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O trabalho que a seguir se apresenta tem como principal objectivo fazer uma
viagem aos aspectos mais relevantes da evolução da ciência, presentes no livro “Um
Discurso Sobre as Ciências” de Boaventura Sousa Santos.
Nesta altura reveste-se de particular importância esta análise pois a evolução da
Ciência constitui um ponto de relativa importância no âmbito da disciplina de Métodos
e Técnicas de Investigação Social, leccionada pela Professora Doutora Ana Paula
Cardoso.
A execução do trabalho contou com a supervisão da referida Professora Doutora,
podendo-se distinguir-se duas fases. Uma primeira, que incluiu o contributo dos colegas
da turma, na obtenção das respostas às perguntas propostas pela docente. E, uma
segunda fase, esta sim mais exaustiva, que resultou na reestruturação, correcção e
compilação dessas mesmas respostas, e consequente elaboração deste humilde legado.
Contudo e, tendo em conta os quase doze anos após a edição da fonte
bibliográfica deste manuscrito, aqui se expõem os aspectos mais importantes acerca da
evolução da Ciência.
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- Como é que o autor caracteriza o tempo científico presente?
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Temos de questionar se todo este conhecimento científico que possuímos traz algo de
favorável ou, pelo contrário, desfavorável para a nossa felicidade. As nossas perguntas
podem ser simples mas as respostas certamente não o serão. Estamos no fim de um
ciclo de hegemonia de uma certa ordem científica.
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- Refira-se, sucintamente, à emergência da ciência moderna e ao seu
percurso de afirmação durante os séculos XVIII e XIX.
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- Explicite o pressuposto referido neste extracto de texto.
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- as ciências sociais não estabelecem leis universais, uma vez que os
acontecimentos sociais são condicionados por factores histórico/culturais;
- as ciências sociais não podem produzir previsões a nível comportamental,
porque os seres humanos modificam o seu comportamento em função do conhecimento
que sobre ele se adquire, por se considerarem os factos sociais com natureza subjectiva;
- os fenómenos sociais têm um elevado índice de subjectividade e como tal não
se deixam captar totalmente pela observação objectiva e rigorosa;
- as ciências sociais não são totalmente objectivas porque o cientista social,
enquanto tal, não pode libertar-se dos valores que informam e condicionam a sua
actividade prática.
As ciências sociais têm como objectivo primeiro a obtenção de um
conhecimento intersubjectivo, descritivo e compreensivo, em desfavor de um
conhecimento objectivo, explicativo e nomotético tão próprio das ciências naturais.
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Tendo em conta que a crise do paradigma dominante é o resultado interactivo de
uma pluralidade de condições teóricas e sociais, as distinções básicas em que assenta
este paradigma vão, de acordo com o autor, seguramente falhar.
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simultaneamente os erros da medição da velocidade e da posição das partículas; o que
for feito para reduzir o erro de uma das medições aumenta o erro da outra”. Ou seja, o
sujeito interfere no objecto observado. Desta forma, o nosso conhecimento é limitado e
só podemos conseguir resultados aproximados e assim, as leis da física são apenas leis
probabilísticas.
O terceiro factor surge com as investigações de Gödel que vêm demonstrar que o
rigor matemático também carece de fundamento, e isso põe em causa, também, o rigor
das leis da natureza.
Finalmente, o quarto factor teórico está ligado aos avanços do conhecimento nos
domínios da Microfísica, da Química e da Biologia que se verificaram nos últimos vinte
anos. Estes avanços mostram-nos uma nova concepção da matéria e da natureza, o que
fez alterar ou mesmo substituir a forma como determinados princípios eram vistos.
Assim, “em vez de eternidade, a História; em vez do determinismo, a imprevisibilidade;
em vez do mecanicismo, a interpenetração, a espontaneidade e a auto-organização; em
vez da reversibilidade a irreversibilidade e a evolução; em vez da ordem, a desordem;
em vez da ordem, a desordem; em vez da necessidade, a criatividade e o acidente”
(Santos, 1990, p.28).
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Esta corrente nasceu em contrapondo ao positivismo do século XIX o qual gerou
uma aversão, por parte dos cientistas, pela reflexão filosófica, ou seja, a Ciência
procurava exaustivamente encontrar uma justificação universal e objectiva aos
problemas, sem reflectir sobre estes. Assim, exacerbados pelo enorme desejo de
conhecimento de nós próprios e dos problemas que nos rodeiam, os cientistas, para além
de recorrerem à ciência, começaram, também, a alicerçar-se na filosofia como meio de
problematizar a sua prática científica.
A segunda faceta de análise assenta em questões, anteriormente de carácter
sociológico, como são as análises dos contextos socioculturais, e a análise dos modelos
organizacionais da investigação científica, que na actualidade ocupam um relevante
papel na reflexão epistemológica.
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em favor da do cientista” (Santos, 1990, p.32). Assim, o conhecimento ganha em rigor
mas perde em riqueza e retumbância dos êxitos de intervenção tecnológica, reflectindo
os limites da compreensão humana sobre o mundo.
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autor explica, esta noção não se circunscreve, simplesmente, a uma mudança científica,
mas implica, também, uma revolução social.
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ignorante especializado ou seja, que apenas detém conhecimento de uma parte muito
específica do saber e claro isso acarreta efeitos negativos sobretudo nas ciências
aplicadas. Por exemplo, o médico vê o doente como apenas uma pequena quadrícula do
que realmente é o corpo humano.
São notórias todas as desvantagens desta parcelização ou disciplinarização do
conhecimento, mas não se tem conseguido corrigir este “problema”. A solução
provavelmente não existe no seio do paradigma dominante.
Assim, no paradigma emergente, o conhecimento é total e tem como horizonte a
totalidade universal ou a totalidade indivisa: “todo o conhecimento é local e total”. Este
conhecimento baseia-se em temas que são adoptados por grupos sociais concretos como
projectos de vida locais. A fragmentação pós-moderna não é disciplinar mas sim
temática. Os temas são galerias por onde os conhecimentos progridem ao encontro uns
dos outros. Ao contrário do paradigma actual, o conhecimento avança à medida que o
objecto se amplia, abrangendo as mais diversas vertentes do problema.
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“Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum”
(Santos, 1990, p. 55).
- Explique, em linhas gerais, o sentido desta afirmação.
Esta tese afirma, basicamente, que a ciência pós-moderna deve dialogar com
outras formas de conhecimento, em particular com o conhecimento do senso comum.
Deste modo, considera-se que “tal como o conhecimento se deve traduzir em auto-
conhecimento, o desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida”
(Santos, 1990, p.57), num saber prático, que ensina a viver.
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