Sunteți pe pagina 1din 34

BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES

PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

VOLKSWAGEN
ANO 30 • Nº 244
MAIO 2007

ENTREVISTA
Maílson da
Nóbrega

É a vez de um
brasileiro compacto
para os ricos europeus JAPÃO
milenar e
futurista
Recado

SOBRE
ECONOMIA
E O ORIENTE
T rês assuntos relacionados pautam esta edição de Showroom. O crescimento da economia
nacional, considerado bom pelos analistas mas ainda tímido pelo potencial do País, a
oportunidade que o setor automotivo está deixando para os orientais de projetar,
desenvolver e colocar no mercado internacional um “carro verdadeiramente popular” e os
inúmeros interesses que o Japão oferece ao mundo, entre eles, o de ter tirado o primeiro
lugar da GM como o maior fabricante de veículos do mundo. Todos os temas têm um
fundo econômico consistente e aspectos curiosos de conhecer. A intenção foi oferecer
uma leitura agradável com boa dose de informações. O ex-ministro da Fazenda, Maílson
da Nóbrega, é o entrevistado na seção Gente, e fala, com sua conhecida clareza e
simplicidade, por que o Brasil não vai crescer o quanto gostaríamos, mas ainda assim
está otimista em relação ao futuro. Nessa mesma linha de raciocínio caminha a matéria
sobre o setor automotivo. O Brasil tem tudo para colocar no mercado internacional um
veículo verde-amarelo bom e barato. Tem engenharia, mão-de-obra competente e a
bom preço e parque industrial suficiente para criar, desenvolver e produzir em larga
escala um automóvel com a marca Brasil. Segundo o consultor da Ronald Berger, Wim
van Acker, o País está perdendo a chance de sair na frente de países como a China e a
Índia, que têm também condições de fazer isso, mas vêem comprometida, por
enquanto, sua produção ao mercado interno. Exportador conhecido e respeitado, com
capacidade ociosa em suas unidades industriais, o Brasil poderia suprir essa lacuna.
Do oriente também vem o terceiro tema desta edição. Falamos do Japão, esta
superpotência nascida em território pobre, que há tempo é a segunda economia mundial
e exemplo de determinação, disciplina, estudo e perseverança. Entre as inúmeras belezas
exaltadas na seção A Passeio, as qualidades e conquistas do Japão e do povo japonês
sintetizam-se na obtenção do primeiro lugar mundial no ranking de fabricantes de
veículos, posição que vinha sendo ocupada pela estadunidense GM há 73 anos.
Boa leitura.

Conselho Editorial
Cartas
Expediente

PUBLICAÇÃO MENSAL DA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN

Ano 30 – Edição 244 – Maio de 2007

Conselho Editorial
Antonio Francischinelli Jr. , Carlos Alberto Riquena,
stock.xchng

Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez,


Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno.

Editoria e Redação
Trade AT Once - Comunicação e Websites Ltda.
Rua Itápolis, 815 – CEP 01245-000 – São Paulo – SP
Tel (11) 5078-5427 / 3825–1980
O ESTETA microempresária, não deixo FÃS DE YASUSHI editoria@tato.com

Muito simpática e oportuna a de checar os sites, blogs ou ARITA Editora e Jornalista Responsável
Silvia Teresa Bella Ramunno (13.452/MT)
entrevista com o ótico Miguel comunidades que “detonam” Aqui em casa somos seis Redação - Rosângela Lotfi (23.254/MT)
Giannini, personalidade das as empresas ou marcas. mulheres e todas somos Projeto Gráfico e Direção de Arte
mais conhecidas e queridas em Antes de cair na boca do fãs do consultor Yasushi Azevedo Publicidade - Marcelo Azevedo
São Paulo (Edição 242 – março povo, é preciso estar Arita. Sempre que possível azevedocom@terra.com.br

2007). Ele mostrou como é preparada para a defesa! assistimos às suas Publicidade
possível manter um negócio Maria Lúcia Mendez Disal Serviços
palestras e lemos seus Maria Marta Mello Guimarães
próspero e digno por mais de Rio de Janeiro – RJ
livros, mas mesmo assim Tel (11) 5078-5480
40 anos, sem ceder às gostaríamos de externar mmello@grupodisal.com.br

pressões da globalização. Além nossa admiração por ele. Impressão Gráfica Itú
disso, ele deu mostras do Lendo o seu artigo Tiragem 6.000 exemplares
grande ser humano que é. “Homem X Mulher – pode
Parabéns pelo exemplo de vida haver igualdade entre Revista filiada à ABERJ
Permitida a reprodução total ou parcial, desde que
pessoal e profissional. diferentes?” na última citada a fonte.
Ricardo Mendonça revista (Edição 243 – Abril As matérias assinadas são de responsabilidade do
autor e não refletem necessariamente a posição da
São Paulo – SP 2007) ficamos ainda mais Assobrav.
Registro nº 137.785 – 3º Cartório Civil de Pessoas
sensibilizadas com sua Jurídicas da Capital de São Paulo.
“A ÍNDIA QUE VEJO” visão feminina e altruísta
Excelente o depoimento do Assobrav
do mundo. Parabéns por Av. José Maria Whitaker, 603
empresário Vittorio Rossi contarem com um CEP 04057-900
Junior (VW Primo Rossi – SP) São Paulo – SP
colaborador como ele.
sobre a Índia (Edição 242 –
POLVO À MODA Suzete, Sônia, Silmara, Selma,
Tel: (11) 5078-5400
assobrav@assobrav.com.br
março 2007). Ele tocou os ANTIGA Solange e Sandra Maranhão
Diretoria Executiva
pontos cruciais que devem São incríveis as receitas São Paulo - SP Presidente: Elias dos Santos Monteiro
levar uma pessoa a conhecer divulgadas pela cozinheira Vice-presidentes: Carlos Roberto Franco de Mattos Jr.,
Evandro Cesar Garms, Heloisa Souza Ribeiro Ferreira,
esse maravilhoso país, sem Isabel Caldeira (Seção Mesa SHOWROOM NAS Luiz Sérgio de Oliveira Maia,
Mauro Pinto de Moraes Filho, Mauro Saddi, Nilo
demagogia e misticismo. Posta, pág 42) na RECEPÇÕES DAS Augusto Moraes Coelho Filho, Rogério Wink e Walter
Paula R. Bastos Showroom. Mesmo CONCESSIONÁRIAS Keiti Yaginuma.
São Paulo - SP parecendo complicadas
Parabéns pela maravilhosa Presidentes dos Conselhos Regionais
numa primeira leitura, elas Região I: Rodrigo Gaspar de Faria
WEB 3.0 e bela publicação mensal Região II: Luiz Alberto Reze
são simplérrimas de fazer, e
Super educativa a matéria de da Assobrav. Tive a Região III: Roberto Petersen
o mais bacana é que fogem Região IV: Carlos Francisco Restier
capa da última Showroom oportunidade de conhecê- Região V: João França Neto
do lugar comum. A última
“Vem aí a Web 3.0” (Edição la e o prazer de ler a Região VI: Ignacy Goldfeld
receita dada por ela “Polvo Região VII: André Luiz Cortez Martins
243 – Abril 2007), edição do mês de março
à moda Antiga” (Edição 243
especialmente porque alerta as 2007. Gostei muito do que Conselho de Ex-Presidentes
– Abril 2007) é Sérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João Cláudio
empresas a prestarem mais vi, por isso gostaria de Pentagna Guimarães, Orlando S. Álvares de Moura,
simplesmente divina, basta
atenção aos internautas, ou recebê-la mensalmente. Amaury Rodrigues de Amorim,
ter um bom fornecedor de Carlos Roberto Franco de Mattos,
seja, àquelas pessoas que se Maria do Socorro de Almeida Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e
peixes. Recife - PE Rui Flávio Chúfalo Guião.
comunicam muito pela rede. Ana Georgette
Mesmo sendo uma São Paulo - SP Foto de capa: lafstudio/divulgação
Computação Gráfica: Filipe Azevedo
N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente basta solicitar por e-mail
4 (editoria@tato.com) ou carta (Assobrav – A/C Comunicação - Av. José Maria Whitaker, 603
– CEP 04057-900 – São Paulo – SP) o seu envio.
Sumário

A PASSEIO

BANDEIRA
GENTE

3 RECADO máximo sua atuação nas organizações. O festivais que acontecem na primavera e no
A mensagem do Conselho Editorial. objetivo é transformar a área num RH verão, tudo isso é proporcionado ao turista
estratégico cuja atuação esteja alinhada aos com absoluta segurança e seriedade. O
6 QUEM PASSOU POR AQUI planos de negócio. Japão, além de lindo, é um lugar para ser
Amigos e personalidades que visitaram a visto como exemplo.
Assobrav e o Grupo Disal. 16 SETOR
Produzimos e exportamos carros, mas não 36 ADMINISTRAÇÃO
8 GENTE somos reconhecidos como jogadores “O custo de capital de uma empresa é uma
Maílson da Nóbrega, o economista que importantes no comércio mundial de média ponderada dos custos dos recursos
antecipa os fatos sem bola de cristal. veículos. Por quê? Falta ao Brasil promover próprios e de terceiros utilizados pela
Experiência na vida pública, bom senso, a marca ‘carro brasileiro’. É preciso olhar o empresa. É muito importante ter em mente
objetividade e muita análise. Estas são as mercado externo com atenção constante e este número, mesmo sabendo que se trata
ferramentas que o ex-ministro da Fazenda e não só como projeto de curto prazo para de uma aproximação.”
seus sócios na “Tendências” utilizam para ganhar dinheiro quando o mercado interno
continuar acertando nas previsões. Nesta está recessivo. Em outras palavras: urge 38 FREIO SOLTO
edição, Maílson fala da economia brasileira, pavimentar um caminho para inserir, de A opinião, a crítica e a ironia do jornalista
da internacional e de um tema específico: o fato, a indústria automotiva brasileira no Joel Leite.
futuro das cooperativas de crédito no Brasil. mercado global.
40 NOVIDADES
12 CONSULTA SEBRAE 24 BANDEIRA O que há de novo em eletrônica digital,
As dicas e as opiniões dos consultores do A Volkswagen no Brasil e no mundo. periféricos de informática e outras
SEBRAE. utilidades.
30 A PASSEIO
13 RH Japão, a “Terra do Sol Nascente”. Caro, sim, 41 LIVROS&AFINS
Para entender de gente não basta conhecer mas um dos destinos que merecem ser A resenha do livro “A empresa Sustentável”,
umas poucas regras gerais (às vezes, até visitados mesmo que for preciso sacar o lançamento da Campus/ Elsevier, dos
ultrapassadas) e com elas acreditar que se dinheiro da Poupança. O Japão não é só a autores Andrew Savitz e Karl Weber e a
pode obter boa produtividade. segunda economia do mundo, a terra da crítica ao filme “Alpha Dog”, o novo de
tecnologia de ponta e das últimas novidades Nick Cassavetes; uma história real.
14 OUTLOOK em todos os campos do conhecimento. O
Novidades, comentários e lançamentos do Japão é tradição, arte, singeleza; uma 42 VINHOS&VIDEIRAS
setor automotivo. cultura milenar que não deixa indiferente A opinião abalizada de Arthur Azevedo,
nem mesmo quem não curte História. Os presidente da Associação Brasileira de
15 MOTIVAÇÃO castelos, templos e os parques são apenas Sommeliers - SP.
“Atualmente torna-se cada vez mais alguns dos aspectos que levam o turista
necessário à área de Recursos Humanos exigente ao Japão, porque lá também se 42 MESA POSTA
mensurar suas ações através de encontra muita diversão. Nas alucinadas Histórias de receitas e de cozinheiros.
procedimentos que possam respaldar ao noites de Tóquio, nas estações de esqui, nos 5
Quem passou po r aqui Cesar Álvares de
Moura, da VW
Savol (S. André),
em um de seus
irretocáveis
ternos italianos,
para mais um
encontro com os
concessionários
de São Paulo...

Décio
Carbonari de
Almeida,
diretor de
Serviços
Financeiros
(Banco
Volkswagen),
que sempre
passa por
aqui...

O Basy´s man da
Volkswagen,
Daniel Proença,
para mais uma
rodada de
aperfeiçoamento
do sistema...

Cleide Simões
Videira Cozzi,
da VW Marte
(SP),
surpreendida
ao retocar a
maquiagem,
em visita
oficial à
Assobrav...

O simpaticíssimo gerente de Planejamento da


Rede (VW), Álvaro Gomes, curtindo um minuto
de folga entre uma tarefa e outra...

6
José Roberto
Bacchin, da VW
Morumbi Motor
(SP), correndo
para anotar a
estratégia da
última campanha
de vendas...

Marco Tondeli, gerente do Programa de Vendas da


George Volkswagen, em pose rápida para a coluna, antes de
Melissopoulos, retornar à costumeira reunião mensal de ação de vendas...
gerente de
pós-venda da VW
Alta (SP), para
simbolizar o
“piloto” da
Garantia sem
Marcação de
Tempo...

O esportista Valter de Souza Mesquita, da VW


Biguaçu (SP) e sua habitual paz de espírito, para
acompanhar as útlimas decisões da UNI...

Um dos raros registros do


reservado diretor presidente
do Grupo Sabrico (SP),
Francisco José Fernandes
Valgode, especialmente para
a coluna... 7
Gente

O economista Maílson da
Nóbrega, homem cordato,
com levíssimo sotaque
paraibano, é um dos
nomões que formam o
quadro da Tendências
Consultoria Integrada,
uma das mais conhecidas
empresas do País no
segmento e apontada por
boa parte da imprensa
como a que mais acerta
prognósticos.
divulgação

Por Silvia Bella

MAILSON DA NÓBREGA
“Se não fosse assim, não seria o Brasil”

C omo se sabe, Maílson foi funcionário público de carreira


e tem o mérito, entre outros, de ter sido um dos primeiros
analistas a dizer claramente a um ministro e indiretamente a
possibilidade de dar início a um processo de privatizações.
Com isso, Maílson da Nóbrega passou a ser ministro da
Fazenda naturalmente, e com muitos problemas para
um presidente da República que a privatização das empresas resolver. Esta experiência – certamente a mais relevante de
estatais era ponto crucial para o destravamento da economia sua vida pública - serviu para comprovar não apenas sua
brasileira. Os tempos, evidentemente, eram outros, bem mais competência técnica, mas um estilo muito objetivo de ser e
difíceis e sombrios: inflação de três dígitos e contas públicas de dizer as coisas. Ao contrário de muitos de seus colegas,
sem controle. Isto aconteceu em meados dos anos 80, Maílson vai direto ao ponto. Não é do seu feitio dar voltas e
quando Nóbrega era Secretário Geral do Ministério da prefere as expressões simples. Em suma, é um economista
Fazenda, depois de ter ficado anos no Banco do Brasil e que fala português. Nesta entrevista à Showroom, cujo tema
ocupado vários cargos no Ministério da Indústria e Comércio. principal era o futuro das cooperativas de crédito no Brasil, o
A ascensão de Maílson ao posto maior da Fazenda também se ex-ministro não titubeou em dizer que o caminho natural
deu nessa época. O ministro da Pasta então era Bresser desse segmento é seguir o modelo europeu, com a mesma
Pereira e o presidente, José Sarney. Bresser acabou deixando o independência e o profissionalismo dos bancos, no fim, seu
governo em 1987 porque Sarney sequer cogitou analisar a natural e real propósito, mas também não deixou de falar
8
sobre a economia brasileira e a mundial e antecipar, Não. A experiência mundial mostra que o espírito
acertando na mosca, o que o Relatório do Fórum Econômico associativo que fez nascer a cooperativa permanece mesmo
Mundial – Latin América@Risk mostraria uma semana em uma estrutura maior e mais forte como o banco.
depois na imprensa. Porém, o que precisa mudar na cabeça dos cooperativados,
dos associados, é que não será mais possível ter as
Revista Showroom: Por que durante tanto tempo as benesses das cooperativas, como a isenção de impostos.
cooperativas de crédito tiveram uma imagem tão ruim? Os grupos ou entidades que quiserem se cooperativar
Maílson da Nóbrega: Na década de 60, as cooperativas de precisam estar conscientes que devem respeitar essas novas
crédito - instituições de investimento de grupos - tiveram a condições, pertinentes a qualquer banco.
imagem comprometida porque representavam os interesses Insisto. Não seria uma pena – para os associados - perder
de “classes”, notadamente da classe política. Muitos esses benefícios que as cooperativas permitem?
cooperativados foram literalmente enganados com relação a Veja, na origem a idéia é excelente, mas as cooperativas
seus investimentos, a turma dirigente se vendia e aos olhos jamais poderão competir com a força de captação
dos órgãos reguladores essas instituições não eram nada além financeira, da eficiência, da tecnologia que têm os grandes
do que bancos disfarçados – e o pior – com as benesses das bancos. Quer dizer, “pena” seria perder as possibilidades
cooperativas. Por isso eram mal vistas. que os bancos têm de ganhar dinheiro!
Mas também se dizia que as cooperativas eram excelentes Essa idéia romântica que às vezes as empresas têm de que
para os cooperativados... as cooperativas são soluções mais baratas, na verdade pode
Sim, de certa forma, mas o propósito era distorcido. O Banco se revelar uma injustiça. Por exemplo, num condomínio,
do Brasil, por exemplo, usava as cooperativas para repassar quando alguns moradores não pagam as mensalidades, os
empréstimos aos cooperativados com vantagens, tendo outros precisam cobrir a parte desses inadimplentes. Na
custos reduzidos. Com isso, não só as cooperativas eram cooperativa tradicional é pior ainda, porque os
vistas como um apêndice do Banco do Brasil, como o Banco inadimplentes sequer são penalizados com multas ou
do Brasil – naquele paternalismo – também tinha sua juros, como ocorre nos condomínios. Esse tipo de
imagem comprometida. O fato é que o modelo das camaradagem precisa desaparecer. Então, o que em
cooperativas no País foi uma cópia mal feita das cooperativas princípio parece ser um benefício, acaba sendo uma
da Europa, formadas durante o século XIX. transferência de renda injusta! Nessa situação, os
E hoje, as cooperativas correspondem ao que se espera capitalizados vão preferir aplicar seus recursos em um
delas? banco qualquer onde obterão rendimentos sobre o seu
O sistema amadureceu. Consolidou-se a idéia de que as investimento...
cooperativas - na sua origem, um grupo de pessoas que se Vamos falar um pouco da economia nacional? Parece que
cotizam - tenham sua base no sistema francês, fortalecido tudo vai bem...
com a ação do eficiente “Crédit-Agricole” que lá norteou o Nós estamos entrando para o clube de países com PIB
cooperativismo moderno, focado no crédito rural e, como se elevado e existe uma trajetória de crescimento. Veja o setor
sabe, obtendo excelentes resultados para os cooperativados e automotivo, que é um termômetro excelente da economia.
para a própria instituição. Então, hoje, as cooperativas no Os fiananciamentos de veículos devem ficar mais baratos
Brasil voltaram a ser bem vistas, e digo mais: estamos neste ano. Os juros anunais cobrados pelos bancos podem
caminhando para o sistema alemão, holandês ou japonês, chegar a 31%, e como se sabe, quase 85% do custo desse
isto é, um sistema nacional onde existem cooperativas crédito depende da Selic, que está em queda. De fato, nos
singulares (de grupos) mas que estão ligadas a instituições últimos quatro anos os juros baixaram 22 pontos
regionais e estas, por sua vez, a um banco. percentuais – e poderiam ter caído mais se os bancos não
O senhor quer dizer que o caminho natural das cooperativas tivessem aumentado o spread (a diferença entre o custo do
de crédito é se transformarem em bancos? dinheiro para a instituição e a taxa cobrada do tomador
Sim. Elas só têm a ganhar com isso. Por exemplo, as final) -, mas como acredito que a competição entre os
cooperativas ligadas à Unimed são tratadas de maneira bancos deve crescer ainda mais, a tendência é que o
profissional. Ora, tendo já uma estrutura desse porte, o que spread diminua.
as impede de se tornarem um banco no futuro? Eles O senhor então confirma a previsão otimista do setor
ganharão se fizerem isso, porque o banco passa a gerir de automotivo?
forma centralizada e extremamente profissional a gestão de Certamente. Neste ano a indústria automobilística deverá
risco, a formação de pessoal capacitado e a criação de produzir 2,8 milhões de unidades, uma marca inédita, e
produtos, como a venda de seguros e outros benefícios boa pare do volume será vendida internamente, graças ao
financeiros. Além disso, os bancos são super bem crédito, sem contar que o País surge como maior potencia
relacionados, participam de conferências internacionais que na energia limpa.
lhes asseguram um conhecimento técnico e prévio de muitos O mesmo vai acontecer no setor imobiliário. O volume de
mecanismos que podem ser altamente rentáveis. financiamento para a compra de imóveis dobrou em 2006
Na Europa isso já acontece. O Sistema de Crédito e estamos no limiar de uma explosão imobiliária, o que é
Cooperativo tende a ser mais forte, como os grandes bancos. muito bom sinal, com crescimento previsto de 20 a 30%
Mas nessa situação as cooperativas não perdem o seu foco, ao ano e taxa de juros razoáveis. Na seqüência, vai
isto é, trabalhar para os cooperativados que se uniram para deslanchar a segurança jurídica que atesta a confiabilidade
criá-las? do sistema.
9
Gente

dívidas, conferido pelas agências internacionais de


A Bolsa de Valores também é um termômetro, ainda que classificação de risco. Por ora, o País está dois degraus
mais sensível a chuvas, trovoadas e espirros de abaixo desse nível, no qual já se encontram México e Rússia.
magnatas... Mas, enfim, este selo abrirá para o Brasil, por exemplo, os
Sim e a Bolsa também vai de vento em popa. Ela vem bem recheados cofres dos grandes fundos de pensão,
batendo recordes e o Risco-País atingiu seu menor patamar impedidos de aplicar dinheiro em países considerados
histórico. Os investidores estrangeiros parecem acreditar inseguros. Estima-se que com o “Grau de Investimento”, o
que há um bom futuro no Brasil. E realmente, temos País passe a disputar um montante de recursos 17 vezes
empresas de primeiríssima linha, um sistema financeiro maior no mercado internacional. E uma evidência de que a
sofisticado... nossa promoção deve estar próxima é a queda vertiginosa do
Há três anos ninguém queria investir na América Latina, Risco-País, que pela primeira vez chegou a ficar abaixo da
hoje começamos a correr no ritmo dos caras, embora média do risco do bloco dos emergentes. Outra evidência é
nossas mazelas ainda sejam um Estado hiper atrofiado que que este selo já foi concedido a algumas empresas nacionais,
sufoca as empresas, uma burocracia que aniquila o como Ambev, Gerdau e Aracruz, o que lhes garante a
empreendedorismo, uma infra-estrutura de terceiro mundo, vantagem de desfrutar de um custo de capital menor.
uma Justiça que não garante um mínimo de regras aos Bem, mas esta “evolução de imagem e credibilidade do
negócios e esforços insuficientes na área de educação. Brasil” vem sendo conquistada aos poucos...
Puxa, com tudo isso ainda por fazer, nem sei como o Claro. Com a política monetária de 1995 a 2000 e a
senhor pode ser otimista... implantação da Responsabilidade Fiscal, o Banco Central e a
Mas, veja, o tempo tem mostrado que os otimistas acertam gestão fiscal começaram a adquirir transparência, como
mais que os pessimistas, por isso nós, da Tendências, acontece nos países do primeiro mundo, e aí o Brasil ficou
ganhamos novamente o título da consultoria que mais previsível. Por isso os analistas acertam mais do 90%, isto é,
acerta...e nós somos otimistas – e não ufanistas - só porque nós nos baseamos em como o Banco Central opera e pela
nos baseamos em análises e na teoria que atribui às transparência de como os dados chegam até nós.
mudanças estruturais feitas no País, a melhora. É Resumindo: o Brasil começou a ser um país mais
inquestionável o fato de que o Brasil está evoluindo muito normal...(risos)
no campo estrutural. Há ainda muito que fazer, como você O quanto pesa nesse processo a conscientização da
disse, mas algumas coisas já feitas fizeram muita diferença – sociedade brasileira?
e isso vem desde os anos 80 com a separação do Banco Muito. A sociedade brasileira passou a tomar ojeriza à
Central do Tesouro. Hoje o Banco Central é um banco inflação e não só, exigiu a imprensa livre, que por sua vez
mesmo. Quer dizer, apesar da resistência da época, ele tem feito o seu papel muito bem. Quer dizer, hoje é tudo
evoluiu e contribuiu para a estabilização monetária com o muito diferente, embora a sociedade não o perceba
Plano Real. claramente porque as mudanças em sociedades sofisticadas,
O quanto a onda de crescimento no mundo todo não é complexas, são naturalmente lentas. Mas veja, hoje nós
responsável – ou a grande responsável – pelo nosso bom temos restrições efetivas ao arbítrio. O presidente ainda tem
desempenho? o poder - como gostaria o vice José de Alencar – (risos) de
É fato que o mundo vive hoje uma das fases mais pujantes influenciar no Banco Central mas isso teria um custo muito
do pós-guerra. Este é o sexto ano consecutivo de alto. Uma decisão assim seria totalmente equivocada porque
crescimento firme, e segundo dados internacionais, a toda a sociedade perceberia o erro em questão de segundos.
economia global deverá crescer 5% neste e no próximo A mídia divulgaria o fato, os analistas e os mercados
ano, com os Estados Unidos e a China como principais antecipariam as conseqüências desse erro e os investidores
motores. Agora, o bom é que neste cenário o Brasil ganha. retirariam o dinheiro. Com isso, cairia a diretoria do Banco
Apenas para se ter uma idéia, há apenas seis anos, o saldo Central. Aliás, ela própria seria demissionária porque aqueles
comercial do País, atualmente na faixa de 40 bilhões de profissionais não estão lá pelo dinheiro que ganham -
dólares anuais, era de três bilhões. As reservas acumuladas receberiam muito mais na iniciativa privada – mas para
pelo Banco Central já são superiores a 110 bilhões de contribuir com o seu país e não queimariam seus nomes se o
dólares com perspectiva de subir até 150 bilhões no final presidente impusesse alguma coisa. Então, o presidente sabe
do ano. Isto é uma garantia histórica que faz toda a que seria uma ação com conseqüências desastrosas para a
diferença aos olhos dos investidores estrangeiros. Em suma, economia. Mandar o Banco Central tomar alguma decisão
os riscos de uma nova crise diminuíram sensivelmente. que favoreça a grupos seria absurdamente equivocado, seria
O que isto significa em termos práticos? um verdadeiro suicídio político.
Este cenário estimula os prognósticos de que o Brasil esteja Não corremos este risco, então?
próximo de receber o título de “Grau de Investimento” – Verdade seja dita, o presidente Lula é um dos poucos
uma espécie de aval sobre a capacidade de pagamento das petistas a entender este processo. Ele sabe que a inflação é
10
escolaridade média do brasileiro é de 6 anos. Mas essa
deficiência é histórica e tem muitas causas. Uma delas é
até curiosa. Os Estados Unidos, que têm a taxa mais alta
de alfabetização do mundo, conseguiram isso graças à
determinação de que todo cidadão deveria ler a Bíblia
rotineiramente e isso significava não ter a intermediação
de outro – um padre, pastor ou professor. Por essa razão,
eles não só aprenderam a ler perfeitamente como a
interpretar o que liam. Isso aconteceu em 1800, então eles
têm uma vantagem secular sobre nós e sobre a maioria dos
habitantes do planeta.
No Brasil, na mesma época, saber ler era irrelevante para a
mão-de-obra produtiva. Hoje é diferente. Somos um país
muito mais sofisticado, a ponto de o Brasil do século XXI
ser incapaz de gerar um novo Lula. Hoje, dificilmente um
operário chegaria à presidência.
É possível tirar esse atraso histórico?
Claro que sim, mas é preciso estar consciente de que a
natureza não dá saltos. O progresso é algo gradativo. O
governo autoritário no Brasil perdeu muitas
oportunidades. Na década de 70, com a crise do petróleo,
o jeito teria sido abrir a economia, mas o que fez o
governo? Exatamente o contrário: fechou, porque era a
divulgação

teoria desenvolvimentista. Pegamos o trem para trás. Em


88, o mesmo aconteceu com a Constituição. Foi votada
ruim para os pobres e uma Constituição à antiga, então, perdemos a chance duas
não para os ricos. Ele e seus assessores vezes de pegar o trem pra frente, para a modernidade, e
sabem que acertam não porque sejam excepcionais isso nos causou um atraso em relação aos outros países
governantes, mas porque tomaram a decisão correta de que é demorado de tirar, mas é possível.
manter a mesma política econômica, que entrou em vigor há Pegamos o trem certo agora?
16 anos. Isto é um mérito deles. Então, a criação de um Agora estamos com o trem na direção certa. Os tempos
ambiente democrático, com metas de combate à inflação e mudaram, o mundo mudou, então não há jeito de deixar
superávit primário são grandes coisas. Assim como o Estado o País na mão de uma só pessoa ou nas mãos de meia
assegurar um ambiente propício ao investimento e na defesa dúzia de tecnocratas. Nos anos 70 o Estado poderia
da renda dos menos favorecidos. mandar, mas agora não dá mais.
Sabemos o qual é a lição de casa a fazer, mas a queixa da Eu diria que estamos numa transição, onde o novo
sociedade é que ela está muito demorada... convive com o velho e a esperança é de que o novo
O Brasil mudou muito nos últimos 20 anos, o que para a prevaleça sobre o velho, porque ele gera mais legitimidade.
História é nada. Mas, é verdade, ainda faltam ações A previsão?
fundamentais como a Reforma Tributária, a Política e a Economia crescendo na média de 4%. Poderíamos crescer
Trabalhista. Porém, essas coisas são difíceis de fazer em um 5 ou 6%, mas tá bom assim... (risos). Se o crescimento
ou dois governos. Isso exige um esforço muito grande, um fosse de 6%, o Brasil seria um país de primeiro mundo e
esforço gigantesco e como dizia Ronald Coase, Nobel de daí não seria o Brasil. A inflação vai ficar entre 3 a 4%
Economia em 91, “As mudanças institucionais em países pelos próximos quatro anos e a desvalorização cambial
democráticos são lentas”. De qualquer forma, o conjunto de ainda vai demorar um pouco, assim como os juros ainda
pequenas coisas que já conquistamos - a estabilidade, a vão ficar “altos” por mais um ou dois anos.
abertura – embora ainda sejamos fechados na economia -, a Como o Lula não pode comprar briga com a população,
privatização – embora ainda haja muito a fazer -, tudo isso, ele se contenta em crescer 4%, que dá para levar. E ele
mais a Lei das Falências, a Lei da Responsabilidade Fiscal, a sabe que as grandes mudanças são impossíveis de fazer no
criação do COPOM, tudo isso junto, está promovendo o curto prazo, então, vai levando... Agora, o interessante é
crescimento e o desenvolvimento do País. que o legado dele não será o PAC. O mérito dele não será
Mas o desenvolvimento da Nação passa pela Educação, algo o Bolsa Família, mas a estabilidade, porque “pela primeira
que nos envergonha internacionalmente... vez na história deste País” – e aí ele tem razão em dizer o
É verdade, tanto que menos de 10 milhões de brasileiros seu famoso jargão - os pobres ficaram mais ricos que os
lêem jornal, o que significa que a esmagadora maioria ricos. Lula será lembrado pelas coisas que não fez, como
sequer tem idéia do que estamos falando. Pior ainda se não ter mexido na política econômica, e nós estamos
considerarmos outro dado estatístico: o de que a colhendo os frutos dessa sua decisão.
11
Co nsulta Sebrae
Nada mais complicado
para uma empresa do
que o seu saldo de
caixa se apresentar
negativo. Os
compromissos de
pagamentos precisam
ser cumpridos e o fato
de não possuir recursos
para tal levam a
empresa a
Como um comprometer sua
imagem junto aos
ESTOQUE credores. Este fato a
leva também a buscar
ELEVADO empréstimos
financeiros junto a
pode comprometer bancos, gerando,
consequentemente,
o saldo de caixa despesas como juros a
pagar, abertura de
crédito, entre outras.
Por Rosendo de Souza Júnior Tudo isto, enfim,
diminui a sua
margem de lucro.

V árias podem ser as razões para que o caixa se encontre


com saldo negativo, por exemplo:
• A EMPRESA DANDO PREJUÍZO;
no mês 2 um lucro líquido de R$ 3.000,00 e que esse lucro
aumenta o seu capital de giro, para promover a evolução no
estoque de R$ 5.000,00, foi utilizado todo o lucro gerado de
• OS SÓCIOS INVESTIDORES DISTRIBUINDO LUCROS ALÉM DO POSSÍVEL; R$3.000,00 mais R$2.000,00 que provavelmente saiu do
• A EMPRESA INVESTINDO EM BENS FIXOS COM RECURSOS DO CAIXA; caixa da empresa, o que justificaria a existência de saldo
• CONTAS A RECEBER AUMENTANDO; negativo no caixa.
• ESTOQUE CRESCENDO MÊS A MÊS. Essa informação é importante, pois a partir dela, o
administrador pode imediatamente tomar algumas atitudes,
Nas empresas industriais e comerciais, principalmente, o tais como:
estoque em crescimento pode representar fonte de problemas • REVER E ADEQUAR SEUS PROCEDIMENTOS DE COMPRAS;
para o caixa, pois se este estiver evoluindo em termos de • FAZER UMA ANÁLISE DO ESTOQUE E PLANEJAR UMA AÇÃO DE PROMOÇÃO OU
recursos investidos, é o mesmo que dizer que a empresa está LIQUIDAÇÃO PARA INCENTIVAR AS VENDAS DOS PRODUTOS QUE ESTÃO COM
deixando mais recursos financeiros parados ao longo do GIRO LENTO, PROMOVENDO A SAÍDA DE CERTAS MERCADORIAS MAIS
tempo. Se essa quantidade de recursos superar o volume de RAPIDAMENTE DO ESTOQUE.
lucros gerados pela empresa, significa que está ocorrendo
uma absorção de recursos do caixa. Vamos a um exemplo, Para levantar as informações necessárias para esse tipo de
comparando dois meses: análise, dois tipos de controles são necessários, um
demonstrativo de resultados gerados pela empresa e um
Mês Estoque final Diferença Lucro gerado na empresa controle dos estoques, e ambos modelos podem ser obtidos
junto ao Sebrae - SP.
1 R$10.000,00
O Demonstrativo de Resultados mostra o lucro líquido
2 R$15.000,00 R$5.000,00 R$3.000,00 gerado no período e o Controle de Estoque mostra a situação
Na tabela acima, temos um comparativo do estoque final do do item em estoque.
mês 1 e 2, apresentando uma evolução desse estoque em Rosendo de Souza Júnior é consultor Financeiro da Unidade de
R$5.000,00. Partindo do princípio que a empresa apresentou Orientação Empresarial do SEBRAE - SP
12
Rh

Mais perto dos


colaboradores

lideranças existentes na organização em que trabalha.


Para entender de gente não basta O líder pode extrair de seu seguidor ainda mais
conhecer umas poucas regras desenvolvimento, desde que o conheça de maneira
gerais (às vezes, até mais aprofundada, de tal forma que lhe cobre em
escala ascendente os recursos que se encontram no
ultrapassadas) e acreditar que estado potencial. Urge ir além do comum e provocar
com isso se tenha produtividade. no colaborador o desejo de obter de si significativa
quantidade de resultados. O bom contato entre as
partes, então, é uma condição imprescindível para que
Por Armando Correa de Siqueira Neto se efetive tal proposta. Mas os objetivos aqui

V
considerados demandam esforço mútuo, além de
rompimento com a acomodação e os limites auto-
impostos pelos medos que comumente dominam a
árias organizações têm focalizado seus esforços capacidade de enxergar tamanha possibilidade.
em novas aprendizagens e mudanças permanentes na Porém, extrapolar barreiras não é mais uma ousadia
tentativa de manterem-se vivas no mercado por mais meritória de congratulações, mas uma necessidade
um bocado de tempo. Elas se conectam a tudo o que (quiçá uma responsabilidade) a ser empreendida
ocorre ao seu redor, visando ardentemente obter cotidianamente. Hoje, somar conhecimento, técnica,
informações que as alimente para o jogo estratégico do experiência, intuição, lógica e coragem, diz mais
quem-pode-mais-chora-menos, ora avançando mais, respeito a sobreviver do que a revolucionar
ora menos. Para tanto, é o grupo de profissionais, que heroicamente. Estar mais perto dos colaboradores
se assemelha a jogadores bem treinados e motivados, significa compreendê-los mais vivamente e não saber
que torna possível cada lance essencial no tabuleiro de apenas quem são, o que fazem e em que parte do
tais partidas. gráfico dos resultados se situam. As organizações
Os colaboradores se desenvolvem através de novas tendem a caminhar para um estreitamento no
experiências e impressões que formam acerca de si e da relacionamento humano, tanto com seu público
sociedade, fatores que os levam a degraus superiores interno quanto externo, pois a equilibrada conexão
de evolução e ao aumento de sua complexidade entre as pessoas de convívio profissional é capaz de
psíquica, que, a seu turno, torna-se mais exigente e oferecer um fluxo favorável de informações, motivação
demanda maior compreensão a seu respeito. Em suma, e conhecimento acerca de aspectos fundamentais para
para entender de gente não basta conhecer umas a gestão do capital humano, que busca a
poucas regras gerais (às vezes, até ultrapassadas) e produtividade, entre outros fatores.
acreditar que com isso se tenha produtividade. Os
tempos são outros e, portanto, doravante, o caminho Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e diretor da Self
das pedras é uma via a ser explorada constantemente. Consultoria em Gestão de Pessoas. É professor e mestre em
Contudo, um considerável número de pessoas precisa Liderança pela Unisa Business School.
de orientação e acompanhamento por parte das E-mail: selfcursos@uol.com.br 13
O utloo k

O primeiro estudo do Concept S causou o maior


frisson quando apresentado ao público no Salão
de Genebra. Diante disso, a Lamborghini, marca
de luxo do Grupo Volkswagen, decidiu construir
o primeiro protótipo dirigível, e a surpresa foi
Lamborghini
surpreende com novo protótipo
redobrada. O modelo simplesmente arrasou em
duas das mais importantes mostras de design do
mundo: o Concorso Italiano de Monterey e o
Pebble Beach Concours d´Elegance nos Estados
Unidos.
O Concept S foi desenvolvido no Centro de Estilo
Lamborghin em Sant´Agata Bolognese por Luc
Donckerwolke, que buscou inspiração nos antigos
carros de corrida monopostos.
“O Concept S reúne tudo aquilo que a
Lamborghini representa: ele é arrojado,
descontraído e... italiano”, comentou Stephan
Winkelmann, presidente da marca.
“A decisão de produzi-lo ainda não foi tomada,
embora estejamos encorajados pela aceitação
extremamente positiva que o protótipo teve nas aspecto ainda mais agressivo e futurista. E o melhor:
mostras de Monterey e Pebble Beach”, adiantou. eles originou um vão que funciona como um adicional
Na verdade, o protótipo recebeu apenas captador de ar para o motor, por sua vez, posicionado
mudanças sutis se comparado ao estudo original. atrás dos assentos.
Por exemplo, o pára-brisa (“saute-vent”) que Assim como o Gallardo, que lhe serve de inspiração, o
desviava para cima o vento do rosto do motorista Concept S é equipado com um poderoso motor V10. Já
foi redesenhado para atender questões legais e a aerodinâmica foi aperfeiçoada graças aos spoilers
permitir a futura homologação do modelo. Com frontal e traseiro e a um grande difusor também na
isso, o design final do protótipo ficou ainda mais parte posterior do modelo.
arrojado. Isto porque, os clássicos carros de Para arrematar a obra de arte, um retrovisor retrátil
corrida do passado não tinham pára-brisa, apenas central permite ao motorista ver o que está acontecendo
um defletor que direcionava o vento para cima da atrás. Mas isto, se ele for curioso, porque o prazer de
cabeça do motorista. No Concept S o pára-brisa dirigir o Concept S, até o momento, não despertou em
14 bipartido divide o cockpit, dando ao modelo um nenhum piloto o desejo de testar o equipamento...
Motivação Clima organizacional
Atualmente torna-se cada vez mais relacionamento existente entre os funcionários e os diversos departamentos
da empresa;
necessário à área de Recursos Humanos - Salário: analisa a existência de eventuais distorções entre os salários
mensurar suas ações através de internos e eventuais descontentamentos em relação aos salários pagos por
procedimentos que possam respaldar ao outras empresas;
máximo sua atuação nas organizações. O - Estilo Gerencial: aponta o grau de satisfação do funcionário com a sua
chefia, analisando a qualidade de supervisão em termos de competência,
objetivo é transformar a área num RH feedback, organização, relacionamento etc;
estratégico cuja atuação esteja alinhada - Comunicação: busca o conhecimento que os funcionários têm sobre os
aos planos de negócios. Mas como fazer? fatos relevantes da empresa, seus canais de comunicação etc;
- Desenvolvimento Profissional: avalia as oportunidades de treinamento e

C Por Washington Sorio

omo criar um RH que funcione como agente de mudanças e


que vá além do simples gerenciamento do capital humano,
apoiando iniciativas e planos de ação que contribuam para a
as possibilidades de promoções e carreira que a empresa oferece;
- Imagem da empresa: procura conhecer o sentimento das pessoas em
relação à empresa;
- Processo decisório: esta variável revela uma faceta da supervisão, relativa
à centralização ou descentralização de suas decisões;
- Benefícios: apura o grau de satisfação com relação aos diferentes
execução das estratégias do negócio? benefícios oferecidos pela empresa;
Contamos com algumas ferramentas que podem nos ajudar neste - Condições físicas do trabalho: verifica a qualidade das condições físicas
objetivo, então vamos começar respondendo algumas perguntas. de trabalho, as condições de conforto, instalações em geral, riscos de
Afinal o que é “clima”? Clima é a percepção coletiva que as pessoas acidentes de trabalho e doenças profissionais;
têm da empresa, através da experimentação de práticas, políticas, - Trabalho em equipe: mede algumas formas de participação na gestão da
estrutura, processos e sistemas e a conseqüente reação a esta empresa;
percepção. - Orientação para resultados: verifica até que ponto a empresa estimula ou
E o que é uma Pesquisa de Clima Organizacional? É um exige que seus funcionários se responsabilizem efetivamente pela
consecução de resultados.
instrumento voltado para análise do ambiente interno a partir do
levantamento de suas necessidades. Objetiva mapear ou retratar os Além de ouvir seus funcionários sobre o que pensam em relação a
aspectos críticos que configuram o momento motivacional dos essas variáveis, as empresas deveriam também conhecer a realidade
funcionários da empresa através da apuração de seus pontos fortes, familiar, social e econômica em que eles vivem. Somente assim
deficiências, expectativas e aspirações. poderão encontrar outros fatores do clima organizacional que
Mas por que pesquisar? Porque cria uma base de informações, justificam o ambiente da empresa.
identifica e compreende os aspectos positivos e negativos que Não existe uma Pesquisa de Clima padrão. Cada empresa adapta o
impactam no clima e orienta a definição de planos de ação para questionário à sua realidade, linguagem e cultura de seus
melhoria do clima organizacional e, conseqüentemente, da funcionários.
produtividade da empresa. Esta atitude da empresa eleva bastante Para que a empresa tenha sucesso na mensuração do clima
o índice de motivação, pois dentro desta ação está intrínseca a organizacional é necessário: credibilidade no processo, sigilo e
frase “estamos querendo ouvir você”, “você e sua opinião são confiança.
muito importantes para nós”. A crença na empresa se eleva As principais contribuições que podemos obter com a Pesquisa de
sensivelmente. Clima são:
- O alinhamento da cultura com as ações efetivas da empresa;
A Pesquisa de Clima é uma forma de mapear o ambiente interno
- A promoção do crescimento e desenvolvimento dos colaboradores;
da empresa para assim atacar efetivamente os principais focos de - A integração dos diversos processos e áreas funcionais;
problemas, melhorando o ambiente de trabalho. Hoje, neste - A otimização da comunicação;
mundo tão cheio de transformações, em meio à globalização, - A minimização da burocracia;
fusões e aquisições, as empresas devem, cada vez mais, melhorar - A identificação das necessidades de treinamento e desenvolvimento;
seus índices de competitividade, e para isso ela depende quase que - O enfoque efetivo do cliente interno e externo;
única e exclusivamente de seus seres humanos - motivados, felizes - A Otimização das ações gerenciais, tornando-as mais consistentes;
e orgulhosos dos valores compartilhados com a organização. - O aumento da produtividade;
Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices de - A diminuição do índice de rotatividade;
motivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de produção. - A criação de um ambiente de trabalho seguro;
- O aumento na satisfação dos clientes internos e externos.
Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encontramos
colaboradores motivados, este mesmo índice pode chegar a 60%. Depois desta reflexão, deixo a seguinte questão: podem os
As empresas precisam manter o índice de motivação de seus profissionais de RH continuar a transferir aos empresários a
colaboradores no mais elevado nível possível, de forma que este responsabilidade pela “não” implantação do Clima Organizacional
valor passe a ser um dos seus indicadores de resultado. como estratégia fundamental para o sucesso da organização?
É importante dizer que a Pesquisa de Clima deve sempre estar Sabemos que de números e resultados os empresários entendem, e
coerente com o planejamento estratégico da organização e deve muito bem. E nós de RH, entendemos bem nosso papel e
contemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, tais responsabilidade neste processo?
como: Washington Sorio é graduado em Administração de Empresas com MBA
- O trabalho em si: com base nesta variável procura-se conhecer a em Gestão de RH e diversos cursos de especialização, tanto no Brasil
percepção e atitude das pessoas em relação ao trabalho, horário, como no exterior. Em 2005 recebeu o Prêmio Gestão de Pessoas “Luiz
Carlos Campos”, como o “Melhor Profissional do Ano”, concedido pela
distribuição, suficiência de pessoal etc;
- Integração Setorial e Interpessoal: avalia o grau de cooperação e ABRH-RJ. www.washingtonsorio.com.br 15
Seto r
lafstudio/divulgação

A MARCA
“CARRO
BRASILEIRO”
16
Por trás dos óculos de aro fino, os olhos azuis do holandês Wim van
Acker não escondem uma frustração: quando conversa com seus sócios e
colegas na consultoria Roland Berger todos falam de carros indianos,
chineses e de como (e quando) invadirão as ruas do mundo todo. Só ele
fala dos carros brasileiros.
um estudo mundial da Roland Berger que analisou
todos os mercados do planeta para esses veículos
Por Rosângela Lotfi que impulsionarão o crescimento da demanda
mundial. “O Brasil é um país com boa
representação em carros de baixo custo, mas tem

P roduzimos e exportamos carros, mas não somos


reconhecidos como jogadores importantes no
comércio mundial de veículos. Por quê? “Falta ao
outras regiões do mundo onde este segmento de
mercado está crescendo muito rapidamente”,
afirma van Acker. O conceito de carros de baixo
custo não é linear, um veículo desse segmento é
diferente para o europeu, para o americano, para
os países emergentes e é diferente para o Brasil.
Brasil promover a marca ‘carro brasileiro’. Temos que
Para uniformizar e obter estatísticas confiáveis, a
olhar o mercado externo com atenção constante e
Roland Berger levantou dados do segmento AB,
não só como projeto de curto prazo para ganhar
compactos ou pequenos, que no mercado
dinheiro quando o mercado interno está recessivo.”
brasileiro, por exemplo, vai do Celta e ao Golf.
Em outras palavras: parar de reclamar do real
Logo, nem todo compacto é de baixo custo. E nem
valorizado em relação ao dólar e da conseqüente
todo carro de baixo custo é espartano, desprovido
queda de rentabilidade com as exportações e
de acessórios, já que a tecnologia é cada dia mais
pavimentar um caminho para inserir, de fato, a
barata e os consumidores querem inovação. “Os
indústria automotiva brasileira no mercado global. A
novos modelos serão equipados com tecnologias
valorização do real frente ao dólar foi de 58% nos
mais acessíveis, que permitem manter o preço
últimos quatro anos. Quase todas as moedas do
baixo dos veículos”, diz Acker.
mundo valorizaram-se em relação ao dólar, que
Segundo o estudo, “o segmento AB crescerá para
perde força graças ao déficit comercial dos Estados
18 milhões de unidades nos próximos seis anos, o
Unidos. “Você acha que só o real se valorizou frente
que significa um quarto do mercado mundial”.
ao dólar? O euro também se valorizou e não se
Hoje, o tamanho desse segmento é de 14 milhões
escuta que as montadoras européias - BMW,
de unidades vendidas. O crescimento anual será de
Mercedes-Benz, Porsche que vendem nos EUA -
4%. Esse incremento virá da China, da Índia, da
diminuíram seus volumes ou deixaram de exportar
Europa Central e do Leste, impulsionado não só
porque não estão ganhando tanto quanto gostariam”,
pelos emergentes mas por mercados desenvolvidos.
questiona Acker. Já o Brasil manda cada vez menos
Isso mesmo! Cada vez mais, carros compactos
carros para fora. Comparando o primeiro trimestre
serão a opção dos ricos europeus, japoneses e até
de 2007 com o mesmo período do ano passado
dos ricos norte-americanos, que até aqui gostavam
houve queda de 13% (182,12 mil unidades ante
de grandalhões e beberrões. “As pessoas precisam
201,24 mil) e se considerarmos os primeiros três
diminuir as despesas com mobilidade. Elas têm
meses de 2006 em relação a 2005, o mercado já
menos renda disponível e, de tempos em tempos,
havia caído 9,5%. Os valores se mantém estáveis e a
os combustíveis apresentam alta de preços. Nos
indústria obteve uma receita 0,1% maior com as
mercados emergentes há uma enorme demanda
exportações no primeiro trimestre de 2007 ante o
mesmo período de 2006. A palavra de ordem na
indústria hoje é importar.

Carros compactos para ricos


europeus
O assunto é ainda mais sério quando se fala em
carros de baixo custo ou de ultra baixo custo, foco de
17
Seto r
é um dos mercados principais para veículos do segmento
AB. A frota de compactos saltará de 0,8%, ou 2.508
milhões para 2.599 milhões. Na Europa, que consome
cinco milhões de veículos desse segmento por ano e
importa 1.5 milhões, especialmente no Leste Europeu,
crescerá de 5.471 milhões para 5.758 milhões de
por mobilidade, há problemas de infra-estrutura, de unidades. O continente europeu é especialmente
transporte público (como no Brasil) e as pessoas precisam se importante para o Brasil, que manda veículos para lá, mas
locomover. E nos mercados desenvolvidos as pessoas trocam é também uma ameaça: o mercado é abastecido pelas
de carros; elas saem dos usados para os novos. Também lá, o plantas de baixo custo e mão-de-obra barata do leste.
carro não é apenas um bem de investimento, tem um A demanda por veículos de baixo custo aumentará no
enorme valor emocional.” México, o volume subirá de 455 mil para 582 mil
unidades. No Brasil, a elevação será de 3,9%, de 1.284
Car, care, core milhão para 1.513 milhão de unidades e coisa similar
Com experiência de 17 anos como consultor no setor deverá acontecer em outros mercados de tamanho
automotivo, Win conhece os mercados europeus, o norte- equivalente ao nosso, como o russo, por exemplo.
americano (atualmente mora em Detroit), os latino- Já nos EUA, onde o consumo de carros pequenos é
americanos e também o chinês. Segundo ele, “os chineses mínimo, a expansão será de 8,7%. Sairá de 428 mil para
pensam se o carro vai vender e ponto final. Para eles, 705 mil unidades. “A razão principal é que as pessoas lá
questões como qualidade e performance de segurança não não gostam de carros pequenos e, de um modo geral, os
são tão importantes.” Na visão da consultoria, a chave para o carros são muito baratos, assim como a gasolina que é
sucesso no segmento compactos se resume a três palavras em baratíssima. Porém, acreditamos que esse segmento vá
inglês e nem todas têm tradução simples e literal: car, care, crescer para 700 mil carros nos próximos seis anos. E há
core. “Care” refere-se à experiência de compra do estatísticas que apontam que pode chegar a três milhões
consumidor, mas também é financiamento, seguro, serviços, ao ano.” Parece muito, considerando a cultura automotriz
garantia, rede de revendedores. “Tudo isso é muito americana, mas o mercado é grande: as vendas totais estão
importante para obter sucesso com carros de baixo custo”. Já em 17 milhões de unidades por ano. A Roland Berger fez
o “core” está relacionado ao grau de representatividade da uma análise sócio-demográfica lá e identificou o potencial:
montadora no mercado. É importante para o consumidor, pessoas pobres, com baixa renda, imigrantes sem história
especialmente de baixa renda, acreditar na marca, pois lá de crédito e, exceto nas grandes capitais, há falta de infra-
estará investida a sua poupança. E onde estão os estrutura de transporte público. “Há muita demanda
consumidores, os grandes mercados? Eles estão no Japão que reprimida nos EUA e carros desse segmento podem ser

18
vendidos lá se tiverem boa qualidade e o nome de 2006. “A China está desenvolvendo uma super
marcas famosas. O interessante é que ninguém está capacidade. É uma situação que o Brasil conhece bem,
tentando montar uma estratégia para vender carros pois na década de 1990 viveu um boom de
baratos por lá.” investimentos, de novas fábricas e a demanda não
cresceu tanto quanto deveria. O mesmo está
Qualidade é mesmo muito acontecendo no gigante asiático, o que representa um
importante perigo para a indústria de países como o Brasil”, diz o
Qualidade é importante para aceitação e confiança dos sócio diretor da Roland Berger. Com a estrutura atual,
consumidores no mundo inteiro. A qualidade dos carros poderiam ser produzidos mais de três milhões de
chineses e indianos ainda não é tão boa quanto a dos veículos no Brasil, mas a expectativa é que em 2007 o
carros norte-americanos (quando se fala em qualidade, volume seja de 2,78 milhões de unidades e só em 2010,
os japoneses ocupam o topo da lista) que, por sua vez, nossa indústria alcançará a capacidade instalada, que é a
segundo van Acker, têm qualidade similar aos de abastecer o mercado interno e suprir os embarques.
brasileiros. Em números: 120 problemas em cada 100 A Índia será menos agressiva nas exportações; as
veículos. “Os chineses não chegaram a esse nível. Estão previsões de venda e produção se igualam, ou seja, o
chegando, mas ainda não estão lá. E esse ‘ainda não país precisa da própria capacidade instalada para suprir
chegaram lá’, cria oportunidades para a indústria suas necessidades.
brasileira.”
A China é como o Brasil, diz Win, que morou aqui dez Carros populares são carros de
anos. Não há um só Brasil, há Brasis. Nas diversas US$10 mil?
regiões há pessoas com diferente poder aquisitivo. Na O mercado chinês crescerá nos segmentos de baixo
China tem regiões que são completamente diferentes custo. Já se desenvolveu nos segmentos mais altos, que
também, por isso, não é tão fácil atender esse mercado. hoje estão saturados. Os compactos, segundo
Na China e na Índia a utilização de capacidade e estimativas da consultoria, vão crescer dentro da China
demanda são muito distintas. A agressividade no de 1.2 milhões em 2007 para 2.6 nos próximos seis
mercado mundial das montadoras chinesas e a decisão anos, uma taxa de elevação de 13,4% ao ano. Quanto
firme de atender ao mercado interno e partir para custa para produzir o carro chinês? Tomando como base
exportação não ocorre na Índia. A China já é o terceiro o Chery QQ, a equipe da consultoria chegou a um
maior produtor automotivo mundial, com mais de 5,7 montante entre US$ 4 mil a US$ 5 mil. Para vender em
milhões de unidades em 2006, devendo chegar aos sete outros mercados, com os custos de logística, impostos
milhões em 2007. A Índia espera produzir 2,8 milhões de importação, custos para processos jurídicos, custos
de veículos daqui a três anos, um milhão a mais que em de conversão para homologação de acordo com as leis
lafstudio/divulgação

19
Seto r

em um mercado de tamanho similar ao do Brasil.


Na Rússia, o mercado vai crescer 4% ao ano. Dez
anos atrás, as montadoras globais só tinham 8% do
mercado, agora tem 40%.

Desenvolvendo estratégias
Importante fator de competitividade na disputa
global é desenvolver uma arquitetura de veículo
que será utilizada em ciclos cada vez mais longos,
mas com derivados (diferentes modelos como
SUVs, picapes, state wagons, hatchs, vans e sedans)
que terão ciclos de vida mais curtos. A arquitetura
tem que ser global, o design atrativo, os módulos e
sistemas utilizados os mais baratos possíveis ou já
largamente aprovados para não encarecer o
produto.
O estudo da Roland Berger conclui que o carro de
baixo custo de sucesso venderá no mínimo 260 mil
veículos/ano na Europa (número que o consultor
admite estar subestimado).
Carros de baixo custo competitivos no mundo
todo teriam de custar entre US$ 5 e 7 mil. A
indústria brasileira é muito forte e poderia
competir com qualquer outra indústria do mundo.
A engenharia nacional é adequada para o mercado
interno e para outros países do globo. A praça
doméstica, mesmo menor que a chinesa, se estável,
atrai investimentos, a distância da Europa tanto
para nós quanto para os asiáticos é a mesma, mas
ainda levamos vantagem em um ponto muito
importante: a confiabilidade e a experiência que os
divulgação

Wim van Acker, da Roland Berger parceiros internacionais têm com o Brasil. Vale, e
muito, a história de muitos anos com a Europa,
Estados Unidos e outros mercados. Tudo isso
considerado, a indústria brasileira poderia fazer
de segurança e emissões, custos de marketing e para mais, obter mais êxito do que apenas os 600 mil
estabelecer a rede de revendedores, o carro sairia por carros exportados por ano.
US$ 10 mil. Ou seja, são competitivos, uma ameaça, “Por que os chineses vão aumentar suas
mas...nem tanto.Com este número em mente chega- exportações de centenas de milhares para milhões
se a uma definição: carros de baixo custo são carros por ano e o Brasil não? Quem, como eu, trabalha
de US$ 10 mil ou menos. com o mercado mundial acha muito estranho o
Os mercados locais são muito importantes para as fato de falarem da China, da Índia, da Coréia e não
montadoras locais. É difícil tirar das mãos dos do Brasil. O País já provou sua competência de
chineses e indianos o mercado de seus próprios engenharia e manufatura e tem todas as
países. Outros mercados também crescerão. Um deles montadoras globais instaladas aqui. Não será
é o Brasil: nos próximos seis anos estima-se que cinco possível ganhar mais espaço nos mercados externos
milhões de brasileiros poderão comprar um carro e e impedir que os chineses, que ainda têm que
os veículos de baixo custo desempenharão um provar um monte de coisas, o façam? O Brasil
importante papel no crescimento de 1.5 milhões de poderia ter políticas de exportação consistentes e
unidades nesse período, algo em torno de 3.9% ao abocanhar milhões de dólares, que serão dos
ano até 2012. asiáticos se nada for feito”, questiona van Acker.
As montadoras brasileiras têm posição confortável Não só as montadoras poderiam fazer mais. O
para atender essa demanda. Exceto Índia e China, governo poderia fazer seu papel, estabelecendo
não são só as montadoras locais que ganham espaço uma política industrial consistente, acordos
quando o mercado cresce. No leste europeu, a comerciais e reduzindo impostos. Assim, os colegas
Renault domina com o Logan da marca Dacia e tem de Win van Acker saberiam do que ele está
24% de participação no segmento AB, de baixo custo,
20 falando.
Bandeira
divulgação

Top 10 e
Importados Top 5
A
Atenção total ao cliente resulta em um
atendimento “nota 10”. Este foi o mérito
dos concessionários VW que, como prêmio,
lém da viagem a Dubai e da
hospedagem de 7 dias no Burj Al Arab, o hotel
mais luxuoso do mundo, os campeões ganharão
irão aproveitar as merecidas férias em um um curso de pilotagem em um Lamborghini no
dos lugares mais bonitos do mundo. autódromo local e um safári 4X4 em um Touareg
pelo deserto.
No mês que vem, junho, os 10 Rodeada por desertos, dunas de areia e as
concessionários Volkswagen vencedores da supreeendentes montanhas Hajar, Dubai abriga
inacreditáveis construções de alta tecnologia e
campanha Top 10 e os cinco ganhadores da oferece uma infinidade de coisas para fazer, ver e
Importados Top 5 estarão desfrutando do ouvir. Há desde atrações modernas até as mais
tradicionais, como uma das maiores pistas indoor
conforto e da beleza de Dubai, no oriente de esqui do mundo ou uma visita à casa do Sheik
médio. Esses empresários e suas equipes Saeed Al Maktoum´s e prestigiar uma coleção de
fotografias antigas e históricas. Uma das maiores e
trabalharam arduamente durante o ano, mais lindas mesquitas, a Jamairah, está lá e é um
aperfeiçoando processos e ajustando a rotina moderno exemplo da arquitetura islâmica, inteira
feita de pedras na medieval tradição Iatimid.
do dia-a-dia para atingir os objetivos
propostos pela Montadora.
24
Este é, por enquanto, o hotel mais luxuoso do mundo e
O Burj Al Arab uma das grandes atrações em Dubai. Devido à sua
arquitetura única e original, o hotel é parte de uma ilha
artificial distante 280 metros da praia e seu acesso é feito
por uma via em curva. Ou seja, os visitantes começam a
descortinar a beleza da paisagem paulatinamente.
Já o hotel, é um espetáculo em si mesmo. No hall há uma
fonte de vários lances, dispostos como degraus. Os jatos
d´água fazem uma coreografia sincronizada, iluminada à
noite por luzes coloridas. As paredes são formadas por
aquários altíssimos, com peixes de água salgada, e é por
todo esse luxo que o Burj Al Arab é considerado um “sete
estrelas”. Aliás, sete também é o número dos restaurantes
que o hotel possui. Dentre eles, destacam-se o Al Mahara,
um restaurante submarino, onde além da fantástica
culinária pode-se
apreciar a profundeza
do mar e suas criaturas
fantásticas, como
tubarões, corais e
outras espécies e o Al
Muntaha, um
restaurante panorâmico
semi-suspenso no ar,
com uma vista única
sobre o deserto e que já
se tornou uma
“DOUTORES EM VOLKSWAGEN” referência da cidade.

Foi altamente produtiva a


“Semana de Atualização” dos
Instrutores do Treinamento
Assistência Técnica da
Volkswagen. Como se sabe, o
projeto conta com representantes
dos Centros Regionais de
Treinamento de todo o Brasil e tem
Campanha Nacional Top 10 o objetivo de garantir a qualidade das
CLASSIFICAÇÃO REGIÃO CONCESSIONÁRIO CATEGORIA informações passadas à Rede de
1º 3 Corujão A Concessionárias, por meio de um
2º 6 Euromar A processo de aprendizagem eficaz.
3º 6 Saga A Naturalmente, a meta do programa é
4º 6 Disbrave A assegurar uma maior satisfação dos
5º 6 Discautol A consumidores, garantindo maior retenção
1º 6 Autobel B e fidelidade dos mesmos.
2º 5 Disnove B O gerente de Treinamento do Pessoal da
3º 1 Sorana B Rede, Wolfgang Mathias Pfeiffer, reforçou
o objetivo da montadora que é,
1º 3 Piramide C prioritariamente, a alta performance em
2º 3 Somaco C atendimento. Na esteira da campanha de
Pós-Vendas, “Doutores em Volkswagen”,
Campanha Importados Top 5 os instrutores receberam atualizações
CLASSIFICAÇÃO REGIÃO CONCESSIONÁRIO CATEGORIA sobre motores, transmissões e ELSA,
1º 1 Caraigá I entre outros assuntos. Hoje eles já devem
2º 3 Servopa I estar retransmitindo os conhecimentos
adquiridos às suas bases - São Bernardo
1º 1 Sorana II do Campo, Bauru, Porto Alegre, Curitiba,
2º 1 Biguaçu II Rio de Janeiro, Goiânia, Belo Horizonte e
1º 4 Recreio BH III Recife. 25
Bandeira
lafstudio/divulgação

Carros de luxo
Volkswagen Super Aconteceu de 2 à 6 de

Surf Agora, a Linha Passat e Passat


Variant passa a ser ofertada com
uma nova estrutura, para atender o
mercado de veículos importados
com o que há de melhor em termos
maio, a segunda etapa
do SuperSurf na praia
de Itaúna - Saquarema
- Rio de Janeiro. Já é o
sexto ano consecutivo
que a Volkswagen é patrocinadora oficial do
de design, qualidade, segurança e Campeonato SuperSurf, um dos mais importantes
conforto. O motor Turbo 200 cv, que campeonatos de Surf do Brasil. Um grande evento
equipava somente a versão top de que reúne os mais renomados esportistas brasileiros.
linha – Highline, passa a equipar Com uma estrutura que oferece sinergia entre o
também a versão de entrada – Marketing da Volkswagen, a Rede de
Comfortline, além do retorno da Concessionários e o principal, seu público. Além de
versão V6 ao mercado brasileiro, ter ampla divulgação na mídia televisiva, impressa e
com toda força, no auge dos seus internet. O estande apresentou os modelos
250 cv de potência CrossFox, SpaceFox e o Novo Golf. A próxima etapa
será no litoral norte de São Paulo, na cidade de
Ubatuba/SP, de 20 a 24 de maio.
26
lafstudio/divulgação

Bora ,
sucesso absoluto na Stock Car
O Volkswagen Bora começou bem – e no pódio - a
sua participação na temporada 2007 da Copa Nextel
Stock Car, a principal competição multimarcas do
Fox
automobilismo brasileiro. A corrida foi realizada dia
21 de abril, domingo de manhã no autódromo de
Interlagos, em São Paulo. Pilotado por Daniel Serra –
filho de Chico Serra, um dos maiores nomes do
Route
O Fox é considerado o modelo da VW do
automobilismo nacional – o sedan largou na pole
Brasil com o maior potencial de penetração
position, apresentou excelente desempenho e
entre os jovens devido às suas
completou a prova em terceiro lugar. Também
características exclusivas em termos de
conquistamos o quarto lugar, com o piloto Hoover
design, espaço interno e versatilidade em
Orsi. O presidente da Volkswagen do Brasil,Thomas
seu segmento.
Schmall assistiu a corrida e participou da festa. Ele
O Fox Route é a primeira série especial do
entregou a taça de terceiro colocado a Daniel Serra.
Fox com foco no público de espírito jovem.
Esse público é em sua maioria guiado pela
imagem e se interessa por novidades
tecnológicas para uso no dia-a-dia.
O Fox Route será ofertado nas

Fox
motorizações 1.0 Total Flex (5Z1HC4) e
1.6 Total Flex (5Z1HE4) e também será
vendido na versão 4 portas, com destaque

Portenho para ítens visuais de série com grande valor


agregado como:
• Rodas de liga leve
Poucos, muito esportivos e super charmosos. Não é o
• Faróis duplos
slogan de uma revista feminina, mas certamente
revela os atributos que muitas mulheres apreciam no • Antena de teto
sexo oposto: exclusividade, dinamismo e sex appeal. • Tape preto na coluna B
Na verdade, estas qualidades pertencem ao Fox • Aerofólio na tampa traseira na cor do
Sportline, uma edição limitada do modelo destinada veículo
ao mercado argentino. São apenas 700 unidades, • CD-Player MP3 Clarion com entrada USB*
dotadas de volante multi funcional em couro, saias
• Pen drive de 512 MB*
laterais, spoilers nos pára-choques dianteiro e
traseiro, farol duplo, lanterna e farol de neblina, • Interior com tecido exclusivo
aerofólio traseiro e ítens de conforto como espelhos • Soleira exclusiva com o nome da série
interno Auto focus e externo Tilt-down.
27
A Passeio

Kimono X HDTV

Conhecer o Japão é uma


dessas experiências
mágicas e inesquecíveis.
Para começar, a viagem é
longa e vai alimentando
nossa fantasia. O que
esperamos encontrar?
Uma paisagem bucólica,
montanhosa, coberta por
um verde veludo muito
bem cuidado e salpicado
fotos: stock.xchng

de casas singelas de
madeira com luminárias
de papel de arroz.
Por Paulo Brumus

T udo muito clean, místico e


harmonioso. De repente, de uma porta
dupla de correr, surge uma moça, linda
em seu traje de seda colorida, cheio de
loucura. Acontece de tudo e todo tipo de
gente é vista. Enquanto alguns jogam
alucinadamente em caças-níquel outros
desafinam sem medo nos karaokês. Uma
títulos, recordes e conquistas. Uma das
mais recentes é a da Toyota, que
roubou a liderança na estadunidense
GM depois de 73 anos.
adereços. Ela caminha ligeira a passos profusão de luminosos confunde os turistas
curtos, como que suspensa no ar. Os pés que olham para o alto tentando identificar O arquipélago
pequenos, cobertos por meias, estão o que dizem e em seguida para a multidão A “Terra do Sol Nascente” – Nippon –,
enfiados em getas, as clássicas sandálias que transita nas ruas tentando evitar no extremo oriente do Globo é um
de madeira. Nas mãos ela traz uma cha- encontrões. Sim, é um clima de pura arquipélago (compreende quatro
wan, a tigelinha de chá verde. Perfeito, adrenalina, mas muito seguro. O risco de grandes ilhas - Honshu, Shikoku,
não? E possível. O mais interessante do ser assaltado é pequeníssimo, assim como Kyushu e Hokkaido -, além de mais de
Japão é que ele convive esplendidamente o de ser enganado por taxistas, três mil ilhas menores nas adjacências)
com dois opostos: a tradição milenar e o comerciantes ou qualquer cidadão a quem situando ao longo da costa leste da
mundo high-tech. A cineasta Sophia se peça uma informação. Aliás, se você não Ásia. Através do Mar do Japão e do Mar
Coppola em seu belíssimo filme sabe, memorize: não existe “dar gorjetas” de Okhotsk, o Japão tem como
“Encontros e Desencontros” abordou no Japão. Os profissionais se sentem “vizinhos” a Rússia, Coréia do Sul e
muito bem esse aspecto. Quem viu o ofendidos, já que além de se considerarem Taiwan. Cerca de 73% do país é
filme, não pôde ficar indiferente à bem pagos pelas funções que montanhoso, com uma cordilheira no
surpresa sentida pela protagonista ao desempenham à beira da perfeição, é uma centro de cada uma das ilhas
descer do seu apartamento em um afronta receber dinheiro como gratificação. principais. A montanha mais alta do
moderníssimo hotel de luxo em Tóquio e A ética japonesa, a obrigação de ser Japão é o famoso monte Fuji com
entrar em uma das salas do lobby onde correto, cortês, educado e disciplinado é 3.776 metros de altitude e seu ponto
senhoras de kimono montavam ikebanas um traço comum da sociedade. É o que mais baixo fica no lago Hachirogata,
- arranjos florais onde o que prevalece é mais nos encanta e o que, no fundo, mais quatro metros abaixo do nível do mar.
o aspecto harmônico linear e não a invejamos. Porque é esta cultura do “ser O litoral marítimo do Japão
profusão de flores, como no ocidente. O japonês” que fez daquele país, pobre em (29.751 km) é aproximadamente
contraste é marcante e acaba pontuando recursos naturais, uma das maiores quatro vezes maior que o litoral
todo o filme. A noite de Tóquio é uma potências mundiais, detentor de inúmeros brasileiro (7.491 km). 31
A Passeio
mil) e filipinos. A maioria dos brasileiros
Noite em Tóquio residentes no Japão são nikkei (descendentes
de japoneses) que vivem e trabalham no
Japão legalmente e são conhecidos como
dekasseguis.
A população do Japão é de cerca de 130
milhões de pessoas, ou seja, muita gente
para pouca terra, mas isso não é um
problema para a longevidade das pessoas. A
expectativa média de vida é de 81 anos, uma
das maiores do mundo, e a taxa de
mortalidade infantil de 3,4 para cada mil
nascimentos.

A potência
O Japão continua sendo a segunda potência
econômica mundial (a maior é a economia
dos Estados Unidos) em decorrência de seu
grande parque industrial. Dentre as
principais atividades estão a indústria
automobilística (o país é sede mundial das
montadoras Toyota, Nissan, Honda,
Mitsubishi, Mazda, Daihatsu, Suzuki,
Subaru, Isuzu e Hino), a indústria eletrônica
e de informática, a siderurgia, a metalurgia, a
construção naval e química, com destaque
para as indústrias com tecnologia de ponta
A origem do país remonta há 30 mil anos, do Japão-grande-potência que nestes setores. A maior parte dessas
no período pré-cerâmico, quando povos conhecemos. Sua derrota na Segunda indústrias concentra-se na faixa litorânea,
caçadores e coletores chegaram às ilhas. A Guerra depois dos bombardeamentos de devido a dependência de matérias-primas,
agricultura do arroz e o desenvolvimento Hiroshima e Nagasaki, e a subseqüente transportadas em grande parte por via
de armas de metal (grande tradição ocupação pelos Estados Unidos até 1952, marítima. As exportações japonesas, em
japonesa) permitiram o surgimento de deram ao Japão motivos suficientes para, geral de produtos industriais, ultrapassam os
pequenos Estados que permaneceram em nas três décadas seguintes, experimentar 320 bilhões de dólares e incluem produtos
guerra durante muito tempo, até serem um grande crescimento econômico, eletroeletrônicos, automóveis, embarcações e
unificados no século IV pelo clã Yamato. movido pela exportação de produtos de maquinário industrial. No entanto, o Japão
Porém, a aristocracia samurai se opôs ao alta tecnologia. possui reduzidos recursos minerais e
poder central nos séculos seguintes e as Embora o Japão tenha um sistema político energéticos. Sua dependência externa em
guerras continuaram, caracterizando o democrático e pluripartidário (há seis relação a esses produtos ultrapassa 90% do
Japão como um país belicoso. grandes partidos políticos, sendo o mais consumo nacional.
O poder do imperador foi restabelecido forte o Partido Liberal Democrata, no As principais atividades econômicas do
apenas em 1868, quando a nação viveu poder desde 1955), o país tem um Japão circulam entre as ilhas de Hokkaido,
um período de desenvolvimento imperador e de acordo com a sua Honshu, Shikoku e Kyushu. O Japão é
econômico e de expansionismo. Após as constituição, o imperador é o símbolo do cortado por uma eficiente malha rodoviária e
vitórias nas guerras sino-japonesa (1894- Estado e da unidade do povo. Ele não ferroviária que liga o país de norte a sul, mas
1895) e russo-japonesa (1904-1905), o possui poderes relacionados ao Governo, apesar do vasto uso das linhas ferroviárias
país conquista a Coréia e as ilhas de mas exerce o “poder da
Taiwan e de Sacalina, mantendo também tradição”, mais um evidente
interesse sobre a Manchúria. sinal da boa convivência
entre o antigo e o novo.
A onipresença do A população japonesa é
Imperador bastante homogênea, sendo
A história moderna já é conhecida por quase toda composta por
todos. Após uma crise econômica na japoneses, mas como se
década de 1920, o país alia-se com a Itália sabe, há um significativo
e a Alemanha na Segunda Guerra numero de estrangeiros.
Mundial, invade a Manchúria, estabelece o Legalmente são cerca de 2
governo de Manchukuo e ataca a base dos milhões e meio e as
Estados Unidos em Pearl Harbor. As principais colônias são as
conseqüências, também de domínio dos coreanos, chineses,
32 público, forjaram a personalidade brasileiros (em torno de 400
Outono em Kioto
para carga, cada vez mais o transporte que se toca, se compra.
rodoviário vem se tornando vital para a Além de serem muito
distribuição de produtos e isto faz com que severos com a higiene,
seja gigantesco o gasto do orçamento em recordo que o país não é
infra-estrutura em transporte. Para fértil e tudo vem de fora,
encurtar a distância entre as ilhas Honshu elevando naturalmente o
e Hokkaido, a engenharia japonesa preço dos produtos.
construiu duas pontes e um imenso túnel Frutas, por exemplo, são
com 54 quilômetros de extensão. A artigos preciosos,
propósito, são inúmeras as pontes no comumente dadas de
Japão: antigas, modernas, grandes e presente a pessoas
pequenas, todas belíssimas e reveladoras convalescentes, tamanho
Portão flutuante de O-torii-Miyajima
da excelência da arquitetura nacional. Para é o seu valor.
apreciá-las basta ir a um dos inúmeros Outro detalhe a observar
parques. Sobre lagos, pedras ou é que as moedas estrangeiras são aceitas pessoa, incluindo duas refeições, gira em
simplesmente para unir pontos, elas apenas em um número limitado de hotéis, torno de 20 ienes, fora o imposto de 5% e
contribuem para um conjunto restaurantes e lojas de souvenires, então, é a taxa de serviço de 10%, o que acaba
extremamente bucólico, relaxante e preciso ter ienes na carteira. Pode-se sendo equivalente aos hotéis de redes
harmonioso, o que faz dos jardins cambiar ienes em bancos, nas agências de internacionais e ocidentais em Tóquio,
japoneses os mais apreciados em todo o câmbio e outros locais autorizados. sem as refeições.
mundo. Travellers checks e cartões de crédito O Japão é lindo todo o ano, mas a
internacionais são aceitos sem problemas. primavera, naturalmente, é a estação mais
Exportador de cultura No paraíso das compras que é o Japão, agradável, não só por causa da
Hoje, o Japão é um dos maiores especialmente no tocante a eletrônicos temperatura, mas pelo fato de as cerejeiras
exportadores do mundo de cultura (zona de Akihabara), cabe uma ressalva: o – árvore símbolo do Japão – estarem em
popular. Os desenhos animados, filmes, preço é bem alto se se tratar de uma flor. Acredite, é algo digno de ver.
literatura, pornografia e música japoneses novidade “made in Japan”. Um produto As cerejeiras florescem primeiro em
conquistaram popularidade em todo o equivalente com o selo “made in China” Kyushu, que é a região mais quente, no
mundo, e especialmente nos outros países pode custar a metade. O mesmo vale para início de março, mas essas lindas árvores
asiáticos, mas há também diversas artes os eletrônicos que “já saíram de moda” podem ser contempladas repletas de flores
tradicionais que merecem a atenção do (tenha presente que a cada minuto surge até maio no nordeste do país.
turista, não só por sua beleza e delicadeza, uma novidade nesse segmento...) “made Já o verão, que começa em junho
mas pela história que revelam. É o caso do in Japan”. trazendo muitas chuvas, é quente e
Noh, o Kyogen, o Raku-go, o Kabuki, o Há várias lojas e shoppings centers onde úmido, mas as praias e montanhas ficam
Yosakoi Soran e o Bunraku no teatro; o se pode gastar dinheiro. Desde lojas cheias de gente, o que proporciona
Shibu, dança com leque que acompanha o especializadas, até de departamentos, diversão garantida. Mesmo porque, esta é
recital de um poema, e o Kembu, dança onde souvenires podem ser adquiridos no a época do plantio do arroz e há muitas
com espada, na dança; o Taiko, Enka, duty free. Para isso, tenha sempre o festas populares, entre elas, a escalada ao
Sankyoku, Joruri e os populares Karaokês passaporte à mão. Com isso, você fica à Monte Fuji.
na música; o Ukiyo-e, Emakimono e Sumi- vontade para escolher os artigos japoneses Agora, se você é um romântico e gosta da
e na pintura e, claro, na estética, os Bonsai, que mais fascinam os ocidentais, como natureza, precisa visitar o Japão no
Origamis, Ikebana e o Shodo, a arte da pérolas, kimonos e obis (faixas), artigos de outono. É quando o arquipélago apresenta
caligrafia. laca, lanternas (de papel produzidas na uma profusão de cores, que vão do
E o bom de conhecer toda essa arte é a província de Gifu), cerâmicas e louças vermelho-dourado ao amarelo pálido. É
comodidade que o metrô e os trens para a cerimônia do chá, seda, artigos de também a estação da colheita, por isso
oferecem. Embora o fluxo de pessoas seja bambu, bonecas e leques, sempre muito rolam inúmeros festivais e campeonatos
grande, o serviço de transporte público é coloridos e atraentes. esportivos. E no inverno, que não é tão
extremamente organizado e absolutamente forte quanto na Europa ou Estados
pontual. Os funcionários não medem Acomodação em estilo Unidos, a dica é esquiar nas regiões
esforços para se fazer entender em inglês e japonês montanhosas, onde a neve é abundante.
o turista é tratado como um rei. Para se ter Pense como pode ser interessante ao invés Diversos esportes são praticados no Japão.
uma idéia, ao comprar a passagem, você já de ficar no arranha-céu do filme de Eles variam desde os tradicionais, como as
sabe onde tem que se posicionar na Sophia Coppola, hospedar-se em um artes marciais, em especial o Judô, o
plataforma. Através de uma sinalização ryokan. Os ryokans existem em Karatê, o Kendo e o Sumo, assim como o
colorida aérea e terrestre, você entende, abundância nas áreas turísticas, basebol. O governo proporciona acesso
sem stress algum, que o seu vagão parará notadamente nas termas. Nesse tipo de a diversas modalidades esportivas a
exatamente à sua frente e no horário habitação, o quarto, a sala de banho e as seus habitantes, entre elas, o tênis,
marcado. Maravilhoso. refeições são no estilo japonês, o que tênis de mesa, vôlei e natação, o que
Se for às compras no supermercado, significa um ambiente forrado com tem garantido aos japoneses
porém, atenção: olhe apenas com os olhos tatamis limpos e macios, decoração sóbria inúmeras medalhas olímpicas e
e não com as mãos, “à brasileira”. Tudo o e de bom gosto. A diária média por recordes ao longo dos anos. Uma
33
A Passeio
Entre os castelos, não
deixe de visitar o Nijo,
construído em 1603 e com
275 mil metros quadrados, para
ser a residência oficial do primeiro
Tokugawa Xogum leyasu. Por isso
ele é representativo da mais elevada
arquitetura Momoyama e é
considerado uma relíquia histórica.
Já o Castelo de Ouro (Kinkaku –ji), Sagano-Kioto
na cidade de Kioto, famosíssimo
mundialmente por ter o pavilhão
recoberto de ouro, chama-se Entre os templos mais antigos e importantes,
verdadeiramente Rokuonji, um templo destaca-se o Kiyomizu-Dera (Templo das
zen que pertence à seita de Shokokuji do Águas), da era Hoki (778 d.C). Conta-se que
Rinzai-shu. O castelo recebeu este nome há mais de 1200 anos, Enchin, um monge de
em razão do seu fundador, Yoshimitsu Nara, teve uma visão onde deveria procurar a
Trem-bala em Osaka Ashikaga (Rokuon-in-den), ter nascido em nascente do rio Yodo. Depois de uma longa
Rokuya-on, local onde Buda orou pela procura, encontrou no monte Otowa, em meio
curiosidade é o crescente interesse dos primeira vez. a uma névoa, uma pequena fonte e lá surgiu o
meninos japoneses pelo futebol, que Kiyomizu-Dera. Mas por falar em Nara, e
ganhou popularidade com a chegada de Novamente as cerejeiras estando lá, não deixe de conhecer o parque,
Zico ao campeonato local que surgia, a J- em flor onde fica o Kofuku-ji, um templo budista dos
League. Desde então, os clubes da liga A melhor época para visitá-lo é na mais antigos do Japão. Localizado logo na
contam com muitos atletas estrangeiros, primavera, quando as cerejeiras que entrada, o templo data de 669 d.C e foi
principalmente brasileiros. Apenas para enfeitam os portões de entrada principal, fundado pela esposa de Fujiwara Katari, um
recordar, em 2002 o país sediou a Copa do estão super floridas. Mas se você for no dos Shogum da grande família Fujiwara que
Mundo em conjunto com a Coréia do Sul, outono não ficará desapontado, pois as comandou o país do VIII ao XII século.
chegando à fase de oitavas-de-final. folhas estarão quase vermelhas. Enquanto o país vivia guerras civis em
O castelo tem três andares e continuação, o templo manteve um exército
Templos e termas aproximadamente 13 metros de altura; de soldados monges para sua proteção. E
O Japão tem centenas de estações de águas reúne também três estilos diferentes: o de enquanto reinava a família Fujiwara,
termais, e há dois mil anos os japoneses palácio propriamente dito no primeiro prosperava também o templo, até começar o
tomam “banhos quentes”. Não surpreende andar, uma casa de samurai no segundo e seu período de declínio, no século XII. Hoje,
que tenham se tornado experts no assunto um templo Zen no terceiro. A estrutura, após séculos de história, de ruínas e
e por isso seus spas são os mais procurados esmerada e nobre, emoldurada por uma reconstruções, o templo Kokufi-ji tem um
do mundo. Eles oferecem uma infinidade lagoa, forma um dos conjuntos significativo acervo de arte, protegido contra
de maneiras para o turista experimentar o arquitetônicos mais bonitos do mundo. fogo e terremotos que merece ser visto.
ato de se banhar (onsen) num balneário de Outro castelo que merece a vista é o
água mineral quente. Ah, sim, há também Nagoia, construído em 1612. Localizado Santuário Futamiura
a tradição de se comer um ovo cozido na cidade de mesmo nome, em meio ao O Santuário de Futamiura fica localizado na
naquela água, que de tanto enxofre deixa a parque Meijo, é um verdadeiro campo praia de mesmo nome, em Ise-shi, Mie-ken,
sua casca preta. Diz a lenda que a cada ovo verde dentro da cidade. Entre as cidade vizinha à famosa Toba (Cidade das
daqueles ingerido, sua vida aumenta sete construções que restaram, a Hommaru Pérolas).
anos. Pelo sim, pelo não, não deixe de Palace conta com painéis pintados pelo Na era Tokugawa, a praia era muito utilizada
provar. O gosto é de um ovo cozido famoso artista da época, Sadanobu Kanou. para o banho, já que suas águas limpíssimas
comum e corrente. Hoje, após várias restaurações, o castelo serviam para purificar-se antes de visitar o
A prática dos banhos quentes tem se tem elevador para facilitar a visita até o templo de Ise.
difundido também entre os jovens e os quinto andar, de onde se tem uma vista O incrível do santuário é que ele é formado
executivos em visita de negócios, o que espetacular da cidade. por duas pedras, amarradas por uma corda. O
tem tornado cada vez mais populares os espetáculo é indescritível, especialmente ao
spas perto de Tóquio, entre os quais nascer do sol, quando o astro sobe entre as
destacam-se os de Hakone, Atami, duas rochas. Para muitos, é o nascer do sol
Tonosawas, Ito, Kinugawa, Nasu, Nikko e mais lindo do planeta. Daí o nome Futamiura.
Shiobara. Futami significa “olhar mais um vez”.
Outro atrativo turístico que enlouquece os Mas em Ise, o interesse do turista curioso por
ocidentais são os castelos e os templos, excentricidades também não será frustrado.
estes, carregados de beleza, paz e história. Uma tradição de 2 mil anos continua: a de
Super bem conservados, não há palavras oferecer aos deuses frutas e verduras
para descrever o impacto que
proporcionam.
34 Apartamento tipo “cápsula” em hotel
de Shinjuku-eki
Jardim do templo
de Kioto

tecnológica. E o mais
bonito: sem perder as
tradições. Eu costumo
dizer que
diferentemente da
Casa típica japonesa Europa, que a cada dia
fica mais “velha” com

O JAPÃO tantos problemas sociais, o Japão fica


apenas mais “antigo”, porque consegue

QUE VEJO conviver harmoniosamente com a


tradição e o respeito por templos de
900 anos e jovens de cabelo verde
Por Hugo Goldfeld
comandando computadores de última
geração. Isto não significa o melhor
Vou ao Japão desde a década de 70,
dos mundos nem que sejam perfeitos.
quando representava o estado de
É conhecido o alto índice de
Goiás no JICA - Japan International
insatisfação pessoal que aflige o povo
Cooperation Agency, um órgão
cultivadas apenas por fertilizantes naturais e, japonês, certamente pelo excesso de
facilitador de transferência de
quando colhidos, rigorosamente lavados. Os trabalho e pelas pressões de uma
tecnologia e de instalação de
alimentos são cultivados por homens que se sociedade altamente competitiva que
empresas japonesas no Brasil. Mas
purificam nas águas diariamente e sempre vestem exige, no mínimo, o máximo de cada
todas as vezes, pisar em território
roupas brancas e limpas para trabalhar. cidadão. Acredito que este também
japonês é uma experiência e tanto. É
Um sal grosso também é feito manualmente no dia seja um dos motivos pelos quais não
sempre surpreendente e revelador. O
mais quente do verão e tratado no fundo do se privam da happy hour ou mesmo do
Japão é um mistério. Acho mesmo
Santuário Mishioden. No dia 15 de outubro esse saquê na hora do almoço, um hábito
que nenhum ocidental consegue
sal é queimado para se fazer o Katashio (a (ou uma fuga), comum e
entender, com profundidade, a
oferenda), quando os sacerdotes de Ise Shrine e os perfeitamente aceito. E como todo
cultura, os hábitos e a rígida
trabalhadores que o produziram participam povo, o japonês também tem suas
disciplina dos japoneses. Uma das
juntos de um antigo ritual. excentricidades. Para mim, a mais
primeiras e principais barreiras é a
E antes de voltar a Tóquio para pegar o avião que interessante é o teatro Kabuki, como
língua. Nem tanto a língua falada,
o trará novamente à realidade, retorne a Kioto ou se sabe, estrelado apenas por homens.
que se pode aprender, mas a escrita,
vá pela primeira vez, conforme o seu roteiro. O pitoresco não é o fato dos homens
que pode comprometer até traduções
Kioto é uma típica cidade onde a tradição fazerem também os papéis femininos -
técnicas. Depois, existe a hierarquia e
milenar japonesa foi preservada. Percorra as ruas uma tradição milenar - mas de
o caráter reservado do povo. Numa
e absorva a atmosfera das casas tradicionais, os existirem apenas 12 peças escritas,
mesa de negociação, por exemplo, é
jardins e o dia-a-dia do Japão tranqüilo. Ah, não que são encenadas ao longo dos
difícil perceber o que eles pretendem,
deixe de visitar a Escola de Gueixas. Isso séculos repetidamente e sempre com
porque não deixam transparecer
mesmo, a cidade mantém uma escola de muito público!
nenhuma emoção. Aliás, a emoção é
gueixas, e elas podem ser vistas a todo o Por isso e por muito mais, recomendo
algo naturalmente reprimido, já que ao
momento, passeando pelas ruas em seus trajes a todo mundo que visite o Japão. Não
serem obrigados a viver em casas
luxuosos e postura elegante. Não resista, peça só os templos belíssimos, mas os
pequenas - dada a limitação de espaço
para tirar uma foto ao lado de uma delas. Elas jardins, a oferta infinita de consumo, a
-, feitas de papel e madeira, são
vão atendê-lo com a maior atenção. A atenção gastronomia, e a atmosfera
acostumados a falar baixo e a ser
digna de uma gueixa. completamente diferente daquela a
extremamente discretos desde crianças.
Boa viagem. que estamos habituados no ocidente
Também se diz que os japoneses não
merecem a visita. E não se assustem, o
gostam de ser tocados, não gostam de
Japão não é tão caro quanto dizem.
abraços, sequer de apertos de mão, pelo
Tudo depende do que se quer comprar.
mesmo motivo. Sendo obrigados a
Se forem produtos eletrônicos, eles
partilhar pequenos espaços entre muitos
custam um pouco mais do que nos
- o Japão deve ter a metade da área do
Estados Unidos e menos do que na
estado de Goiás e quase a população do
Europa, mas a comida, por exemplo,
Brasil - esse tipo de “intimidade” está
é mais cara. Evidentemente, não vá
completamente fora de cogitação em
pedir carne, porque em um país
qualquer relação comercial. Por outro
pequeno, onde 80% do território
lado, a educação, a cordialidade e o
é montanhoso, fica mesmo muito
preparo intelectual dos japoneses é algo
difícil criar vacas...
Cerejeira, árvore que merece ser exaltado. Não por outra
símbolo do Japão razão conseguiram transformar um
VW Govesa, Goiânia - GO
35
arquipélago pobre em uma super potência
Administração
O custo de capital de uma
empresa é uma média ponderada
dos custos dos recursos próprios e
de terceiros utilizados pela
empresa. É muito importante ter
em mente este número, mesmo
sabendo que se trata de uma
O conceito de aproximação.

Custo de Capital
e suas aplicações
este número, mesmo sabendo que se trata de uma
aproximação.
Espera-se que o retorno obtido pela empresa seja
igual ou superior ao custo de capital da empresa .
Assim, se o retorno obtido for de 20% e o custo
de capital de 18% , a empresa terá obtido lucro
econômico de 2 pontos percentuais . Este é o
conceito de Economic Value Added (EVA) ou
Valor Econômico Adicionado. Só há lucro
econômico após remunerar a totalidade dos
recursos utilizados, sejam eles próprios
ou de terceiros.

P Por Ademar Campos Filho

ara desempenhar as suas atividades, as empresas


utilizam recursos próprios (recursos dos sócios, mais os
lucros gerados) e recursos de terceiros, na forma de
O conceito EVA aplicado em uma empresa estimula a busca
de padrões mais altos de eficiência quando comparados aos
padrões de lucro contábil, que considera lucro o que vai
além da remuneração dos recursos de terceiros.
Este conceito pode ser aplicado na avaliação de desempenho
empréstimos e financiamentos. A totalidade dos recursos dos centros de lucro de uma concessionária de veículos.
próprios e de terceiros é mostrado do lado direito do Considerando que as decisões envolvendo imobilizações não
balanço patrimonial (passivos e patrimônio líquido). Estes são tomadas pelos gerentes e ainda há dificuldade de alocar
recursos permitem que as empresas façam as aplicações estas imobilizações aos centros de resultados, podemos nos
necessárias para o giro das operações (duplicatas a receber, concentrar em medir o capital utilizado no giro dos negócios
cheques a receber, estoques...) e também em imobilizações dos departamentos de veículos novos, veículos usados,
( terrenos, prédios, máquinas, móveis...) Os recursos peças/acessórios e oficina. Em seguida, podemos calcular o
próprios têm um custo, de quantificação não muito fácil, custo do capital utilizado no giro dos negócios daquele
mas que precisa ser considerado nas decisões de negócio. departamento.
O custo dos recursos próprios não é reconhecido pela Teremos então identificado para cada centro de resultado, as
contabilidade. A legislação do Imposto de Renda permite, receitas, despesas e o custo do capital utilizado no giro. Ao
dentro de certas condições, o reconhecimento para fins resultado final encontrado podemos chamar de lucro
fiscais dos juros sobre o capital próprio (lei 9249/95). econômico do departamento. É uma ótima base de cálculo
Entretanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a remuneração dos gerentes de cada departamento. E
recomenda que os juros sobre capital próprio sejam quando todos os gerentes “correm” atrás de lucro
mostrados como distribuição de lucros, permitindo assim a econômico, os resultados da concessionária tendem a ser
comparação entre os resultados das empresas. superiores.
Os recursos de terceiros também têm custos, mas estes são Dispor de informações com qualidade é um forte aliado para
de fácil quantificação e mostrados na contabilidade como buscar resultados superiores em qualquer empresa, inclusive
despesas de juros. em concessionárias de veículos. Se você tem informações
Do anedotário empresarial, conta-se que um gerente de com qualidade, sabe dos efeitos positivos. Se não as tem,
departamento muito amigo do contador e do financeiro ainda é tempo de consegui-las.
solicitava a ambos que só utilizassem recursos próprios nas
atividades do seu departamento e que, portanto, nenhum Ademar Campos Filho é consultor de empresas, pós graduado em
juro fosse atribuído a seu departamento. Administração Contábil e Financeira pela EAESP-FGV de São Paulo. É
O custo de capital de uma empresa é uma média sócio da Advance Consultoria Empresarial, especializada em gestão
ponderada dos custos dos recursos próprios e de terceiros de concessionárias de veículos.
36 utilizados pela empresa. É muito importante ter em mente e- mail ademar.campos@uol.com.br
Freio Solto

O mito da
imparcialidade
Quando o jornal precisa ouvir “o
outro lado” da notícia é porque já
se posicionou, assumiu sua
parcialidade: o “outro lado” não é nada
mais
o “seu”, mas “do outro”. estúpido do
que isso: ora, se é
Por Joel leite preciso ouvir o “outro
lado” é porque existe um lado

A
preferencial da notícia; existe “o seu” lado, que
– se supõe – seja o lado “correto”, o lado que o jornal definiu
como o certo.
prendi na faculdade que jornalista deve ser Não raro o jornal informa que o representante do “Outro Lado”
imparcial. Tentei seguir a cartilha dos meus mestres; não foi ouvido porque “não foi encontrado em casa” ou “não
acreditei mesmo, algumas vezes, que estava sendo retornou a ligação até o fechamento desta edição”. Certamente
imparcial ao dar uma notícia. Com o passar do tempo ele não teve a mesma chance do entrevistado oficial, que
percebi que todos os jornais, todos os veículos de representa “O Lado Certo” da notícia, certo?
comunicação, são parciais. Então resolvi criar o meu A Folha – ou qualquer outro jornal - tem o direito de
próprio jornal. Foi assim que nasceu o “Jornal Parcial”, entrevistar quem quer que seja e desprezar pessoas ou assuntos
um boletim distribuído pela internet para os amigos. que não lhe convém. Mas é preciso deixar claro essa posição
Ora, um jornal igual aos outros? Não, bem diferente: os para o leitor e não fazê-lo acreditar que está tendo uma visão
outros não admitem a parcialidade. Como se fosse “imparcial” do fato.
possível você ter uma visão isenta das coisas. Quem A grande mídia é quem determina os temas discutidos pela
assiste a um acontecimento, o vê a partir da sua sociedade. Ou você acha que algum setor social discutiu a
experiência, do repertório que construiu durante a vida. oportunidade de assistirmos por mais de três meses,
Assim, aquela é uma visão particular e, portanto, parcial. diariamente, a trama do Alemão e os “heróis” nacionais (na
No jornalismo não há problema em selecionar as notícias. análise do cientista social Pedro Bial) na casa do BBB?
O problema é não dizer que seleciona. É fazer o leitor crer A agenda eleita pela mídia é que determina a agenda pública. O
que está recebendo uma informação isenta. País discute o que a mídia quer. Ontem foi o escândalo dos
Lembra-se da história do copo com metade de água? Na sanguessugas, hoje é o apagão aéreo, amanhã será qualquer
visão do primeiro personagem o copo está “meio vazio”. outro assunto que interessa aos donos dos jornais.
Na visão do segundo, está “meio cheio”. Questão de Não é “pecado” deixar de ouvir o “outro lado”. Temos o direito
ponto de vista. de sermos parciais. E somos. Mas é preciso deixar claro a nossa
Assim enxergamos os acontecimentos do mundo: com posição.
absoluta parcialidade. Nas últimas eleições presidenciais, a revista Carta Capital
A imparcialidade não existe. Quando eu olho o mundo já revelou sua preferência por Lula. O Jornal da Tarde assumiu
estou sendo parcial, porque o vejo apenas de um lado; sua feroz campanha contra o então prefeito Paulo Maluf na
vejo o outro, ou as coisas, a partir da minha posição. É década de 70. “Ele (Maluf) é pernicioso para São Paulo”,
impossível estar no lugar do outro. Estou sempre no assumiu o editor Julio Mesquita.
“meu” lugar, tenho a “minha” visão do fato; jamais poderei O que nós jornalistas não podemos fazer é levar o leitor à ilusão
mostrar o mundo a partir da visão do outro. de que está recebendo uma notícia imparcial.
A ilusão da imparcialidade leva jornais e jornalistas ao
ridículo. A campeã dessa estupidez é a Folha de S. Paulo. Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pós-
graduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da
O jornal criou uma coluna chamada “Outro Lado”, para Agência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio, TV e
dar a sensação ao leitor de que está fazendo um trabalho internet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio de
38 imparcial, ouvindo o “Outro Lado” da notícia. Não há jornalismo. Nem se inscreveu.
No v idades

UM APARELHO SKYPE ACESSÍVEL


Quase todo mundo conhece ou ouviu falar das
facilidades (e economia) do Skype. O problema é o meio
para falar: ou com microfone e
caixas acústicas do PC, sem
nehuma privacidade, ou com CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS
headset. Os aparelhos do tipo
convencionais já existem mas N ão satisfeita em revolucionar a indústria
esbarram no preço muito salgado. musical com o iPod (que alcançou a marca de 100
Esbarravam, pois a Philips lançou milhões de aparelhos vendidos em cinco anos em
o VOIP080 um telefone com abril último) e o iTunes, a Apple quer fazer o
conexão USB com fio para PC mesmo com filmes e programas de TV. Para isso,
integrado ao Skype que oferece lançou em março nos EUA (abril no Brasil) a Apple
qualidade de conversa ao vivo TV. Uma espécie de tocador de DVD para a era da
com a simplicidade de um internet. A Apple TV conecta-se, através da rede
telefone convencional. Com ele é WiFi existente, ao PC, a TV widescreen (desde que
possível controlar as funções do tenha alta resolução) e a vários sistemas de home
Skype diretamente no telefone. theater. Integra-se com perfeição ao iTunes e
Preço sugerido: R$ 159,00 permite aos usuários escolher, entre o acervo do
Onde encontrar: Serviço de site, filmes e programas de TV (ainda com
Atendimento ao Consumidor (11) qualidade inferior ao DVD) clipes de música e
2121-0203 (grande SP) e 0800- podcasts. Ou assistir trailers de filme diretamente
7010203 (demais regiões). na TV, ouvir as músicas no sistema de som e
www.philips.com.br. visualizar álbuns de fotos em alta-resolução. A
Apple TV tem disco rígido de 40 GB, armazena até
50 horas de vídeo, nove mil músicas e 25 mil
fotos.
Preço sugerido: nos EUA US$ 299, no Brasil não
divulgado Onde encontrar: Fnac
MULTILEITOR DE CARTÕES
As câmaras digitais têm cartão de memória, assim como outros aparelhos - celulares, handhelds etc.
Cada um num formato diferente. Para transferir os dados para o computador era preciso identificar o
tipo de cartão e conectar o próprio aparelho ao PC. Para
simplificar, sobretudo para aqueles que curtem tecnologia, mas
não são especialistas, a Sony trouxe para o Brasil um
multileitor de cartões que lê 17 tipos, o Multicard Reader
MRW-62E-S1. Com este leitor basta tirar o cartão de memória e
colocar diretamente no equipamento para que os dados sejam
transferidos. A alimentação de energia e a transferência de
dados são feitas via cabo USB, com alta velocidade de
conexão. É ideal para quem lida com fotografia e vídeo.
Simplicidade com design refinado: apenas 57gramas e tamanho
de 86 x 15,7 x 50 mm. Além disso, é compatível com os
sistemas operacionais Windows e Macintosh.
Preço sugerido: R$ 79,00.
Onde encontrar: www.sonystyle.com.br ou nas lojas de varejo especializadas em informática e fotografia.
40
Liv ro s&Afins

CRESCIMENTO E
LUCRO
“O assunto
sustentabilidade está na
pauta de todos os
executivos”. A frase é do
novo presidente da
Febraban (a federação dos
bancos), Fábio Colletti
Barbosa, que preside o
Mais uma história real
Banco Real, instituição que ao lado da Natura dá
exemplos de crescimento e lucro.
nas telas do cinema
Lucro com responsabilidade social e ambiental é o “Alpha Dog”, o novo filme de Nick Cassavetes, narra uma
história real: três dias na vida de um grupo de jovens
tema central do livro “A empresa Sustentável”,
californianos. Três dias em que tudo foge do controle e se
lançamento da Campus/ Elsevier, dos autores torna definitivo. No ano 2000, Jesse James Hollywood, terceira
Andrew Savitz e Karl Weber. O primeiro dirige uma geração de uma família de traficantes de maconha, seqüestra e
consultoria independente, a Sustainable Business manda matar um garoto de quinze anos, irmão de outro
Strategies, e o segundo é consultor de gestão vendedor de drogas que lhe devia dinheiro. Com um passaporte
aclamado e autor especializado em negócios, temas falso, foge – advinha para onde? Sim, para o Brasil. O filme
sociais e políticos. Os autores argumentam que as narra as 72 horas finais desses jovens de classe média,
companhias que exploram recursos humanos e isolados em uma vida suburbana, com tempo, grana e drogas à
naturais na sede por lucro são empreendimentos vontade em uma eterna festa. De tanto imitar a vida bandida,
insustentáveis e têm cada vez menos espaço numa ultrapassam a linha tênue, deixam de ser outsiders e vão para
época em que a pressão de acionistas e o outro lado. É um filme violento, sobretudo na linguagem que
investidores por responsabilidade social e ambiental os jovens usam. Agressivos, empregam as 53 variações de uso
da palavra fuck em cada frase.
é cada dia maior. O contrário, aliar atenção aos
Por natureza, a América é permeada pela contracultura e seus
recursos humanos e naturais ao lucro é o desafio heróis são os criminosos; o novo sonho americano dos jovens
dos que buscam prosperar e ainda passar uma boa brancos da classe média é se tornar um deles.
imagem aos seus clientes. No longa, nomes, locais e acontecimentos foram trocados, o
“Organizações e sociedades sustentáveis geram que permanece é a liderança que James Hollywood (no filme
rendimentos como fonte de sobrevivência, em vez Johnny Truelove) exerce sobre o bando. Assemelham-se, de
de consumir o próprio capital. Ou seja, são fato, à matilha a que se refere o nome do filme, macho
empreendimentos duradouros”, defendem os dominante.
autores. Por cinco anos, Hollywood, o bandido mais jovem procurado
O livro propõe que responsabilidade social é um pelo FBI, encabeçou a lista dos mais procurados até ser preso
conceito incompleto e que o mais apropriado seria na praia de Saquarema, na Região dos Lagos (RJ). O processo
sustentabilidade, porque responsabilidade enfatiza ainda tramita no estado da Califórnia. Se condenado por
assassinato, será punido com a pena de morte.
os benefícios para os grupos sociais fora da
O elenco de jovens e consagrados atores traz o promissor ator,
empresa, ao passo que sustentabilidade atribui Emile Hirsch (Heróis Imaginários), o cantor e popstar, Justin
igual importância aos benefícios desfrutados pelas Timberlake, Ben Foster (X-Men 3) e Anton Yelchin (Sociedade
empresas em si. Além disso, o livro traz aos leitores Feroz), além dos veteranos Bruce Willis (Xeque-Mate) e Sharon
informações sobre as ferramentas necessárias e os Stone (Bobby). Estreou 11 de maio.
exemplos reais para alcançar a sustentabilidade,
como o caso da fábrica de chocolate Hershey Foods. Alpha Dog, EUA, 2006
Direção: Nick Cassavetes (Diário de uma paixão; Um ato de
“A empresa sustentável” (Campus/Elsevier), de Andrew coragem) Distribuição: Imagem Filmes
W. Savitz e Karl Weber. Preço sugerido: R$ 69,00 41
Vinhos & Videiras
americana a obter o certificado de
neutralização de carbono, o que evidencia sua
preocupação com o meio ambiente.
Uma das maiores preocupações da equipe de
enologia da Cono Sur é localizar novos locais
Cono Sur, de plantio em todo o território chileno, uma
a excelência da quase obsessão pela descoberta de novos
terroirs. Em alguns locais, tais como o Vale do
PINOT NOIR no Chile Elqui, Bio-Bio e San Antonio, já são cultivadas
Por Arthur Azevedo variedades brancas e as tintas Pinot Noir e a

N Syrah de clima frio. Estes vinhedos


a pequena e quase desconhecida Chimbarongo, no Vale de complementam os já existentes em Chimbarongo e nos vales do Maipo,
Colchagua, está escondido, bem guardado, um segredo da Casablanca e Cachapoal. Outra novidade é a Riesling, uma uva branca
gigante Concha Y Toro: a vinícola boutique Cono Sur, dirigida que a Cono Sur está cultivando em Bio-Bio, que tem mostrado muita
com muita competência por Adolfo Hurtado, um dos mais personalidade e principalmente tipicidade no Chile.
premiados e prestigiados enólogos do Chile. Entre as uvas tintas, o diferencial da Cono Sur está no manejo
Os vinhos da Cono Sur são agora representados pela Wine cuidadoso da exigente Pinot Noir, que nas mãos de Adolfo Hurtado e do
Premium, uma empresa do grupo Expand, do empresário Otávio consultor francês Martin Prieur, dá origem ao melhor vinho desta
Piva de Albuquerque. A Wine Premium já existe há três anos, varietal no Chile, o espetacular Ocio, um vinho muito exclusivo e raro.
mas só agora começa a aparecer para o público, com equipes A Wine Premium está trazendo três linhas diferentes de vinhos da Cono
próprias de vendas e com toda a infra-estrutura necessária Sur (www.conosur.com), além do ícone Ocio. A mais básica, e de
para atender a crescente demanda do mercado brasileiro. excepcional relação custo/qualidade é a Varietal Bicicleta, seguida pela
Desde 1993, quando começa a história da Cono Sur, a empresa linha Reserva e pela linha 20 Barrels, esta última, de categoria
tem adotado uma postura agressiva de inovações, premium. O nome da primeira homenageia o transporte utilizado pelos
surpreendendo com o plantio das primeiras videiras de trabalhadores para se deslocar pelos vinhedos.
Viognier no Chile, em 1997, ou com a introdução da rolha Os vinhos da Cono Sur já estão disponíveis nas melhores lojas
sintética, em 1995, e da “screw-cap” (tampa de rosca), em especializadas do Brasil e também na Wine Premium, pelo website
2002. Em 2003, teve a primeira colheita totalmente orgânica, www.winepremium.com.br
certificada por importante organização na Alemanha e Arthur Azevedo, consultor de vinhos, presidente da ABS-SP, editor
pretende, ainda em 2007, se tornar a primeira vinícola sul- da revista Wine Style e do website Artwine (www.artwine.com.br)

Mesa Posta O legado saboroso da antigüidade


Por Isabel Caldeira
C ontinuemos nosso percurso de quatro etapas para conhecer a
gastronomia da Antigüidade, na Civilização Ocidental, iniciado na
faisão, perdiz e codorna. Exímios caçadores, abatiam o javali e
o cervo, bem como a lebre, que cortavam em pedaços,
marinavam em cebola, orégano, tomilho e cominho e
edição anterior, visualizando “O legado saboroso da Antigüidade”, preparavam em molho com o sangue do próprio animal
conforme a citada obra “A Canja do Imperador”, de J. A. Dias Lopes. (produzindo um precursor do “civet” dos nossos dias). O
Os fundamentos, ingredientes e técnicas da Grécia Antiga ajudaram a domínio do forno os fez produzir doces adoçados com mel e
delinear a essência da Cozinha ocidental e o seu legado chegou aos mais de setenta variedades de pães, elaborados com farinhas de
nossos dias por intermédio do Império Romano. Os historiadores trigo ou aveia. Um tempero obrigatório era o limão, que
estabelecem o início do aprendizado dos romanos no ano em que associado ao ovo, converte-se em substancioso molho que
estes conquistaram a florescente cidade grega de Corinto, no istmo entra, por exemplo, numa sopa de galinha de consistência
entre a península do Peloponeso e o sul do país, em 146 a.C., época espessa, a Sopa de Galinha com molho de Ovos e Limão.
em que os gregos já usavam os condimentos, empregavam o vinho e
INGREDIENTES: 1,5 quilo de galinha cortada pelas juntas; 1 cebola picada; 1
o leite na cozinha, guisavam as carnes com ervas aromáticas, as
cenoura picada; 1 folha de louro; 125 gramas de arroz; 2 ovos; 5 colheres de
preparavam com saborosos recheios, conservavam os alimentos em sopa de suco de limão; 2 colheres de sopa de salsinha picada finamente; caldo
azeite de oliva e produziam pão. Enquanto os romanos não tinham de galinha (preferencialmente) ou água o quanto baste; sal a gosto. PREPARO:
qualquer familiaridade com os frutos do mar e dos rios, os gregos coloque a galinha, a cebola, a cenoura, e o louro, numa panela; cubra com o
preparavam talentosamente peixes, moluscos e crustáceos. No século caldo, tempere com sal e cozinhe com a panela tampada até a galinha ficar
macia a ponto de poder ser despregada do osso (se necessário, acrescente mais
VI a.C. Aristóteles relacionou 110 classes de peixes. Os gregos
caldo durante o cozimento); durante o cozimento, descarte com uma
criavam todos os animais que conhecemos. Em Ática, região ao escumadeira a espuma que se forma na superfície; retire a galinha do caldo,
noroeste do Peloponeso, sua vegetação fornecia aos ovinos e elimine a pele, desosse e desfie; leve o caldo ao fogo e acrescente o arroz;
caprinos uma ração de louro, malva, tomilho, orégano, salvia e após uns 20 minutos acrescente a galinha desfiada e deixe levantar a fervura;
coentro, o que lhes conferia uma carne temperada pela própria retire a panela do fogo; num recipiente bata os ovos um pouco até espumarem
e aos poucos acrescente o suco de limão sem parar de bater; agregue várias
natureza. O porco recebia tratamento diferenciado e chegava à mesa
colheradas de sopa quente, mexendo delicadamente; junte essa molho à sopa,
recheado com toucinho, azeitonas, ovos e ostras. Produziam ainda, que estará fora do fogo e misture bem; polvilhe com a salsinha e sirva. É
embutidos, sendo atribuída a eles a criação da morcela de sangue. deliciosa.
Selvagens e domesticadas, as aves também mereciam a glória
42 do fogão: pato, ganso, pavão, galinha, galinha d’angola,
Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista em receitas e
cardápios especiais. Contato: editoria@tato.com

S-ar putea să vă placă și