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O documento discute a história da infância segundo as pesquisas de Philippe Ariès. Ariès apontou que o conceito de infância foi construído historicamente e que, por muito tempo, as crianças não foram vistas como seres em desenvolvimento, mas sim como adultos em miniatura, sem direitos próprios. Somente a partir do século XVII surgem mudanças na forma como as crianças eram tratadas e percebidas.
O documento discute a história da infância segundo as pesquisas de Philippe Ariès. Ariès apontou que o conceito de infância foi construído historicamente e que, por muito tempo, as crianças não foram vistas como seres em desenvolvimento, mas sim como adultos em miniatura, sem direitos próprios. Somente a partir do século XVII surgem mudanças na forma como as crianças eram tratadas e percebidas.
O documento discute a história da infância segundo as pesquisas de Philippe Ariès. Ariès apontou que o conceito de infância foi construído historicamente e que, por muito tempo, as crianças não foram vistas como seres em desenvolvimento, mas sim como adultos em miniatura, sem direitos próprios. Somente a partir do século XVII surgem mudanças na forma como as crianças eram tratadas e percebidas.
voz a diferentes documentos hoje pesquisados e que em determinados perodos testemunharam o papel da criana na sociedade.
Sabemos que a histria da criana registrada a
partir do olhar dos adultos, pois a criana no pode registrar sua prpria histria.
Se fosse o caso de darmos voz a essas crianas,
certamente ouviramos histrias de crianas relatando momentos de alegria, encontrados no amor da famlia, no direito respeitado, nos espaos para brincadeiras, enfim, nos encantos de sua vida, a partir da vivncia de situaes agradveis e felizes.
Por outro lado, ouviramos, tambm, histrias de
incompreenses sofridas, tristezas, atos de injustia, violncia fsica e moral, desamparo, enfim, os desencantos com a vida a que um grupo grande de crianas est exposto.
Diante disso, temos uma indicao de que a infncia no
acontece da mesma forma para todas as crianas e as histrias se diversificam a cada experincia.
A questo de que todos os indivduos nascem bebs e
sero crianas at um determinado perodo, independente da condio vivida, inegvel, entretanto, tal premissa nem sempre foi percebida dessa maneira e por diversos perodos se questionou qual era o tempo da infncia e quem era a criana.
O pesquisador francs Philippe Aris, em sua obra
Histria Social da Criana e da Famlia, publicada em 1960, vai apontar que o conceito ou a ideia que se tem da infncia foi sendo historicamente construdo e que a criana, por muito tempo, no foi vista como um ser em desenvolvimento, com caractersticas e necessidades prprias, e sim como um adulto em miniatura.
Nesse sentido, a histria da infncia surge como
possibilidade para muitas reflexes sobre a forma como entendemos e nos relacionamos atualmente com a criana.
ARIS considerado o precursor da
histria da infncia, pois foi atravs de estudos realizados por ele com variadas fontes, como a iconografia religiosa e leiga, dirios de famlia, dossis familiares, cartas, registros de batismo e inscries em tmulos, que surgem os primeiros trabalhos na rea de histria, apontando para o lugar e a representao da criana na sociedade dos sculos XII ao XVII.
A histria da criana contada por Aris
...
A criana seria vista como substituvel, como ser produtivo
que tinha uma funo utilitria para a sociedade, pois a partir dos sete anos de idade era inserida na vida adulta e tornava-se til na economia familiar, realizando tarefas, imitando seus pais e suas mes, acompanhando-os em seus ofcios, cumprindo, assim, seu papel perante a coletividade.
A histria da criana contada por ARIS, destaca que as
crianas foram tratadas como adultos em miniatura: na sua maneira de vestir-se, na participao ativa em reunies, festas e danas.
Os adultos se relacionavam com as crianas sem
discriminaes, falavam vulgaridades, realizavam brincadeiras grosseiras, todos os tipos de assuntos eram discutidos na sua frente, inclusive a participao em jogos sexuais.
Dessa forma, as crianas eram submetidas e preparadas
para suas funes dentro da organizao social.
O desenvolvimento das suas capacidades se d a partir
das relaes que mantm com os mais velhos.
O autor destaca, ainda, que foram sculos de altos ndices
de mortalidade e de prticas de infanticdio.
As crianas eram jogadas fora e substitudas por outras
sem sentimentos, na inteno de conseguir um espcime melhor, mais saudvel, mais forte que correspondesse s expectativas dos pais e de uma sociedade que estava organizada em torno dessa perspectiva utilitria da infncia.
O sentimento de amor materno no existia, segundo o
autor, como uma referncia afetividade.
As crianas sadias eram mantidas por
questes de necessidade, mas a mortalidade tambm era algo aceito com bastante naturalidade.
Outra caracterstica da poca era
entregar a criana para que outra famlia a educasse. O retorno para casa se dava aos sete anos, se sobrevivesse. Nesta idade, estaria apta para ser inserida na vida da famlia e no trabalho.
Nesse contexto, as mudanas com relao ao
cuidado com a criana, s vm ocorrer mais tarde, no sculo XVII, com a interferncia dos poderes pblicos e com a preocupao da Igreja em no aceitar passivamente o infanticdio, antes secretamente tolerado.
Dessa forma, surgiram medidas para salvar as
crianas. As condies de higiene foram melhoradas e a preocupao com a sade das crianas fez com que os pais no aceitassem perd-las com naturalidade.
A mudana cultural, influenciada por todas as
transformaes sociais, polticas e econmicas que a sociedade vem sofrendo, aponta para mudanas no interior da famlia e das relaes estabelecidas entre pais e filhos.
A criana passa a ser educada pela prpria famlia,
o que fez com que se despertasse um novo sentimento por ela.
ARIS caracteriza esse momento como o
surgimento do sentimento de infncia, que ser constitudo por dois momentos, chamados por ele de paparicao e apego.
A paparicao seria um sentimento
despertado pela beleza, ingenuidade e graciosidade da criana. E isto fez com que os adultos se aproximassem cada vez mais dos filhos.
O sentimento de apego surge a partir do
sculo XVII, como uma manifestao da sociedade contra a paparicao da criana, e prope separ-la do adulto para educ-la nos costumes e na disciplina, dentro de uma viso mais racional.