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insignificância
31/08/2011 - 11:07 1037 views - 5 comentários
No julgamento do REsp 1.179.690/RS, a Sexta Turma do STJ entendeu que não se pode afastar
a tipicidade material da conduta da doméstica que furta seus empregadores. O fundamento foi no
sentido de que a quebra da relação da confiança existente entre vítima e acusada torna a conduta
reprovável o bastante para não ser insignificante.
http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=102992. Acesso
em 30 ago. 2011.
Num caso, cuja lesão aos cofres públicos é de R$ 13,00 nega-se o princípio da insignificância;
noutro, se a lesão ao erário for de até R$ 10.000,00 reconhece-se a bagatela. A distinção,
portanto, não está no valor da lesão aos cofres públicos (embora devesse estar). No caso do
peculato, a particularidade que afasta a incidência do princípio da insignificância é a relação
jurídica do infrator com a administração pública, pois nesse caso, além do aspecto patrimonial a
Corte considera também a “moral administrativa” na análise do princípio da insignificância. No
caso do descaminho, a particularidade que autoriza a incidência do princípio é o fato da própria
administração reconhecer que a quantia de R$ 10.000,00 é ínfima aos cofres públicos, ao
renunciar à execução fiscal de valores que não ultrapassem esse montante.
O STJ e o STF também vêm reiteradamente decidindo que as condições pessoais do infrator
devem ser analisadas na aplicação do principio da insignificância. Nesse sentido veja-se julgado
do STJ, referindo-se a julgado do STF: “comportamentos contrários à lei penal, mesmo que
insignificantes, quando constantes, devido a sua reprovabilidade, perdem a característica de
bagatela e devem se submeter ao direito penal.” (STF, HC 102.088/RS, 1.ª Turma, Rel. Min.
CÁRMEN LÚCIA, DJe de 21/05/2010.)” (STJ, HC 191739/MG). Em outras palavras, a contumácia
do infrator na prática de delitos afasta a incidência do princípio.
No caso de drogas em âmbito militar o STF, várias vezes, aplicou o princípio da insignificância,
em casos envolvendo pequenas quantidades da droga (HC 92.961/SP, cujo fato envolvia a posse
de quatro cigarros de “maconha”). Mas a partir do HC 103.681/DF o Plenário do STF mudou o
critério e passou a entender que a aplicação do princípio da insignificância no porte de droga em
âmbito militar era inviável pois: “(…) o cerne da questão não abrange a quantidade ou o tipo de
entorpecente apreendido, mas a qualidade da relação jurídica entre o usuário e a instituição militar
da qual faz parte, no momento em que flagrado com a posse da droga em recinto sob a
administração castrense. Tal situação é incompatível com o princípio da insignificância penal”.
(HC 107.455/DF). O STF passou a entender que a posse de droga em ambiente militar
compromete a disciplina e hierarquia militares, tornando inaplicável o princípio da bagatela. O
local do crime aqui é o critério para se afastar a bagatela, já quem casos de posse de drogas fora
de estabelecimentos militares o princípio é aplicável.
De tudo quanto foi dito duas conclusões se extraem: 1ª) a análise do princípio da insignificância
se faz a partir de considerações casuísticas, ou seja, a partir da análise das particularidades de
cada situação (ofensa a moral administrativa, forma de execução do crime, contumácia
(antecedentes) do infrator; local onde ocorreu a ação etc, são particularidades que definem a
aplicação ou não do princípio em estudo). Não há um “critério geral” determinante em todos os
casos para a aplicação ou afastamento do princípio da insignificância; 2) a expressividade da
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico não é e nunca foi o único critério a ser considerado na
aplicação jurisprudencial do princípio da bagatela.