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Análise de riscos

nos locais de
trabalho:conhecer
para transformar
Marcelo Firpo de Souza Porto
Engenheiro de Produção e Doutor pela COPPE/UFRJ. Pesquisador do Centro de
Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde
Pública da Fundação Oswaldo Cruz (CESTEH/ENSP/FIOCRUZ).
Análise de riscos nos locais de trabalho

Índice

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .05

O CONCEITO DE RISCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .08

EXEMPLOS DE RISCOS NOS LOCAIS DE TRABALHO,


SEUS EFEITOS PARA A SAÚDE DOS TRABALHADORES
E ATIVIDADES ONDE SE ENCONTRAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

ASPECTOS IMPORTANTES PARA A AÇÃO SINDICAL . . . . . . . . . .15

COMO CONHECER OS RISCOS


NOS LOCAIS DE TRABALHO ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

COMBATENDO OS RISCOS:
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE . . . . . . . . . . . . . . . .24

O PROGRAMADE PREVENÇÃO DE
RISCOS AMBIENTAIS - PPRA(NR-9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

A CIPA (NR-5) E O MAPA DE RISCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

A ANÁLISE DE ACIDENTES
NOS LOCAIS DE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

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INTRODUÇÃO riamente incorporar a vivência, o conhecimento
e a participação dos trabalhadores, já que eles
Durante muito tempo foi vendida a idéia de realizam o trabalho cotidiano e sofrem seus
que o problema dos acidentes e doenças rela- efeitos e, portanto, possuem um papel funda-
cionadas ao trabalho era um tema só para mental na identificação, eliminação e controle
certos especialistas: engenheiros de segu- dos riscos. Além disso, os processos produtivos
rança, médicos do trabalho, a gerência das afetam a vida da população em geral e o meio
empresas e outros técnicos especializados ambiente, através da poluição crônica ou dos
seriam os únicos “detentores” do conhecimento acidentes ambientais, como os que ocorrem em
para analisarem os riscos nos locais de traba- fábricas químicas e nucleares, sendo um tema
lho e proporem soluções. Nessa visão, os tra- a ser debatido pelo conjunto da sociedade.
balhadores seriam meros e passivos coadju- Por isso, os riscos nos locais de trabalho
vantes, ora fornecendo informações aos espe- não são um problema somente técnico: é
cialistas, ora indo aos exames e respondendo também de natureza ética e política, e tem mais
perguntas aos médicos, ou mesmo sendo acu- a ver com as relações de poder na sociedade e
sados como responsáveis pelos acidentes, nas empresas do que com o mundo restrito da
através do conceito de ato inseguro, que é per- ciência e da técnica. Os riscos decorrentes de
verso e cientificamente errado. processos produtivos e tecnologias que igno-
Essa visão também privilegiava a compensa- ram ou desprezam as necessidades de seres
ção financeira ou monetização dos riscos, atra- humanos e do meio ambiente não são enfrenta-
vés da concessão dos adicionais de insalubri- dos só tecnicamente por especialistas e cientis-
dade e periculosidade, e possuía uma atuação tas, mas pela atuação organizada dos trabalha-
preventiva extremamente limitada. Essa visão dores e dos cidadãos em geral na luta pela
atrasada de segurança e saúde ocupacional defesa da vida e da democracia.
acabava trabalhando somente no final da linha, Nas últimas décadas, principalmente nos
ou seja, após a ocorrência de eventos como aci- países da Europa e na América do Norte, tem
dentes e doenças, e no controle dos próprios tra- havido uma mudança substancial no enfoque
balhadores. Para os técnicos dessa visão, a pre- dos profissionais que trabalham com os riscos
venção se restringia às normas de segurança e nos locais de trabalho. Em vez de sistemas
aos equipamentos de proteção individual, nem compensatórios e de fim de linha, busca-se
sempre com fornecimento e treinamento ade- enfatizar mais o aspecto preventivo, ou seja,
quados. Deixava-se de lado as causas mais pro- atuar no controle e eliminação dos riscos na
fundas que geram os acidentes e doenças nos fonte, e não após a ocorrência de acidentes e
locais de trabalho, como os projetos de tecnolo- doenças. Também a organização do trabalho e
gias, a organização do trabalho e as característi- as práticas gerenciais passaram a ser reconhe-
cas da própria sociedade, como a legislação e a cidas como importante foco de análise, seja
atuação dos trabalhadores e as instituições. como causadoras de acidentes, doenças e sofri-
Obviamente, esta visão não é verdadeira e mento, ou como integrantes fundamentais das
nem interessa aos trabalhadores, embora ainda políticas de segurança e saúde nas empresas.
hoje esteja presente em muitas empresas e ins- Alguns princípios de interesse para os tra-
tituições no Brasil, que tentam inculcar esta balhadores que devem ser destacados nesta
ideologia nos próprios trabalhadores. A análise concepção mais moderna são enumerados a
dos riscos nos locais de trabalho deve necessa- seguir:

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Análise de riscos nos locais de trabalho
☛ O foco principal da análise de riscos nos ser revisado, principalmente quando surgem
locais de trabalho é a prevenção, ou seja, os novas circunstâncias, como mudanças tecnoló-
riscos devem ser eliminados sempre que possí- gicas ou organizacionais nas empresas;
vel, e o controle dos riscos existentes deve ☛ A análise de riscos não substitui as exigên-
seguir os padrões de qualidade mais elevados cias legais que obrigam as empresas a adota-
em termos técnicos e gerenciais; rem mecanismos de proteção à saúde dos tra-
☛ Os trabalhadores são sujeitos fundamentais balhadores. A análise de riscos nos locais de
na análise e controle dos riscos, seja porque trabalho deve se pautar também nas normas e
conhecem as situações reais de trabalho do leis existentes, ao mesmo tempo em que
cotidiano, seja porque suas vidas estão em jogo devem superá-las, pois nem todas as realida-
e precisam lutar para que a defesa de sua des específicas de cada setor, região ou
saúde seja considerada nas decisões tomadas empresa, e nem as estratégias de eliminação e
pelos governos e pelas administrações das controle dos riscos em mundo dinâmico podem
empresas, confrontando as prioridades e solu- ser cobertos integralmente pela legislação. Tal
ções, por exemplo, nos investimentos realiza- argumento, contudo, não deve servir de apoio
dos, na escolha de tecnologias, na compra de ao discurso neoliberal que prega a redução do
equipamentos e nas formas de contratação, poder do estado e um aumento da autorregula-
treinamento e divisão de tarefas dos trabalha- ção pelas empresas, principalmente num país
dores; latino-americano marcado por injustiças sociais
☛ O risco à saúde dos trabalhadores, à popula- onde o estado ainda está longe de cumprir o
ção e ao meio ambiente deve fazer parte de seu papel de defesa constitucional dos traba-
uma gestão integrada das empresas. As lhadores e do meio ambiente.
empresas são geradoras de riscos, e como tal Infelizmente a concepção moderna de aná-
são responsáveis pelo controle dos mesmos. lise e gerenciamento de riscos encontra-se
De outro lado, de pouco adiantará ter profissio- bastante distante da prática de muitas empre-
nais especializados nesta área se as decisões sas brasileiras. Em muitas, espera-se a ocor-
sobre investimentos, controle de produtividade rência de tragédias como acidentes e doenças
e manutenção forem tomadas sem considerar graves para se tomar alguma atitude, e fre-
os aspectos de segurança, saúde e meio qüentemente os trabalhadores são acusados
ambiente, enfim, dos riscos outros além dos como principais responsáveis pelos mesmos,
econômicos. através do uso do conceito de ato inseguro.
☛ O debate em torno dos riscos é um impor- Investe-se pouco em prevenção, como conse-
tante instrumento para a democratização dos qüência do pouco poder e participação dos tra-
locais de trabalho e da própria sociedade, pois balhadores nos locais de trabalho, bem como
coloca em jogo o tipo de sociedade que temos das baixas conseqüências legais e econômi-
e queremos construir. Este debate coloca em cas dos acidentes e doenças para as empre-
discussão quem, como e com que critérios são sas. Essa externalização dos riscos ocupacio-
definidos os riscos para as vidas dos trabalha- nais tem por base: (a) a baixa capacidade do
dores, das pessoas em geral e do meio estado e da justiça de punir os responsáveis
ambiente. por acidentes e doenças nas empresas; (b) os
☛ A análise de riscos nos locais de trabalho baixos salários dos trabalhadores e o paga-
não é um mero instrumento burocrático: é um mento coberto pela Previdência Social do
processo contínuo, que precisa periodicamente “benefício” do seguro-acidente, quando o tra-

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balhador é afastado dos locais de trabalho, desenvolvido nos anos 90 para a substituição
retirando o ônus do pagamento das empresas de máquinas injetoras na indústria plástica no
após o 15o dia de afastamento. Em outras estado de São Paulo.
palavras, se uma empresa gera muitos aciden- Mas a realidade dos anos 90 se opôs fron-
tes e doenças, não é punida, tampouco é talmente com as expectativas de redemocrati-
recompensada por investimentos preventivos zação conquistadas nos anos 80. Os governos
que melhoram o seu desempenho. de nível central desde então não implementa-
No Brasil, principalmente a partir dos anos ram nenhuma política nacional efetiva e inte-
80, com a luta pela democracia e o revigora- grada de saúde dos trabalhadores. Embora
mento do movimento sindical, os trabalhadores tenham ocorrido avanços localizados, as ações
e várias instituições brasileiras vem construindo dos setores trabalho, saúde e previdência
práticas mais democráticas e eficientes, pauta- social, além do meio ambiente, continuam des-
das na atuação dos trabalhadores e suas repre- conexas e sem articulação.
sentações. Dentro dos sindicatos, várias expe- A globalização e a restruturação produtiva,
riências foram desenvolvidas através da cria- intensificadas ao longo dos anos 90, geram
ção de departamentos e ações de saúde do tra- novos e imensos desafios para os trabalhado-
balhador e meio ambiente. Como exemplos, res e a defesa de sua saúde. Com o aumento
podemos citar a criação do Departamento Inter- da exclusão social, do desemprego, da terceiri-
sindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e zação e do trabalho temporário, e a tentativa de
Ambientes de Trabalho (DIESAT) em 1980 e, fragmentação e redução do poder de barganha
no âmbito da CUT, do Instituto Nacional de dos sindicatos, estratégias que fazem parte da
Saúde e Trabalho (INST/CUT) em 1988. flexibilização das relações de trabalho - que o
No campo da Saúde Pública, dentro da luta discurso neoliberal denomina de “moderniza-
pela criação do Sistema Único de Saúde ção”-, a luta por melhores condições de traba-
(SUS), foi desenvolvido o campo da saúde do lho e saúde fica bastante difícil. Também várias
trabalhador, com vários programas e ações instituições públicas vêm passando por sérias
desenvolvidos no âmbito dos estados e muni- crises, diante da falta de políticas integradas e
cípios. Estes programas vêm trabalhando junto de investimentos pelos governos. Outra conse-
com os trabalhadores e suas organizações na qüência desta “modernização” neoliberal tem
implementação de suas atividades, tendo por sido a intensificação do trabalho em vários
referência inicial a experiência do movimento setores econômicos, com implicações para a
sindical e da reforma sanitária da Itália desen- saúde dos trabalhadores. Um exemplo é a ver-
volvida nos anos 70. Dentro do SUS, desta- dadeira epidemia de lesões por esforços repeti-
cam-se as ações de vigilância dos ambientes tivos (LER) que vem ocorrendo com trabalha-
de trabalho exercidas pelos serviços públicos dores nos setores de serviços, bancos e seto-
de saúde com a finalidade de controlar ou eli- res de embalagem e linhas de montagem de
minar os riscos à saúde existentes nos várias indústrias. As LER têm sido responsá-
ambientes de trabalho. Também o Ministério do veis por cerca de 80 a 90% dos casos de doen-
Trabalho, fortemente criticado nos anos 80 ças profissionais registrados na Previdência
pelo movimento sindical por práticas burocráti- Social nos últimos anos.
cas e patronais, vem buscando incorporar em Mas o momento também abre espaço para
diversas ações a participação ativa do movi- uma atuação mais consistente dos trabalhado-
mento sindical, como no caso do acordo res. O discurso em torno da qualidade, mais

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Análise de riscos nos locais de trabalho
voltado normalmente para clientes, produtos e poluição ambiental. Os riscos podem estar pre-
processos, não costuma beneficiar os trabalha- sentes na forma de substâncias químicas,
dores. Paradoxalmente, sem a melhoria das agentes físicos e mecânicos, agentes biológi-
condições de trabalho e da participação dos tra- cos, inadequação ergonômica dos postos de
balhadores, torna-se inviável um salto de quali- trabalho ou, ainda, em função das característi-
dade nas propostas modernas de gerencia- cas da organização do trabalho e das práticas
mento, vital para o sucesso das empresas no de gerenciamento das empresas, como organi-
atual clima de competitividade. Alguns setores zações autoritárias que impedem a participação
e empresas de ponta vêm buscando atuar dos trabalhadores, tarefas monótonas e repeti-
dentro desta lógica, e buscam negociar com os tivas, ou ainda a discriminação nos locais de
trabalhadores, seus sindicatos e instituições trabalho em função do gênero ou raça.
novas formas de participação e compromissos É claro que a saúde dos trabalhadores é
relacionadas a melhorias das condições de tra- muito mais abrangente do que os riscos nos
balho e novas estratégias de gerenciamento de locais de trabalho, e tem a ver com as condições
riscos. É dentro deste espaço histórico de desa- mais gerais de trabalho e vida, como salário,
fios, contradições e possibilidades que se moradia, alimentação, lazer, existência de
coloca a contribuição deste manual. creche no trabalho e a participação nas decisões
da sociedade. Também é bom lembrar que o tra-
O CONCEITO balho pode ser uma importante fonte de saúde,
DE RISCO se é realizado de forma gratificante e num
ambiente saudável. Neste manual,
A noção de risco tem a ver com nos concentraremos basica-
a possibilidade de perda ou mente na análise dos riscos
dano, ou como sinônimo de presentes nos locais de tra-
perigo. A palavra risco é utili- balho, mas não devemos
zada em muitas áreas e com nos esquecer que esta
vários significados, como a análise deve considerar os
matemática, a economia, a aspectos mais gerais de
engenharia e o campo da interesse da saúde e vida
saúde pública. dos trabalhadores. .
Neste manual, adotare- O termo risco é usado
mos uma concepção abran- de diferentes formas por
gente de risco de interesse à profissionais de saúde e
saúde dos trabalhadores, segurança. O quadro 1
significando toda e qualquer resume alguns destes
possibilidade de que algum conceitos, seus significa-
elemento ou circunstância dos, vantagens e limita-
existente num dado processo ções. Conforme podemos
e ambiente de trabalho possa ver neste quadro, nem
causar dano à saúde, seja sempre estes conceitos e a
através de acidentes, doenças forma como eles são aplica-
ou do sofrimento dos trabalha- dos correspondem aos inte-
dores, ou ainda através da resses dos trabalhadores.

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QUADRO 1

Usos do termo risco , seus significados, vanta gens e limites

USO DO QUEM COSTUMAADOTAR


VANTAGENS E LIMITES
TERMO RISCO E COM QUE SIGNIFICADO

Risco Utilizado por profissionais de O conceito é válido para definir os principais


ocupacional higiene e segurança do traba- riscos que os trabalhadores de determinadas
lho, para se referir aos riscos categorias e setores econômicos estão
para a saúde ou a vida dos expostos. Um problema da utilização deste
trabalhadores decorrentes de conceito está na possibilidade de se aceitar
suas atividades ocupacionais. passivamente que determinados riscos são
inerentes a estas profissões ou empresas,
favorecendo a monetização do risco, quando
vários riscos podem ser eliminados ou contro-
lados ao longo do tempo.

Agente de Usado por profissionais de É de fácil classificação, porém tende a


risco higiene industrial e da enge- menosprezar os riscos relacionados à organi-
nharia de segurança. Refere- zação do trabalho e outros aspectos qualitati-
se principalmente aos agen- vos para a contextualização dos riscos. A
tes físicos, mecânicos, quími- maioria das normas técnicas relativas à ava-
cos e biológicos presentes liação ambiental e medidas de proteção
nos ambientes de trabalho, refere-se aos agentes clássicos, principal-
embora alguns autores men- mente os físicos e químicos.
cionem agentes ergonômicos
e os psicossociais.

Fator de risco Adotado por profissionais de É um conceito utilizado nos estudos epide-
saúde pública, mais especifi- miológicos que buscam relacionar a exposi-
camente da epidemiologia. ção de certos grupos de trabalhadores a
Embora similar ao conceito de determinados fatores de risco, e o acometi-
agente, também pode incluir mento de problemas específicos de saúde,
outras características ambien- por exemplo, substâncias químicas e câncer.
tais e pessoais (como o sexo Este conceito vê o risco de forma estática
e ser fumante) para classificar enquanto característica de um grupo popula-
grupos populacionais propen- cional, e não como inserido em processos de
sos ao desenvolvimento de trabalho e contextos específicos.
problemas de saúde.

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Análise de riscos nos locais de trabalho

USO DO QUEM COSTUMAADOTAR E


VANTAGENS E LIMITES
TERMO RISCO COM QUE SIGNIFICADO

Risco como Usado na análise de riscos Embora possa servir como parâmetro para
probabilidade como forma de quantificar o avaliar se um risco é aceitável ou se compa-
risco existente num projeto, rar os riscos envolvidos em diferentes tecno-
tecnologia ou situação de tra- logias e processos de trabalho, estes núme-
balho (por exemplo, número ros são complicados, de difícil compreensão
de mortes ou doenças por e nem sempre confiáveis.
ano previstas). Em inglês, a
palavra risk é adotada para
expressar a probabilidade de
ocorrência vezes a magnitude
do dano provocado.

Risco como Em inglês é usada a palavra É semelhante ao conceito de agente de risco,


perigo Hazard, traduzida como risco mas é utilizada, em sua concepção de perigo,
ou perigo, significando uma para destacar um risco importante ou uma
característica potencialmente situação de risco grave e que esteja mais fora
danosa à saúde de um de controle. O problema aqui é a possibilidade
agente, substância, máquina, de se menosprezarem situações de risco con-
processo ou ambiente. sideradas sob controle e não a considerarem
como um perigo, quando em verdade podem
gerar acidentes ou doenças sérias. Em outras
palavras, um risco pode indevidamente não
ser considerado como perigo, e por isso ser
avaliado como irrelevante.

Situação e Utilizado por profissionais que Estes conceitos são importantes na análise de
Evento de trabalham com análise e acidentes por separar o risco em duas fases
Risco gerenciamento de riscos de no processo de trabalho: o momento latente
acidentes ou potencial (situação de risco), e o momento
da geração do dano (evento de risco ou o aci-
dente quando de sua ocorrência).

Grau de risco Classificação adotada pelos Esta tipologia é adotada para classificar as
Ministérios do Trabalho e atividades econômicas em termos de percen-
Emprego e da Previdência e tuais que as empresas devem pagar para o
Assistência Social, que fixa Seguro Acidente de Trabalho (SAT). Além de
uma escala crescente para os eventuais críticas a esta classificação, o prin-
riscos presentes nos diferen- cipal problema é que diferentes empresas de
tes ramos de atividade econô- um mesmo setor pagam o mesmo valor, inde-
mica. pendente se geram muitos acidentes com
mortes ou se investem em prevenção.

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QUADRO 2

Principais áreas de atuação das ciências do risco

CIÊNCIAS DO RISCO:
OBJETIVOS E AÇÕES DESENVOLVIDAS,
ÁREA DE ESTUDO E
VANTAGENS E PROBLEMAS
ESPECIALIDADES ENVOLVIDAS

Avaliação de riscos É uma metodologia que visa caracterizar os efeitos à


(engenharias diversas, toxicolo- saúde esperados como resultado de uma certa exposi-
gia, epidemiologia e especialistas ção a um determinado agente, provendo também esti-
em riscos específicos, como a mativas em termos da probabilidade de ocorrência
biossegurança, a radioproteção...) destes efeitos em diferentes níveis de exposição. Busca
ainda caracterizar situações de risco específicas, e
envolve a identificação de perigo, o estabelecimento de
relações de exposição-efeito e a avaliação da exposi-
ção, conduzindo à caracterização do risco. Sua aplica-
ção fornece critérios para a aceitação ou rejeição de
novos investimentos como tecnologias, processos e
substâncias químicas antes dos mesmos serem imple-
mentados e difundidos
Sua aplicação no Brasil é ainda bastante restrita. Alguns limi-
tes da avaliação de riscos surgem quando é realizada por
profissionais que ignoram a participação dos trabalhadores
no processo. Também seus resultados podem ser parciais a
favor daqueles que financiam tais estudos, muitas vezes as
empresas interessadas. Há uma preocupação maior com os
estudos quantitativos que qualitativos.

Percepção e comunicação Os estudos de percepção visam analisar como popula-


de riscos ções diferentes percebem e reagem frente a determina-
(psicologia, antropologia dos riscos industriais. Tal análise ajudaria na formulação
e sociologia) de programas de comunicação de riscos, Tais programas
buscam implementar os mecanismos mais eficientes de
se comunicar certos riscos às populações atingidas -
como trabalhadores e moradores em áreas de risco - por
parte das instituições governamentais ou das empresas
geradoras de riscos. Também fazem parte do gerencia-
mento de riscos, como no estabelecimento de planos de
emergência e evacuação em casos de acidentes indus-
triais ampliados.

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Análise de riscos nos locais de trabalho

CIÊNCIAS DO RISCO:
OBJETIVOS E AÇÕES DESENVOLVIDAS,
ÁREADE ESTUDO E
VANTAGENS E PROBLEMAS
ESPECIALIDADES ENVOLVIDAS

gerenciamento de riscos Termo usado por profissionais de análise de riscos e de


( engenharia de segurança e segurança. Em termos de riscos ocupacionais, o gerencia-
higiene do trabalho, medicina, mento de riscos envolve as decisões e ações que ocorrem
toxicologia, ergonomia, engenha- em dois níveis principais: (i) dentro da sociedade e pelos
rias diversas, ciências sociais e governos, através de políticas públicas, exigências legais,
da administração, economia ...) normas e padrões, que fundamentam a aceitabilidade de
determinado risco e as práticas nos locais de trabalho; (ii) no
interior das empresas, através das práticas gerenciais que
podem ajudar a prevenir (ou agravar, no caso das falhas
gerenciais) os riscos nos locais de trabalho.
Enquanto a avaliação de riscos é um procedimento cientí-
fico que provê uma base para o gerenciamento de riscos,
este é mais pragmático, envolvendo decisões e ações na
sociedade, setores econômicos e no interior de empresas
em funcionamento, apontando para a prevenção e controle
dos riscos para a saúde de trabalhadores, comunidades cir-
cunvizinhas e o meio ambiente.
O gerenciamento de riscos leva em consideração, além dos
sócio-econômicos, aspectos como a viabilidade tecnológica e
a gestão adequada de recursos humanos frente às exigências
de saúde e segurança, incorporando as melhores tecnologias
disponíveis para a saúde dos trabalhadores e o meio
ambiente. Em sociedades capitalistas e pouco democráticas,
existe um conflito permanente com as exigências de lucro e
produtividade, exigindo uma luta constante dos trabalhadores
e da sociedade para imporem seus critérios de defesa da vida
nas decisões e ações tomadas pelos governos e empresas.

Estudos Sociais e de Equidade Visa a compreensão do fenômeno da desigualdade na distri-


(ciências sociais e políticas, antro- buição dos riscos na sociedade. Estudos epidemiológicos mos-
pologia, epidemiologia social, tram como, mesmo em sociedades industrializadas ditas
estudos interdisciplinares...) democráticas, a distribuição dos efeitos de vários riscos ocupa-
cionais e ambientais - como acidentes e doenças do trabalho e
doenças provocadas pela poluição industrial - atingem mais
determinados segmentos da população, de acordo com a sua
classe social, gênero ou raça. Vários estudos também mos-
tram a tendência dos riscos migrarem de países onde há maior
controle para outros países, geralmente do terceiro mundo, ou
mesmo de padrões diferenciados de controle entre matriz e
filiais de indústrias multinacionais, o chamado duplo padrão.

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Certamente algumas sofisticações técnicas ou empresas influenciam no surgimento e agrava-
científicas são importantes, mas não faz parte mento dos riscos. Estes conceitos ao mesmo
do objetivo principal deste manual este aprofun- tempo avançam e complementam o conceito
damento. de risco, pois consideram outros elementos fun-
O objetivo deste manual é o de fornecer damentais para a análise da saúde dos traba-
subsídios para a luta dos trabalhadores por lhadores. Entre eles, destacamos:
melhores condições de trabalho, fornecendo ☛ Os acidentes e doenças relacionadas ao tra-
conceitos e métodos gerais de compreensão, balho revelam simultaneamente a existência
bem como estratégias de intervenção e con- dos riscos e o descontrole destes, e demons-
trole dos riscos nos locais de trabalho. tram os limites dos modelos preventivos em
Por isso, os termos riscos, análise de riscos vigor. Infelizmente, muitas vezes ações preven-
e outros usados neste manual não correspon- tivas e corretivas são tomadas somente após a
dem exatamente às diversas classificações e ocorrência de acidentes e doenças, mas estes
conceitos usados por diferentes profissionais. eventos só acontecem porque os riscos exis-
O quadro 2 oferece uma possível classificação tem e normalmente podemos levantar falhas
sobre as cinco principais áreas de atuação das gerenciais que propiciam o agravamento dos
Ciências do Risco, dentro das quais estão mesmos.
incluídas os vários especialistas que atuam no ☛ Os riscos não são apenas conseqüências do
tema dos riscos ocupacionais e ambientais. ambiente físico, das máquinas, equipamentos,
Historicamente, o conceito de risco nos produtos e substâncias, mas estão inseridos
locais de trabalho foi inicialmente concebido em processos de trabalho particulares, com
como os riscos ocupacionais clássicos que organizações do trabalho e formas de gerencia-
geram conseqüências mais diretas e visíveis, mento próprias, e sua análise deve levar em
gerando os acidentes de trabalho e as doenças conta o conjunto destes fatores. A organização
diretamente relacionadas ao trabalho. Esta do trabalho está relacionada ao treinamento, à
concepção foi influenciada por áreas como a divisão de tarefas, aos procedimentos, à
engenharia de segurança, higiene do trabalho, cobrança de produtividade, à intensificação do
medicina do trabalho, fisiologia do trabalho, trabalho, aos mecanismos de coerção e puni-
toxicologia e epidemiologia. Estes riscos estão ção. Outros elementos fundamentais da organi-
relacionados principalmente a certas caracte- zação envolvem a terceirização, a redução de
rísticas físicas, químicas, mecânicas, biológicas efetivos, e a forma como a manutenção é reali-
de máquinas, equipamentos, materiais, proces- zada. Além disso, é absolutamente estratégico
sos e ambientes com o potencial de prejudicar para os trabalhadores e suas organizações a
a saúde dos trabalhadores. forma como eles atuam e participam das deci-
Posteriormente, com a luta dos trabalhado- sões que lhes dizem respeito nos locais de tra-
res e os avanços de campos como a ergonomia balho. Todos esses elementos influenciam
e as ciências do risco, outros conceitos foram direta ou indiretamente na geração de aciden-
desenvolvidos, como os de cargas de trabalho tes, doenças ou outras formas de sofrimento
ou exigências, que visa expressar os esforços dos trabalhadores.
físicos e mentais dos trabalhadores ao realiza- ☛ As conseqüências do trabalho para a saúde
rem uma atividade de trabalho, e o de falhas não são apenas aquelas mais diretas e visíveis
gerenciais, que busca revelar como os proble- ou mensuráveis, mas envolvem outras formas
mas da organização e gerenciamento das de sofrimento, ou ainda contribuem para doen-

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Análise de riscos nos locais de trabalho
ças que possuem outras causas além do traba- voca a surdez ocupacional de um dia para o
lho, agravando-as. Como seres humanos, os outro, e uma pessoa exposta a uma substância
trabalhadores possuem dimensões físicas, cancerígena como o asbesto pode vir a desen-
mentais e afetivas, e os riscos podem afetar volver o câncer muitos anos após as primeiras
não somente o corpo físico, mas o trabalhador exposições.
enquanto pessoa, além de sua família. Como ☛ Existe sempre uma diferença entre o traba-
exemplos, podem ser citados os problemas lho prescrito nas regras, procedimentos e ins-
relacionados: à fadiga física; à postura, ao tra- truções de manuais e gerências, com o traba-
balho estático e à repetição dos movimentos lho em situações reais, e as análises dos riscos
(como as LER); às dores diversas, sensação de nos locais de trabalho sempre devem conside-
cansaço, distúrbios do sono e outros sintomas rar as situações reais de trabalho, com a parti-
não específicos em função da exposição a dife- cipação ativa dos trabalhadores. Os riscos não
rentes substâncias e outros riscos; ao sofri- são apenas informações teóricas, dadas por
mento decorrente das exigências de organiza- especialistas e pelas gerências das empresas a
ções do trabalho autoritárias e pouco participa- partir de seus documentos e conhecimentos
tivas, ou com tarefas monótonas e vazias de técnicos. Eles fazem parte do trabalho real
conteúdo; à angústia frente a situações de risco vivido no dia a dia dos trabalhadores, e muitas
graves ou instabilidade de emprego; ao traba- vezes as análises de risco apresentadas por
lho em turnos noturnos ou alternantes; ou ainda especialistas e pelas gerências das empresas
à violência provocada por discriminações de aos fiscais ou auditores externos são muito
raça ou sexo nos locais de trabalho. Da mesma diferentes das situações de risco reais vivencia-
forma, organizações e ambientes de trabalho das pelos trabalhadores.
podem ser mais saudáveis quando incorporam Este último tópico é um dos principais moti-
as necessidades dos trabalhadores enquanto vos para que as análises de risco nos locais de
pessoas e cidadãos. trabalho realizadas sem a participação dos tra-
☛ Os riscos não podem ser analisados de balhadores sejam irreais. No Brasil, isso ainda
forma estática, pois as empresas, os ambientes ocorre com freqüência, o que autores do campo
e as organizações estão freqüentemente da saúde dos trabalhadores vem chamando de
mudando, e as análises de riscos precisam ser gerenciamento artificial de riscos. Neste tipo de
periodicamente revistas. Além da introdução de gerenciamento, os acidentes e doenças são
novas tecnologias, uma tecnologia, máquina ou subnotificados, os trabalhadores com proble-
equipamento pode, com o passar do tempo, se mas de saúde relacionados com o trabalho são
degradar em função da falta de manutenção ou demitidos ou afastados sem o reconhecimento
uso de “gatilhos” ou “gambiarras” que compro- desta relação, e os acidentes são analisados de
metem a segurança. Também uma mudança na forma arbitrária, sem que os trabalhadores par-
organização, como a terceirização ou redução ticipem das análises, e acabam sendo transfor-
de efetivos, pode introduzir trabalhadores dire- mados de vítimas em culpados. Trabalhadores,
tos ou terceirizados em situações de risco membros das CIPA’s ou comissões de fábrica,
graves. delegados e dirigentes sindicais que cumprem
Os riscos podem gerar efeitos à saúde de seu papel de analisar os riscos e denunciar as
curto prazo, como no caso dos acidentes, ou a situações mais graves ou omissões são impedi-
médio e longo prazo, como nas doenças rela- dos ou coagidos de atuarem. As inspeções de
cionadas ao trabalho. O ruído crônico não pro- autoridades públicas do Ministério do Trabalho,

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do Sistema Único de Saúde, dos Ministérios podem envolver diferentes abordagens e ênfa-
Públicos, ou mesmo de sindicatos, quando con- ses metodológicas, gerando diferentes nuân-
seguem entrar, é freqüentemente enviesada cias nos aspectos considerados e resultados
por um “mascaramento” dos ambientes: máqui- obtidos. Por isso é importante que os trabalha-
nas perigosas e ruidosas “deixam” de funcionar dores acompanhem as análises, e contem com
sob a alegação de estarem em manutenção, técnicos e instituições confiáveis. Nos casos
equipamentos de proteção individual novos são dos riscos mais críticos e complexos, ou de
repentinamente distribuídos e usados por tra- empresas de grande poder econômico e polí-
balhadores, e locais sujos e empoeirados tico, consideramos salutar a presença de dife-
passam por faxinas de última hora. rentes especialistas e instituições agregando
forças e abarcando a confiança do maior
EXEMPLOS DE RISCOS número possível dos grupos envolvidos no pro-
NOS LOCAIS DE TRABALHO, cesso.
SEUS EFEITOS PARA Além dos próprios assessores sindicais, dos
A SAÚDE DOS TRABALHADORES profissionais do Ministério do Trabalho e do
E ATIVIDADES ONDE SUS que atuam nas ações de saúde do traba-
SE ENCONTRAM lhador nos estados e municípios, vários espe-
cialistas de universidades públicas, centros de
O quadro 3 apresenta alguns exemplos de pesquisa e de assessoria técnica têm tido atua-
riscos existentes nos locais de trabalho, seus ções importantes na investigação de riscos nos
efeitos para a saúde dos trabalhadores e seto- locais de trabalho. Outra instituição que passou
res econômicos onde estes riscos encontram- a se destacar ao longo dos anos 90 foram os
se mais freqüentes. Ministérios Públicos, sejam os de âmbito fede-
Cada risco específico possui metodologias ral ou estadual. Em muitos casos onde ou as
particulares de avaliação, tanto quantitativa empresas são muito poderosas ou as institui-
como qualitativamente, sendo muitas delas ções fiscalizadoras são fracas ou descompro-
extremamente complexas, o que pode implicar missadas, os Ministérios Públicos são impor-
na assessoria ou incorporação estratégica de tantes ao receberem denúncias sindicais e
especialistas em sua análise. Esta incorpora- darem continuidade às ações de investigação e
ção é um dos elementos fundamentais para o responsabilização das empresas, embora nem
sucesso das ações preventivas. Às vezes, para sempre com o sucesso desejado.
podermos avaliar a legislação, um risco precisa
ser medido através de equipamentos e técnicas ASPECTOS IMPORTANTES
específicas, que podem também ser bem PARA A AÇÃO SINDICAL
caras. As medições atmosféricas de várias
substâncias químicas e de material radioativo Do ponto de vista dos trabalhadores, alguns
são exemplos de riscos deste tipo. Nem princípios são fundamentais para podermos
sempre as empresas e os órgãos fiscalizadores conhecer e intervir sobre o riscos nos locais de
possuem equipamentos apropriados ou se dis- trabalho:
põem facilmente a realizar tais medições. ☛ Mobilizar os trabalhadores, principalmente
Também é preciso verificar quem e como os de base, e fortalecer suas instâncias organi-
realiza tais análises. Como muitas vezes são zativas no processo de construção do conheci-
vários os interesses em jogo, as análises mento sobre os riscos;

-15 -
Análise de riscos nos locais de trabalho

QUADRO 3
Exemplos de riscos existentes nos locais de trabalho
EXEMPLOS DE EFEITOS EXEMPLOS DE SETORES
EXEMPLOS DE RISCOS
PARA A SAÚDE OU CATEGORIAS
Riscos Físicos
Temperaturas extremas: Fadiga, gripes e resfriados Trabalho a céu aberto; ambientes
calor, frio e umidade fechados com ar condicionado; tra-
balho junto a fornos, caldeiras e
outras fontes de calor, como side-
rúrgicas e fundições.

Ruído Surdez, nervosismo (estresse) Trabalhos com máquinas barulhen-


tas e outras fontes de ruído.
Iluminação
Problemas de visão, dores de Ambientes mal iluminados
cabeça, risco de acidentes
Eletricidade
Choques elétricos, inclusive Eletricitários, eletricistas, trabalha-
fatais; fontes de incêndios. dores de manutenção
Pressões anormais
Afogamentos, distúrbios neu- Mergulhadores sub-aquáticos
rológicos, embolia pulmonar,
Vibrações
Distúrbios ósteo-musculares Operadores de máquinas pneumáti-
cas, motoristas de ônibus e tratores.

Radiações Ionizantes Câncer de vários tipos Indústrias nucleares, trabalhadores


de saúde (raio X), ou que lidam
com material radioativo

Radiações Não Ionizan- Problemas neurológicos Eletricitários e trabalhadores próxi-


tes (como ondas eletro- mos a sub-estações de eletricidade
magnéticas e ondas de e estações de transmissão
rádio) bem como o infra-
som e o ultra-som

Riscos Mecânicos Trabalhadores da ind. da const. civil;


Acidentes com quedas Traumatismos diversos até a motoristas de transportes coletivos;
Acidentes com veículos morte. operadores de máquinas em vários
Acidentes com máquinas setores, como o metalúrgico e agri-
cultura; trabalhadores em geral.

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EXEMPLOS DE EFEITOS EXEMPLOS DE SETORES
EXEMPLOS DE RISCOS
PARA A SAÚDE OU CATEGORIAS

Riscos Químicos
Substâncias, compostos Efeitos decorrentes de aciden- Indústria química, petroquímica e
ou produtos que possam tes químicos, como explosões de petróleo (solventes orgânicos
penetrar no organismo, e incêndios. como o benzeno, riscos químicos
por exposição crônica ou Contaminações químicas diversos)
acidental, pela via respi- gerando efeitos carcinogêni- Garimpo de ouro e Indústria de
ratória, nas formas de cos, teratogênicos, sistêmi- cloro-soda com tecnologia de
poeiras, fumos, névoas, cos(como os neurotóxicos), amálgama (mercúrio);
neblinas, gases ou vapo- irritantes, asfixiantes, anesté- Fábrica de baterias (chumbo);
res, ou que, pela natu- sicos, alergizantes, entre Minas de amianto e setor de fibro-
reza da atividade ou da outros. cimento (amianto)
exposição, possam ter Jateadores de areia no setor meta-
contato ou serem absor- lúrgico e naval (sílica)
vidos pelo organismo Trabalhadores em geral
através da pele ou por
ingestão. Também
incluem os riscos quími-
cos desencadeadores de
explosões e incêndios.

Riscos Ergonômicos
Esforços Físicos Problemas na coluna, dores Estivadores; carregadores; traba-
Posturas Forçadas musculares, lhadores de linha de montagem;
Movimentos Repetitivos Postos de trabalho mal projetados
em geral e com trabalho estático
ou repetitivo;

Riscos Biológicos
Microorganismos pato- Doenças contagiosas diver- Trabalhadores em ambientes
gênicos (bactérias, sas, inclusive gripes e resfria- fechados com ar condicionado;
fungos, bacilos, parasi- dos; Profissionais de saúde; Laborató-
tas, protozoários, vírus, rios de pesquisa em saúde pública
entre outros) e análises clínicas;

Animais peçonhentos Envenenamento por picada de Trabalhadores agrícolas (mordidas


cobra ou escorpião de cobra);

Presença de vetores Doenças contagiosas e feri- Carteiros (mordidas de cães) e tra-


(mosquitos, ratos...) e das por mordidas balhadores em geral
outras mordidas de ani-
mais

- 17-
Análise de riscos nos locais de trabalho

EXEMPLOS DE EFEITOS EXEMPLOS DE SETORES


EXEMPLOS DE RISCOS
PARA A SAÚDE OU CATEGORIAS

Riscos Diretamente
Relacionados à Organi-
zação do Trabalho
Trabalho Repetitivo e Lesões por Esforços Repetiti- Trabalhadores de banco, processa-
Monótono vos, desmotivação e estresse. mento de dados e linhas de monta-
gem, freqüentemente mulheres;

Trabalho em turnos Distúrbios do sono, estresse Indústrias de processo contínuo,


noturnos e alternados plantonistas de saúde

Trabalho sob forte pres- Fadiga física e mental, predis- Setores em crise ou após reestru-
são e cobrança posição a acidentes, estresse turações produtivas, redução de
efetivos e aumento de responsabili-
dades

Trabalho precário, com Maior predisposição a aciden- Trabalhadores terceirizados e tem-


fragilidade de vínculo tra- tes e doenças em geral, senti- porários, com menor treinamento e
balhista e representação mento de insegurança sem medidas preventivas adequa-
sindical das.

Assédio Sexual Violência sexual, insegurança Mulheres trabalhadoras em locais


e estresse machistas

☛ Ter clareza dos objetivos para os quais este de prioridades e implementação de estratégias
conhecimento está sendo produzido: um reco- de ação.
nhecimento dos principais problemas da cate- ☛ Reconhecer os riscos nas situações reais de
goria, a denúncia a órgãos públicos e imprensa, trabalho, fornecendo um quadro o mais próximo
a participação em propostas de mudanças nos da realidade;
locais de trabalho, a inclusão de cláusulas em ☛ Conhecer a legislação que as empresas
acordos coletivos, entre muitos outros; devem cumprir obrigatoriamente com relação
☛ Definir o espaço no qual tal levantamento aos riscos investigados, fundamentando possí-
será realizado: dentro de uma categoria como veis denúncias e ações legais pelos trabalhado-
um todo, uma região, uma empresa, em cate- res;
gorias ou postos de trabalho específicos. Os ☛ Definir o tipo de aprofundamento a que se
sindicatos, confederações e centrais tendem a quer chegar sobre os riscos a serem analisa-
realizar estudos mais globais, enquanto as dos, o que dependerá dos objetivos, do
representações locais, como CIPA’s, comissões momento e dos recursos disponíveis.
de fábrica e delegados sindicais realizarão tra- ☛ Definir o período de tempo com o qual se tra-
balhos mais localizados nas empresas. balhará, levando em consideração que os
☛ Gerar ações concretas, fazendo da informa- dados de 10 anos atrás podem ser totalmente
ção uma base para a ação, através da definição diferentes em função de mudanças ocorridas.

-18 -
☛ Analisar criticamente as fontes de dados dis- sindicato precisa assumir tais ações como prio-
poníveis. Este ponto é particularmente impor- ridade interna, e ter quadros envolvidos e res-
tante na realidade brasileira. Os dados oficiais ponsáveis por estas ações. Não basta apenas
disponíveis em órgãos como a Previdência ter um departamento ou diretor responsável
Social e o Ministério do Trabalho freqüente- pela saúde do trabalhador e meio ambiente, é
mente são incompletos. necessário que a direção como um todo
☛ Desenvolver parcerias com instituições e assuma tal prioridade, e avalie a necessidade
técnicos comprometidos com a saúde dos tra- de ampliar seus recursos, seja através da parti-
balhadores, e denunciar as omissões. Infeliz- cipação dos trabalhadores da base, da eventual
mente determinadas instituições podem, em contratação de técnicos, da ação integrada ao
função do governo e seus dirigentes, atuarem nível de sindicatos da mesma categoria, de
contra os interesses dos trabalhadores, o que confederação ou de central, ou ainda do traba-
não impede que existam técnicos sérios e qua- lho integrado e suporte técnico de instituições
lificados nestas instituições. públicas confiáveis.
☛ Discutir e avaliar, juntos às empresas e
órgãos fiscalizadores, as propostas de solução, PASSO 2
negociando as alternativas de medidas preven- Identificando os Riscos e Definindo
tivas de maior interesse aos trabalhadores; os Problemas Prioritários
☛ Acompanhar a implementação das medidas
preventivas definidas. Para se intervir nos problemas, é neces-
Neste manual, sugerimos quatro passos sário primeiro conhecer os riscos da catego-
básicos para a definição de um método de ação ria. Isto pode ser feito de várias maneiras,
sindical voltado à análise de riscos nos locais que serão aprofundadas mais à frente. O
de trabalho: importante é que as lutas prioritárias corres-
pondem às reais necessidades da categoria,
PASSO 1 que podem ser bastante abrangentes,
Definição da Estratégia Sindical. dependendo da diversidade dos processos e
condições de trabalho existentes numa cate-
Antes de fazer qualquer ação mais con- goria e região. Um aspecto importante a ser
creta, é necessário definir os objetivos, estraté- mencionado é que, após a definição do(s)
gias e recursos que comporão a ação sindical, problema(s) prioritário(s), o sindicato possa
a partir de um diagnóstico mais geral da cate- desenvolver uma estratégia de ação visando
goria, dos interesses dos trabalhadores, de a divulgação e denúncia interna na categoria
suas condições de trabalho, da legislação e e na própria sociedade, destes problemas.
atuação dos órgãos fiscalizadores no setor, e Além das denúncias aos órgãos responsá-
do próprio nível de organização do sindicato e veis, como os Ministérios Públicos, o Minis-
seu histórico de lutas. Além de melhorar as con- tério do Trabalho e os programas de saúde
dições de saúde e vida dos trabalhadores, a do trabalhador do SUS, a inserção na
análise de riscos nos locais de trabalho pode imprensa escrita e falada é uma importante
ter como objetivo e estratégia o envolvimento estratégia de mobilização, pois cria um clima
dos trabalhadores e o debate sobre os riscos favorável para os órgãos fiscalizadores e as
na sociedade, visando sua democratização. empresas darem respostas às reivindicações
Para levar a cabo suas estratégias de ação, o dos trabalhadores.

- 19-
Análise de riscos nos locais de trabalho
PASSO 3 auditor técnico reconhecido pelo governo para
Discutindo e Negociando as Soluções analisar uma situação crítica e conflitiva entre
os trabalhadores e a gerência da empresa,
De nada adianta se conhecer os riscos se como a análise de um acidente grave ocorrido,
não houver mudanças nos locais de trabalho, ou uma tentativa de mudança na organização,
através de medidas preventivas que eliminem como redução de efetivos. A empresa não
ou controlem tais riscos. No Brasil, os espaços pode recusar a indicação feita, e o relatório
e instâncias de discussão e negociação com técnico produzido pelo auditor contribui para
as empresas e órgãos fiscalizadores nem viabilizar novas negociações sobre o pro-
sempre existem ou são fáceis. As organiza- blema.
ções nos locais de trabalho, como as CIPA’s
nas empresas, seriam um espaço privilegiado PASSO 4
na definição de programas preventivos, mas Acompanhamento e Reavaliação das Ações
com freqüência os trabalhadores não pos-
suem liberdade e poder para interferir. As Mesmo que os três passos anteriores
negociações sindicato/empresas são difíceis, tenham sido dados com sucesso, nada garan-
mas podem envolver também os acordos cole- tirá que determinados compromissos acorda-
tivos de trabalho. O acompanhamento do pla- dos entre os trabalhadores, as empresas e os
nejamento e das ações dos órgãos públicos, órgãos públicos sejam efetivados e com
como os Ministério Públicos, o Ministério do sucesso. Para tanto, é necessário definir uma
Trabalho e a vigilância do SUS podem ser estratégia de acompanhamento das medidas
espaços importantes, acordadas, bem como de sua
quando estes órgãos são eficiência e do nível de satis-
democráticos e possuem fação dos trabalhadores.
espaços para a participa- Como já dito, com o tempo
ção dos trabalhadores, surgem outras necessidades
como os conselhos esta- e prioridades, e de tempos
duais e municipais de em tempos os sindicatos pre-
saúde do trabalhador exis- cisam redefinir suas estraté-
tentes em alguns estados e gias de ação sobre os riscos
municípios onde o SUS é nos locais de trabalho, reini-
mais organizado nesta ciando de novo do passo 1
área. Na França existe um um novo programa de ação.
importante exemplo de
legislação avançada que COMO CONHECER
pode nortear a luta dos tra- OS RISCOS NOS
balhadores no Brasil. Lá, a LOCAIS DE
comissão de saúde das TRABALHO ?
fábricas que, diferente-
mente da CIPAbrasileira, é Os riscos nos locais de
composta somente por trabalho estão relacionados
representantes dos traba- às características do pro-
lhadores, pode indicar um cesso de trabalho, seu

-20 -
ambiente e organização. Por isso, uma primeira “invisíveis”, pois suas condições penosas não
etapa consiste no reconhecimento dos princi- são reconhecidas enquanto tal, frente à discri-
pais riscos existentes dentro de cada categoria, minação existente na sociedade, e às vezes no
setor econômico, região do país, empresa e próprio movimento sindical.
local de trabalho. Uma questão importante é que todo pro-
Cada categoria vivencia situações particula- cesso de trabalho e toda atividade de trabalho,
res, e um trabalho fundamental é a identificação sejam eles exercidos no campo, em fábricas
das prioridades de cada momento. Por exem- ou dentro de escritórios, podem possuir dife-
plo, para o setor bancário e de processamento rentes riscos simultaneamente. Tanto um tra-
de dados um problema prioritário pode ser o balhador rural, de escritório ou de uma fábrica
das lesões por esforços repetitivos; para a química pode estar exposto simultaneamente
construção civil o acidente por queda de altura; aos riscos químicos, ao calor intenso, ao
para os trabalhadores rurais a contaminação ruído, ao risco de uma queda, ou pode ainda
por agrotóxicos; para o setor siderúrgico a con- sofrer problemas de coluna em função das
taminação por benzeno; para o setor moveleiro posturas e esforços físicos realizados. A mag-
os acidentes com máquinas; para os mergulha- nitude do risco e do dano à saúde vai depen-
dores subaquáticos na prospecção de petróleo der de cada situação particular, que deve ser
os acidentes de mergulho em águas profundas; objeto de análise e intervenção.
para os trabalhadores químicos e petroleiros a O parágrafo anterior indica que, mesmo
contaminação com substâncias químicas e os quando se levantam prioridades para um setor
acidentes químicos; para os motoristas de ou categoria, a análise e prevenção de riscos
ônibus os acidentes com veículos; para os pro- somente serão plenamente levadas a cabo
fissionais de saúde de hospitais o estresse ocu- quando realizada no cotidiano dos locais de tra-
pacional, e assim por diante. balho, junto com os trabalhadores que viven-
Além das diferenças entre as categorias, ciam suas situações particulares. Quanto maior
também as diferentes regiões do país podem é a diversidade de processos de trabalho e con-
ter características bem distintas dentro de um dições de trabalho existentes dentro de um sin-
mesmo ramo de atividade ou categoria, com dicato ou categoria, maior é a necessidade de
um universo de situações de risco bastante se levar em conta essa heterogeneidade e as
heterogêneo. Uma diferença se refere ao tama- estratégias de organização dos trabalhadores
nho das empresas, com as de pequeno porte nos locais de trabalho.
com freqüência sendo normalmente mais frá- Para conhecer e sistematizar o processo de
geis, com inexistência ou fragilidade de CIPA´s, trabalho de cada empresa ou local de trabalho,
SESMET´s e representações sindicais. Outro existem algumas técnicas e documentos que
aspecto é o das relações de trabalho, pois tra- podem ajudar bastante, em conjunto com as
balhadores de menor qualificação, terceiriza- informações dos trabalhadores. Estes docu-
dos, com vínculo temporário e ganho por pro- mentos e informações podem ser:
dutividade tendem a estarem expostos em ☛ organograma da empresa, incluindo os prin-
situações de risco mais graves. Outro ponto cipais setores e departamentos;
importante é o das relações de gênero: homens ☛ fluxograma de produção da empresa, cons-
e mulheres possuem situações de trabalho bem tando dos principais passos para a fabricação
distintas, e freqüentemente as mulheres encon- dos produtos produzidos ou dos serviços gera-
tram-se em situações de trabalho com riscos dos na empresa;

-21 -
Análise de riscos nos locais de trabalho
☛ lay-out ou planta baixa com os principais deve ser alimentado pelos questionários e
equipamentos e instalações; analisado, mostrando os principais problemas
☛ descrição das principais características da e prioridades dos trabalhadores. Outra possi-
organização do trabalho: equipes de trabalho, bilidade é a reunião de trabalhadores da
jornada de trabalho, existência de turnos notur- mesma categoria, empresa ou setor de traba-
nos ou alternantes, e quando houver necessi- lho, ou ainda que vivenciem situações de tra-
dade de maior detalhamento nos locais de tra- balho semelhantes. Esta atividade é muito
balho, a descrição das principais tarefas e ativi- rica, pois propicia o intercâmbio, entre os pró-
dades realizadas pelos trabalhadores, bem prios trabalhadores, de suas experiências e
como suas freqüências. estratégias de luta. Estas reuniões, também
☛ descrição dos principais equipamentos e ins- chamadas de grupos focais (pois é um encon-
talações podendo incluir detalhes como capaci- tro focalizado num tema específico, no caso
dade de produção e outras características; trabalhadores que forneçam um quadro o
☛ listagem das principais matérias-primas, pro- mais completo dos riscos nos seus locais de
dutos em processo e produtos acabados, e os trabalho), devem ao final gerar relatórios onde
resíduos produzidos ao longo do processo de os problemas e prioridades dos trabalhadores
fabricação, assim como sua destinação final e sejam apontadas.
formas de tratamento; Um aspecto importante, e às vezes difícil
Existem várias estratégias para o levanta- de compreender, é que os trabalhadores, sozi-
mento de informações sobre os riscos. Uma nhos, nem sempre podem compreender a glo-
das mais importantes previstas na legislação balidade dos problemas relacionados aos
brasileira é a elaboração do PPRA, a ação da riscos. Um motivo é a complexidade de alguns
CIPA e a construção do mapa de riscos na riscos e processos de trabalho, que pode
empresa, previstos inclusive na legislação bra- tornar imprescindível a presença de especia-
sileira, e que serão objeto de maior aprofunda- listas em certas tecnologias, na avaliação
mento deste manual mais à frente. A seguir ambiental e médica. Exemplos são os riscos
comentaremos algumas das principais estraté- “invisíveis” ou não facilmente perceptíveis,
gias para o levantamento de informações e a como as radiações ionizantes e substâncias
identificação de riscos: químicas inodoras e incolores, ou ainda os
acidentes mais raros, que podem dar uma
Envolvendo diretamente os trabalhadores: sensação de que nunca irão acontecer, dei-
questionários e grupos focais xando-se de lado as medidas preventivas
essenciais.
Os trabalhadores conhecem melhor que Outro ponto muito importante é a chamada
ninguém suas reais condições de trabalho, e percepção de riscos pelos trabalhadores.
sua mobilização é necessária para transfor- Muitos fatores podem interferir nesta percep-
mar as situações, eliminado e controlando os ção, inclusive fazendo com que os trabalhado-
riscos. Uma primeira possibilidade de envolvi- res não percebam ou mesmo neguem a pre-
mento é através de questionários distribuídos sença de riscos às vezes muito graves. Um
para os trabalhadores de base, que devem destes fatores é a chamada estratégia defen-
ser bem montados, visando o fácil entendi- siva, que faz parte da do mecanismo psíquico
mento e o posterior trabalho de alimentação humano. Como resultado da angústia frente
de um banco de dados. Este banco de dados aos riscos graves e sem perspectivas de

-22 -
mudanças, algumas pessoas acabam negando tos dos trabalhadores afetados por problemas
de forma subconsciente os próprios riscos. Este de saúde relacionados ao trabalho, este tipo de
ponto revela um aspecto estratégico no lidar atuação subsidia o levantamento dos riscos,
com o risco: não se deve simplesmente levan- através das queixas e sintomas de saúde rela-
tar os problemas, sem simultaneamente buscar tados pelos trabalhadores.
soluções, pois isso pode acarretar num
aumento do sofrimento dos trabalhadores e Estatísticas de acidentes e doenças nas empre -
num descrédito frente às próprias lideranças sas e instituições que possuem bancos de dados
sindicais e instituições que atuam sem levar em
consideração estes aspectos. As empresas deveriam possuir e disponibi-
lizar aos trabalhadores e seus representantes
Histórico das lutas sindicais (arquivos de aci - as estatísticas de acidentes e doenças relacio-
dentes e CAT´s, boletins sindicais, reportagens nadas ao trabalho, assim como às instituições
na imprensa, acordos coletivos passados) públicas como o Ministério da Previdência, o
Ministério do Trabalho e os serviços de saúde
Normalmente todo sindicato possui um his- do SUS. Muitas destas estatísticas oficiais são
tórico de lutas passadas que indicam os proble- falhas, devido a subnotificação, e fornecem
mas passados e presentes da categoria. Esta dados agregados por atividade econômica ou
história se encontra nos arquivos de boletins região do país. De qualquer maneira, estes sis-
sindicais, acordos coletivos, reportagens na temas de informações devem ser utilizados,
imprensa, bancos de acidentes e CAT’s, ações inclusive para que sejam denunciadas as suas
civis e criminais, e outras denúncias. A revisão falhas.
destes documentos deve servir de base tanto
para a estratégia de ação sindical como para a Levantamento bibliográfico em livros e mate -
identificação dos problemas da categoria. riais especializado

Informações sobre queixas e problemas de Existem vários documentos, materiais e


saúde da categoria mesmo manuais técnicos produzidos por orga-
nizações sindicais, que levantam informações
Muitos sindicatos possuem departamentos sobre os principais riscos e medidas de preven-
ou setores médicos, com a atuação de profis- ção e controle dentro de cada categoria, ativi-
sionais de saúde. A assistência aos trabalhado- dade econômica ou processo de trabalho parti-
res, prática comum de vários sindicatos, vem cular. Uma importante fonte bibliográfica é a
sendo redirecionada por uma prática mais vol- Enciclopédia de Saúde e Segurança Ocupacio-
tada a priorizar a prevenção, através da elimi- nal da Organização Internacional do Trabalho,
nação e controle dos riscos. Desta forma, os que reúne milhares de verbetes sobre o tema, e
profissionais de saúde que atuam nos sindica- onde é possível encontrar referências sobre
tos buscam levantar informações sobre queixas praticamente todos os tipos de riscos ocupacio-
e problemas de saúde para relacioná-los com o nais existentes na atualidade. Outra referência
trabalho, inclusive porque esta deveria ser uma básica é a legislação brasileira, em particular a
prioridade de atuação dos serviços médicos Portaria 3.214, que contém as Normas Regula-
das empresas, que normalmente não o fazem mentadoras do Ministério do Trabalho. Também
adequadamente. Além de visar garantir os direi- muitos sindicatos e organizações sindicais

-23 -
Análise de riscos nos locais de trabalho
internacionais, vêm produzindo importantes mento de inspeções e fiscalizações por parte
cartilhas e manuais endereçados aos trabalha- dos sindicatos e trabalhadores é um importante
dores, específicos por categorias, ramo de ativi- instrumento de informação e controle social.
dade ou tipo de risco. Exemplos são os cader-
nos de saúde do trabalhador publicados pela Relatórios técnicos e outras produções (proje -
CUT, do qual este manual é parte. tos e relatórios de pesquisa, teses, artigos de
pesquisa e outros) de instituições de pesquisa,
Relatórios de inspeção ou de análises de aci - ensino e cooperação técnica.
dentes de empresas e órgãos de fiscalização,
como o Ministério do Trabalho, o SUS e os Apesar da limitação e das dificuldades
Ministérios Públicos enfrentadas, existem várias instituições, como
universidades, instituições de pesquisa e outras
As empresas, dependendo do porte e ramo entidades de cooperação técnica que atuam e
de atividade, possuem setores internos respon- produzem importantes materiais sobre os
sáveis pela análise e elaboração de banco de riscos nos locais de trabalho. Destacam-se as
dados e relatórios sobre os riscos nos locais de universidades com departamentos de medicina
trabalho, com destaque para os SESMT’s e preventiva ou de saúde coletiva, os que reali-
CIPA’s. Através destas e outras instâncias, são zam pesquisas em ergonomia e análise de
produzidos manuais de segurança, relatórios risco, além de instituições ligadas aos ministé-
de acidentes e relatórios periódicos sobre a rios da saúde e do trabalho, como a FIOCRUZ
atuação e os resultados da empresa nesta e a FUNDACENTRO. A sede nacional desta
área. Estes materiais são importantes fontes última, em São Paulo, possui uma excelente
não somente para identificação dos riscos, mas biblioteca especializada nesta área.
para se saber o que as empresas estão Além destas fontes, existem outras de
fazendo, ou deixando de fazer e omitindo. Além grande importância previstas na própria legisla-
disso, as empresas são obrigadas a cumprir, no ção brasileira como o PPRA e o mapa de
mínimo, as obrigações dispostas na legislação riscos, que serão aprofundados mais à frente.
em vigor. Os órgãos fiscalizadores, sejam por
atuação regular ou através de denúncias, fisca- COMBATENDO OS RISCOS:
lizam e eventualmente autuam as empresas ESTRATÉGIAS DE
infratoras, exigindo o cumprimento das normas PREVENÇÃO E CONTROLE
vigentes. Esta atuação dos órgãos públicos é
registrada em relatórios técnicos, autos de Após a identificação dos principais riscos
infração e outros tipos de documentação em existentes numa categoria, ramo de atividade,
processos diversos. Estas fontes são importan- empresa ou posto de trabalho, chegamos ao
tes para identificar os riscos nas empresas, grande objetivo da análise de riscos que é como
suas inadimplências, bem como a própria atua- eliminar ou controlar estes riscos evitando
ção dos órgãos fiscalizadores. Se uma danos à saúde dos trabalhadores, ao meio
empresa que gera acidentes e doenças graves ambiente e à saúde da população em geral.
não é fiscalizada ou autuada após inspeção, A palavra chave para esta pergunta encon-
isto é um indicador da fragilidade ou omissão tra-se no termo prevenção, que é aqui adotado
do poder público frente ao problema. Além dos como o conjunto de medidas objetivas que
relatórios destes órgãos, o próprio acompanha- buscam evitar a ocorrência de danos à saúde

-24 -
dos trabalhadores, através da eliminação e do jeto e do planejamento, a fase das situações
controle dos riscos nos processos e ambientes reais de trabalho e de risco e a fase da reme-
de trabalho. Estas medidas podem ocorrer diação ou atenuação dos riscos. A seguir apro-
tanto ao nível das empresas como da socie- fundaremos cada uma destas fases.
dade, através da elaboração de políticas públi-
cas, de legislação, da atuação das instituições Fase do projeto e do planejamento
públicas e da ação organizada dos trabalhado-
res e outros grupos sociais interessados. Em A primeira fase da prevenção envolve o pla-
outras palavras, agir antes que os trabalhado- nejamento e o projeto no desenvolvimento de
res tenham acidentes, doenças e outros sofri- tecnologias e processos produtivos, através de
mentos. Como diz o dito popular, é melhor pre- suas organizações, tarefas, produtos, equipa-
venir do que remediar. mentos, materiais, postos de trabalho, prédios
É claro que as medidas preventivas não são e instalações que fazem parte de qualquer pro-
estáticas, e evoluem de acordo com o estado cesso e ambiente de trabalho. A primeira fase
técnico da arte sobre o reconhecimento e o se refere não apenas às novas tecnologias em
controle dos riscos de cada tecnologia e pro- empresas ou plantas industriais novas, mas
cesso produtivo. Esta evolução resulta tanto da também à instalação de novos setores, fábri-
luta dos trabalhadores como do maior conheci- cas, equipamentos, materiais, ou ainda novas
mento sobre os riscos e os efeitos à saúde e ao formas de organização, em empresas já exis-
meio ambiente. Por exemplo, existia uma tentes. A atuação nesta fase é fundamental,
grande ignorância sobre os efeitos de várias pois um projeto ou planejamento mal feito é
substâncias químicas, que mais tarde foram causa do surgimento ou agravamento de
reconhecidas como cancerígenas. Mesmo que muitos riscos nos locais de trabalho, às vezes
seja superada a fase de ignorância científica irreversíveis ou inviáveis economicamente.
sobre determinado risco, o reconhecimento do Existem muitos exemplos disso: as guilhoti-
mesmo é um processo político e de luta às nas, que no passado já mutilaram milhares de
vezes longo e desgastante, pois muitas empre- trabalhadores gráficos, reduziram radicalmente
sas e grupos profissionais temem as conse- os acidentes à medida que incorporaram novos
qüências políticas, econômicas e legais deste dispositivos de proteção, como sensores fotoe-
reconhecimento. létricos que interrompem imediatamente o
Um papel fundamental dos trabalhadores e movimento da lâmina. Tarefas repetitivas e can-
suas organizações é lutar para que a preven- sativas, ambientes sem ventilação com fontes
ção em todos os locais de trabalho evolua con- de calor, cadeiras horríveis para se sentar ao
tinuamente e atinja os níveis mais elevados vol- longo da jornada, máquinas ruidosas próximas
tados à defesa da saúde dos trabalhadores e umas das outras, substâncias perigosas que
do meio ambiente. poderiam ser substituídas por outras menos
tóxicas: quem não conhece ou já viveu na pele
As fases básicas de atuação um exemplo de risco em função de um projeto
da pr ev enção ou planejamento mal feito?
No caso de fábricas e tecnologias mais peri-
Existem três fases básicas de atuação da gosas, como plantas nucleares e químicas,
prevenção, de acordo com o momento de evo- reforça-se ainda mais uma questão desta fase:
lução do próprio risco. São elas a fase do pro- quais os critérios para se aceitar uma empresa

-25 -
Análise de riscos nos locais de trabalho
ou tecnologia de alto risco num determinado permanecem ou decorrem da primeira fase
lugar? Quem participa deste processo decisório transformam-se em situações reais de risco
e de que forma ? Normalmente, cada país e vividas pelos trabalhadores. Em outras pala-
estado possuem uma política e legislação vras, o trabalhador pode ainda não ter se aci-
específica que regulamentam os relatórios de dentado ou adoecido, mas o risco está pre-
análise de riscos e impacto ambiental para os sente numa dada situação, e pode gerar um
novos empreendimentos. Numa sociedade efeito ao trabalhador a qualquer momento. Para
democrática, todos os grupos sociais envolvi- evitar isso, a empresa será obrigada a controlar
dos deveriam participar da decisão, influen- essas situações permanentemente através do
ciando na recusa ou aprovação – sob determi- gerenciamento dos riscos existentes. Esta fase
nadas condições - do projeto proposto. Infeliz- envolve uma ampla legislação técnica e fiscali-
mente nem sempre isso ocorre, principalmente zação por parte das autoridades responsáveis
em países sem tradição democrática ou com no cumprimento da legislação.
falta de recursos econômicos, técnico-científi- O gerenciamento de riscos consiste, além
cos e humanos. Quando isto ocorre, as deci- do reconhecimento e monitoramento perma-
sões podem se dar em cúpulas onde tecnobu- nente das situações de risco, no controle e
rocracias do Estado, políticos e empresas deci- melhoria contínua dos elementos do processo
dem sozinhos, apoiando-se principalmente no de trabalho relacionados à segurança e saúde
critério de rentabilidade econômica do projeto. dos trabalhadores. Alguns dos principais objeti-
Infelizmente, uma grande quantidade de vos do gerenciamento de riscos existentes são
tecnologias e indústrias perigosas existentes já mencionados a seguir:
foi instalada com pouca ou nenhuma análise ☛ a confiabilidade de máquinas, equipamen-
dos riscos para a saúde e o meio ambiente tos, instalações e ambientes, o que inclui sua
decorrentes destes projetos. Com isso, queima- manutenção preventiva para manter ou melho-
se uma etapa fundamental da prevenção e rar as condições de funcionamento e segu-
adia-se para o futuro uma eventual avaliação rança. No Brasil, muitos equipamentos sem
da inaceitabilidade de uma certa indústria peri- manutenção adequada, velhos e obsoletos
gosa numa determinada região. Neste continuam em funcionamento através de “gati-
momento, muitos efeitos desastrosos já podem lhos”, “gambiarras” ou soluções improvisadas,
ter ocorrido, e as dificuldades para um eventual provocando o que os ergonomistas chamam de
reordenamento produtivo ou mesmo fecha- modo degradado de produção, afetando as
mento da indústria tendem a aumentar, face à condições de segurança.
dependência sócio-econômica da região onde ☛ uma organização do trabalho adequada que
a indústria está inserida. capacite e fortaleça os trabalhadores ao lidarem
com as situações de risco. Fazem parte desta
Fase das situações reais de trabalho organização, dentre outros: treinamento e quali-
e do gerenciamento de riscos ficação adequados; existência de informações e
procedimentos operacionais para operações de
A segunda fase ocorre com a empresa em rotina ou de emergência sob segurança; tarefas
funcionamento, após a construção do prédio e planejadas com exigências físicas e mentais
o funcionamento do processo produtivo, enfim, compatíveis com as qualificações existentes e
com as pessoas trabalhando em processos de necessidades de saúde dos trabalhadores, evi-
trabalho particulares. Nesta hora, os riscos que tando sofrimento, doenças e a ocorrência de

- 26-
erros humanos. Muitas vezes, trabalhadores formas de organização, relações de trabalho,
sem qualificação adequada são colocados em terceirização, manutenção, controle do tempo e
situações de risco grave, ou recebem ordens produtividade.
para alcançar níveis de produtividade em cir-
cunstâncias incompatíveis com as exigências Fase da remediação ou
de segurança e saúde dos trabalhadores. atenuação dos riscos
☛ o monitoramento da exposição aos riscos
sobre o ambiente ou sobre os próprios trabalha- Esta fase se refere a quando uma situação
dores, quando estes estão sob riscos específi- de risco se transforma num evento, como um
cos em seus locais de trabalho, como os quími- acidente ou doença, que pode gerar um deter-
cos. Os riscos no ambiente são monitorados minado efeito à saúde dos trabalhadores, e as
através da quantificação e qualificação, e sobre medidas de prevenção têm o objetivo de evitar
os próprios trabalhadores, através de exames que um dano maior ocorra. No caso de aciden-
periódicos, de acordo com o risco em questão, tes, esta fase remete a medidas como o plane-
que visam detectar exposições elevadas a jamento de emergências (evacuação, primeiros
determinados agentes antes que os efeitos socorros, remoção e tratamento de feridos); e
mais graves ou irreversíveis surjam. no caso dos riscos com efeitos crônicos de
☛ a análise de falhas, através do registro e médio ou longo prazo, que produzem determi-
análise de incidentes, quase-acidentes ou ocor- nados efeitos ou sintomas, são necessárias
rências anormais, além do registro e análise medidas como o monitoramento médico dos
dos acidentes já ocorridos. Normalmente, antes trabalhadores expostos, a retirada imediata dos
que um acidente ocorra, várias falhas já ocorre- locais de trabalho dos trabalhadores afetados e
ram anteriormente, sendo “sinais” de que um o conseqüente tratamento médico adequado.
acidente está próximo de ocorrer. Essas falhas Muitas vezes o pior ocorre justamente por falta
ou anormalidades são prenúncios de futuros destas medidas.
acidentes, e deveriam ser objeto de registro, Outro aspecto desta fase de atenuação dos
análise e controle, evitando desta forma aciden- riscos diz respeito aos direitos previdenciários e
tes mais graves. Principalmente em indústrias jurídicos que visam proteger os trabalhadores e
de processo, como os setores químico, petro- suas famílias quando tiveram suas vidas afeta-
químico, nuclear e siderúrgico, esta estratégia é das pelos riscos nos locais de trabalho. Estes
fundamental para evitar a ocorrência de aciden- direitos podem incluir os benefícios cobertos
tes mais graves. pelo seguro acidente de trabalho, e as ações
☛ a existência de espaços coletivos de discus- indenizatórias na justiça a serem pagas pelas
são e decisão nas empresas, com a participa- empresas responsáveis pelo dano,
ção dos trabalhadores, sobre os temas de inte- No caso de indústrias de risco como as quí-
resse para a sua saúde. Este tópico é de micas, petroquímicas e nucleares, a elaboração
grande importância, e sem ele os todos objeti- e eficácia dos planos de emergência devem
vos anteriores ficam prejudicados. Idealmente, envolver necessariamente a participação inte-
CIPA’s (que freqüentemente são coagidas e grada dos trabalhadores, comunidade, autori-
não desempenham seu papel de defesa da dades públicas locais, defesa civil, serviços
saúde dos trabalhadores), outras comissões e médicos de emergência, indústria e a mídia,
os sindicatos deveriam discutir as decisões entre outros. A inexistência ou ineficácia destes
sobre temas tais como investimentos, novas planos pode multiplicar radicalmente o número

-27 -
Análise de riscos nos locais de trabalho
de vítimas decorrentes de um acidente (EPI’s), por exemplo, devem ser adotados só
ampliado. Também nas indústrias poluidoras do quando não existam outras alternativas, sendo
meio ambiente, a poluição provocada poderá algumas vezes inevitáveis. Se não forem ade-
requerer medidas de remediação ambiental, quados, podem gerar uma sobrecarga e dificul-
para eliminar ou reduzir o nível de poluição e os tar o trabalho. As normas de segurança e
riscos para a saúde da população e o meio outros procedimentos operacionais sempre
ambiente em áreas contaminadas. precisarão existir onde houver riscos nos locais
de trabalho, mas em conjunto com outras medi-
Os Níveis da Ação Pr ev entiva: das gerenciais e organizacionais, como o trei-
o Trabalhador/Indivíduo , namento e informações adequados, e devem
o Posto/Setor de Trabalho , a ser compatíveis e mais importantes que outras
Empresa e a Sociedade em Geral normas e ordens de produção. Os trabalhado-
res devem ter o direito de recusa a trabalhar em
A tabela apresentada mais a frente mostra situações de risco grave e iminente, assim
algumas modalidades de prevenção técnica como devem receber os resultados dos exames
possíveis envolvendo os riscos nos locais de periódicos, e medidas devem ser tomadas ime-
trabalho, de acordo com os quatro níveis da diatamente para evitar o agravamento de algum
ação preventiva que vai do trabalhador indivi- sintoma ou doença diagnosticada.
dual ao nível mais geral da sociedade e do Conforme já dito na introdução deste
ambiente. Todos os níveis são importantes, manual, a mudança de um enfoque individua-
mas um problema central da prevenção é lista punitivo para uma modalidade preventiva
quando ela se limita ao nível do trabalhador coletiva mais eficiente vem ocorrendo principal-
individual ou de medidas limitadas nos locais de mente a partir da década de 60 nos países cen-
trabalho, e não atinge a organização e o geren- trais, através do desenvolvimento de disciplinas
ciamento da empresa como um todo, nem ana- e implementação de medidas mais coletivas e
lisa os aspectos mais gerais da organização eficientes de controle dos riscos. AErgonomia e
social que impedem ou propiciam implementar o desenvolvimento da Engenharia de Segu-
condições mais efetivas de prevenção. rança Sistêmica são exemplos desse processo.
Aengenharia de segurança e a medicina do Esses avanços propiciaram a compreensão da
trabalho clássicas tendem a privilegiar a pre- importância dos níveis mais elevados de pre-
venção prescrita do primeiro nível, a do traba- venção, como o gerenciamento de riscos e a
lhador individual. Isso pode se dar: através do noção de falha gerencial. Este termo significa
uso obrigatório de equipamentos de proteção que um acidente ou doença pode ocorrer não
individuais - eventualmente inevitáveis - que apenas em função das falhas ou acontecimen-
podem gerar uma fonte adicional de carga para tos imediatamente anteriores aos efeitos à
os trabalhadores, principalmente em climas saúde, ou ao comportamento dos trabalhado-
quentes; do cumprimento de normas de segu- res. Ou seja, a questão fundamental aqui é veri-
rança, freqüentemente incompatíveis com as ficar como uma empresa analisa e gerencia
exigências de produção e qualidade; ou através seus riscos, cumpre a legislação e implementa
da realização de exames médicos, muitas as medidas preventivas mais adequadas.
vezes realizados como critérios de seleção e No Brasil, contudo, principalmente só a
demissão de trabalhadores. partir dos anos 80 é que vem se dando um pro-
Os Equipamentos de Proteção Individual cesso de introdução de novos enfoques pre-

-28 -
NÍVEL DAAÇÃO PREVENTIVA EXEMPLOS DE PREVENÇÃO POSSÍVEL

1- Nível do Trabalhado Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como luvas,


enquanto Indivíduo botas, capacetes e uniformes

Cumprimento de Normas de Segurança expressas atra-


vés de manuais e procedimentos escritos, com informa-
ção e treinamento

Exames Médicos Periódicos

2- Nível do Posto/Setor Projeto Ergonômico do Posto de Trabalho, favorecendo o


de Trabalho conforto e evitando posturas e esforços físicos prejudi-
ciais à saúde

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), como siste-


mas de exaustão, ventilação e refrigeração para riscos
químicos e temperaturas elevadas, e extintores de incên-
dio

Enclausuramento de fontes de risco através de técnicas


construtivas, isolando fontes de ruído, de calor ou de
riscos químicos

Instalações sanitárias e locais de descanso

3- Nível Coletivo da Empresa: Instâncias e possibilidades de participação dos trabalha-


Organização do Trabalho e dores nas decisões tomadas na empresa, incluindo a
Gerenciamento de Riscos CIPA;

Formas de divisão e intensificação do trabalho, incluindo


efetivo de trabalhadores adequado para cada setor e
tarefa;

Controle da subcontratação, terceirização, trabalhos tem-


porários e outras formas de flexibilização;

Política de treinamento e formação;

Existência e atuação eficiente do SESMTe outros setores


específicos de saúde, segurança e meio ambiente;

Política de manutenção, existência de manutenção pre-


ventiva e material adequado de reposição;

Sistema de informações e análise continuada sobre os


riscos, incluindo bancos de incidentes/falhas/anormalidades,

-29-
Análise de riscos nos locais de trabalho

NÍVEL DAAÇÃO PREVENTIVA EXEMPLOS DE PREVENÇÃO POSSÍVEL

3- Nível Coletivo da Empresa: acidentes, doenças e resultados do monitoramento ambien-


Organização do Trabalho e tal e clínico dos trabalhadores.
Gerenciamento de Riscos
Estabelecimento e priorização da política preventiva, e res-
ponsabilidades na estrutura hierárquica da organização;

Desenvolvimento e seleção de tecnologias de processos,


produtos, máquinas e equipamentos mais adequados à
saúde dos trabalhadores.

Mudança de tecnologias atrasadas para tecnologias mais


seguras;

Cumprimento de legislação e normas técnicas sobre os


riscos;

Existência de manuais internos, normas e procedimentos


sobre segurança e saúde do trabalhador, principalmente
para atividades e situações de risco perigosas;

Planos de emergência em instalações de risco, incluindo


o treinamento através de simulados;

5- Sociedade e Ambiente em Políticas Econômica, Trabalhista, Tecnológica, de Saúde,


Geral Ambiental, Previdenciária, Judiciária, de Educação e For-
(Políticas Integradas ao nível da mação, entre outras.
Sociedade como um todo)
Organização e atuação sindical e dos trabalhadores nos
locais de trabalho

Legislação vigente

Este tipo de prevenção que Atuação das instituições reguladoras e fiscalizadoras,


só atinge o trabalhador indivi- bem como da justiça
dual, colocando sobre ele a
responsabilidade sobre os aci- Crises econômicas em empresas e setores econômicos
dentes e doenças, faz parte de
Planejamento Territorial em Áreas de Risco
uma estratégia de gerencia-
mento artificial dos riscos e de Análise de Impacto Ambiental de novos Investimentos e
controle dos trabalhadores, e Projetos
deve ser combatida e denun-
ciada pelos trabalhadores e Estrutura Assistencial e Emergencial (brigadas, primeiros
suas organizações. socorros, assistência médico emergencial, saneamento
de áreas contaminadas)

-30-
ventivos, que enfrentam ainda a hegemonia do tem à frente para eliminar ou controlar algum
enfoque individualista punitivo, presente ampla- risco importante.
mente na formação dos quase 120 mil profis- São muitas as situações em que é necessá-
sionais de segurança do trabalho formados nas rio ampliar as forças e atuar ao nível mais
décadas de 70 e 80 como resultado da política global da sociedade. A seguir, resumimos algu-
oficial preventiva do governo brasileiro desta mas delas:
época. Além disso, as relações de trabalho ☛ Às vezes, uma empresa é muito grande e
autoritárias presentes em inúmeras empresas poderosa, como empresas multinacionais, e
brasileiras - fenômeno que reflete as caracterís- aqui a solidariedade internacional dos trabalha-
ticas sócio-políticas gerais do modelo de dores e suas organizações pode ser fundamen-
desenvolvimento econômico do país nas últi- tal para o enfrentamento da situação. A luta
mas décadas - limitam as possibilidades de rei- aqui é para se impedir o chamado duplo
vindicação e participação ativa dos trabalhado- padrão, que consiste que uma mesma empresa
res nos locais de trabalho, condição sine qua multinacional tenha diferentes padrões, normas
non para a implementação de políticas efetivas e práticas de gerenciamento em diferentes
de gerenciamento de risco. países, normalmente mais graves nos países
Este último parágrafo aponta para o último periféricos.
nível de prevenção, que envolve a sociedade ☛ Outra situação que pode ser complicada é
como um todo. Uma coisa é atuar sobre uma quando a empresa é nacional ou mesmo esta-
empresa, mas às vezes, como diz o dito popu- tal. Apesar destas últimas empresas, em tese,
lar, “o buraco é mais embaixo”. Uma empresa deverem servir em primeira instância aos inte-
pode alegar que não existe legislação ou que resses públicos, o que inclui os trabalhadores,
cumpre a existente sobre determinado risco, e elas acabam recebendo a influência e “prote-
neste caso a luta pode ser a de criar a legisla- ção” de determinados governos, que podem ver
ção no Brasil. Por exemplo, algumas substân- os riscos como um problema não prioritário ou
cias cancerígenas podem ser proibidas em que venham a gerar problemas políticos e eco-
outros países, mas ainda não foram banidas no nômicos, inclusive diante de programas de
Brasil. Para alcançar esta meta, é necessária modernização ou privatização.
muita força social e política, que será tanto ☛ Atuar sobre uma empresa e não sobre o
maior quanto maior for o poderio econômico e conjunto das empresas do setor ou da catego-
político das empresas e setores que não estão ria, numa sociedade de mercado, pode gerar
interessados em retirar esta substância de seus um efeito contraditório: se uma empresa
negócios. Sem o desenvolvimento de estraté- investe mais em segurança (forçada ou através
gias e o envolvimento de muitos trabalhadores, de negociação) sem que as outras o façam, e
técnicos, sindicatos, centrais, instituições, eventuais retornos econômicos deste investi-
poderes legislativo e judiciário, da mídia, lide- mento não surjam logo, a empresa que investiu
ranças de governos democráticos, organiza- em prevenção pode ficar em desvantagem
ções não governamentais e da sociedade como competitiva frente às outras. Este é um ponto
um todo, será como “dar murro em ponta de delicado para a ação sindical, até porque
faca”. Na prática, é a própria história de luta e muitas empresas blefam freqüentemente
organização dos trabalhadores e da sociedade quando dizem que a implementação de certas
que fornecem os elementos para se avaliar o medidas preventivas pode “quebrá-las” e pro-
tamanho das dificuldades e do poderio que se vocar desemprego. Isso funciona como uma

-31 -
Análise de riscos nos locais de trabalho
ameaça aos trabalhadores e um fator complica- fomento, como o BNDES, bem como as univer-
dor para a ação sindical. Duas estratégias são sidades e demais centros de ciência e tecnolo-
básicas nesta situação: de um lado, tentar des- gia, que já vem inclusive desempenhando um
bancar este discurso ameaçador junto aos tra- importante papel em atividades voltadas às
balhadores, mostrando a importância da saúde cooperativas populares, às empresas autogeri-
para suas vidas e a viabilidade de se implemen- das e aos assentamentos rurais conquistados
tar as medidas mais importantes, dando o pelos trabalhadores sem terra.
exemplo de outras empresas e ressaltar suas Para finalizar este item, vamos comentar as
vantagens; de outro lado, deve-se ao máximo medidas preventivas que envolvem o ambiente
produzir ações coletivas que atinjam o conjunto externo às instalações de alto risco, como fábri-
das empresas do setor, fazendo que um exem- cas químicas e petroquímicas. Elas são relati-
plo positivo de prevenção se alastre e passe a vamente recentes mesmo nos países centrais,
fazer parte do padrão preventivo daquele setor desenvolvidas principalmente após as catástro-
e região como um todo. fes industriais de Three Mile Island, Sevezo,
☛ Um caso particular do último item e muito Bhopal e Chernobyl. Nos países periféricos e
importante para a realidade brasileira, refere-se de industrialização recente este tema é ainda
aos trabalhadores das micro e pequenas bastante incipiente, apesar da enorme gravi-
empresas. Eles são muito numerosos em dade do problema, verificada em acidentes
vários setores da economia, e estas empresas como Bhopal, onde a ineficiência preventiva da
com freqüência não possuem nenhum profis- multinacional americana Union Carbide, asso-
sional, setor, SESMT ou CIPA que atuem na ciada ao descontrole por parte das agências
análise e controle dos riscos. Também existem reguladoras indianas e à existência de uma
muitas dificuldades para a sindicalização e área de risco altamente povoada e sem
aproximação com as ações sindicais dos traba- nenhum plano de emergência, provocou a
lhadores destas empresas. Com a globaliza- maior acidente industrial da história: mais de
ção, o aumento da competitividade com produ- 2500 mortes imediatas e de 200.000 pessoas
tos estrangeiros, uma política econômica de intoxicadas. A tragédia está presente ainda
juros altos e a falta de políticas industriais e hoje, não só na memória dos sobreviventes,
econômicas que preservem as indústrias nacio- mas também nos recém-nascidos deficientes e
nais e o emprego, estas empresas acabam tra- nas mortes semanais decorrentes da exposição
balhando em situações bastante precárias, ao extremamente tóxico MDI (metil diisocia-
tanto em termos de relações de trabalho como nato). Apesar do ocorrido, o potencial de novas
do agravamento das situações de risco, fre- tragédias semelhantes faz parte da realidade
qüentemente à margem da legislação e do con- latino-americana. No Brasil, na noite de 24 de
trole das instituições. Para as categorias onde fevereiro de 1984 ocorreu uma explosão em um
tais empresas vulneráveis são importantes, oleoduto da Petrobras localizado em Vila Socó
devem ser desenvolvidas estratégias particula- (Cubatão/SP). Seguiu-se, então, um incêndio
res, onde haja compromissos de evolução gra- de 700 mil litros de gasolina, resultando em 508
dual da prevenção nestas empresas em conso- óbitos. Também na história da exploração do
nância com a preservação dos empregos e o petróleo na Bacia de Campos há o registro de
aumento de sua capacidade de sobrevivência catástrofes como os acidentes ocorridos na
dentro dos parâmetros legais. Aqui, podem Plataforma de Enchova em 1984 e 1988. O pri-
exercer um papel importante os bancos de meiro resultou em 37 óbitos imediatos e o

-32-
segundo na destruição total do convés e da balhador. O PPRA deve ter um documento-
torre, totalizando um prejuízo de 500 milhões base, onde constem o planejamento anual com
de dólares. estabelecimento de metas, prioridades e cro-
nograma; estratégia e metodologia de ação;
O PROGRAMA DE PREVENÇÃO forma do registro, manutenção e divulgação
DE RISCOS AMBIENTAIS dos dados; periodicidade e forma de avaliação
PPRA (NR-9) do desenvolvimento do PPRA. Pelo menos
uma vez ao ano, deverá ser realizada uma
Dentre as Normas Regulamentadoras de análise global do PPRApara avaliação do seu
Segurança e Saúde do Trabalhador do Ministé- desenvolvimento, realização dos ajustes
rio do Trabalho, uma de grande importância necessários e estabelecimento de novas
para a análise dos riscos nos locais de trabalho metas e prioridades.
é a NR-9. Ela estabelece “a obrigatoriedade da O Programa de Prevenção de Riscos
elaboração e implementação, por parte de Ambientais deverá incluir como etapas:
todos os empregadores e instituições que ☛ antecipação e reconhecimento dos riscos;
admitam trabalhadores como empregados, do envolvendo a análise de projetos de nova ins-
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais talações, métodos ou processos de trabalho, ou
- PPRA, visando à preservação da saúde e da de modificação dos já existentes, visando a
integridade dos trabalhadores, através da ante- identificar os riscos potenciais e introduzir medi-
cipação, reconhecimento, avaliação e conse- das de proteção para sua redução ou elimina-
qüente controle da ocorrência de riscos ção. O reconhecimento dos riscos ambientais
ambientais existentes ou contém vários itens, como a
que venham a existir no sua identificação; a determi-
ambiente de trabalho, tendo nação e localização das pos-
em consideração a proteção síveis fontes geradoras; a
do meio ambiente e dos identificação das possíveis
recursos naturais”. Segundo trajetórias e dos meios de
a norma, o PPRA deve ser propagação dos agentes no
desenvolvido e implemen- ambiente de trabalho; a iden-
tado com a participação dos tificação das funções e
trabalhadores, sendo discu- determinação do número de
tido seu documento-base e trabalhadores expostos; a
alterações na CIPA, quando caracterização das ativida-
esta existir na empresa. A des e do tipo da exposição; a
norma considera riscos obtenção de dados existen-
ambientais os agentes físi- tes na empresa, indicativos
cos, químicos e biológicos de possível comprometi-
existentes nos ambientes de mento da saúde decorrente
trabalho que, em função de do trabalho; os possíveis
sua natureza, concentração danos à saúde relacionados
ou intensidade e tempo de aos riscos identificados, dis-
exposição, são capazes de poníveis na literatura técnica;
causar danos à saúde do tra- a descrição das medidas de

- 33-
Análise de riscos nos locais de trabalho
controle já existentes e o estabelecimento de ação. Estes são definidos como o “valor acima
prioridades e metas de avaliação e controle. do qual devem ser iniciadas ações preventivas
☛ avaliação dos riscos e da exposição dos tra- de forma a minimizar a probabilidade de que as
balhadores, sendo que a avaliação quantitativa exposições a agentes ambientais ultrapassem
deverá ser realizada sempre que necessária os limites de exposição”. As ações devem
em três situações: para comprovar o controle incluir o monitoramento periódico da exposição
da exposição ou a inexistência dos riscos iden- dos trabalhadores, a informação aos trabalha-
tificados na etapa de reconhecimento; para dores e o controle médico. O monitoramento
dimensionar a exposição dos trabalhadores; e deve ser tanto da exposição como das medidas
para subsidiar o equacionamento das medidas de controle. Também devem ser estabelecidos
de controle. critérios e mecanismos de avaliação da eficácia
☛ implantação de medidas de controle e ava- das medidas de proteção implantadas, visando
liação de sua eficácia, sendo adotadas as medi- à introdução ou modificação das mesmas,
das necessárias e suficientes para a elimina- sempre que necessário, considerando os
ção, a minimização ou o controle dos riscos dados obtidos nas avaliações realizadas e no
ambientais identificados. A implantação de controle médico da saúde previsto na NR 7.
medidas de proteção coletiva deverá buscar, registro e divulgação dos dados, cabendo
nesta ordem de prioridade, eliminar ou reduzir a ao empregador ou instituição manter este regis-
utilização ou a formação de agentes prejudi- tro estruturado de forma a constituir um histó-
ciais à saúde; prevenir a liberação ou dissemi- rico técnico e administrativo do desenvolvi-
nação desses agentes no ambiente de traba- mento do PPRA. Os dados deverão ser manti-
lho; medidas que visem reduzir os níveis ou a dos por um período mínimo de 20 (vinte) anos,
concentração desses agentes nos ambientes sendo que o registro de dados deverá estar
de trabalho. Aimplantação de medidas de cará- sempre disponível aos trabalhadores interessa-
ter coletivo deverá ser acompanhada de treina- dos ou seus representantes e para as autorida-
mento dos trabalhadores quanto aos procedi- des competentes.
mentos que assegurem a sua eficiência e de Um problema crítico do PPRA é quem e
informação sobre as eventuais limitações de como o elabora. De acordo com a norma, a
proteção que ofereçam. Somente quando for “elaboração, implementação, acompanha-
comprovada a inviabilidade técnica da adoção mento e avaliação do PPRA poderão ser feitas
de medidas de proteção coletiva, ou quando pelo Serviço Especializado em Engenharia de
estas não forem suficientes ou encontrarem-se Segurança e em Medicina do Trabalho -
em fase de estudo, planejamento ou implanta- SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas
ção, ou ainda em caráter complementar ou que, a critério do empregador, sejam capazes
emergencial, deverão ser adotadas outras de desenvolver o disposto” na NR-9. Muitas
medidas. Estas podem ser medidas de caráter empresas acabam contratando firmas de con-
administrativo ou de organização do trabalho, e sultoria que elaboram o PPRA de forma buro-
em último caso a utilização de Equipamento de crática para atender a legislação, sem a partici-
Proteção Individual - EPI, fornecidos adequada- pação dos trabalhadores. Isto ocorre a despeito
mente segundo a própria norma. da própria legislação, que prevê a obrigação
monitoramento da exposição aos riscos, dos empregadores de informar os trabalhado-
através da avaliação sistemática e repetitiva da res, de maneira apropriada e suficiente, sobre
exposição a um dado risco acima dos níveis de os riscos ambientais que possam originar-se

- 34-
nos locais de trabalho, bem como sobre os De acordo com a NR-5, a CIPApossui como
meios disponíveis para prevenir. A norma atribuições preventivas:
também garante, em tese, o direito dos traba- ☛ identificar os riscos do processo de trabalho,
lhadores de apresentar propostas e receber e elaborar o mapa de riscos, com a participação
informações sobre os riscos ambientais identifi- do maior número de trabalhadores, com asses-
cados na execução do PPRA. Cabe aos traba- soria do SESMT, onde houver;
lhadores denunciar tais omissões e exigir a par- ☛ elaborar plano de trabalho que possibilite a
ticipação e o monitoramento das medidas pre- ação preventiva na solução de problemas de
ventivas previstas no plano. segurança e saúde no trabalho;
☛ participar da implementação e do controle da
A CIPA (NR-5) qualidade das medidas de prevenção necessá-
E O MAPA DE RISCO rias, bem como da avaliação das prioridades de
ação nos locais de trabalho;
A NR-5 determina a existência e o papel da ☛ realizar, periodicamente, verificações nos
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ambientes e condições de trabalho visando a
–CIPA, composta meio a meio de representan- identificação de situações que venham a trazer
tes indicados da empresa e de representantes riscos para a segurança e saúde dos trabalha-
eleitos pelos trabalhadores em voto secreto. O dores;
número de membros da CIPA depende do ☛ realizar, a cada reunião, avaliação do cum-
número total de trabalhadores do estabeleci- primento das metas fixadas em seu plano de
mento e do ramo de atividade da empresa, de trabalho e discutir as situações de risco que
acordo com o agrupamento de setores econô- foram identificadas;
micos pela Classificação Nacional de Ativida- ☛ divulgar aos trabalhadores informações rela-
des Econômicas – CNAE existente tivas à segurança e saúde no traba-
no anexo da Norma. lho;
Conforme já dito neste ☛ participar, com o SESMT,
manual, esta comissão onde houver, das discussões
possui em tese um impor- promovidas pelo emprega-
tante papel na defesa da dor, para avaliar os impac-
saúde dos trabalhadores tos de alterações no
nos locais de trabalho, atra- ambiente e processo de
vés de seu papel preventivo. trabalho relacionados à
Apesar de alguns avanços segurança e saúde dos
presentes na última modifi- trabalhadores;
cação desta NR ocorrida em ☛ requerer ao SESMT,
1999, ainda existem muitas quando houver, ou ao
críticas quanto ao papel efe- empregador, a paralisação
tivo destas comissões, princi- de máquina ou setor onde
palmente quando as gerên- considere haver risco grave
cias atuam de forma coercitiva e iminente à segurança e
sobre os membros eleitos da saúde dos trabalhadores;
CIPA, e nas pequenas empre- ☛ colaborar no desenvolvi-
sas. mento e implementação do

- 35-
Análise de riscos nos locais de trabalho
PCMSO e PPRA e de outros programas rela- empresa contratante adotar as medidas neces-
cionados à segurança e saúde no trabalho; sárias para que as empresas contratadas, suas
☛ divulgar e promover o cumprimento das CIPA, os designados e os demais trabalhado-
Normas Regulamentadoras, bem como cláusu- res lotados naquele estabelecimento recebam
las de acordos e convenções coletivas de tra- as informações sobre os riscos presentes nos
balho, relativas à segurança e saúde no traba- ambientes de trabalho, bem como sobre as
lho; medidas de proteção adequadas.
☛ participar, em conjunto com o SESMT, onde
houver, ou com o empregador da análise das O Mapa de Risco
causas das doenças e acidentes de trabalho e
propor medidas de solução dos problemas Conforme previsto na NR-5, a princípio
identificados; todas as empresas deverão buscar o cumpri-
☛ requisitar ao empregador e analisar as infor- mento dos objetivos previstos nesta norma,
mações sobre questões que tenham interferido incluindo as empresas que não possuírem
na segurança e saúde dos trabalhadores; CIPA’s, quando então deverão designar um
☛ requisitar à empresa as cópias das CAT emi- responsável para tanto. Entre as atribuições da
tidas; CIPAestá a eleboração de um mapa de riscos
☛ promover, anualmente, em conjunto com o que é a representação gráfica de um conjunto
SESMT, onde houver, a Semana Interna de de fatores presentes nos locais de trabalho que
Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT; podem acarretar prejuízo à saúde dos traba-
☛ participar, anualmente, em conjunto com a lhadores. Sua origem encontra-se, em grande
empresa, de Campanhas de Prevenção da parte, na experiência do movimento sindical
AIDS. italiano nas décadas de 60 e 70, que passou a
A NR-5 também diz que “cabe ao emprega- ser conhecido como “Modelo Operário Ita-
dor proporcionar aos membros da CIPA os liano”. Este modelo possuía como premissas a
meios necessários ao desempenho de suas valorização da experiência e do conhecimento
atribuições, garantindo tempo suficiente para a dos trabalhadores, a formação de grupos
realização das tarefas constantes do plano de homogêneos, a validação consensual e a não
trabalho”. delegação da saúde, do saber e da participa-
Quando houver denúncia de situação de ção dos trabalhadores aos técnicos e empre-
risco grave e iminente que determine aplicação sas. Este modelo teve grande importância na
de medidas corretivas de emergência, ou ainda construção da reforma sanitária italiana, e
acidente grave ou fatal, deverão ser realizadas, influenciou o campo da saúde dos trabalhado-
necessariamente, reuniões extraordinárias. res no Brasil, inclusive com o lançamento no
A NR-5 também prevê a existência de inte- Brasil, em 1986, do livro de Ivar Oddone “-
gração entre a CIPA’s, sempre que duas ou Ambiente de Trabalho: a luta dos trabalhado-
mais empresas atuarem em um mesmo estabe- res pela saúde”.
lecimento. As empresas contratante e contrata- Com relação ao Mapa de Risco, seu pro-
das devem implementar medidas de prevenção duto final visual costuma ser uma planta baixa
de acidentes e doenças do trabalho de forma ou esboço (croqui) do local de trabalho, com
integrada, garantindo o mesmo nível de prote- círculos coloridos que representam os riscos
ção em matéria de segurança e saúde a todos encontrados. Os mapas devem ser fixados
os trabalhadores do estabelecimento. Cabe à em locais visíveis em todas as seções da

-36 -
empresa para que os trabalhadores possam gerenciamento dos riscos, a falta de manuten-
visualizá-los. ção adequada de equipamentos, entre outros
Porém, mais importante que o resultado tantos fatores.
gráfico do mapa de riscos é o processo de par- Ocorre que estes fatores estão freqüente-
ticipação e envolvimento dos trabalhadores em mente presentes em muitas empresas brasilei-
sua construção, podendo contribuir para avan- ras, e infelizmente é inevitável que acidentes
ços organizativos e educativos. Este ponto é graves ocorridos dentro de determinada cate-
importante de ser ressaltado, dado a crítica que goria, empresa ou setor econômico façam parte
alguns técnicos e empresas têm feito quanto do dia a dia da atividade sindical.
aos aspectos subjetivos e qualitativos desta Existe ainda um bom motivo para comentar-
participação, que poderia desvalorizar o mos alguns aspectos da análise de acidentes,
“conhecimento objetivo” dos técnicos. do ponto de vista dos trabalhadores. Conforme
Uma metodologia para elaboração do já abordamos anteriormente, muitas empresas
mapeamento de riscos é detalhada na publi- adotam um gerenciamento artificial de riscos,
cação do INST/CUT, “Saúde e Meio Ambiente e onde medidas efetivas de prevenção técnica
Condições de Trabalho - Conteúdos Básicos não são implementadas, e em seu lugar ocorre
para uma Ação Sindical. o que alguns estudiosos chamam de prevenção
simbólica. Este tipo de prevenção visa mais
A ANÁLISE DE controlar os trabalhadores, fazendo-os acredi-
ACIDENTES NOS LOCAIS tar erradamente que os riscos estão sob con-
DE TRABALHO trole, já que o reconhecimento de que suas
vidas estão em risco poderia resultar em rea-
Para concluir este manual, gostaríamos de ções dos trabalhadores e suas organizações,
comentar de forma resumida alguns aspectos resultando em prejuízos políticos e econômicos
sobre a análise de acidentes nos locais de tra- para as empresas. Quando um acidente ocorre,
balho. Este tema foge um pouco do objetivo também faz parte desta estratégia responsabili-
geral deste trabalho, já que a análise de riscos zar os trabalhadores pelos próprios acidentes,
prioriza a prevenção, focalizando os aspectos através do conceito de ato inseguro que trans-
mais importantes antes que os acidentes ocor- forma as vítimas dos acidentes em culpados.
ram. Além disso, um aprofundamento da aná- Desta forma, o que deveria servir de exemplo e
lise de acidentes não é algo tão simples e aprendizado sobre as falhas gerenciais das
demandaria um novo manual. empresas, gera pouco ou nenhum impacto em
Mas o fato é que os acidentes ocorrem, termos de transformações das condições de
ferindo e mesmo matando milhares de traba- trabalho.
lhadores brasileiros. Certamente, isso é uma Um acidente, principalmente quando é
conseqüência da falta de análise de riscos e grave, normalmente é a demonstração de que
da implementação de medidas preventivas não existem ou são falhas as medidas pre-
dentro das empresas. Isto leva a situações de ventivas adotadas, desmantelando o discurso
risco graves nos locais de trabalho, principal- da prevenção simbólica. Além disso, a solida-
mente onde existam fatores agravantes como riedade dos trabalhadores com seus compa-
o trabalho precário - por exemplo, a terceiriza- nheiros vitimados e com o seu próprio futuro
ção com falta de treinamento -, a falta de par- aguça o sentimento de justiça e favorece a
ticipação dos trabalhadores na discussão e atuação dos trabalhadores na transformação

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Análise de riscos nos locais de trabalho
das condições de saúde e segurança nos pela presença de temperaturas elevadas, de
locais de trabalho, podendo mudar para máquinas perigosas, de substâncias tóxicas,
melhor a cultura e a forma de gerenciamento inflamáveis ou explosivas, pelo choque de veí-
de riscos das empresas. culos, pelo contato com eletricidade ou por
Um aspecto chave para combater a preven- quedas de alturas.
ção simbólica e o gerenciamento artificial dos A análise de acidentes não deve se restrin-
riscos é a intervenção organizada dos trabalha- gir aos fatos imediatamente anteriores e poste-
dores sobre a forma atrasada como os aciden- riores ao evento acidente, pois todo acidente
tes são freqüentemente analisados pelas possui uma história que deve ser analisada à
empresas, e até mesmo por alguns técnicos de luz do processo de trabalho, da organização do
instituições fiscalizadoras. trabalho, das práticas gerenciais e das medidas
Esta concepção atrasada baseia-se princi- preventivas que existiam na empresa onde o
palmente nos conceitos cientificamente errados acidente ocorreu. Aconstatação que determina-
de atos e condições inseguras, onde as análi- das medidas preventivas não existiam ou não
ses de acidentes são simplistas, monocausais eram adequadamente implementadas pela
(o acidente teria apenas uma causa principal) e empresa representam falhas gerenciais que
restritas às causas imediatas que descontex- são as causas mais importantes na grande
tualizam o acidente de suas origens organiza- maioria dos acidentes. Além disso, os trabalha-
cionais e gerenciais. Neste tipo de análise de dores que conhecem as situações reais de tra-
causas de acidentes, os trabalhadores são sis- balho devem participar ativamente e sem coer-
tematicamente excluídos da avaliação e dos ções nestas análises.
pareceres finais realizadas por técnicos e pela A análise de acidentes nem sempre é fácil
gerência das empresas. Em termos preventi- de ser realizada por vários motivos. Os aciden-
vos, há uma ênfase no uso de cartazes e tes mais graves envolvem um clima de revolta e
manuais de prevenção de acidentes, na reco- medo, e os trabalhadores envolvidos e as
mendação ao uso de equipamentos individuais gerências das empresas podem ter receio das
de segurança, acentuando-se a responsabili- conseqüências das investigações, o que difi-
dade individual do trabalhador. culta a própria análise. Por sua vez, quando se
A visão moderna de análise de acidentes passa muito tempo após o acidente, muitas evi-
nos locais de trabalho não os vê como eventos dências no local do acidente podem se perder,
fortuitos, uma espécie de azar que ocorre de inclusive propositalmente. Por isso, os aciden-
vez em quando com alguém. Aconcepção mais tes mais graves exigem reações muito rápidas
moderna de análise de acidentes vê os dos trabalhadores e instituições fiscalizadoras,
mesmos de forma mais abrangente (diz-se inclusive a perícia criminal quando houver
também sistêmica), como conseqüências de mortes.
riscos existentes no processo de trabalho que A seguir, listamos alguns elementos impor-
podem, quando determinados fatos se combi- tantes para serem considerados nas análises
nam de forma sucessiva, transformar uma de acidentes:
situação de risco num evento de risco, ou seja, ☛ Existem dois grupos de causas de acidentes,
num acidente que pode provocar danos mate- as causas imediatas e as causas subjacentes.
riais e à saúde dos trabalhadores, ou ainda ao As imediatas referem-se aos fatos imediata-
meio ambiente e à população em geral. Esses mente anteriores ao acidente, por exemplo, o
danos podem ser provocados, por exemplo, furar do pneu ou atravessar o semáforo

- 38-
seguido de uma batida de automóvel. As falta de treinamento, inexistência de plano de
causas subjacentes referem-se aos problemas emergência e falta de primeiros socorros.
gerenciais e organizacionais que estão por Como resultado da análise do acidente, devem
detrás direta ou indiretamente à ocorrência das ser priorizadas as causas e medidas mais
causas imediatas. As causas subjacentes importantes e viáveis que eliminem a ocorrên-
podem ser de vários tipos, como falta de treina- cia de acidentes similares. Cabe aos órgãos fis-
mento, erro de projeto, falta de manutenção, calizadores punir – inclusive interditando um
redução inadequada de efetivos, inexistência local de trabalho com risco grave e iminente - e
de manuais e procedimentos de segurança, exigir das empresas a implementação imediata
sobrecarga de trabalho, entre outros. No caso das medidas preventivas mais importantes.
da batida, o pneu poderia estar careca por falta ☛ Erros humanos ou falhas humanas podem
de manutenção (falha gerencial da empresa do ocorrer, mas devem ser contextualizados dentro
veículo), o semáforo poderia estar quebrado da organização, sendo relacionados a possíveis
(falha gerencial do órgão ou empresa respon- falhas gerenciais que propiciaram tais erros. Um
sável pelos semáforos), ou ainda o motorista de erro humano, segundo a ergonomia moderna, é
ônibus ou de uma empresa poderia estar a não execução de um procedimento previsto.
sobrecarregado devido à forma de organização Ora, um erro pode acontecer devido a diversas
existente, que exige cumprimento de horários falhas gerenciais, como a falta de treinamento
independente das condições do trânsito, favo- adequado ou exigências produtivas que prejudi-
recendo comportamentos arriscados. cam a segurança. Após um acidente, muitas
☛ Para chegar às causas subjacentes, é empresas alegam: “o operário devia ter feito
necessário investigar os fatos que antecederam isso segundo a norma, mas não fez, é um pro-
o acidente, bem como as práticas gerenciais da blema de consciência do trabalhador, logo foi
empresa à época do acidente. Uma metodolo- ele o responsável”. As perguntas a serem feitas
gia utilizada para analisar um acidente é a a seguir são: por que ele não fez? Onde está a
árvore de causas, que descreve os vários acon- norma? De que forma esta norma foi passada
tecimentos anteriores ao acidente de forma ao trabalhador ? Como a execução da norma
sucessiva, mostrando as diferentes causas que era supervisionada? Ou o trabalhador nunca
normalmente estão por detrás do acidente. Os cumpria a norma, com a anuência ou até a pres-
acontecimentos anteriores, em verdade, podem são do supervisor de produção, e só após o aci-
chegar a níveis mais complexos e abrangentes dente se lembraram da tal norma ? Esta última
da própria sociedade, mas o nível eficiente a pergunta coloca uma prática bastante freqüente
ser alcançado é aquele que revela falhas nas empresas, que toleram e mesmo obrigam
gerenciais importantes, cuja correção impediria as também chamadas “anormalidades nor-
ou reduziria bastante a ocorrência de acidentes mais”, mais freqüentes em processos com falta
similares. Para que estas falhas possam ser de manutenção e degradação dos equipamen -
percebidas, é necessário o levantamento das tos. Além disso, quando existem riscos graves,
situações reais de trabalho existentes à época o sistema técnico e a organização devem ser
do acidente, o que exige a participação dos tra- planejados com a máxima eficiência ( o que se
balhadores. chama tecnicamente de confiabilidade, que
☛ Um mesmo acidente pode ter várias causas pode ser técnica ou organizacional/humana)
subjacentes, como, por exemplo, redução de para impedir tanto que falhas aconteçam como,
efetivos, falta de manutenção, erro de projeto, no caso de acontecerem, evitar que um inci-

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Análise de riscos nos locais de trabalho
dente seja irreversível e traga maiores conse- quando o projeto da máquina incorporou uma
qüências. Por exemplo, no caso da guilhotina, solução que impedia o acidente, mesmo no
seria impossível garantir que nunca um opera- caso de erro. Afinal de contas, errar é humano,
dor falhasse ao longo das milhares e milhares e tanto o projeto técnico quanto a organização,
de vezes em sua vida que aciona a máquina, e para serem humanos, devem levar isso em con-
por isso os acidentes só praticamente acabaram sideração.

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