRIO 198 CARTA DE PORTUGAL CONTINENTAL ESCALA 1: 550 000
A ADMINISTRAÇÃO 198 CARTA DAS REGIÕES AUTÓNOMAS DOS AÇORES
O PLANEAMENTO 202 E DA MADEIRA ESCALA 1: 200 000 242
A QUALIFICAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ÍNDICE ONOMÁSTICO 260
SUSTENTÁVEL 204 DIVISÃO ADMINISTRATIVA POR CONCELHOS 268
NOTAS BIOGRÁFICAS DOS AUTORES 272
BIBLIOGRAFIA 273
CRÉDITOS 274
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A LÍNGUA PORTUGUESA: UM TRAÇO DE UNIÃO À RODA DO MUNDO PORTUGAL NA UNIÃO EUROPEIA


PORTUGAL NA EUROPA
COMUNIDADES PORTUGUESAS A INTEGRAÇÃO DA EUROPA
TESTEMUNHOS DE UM PASSADO LONGÍNQUO TRANSFORMAÇÕES NA UE-15
EVIDÊNCIAS CULTURAIS DE HOJE PRIORIDADES SOCIAIS DA UE
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E NÍVEL DE VIDA
IDENTIDADE E CULTURA EM TEMPOS ENERGIA: A MAIOR FRAGILIDADE DA UE
DE MUDANÇA PRESIDÊNCIA PORTUGUESA NA UE
RIQUEZA E DIVERSIDADE DE CULTURAS O ALARGAMENTO DA UE
FRONTEIRAS DE UM PORTUGAL CULTURAL UMA CONSTITUIÇÃO PARA A EUROPA
ACTUAL SUPORTE À CULTURA

210 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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PORTUGAL NUM
MUNDO DE RELAÇÃO

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A LÍNGUA PORTUGUESA:
UM TRAÇO DE UNIÃO
À RODA DO MUNDO
VASCO GRAÇA MOURA

Proponho ao leitor um rápido exercício de imaginação histórica:


suponha que consegue recuar no tempo e vai embarcado numa nau
que, pela primeira vez, chega a um outro continente, África,
América ou Ásia. Não estamos evidentemente a falar da África do
Norte, em que as populações falavam e falam uma língua para a qual
havia interpretação disponível, alguma memória ainda viva e
contactos ainda possíveis com os respectivos falantes entre os povos
cristãos na Península Ibérica. Estamos a considerar, sim, povos cujas
línguas e sistemas de escrita eram completamente diferentes da
nossa, apresentando aos recém-chegados um grau de opacidade e de
indecifrabilidade que podemos dizer total, sendo a inversa
igualmente verdadeira.

O leitor, desembarcando, pela primeira vez, com soldados, E se queres, com pactos e lianças
marinheiros, religiosos, comerciantes, ou simples De paz e amizade, sacra e nua,
aventureiros, num lugar em tais condições, sem intérpretes à Comércio consentir das abondanças
mão e, muitas vezes, sem condições até para fazer entender Das fazendas da terra sua e tua,
por gestos alguns aspectos mais elementares ligados à Por que cresçam as rendas e abastanças
comunicação entre seres humanos, estaria colocado (Por quem a gente mais trabalha e sua)
exactamente na mesma situação em que muitos portugueses De vossos Reinos, será certamente
se encontraram. De ti proveito e dele glória ingente.
Nem o português era falado, ou, sequer, conhecido, nessas
paragens, nem os portugueses, ou outros europeus, estavam (Lusíadas, VII, 62)
em condições de se fazerem entender.
E todavia… entendiam-se! E apesar de, ao que parece, Vasco Mas imaginemos agora o que se passava, não já em
da Gama ter confundido o culto de uma deusa local com o Calecute, à chegada do Gama, que sempre podia dispor de
da Virgem Maria, podemos ler em Camões um exemplo um ‘língua’, ou intérprete, relativamente fácil de arranjar
interessante, de que devemos registar a complexidade entre os falantes de árabe que pululavam na costa oriental de
abstracta da proposta feita pelo nauta português ao África, muito em especial de Mombaça para cima.
Samorim: Imaginemos um missionário, ou um comerciante português
a chegar às partes da China ou do Japão. Ou à costa
brasileira. E começarem a entregar-se à sua actividade,
falando e fazendo-se entender…

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Num curto prazo o terão conseguido e não só. Também se política e de prática administrativa, um valor essencial de
dedicaram ao estabelecimento de vocabulários e gramáticas, cultura e um factor imprescindível para a ciência e a
à redacção de catecismos, à transmissão da língua portuguesa tecnologia, a formação e o desenvolvimento. Nem os crioulos,
às populações nativas com que iam contactando. E além onde os há, provaram ser idóneos para o ensino ou para
disso, deixaram relatos, informações organizadas e esboços a formulação do pensamento abstracto, nem a existência
históricos das partes longínquas com que iam contactando, de dezenas de línguas nativas o teria permitido.
em termos que supõem uma grande capacidade de Nesses países, além disso, há uma fortíssima ligação
compreensão da informação local, nas línguas locais, muitas humana, adensada ao longo de séculos e muitas vezes
vezes, decerto, apenas colhida pela via oral. estreitada por laços de parentesco próximo, com o povo
Em muitos pontos do globo, a língua portuguesa terá português. E é de supor, mau grado as oposições, por vezes
‘entrado e saído’ com relativa precariedade. Mas em muitos muito negativas para a nossa língua, entre o francês e o
ficou e ainda hoje perdura. As razões que o explicam são, português, em Cabo Verde e na Guiné, ou entre o inglês
evidentemente, de natureza histórica, política e e o português, em Moçambique, que a nossa língua não
administrativa, institucional, social, cultural e familiar. perderá a sua posição dominante.
E as condições dessa mesma permanência variaram, no Numa situação internacional assaz complexa, poderá dizer-se
tempo e no espaço em termos muito diferentes entre si. que a verdadeira oposição em África é a que ocorre entre
Basta comparar o relativamente frouxo conhecimento do ‘latinofonia’ e ‘anglofonia’, mas que isso diz respeito à opção
português por parte dos habitantes chineses de Macau, onde, por uma determinada língua veicular internacional e não à
sem uma política concertada com as autoridades daquela língua que os povos desses estados falam e escrevem
autonomia especial da República Popular da China, ele realmente na sua realidade quotidiana.
estaria condenado a desaparecer de todo a breve trecho, com De resto, a criação cultural desses seis países africanos no
o que se passa na Índia, ocupada pelas tropas indianas desde plano literário e noutros (teatral, cinematográfico, crítico, etc.)
fins de 1961 e desde então subtraída ao domínio português: é, quase exclusivamente, feita em língua portuguesa.
ainda hoje, em Goa, Damão e Diu, há uma geração das Diferente ainda é o caso do Brasil, gigantesco espaço
populações fixadas nesses territórios antes da intervenção geográfico e humano da América do Sul. Desde o tempo do
indiana que fala e escreve em português corrente. Questões Marquês de Pombal que a resolveu ‘totalitariamente’, à boa
culturais, questões familiares, questões institucionais (o maneira do despotismo iluminado, que a questão não
Código Civil Português de 1867 ainda hoje lá se aplica), se põe. O português é a língua do Brasil, com variantes
questões enfim ligadas a uma afirmação de identidade de pronúncia, sintaxe e vocabulário, é certo, mas que não
própria face ao mosaico étnico, cultural e religioso de que se são mais do que isso.
compõe a União Indiana, podem explicá-lo, embora possa É no Brasil que o português é falado por mais gente do que
também dizer-se que em Goa, Damão e Diu a língua em todo o restante universo da língua portuguesa no mundo.
portuguesa está em regressão e só poderá ultrapassar esse E é por isso a partir do Brasil que ele tem mais peso
estado se houver políticas de cooperação bilateral no contexto internacional, sendo também de supor que é
suficientemente fortes e sugestivas que o permitam. no Brasil, hoje país da fusão multicultural por excelência,
Diferente parece ser também a questão de Timor Leste, que ele evoluirá em termos mais significativos.
o oitavo país de língua portuguesa. A tradição cultural e Detenhamo-nos um pouco: podemos comparar o trajecto,
religiosa, aliada à cooperação bilateral e inscrita em todo a expansão e a projecção da língua portuguesa no mundo, à
o complexo processo que levou à independência de Timor viagem de Pedro Álvares Cabral em 1500, a primeira, na
em relação à Indonésia, levam a que o português possa aspirar História da Humanidade, a ligar por mar os cinco continentes.
a um papel importante na construção desse novo país. Nesse sentido, o olhar que hoje temos sobre a importância
É, de resto, o que acontece em África. Em cada um dos seis das nossa língua no mundo é um olhar… ‘cabralino’.
países africanos de língua oficial portuguesa, a nossa língua é E aqui têm cabimento alguns números a testemunharem
um factor de unidade nacional, um instrumento de acção das ordens de grandeza.

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A LÍNGUA PORTUGUESA:
UM TRAÇO DE UNIÃO À RODA DO MUNDO

O português é a sétima língua mais falada do mundo, depois do como um todo, é todavia contrariado por um aspecto
chinês de Pequim, do inglês, do indi-urdu, do espanhol, centrípeto: tanto o Brasil como Portugal, e como ainda
do russo e do indonésio-malaio. Encontra-se à frente do possivelmente os países africanos de língua oficial
árabe, do bengali, do francês, do japonês e do alemão. portuguesa, reúnem condições para assegurar a unidade
Mas já ocupa o quarto lugar entre as línguas europeias mais faladas da língua nos tempos de globalização acelerada em que
no mundo, depois do inglês, do espanhol e do russo, e antes vivemos hoje: na língua portuguesa se comunica em tempo
do alemão, do francês e do italiano. real graças a tecnologias que a transportam com as suas
Todavia, o português é uma das línguas nacionais menos actuais características, na língua portuguesa se cria literatura,
faladas no território europeu, como qualquer comparação imprensa e produção audiovisual que circula rapidamente
demográfica elementar permite concluir. Confinado à entre os vários espaços em que é falada, na língua
Europa, se Portugal não fosse um país independente e acaso portuguesa se intervém no plano multilateral dos oito
se tivesse tornado uma ‘autonomia ibérica’, o português Estados em questão e no plano internacional das principais
provavelmente seria hoje considerado ‘língua minoritária’... organizações, na língua portuguesa se processam as várias
Por outro lado, o português ‘de Portugal’, dada a estabilidade modalidades de cooperação que vão sendo desenvolvidas.
das nossas fronteiras ao longo de perto de oito séculos, A língua portuguesa é pois um traço de união que não se
cobriu todo o território nacional, com apreciável unidade e limita a uma simples memória histórica. Assegura o
sem variantes dialectais que a tal respeito possam considerar- funcionamento de um complexo sistema no presente
-se significativas. Teve e tem, por isso mesmo, um papel e tende, com os aperfeiçoamentos de que esse sistema
fundamental na consolidação da nossa identidade é susceptível, a sê-lo cada vez mais no futuro.
e pode aspirar ao estatuto de paradigma só acessível a uma É o facto de esse traço de união, ou, se se preferir, esse
língua que conte com numerosos clássicos no seu denominador comum a perto de duzentos milhões de seres
património literário. Dos países de língua portuguesa, humanos existir que, por um lado, permite uma visão do
Portugal ocupa naturalmente o primeiro lugar quanto mundo, uma Weltanschauung afim em tantas partes
a este aspecto. geográfica, histórica, cultural e etnicamente tão afastadas
Mas é ainda de ponderar que o número, a dimensão entre si no globo e, por outro, representa um bloco com
demográfica e territorial e a importância geo-estratégica dos características próprias ante várias entidades e instituições
países em que uma dada língua é falada contribui em larga que estão actualmente a enquadrar os Estados tradicionais
medida para o seu potencial num mundo em globalização em novas modalidades de organização e coordenação de
acelerada. Nessa escala, a desproporção é evidente: o inglês actividade: perante a União Europeia, a NAFTA,
é falado em aproximadamente 47 países, o francês em 30, o Mercosur, as organizações emergentes no Oriente e
o árabe em 21, o espanhol em 20 e o português, conquanto no Extremo-Oriente, a língua portuguesa permite que
venha em quinto lugar nesta série, em apenas 8... os Estados em que é falada sejam vistos e respeitados como
Se acrescentarmos que a maioria destes últimos oito se uma ponte interactiva e capaz de assegurar ligações mais
compõe de países ainda em vias de desenvolvimento, alguns eficazes: Portugal pertence à União Europeia, o Brasil
com enormes dificuldades e dependentes de impressivas integra o Mercosur, Angola, Moçambique, a Guiné,
ajudas externas, podemos concluir que é neste quadro que S. Tomé e Príncipe e Cabo Verde estão em relação estreita
devemos ser extremamente realistas. com a Organização de Unidade Africana e os países ACP
Mas há ainda outro aspecto que não podemos escamotear. e assim sucessivamente. Mesmo em potências e blocos
É que a língua portuguesa muito provavelmente evoluirá de asiáticos emergentes, a que pertencem a Índia, a China e o
maneira diferente consoante os territórios em que é falada, Japão, o português ganha um novo espaço nesta perspectiva,
tanto na pronúncia, como no léxico e na gramática. isto sem falar nas comunidades de emigrantes que em certas
Este aspecto centrífugo, que encerra, em si mesmo, áreas (Estados Unidos, África do Sul) criam importantes
potencialidades de enriquecimento e versatilidade da língua focos de irradiação da nossa língua.

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Pode dizer-se que os Portugueses têm uma especial provavelmente pode ser assegurada pela grande intensidade
responsabilidade quanto aos níveis qualitativos de utilização das comunicações que actualmente são feitas em tempo real
da sua língua: por razões históricas e sócio-culturais que ou em tempo extremamente curto. E também pela
me dispenso de desenvolver, a maior parte do grande circulação da produção científica e técnica, bem como da
património cultural que, ao longo dos séculos, se vem produção cultural, nomeadamente a literária e a audiovisual,
exprimindo em língua portuguesa teve a sua origem em mas não só ela, em português, através de todos os espaços
Portugal. em que o português é falado.
O que, do mesmo passo, envolve a indispensabilidade Essa circulação, sujeita embora a forças centrífugas, pode em
do português ‘de Portugal’ para o cânone da língua-padrão. si mesma constituir um valioso vector centrípeto e de
Temos interesse em que o português que falamos seja, tanto reequilíbrio. No que nos diz respeito, ela deve assentar no
quanto possível numa área tão complexa e tão sensível, uma prestígio e na qualidade do português ‘de Portugal’, num
referência paradigmática. melhor apetrechamento humano, técnico e até económico
Hoje, todavia, temos de reconhecer que uma língua é uma para promover a sua difusão, num interesse geo-político
realidade imaterial e dinâmica que pertence a todos quantos a muito relevante da nossa parte e numa vontade política de
falam enquanto língua materna ou língua nacional. agir nesse sentido.
No caso do português, mesmo nos países em que este Isto significa que as políticas de cooperação, necessariamente
é oficialmente considerado língua veicular, e sem qualquer multilateral nesta matéria, muito em especial as atinentes ao
desrespeito por outras situações sócio-linguísticas, pode ensino e aprendizagem da língua portuguesa e à circulação,
dar-se como assente que, sem ele, não seriam possíveis em todas as direcções, dos textos produzidos nela, poderão
à escala nacional a prática política, a prática legislativa, a ter um papel crucial quanto ao seu futuro. Elas contribuirão
prática administrativa, a prática jurisdicional, a aprendizagem para consolidar, e do mesmo passo enriquecer, o português-
científica e técnica, a criação cultural praticamente em todos padrão, assegurando-lhe uma particular coerência na
os campos, os contactos internacionais a todos os níveis… diversidade inevitável das pronúncias, dos léxicos, das
Recapitulemos alguns pontos: sintaxes e de outros vários tropismos que possam ocorrer.
Os Portugueses não são donos da língua portuguesa. Por último pode perguntar-se: e em Portugal, o que é que
São apenas os que primeiro a falaram e lhe deram aptidões acontece ao português? É claro, desde há muito, que a
modernas de expressão e comunicação, sobretudo a partir língua que falamos é um factor de identidade e de unidade
do século XVI, de modo a que ela pudesse proporcionar aos nacional. O facto de se tratar de uma língua sem variantes
seus falantes um relacionamento eficaz com o mundo dialectais notáveis para o que aqui nos interessa, conjugado
e uma determinada visão dele. com a estabilidade das nossas fronteiras continentes nos
A língua tem características eminentemente evolutivas em últimos oito séculos, tem permitido, cada vez mais, que
que se deparam tensões de vária natureza entre a chamada a língua portuguesa seja o principal instrumento que
língua-padrão, que tende para estabilizar as suas normas permite identificarmo-nos como pertencente a um grupo
em nome de um cânone reputado ideal, e as outras e tão que tem uma visão do mundo e se reconhece nela. Importa
diversas expressões em que se manifesta. Esta situação não também que seja um instrumento de aquisição de
é estática: tende a dar-se uma interacção permanente entre conhecimento e de elaboração e expressão do pensamento.
as duas esferas. E que recupere, na escola e na prática quotidiana em todos
Dadas a dispersão geográfica, a situação histórica e a muito os planos da vida, um nível qualitativo de utilização que
grande diversidade cultural dos falantes do português, está em vias de perder e requer políticas muito decididas
aquelas forças centrífugas poderão tornar-se mais para se contrariar o presente estado de coisas.
intensamente actuantes.
Mas a permanência das características fundamentais
da língua-padrão, bem como o apreço pelo seu cultivo,

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PORTUGAL NUM MUNDO DE RELAÇÃO

Maria Assunção Gato

COMUNIDADES
PORTUGUESAS
A epopeia dos Descobrimentos levou os portugueses a procurar alternativas de vida pelos cinco
continentes, transformando-os desde cedo numa espécie de emigrantes no seu próprio império.
Se o povoamento das ilhas atlânticas dos Açores e Madeira se fez com população maioritariamente
originária de Portugal, o de Cabo Verde também viria a contar com muitos portugueses que,
posteriormente, se foram miscigenando principalmente com africanos da costa fronteira, alargando-se
ainda estes agrupamentos às terras do Brasil. Assim se traçaram os primeiros contornos
da emigração enquanto fenómeno estrutural da sociedade portuguesa, talvez mais impulsionada pelas
necessidades de sobrevivência de muitos do que pelo desejo de aventura e glória de alguns. Face aos
parcos recursos naturais e à quase total dependência de uma actividade agrícola pobre e de proveitos
muito variáveis, as sucessivas vagas de emigração a que Portugal foi assistindo desde o século XV deixaram
marcas consideráveis a nível interno, mas foi graças a elas que a cultura e língua portuguesas conheceram
uma notável expansão mundial.

Testemunhos de um passado longínquo incêndio de 1835 e onde, em 1592, os jesuítas haviam fun-
dado a primeira Universidade ocidental. E se a expansão
Para além de uma boa parte da África negra e do gigantes- portuguesa sempre se caracterizou por um complexo pro-
co Brasil, os portugueses estenderam a sua presença a diver- cesso de aculturação, em nenhum outro lado ela foi tão
sos pontos do Oriente, ora deixando testemunhos mais importante e profunda como no Brasil, onde são por demais
ténues da sua passagem, como é o caso do Japão e Malaca, ora evidentes os exemplos de arquitectura portuguesa espalha-
perpetuando a sua herança cultural em territórios que gover- dos naquele imenso território. Nas antigas colónias africa-
naram até ao século XX, como aconteceu com Goa, Damão, nas, a ainda recente descolonização, em conjunto com os
Diu, Macau e Timor. estreitos laços de cooperação e o elevado grau de mobilida-
Uma vez dissolvido o Império, continuam a prevalecer no de das populações para Portugal, faz com que as marcas da
espaço português de outrora os inconfundíveis traços da sua cultura portuguesa se confundam com as locais, numa
arquitectura que, em conjunto com a língua, compõem as imbricação que se vai perpetuando no tempo e em espaços
marcas privilegiadas de um património cultural que não só que falam a mesma língua.
impõe uma referência obrigatória ao passado histórico dos Com efeito, a língua portuguesa é, provavelmente, a
lugares, como celebra a expansão da alma portuguesa pelo expressão mais profunda da nossa identidade e o elo privile-
mundo. Em Goa, o intenso comércio mantido pelos portu- giado de ligação entre o povo português – na sua heterogenei-
gueses, entre as suas diversas possessões do Oriente e a Euro- dade cultural interna – e as novas nações que ele ajudou a
pa, fez desta cidade uma das mais ricas e famosas do universo fundar, mantendo-se até à actualidade como língua oficial das
de então. Em 1557 e ainda em contínuo desenvolvimento, cinco antigas colónias de África (Cabo Verde, Guiné Bissau,
dizia-se que Goa era “tão grande e bela como Lisboa”. E na S. Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique), para além do
verdade, as evidentes influências portuguesas no espaço cons- Brasil e de Timor.
truído ainda fazem dela um território à parte no contexto da Na Ásia também continua a ser possível ouvir falar o por-
União Indiana, com uma paisagem cultural quase única e tuguês nos territórios indianos de Goa, Damão e Diu, muito
rigorosamente delimitada pela fronteira. embora os grupos de falantes sejam cada vez mais restritos
O ex-libris de Macau continua sendo a fachada de grani- com o passar dos anos e o mesmo tenda a acontecer também
to do velho Colégio Madre de Deus, que sobreviveu ao no caso de Macau, onde a posse administrativa portuguesa se

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PORTUGAL NUM MUNDO DE RELAÇÃO


Comunidades portuguesas

Alguns testemunhos da presença portuguesa

Velha Goa, vista geral, 1957 Cabo Verde, Mindelo


Macau, ruínas de São Paulo Sri Lanka, fortaleza de Galle
Velha Goa, ruínas de Sto Agostinho Brasil, São Salvador da Baía
Goa, Igreja de Chandor
Fortaleza de Diu

prolongou mais no tempo. Quanto ao jovem Timor livre, é


de esperar que a língua lusa se vá diluindo lentamente entre
os dialectos locais e o inglês, que acaba por ser a língua fran-
ca em tão longínqua parte do mundo.

Evidências culturais de hoje


Actualmente o português continua a ser uma língua viva
junto de múltiplas comunidades repartidas por todos os con-
tinentes devido à emigração que, desde a segunda metade do
século XIX até mais de metade do século XX, manteve uma
expressão bastante intensa, agudizando-se em momentos par-
ticulares de crise política e económica. Uma das características
mais significativas desta emigração é o seu padrão regionalista
mais ou menos fiel, em que as pessoas de determinadas
regiões mantêm os mesmos destinos ao longo de várias gera-
ções, retomando no exterior os mesmos laços familiares e
comunitários do lugar de origem. Assim se compreendem as
grandes comunidades de madeirenses em Caracas (Venezuela)
e Joanesburgo (África do Sul), as enormes comunidades de
açoreanos em cidades dos Estados Unidos como Massachu-
setts, New Bedford, Boston entre outras, ou as expressivas
comunidades de nortenhos espalhados por toda a França,
Reino Unido, Suíça e Alemanha.
De entre o total de população portuguesa e de origem por-
tuguesa a residir no estrangeiro em 2002, estima-se que só o
continente americano comporte cerca de 58% (24% nos EUA,
14% no Brasil, 10% no Canadá e 8% na Venezuela), seguin-
do-se a Europa com 31%, seguida de longe pela África com
7%, que na sua quase totalidade se encontram na África do
Sul. No conjunto destes destinos mais representativos da pre-
sença portuguesa haverá lugar para graus bastante variáveis de
inserção social e aculturação, tal como variável será também a
influência que os portugueses exerceram e continuam a exer-
cer junto das comunidades que os acolheram.
Uma outra forma de manter viva a memória cultural dos
portugueses residentes no estrangeiro é a gastronomia. Daí a
presença obrigatória do comércio de produtos alimentares
provenientes de Portugal junto das grandes comunidades
emigrantes e de alguns restaurantes, o que sempre vai dando
para matar as saudades da pátria.
Estes espaços comerciais podem ser entendidos como mar-
ca cultural representativa da influência portuguesa no exterior.

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PORTUGAL NUM MUNDO DE RELAÇÃO


Comunidades portuguesas

Reconstrução, a partir de uma planta


e documentos do início do séc. XX, 86
Rio Ma
Rio ndo
Ma vi vi
ndo
da cidade de Velha Goa no séc. XVI 66

87 67

Ruínas
Ruínas 65
Locais de antigos
Perímetros de edifícios
antigosreligiosos
edifícios religiosos 85
62
88 61
Locais de antigos
Perímetros de edifícios
antigosdeedifícios
serviços públicos
de serviços públicos 82 83
68
89
Equipamentos no no
Equipamentos séc. Séc.
XVI XVI 63
84 69
Largos e eruas
Largos de maior
ruas comércio
de maior no séc. XVI
comércio no Sec. XVI 90
64 60 15
Principais
Eixos eixos de circulação
principais de circulação
81 58
(a ponteado os mais importantes, 70
a cheio os existentes na actualidade) 59
91
77
71
13

72 57
76 55
56 17
75 73 54
19
18
74 53 16
20 21

117 52 51 22

116

112
114
115
111 110
109
108 93
113
95
86
92
66 Rio Ma ndo v
107 95
106 94 10
105 96
104 9

Distribuição
Distribuição de igrejas,
de igrejas, devalaias
devalaias e mesquitas, 1960
e mesquitas, 1960 102 103 11 8

97

100 12
101 14

98

99
13

35 23
36
37
39

38
34

32
47
46 48

49 44
33

50 31

30
43
45

40
41
Devalaias

Igrejas
42
Mesquitas

Velhas conquistas

Novas conquistas
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PORTUGAL NUM MUNDO DE RELAÇÃO

Planta geral de Velha Goa Comunidades portuguesas


1. Local do Convento da Madre de Deus 47. Local da Igreja da N. Sra da Luz 86. Cais de Sta. Catharina
2. Local da Igreja de S. José 48. Adro da N. Sra da Luz ou do Arcebispo
3. Calçada de Daugim 49. Calçada da N. Sra da Luz 87. Local do Aljube
4. Rua das Flores 50. Pelourinho Novo 88. Capela de Sta. Catharina
5. Local da Igreja de Sta. Luzia 51. Rua dos Ourives 89. Local do Hospital Real
6. Adro de Sta. Luzia 52. Rua dos Pannos 90. Local da Alfândega
7. Rua de Sta. Luzia 53. Local do Bazar Velho 91. Rua do Bazarinho de S. Francisco
8.
9.
Local da Balança ou Pezo
Local do Bazar Grande 54.
ou Pelourinho Velho
Local da Porta dos Bachareis
92. Local da Ribeira Grande ou Arsenal
93. Estufa
No entanto, esta característica, por si só, não consegue impôr,
10.
11.
Local da Alfândega
Rua do Bazar Grande 55.
ou Baçaes
Local do Recolhimento da Serra
94. Local da Capela das Chagas
95. Rua das Naus de Ormuz
nem no tempo nem no espaço distante, o sentimento de per-
12.
13.
Rua de S. Domingos
Rua do Monte ou do Vigário Geral
56.
57.
Cemitério
Rua Direita ou dos Leilões
96. Convento de Sta Mónica
97. Convento de S. João de Deus
tença e de partilha de um património identitário. Com efeito,
14.
15.
Local do Convento de S. Domingos
Rua do Mandovi
58.
59.
Casa das Bullas
Arco da N. Sra da Conceição
98. Local da Igreja de Sto André
99. Rua dos Judeus
tanto no caso das visitas anuais regulares como nas mais raras,
16.
17.
Calçada de N. Sra do Monte
Rua dos Surradores
60.
61.
Convento de S. Caetano
Palácio dos Governadores
100. Ruínas do Colégio do Populo
101. Local do Arco do Populo
o que acontece com uma boa parte dos emigrantes (e os por-
18.
19.
Rua do Açougue
Local do Açougue
62.
63.
Local do Palácio dos Vice-Reis
Terreiro dos Vice-Reis
102. Ruínas de N. Sra da Graça
e Convento de Sto Agostinho
tugueses não são caso único) é uma espécie de duplo desenrai-
20.
21.
Local do Tribunal
Rua da Árvore
64.
65.
Local do Tronco
Arco dos Vice-Reis
103. Terreiro de Sto Agostinho
104. Praça de Sto António
zamento, que pode ser colmatado numa terceira cultura, ou seja,
22.
23.
Rua da N. Sra do Monte
Local do Convento das Carmelitas
66.
67.
Cais dos Vice-Reis
Ribeira das Galeras
105. Capela de Sto António
106. Local do Convento de S. Roque
numa sobreposição das influências culturais trazidas com as
24.
25.
Igreja da N. Sra do Monte
Local da Igreja de Sto. Amaro
68.
69.
Local da casa do Senado
Terreiro de Sabaio
107. Priorado da N. Sra do Rosário
108. Calçada da N. Sra do Rosário
que são recebidas, conjugando-se este somatório de maneiras
26.
27.
Rua de S. Lázaro
Adro de S. Lázaro
70.
71.
Local da Igreja de S. Thomé
Rua do Crucifixo
109. Beco dos Bachareis
110. Local do Convento de S. Boaventura
muito próprias.
28.
29.
Local do Hospital de S. Lázaro
Campo de S. Lázaro
72.
73.
Local da Misericórdia
Rua do Bazar Velho
111. Rua de S. Boaventura
112. Cemitério de S. Pedro
No fundo, estas terceiras culturas são hoje uma característi-
30.
31.
Local da Igreja de S. Thomé
Rua de S. Thomé
74.
75.
Rua dos Banianes
Igreja e casa professa do Bom Jesus
113. Local do Convento de S. Thomás
de Aquino
ca cada vez mais frequente no mundo multicultural em que
32. Local do seminário da Sta Fé
ou Colégio de S. Paulo
76.
77.
Casa dos Peregrinos
Terreiro dos Gallos
114. Igreja de S. Pedro
115. Ruínas do Palácio de Panelim
vivemos, desempenhando em crescendo o necessário papel de
33.
34.
Capela de S. Francisco Xavier
Rua de S. Paulo
78.
79.
Rua dos Carregados
Rua da Graça ou das Mónicas
116. Capela da N. Sra da Piedade
117. Rua de S. Pedro
mediadoras entre referências culturais que se multiplicam,
35.
36.
Local da Igreja de Sto Aleixo
Local do Hospital dos Pobres
80.
81.
Rua das Três Boticas
Rua dos Chapeleiros
identidades nacionais que tendem a perder-se ou a exacerbar-se.
37. Rua do Hospital dos Pobres
ou Mão Cortada
82. Convento de S. Francisco
de Assiz
No actual mundo globalizado, a par do processo de homo-
38.
39.
Rua da Santíssima Trindade
Local da Igreja da Santíssima
83.
84.
Palácio do Arcebispo
Sé 2
geneização cultural, assiste-se a um certo re-inventar das cul-
40.
Trindade
Local do antigo Pagode
85. Quartel turas locais e ao elogio dos seus particularismos. As festas, a
41.
42.
Tirta
Ruína da Forca
1 gastronomia, a música, o traje e a língua são, neste contexto,
43. Ruína do Convento da Cruz
dos Milagres
elementos privilegiados que não só alimentam o sentimento
44.
45.
Calçada da Cruz dos Milagres
Caminho da Forca
de pertença das comunidades aos seus espaços como também
46. Caminho das Portas de Moula sustentam a riqueza da sua memória colectiva e fazem a pon-
te com a identidade nacional.
Se dentro do país se verifica a necessidade de fomentar e
vi explorar o significado de todas estas expressões culturais, no
exterior essa necessidade será ainda mais urgente, quer pelos
laços que nunca deixarão de unir as comunidades portugue-
sas à sua pátria, quer pela própria posição que a cultura por-
6
7
5 3 tuguesa conquistou no mundo. Neste contexto importará
destacar o papel de instituições oficiais como o Instituto
4 Camões, que ao longo de vários anos tem vindo a desenvol-
ver uma rede de docência da língua e cultura portuguesas em
universidades estrangeiras, coordenando centros culturais e
de línguas, bem como apoiando edições no estrangeiro.
Entretanto, não menos importantes que as instituições
oficiais de apoio à cultura e comunidades portuguesas, serão
24
os organismos, associações e colectividades que os próprios
portugueses criaram nas terras de destino. Nelas se poderão
encontrar muitas das soluções aos problemas que se vão colo-
cando no seu quotidiano, os imprescindíveis laços de amiza-
de e solidariedade, os necessários sentimentos de pertença
25 para com as duas culturas em sobreposição e, sobretudo –
26
ainda que com algumas distorções ou adaptações – manter
viva a cultura portuguesa no mundo para que Portugal tam-
bém não esqueça toda a sua gente que está fora.
27
N
28

29

500 m N

0 125 250 m

ATLAS DE PORTUGAL IGP 219


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PORTUGAL NUM MUNDO DE RELAÇÃO


Comunidades portuguesas

População nos países de língua portuguesa, 2001

PORTUGAL
10 336 000

CABO VERDE
434 800

GUINÉ-BISSAU
1 200 000 S. TOMÉ E PRÍNCIPE
175 000
BRASIL
ANGOLA
169 800 000
12 800 000
TIMOR
750 000

MOÇAMBIQUE
18 600 000

População de origem portuguesa residente no estrangeiro, 2003

Principais países
de residência
dos portugueses,
2003
1 177 112

Distribuição dos
788 683

portugueses por
700 000

continente, 2003
506 270

>1 000 000 Europa


400 000

500 000 a 1 000 000 31%


300 000

100 000 a 500 000 África


250 000

10 000 a 100 000


160 672

7% Oceania
132 625

1 000 a 9 999
65 000

1%
47 064
38 000

1 a 999 Ásia
0 3%
América
África do Sul
EUA
França
Brasil
Canadá

Reino Unido
Suíça
Alemanha
Luxemburgo
Espanha
Bélgica
Venezuela

58%

220 ATLAS DE PORTUGAL IGP


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PORTUGAL NUM MUNDO DE RELAÇÃO


Comunidades portuguesas

Presença cultural do Instituto Camões e associações de portugueses no mundo, 2004

110
1 1 1

1 1 2 156
1
2 1 1 1 1 4
1 1 1 1 1 1

1 1
2 1 1
1 1
1
1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
3 55 1
1 1 1 1 1 1
1
1 2

Associações 1 1 1 1 1 1 3 1
1 1
de portugueses 1 1 5 137
1 1 1 5
1
3 Conselheiro cultural 1
4 1 1 3 4
1 1 3
3 Centro cultural 3 42
2 3
3 Centro de línguas
1 1 1
2 58
3 Cátedras 23
3 Leitores
2
2 11

1 1 2 6 1 2 240
19
1 1 19
1 3 2 23 59
1 1
611 1 1
1 1 1
1 1 1 2 9 1 1 101
9
1 4
1 2 5 24 1
1 1 1 2

Meios de comunicação social em português no mundo, 2004

12 4 2

9 6 3
6 1 1

1
3 1
2
1

1 1
1 2
2 2
5 6 3
Jornais

Rádios

TV

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