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1. Introdução
Este artigo aborda uma experiência ocorrida no último semestre de 2007, no
desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem (OA) para o curso a distância de
Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS). Por este curso possuir
um caráter técnico, é justificado uma abordagem complementar ao modelo de tele-aulas.
Como grande parte dos cursos desta natureza, os alunos necessitam de experiências
práticas para desenvolverem suas competências. Estas experiências podem ser
realizadas através de questionários, desafios aos alunos, simulações com interação ou
outras atividades que permitam ao aluno refletir e propor soluções para diferentes
problemas. Os Objetos de Aprendizagem permitem a utilização de diversas mídias para
este tipo de abordagem, sendo sua utilização propícia ao desenvolvimento de conteúdos.
Para a produção de Objetos de Aprendizagem é necessária uma equipe
qualificada, que possa definir temas, objetivos, abordagem do conteúdo e atividades.
Além disso, faz-se necessário a sistematização de um processo que defina papéis,
responsabilidades, etapas e atividades.
A equipe de produção tem como uma das metas fundamentais, zelar para que os
Objetos de Aprendizagem sejam reutilizáveis, possibilitando o uso de um objeto em
diversas fases do curso de TADS. A distribuição de objetos através de Repositórios de
Objetos de Aprendizagem (ROAs) favorece o reuso dos objetos pelos alunos. ROAs
possuem o propósito de armazenar, catalogar e distribuir OAs, focando-se
principalmente no conceito de reuso de objetos. Isso justifica a disposição de um ROA
para que os alunos possam dispor de objetos e visualizá-los no momento que desejarem,
quantas vezes acharem necessário. Esta visualização é acompanhada através de
mecanismos que documentam o acesso do usuário. Esse acompanhamento habilita a
análise de indicativos que podem especificar como um objeto está sendo utilizado pelos
usuários.
O objetivo do presente trabalho é demonstrar a experiência na produção,
distribuição e acompanhamento de Objetos de Aprendizagem para um curso de ensino a
distância que cobre todo o território nacional. São focadas inicialmente informações
sobre o curso, detalhamento das diversas fases do processo de desenvolvimento,
descritas as ferramentas utilizadas, formação da equipe, alguns resultados obtidos e
futuros passos para o repositório dos Objetos de Aprendizagem.
3. Objetos de Aprendizagem
Para o Learning Technology Standards Committee (LTSC) da IEEE, Objetos de
Aprendizagem são quaisquer entidades, digitais ou não, que podem ser usadas, reusadas
e referenciadas no apoio tecnológico ao aprendizado [LTSC IEEE 2007].
Há diversas características que justificam o uso de Objetos de Aprendizagem.
Quinton (2007) e Taylor et al. (2007) destacam três: (i) a reusabilidade que devido ao
caráter único e indivisível do OA, facilita o seu reemprego em diversos temas
relacionados. A reusabilidade varia de acordo com a granularidade do OA. Um objeto
de menor conteúdo (como um conceito) tem maiores chances de ser reaplicado do que
um objeto que possui um conteúdo maior; (ii) classificação que permite a catalogação
dos objetos auxiliando na identificação dos mesmos, facilitando o trabalho dos
mecanismos de busca e; (iii) interoperabilidade definida como a capacidade de utilizar
os materiais de ensino em diferentes locais, independentemente de ferramentas ou
plataformas.
Para garantir interoperabilidade, reusabilidade e classificação dos Objetos de
Aprendizagem, alguns padrões foram criados por consórcios internacionais envolvidos
em educação, como a Advanced Distributed Learning, a IMS Global Learning
Consortium e a Institute of Eletrical and Eletronics Engineers (IEEE). Alguns destes
padrões destacam-se abaixo:
• Sharable Content Object Reference Model (SCORM): provê modelos de
referência que especificam padrões de empacotamento e apresentação através da
Web em um ambiente de ensino distribuído de Objetos de Aprendizagem
[Advanced Distributed Learning 2006];
• Learning Object Metadata (LOM): metadado estruturado em um conjunto de
elementos, incluindo tipos de dados, multiplicidades e relacionamentos entre
componentes. Surgiu a partir da necessidade de classificar e descrever mais
detalhadamente Objetos de Aprendizagem [LTSC IEEE 2005].
A importância do uso dos Objetos de Aprendizagem no projeto se justifica
também devido ao uso dos padrões de interoperabilidade, afim de que os alunos do
curso de TADS possam acessá-los a partir do maior número de computadores possível.
5. Considerações
A equipe do repositório Sophia está trabalhando há quase sete meses e já construiu cerca
de trinta e dois objetos de aprendizagem, distribuídos entre os módulos do curso de
TADS. O acompanhamento realizado durante este período permitiu identificar algumas
características dos objetos mais acessados pelos alunos como: conteúdos mais práticos,
interesse pelos desafios propostos e dificuldades em determinados temas. Esses
resultados permitirão uma maior adequação dos objetos aos interesses dos alunos,
permitindo um alcance maior em números de usuários utilizando os objetos.
As dúvidas dos alunos concentraram-se no uso do repositório e com pouca
freqüência nos Objetos de Aprendizagem, o que, considerando os números de acesso,
corresponde a um resultado positivo quanto a aceitação dos mesmos.
A utilização de padrões como o SCORM facilitou a distribuição dos Objetos de
Aprendizagem, pois permite a apresentação em mídias compatíveis com a Web. O uso
de ferramentas como o Wink e o Exe Learning auxiliaram a produção rápida de objetos,
permitindo a criação de mídias e o empacotamento automatizado dos objetos
produzidos.
O AVA MOODLE foi essencial para fornecer um local onde o repositório
poderia ser disposto. Sua compatibilidade com o SCORM fez com que o
armazenamento e distribuição dos objetos fossem possíveis, além de fornecer um
acompanhamento do usuário, ele permitiu a divisão do curso em módulos, facilitando a
localização dos alunos em suas disciplinas, e fornecendo instrumentos de apoio aos
usuários, como fórum e chat.
Comparando os processos de produção de objetos, podem ser feitas algumas
observações: (i) o RIVED não possui uma fase de revisão cíclica visível, ou seja, uma
fase de testes e verificações repetida todas as vezes que os objetos são alterados, o que é
também observado por Souza et al. (2006); (ii) o ADDIE, proposto por Mustaro et al.
(2007) não considera uma etapa de distribuição dos objetos, o que pode prejudicar o
reuso dos objetos devido a importância da mesma no ciclo de vida de um OA; (iii) outra
etapa que não é prevista pelo processo ADDIE e pelo processo RIVED é o
acompanhamento aos objetos depois de entregá-los ao usuário.
Como próximos passos para o projeto destacam-se a produção de mais objetos
para os demais módulos do curso, criação de um mecanismo para avaliação de objetos
por diversos revisores (prevendo a entrada de outros cursos de ensino a distância) e
atualização do repositório (MOODLE) para versões 1.9 e posteriores.
Referências
Advanced Distributed Learning (2006), Sharable Content Object Referece Model 2004:
overview, 3ª edição.
IMS Global Learning Consortium (2007), “Free The Content: IMS Global Learning
Consortium (IMS GLC) announces new community to support Common Cartridge
Standard”, http://www.imsglobal.org/pressreleases/IMSPRFreetheContent.pdf,
Outubro.
LTSC IEEE (2005), Extensible Markup Language (XML) Schema Definition Language
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Mustaro, P. N., Silveira, I. F., Omar, N. e Stump, S. M. D. (2007), “Structure of
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Souza, M. F. C., Amaral, L. L., Gomes, T. A., Castro Filho, J. A., Pequeno, M. C.
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Souza, M. F. C. , Gomes, D. G., Barroso, G. C., Souza, C. T., Castro, Filho, J. A.,
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Produção de Objetos de Aprendizagem. In: Revista Brasileira de Informática na
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Taylor, J., Slay, J. and Kurzel, F. (2007) “An Ontological Approach to Learning
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