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“Tráfico de doenças” – “Disease mongering”

Laboratórios definem novas patologias


em busca de mais opções de mercado
Empresas estão por trás de relatórios feitos para criar
necessidades

10/10/2008

Por Javier Sampedro,

O raloxifeno (Evista, do laboratório Lilly) reduz em 75% o risco de


fratura nas mulheres depois da menopausa. O ropirinol (Requip, da
Glaxo) alivia a síndrome das pernas inquietas, que afeta 20% da
população, e o metilfenidato (Ritalina, da Novartis) atenua a
hiperatividade, de que sofrem 8% das crianças. Prolifera a
disfunção sexual feminina, cresce o transtorno bipolar, aumenta a
osteopenia.

Tudo o que está acima é verdade. Mas não é toda a verdade,


porque as estatísticas estão desviadas: embora sejam tecnicamente
corretas, vêem o problema de uma perspectiva artificial. E são a
chave do emergente debate sobre o "tráfico de doenças" (disease
mongering).

É uma expressão carregada, e de forma intencional. Foi promovida


pelo jornalista australiano Ray Moynihan, que hoje trabalha na
Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Newcastle
(Austrália). E quer denunciar "a venda de doenças através da
ampliação das fronteiras do patológico, a fim de abrir
mercados para os que vendem e administram os tratamentos"
("PLoS Medicine", maio de 2008).

Embora a expressão "disease mongering" tenha sido apropriada


pelo movimento antipsiquiátrico e a seita da Cientologia, o
debate é sério e chegou à literatura técnica. E também aos
responsáveis pela saúde pública. O Conselho de Saúde de Madri,
por exemplo, exigiu no ano passado que as firmas Lilly e Procter &
Gamble abrandassem a promoção de seus produtos (Evista e
Actonel) para prevenir fraturas.

"Na Europa as companhias farmacêuticas já estão comercializando


seus medicamentos para evitar fraturas em mulheres com
osteopenia [ligeiro déficit de massa óssea] e outras condições que,
segundo seus cálculos, afetam quase a metade das mulheres após
a menopausa", afirma o médico Pablo Alonso, do departamento de
epidemiologia clínica e saúde pública do hospital de Sant Pau.

Alonso é o principal autor de um estudo sobre o disease


mongering e a osteopenia publicado este ano pelo "British Medical
Journal". Sua conclusão é que "foram exagerados os riscos da
osteopenia e subvalorizados os efeitos secundários dos
produtos farmacêuticos". Ele se refere a quatro princípios ativos:
raloxifeno, alendronato, risedronato e ranelato de estrôncio.

Esses produtos provaram sua eficácia para evitar as fraturas nas


mulheres com osteoporose. A questão é se é preciso estendê-los à
muito mais comum osteopenia. A indústria se apóia para isso em
quatro trabalhos científicos publicados nos últimos anos, como o
que abria este artigo: "O raloxifeno reduz em 75% as fraturas por
osteopenia".

Parece um argumento contundente. Mas a estatística está falseada.


O matemático John Allen Paulos explica esse tipo de desvio em
seu livro "Um matemático lê o jornal": há uma usina química
poluente nas proximidades e um estudo concluiu que o risco de um
tipo raro de câncer duplicou no bairro. Naturalmente, todo mundo o
abandona.

Mas não deveria, porque esse câncer é tão raro (digamos que afeta
0,0003% da população em geral) que a duplicação de seu risco (até
0,0006%) é desprezível. No caso das mulheres com osteopenia,
seu risco de fratura é tão baixo que reduzi-lo 75% é pouco
relevante: seria preciso medicar 270 mulheres durante três anos
para evitar uma única fratura, segundo calculam Alonso e seus
colegas.

Mas há mais que isso. Os possíveis efeitos secundários do


ranelato – causa diarréia, e há dúvidas sobre suas conseqüências
cardiovasculares e neurológicas – não são mencionados em
nenhum momento. Tampouco os do raloxifeno, apesar de aumentar
o risco de tromboses e ataques cardíacos. Nem as seqüelas
gastrointestinais do alendronato.

Para terminar, o trabalho sobre o produto da Lilly traz a assinatura


de três funcionários da Lilly; o da substância da Merck não só foi
financiado pela Merck como três de seus autores reconhecem
conflitos de interesse; o do medicamento distribuído na Espanha
pela Procter & Gamble inclui dois especialistas da Procter &
Gamble; o do produto do laboratório Servier traz a assinatura de
três consultores da Servier, que também financiou o estudo.

A própria definição de osteopenia está sob a mira dos


especialistas em tráfico de doenças. O critério se baseia na
densidade mineral dos ossos. Se for muito menor que o normal (2,5
desvios padrão abaixo da média), é diagnosticada osteoporose. Se
não for tanto (entre 1,0 e 2,5 desvios padrão abaixo da média) é
diagnosticada osteopenia.

Na realidade, esses critérios foram publicados em 1994 por um


pequeno grupo de estudo associado à Organização Mundial da
Saúde (OMS) e não pretendem ser uma pauta de diagnóstico –
seus próprios autores os consideram "um tanto arbitrários" –, mas
uma mera ajuda para normalizar os estudos epidemiológicos.
Alonso também salienta que o grupo da OMS tinha financiamento
dos laboratórios Rorer, Sandoz e SmithKline Beecham.

A indefinição dos critérios diagnósticos é um assunto comum no


debate do tráfico de doenças. Os pesquisadores Lisa Schwartz e
Steven Woloshin, da Universidade de Dartmouth, afirmam que a
incidência da síndrome das pernas inquietas "foi exagerada para
abrir mercados para novos medicamentos". Apresentaram as
evidências no 1º congresso internacional dedicado ao tráfico de
doenças, realizado há dois anos em Newcastle, Austrália.

Na mesma reunião a psiquiatra da Universidade de Nova York


Leonor Tiefer documentou o papel da indústria farmacêutica "na
criação de uma nova patologia chamada disfunção sexual
feminina". E outro psiquiatra, David Haley, da Universidade de
Cardiff, criticou "a crescente promoção do transtorno bipolar e
dos remédios para tratá-lo".

A discussão torna-se mais delicada quando afeta alguns tipos de


câncer. Por exemplo, o governo espanhol autorizou há um ano a
comercialização da vacina contra o vírus do papiloma humano para
prevenir o câncer de colo de útero, e propôs às comunidades
autônomas sua inclusão no calendário de vacinações do Sistema
Nacional de Saúde (SNS). Alemanha, Reino Unido, Bélgica, França
e Dinamarca já tinham tomado medidas semelhantes. A vice-
presidente do governo espanhol, María Teresa Fernandez de la
Vega, explicou que o câncer de colo uterino é o segundo tumor
mais freqüente entre as mulheres, e que provoca 280 mil mortes
anuais no mundo. Na Espanha surgem a cada ano 2.100 novos
casos.

A maioria dos especialistas apóia essa decisão, mas nem todos. O


SNS "não tomou a decisão mais racional possível", diz um grupo de
seis pesquisadores encabeçado por Carlos Álvarez-Dardet,
catedrático de saúde pública na Universidade de Alicante e diretor
do "Journal of Epidemiology and Community Health".

Esses especialistas estimam o custo mínimo da medida em 125


milhões de euros por ano (cada vacina custa 465 euros). E
calculam que "quando se começarem a prevenir os primeiros casos
de câncer, dentro de 30 anos, o SNS terá gastado 4 bilhões. Evitar
uma única morte terá custado então 8 milhões de euros". Cada ano
morrem por esse câncer na Espanha 600 mulheres, um índice de
duas mortes por 100 mil mulheres em idade de risco.

Com um medicamento de eficácia comprovada, os argumentos


econômicos podem ser secundários, mas esse não é o caso da
vacina contra o papiloma, segundo esses especialistas em saúde
pública. O câncer de útero costuma demorar décadas para se
desenvolver, e o mais antigo teste clínico de fase III começou há
quatro anos. "A vacina foi promovida como uma ferramenta eficaz
na prevenção do câncer de colo uterino, mas essa evidência
científica ainda não existe", afirmam.

Esse vírus, porém, causa uma das infecções sexualmente


transmissíveis mais comuns. Costumam ceder antes de dois anos,
mas se persistirem podem evoluir para um câncer em 20 ou 30
anos. Há mais de cem variedades do vírus, mas as vacinas
autorizadas (Gardasil, da MSD, e Cervarix, da GSK) previnem
contra as que causam 70% dos casos de câncer cervical.

Uma equipe de pesquisadores dirigida por Teresa Ruiz Cantero, do


departamento de saúde pública da Universidade de Alicante,
estudou as estratégias de comunicação dos laboratórios,
concentrando-se em medicamentos para a menopausa e a
disfunção erétil.

Também aqui uma estratégia comum é "ampliar o leque de


indicações" através da "extensão da enfermidade de quadros
graves para sintomas mínimos. Os medicamentos hoje são
consumidos por populações saudáveis e fora das indicações
iniciais".

Segundo Ruiz Cantero, foram enviadas mensagens do tipo "mais


da metade dos homens maiores de 40 anos tem problemas de
ereção", que são "uma clara manipulação, mensagens
tendenciosas e simplistas que aumentam a percepção de que o
problema é muito prevalecente, praticamente epidêmico".

Esses especialistas lembram que o objetivo da OMS é fazer um uso


racional do medicamento, o que não será alcançado se a indústria
elevar as prevalências ou não incluir toda a informação na
publicidade do medicamento. A OMS certamente também fala da
"busca da verdade" na medicina.

"Deveria se propiciar um concerto das universidades espanholas


para regular o uso de seu nome em campanhas de marketing das
empresas farmacêuticas", diz Ruiz Cantero. "E para impor
transparência sobre o financiamento das pesquisas universitárias."
As associações de pacientes também deveriam divulgar quais
empresas as financiam.

A Internet poderia ajudar, mas está cheia de informação sobre


medicamentos difundida por seus próprios fabricantes. Ruiz
Cantero acredita que o Ministério da Saúde deve liderar a
informação na Internet. "Assim os demais sites institucionais teriam
de atualizar periodicamente sua informação." As conclusões do
estudo foram publicadas pelo Instituto da Mulher.

O diretor da Federação Internacional de Produtores Farmacêuticos,


Harvey Bale, defendeu no ano passado, em uma reunião de
consumidores de cem países, a capacidade da indústria de
promover seus medicamentos de forma ética. Mas só depois de
admitir certos "exemplos de superpromoção exagerada".

A patronal farmacêutica britânica editou um folheto para jornalistas


no qual admite que o número de doenças está crescendo, mas
argumenta que as empresas do setor não são responsáveis por sua
definição. A Glaxo, por sua vez, nega que a promoção de seu
medicamento para a síndrome das pernas inquietas seja um caso
de tráfico de doenças.
"Parte do problema é que a indústria gasta em promoção cerca de
25% de sua cifra de vendas, quase o dobro que em pesquisa",
afirma Moynihan.

As estratégias de marketing, segundo esse especialista, incluem


anúncios na televisão sobre "remédios para o estilo de vida",
campanhas de conscientização pública sobre novas doenças e o
"financiamento de associações de pacientes e médicos".

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Fonte:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2008/10/10/ult581u2833
.jhtm

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DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
REPORTAGEM COMPLETA

Primeira reportagem da Série: “RECEITA MARCADA ”

02 de julho de 2008 (Quarta-feira)

No dia 02 de julho de 2008, o Jornal da Band apresentou uma


reportagem (será apresentada uma série de reportagens sobre
o tema), denunciando a indústria farmacêutica. O vídeo da
reportagem pode ser visto, acessando o link abaixo:

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

“Exclusivo, comida boa, hotéis de luxo, passeios com a família,


esses são alguns dos presentes que os laboratórios distribuem em
todo o país, para que médicos indiquem os seus remédios aos seus
pacientes. Na primeira reportagem da série “Receita Marcada”, o
Jornal da Band denuncia o prejuízo ao consumidor com esta
relação entre a indústria farmacêutica e a classe médica.”

“Convites para simpósios em hotéis de luxo no Brasil e no exterior


com tudo pago, jantares regados a muita comida e bebida alcoólica,
brindes e sorteios de eletro-eletrônicos; desde o primeiro ano da
faculdade de Medicina, os alunos já são assediados por
funcionários da indústria farmacêutica.”

“A gente recebe uma amostra grátis aqui, faz uso de uma coisa ou
outra, que, no final, o medicamento chega muito caro no mercado.”

“O orçamento mensal de Dona Regina foi prejudicado, o médico da


pensionista receitou um remédio que custa R$87,00 para
hipertensão, e disse que ela não poderia comprar o genérico.”

“Eu vou mudar de médico para ver se o outro tem a mesma


opinião.”

“O importante é que ele (o médico) mencione na prescrição dele, o


nome do genérico, e diga ao paciente que “este é o genérico”, e
existem muitas opções, e este tipo de franqueza, de informação, é
uma obrigação ética do médico.”

“A maioria das pessoas confia na prescrição médica”. “A marca


você segue o que o médico manda.”

“É disso que os laboratórios se aproveita: do desconhecimento.


Para vender os remédios, a indústria farmacêutica conta com
equipes, que visitam com freqüência, os médicos nos consultórios.
Além de oferecer amostras grátis, os chamados ‘propagandistas’
dão PRESENTES aos profissionais da medicina. Este homem, que
é propagandista há quatro anos, conta como é a relação com os
médicos:

-- O que que um médico pede em troca, para prescrever os


medicamentos do laboratório?
-- Muitas vezes o médico pede jantares, que o laboratório pague
alguns congressos e pague algumas viagens.

“Esta prática é muito mais comum do que se imagina nos


consultórios médicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS) 75% dos remédios prescritos não são adequados. A cada 42
minutos, uma pessoa é intoxicada, pelo uso indevido de
medicamentos no Brasil; muitas vezes, o paciente nem precisa
tomar remédios.”

“Nossa equipe acompanhou um jantar, promovido por um


laboratório, nesta churrascaria em São Paulo. Foram convidados 60
médicos, alguns deles levaram parentes.” (...)

“O laboratório que organizou o jantar, não promoveu uma palestra


com especialista médico, apenas apresentou um de seus produtos.
Esta prática é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Depois do jantar, todos os médicos agradeceram a
cortesia.” (...)

“Em maio, o Laboratório Novartis, patrocinou um Congresso sobre


osteoporose, de sexta a domingo, neste resorte em Florianópolis.
Passagem aérea e hospedagem de graça, e um desconto especial
para os acompanhantes de 50 médicos. Na manhã de sábado, eles
assistiram a 4 palestras. O restante do fim de semana foi livre. Na
maioria das vezes, os profissionais convidados são os que mais
indicam os medicamentos do laboratório que patrocina o evento.
Para verificar a venda dos produtos, e quem prescreveu, a indústria
farmacêutica negocia cópias das receitas médicas com as
farmácias.” (...)

“E quanto mais consumo, mais dinheiro para a indústria


farmacêutica. O setor fatura por ano R$ 28 BILHÕES DE REAIS NO
PAÍS, 30% são investidos em marketing.”

“Em nota o Laboratório Novartis, que patrocinou o congresso em


um hotel de luxo em Florianópolis, alega que o evento teve cunho
científico, e que o objetivo do encontro foi atualizar os profissionais
de saúde.”

“E amanhã, o Jornal da Band vai mostrar como os propagandistas


agem em hospitais, Universidades e farmácias. Até amostras de
remédios com tarja preta, que são proibidos, portanto, são
oferecidos aos médicos.”

Fonte:
Jornal da Band – 02/07/2008, primeira reportagem da série “Receita
marcada”.
Para assistir ao vídeo da reportagem, utilize o link abaixo:
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

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DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Segunda reportagem da Série: “RECEITA MARCADA”

“LABORATÓRIOS PROMOVEM SORTEIOS PARA MEDICAÇÃO


DE SEUS REMÉDIOS”

O vídeo desta reportagem pode ser visto no link abaixo:

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92261&CN
L=1

03 de julho de 2008 (Quinta-feira)

“Exclusivo, laboratórios sorteiam computadores, DVDs e até


automóveis entre médicos, para que eles receitem seus
medicamentos para pacientes. Uma estratégia “ilegal” flagrada por
nossa reportagem. Na série “Receita Marcada” você também vai ver
como agem os propagandistas da indústria farmacêutica em
hospitais, e até em Universidades. Amostras de remédios com tarja
preta, de uso “controlado”, também são oferecidas aos médicos.”

“Eles estão nos corredores dos hospitais, na porta dos consultórios,


nas universidades de Medicina. É só o médico ter um intervalo, que
os propagandistas dos fabricantes de remédios, aparecem com
amostras grátis, panfletos e brindes de todos os tipos: rádio-relógio,
livro, caneta, pen-drive e até bichinho de pelúcia. Este ortopedista,
caminha pelo corredor do Hospital de Clínicas de São Paulo, o
maior da América Latina, com uma caixa de medicamentos que
ganhou. Esta médica sai com uma sacola cheia de presentes.”

“Eu ganhei canetas, amostras (de remédios) e toalha.”


“Alguns chegam a pedir de tudo em troca da prescrição: “Tem um
médico que queria reformar o consultório. Ele falou: “Olha, eu
queria reformar o consultório, o que o laboratório vai me dar?”

“Este propagandista disse que a relação com grande parte dos


médicos, é de pura troca de interesses: “Na realidade, o
propagandista vê o médico como uma fonte para gerar capital de
vendas para o laboratório. O médico já olha como uma fonte de
interesse particular.”

“Riad Younes, Diretor do Hospital Sírio Libanês, diz: “São


relacionamentos, são patrocínios, são ajudas, que podem,
teoricamente, influenciar a decisão do médico, e esta decisão não é
mais independente e é aí que mora o problema.”

“A distribuição de amostras grátis de remédios de tarja preta é


ilegal, ainda assim, esta propagandista confirma que entrega
medicamentos controlados aos médicos:

-- “O que for liberado de amostra de tarja preta tem que constar o


carimbo no protocolo e a quantidade.”

-- “Então o propagandista pode levar (amostra de tarja preta)?”.

-- “Pode.”

“Os funcionários do Laboratório Ápice, fizeram um vídeo para contar


a rotina de trabalho; a paródia, que circula pela internet, fala da
relação com os médicos.” – “O médico amigo, que pediu
investimento, cobrou o patrocínio pra poder ir pro evento. A verba
está regada e o cara me pediu.”

Rodrigo Hidalgo (São Paulo): “Além da distribuição de brindes os


laboratórios investem em sorteios de produtos caros, o que é
proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fabricantes já sortearam entre os médicos que participaram de
congressos e simpósios como este no país, computadores
portáteis, aparelhos de TV e até carros.”

“E em um evento, promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia


Digestiva, em São Paulo, esta empresa definiu um estratégia para
chamar a atenção dos profissionais da medicina:
-- “Vai ter sorteio de que?”

-- “DVDKaraokê. Amanhã faremos o último sorteio. Vocês querem


preencher?”

“A Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica, acredita que o


desvio de conduta dos médicos não é comum:

-- “O importante é que são casos que devem ser trados com focos
em cima destes casos, e não se pode generalizar para a atividade
de toda a indústria e de todos os profissionais médicos.” (Ciro
Mortella, Presidente da Federação Brasileira da Indústria
Farmacêutica).

“Para tentar acabar com as práticas ilegais, a Anvisa vai mudar a


regulamentação do setor:

-- “Por exemplo, a amostra grátis, ela fica proibida de ser distribuída


em congressos médicos. E o espaço previsto por lei, para receber e
utilizar esta amostra grátis, é o seu consultório”. (Maria José
Delgado – Gerente Fisc. Prop./ ANVISA)”

“Enquanto isso, negociações proibidas continuam. Nesta farmácia,


a nossa equipe conseguiu, o que devia ser confidencial, a relação
de médicos que prescrevem medicamentos de tarja preta:

-- “Posso te passar, né? As receitas do dia-a-dia. Posso te passar o


número do CRM, ta?”

Fonte:
Jornal da Band, 03 julho 2008, segunda reportagem da série
“Receita Marcada”.

O vídeo desta reportagem, pode ser vista no link abaixo:


“Laboratórios promovem sorteios para a medicação de seus
remédios”.

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92261&CN
L=1

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Link do vídeo da primeira reportagem da série “Receita Marcada”,
abaixo:
“Denúncia do Jornal da Band sobre a indústria farmacêutica”.

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Terceira reportagem da Série: “RECEITA MARCADA”

“título...”

04 de julho de 2008 (Sexta-feira)

( ... )

... procurou outra opinião médica, e descobriu que Pedro não


precisa tomar o medicamento.”

“Ainda estou nesta prática, mais do amor mesmo, do carinho, da


atenção.”

-- Então, é o jeito dele?


-- É o jeito, tem que saber entender ele.

“O remédio (Ritalina) é controlado, e só pode ser vendido com este


tipo de receita, de cor amarela. Mas é fácil encontrar a droga, sendo
vendida livremente pela internet. No Brasil nos últimos quatro anos,
houve um aumento de 930% na venda da Ritalina. Em São José do
Rio Preto, no interior de São Paulo, 12 mil comprimidos foram
vendidos por mês em 2007. Segundo o Ministério da Saúde, a
cidade é uma das que mais prescrevem o medicamento.”

“Eu acho que houve um excesso de rótulos, muitas crianças que


não se adequavam ao comportamento em sala de aula, eram
rotuladas de crianças com déficit de atenção.” (Maria do Rosário
Laguna – Sec. Mun. Educação)
“Segundo especialistas, o crescimento do consumo do remédio,
está ligado ao marketing agressivo dos fabricantes. Cerca de 70%
das crianças que tomam o remédio não tem a doença.”

“A indústria farmacêutica na minha opinião, cria as doenças, para


que, os sujeitos possam então consumir medicamentos, para de
certa forma apaziguar, ou diminuir estes sintomas provocados por
esta doença”. (Kátia Forli Bautheney – Psicanalista/USP)

“Para chamar a atenção para a eficácia do produto, e induzir o


tratamento, os dois laboratórios que fabricam o “Cloridrato de
metilfenidato” divulgam pesquisas encomendadas e opiniões
médicas sobre o assunto. Este artigo diz que uma cada três
crianças com o transtorno é reprovada na escola. Quem informa, é
o Laboratório Janssem-Cilag Farmacêutica, que produz o
“Concerta”, concorrente da ritalina. Este é o mais novo estudo
científico sobre o tema(*), produzido pelo Instituto de Psiquiatria da
Univerdade Federal do Rio de Janeiro. Quem patrocinou o trabalho,
foi o Laboratório Janssem-Cilag Farmacêutica. Quem toma o
medicamento sem precisar, sofre com os efeitos colaterais.”

“Cefaléia, alteração do sono e alteração do apetite, são


relativamente comuns.” (Fábio de Nazaré – Neurologista)

“Este menino toma Ritalina de segunda a sexta-feira para se


concentrar na sala de aula.”

-- “E sábado e domindo? Quando você não toma, como é que você


fica? (repórter)
-- “Agitado”. (Pablo Barboza, 8 anos)
-- “Faz o que?”
-- “Fico brincando”.

“Para vender mais, os laboratórios facilitam o acesso ao remédio.”

“O famoso Ritalina o acesso é fácil. Você consegue em qualquer


carro de representante.”

“Os norte-americanos consomem 90% da produção mundial da


Ritalina. Nos Estados Unidos, o assunto é tratado como uma
epidemia. O governo tem promovido campanhas nas escolas, para
informar que nem todas as crianças precisam tomar o
medicamento. O Brasil, caminha no sentido contrário”.
“Hoje em dia prevalece, na minha opinião, na indústria
farmacêutica, aquilo que a gente chama brincando de “capitalismo
selvagem”, a “ganância”, o “lucro a qualquer custo”. (Raul Gorayeb
– Psiquiatra/ UNIFESP).

“Em nota, o Laboratório Janssem-Cilag, fabricante do “Concerta”,


afirmou que não interfere nos resultados das pesquisas científicas
que patrocina. Já o Laboratório Novartis, do remédio Ritalina, não
se pronunciou”.

___________________
(*) publicado no “Jornal Brasileiro de Psiquiatria”. Nome do artigo: “Transtorno
de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na prática clínica”; Editor
convidado: Paulo Mattos. /Patrocinador deste trabalho: Janssem-Cilag
Farmacêutica.
J. bras. psiquiatr. vol.56 suppl.1 Rio de Janeiro 2007
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na prática clínica
Attention deficit hiperactivity disorder (ADHD) in the clinical practice

Fonte:
Jornal da Band – 04 julho 2008 – sexta-feira – Terceira reportagem da
série “Receita Marcada” – Denúncia do Jornal da Band sobre a Indústria
Farmacêutica.

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