Romance autobiográfico, narrado em forma de diário pelo conselheiro Aires, diplomata aposentado, cuja ação se desenvolve entre 1888 e 1889. Aires narra e reflete sobre sua vida de aposentado; sobre a existência do casal de velhos, Aguiar e D. Carmo; e sobre o casal de Jovens, Tristão e Fidélia. Nesse romance, Machado de Assis reflete sobre a deflagração da abolição da escravatura e, assim como já fizera em Esaú e Jacó, sobre a proclamação da República. A trama principal do enredo gira em torno da reflexão do narrador sobre a existência humana, simbolizada pelo casal de velhos e pelo casal de jovens. Percebem-se no Memorial de Aires a incidência das principais características machadiana: Conversa com o leitor. O intertexto, o interdiscurso e principalmente a intratextualidade. A narrativa intensamente digressiva e metalinguística. A linguagem irônica no tocante à reflexão sobre o comportamento humano e social das classes dirigentes de sua época. Narrado em terceira pessoa, narrador onisciente, Vidas secas é uma narrativa intensamente psicológica, introspectiva, em que abunda o discurso indireto livre. É um romance tipicamente neorrealista, em que se percebem as características pertinentes ao chamado romance de trinta. Estrutura centrada nos conflitos da estrutura de poder no interior do Nordeste, sendo evidente a tensão entre o latifúndio e o sem-terra. De um lado, a classe dominante formada pelo fazendeiro, o soldado amarelo e o cobrador de impostos; de outro, a classe dominada em que se destacam o vaqueiro Fabiano, sua mulher, Sinhá Vitória, o menino mais velho e o menino mais novo. Fabiano e sua família são coisificados e reificados pela estrutura de poder, animalizando-se em sua existência e se tornando impotente. Em consequência da opressão e da violência a que é submetido, tanto em sua relação com a classe dominante, quanto em sua relação com o meio físico, Fabiano perde a capacidade de articular a linguagem, nivelando-se em consequência à cachorra baleia, ou até mesmo ao papagaio. A modernidade de Vidas secas decorre não somente do tema que aborda, mas também por que Graciliano Ramos extrapola o impacto da seca para refletir sobre os conflitos de classe no interior do Nordeste brasileiro. O romance, narrado em terceira pessoa, mas com ponto de vista polifônico bem evidente, em que são pertinentes as vozes dos personagens Coriolano e Lampião, é dividido em, três partes: A primeira, O Cordel de Coriolano, revela o personagem em conflito pela perseguição de Lampião e por querer produzir um cordel; A segunda, Jornada dos pares no Aribé, relata a saga de Lampião pelo sertão de Sergipe, Bahia e Alagoas, além do destino de Zerramo, Maria Melona e de Lampião e Maria Bonita; A terceira, Exemplário de partida e de chegada, retoma a primeira em que Coriolano continua indeciso sobre os rumos de sua vida e o destino dele e dos demais personagens, principalmente de Tio Felipe. O tema do romance gira em torno das transformações que ocorrem no interior do Nordeste devido à industrialização por que passa o país. O regionalismo do romance é revitalizado na linguagem, em que se observa um estilo mesclado pelo romance de trinta e pela linguagem estilizada de Guimarães Rosa. A narrativa é construída de vinte e quatro capítulos, através dos quais o narrador de terceira pessoa vai acompanhando os passos do personagem protagonista, o vampiro Antônio Brás, no Brasil, por cerca de quinhentos anos. Cada capítulo tem, por conseguinte, a finalidade de mostrar momentos importantes da história do Brasil, servindo de guia para esses fatos, a procura pelo vampiro denominado O Velho procedida por Antônio e guidada por Domingos. A narrativa se desenvolve a partir da perspectiva do protagonista e em flash-back, conforme expressa o narrador de terceira pessoa onisciente, logo no primeiro capítulo: “ Pensando no que lhe aconteceu nos últimos quinhentos anos, Antônio Brás concluiu que a vida eterna não valia uma lasca de bacalhau frito no azeite.” A condição de vampiro, ou seja, de imortal, proporciona a Antônio Brás conviver com diferentes personagens da história do Brasil e testemunhar fatos relevantes, como por exemplo, frei Henrique Soares de Coimbra, durante o descobrimento do Brasil; Tiradentes, durante a Inconfidência Mineira, ou Dom Pedro I, no episódio da Independência do Brasil, e com a posse de Fernando Henrique Cardoso. A obra possui onze capítulos, em que o autor reflete sobre as relações entre as engrenagens da crise social brasileira e a fragilidade de nossa cidadania, através de dados provenientes de pesquisas e fatos amplamente divulgados pelos meios de comunicação de massa. Percebe-se, portanto, a intenção de denuncia: os direitos do cidadão Brasil existem apenas no papel, apesar de todo avanço que se verificou nos últimos anos, visto que a regra continua sendo ainda a exclusão social. Gilberto Dimenstein procura facilitar o entendimento do conceito de cidadania de papel a partir da exposição de fatos, estatísticas e estudos, que vão desde a mortalidade infantil à desnutrição, da falta de escolaridade ao desemprego, passando pelos problemas do meio ambiente. Chega à conclusão que os avanços mais efetivos na melhoria de condições de vida de nosso povo e, principalmente, das crianças e adolescentes, só serão possíveis com uma educação mais democrática, o que de certo melhoria o nível de consciência da população para refletir sobre seus direitos básicos. Ficou claro também que a metáfora de “cidadão de papel” reflete a não aplicação da lei em relação aos direitos básicos do cidadão, principalmente da criança e do adolescente, mas também o desconhecimento por parte da população de seus direitos para poder exigir seu cumprimento.por diversos estudiosos, a fatos devidamente comprovados e amplamente divulgados pela imprensa. A todos eles, o autor vai refletindo numa linguagem didática, de forma a desmistificar alguns conceitos.