Por Lena Hadad e Maria da Graca Souza Horn
os
um fato: no Brasil, a maforia dos
espacos oferecidos as criancas nas
instituigdes de Educacio Infantil
iio sio nada convidativos. Ha pou-
cos brinquedos e quando tm estio quebrados, as
criangas se queixam, brigam ¢ muitas vezes sao
obrigadas a dancar e fazer gestos sem contexto al-
gum. Na maior parte das vezes no sio desafiadas a
fazer coisa alguma. Esta é uma realidade mais fre.
quente do que se imagina no cenéio da Educagio
Infantil em nosso pais.
Partindo da premissa de que o espaco é social
mente construido e fruto das interagbes realizadas
Por todos os atores que atuam nos contextos de
Educacio Infanti, nosso propésito aqui é revisitar,
rimeito, autores que em tempos mais remotos ¢
Contemporineos consideraram a dimensio espacial
éenquanto parte integrante da acio pedagégica em
intersegio com outras dimensdes, tais como a orga-
nizagio do tempo, as relacdes, os tipos de experién-
cias possibilitadas, a observacio, o planejamento ¢
4 avaliacdo, Além disso, serio revistos também cri.térios e modos de organizar 0s espagos, bem como
‘os materia eos objetos que desafiam a intervengio
das criangas no sentido de alimentarem a parceria
pedagogica que pode se instalar nos espagos educa-
tivos para a infincia.
PRIMEIRAS REFLEXOES SOBRE ESPACO
‘A reflexio e a discussio sobre a organizacio
dlos espagos como componente do curriculo néo é
recente, Desde meados do século XIX, jé existiam
referenciais tedricos que buscavam quebrar 0 mo-
Despame
sociliente
das interacoes
realzadaspor
todos que atuam }
nos contextos de }
FEdlucacao Ina
delo de uma escola baseada em um ensino verti-
calizado, centrado na figura do adulto, com énfase
na transmissio dos conhecimentos pelo professor,
ccujos espacos eram compostos por carteiras alinha~
das, umas atris das outras, méveis fxos, earmatios
chaveados pela professora
O sistema de educagio vislumbrado por Frie-
drich Froebel (4782-1852), por exemplo, era um
protesto contra a ideia de que o saber ou a cultura
ppossam ser impostos de fora. Concebia a crianga
‘como um todo organico que se desenvolve através
Sa aa atividade criativa, de acordo com leis
Historias, poesias,
ecantos que
tissem sobre eles (Formas de Vida); para
naturss Eh aprende agindoeatraves SE@RBMZ Semon princon cen, als
daagio, sendo a aprendizagem oresul- (meMMARO GE Coma: nogoes de tempo, espa, cas
tudo de sua vida ativa, Pata este edu- gmameniea lida emimer, ou relagBes ene ps
cador, a aprendizagem que nao surge interessenavidae _sado, presente e futuro, ou movimento,
como um resultado de atividade cons-
trutiva ou produtiva viola a unidade do
organismo e permanece como uma ex
periéncia morta
Froebel foi 0 primeiro educador a inventar
tuma aparelhagem para a expressio das atividades
das criangas, criando em 1837, antes do Kinder.
4garten (jardim de infincia), os primeiros objets
de um grande arsenal que ficou conhecido como
dons e ocupagses
Em Foundations of Progressive Education [Fun-
damentos da Educagio Progressiva), Liebschner
exemplifica as diferentes finalidades com que os
dons eram apresentados e utlizados pelas criangas:
para representar objetose situagées conforme expe-
rimentados na vida da crianca, de forma que ao se
lembrarem desses eventos e objetos também refle-
na natureza devem
servalrizados
velocidade e impacto, ou mesmo rela-
es geométricas de linhas, superficies
e sélidos (Formas de Conhecimento);
& por dltimo, para desenvolver a cons.
cigncia estética na crianga, através da criagio de
padroes e formas de beleza (Formas de Beleza)
Os jogos e brincadeiras ocupavam lugar de
honra em seu projeto, assim como a relacio di
reta da crianga com os objetos que a rodeiam e 0
Contato intimo com a natureza, através do cultivo
de jardins. Historias, poesias e cantos que en-
cantam a imaginagéo da crianga e despertam em
sta mente o interesse na vida e na natureza eram
igualmente valorizados.
Deacordo com Fby, em “Froebel ea Educacao
pela Evolugao Organica’, Froebel também foi o
primeiro educador a perceber o significado mais
profundo da educagio nas relagdes humanas.
Para ele, toda atividade humana, bem como @
pensamento, éfruto das relagdes humanas; assim,