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Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou
Neste ponto, a conversa estragou-se. Imitao? estranhou a flor do saco de guardanapo. Imitao de qu? Imitao de uma flor verdadeira respondeu a flor pintada na jarra. Ora essa! Eu sou uma flor incomparvel, uma flor bordada, verdadeiramente bordada com toda a verdade da arte. Agora, enfim, estava a dizer o que pensava. No lhe ficou atrs a outra flor: Verdadeira obra de arte sou eu. No h flor pintada mais autntica, pode crer. Argumentaram, discutiram, zangaram-se. Perderam a elegncia do trato. Passaram a dizer mais do que pensavam: Voc uma reles imitao dizia a flor pintada. E voc uma falsificao barata dizia a flor bordada. Nisto, mos femininas vieram colocar uma flor na jarra, at ento vazia. Qual o tema da discusso? quis saber a recm-vinda, debruada da jarra. Puseram-na a par da disputa e logo a nova flor, que era dotada de um caule esguio, folhagem vaporosa e ptalas gentis, rodopiou na jarra de porcelana, para dizer, num risinho de superioridade: No sejam ridculas e olhem para mim. Haver flor mais encantadora e mais verdadeira do que eu? As duas outras calaram-se. Afinal, a flor de folhas frgeis, que qualquer corrente de ar agitava, a flor de longa haste, mergulhada na jarra, que tinha razo. 2
APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros
Aqui para ns e em segredo, diremos que tambm no tinha razo nenhuma. Pois se ela era apenas uma simples flor de papel... FIM
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