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PROCESSO CONSTITUCIONAL

Profa. Ana Alice De Carli


Email: anacarli@id.uff.br

I. CONTROLE CONCENTRADO: ADI, ADC, ADIO, ADPF

II. DIFERENÇAS E AFINIDADES ENTRE ADIO e MANDADO DE INJUNÇÃO

III. DINÂMICA PROCESSUAL DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


DIFUSO
III.1. CONTROLE DIFUSO (CONCRETO, INCIDENTAL)
III.2.PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO

IV. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL

1
Questão da OAB:

Após os significativos casos de violência e discriminação envolvendo


cultos e crenças religiosas. Certo deputado federal decide propor
Emenda à CRFB/88, tendo por objeto o fim da liberdade de crença e do
pluralismo religioso. Para tal propósito, o parlamentar consegue a
adesão de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados (também
conhecida como Câmara Baixa).
Perplexos e irresignados, por entenderem que tal proposta afrontaria o
inc. IV do §4º do art. 60, da Carta Maior de 1988, um deputado e um
representante das Igrejas Evangélicas, resolvem, isoladamente,
impugnar tal proposta pela via mandamental.

Considerando os sistemas de controle de constitucionalidade


existentes no Brasil, analise a situação hipotética acima e discorra de
acordo com as questões apresentadas:

• a) Ambos possuem legitimidade ativa ad causam para provocar o


controle de constitucionalidade na hipótese?
• b) Tal controle preventivo é difuso ou concentrado?

2
GABARITO

a) Somente o deputado é quem possui legitimidade para impetrar MS no


caso em tela.

STF (MS 22487-DF):


“... somente ao parlamentar - que dispõe do direito público
subjetivo à correta observância das cláusulas que compõem o
devido processo legislativo - assiste legitimidade ativa ad causam
para provocar a fiscalização jurisdicional. A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de recusar, a
terceiros que não ostentem a condição de parlamentar, qualquer
legitimidade que lhes atribua a prerrogativa de questionar,
incidenter tantum, em sede mandamental, a validade jurídico-
constitucional de proposta de emenda à Constituição, ainda em
tramitação no Congresso Nacional”.
b) Trata-se de controle de constitucionalidade incidental arguido por meio de
MS.
STF(MS 22487-DF):
“...Assim sendo, o controle jurisdicional sobre (...) propostas de
emendas constitucionais sempre se dará de forma difusa, por
meio do ajuizamento de mandado de segurança, por parte de
parlamentares que se sentirem prejudicados durante o processo
legislativo. Reitere-se que os únicos legitimados à propositura de
mandado de segurança, para defesa do direito líquido e certo de
somente participarem de um processo legislativo conforme as
normas constitucionais e legais, são os próprios parlamentares”.
3
REFERÊNCIAS
BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. 6.ed.
São Paulo: Saraiva, 2012.

CARLI, Ana Alice De. Material Didático (slides).

DONIZETTI, Elpídio. Ações Constitucionais. São Paulo: Atlas, 2012.

FUX, Luiz (coordenador). Processo Constitucional. Rio de Janeiro: Editora GEN, 2013.

MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito


Constitucional. 6.ed. São Paulo: 2014.

NISHIYAMA, Adolfo Mamoru. Prática de Direito Processual Constitucional. São Paulo:


Atlas, 2012.

SANTANNA, Ana C.S. Repercussão Geral do Recurso Extraordinário. In: FUX, Luiz
(coordenador). Processo Constitucional. Rio de Janeiro: Editora GEN, 2013, pp. 353-404.

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1ª PARTE

ASPECTOS GERAIS

DO

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

NO

BRASIL
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
QUANTO À SUA EFICÁCIA

Ruy Barbosa - CR/1891 – inspirado em George Tucker – classificação


que influenciou até os anos de 1960.
a) NORMAS AUTO-APLICÁVEIS (auto-executáveis): aptas a gerar seus
efeitos idenpendentemente de qualquer atuação do legislador: são
auto-executáveis de per se.
Ex. direito à vida, direito à liberdade

b) NORMAS NÃO AUTO-APLICÁVEIS (não auto-executáveis): são


aquelas que dependem de uma ação do legislador, pois não possuem
todos os elementos necessários à realização do exercício do(s) direito (s)
nelas plasmados.
Ex. normas definidoras de competência, art. 23, CF/88

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.... CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO
À SUA EFICÁCIA

TEORIA TRICOTÔMICA DA EFICÁCIA DAS NORMAS


CONSTITUCIONAIS
José Afonso da Silva:

a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA: possuem aplicabilidade direta,


imediata e integral.
Ex. direito à vida, à liberdade
b) NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA: embora possuam aplicabilidade
direta e imediata, o legislador poderá restringir seu conteúdo.
Ex. art. 5º, CF/88 – liberdade de ofício
c) NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA: possuem aplicabilidade
indireta e reduzida, pois dependem de ação do legislador.
Ex. art. 40, p. 4º, CF/88 e art. 37, CF/88 (férias do servidor público)

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CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO À
SUA EFICÁCIA

Luis Roberto Barroso – tipologia baseada nas funções das normas


constitucionais
a) NORMAS CONSTITUCIONAIS DE ORGANIZAÇÃO (normas de
estrutura, normas de competência): são aquelas cujo objeto é a
organização do poder político, das competências dos Entes
Federados.
Ex. art. 125, CF/88
b) NORMAS CONSTITUCIONAIS DEFINIDORAS DE DIREITOS:
estabelecem situações jurídicas subjetivas, direitos fundamentais.
Ex. art. 5º, CF/88
c) NORMAS CONSTITUCIONAIS PROGRAMÁTICAS: têm por fim
estabelecer programas e políticas públicas, que devem ser desenvolvidos
pelo Estado.
Ex. arts. 3º e 170 CF/88
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CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO À
SUA EFICÁCIA

Celso Antonio Bandeira de Mello: visão administrativista

a) NORMAS CONCESSIVAS DE PODERES JURÍDICOS: confere de


imediato ao titular de um direito uma posição jurídica subjetiva
Ex. direito de propriedade – o titular tem de pronto direito ao uso, gozo,
fruição e disposição.
b) NORMAS CONCESSIVAS DE DIREITOS: aquelas que estabelecem
direitos subjetivos aos indivíduos
Ex. direito à saúde, à educação, art. 6º, CF/88
c) NORMAS MERAMENTE INDICADORAS DE UMA FINALIDADE A
SER ATINGIDA: são aquelas de conteúdo meramente programáticos
Arts. 3º, 170, CF/88

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Aspecto conceitual:
Controle de Constitucionalidade é o método por meio do qual se avalia a
compatibilidade ou não de atos normativos com a Constituição.

ORIGEM DOS VÍCIOS DE INCONSTITUCIONALIDADE

1. FORMAL: ocorre no processo de elaboração das normas jurídicas


Ex.
1.1.Se há exigência de Lei Complementar (maioria absoluta - art. 69, CF/88), mas é
aprovada por Lei ordinária (maioria simples - art. 47, CF/88);
1.2. Projeto de lei de iniciativa de deputado federal, mas a matéria está afeta àquelas
de iniciativa privativa do Chefe do Executivo, art. 61, §1º, CF/88.
2. FUNCIONAL ou “ORGÂNICO”: órgão edita a norma fora da sua esfera de

competência.
Ex: lei municipal disciplinando o serviço postal (competência privativa da União, art.
22, V, CF/88).
3. MATERIAL: o conteúdo da norma infraconstitucional não se coaduna com o os

direitos garantidos na Constituição .

Ex. Lei X retira do trabalhador o direito às férias (violação do art. 7º, XVII, CF/88).
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Modos de CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

•ABSTRATO – o controle se dá em abstrato, refletindo um processo objetivo .


•CONCENTRADO – a prerrogativa de analisar a constitucionalidade de uma lei ou ato
normativo é de apenas um órgão.
•DIFUSO – o controle da constitucionalidade é realizado por todos os órgãos do Judiciário.
•CONCRETO – possível vício de inconstitucionalidade é examinado diante de uma situação
específica.

•As expressões “concreto” e “difuso” não são expressões sinônimas. Nem sempre
caminham juntas.
•Pode existir controle concentrado e concreto ao mesmo tempo (ex.: Alemanha, Itália,
Espanha).
•Mesmo no Brasil existem pelo menos 2 hipóteses em que o é controle concreto e
concentrado:
• Ação Direta Interventiva, art. 34, CF/88.
• Arguição de descumprimento de preceito fundamental que resulte da arguição
incidental.(STF limita-se a apreciar a questão constitucional, decidindo-a, sem se manifestar
sobre objeto principal relativo ao caso concreto e pendente de julgamento pelos órgãos
judiciários.

•Ex. ADPF 307/DF

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Exemplo: Caso concreto (questão de concurso)

A Associação Nacional de Defensores Públicos – ANADEP impetrou mandado de


segurança para impugnar ato do Poder Executivo do Estado da Paraiba, que reduziu
verba orçamentária da proposta da Defensoria Pública daquele Ente Político.
Considerando a assentada jurisprudência do STF e a sistemática processual
existente de controle de constitucionalidade, analise a pertinência e a adequação do
instrumento processual constitucional utilizado.
Elementos da questão:
1. Associação Nacional de Defensores Públicos – legitimada do art. 103 + art.
102, §1º, CF/88
2. Defensoria Pública – instituição pública com autonomia administrativa e
financeira
3. Poder Executivo
4. Verba orçamentária da Defensoria
5. Mandado de Segurança

Resposta: ADPF 307ADPF.INCIDENTAL.docx

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SISTEMA BRASILEIRO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:
eclético, misto ou híbrido

O sistema pátrio conjuga dois sistemas:

1. AMERICANO (difuso, concreto, incidental, via de exceção) e


2. AUSTRÍACO OU CONTINENTAL EUROPEU (via principal, concentrado,
abstrato).

O controle difuso e concreto: ocorre de forma incidental, ou seja, nasce de uma


questão prejudicial em um processo em trâmite.
Surgiu pela primeira vez na Constituição brasileira de 1891, com impulso de Ruy
Barbosa.

O controle concentrado e abstrato viabiliza-se por meio da ação direta (STF e


Tribunais estaduais).
Surgiu na Constituição de 1934, e a primeira ação de controle era chamada de
“Representação Interventiva”.
A ação genérica de inconstitucionalidade apareceu na Constituição de 1946, por
meio da Emenda Constitucional n. 16/1965
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FORMAS JUDICIAIS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL

EM FACE DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

1. VIA DE AÇÃO( concentrado e abstrato): competência do STF


1.1.ADI:
OBJETO: Lei ou ato normativo federal ou estadual e pertinência
temática.
Tipo de processo: objetivo
Conflito: ocorre entre o ato normativo impugnado e a Constituição
*Atuação: PGR custus legis e AGU citado para defesa do ato: art.
103, §3º, CF/88
*Eficácia da declaração: contra todos e efeito vinculante (Art. 28
p.único Lei 9.868/99) + art. 27
*Ação de natureza declaratória  efeito ex tunc.
E as normas municipais? ADI estadual, art. 125, §2º, CF/88; ADPF
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...FORMAS JUDICIAIS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
NO BRASIL

1.2. ADC:

OBJETO: Lei ou ato normativo federal

•PGR custus legis e a decisão tem eficácia contra todos e efeito


vinculante

•1.3.INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: ciência ao poder


ou órgão responsável e se órgão administrativo para expedir ato
em 30 dias

•1.4.INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA (concentrado,


concreto).

•1.5. ADPF

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FORMAS JUDICIAIS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL

2. AÇÃO INCIDENTAL (difuso) - Incidenter Tantum - (em concreto, via de


exceção, via de defesa): exercido por todo e qualquer órgão judiciário
OBJETO: Lei ou ato normativo federal, estadual, municipal e distrital
•QUESTÃO PREJUDICIAL: não integra dispositivo da sentença, é
fundamento, é causa de pedir.
•Em regra, chega ao STF por via de RECURSO EXTRAORDINÁRIO
•Tem efeito ex tunc para as partes
•Se o Senado suspender os efeitos da norma declarada inconstitucional,
os efeitos da decisão serão erga omnes e ex nunc (Art 52 X, CF/88)
•AMICUS CURIAE: tem sido admitido pelo STF também no controle
incidental de constitucionalidade: art. 482, §3º, CPC (art. 950, CPC/2015);
art. 7º , §2º, L.9.868/99; art. 6º, §1º, L. 9.882/99.
AMICUS CURIAE: no Brasil

Surgiu pela primeira vez na Lei Federal nº 6.385/76, art. 31, que estabelece a
intervenção da Comissão de Valores Imobiliários – CVM - nos processos de
sua competência.

A Lei Federal nº 8.888/94 (Lei Antitruste), dispõe no art. 89, sobre a intimação
do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE -, nos processos
em que se tratam de questões relacionadas ao direito da concorrência.

STF - admite também a intervenção espontânea do AMICUS CURIAE no


incidente de declaração de inconstitucionalidade em tribunal (art. 482,
CPC/73 e 950, §3º, CPC/2015).
JURISPRUDÊNCIA DO STF:
O Min. Celso de Mello, mudando posição anterior – na ADIN 2.130-SC – amplia os
poderes processuais do AMICUS CURIAE, aceitando, inclusive, a sua sustentação
oral das razões que justificam a sua admissão formal na causa.

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.....FORMAS JUDICIAIS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL

EM FACE DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL:

Art. 125, CF/88

§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação


de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a
um único órgão.
Exemplo de ADI estadual

Processo:
2146983-12.2015.8.26.0000 Julgado
Classe: Direta de Inconstitucionalidade
Data do julgamento: 09.12.2015

Assunto: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE


DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos
Origem: Comarca de São Paulo / Tribunal de Justiça de São Paulo
Distribuição: Órgão Especial
Relator: PÉRICLES PIZA
Valor da ação: 100,0
Partes do Processo
Autor: Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo
Réus: Presidente da Câmara Municipal de Barretos
Prefeito Municipal de Barretos

DECISÃO: ADI.SP..pdf
NORMAS PASSÍVEIS DE CONTROLE ABSTRATO/CONCENTRADO DE
CONSTITUCIONALIDADE

1. Todos os atos normativos plasmados no art. 59, CF/88


1.1. emendas à Constituição;
1.2. leis complementares;
1.3. leis ordinárias;
1.4. leis delegadas;
* Pode ser objeto da ADI tanto a Resolução delegante do CN como a própria lei
delegada, editada pelo Chefe do Executivo.
1.5. medidas provisórias;
1.6. decretos legislativos;
1.7. resoluções.
2. Regimentos Internos dos Tribunais: art. 96, I, a, CF/88
3. Atos Normativos do Poder Executivo: art. 84, VI, a,b, CF/88
4. Resolução Administrativa dos Tribunais de Justiça
5. Tratados Internacionais incorporados ao Direito brasileiro por meio de
decreto legislativo
6. Outros tratados nos termos do art. 5º, §3º, CF/88
20
Questão do XVI PROVA OAB (2015).

A Medida Provisória Z, embora tendo causado polêmica na data de sua


edição, foi convertida, em julho de 2014, na Lei Y. Inconformado com o
posicionamento do Congresso Nacional, o principal partido de
oposição, no mês seguinte, ajuizou Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) atacando vários dispositivos normativos da
referida Lei. Todavia, no início do mês de fevereiro de 2015, o
Presidente da República promulgou a Lei X, revogando integralmente a
Lei Y, momento em que esta última deixou de produzir os seus efeitos
concretos. Nesse caso, segundo entendimento cristalizado no âmbito
do Supremo Tribunal Federal:

A)deverá a ADI seguir a sua regular tramitação, de modo que se


possam discutir os efeitos produzidos no intervalo de tempo entre a
promulgação e a revogação da Lei Y.
B)deverá a ADI seguir a sua regular tramitação, de modo que se
possam discutir os efeitos produzidos no tempo entre a edição da
Medida Provisória Z e a revogação da Lei Y.
C)deverá ser reconhecido que a ADI perdeu o seu objeto, daí
resultando a sua extinção, independentemente de ter em ocorrido, ou
não, efeitos residuais concretos.
D) em razão da separação de poderes, deverá ser reconhecida a
impossibilidade de o Supremo Tribunal Federal avaliar as matérias
debatidas, sob a ótica política, pelo Poder Legislativo.
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GABARITO DA FGV: LETRA C

*CF/67-69 – ENTENDIMENTO: se a revogação do ato normativo ocorresse


após a propositura da ADI, o STF poderia examinar a constitucionalidade do
ato revogado, desde que o mesmo tivesse produzido efeitos pretéritos. Se o
ato revogado não produzira efeitos, a ADI seria extinta por perda do objeto.

*NOVO ENTENDIMENTO: ADI 1684/98: O STF passou a admitir que a


revogação superveniente da norma impugnada, independentemente da
existência ou não de efeitos residuais e concretos, prejudicaria o andamento
da ADI.
ADI 1684 - Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Julgamento: 23/04/1998- Órgão Julgador: Tribunal Pleno
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Questão de Ordem. - Esta
Corte já firmou o entendimento de que, revogado o ato normativo atacado
por ação direta de inconstitucionalidade em curso, esta fica prejudicada. -
No caso, a Resolução nº 03/97 do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
impugnada como inconstitucional foi revogada pela Resolução nº 01, de 09
de março de 1998, como se vê a fls. 60 dos autos. Questão de ordem que se
resolve julgando prejudicada a ação direta de inconstitucionalidade.

ENTENDIMENTO RECENTE: ADI 3232-TO/2008ADI.3232.2008.docx

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Decreto Executivo pode ser sindicável pela via de
ADI?

Jurisprudência do STF - DECRETO.AUTÔNOMO.CONTROLE.docx

E o Preâmbulo?
3 correntes

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1. O preâmbulo da Constituição pode servir de
base para arguição de inconstitucionalidade de
um ato normativo?

• 2. O preâmbulo está sujeito à incidência de


emendas constitucionais, quer para modificá-lo,
quer para suprimi-lo?

• 3. O preâmbulo tem força normativa?

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CONCEITO DE PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO

Palavra originária do latim praeambulu: significa parte introdutória de uma


Constituição.

Peter Häberle: o preâmbulo representa uma “ponte no tempo”, sobre a qual


fixam-se os anseios de um povo.

O preâmbulo é “uma proclamação de princípios, que não integra o bloco de


constitucionalidade da Carta de 1988”, não tendo força normativa. (Nesse sentido,
vide Uadi Lamego, J.J. Canotilho, op. cit. pp. 488-489).

Alexandre de Moraes: o preâmbulo não é norma constitucional, não podendo,


portanto, ser paradigma para controle de constitucionalidade das leis.

Posição contrária: Ronaldo Polleti - o preâmbulo também serve como


parâmetro para verificar a inconstitucionalidade das leis.

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NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO

1. TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA: o preâmbulo tem importância sob o


aspecto político e histórico, mas não para o Direito. (STF)

2. TESE DA EFICÁCIA IDÊNTICA: o preâmbulo consubstancia um conjunto


de preceitos jurídicos com a mesma eficácia normativa das normas
constitucionais.

3. TESE DA RELEVÂNCIA INDIRETA: o preâmbulo não tem força


normativa, malgrado advenha do mesmo poder constituinte que elaborou
a Carta Constitucional.

26
ENTENDIMENTO DO STF

ADI 2076: O STF se posicionou no sentido de que o Preâmbulo não tem


valor jurídico-normativo, pois não se situa no âmbito do Direito, mas no
domínio da Política, refletindo posição ideológica do constituinte, sem
relevância jurídica.

Nessa senda, o Preâmbulo não seria norma constitucional, logo, não


poderia servir de paradigma para controle de constitucionalidade.

STF – MS 24.645-DF. “O preâmbulo não tem valor normativo,


apresentado-se desvestido de força cogente”.

27
AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE

28
PETIÇÃO INICIAL DA ADI

29
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL.

• (deixar pelo menos 5 linhas em branco)

A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS BANCOS, entidade de âmbito


nacional, inscrita no CNPJ sob nº... e no Ministério do Trabalho sob o
n°XXXXX, com sede em XXXX, vem perante esta EGRÉGIA CORTE DE
JUSTIÇA, por meio de seu advogado infra-assinado (procuração anexa), com
escritório (endereço), nos termos do art. 106, I do CPC/2015, propor a
presente AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, com fundamento
no art. 102, I, “a”, da CRFB/88 e na Lei nº 9.868/99, art. 2º, IX, tendo por
objeto o art. 10, da Lei X, editada pelo Estado do Rio de Janeiro, conforme
será especificado ao longo desta exordial (petição), nos termos, motivos e
fundamentos a seguir expostos.

30
I – DO OBJETO DA AÇÃO – INCONSTITUCIONALIDADE
MATERIAL/FORMAL DO ART. 10, DA LEI X.
(Deverá citar qual o dispositivo constitucional que está sendo invocado e
bem assim o ato normativo impugnado)

II – DA LEGITIMIDADE ATIVA DA CONFEDERAÇÃO E DA PERTINÊNCIA


TEMÁTICA
(Cabe aqui provar a existência de pertinência temática, visto que tal
entidade não tem legitimidade universal)

III – DOS FUNDAMENTOS


(Nesse momento deverá discorrer com argumento racionais sobre os
fundamentos jurídicos que dão sustentação à sua tese de que tal ato
normativo viola a Carta Magna de 1988)

IV - CONCLUSÃO
( Ex., Diante do exposto, entende-se presentes os elementos que justificam
o pedido de declaração de inconstitucionalidade do art. 10, da Lei X, por
afrontar a CRFB/88)

31
V – DO PEDIDO

Por fim, uma vez reconhecida a inconstitucionalidade material/formal do


art.10, da Lei X, requer a Confederação que, na forma da Lei 9.868/99,
sejam juntados os documentos em anexo e, bem assim, solicitadas
informações às autoridades competentes, citado o Advogado - Geral da
União e ouvido o Procurador - Geral da República, para que ao final seja
julgado procedente o
pedido e declarada a inconstitucionalidade do indigitado dispositivo.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins


procedimentais.

Nesses termos, pede-se deferimento.

Local e data

ADVOGADO
OAB n.º...
32
NORMAS NÃO PASSÍVEIS DE CONTROLE ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE EM FACE DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

1. LEIS ANTERIORES À CONSTITUIÇÃO: STF adota as teses da recepção e da


revogação.

Sobrevindo nova ordem constitucional, o direito anterior aplicável será


recepcionado pela novo diploma constitucional se com ele compatível, ou
revogado se violar dispositivo da nova carta magna.

As normas recepcionadas poderão ser questionadas pela via da ADPF,

Art. 1º, p.u., Lei nº 9.882/99

ADPF nº 33ADPF 33.docx

2. LEI REVOGADA: após ajuizamento da ADI sobrevier a revogação do ato


impugnado, a ação perde o objeto e ocorre a extinção anômala do processo.

3. LEIS MUNICIPAIS: art. 102, I, a, CF/88 – normas estaduais e federais.


STF – silêncio eloquente quanto às normas municipais – não cabe controle em
sede de ADI
Cabe:
1.em sede de ADI estadual, em face da Constituição Estadual.
33
2. Por ADPF
LEGITIMADOS PARA PROPOR ADI, ADC, ADIO, ADPF

CF/88. Art. 103. Podem propor a ação direta de


inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade: + ADIO - ADPF
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
nacional.

* Dois tipos de legitimados: UNIVERSAIS E ESPECIAIS


DEPENDENTES DE PERTINÊNCIA TEMÁTICA
34
LEGITIMIDADE ATIVA: ART. 103, CF/88

Trata-se de legitimação extraordinária: a defesa é da supremacia da


Constituição e não de interesse próprio.

Legitimados universais: não precisam demonstrar pertinência temática, isto é,


não precisam demonstrar interesse específico afetado pela inércia legislativa.

São eles: Presidente da República, Mesas da Câmara dos Deputados e do


Senado, Procurador - Geral da República, Conselho Federal da OAB e os
Partidos Políticos.

Legitimados especiais - com pertinência temática:


São eles: Mesa das Assembleias Legislativas dos Estados, Câmara
Legislativa do DF, Governador de Estado, Confederações Sindicais e
Entidades de Classe de âmbito nacional.

Vide ADI 1090-RS, no bojo da qual o STF desenvolveu a tese da pertinência


temática.

35
ADI – Requisitos da PETIÇÃO INICIAL
Art. 3º, Lei nº 9.868/99
1) Menção do dispositivo impugnado
2) Fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada ponto
impugnado
3) Pedido e suas especificações
4) Instrumento de mandato quando a ADI for subscrita por advogado
ou procurador da pessoa jurídica.
5) Duas vias da exordial
6) Comprovação da legitimidade para propor a ADI

A) Quem pode propor ADI sem procurador/advogado?


Ou seja: quem tem capacidade postulatória em sede de ADI?
Presidente da República, PGR, Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado, Mesas das Assembleias Legislativas estaduais e da Câmara
Legislativa do DF, governadores, Confederação Nacional da OAB.
B) Precisam de advogado para propor ADI:
Partidos políticos, confederação sindical, entidades de classe de âmbito
nacional.
36
Quando iniciam os efeitos da decisão em ADI?

O STF adota a TEORIA DAS NULIDADES (com moderação): em


regra, os efeitos da declaração são ex tunc.

A decisão passa a surtir efeitos imediatamente, salvo disposição


em contrário do próprio tribunal.

Lei nº 9.868/99.
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir
os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
momento que venha a ser fixado.
37
Diferença entre REPRISTINAÇÃO e EFEITO REPRISTINATÓRIO

* LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO: não


admite a repristinação tácita (a expressa é permitida). Art. 1º:
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

Repristinação: fenômeno por meio do qual uma lei anteriormente


revogada é restabelecida pela revogação da lei que a revogou.

Ex: Lei A é revogada pela Lei B. Posteriormente a Lei B é revogada pela lei C. Se a lei
C revogou a lei B, a lei A (que tinha sido revogada pela lei B ) volta a viger.

Efeito repristinatório: com a declaração de inconstitucionalidade sem


modulação de efeitos, a lei anterior àquela declarada inconstitucional
retoma sua vigência, uma vez que a revogação da referida Lei não foi
válida.

O STF adota a TEORIA DA NULIDADE (a lei inconstitucional nasceu morta),


ou seja, a lei inconstitucional não produziu nenhum efeito, não podendo
sequer ter revogado a lei anterior.

38
Atuação do AGU em sede de ADI

Art. 103, § 3º, CF/88

Papel institucional: defender o ato normativo impugnado (curador


da ordem jurídica)

Exceções:
a) dispensa da intervenção do AGU no processo quando já houver
precedentes do STF em relação ao ato impugnado.
b) na hipótese de ADC.
Vide ADI 1616-4 PE

39
MEDIDA CAUTELAR EM ADI

Antecedente ou preparatória de ADI: inadmissível

MOMENTO DO PEDIDO DE LIMINAR EM ADI: petição inicial


Lei nº 9.868/99:
Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será
concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal,
observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades
dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-
se no prazo de cinco dias.
*As oitivas do AGU e do PGR são obrigatórias?

Não, art. 10, Lei nº 9.868/99:


§ 1o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o
Procurador-Geral da República, no prazo de três dias.

EFICÁCIA DA MEDIDA CAUTELAR:


• Erga omnes
• Ex nunc ( em regra)

40
Prova OAB -FGV

Na hipótese de Governador de Estado se insurgir contra súmula

vinculante que, a seu juízo, foi editada com enunciado normativo que

ultrapassou os limites dos precedentes que a originaram, poderá,

dentro dos instrumentos processuais constitucionais existentes:


a) interpor reclamação contra a súmula vinculante.
b) requerer o cancelamento da súmula vinculante.
c)ajuizar ADPF contra a súmula vinculante.
d)ajuizar ADI contra a súmula vinculante.

Resposta: B.
A LETRA A é para pegar muita gente.
*Lembrem-se o governador é um dos legitimados do art. 103, logo, ele
pode propor a edição, revisão e cancelamento de súmula vinculante

*A RECLAMAÇÃO deve ser usada quando a súmula não está sendo


respeitada!
41
DINÂMICA PROCESSUAL DO CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL
INCIDENTER TANTUM

42
Questão envolvendo o CPC/1073 e o CPC/2015

1) Em sede recursal no âmbito dos Tribunais Superiores, STJ e STF,


pode-se considerar verdadeira (s) a (s) seguinte (s) assertiva (s):
a)O CPC de 1973 estabelecia o juízo de admissibilidade no Tribunal de origem da
decisão impugnada quando da interposição de Resp e RE.
Arts. 541, 542, 543, 544, CPC/1973 V
b) Somente o CPC de 2015 estabelece ordem cronológica para juizes e tribunais
proferirem suas decisões de mérito.
ART. 12, CPC/2015 V
c) O novo Código de Processo Civil, que entrará em vigor em março de 2016,
depois de 1 ano de vacatio legis, extinguiu o juízo de admissibilidade de RE e Resp
no Tribunal de origem, não cabendo, portanto, mais tal prerrogativa ao Tribunal a
quo.
ART. 1030 – ACRESCENTADO PELA LEI Nº 13.256, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016
Resposta- F

43
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL
INCIDENTER TANTUM

Também denominado: POR VIA DE EXCEÇÃO, CONCRETO,


DIFUSO, POR VIA DE DEFESA.

É a via utilizada pelo cidadão comum para a proteção de seus


direitos subjetivos constitucionais.

Pressuposto deste controle: existência de uma ação em curso,


no âmbito da qual o vício de constitucionalidade de uma norma é
suscitado.

A arguição de inconstitucionalidade pode se dar num processo


deflagrado na primeira instância ou no Tribunal (segunda
instância).

44
DINÂMICA DO CONTROLE INCIDENTAL:

Doutrina majoritária: Se o julgador, ao analisar o


mérito da questão, entender que a norma
infraconstitucional realmente colide com a
Constituição, deverá declarar a sua
inconstitucionalidade, negando sua aplicação ao caso
concreto (Luis Roberto Barroso)

Doutrina minoritária: (Guilherme Hartmann): o juiz


de primeiro grau não declara a inconstitucionalidade
da norma, apenas deixa de aplicá-la ao caso concreto.

45
QUEM PODE SUSCITAR A INCONSTITUCIONALIDADE
INCIDENTAL?

1. As partes do processo (autor, réu).


Originalmente era uma questão levantada pelo réu,
por isso tal controle também ser conhecido como
controle por via de defesa ou por via de exceção.
Depois o instituto evoluiu e passou a contemplar a
possibilidade de o autor e outros sujeitos arguirem o
vício de inconstituciobalidade de uma norma jurídica.
2. Terceiro interessado.
3.Ministério Público como custus legis ou como parte.
4.Magistrado ex officio.

46
Qual é o espaço temporal para arguir a inconstitucionalidade
da norma regente do caso concreto?

INSTÂNCIA ORDINÁRIA: 1º e 2º de jurisdição: pode o órgão judicial


suscitar a qualquer tempo a inconstitucionalidade da norma aplicável
ao caso sub judice, não se operando a preclusão.

Preclusão : É a perda de uma faculdade processual. Pode ser: temporal (se dá pelo
decurso do prazo dentro do qual o ato deveria ter sido praticado); lógica: ocorre pela
prática de um ato incompatível com a faculdade que se perde; consumativa: a
faculdade desaparece pelo seu exercício
Prescrição: “É a perda de um direito subjetivo pelo decurso do tempo”
(Alexandre Freitas Câmara ).

Na Instância Extraordinária: o STF e o STJ têm exigido o


prequestionamento, ou seja, a questão da constitucionalidade ou da
ilegalidade tem que ter sido ventilada na instância ordinária.

PRESQUESTIONAMENTO: o que é? 47
Duas correntes sobre o conceito de PREQUESTIONAMENTO

1) o prequestionamento decorre do fato de a parte ter suscitado uma


questão no curso do processo na primeira ou na segunda instância,
ou seja, informando expressamente na inicial, em sede de
contestação, ou em grau recursal, o dispositivo legal ou
constitucional, que poderá, eventualmente ser objeto de
impugnação na decisão final.

2) Entende-se por prequestionamento não apenas a suscitação da


matéria, mas também o fato de a mesma ter sido decidida pelo
julgador.

48
Súmula 282, STF:
“É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na
decisão recorrida, a questão federal suscitada”.
Súmula 356, STF:
“O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso
extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”.
Súmula 320, STJ:

49
Como fazer quando se verificar que não houve prequestionamento –
pré-requisito para interposição de RESP e RE?

Sumula 98 STJ – Embargos de declaração manifestados


com notório propósito de prequestionamento, não têm
caráter protelatório.

CPC:
Art. 535. Cabem embargos de declaração quando:
II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o
juiz ou tribunal.

50
ONDE PODE SER SUSCITADA A QUESTÃO CONSTITUCIONAL EM SEDE
INCIDENTAL? CONHECIMENTO, EXECUÇÃO E CAUTELAR.

Atenção: No bojo de qualquer desses processos, o objeto do pedido


não é o vício de inconstitucionalidade da lei, mas sim a proteção de
um direito, que estaria sendo violado ou obstado por ela.

•Ex. João não quer pagar determinada taxa, instituída por lei
estadual, por entender que tal tributo viola seu direito de
propriedade. Diante disso, ajuiza uma ação, cujo pedido é a
declaração de inexigibilidade do pagamento da taxa, sob o
fundamento da inconstitucionalidade da norma instituidora.

•Tem- se nessa hipótese:


1.o pedido: declaração de inexigibilidade do tributo e posterior anulação
da cobrança do mesmo.
2. Causa de pedir: arguição de inconstitucionalidade da norma
instituidora da taxa.
51
Elementos de uma demanda

1. PARTES: aspecto subjetivo


2. CAUSA DE PEDIR: art. 282, III, CPC.
CAUSA DE PEDIR
Remota: (acontece primeiro): compreende os fatos constitutivos -
Ex. formação de uma relação jurídica contratual.
Próxima: é o fato caracterizador da lesão.
Ex. descumprimento de cláusula do contrato; norma
inconstitucional
Obs: não há consenso na doutrina quanto ao conteúdo de causa
remota e causa próxima.
3. PEDIDO: consubstancia a pretensão do autor deduzida em
juízo por meio da petição inicial.
3.1. Mediato: é o bem da vida que se visa a assegurar.
Ex. o cumprimento da obrigação contratual.
3.2. Imediato: é a prestação jurisdicional.
Ex. a procedência do pedido com a condenação do réu.
52
ATENÇÃO!

No CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL, a

declaração de inconstitucionalidade da lei não é o objeto do

pedido, visto que este é o reconhecimento do direito

prejudicado pela norma impugnada.

A análise da constitucionalidade – ou não – da norma jurídica

é uma questão prejudicial, e não a questão principal da ação

em curso, é causa de pedir próxima.

53
NORMAS PASSÍVEIS DE CONTROLE INCIDENTER
TANTUM:

As normas emanadas dos três Poderes (Legislativo,


Executivo e Judiciário) e aquelas anteriores à
Constituição.

Atos legislativos em geral: emenda constitucional, lei


ordinária, lei complementar, lei delegada, medida
provisória, decreto legislativo, resolução legislativa.

Atos secundários: decreto regulamentar ou


executivo, regimentos internos dos Tribunais etc.

54
CASO CONCRETO: O Município Paraíso das Águas instituiu um
imposto sem observar o princípio da legalidade tributária.
Um contribuinte indignado se negou a pagá-lo e foi autuado pelo
fiscal municipal e inscrito em dívida ativa.
Posteriormente, o referido Município ajuizou Ação de Execução
Fiscal.

Você, como advogado (a) do contribuinte, opôs Embargos do


Devedor (ou à Execução), no bojo na Execução Fiscal em curso.

Pergunta: qual seria o objeto da Ação de Embargos à Execução


oposta pelo contribuinte?

55
Resposta:

Objeto dos Embargos: reconhecimento do direito de


não pagar do tributo.

Causa de pedir: declaração de inconstitucionalidade


da lei (questão prejudicial), o argumento de defesa
do embargante.
Nessa senda, deve o juiz primeiro analisar a questão da
constitucionalidade – ou não – da lei, para só depois
julgar o mérito dos Embargos.

56
QUEM PODE CONHECER E JULGAR A QUESTÃO
PREJUDICIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE?

Todos os órgãos do Judiciário podem exercê-lo, tanto os de primeiro


grau, como os de segundo grau (tribunais, turmas recursais) e aqueles
de instância superior (tribunais superiores).

Em sede de primeiro grau, o juiz é livre para decidir se declara ou não a


inconstitucionalidade da norma impugnada, para depois decidir a
questão principal.

Já no Tribunal a dinâmica é outra. A declaração de inconstitucionalidade


incidenter tantum está sujeita ao princípio da reserva de plenário, art.
97, CF/88.
Ou seja: os órgãos fracionários (Câmaras,Turmas, Seções), uma vez
arguido o incidente, devem submetê-lo ao Plenário ou ao Órgão Especial.
Tal procedimento está previsto no CPC/1973 nos artigos 480 a 482 e no
CPC/2015, nos artigos 948, 949,950.

57
CPC/1973 CPC/2015
Art. 480. Arguida a inconstitucionalidade de lei ou de Art. 948. Arguida, em controle difuso, a
ato normativo do poder público, o relator, ouvido o inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder
Ministério Público, submeterá a questão à turma ou público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as
câmara, a que tocar o conhecimento do processo. partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual
Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o competir o conhecimento do processo.
julgamento; se for acolhida, será lavrado o acórdão, a Art. 949. Se a arguição for:
fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno. I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do
não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver.
argüição de inconstitucionalidade, quando já houver Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não
pronunciamento destes ou do plenário do Supremo submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de
Tribunal Federal sobre a questão. inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento
Art. 482. Remetida a cópia do acórdão a todos os destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a
juízes, o presidente do tribunal designará a sessão de questão.
julgamento. Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o
§ 1o O Ministério Público e as pessoas jurídicas de presidente do tribunal designará a sessão de julgamento.
direito público responsáveis pela edição do ato § 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis
questionado, se assim o requererem, poderão pela edição do ato questionado poderão manifestar-se no
manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade, incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem,
observados os prazos e condições fixados no observados os prazos e as condições previstos no
Regimento Interno do Tribunal. ( regimento interno do tribunal.
§ 2o Os titulares do direito de propositura referidos no § 2o A parte legitimada à propositura das ações previstas no
art. 103 da Constituição poderão manifestar-se, por art. 103 da Constituição Federal poderá manifestar-se, por
escrito, sobre a questão constitucional objeto de escrito, sobre a questão constitucional objeto de
apreciação pelo órgão especial ou pelo Pleno do apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno,
Tribunal, no prazo fixado em Regimento, sendo-lhes sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou
assegurado o direito de apresentar memoriais ou de de requerer a juntada de documentos.
pedir a juntada de documentos.
§ 3o Considerando a relevância da matéria e a
§ 3o O relator, considerando a relevância da matéria e representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir,
a representatividade dos postulantes, poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos
por despacho irrecorrível, a manifestação de outros ou entidades.
órgãos ou entidades. 58
PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO, art. 97,CF/88:
corolário do Princípio da Maioria Absoluta

Introduzido pela primeira vez na CF/34.


Escopo: garantir que a análise da constitucionalidade de uma
norma seja feita pela maioria absoluta dos componentes do
Tribunal ou do Órgão Especial.

DECLARAÇÃO INCIDENTAL PERANTE O TRIBUNAL: pode


ocorrer em duas etapas, ensejando uma CISÃO FUNCIONAL
DE COMPETÊNCIA

1ª - perante o Órgão fracionário (Câmara, Seção, Turma)

2ª perante o Pleno ou Órgão Especial

59
CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA no
controle de constitucionalidade incidenter
tantum (incidental, concreto, difuso) nos
Tribunais

1ª fase: perante o Órgão fracionário (Câmara, Seção, Turma)

2ª fase: perante o Pleno ou Órgão Especial (art. 93, XI, CF/88)

SÚMULA VINCULANTE nº 10 - STF


“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo
ou em parte’.

60
RITO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE:
*Arts. 480 a 482, CPC/73 e 948 a 950 CPC/2015 (tribunais de 2ª instância)
* Regimentos Internos dos Tribunais Superiores

2º GRAU DE JURISDIÇÃO: relator do recurso submete a


questão constitucional ao órgão fracionário, ao qual está
vinculado e encarregado de julgar o recurso.
Dinâmica processual da CISÃO FUNCIONAL DE
COMPETÊNCIA:
1. Órgão fracionário julga apenas o mérito do recurso, a
questão principal;
2. Pleno ou Órgão Especial examina a questão de
constitucionalidade, a questão prejudicial
(constitucional).
61
EX.,
LUCIENE NASCIMENTO (autora) - Ação de repetição de indébito -
MUNICÍPIO DE QUATIS (réu).

Causa de pedir remota: (fatos constitutivos): relação tributária.

Causa de pedir próxima: ato normativo inconstitucional e violador dos


princípios constitucionais da legalidade e da razoabilidade.

Objeto do pedido: devolução do valor pago a título de taxas pelo uso


das Cachoeiras e da visitação ao Casario, ambos com propósito de laser
e, bem assim, a anulação do ato instituidor das exações.
Valor da causa: R$ 1.800,00.
62
VARA DA FAZENDA PÚBLICA: juiz julgou procedente os pedidos autorais e, na
fundamentação considerou inconstitucional o ato normativo instituidor das
taxas.

Inconformado – MUNICÍPIO DE QUATIS recorreu ao Tribunal, na 2ª Instância,


pedindo a reforma da sentença.

A autora, nas contrarrazões, pediu a confirmação da sentença e reiterou a


fundamentação de inconstitucionalidade dos atos normativos.

RECURSO DE APELAÇÃO – sobe ao TJ – é distribuído para a 4ª CÂMARA


CÍVEL. – observância do princípio da reserva de plenário – art. 97, CF/88.

Ao analisarem a questão prejudicial – alegação de inconstitucionalidade de ato


normativo municipal – os desembargadores podem:

1) afastar a pecha de inconstitucionalidade e julgar o mérito do recurso;


2) oTribunal ou o STF já enfrentaram a questão constitucional e analisam o
mérito do recurso com base no paradigma existente;
3) concordam com a arguição de inconstitucionalidade, proferem um acórdão
sobre a questão constitucional e remetem ao Órgão Especial ou ao Plenário –
julgará o mérito da questão constitucional.

63
Forma silenciosa de violação ao PRINCÍPIO DA RESERVA DE
PLENÁRIO

Rcl 17411 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO


AG.REG. NA RECLAMAÇÃO
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 22/05/2014 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno.

EMENTA: Agravo regimental em reclamação. 2. Crime de


associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343/2006). 3. O
Tribunal a quo, embora não tenha declarado expressamente a
inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 44, da Lei de
Drogas (necessidade de cumprimento de 2/3 da pena para
concessão de livramento condicional), afastou sua aplicação,
sem observar o disposto no art. 97 da Constituição Federal e
na Súmula Vinculante n. 10. 4. Violação ao princípio da
reserva de plenário. 5. Agravo regimental a que se nega
provimento.
64
Interpretação de norma local por parte dos Tribunais sem
aplicação do Princípio da Reserva de Plenário é hipótese
de violação a este princípio?

ARE 815917 AgR / PE - PERNAMBUCO


AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 02/09/2014 - Órgão Julgador: Primeira Turma

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO


COM AGRAVO. GRATIFICAÇÃO DE RISCO DE POLICIAMENTO
OSTENSIVO. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 59/2004. CARÁTER
GENÉRICO. ART. 97 DA CF/88. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO.
PRECEDENTES. Dissentir da conclusão adotada pelo Tribunal de
origem quanto à natureza jurídica das vantagens concedidas aos
servidores, se genéricas ou pro labore faciendo, exige o exame da
legislação local pertinente (incidência da Súmula 280/STF). A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que
não há violação ao princípio da reserva de plenário quando o acórdão
recorrido apenas interpreta norma local, sem declará-la
inconstitucional ou afasta sua aplicação com base nos termos da
Constituição Federal. Ausência de argumentos capazes de infirmar a
decisão agravada. Agravo regimental a que se nega provimento.
65
NORMAS DISCIPLINADORAS DO RITO INCIDENTAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE: Arts. 480 a 482, CPC (tribunais de 2ª
instância) e Regimentos Internos dos Tribunais Superiores

2º GRAU DE JURISDIÇÃO: relator do recurso submete a


questão constitucional ao órgão fracionário, ao qual está
vinculado e encarregado de julgar o recurso.
No controle incidental perante o Tribunal ocorre uma
CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA.
Isto é:
1. Órgão fracionário julga apenas o mérito do recurso, a
questão principal;
2. Pleno ou Órgão Especial examina a questão de
constitucionalidade, a questão prejudicial.
66
ATENÇÃO: da decisão do Tribunal sobre a matéria
constitucional não cabe recurso, este só é possível
contra o acórdão do órgão fracionário, que decidiu a
questão principal.

•Súmula 513 - STF


“A decisão que enseja a interposição de recurso
ordinário ou extraordinário não é a do Plenário,
que resolve o incidente de inconstitucionalidade,
mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que
completa o julgamento do feito”.

67
DINÂMICA PROCESSUAL DO PRINCÍPIO DA
RESERVA DE PLENÁRIO:
a questão constitucional chegou ao Órgão
fracionário do Tribunal

68
SITUAÇÕES POSSÍVEIS: ART. 949, CPC, 2015

1) a arguição de inconstitucionalidade foi rejeitada pelo colegiado do


órgão fracionário: será afastada a pecha de inconstitucionalidade da
norma contestada, e o processo seguirá normalmente seu curso, com a
aplicação da norma questionado.
2)os desembargadores acolherem a arguição de inconstitucionalidade:
deverão proferir um acórdão e submeter a questão constitucional ao
Órgão Especial ou ao Pleno do Tribunal. O processo fica suspenso.
3) a questão constitucional já foi alhures examinada pelo Tribunal Pleno
ou pelo Plenário do STF: o órgão fracionário decidirá de acordo com o
pronunciamento prévio daqueles,. art. 949, §único.
Vide Súmulas 293 e 455, STF.

69
Súmula 293, STF:

“SÃO INADMISSÍVEIS EMBARGOS INFRINGENTES CONTRA DECISÃO


EM MATÉRIA CONSTITUCIONAL SUBMETIDA AO PLENÁRIO DOS
TRIBUNAIS.”

Súmula 455, STF:


“DA DECISÃO QUE SE SEGUIR AO JULGAMENTO DE
CONSTITUCIONALIDADE PELO TRIBUNAL PLENO, SÃO
INADMISSÍVEIS EMBARGOS INFRINGENTES QUANTO À
MATÉRIA CONSTITUCIONAL”.

Atenção: o novo CPC extinguiu a figura dos Embargos


Infringentes – art. 530, CPC em vigor (que será revogado).
70
RECURSO EXTRAORDINÁRIO

71
1ª folha do RE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO XXXXXX

Processo nºxxxxxx

NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, portador (a) do RG nº


xxxx e do CPF n°xxxx, residente e domiciliado (a) na xxxxx (ou apenas
colocar: devidamente qualificado (a) nos autos do processo em epígrafe, em
referência, em destaque...), nesta cidade, por seu advogado infra-assinado
(colocar o nome do advogado), conforme procuração anexa, com escritório
localizado (endereço), nos termos art. 39, I do CPC (art. 77, V, CPC/2015),
nos autos da Ação XXXX, que promove em face de XXXXX, vem interpor
RECURSO EXTRAORDINÁRIO, com vistas a impugnar decisão proferida
no acórdão que negou provimento ao pleito xxxxxxx,
esperando que seja recebido e admitido, intimando-se o RECORRIDO para
apresentar suas contrarrazões, juntada a guia de recolhimento e, depois de
cumpridas as formalidades processuais necessárias, sejam os autos
remetidos ao Supremo Tribunal Federal.
Nesses termos, pede-se deferimento.
Local e data.
ADVOGADO
OAB n.º...
72
2ª e demais fls. do RE

73
EXCELSO (egrégio etc) SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

RECORRENTE: XXXXXXXXX
RECORRIDO: XXXXXXXXXXXX

RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO

COLENDA TURMA JULGADORA:


INSIGNES MINISTROS,

I – DO CABIMENTO DO RECURSO: (mencionar em qual (is) dos dispositivos do art. 102, III,
CF/88, você está fundamentando o RE)
II - DA TEMPESTIVIDADE (BASE LEGAL): deve colocar a data em que a decisão impugnada foi
proferida e publicada, daí começa contar o prazo de 15 dias para a interposição do RE (art. 508,
541, 542, CPC).
III – DO PREPARO: (pagamento de custas (sob pena de deserção, art. 511, CPC + art. 57, RISTF).
IV – DO PREQUESTIONAMENTO: (demonstrar em que momento nas instâncias inferiores a
questão controvertida foi trazida, questionada, arguida)
V – DA REPERCUSSÃO GERAL (RE, art. 102, §3º, CF e 543-A e 543-B, CPC): nesse momento
você destacar que a questão trazida em seu RE transcende a sua seara privada, visto se tratar de
uma temática com reflexos sociais, econômicos, políticos, jurídicos (arts. 543-A, 543-B, CPC).

74
VI – DA SÍNTESE DOS FATOS: (relatar os fatos, desde a petição inicial
VII – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS: (deve apresentar os fundamentos de
natureza legal, constitucional e metajurídicos se existirem no caso).
VIII- DO PEDIDO: (aqui você pede para que seu RE seja conhecido e provido (
ex., Diante do exposto, o (a) RECORRENTE pede que seu RE seja conhecido e
provido para reformar a decisão xxxxxxxx).

Nesses termos, pede-se deferimento.


Local e data

ADVOGADO
OAB nº xxx

75
CABIMENTO: RECURSO EXTRAORDINÁRIO
1. Decisões proferidas em única ou última instância dos Tribunais: art. 102, III, a,b,c,d,
CF/88.
Ex., única instância: art. 161, IV, alínea C, Constituição do Estado do RJ: “compete ao TJ
processar e julgar originariamente nos crimes comuns, o vice-governador e os deputados”.
Art. art. 161, IV, alínea E, 1, CE/Rio: julgar MS e HD contra atos do governador.
+
2. Decisões de Turmas Recursais (Juizados Especiais): RISTF, art. 321, § 5º
3. Decisão de 1ª Instância – Vara de Fazenda Pública – Embargos Infringentes da Lei
nº 6.830/80 – art. 34

Lei nº 6.830/80. “Art. 34 - Das sentenças de primeira instância


proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta)
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se
admitirão EMBARGOS INFRINGENTES e de declaração”.

STF - EMENTA: Execução fiscal. - A única questão constitucional


prequestionada, porque ventilada na decisão prolatada em
embargos infringentes - as demais não o foram (súmulas 262 e
356) - é a relativa ao livre acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV,
da Carta Magna). É evidente, porém, que por ter sido julgada
extinta a execução fiscal por falta do interesse de agir não se pode
pretender, por se entender que não cabível no caso essa extinção,
que a decisão judicial que a confirmou haja impedido o livre
acesso ao Poder Judiciário. Recurso extraordinário não
conhecido.

76
Previsão constitucional do RE

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

• III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas


decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida: + LEF, art. 34 e Turmas Recursais

• a) contrariar dispositivo desta Constituição;

• b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

• c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face


desta Constituição.

• d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal

77
REQUISITOS e RITO do RECURSO EXTRAORDINÁRIO

1. a decisão atacada: viola a CF/88; declara inconstitucional tratado ou


lei federal; considera válido lei ou ato de governo local contestado em
face da CF/88; e julga válida lei local contestada em face de lei federal.

2. a petição inicial deve apresentar o dispositivo constitucional que


fundamenta o recurso.

Ex. O RE tem como fundamento o art. 102, III, a, CF/88

3. existência de prequestionamento nas instâncias inferiores;

4. prova de existência de repercussão geral.

5. RE não está sujeito ao preparo no Tribunal de origem, mas cabe ao


recorrente pagar as despesas da remessa e retorno dos autos.

Vide CARTILHA.CUSTAS.RECURSOSEXCEPCIONAIS.TJ.RJ

6. Prazo para interposição do RE, 15 dias da data da publicação da


decisão impugnada.
78
Continua... REQUISITOS e RITO do RECURSO EXTRAORDINÁRIO

7. A Secretaria do Tribunal onde o RE foi interposto deverá intimar o


recorrido para apresentar contrarrazões, também, em regra, no prazo de
15 dias.
Exceções ao prazo: art. 183, CPC/2015 – prazo em dobre FP, DF, MP,
ECT (STF)
8. Fim do prazo para contrarrazões: os autos serão remetidos ao
Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal a quo para, em decisão
fundamentada, proceder ao 1º juízo de admissibilidade do RE – exame
formal da preliminar de repercussão geral.
Dessa decisão cabe AGRAVO REGIMENTAL ao STF
9. Existência de mais de um RE sobre a mesma questão constitucional,
deve o Tribunal a quo selecionar, dentre os RE (s) interpostos 1 ou 2
para enviar ao STF, os demais ficarão sobrestados até decisão final do
STF.

79
ATENÇÃO!!!

a)A ofensa à Constituição tem que ser direta. O STF não

admite a violação reflexa, obliqua.

Ex. O ato contestado é o Decreto 3.048/99, que regulamenta a

Lei 8.212/91 : viola indiretamente a Constituição.

b) O Princípio da Reserva de Plenário, art, 97, CF/88, também é

aplicável ao STF, embora o procedimento não seja o do CPC,

e sim de seu regimento interno, arts. 176 a 178.

• Tb se aplica ao STJ
80
PRAZO DIFERENTE PARA INTERPOSIÇÃO DE
RE
• CPC/2015. Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público gozarão de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal.
Aplicável também:
a)Art. 10 da Lei 9469/97: às autarquias e fundações públicas.
b) Defensorias Públicas.
c) ECT
Vide STF - AI 828864 AgR-AgR / SC
EMENTA: (...). Procedem os argumentos da agravante. Efetivamente,
nos termos do citado artigo 12 do Decreto-Lei nº 509/69, recepcionado
pela Constituição Federal de 1988, a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT goza dos privilégios concedidos à Fazenda Pública,
inclusive quanto a prazos e custas.

• CPC/2015. Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes


procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos
contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer
juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
81
REPERCUSSÃO GERAL: aspectos gerais e finalidade

82
REPERCUSSÃO GERAL:

NATUREZA JURÍDICA: condição de admissibilidade de Recurso


Extraordinário

FINALIDADE:

A) STF examinar questões relevantes para a ordem constitucional que


vão além do interesse individual das partes de um processo;
B) Possibilitar o STF analisar, em uma única vez, a questão
constitucional arguida no processo, cuja decisão se estenderá a
casos idênticos;
C) Dar celeridade ao processo;
D) Diminuir o quantitativo de Recursos Extraordinários que chegam
ao STF.

SURGIMENTO: Emenda Constitucional nº 45/2004

83
Emenda Constitucional nº 45/2004

1. Acrescentou à CF/88. Art. 102. § 3º No RE o recorrente deverá


demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de
seus membros.
Art. 543-A- CPC. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não
conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele
versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. Art. 543-
B- CPC. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em
idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos
termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o
disposto neste artigo.
Novo CPC – ART. 1036 a 1044.
RISTF. EMENDA REGIMENTAL 21/2014 -
STFEMENDA.REG.21.STF.REPERCUSSÃO.docx
84
RE com
REPERCUSSÃO GERAL e sua proximidade com o Controle Abstrato

A RG representa o início de um processo de objetivação do RE, com


características similares às do controle concentrado e abstrato de
constitucionalidade, cujas normas são analisadas em tese.
Razão de tal raciocínio:
a) O exame da questão constitucional é em tese;
b) Efeito vinculante das decisões.

Trata-se de controle difuso/concreto em que a principal questão é a


constitucional, a qual será examinada em tese em um caso concreto.

CONSEQUENCIA DO RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL:


Todos os Recursos Extraordinários que tratarem da mesma questão
ficarão sobrestados nos Tribunais de origem até o julgamento do RE
paradigma (leading case) pelo STF.

Questão: O que ocorre se o recorrente desistir do RE após análise e


reconhecimento da repercussão geral pelo STF?

ART. 998, P.U, CPC/2015CPC.2015.docx


85
REPERCUSSÃO GERAL: requisito de admissibilidade
do RE

EC 45/2004 - acrescentou ao art. 102, CF/88, o § 3º:

“No recurso extraordinário o recorrente deverá


demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da
lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros”.

Aspecto conceitual: art. 543-A, CPC/1973


“para efeito da repercussão geral, será considerada a
existência, ou não, de questões relevantes do ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico, que
ultrapassem os interesses subjetivos da causa” ou
“sempre que o recurso impugnar decisão contrária a
súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal”.

Vide Art. 1035, CPC/2015CPC.2015.docx


86
Extensão dos Efeitos da Decisão com Repercussão Geral

PODER JUDICIÁRIO: efeito vinculante, exceto para o STF, que poderá no


futuro rever sua jurisprudência
PODER LEGISLATIVO: ?
Não vincula
PODER EXECUTIVO: ?
Pode vincular, se houver ato determinando.

Ex. Portaria Conjunta PGFN / RFB nº 01, de 12 de fevereiro de 2014


Art. 1º A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) cientificará a
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) acerca das matérias de
interesse da Fazenda Nacional submetidas pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) à sistemática de
julgamento dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de
1973 - Código de Processo Civil (CPC).
Art. 2º A PGFN cientificará a RFB acerca das decisões de interesse da
Fazenda Nacional proferidas pelo STF e pelo STJ na sistemática de
julgamento dos arts. 543-B e 543-C do CPC, no prazo de 10 (dez) dias,
contado da publicação do acórdão.
§ 1º Na ciência de que trata o caput, a PGFN comunicará, quanto aos
julgamentos desfavoráveis à Fazenda Nacional, sua possível inclusão
na lista de dispensa de contestar e recorrer.
87
Dois critérios de verificação da existência da
repercussão geral art. 543 –A, CPC/1973 e art.
1035, CPC/2015

1. de natureza subjetiva no § 1°: existência


de questões relevantes do ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico, que
ultrapassem os interesses subjetivos da
causa

2. de natureza objetiva, ou presumida, no §


3°: sempre que o recurso impugnar decisão
contrária a súmula ou jurisprudência
dominante do Tribunal.
88
Art. 543 – B, CPC

§ 1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar um


ou mais recursos representativos da controvérsia e
encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal,
sobrestando os demais até o pronunciamento
definitivo da Corte.

§ 2º Negada a existência de repercussão geral, os


recursos sobrestados considerar-se-ão
automaticamente não admitidos.

§ 3º Julgado o mérito do recurso extraordinário,


os recursos sobrestados serão apreciados pelos
Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas
Recursais...
Art. 1037, CPC/2015CPC.2015.docx

89
REPERCUSSÃO GERAL: RECONHECIDA -OU NÃO - PELO STF

ADMITIDA A REPERCUSSÃO GERAL PELO STF e


ANALISADA A QUESTÃO CONSTITUCIONAL E O MÉRITO DO
RE - CONSEQUÊNCIA todos os RE
(s) sobrestados serão examinados pelos Tribunais de origem.

QUESTÃO: o que ocorre quando o Tribunal de origem não


acolhe a decisão do STF?
Cabe RECLAMAÇÃO

90
Controle difuso incidental pelo STJ e STF

Como o STJ e o STF realizam o controle incidenter tantum de


constitucionalidade de um ato normativo ou de uma lei?

O STJ: deixando, no caso concreto, de aplicar a norma considerada em


desarmonia com a Constituição.
Vide arts. 199e 200 do Regimento Interno do STJ

O STF: 3 situações:
1. em sua competência originária, art. 102, I, CF/88;
2. 2. em sede de recurso ordinário, art. 102, II, CF/88 e
3. 3) por meio de RE, art. 102, III, CF/88.

Aplica-se o PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO, art, 97, CF/88 e as regras


do seu Regimento Interno, arts. 176 a 178.
91
Controle Incidental de Constitucionalidade de Normas anteriores
à Constituição
É possível o reconhecimento incidental de incompatibilidade entre elas,
por parte dos juizes e Tribunais.
Neste caso, considera-se a lei revogada.
Após decidir a questão prejudicial de inconstitucionalidade, o
Pleno do STF (art.97, CF/88), ele mesmo, decide a causa principal.
Ou seja: o Pleno não devolve o processo ao órgão fracionário para
julgar a questão principal, como ocorre com os outros tribunais.
Proferida a decisão de inconstitucionalidade da norma, o STF
comunica o órgão interessado, e depois do trânsito em julgado
cientifica o Senado, para, querendo, suspender a execução da norma
considerada inconstitucional, no controle concreto, nos termos do art.
52, X, CF/88 (mutação constitucional – Gilmar Mendes).

92
Efeitos da decisão no controle incidental no STF

Transitada em julgado, a decisão (aquela que examinou a questão


principal e a questão prejudicial de constitucionalidade da norma) terá dois
tipos de eficácia: subjetiva e objetiva.
• Eficácia subjetiva: restringe-se às partes do processo, não alcançando,
em regra, terceiros, art. 472, CPC.
• Eficácia objetiva da coisa julgada: limita-se ao pedido e a decisão, isto
é, limita-se ao dispositivo da sentença/acórdão, nos termos do art. 469,
CPC, não fazendo coisa julgada os fundamentos.

Art. 469. Não fazem coisa julgada:


I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte
dispositiva da sentença;
Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no
processo.

93
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: controle incidental de constitucionalidade

Em uma ação, o juiz decidiu que determinado tributo não era


devido pelo autor porque a lei que o instituiu violava
frontalmente o princípio da anterioridade clássica (art. 150,III,a,
CF/88). Conforme assentada jurisprudência do STF, tal
princípio é considerado cláusula pétrea constitucional, vide
ADI 939/DF.

Indaga-se: A referida decisão, proferida pelo juizo a quo,


produz seus efeitos em relação a quem, e qual é a sua
extensão?

94
EFICÁCIA TEMPORAL DA DECISÃO NO CONTROLE INCIDENTER
TANTUM
Corrente majoritária: defende a tese da nulidade da norma considerada
inconstitucional.
Consequência lógica deste entendimento: a decisão, que reconhece a
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, tem natureza declaratória: seus
efeitos são retroativos, ex tunc.
O STF, no entanto, tem temperado, em algumas situações, os efeitos
retrospectivos:

AI 557237 AgR / RJ - Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA


Julgamento: 18/09/2007
EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL
URBANA (IPTU). MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. PROGRESSIVIDADE.
CONSTITUCIONAL. CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE.
MODULAÇÃO TEMPORAL DA DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE. A orientação do Supremo Tribunal Federal
admite, em situações extremas, o reconhecimento de efeitos meramente
prospectivos à declaração incidental de inconstitucionalidade. Precedentes da
Segunda Turma. Agravo regimental conhecido, mas ao qual se nega
provimento.
95
Controle difuso incidental pelo STJ e STF

Como o STJ e o STF realizam o controle incidenter tantum de


constitucionalidade de um ato normativo ou de uma lei?

O STJ: deixando, no caso concreto, de aplicar a norma considerada em


desarmonia com a Constituição.
Vide arts. 199 e 200 do Regimento Interno do STJ

O STF: pode fazer:


1. em sua competência originária, art. 102, I, CF/88;
2. em sede de recurso ordinário, art. 102, II, CF/88 e
por meio de RE, art. 102, III, CF/88.

Aplica-se o princípio da reserva de plenário, art, 97, CF/88 e as regras do


seu Regimento Interno, arts. 176 a 178.

96
Decisão do STF e a prerrogativa do Senado de suspender a
execução do ato normativo considerado inconstitucional no controle
incidental

USA: sistema de controle difuso e concreto – as decisões proferidas pelos


Tribunais tornam-se OBRIGATÓRIAS para os órgãos judiciais a eles
vinculados.
Brasil: diferente - as decisões proferidas não têm efeito vinculante, e a
sua eficácia é inter-partes.
Ratio subjacente: prerrogativa do Senado de suspender – ou não – a
norma impugnada pelo STF, no controle incidenter tantum, art. 52, X,
CF/88: dar efeito erga omnes àquela decisão que julgou a
constitucionalidade de uma norma jurídica num caso concreto.

97
Doutrina e Jurisprudência, e o papel do Senado, ex vi da norma
inserta no art. 52, X, CF/88.

1.A suspensão da norma, considerada incidentalmente inconstitucional


pelo STF, é um ato discricionário do Senado - ato político, livre de prazo.
2. Apesar da dicção do art. 52, X, CF/88, que se refere apenas a lei, a
interpretação mais utilizada abarca todos os atos normativos, de todos os
Poderes, e, ainda, os atos estaduais e municipais.
3. A suspensão da execução do ato normativo pode ter efeitos ex tunc.
(posição de Luís Roberto Barroso, vide BARROSO, Luís Roberto. O
Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro. São Paulo: Editora
Saraiva, 2004, p.91).
Este entendimento ainda encontra posições discordantes na doutrina.
Vide Nagib Salibi Filho, José Afonso da Silva etc.

98
RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM SEDE DE CONTROLE
ABSTRATO:

É POSSÍVEL A OBJETIVAÇÃO DO RE?!!!

99
Segundo lições de Gilmar Ferreira Mendes: (www.tex.pro.br)

O recurso extraordinário “deixa de ter caráter marcadamente


subjetivo ou de defesa de interesses das partes, para assumir,
de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional
objetiva. Trata-se de orientação que os modernos sistemas de
Corte Constitucional vêm conferindo ao recurso de amparo e ao
recurso constitucional (Verfassungsbeschwerde). (...)
A função do Supremo nos recursos extraordinários ─ ao menos
de modo imediato ─ não é a de resolver litígios de fulano ou
beltrano, nem a de revisar todos os pronunciamentos das
Cortes inferiores.
O processo entre as partes, trazido à Corte via recurso
extraordinário, deve ser visto apensa como pressuposto para
uma atividade jurisdicional que transcende os interesses
subjetivos”

100
CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL:
exame da compatibilidade de lei ou ato normativo estadual ou
municipal em face da Constituição Estadual

CF/88 - art. 125, § 2º:


“Cabe aos Estados a instituição de representação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para
agir a um único órgão”.

Nas hipóteses de normas da Constituição Federal de caráter de reprodução


obrigatória pelas Constituições estaduais é possível o manejo do
RECURSO EXTRAORDINÁRIO para impugnar decisão em sede de controle
concentrado/abstrato de constitucionalidade estadual.
Fundamento: a norma questionada, ou seja, aquela que está violando a
Constituição Estadual, está também violando a CF.
*Tem-se nesta situação a objetivação do RE e com efeito erga omnes.
101
Análise de Caso Concreto

Sobre a ação declaratória de inconstitucionalidade responda


aos seguintes quesitos, com a indicação da jurisprudência
predominante do STF sobre o tema:
•a) É admissível o ajuizamento de ação declaratória de
inconstitucionalidade (ADI) de medida provisória ainda não
convertida em lei?
•b) É admissível a concessão de medida liminar no processo
instaurado em razão do exercício da ação declaratória de
constitucionalidade (ADC)?
•c) É imprescindível a atuação do Advogado Geral da União no
processo instaurado em virtude do exercício da ação
declaratória de constitucionalidade (ADC)?

102
Gabarito sugerido:
•a- Ação direta de Inconstitucionalidade. Medida Provisória nº 2.152-2, de 1º de
junho de 2001, que cria e instala a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, do
Conselho de Governo, estabelece diretrizes para programas de enfrentamento da crise
de energia elétrica e dá outras providências. Sustentação de incompatibilidade dos
dispositivos impugnados com o disposto nos artigos 5º, incisos XXII, XXXVI, LIV,
62, 146, inciso III, alínea "a" e 150, inciso IV, da Constituição Federal. Prejudicada a
medida cautelar em face da decisão tomada pela maioria do Tribunal, em 28/06/2001,
deferindo cautelar na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 9, quanto aos arts. 14
e 18, da Medida Provisória nº 2152-2.4. Indeferida a liminar quanto ao art. 21 e
parágrafo único; ao art. 22, II e §1º, ao art. 23 e parágrafo único, todos da MP 2152
(STF, ADI nº 2468, relator Min. Néri da Silveira, em 29/06/2001, DJU 14/12/2001 -
grifado).

•b- Pode, com base no art. 21, da Lei n. 9.868/99.

•c- "Ação Declaratória de Constitucionalidade. Incidente de Inconstitucionalidade da


Emenda Constitucional nº 03/93, no tocante à instituição dessa ação. Questão de
ordem. Tramitação da Ação Declaratória de Constitucionalidade. Desnecessidade
de pronunciamento do Advogado Geral da União. Incidente que se julga no sentido
da constitucionalidade da Emenda Constitucional nº 03/93, no tocante à Ação
Declaratória de Constitucionalidade" (STF, ADC nº 1, relator Min. Moreira Alves, em
27/10/1993, DJU 16/06/1995 - grifado).

103
Análise de Caso Concreto

Em processo objetivo, ou seja, em sede de controle


concentrado e abstrato de constitucionalidade (ação direta), o
STF foi instado a manifestar-se acerca da constitucionalidade
de outra norma, diferente daquela objeto da ação em curso.

Diante desta situação, como deve proceder a Suprema Corte


brasileira?

104
Resposta:

ADI 91-SE – Rel. Min. Sydnei Sanches:


“O Supremo Tribunal Federal, em processo objetivo, como é o da
ação direta de inconstitucionalidade, que impugna dispositivo de
uma lei em tese, não pode reconhecer, incidentalmente, a
inconstitucionalidade de outra lei, que nem está sendo
impugnada. Até porque a declaração incidental só é possível no
controle difuso de constitucionalidade, com eficácia ‘inter partes’,
sujeita, ainda, à deliberação do Senado no sentido da suspensão
definitiva da vigência do diploma, ou seja, para alcançar eficácia
erga omnes”.

105
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental -ADPF

Previsão normativa: art. art. 102, §1º, CF/88 e Lei 9.882/99.

A ADPF surgiu com a CF/88, ampliando a jurisdição constitucional do STF.

A ordem constitucional pressupõe a existência de mecanismos garantidores do Estado


Constitucional.

Nesse passo: “A Constituição consubstancia a unidade e a existência de um Estado”:


(Manuel Garcia-Pelayo, in: Derecho Constitucional Comparado. 6 ed. Madrid: Revista
de Occidente,1961).

Em síntese: a ADPF é um instrumento de assento constitucional, é uma


garantia constitucional de caráter processual, cujo escopo é a proteção do
texto constitucional.

106
Conceito de ADPF (cf. Uadi L.Bulos): “é um mecanismo especial de controle de normas
que permite aos legitimados do art. 103 da Carta Maior levarem ao conhecimento do
Pretório Excelso a ocorrência de desrespeito às normas basilares da ordem jurídica”.

A ADPF e os institutos do Direito Comparado: Uadi Bulos (op. cit.) sustenta


que, malgrado existirem institutos similares a ADPF no direito estrangeiro, ela traz
especificidades próprias e específicas.

A ADPF encontra semelhança com os institutos:


a)Writ of certionari (USA);
b)Recurso de Amparo (Espanha);
c)Autorremissão (Itália);
d)Ação Popular de Inconstitucionalidade (Venezuela);
e)Recurso Constitucional (Alemanha)

107
ADPF: finalidade e natureza jurídica

Finalidade: dar coerência e segurança jurídica ao sistema normativo


constitucional

Natureza Jurídica: a ADPF tem natureza híbrida, mista. Ela transita pelo
controle concentrado e pelo controle difuso.
Cabe ao STF, no controle concentrado, julgá-la, mas a questão
constitucional se deu no bojo de um processo em sede de controle difuso.

Para alguns autores, a existência de duplicidade de controle (concentrado e


difuso) da ADPF pode gerar confusão.

Nessa toada, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil


promoveu ADI em face da Lei 9.882/99 ( vide ADI 2.231 – Rel. Min. Néri da
Silveira, julgada em 05.12.2001.

108
A questão da natureza jurídica da ADPF: STF

Min. Gilmar Mendes:

“a ADPF é uma das formas de controle concentrado (...), nela não se discute
interesse de caráter individual (...), limitando-se a Corte a examinar o caráter
abstrato e objetivo da legitimidade da norma questionada, num processo sem
sujeitos, destinado pura e simplesmente à defesa da Constituição”.

(AS 54DF-2009).
Min. Carlos Ayres Brito:
“a ADPF enquanto mecanismo processual está apta a ensejar tanto a abertura
do processo de controle concentrado de constitucionalidade, quanto à
instauração do processo desconcentrado (difuso)”. (AS 54).

109
CABIMENTO DA ADPF, nos termos da Lei 9.882/99.

A ADPF é manejada para:

1.Evitar violação a preceito fundamental em razão de atos do Poder


Público.

2.Reparar/corrigir lesão a preceito fundamental provocada por atos do


Poder Público.

3.Reconhecer/demonstrar a relevância da controvérsia constitucional


decorrente de lei ou ato normativo de âmbito federal, estadual ou municipal,
além daqueles anteriores à Constituição.

110
O que é preceito fundamental?

Para o filósofo Thomas Ransom Giles, a expressão “preceito” tem no


mínimo dois sentidos:

1. “aquilo que é dado para servir de regra de ação, de


conduta”.

2. “aquilo que é aceito como princípio regulatório ou funcional na


organização e direção da conduta”. (vide Dicionário de Filosofia do autor).

Na seara do Direito, o termo “preceito” apoia-se na noção de norma, de


regra, de comando normativo.

Aponta o constitucionalista brasileiro André Ramos Tavares (op. cit.) que o


significante “preceito” se identifica com qualquer norma, seja uma regra, seja
um princípio.

111
Preleciona André Ramos Tavares: p. 122

“O ‘preceito fundamental’ traduz-se, mais precisamente, na somatória entre,


de uma parte, parcela dos próprios princípios constitucionais (já que nem
todos eles são preceitos fundamentais), bem como, de outra parte, das
regras cardeais de um sistema constitucional, constituídas,
essencialmente, pelo conjunto normativo assecuratório dos direitos
humanos”.

*Para este autor, o preceito fundamental não abarca toda e qualquer norma
prevista no texto constitucional.

*O adjetivo “fundamental” não se confunde com o termo “constitucional”.

*A fundamentalidade ínsita ao preceito tem como características: a


imprescindibilidade, a essencialidade e a inafastabilidade.

112
Para Uadi Bulos: (op. cit.p.324).

são “fundamentais aqueles preceitos que informam o sistema

constitucional, que estabelecem comandos basilares e imprescindíveis à


defesa dos pilares da manifestação constituinte originária”.
Exemplos de preceitos fundamentais:

1.Os princípios fundamentais da República brasileira, esculpidos no art. 1°;

2. O princípio da separação de poderes, art. 2°

3. Princípios do devido processo legal, do contraditório, da legalidade, art. 5°, da


defesa do consumidor, art. 170, IV, da prestação de contas, art. 70, p.u. art. 34, VII, d,
e art. 35, III).

113
ESPÉCIES DE ADPF

Duas correntes:

Corrente 1.

Para Luis Roberto Barroso, a Lei 9.882/99 prevê dois tipos de ADPF:

1. Arguição autônoma: art. 1°,caput.

1. Arguição incidental: art. 1°, § único, inciso I.

114
Corrente 2. Uadi Lammêgo Bulos: a Lei 9.882/99 estabelece 4 espécies de
arguição de preceito fundamental:

1. Arguição preventiva: tem como objeto obstar lesões a princípios, direitos e


garantias fundamentais previstos na CF/88.
2. Arguição repressiva: objetiva reparar violações ou lesões, “reprimindo ou fazendo
cessar as condutas omissivas ou comissivas de qualquer dos Poderes Públicos, no
exercício de suas atribuições, que estejam pondo em risco preceitos fundamentais”.
3. Arguição autônoma: inserta no art. 1°, caput, da Lei 9.882/99, decorrente do art.
102, §1°, CF/88. Tem como escopo obstar ou reparar lesão a preceito fundamental,
em razão de ato do Poder Público ( de natureza legislativa, administrativa ou
judicial).
4. Arguição incidental (abstrata, paralela, por equivalência, equiparação ou
derivação): Art. 1°, §único, inciso I, da Lei 9.882/99: cabível diante de relevante
controvérsia constitucional envolvendo lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, e aqueles anteriores à CF/88.
O ato deve ser, necessariamente, normativo.
115
Controvérsia acerca da constitucionalidade do art.1°, § único, I, que prevê a arguição
incidental:

Doutrina:

Corrente 1. pela constitucionalidade: Uadi Bulos, Luis Roberto Barroso e André Ramos
Tavares se posicionam pela constitucionalidade.

Corrente 2. pela inconstitucionalidade: Sérgio Rezende Barros e Alexandre de


Moraes.

STF: em alguns julgados tem se pronunciado no sentido de que o legislador ordinário


não poderia criar nova espécie de arguição não prevista na Constituição.

ADPF 54.p.203

116
Atos passíveis de controle pela ADPF

1. ATOS DO PODER PÚBLICO: atos de natureza normativa, administrativa e judiciais.

2. ATOS PRIVADOS EQUIPARADOS AOS PRATICADOS POR AUTORIDADES PÚBLICAS: atos


praticados por entidades privadas que atuam por delegação do Estado
Ex. concessionárias de serviços públicos e dirigentes de instituições privadas de ensino.

3. ATOS MUNICIPAIS: atos que violam diretamente a CF.

4. ATOS NORMATIVOS ANTERIORES Á CF: A posição tradicional do STF é no sentido de que não
cabe ADI de normas anteriores à CF e por esta revogadas.

Admite, no entanto, a lei o manejo da ADPF, por força do art. 1°, § único, inciso I, parte final.

LEI 9.882/99

5. ATOS OMISSIVOS INCONSTITUCIONAIS: poderá o STF declarar a inércia do legislador.

ADPF4.SALÁRIO.MÍNIMO.

117
Atos não examinados em ADPF:

1. Atos negociais: entre particulares.

2. Atos políticos: O STF já se manifestou no sentido de que veto em


projeto de lei por prefeito não é suscetível de exame em sede de ADPF.

Cuida o veto de ato político. ( vide ADPF 1.).

3. Atos legislativos em formação: ex. projetos de lei, propostas de emenda


constitucional.

Trata-se de matéria interna corporis do Poder legiferante.

4. Atos normativos secundários: regulamentos, instruções, portarias,


decretos executivos etc.

118
Elementos da Arguição
(André Ramos Tavares, op. cit. pp. 307-328)

1. CAUSA DE PEDIR (causa petendi): Art. 3°, da Lei 9.882/99.

1.1. causa de pedir próxima: art. 3°, I – caracteriza os fundamentos jurídicos do


pedido – é a indicação do preceito fundamental supostamente violado.

1.2. causa de pedir remota: art. 3°, II - é a razão ensejadora do direito do autor em
demandar – consubstancia o ato impugnado.
Preleciona o prof. André Ramos Tavares:

“a causa de pedir próxima é a primazia do princípio da


supremacia da Constituição na resolução de todas as
situações da vida”.

119
Continua...
Elementos da Arguição
(André Ramos Tavares, op. cit. pp. 307-328)

2. PEDIDO: é o elemento objeto da demanda.

2.1. PEDIDO MEDIATO: consubstancia o reconhecimento da violação e posterior desconstituição


da situação geradora da violação; é o bem da vida que se almeja proteger.

2.2. PEDIDO IMEDIATO: refere-se à espécie de prestação jurisdicional pleiteada: condenação,


declaração, execução , mandamental etc.

Ex. ADPF n. 17 – Rel. Min. Celso de Mello.

O Estado do Amapá ajuizou ADPF cujo pedido imediato era a declaração de nulidade de atos de
nomeação e de investidura de seis desembargadores daquele TJ. O pedido mediato era o recon
hecimento de violação de preceitos fundamentais.

120
Continua... Elementos da Arguição

(André Ramos Tavares, op. cit. pp. 307-328)

3. Ausência de partes:

A ADPF se desenvolve no bojo de um processo objetivo, ou seja, em um processo


sem sujeitos, cuja finalidade é garantir a incolumidade da Constituição.

Os legitimados do art. 103, CF/88 não são partes no sentido utilizado no processo
civil ; são, na verdade, atores no processo que atuam em prol do interesse público.

121
4. Legitimidade ad causam: art. 103, CF/88 c/c art. 2°, Lei 9.882/99 –

Quem pode propor a ADPF?


Os legitimados para propor a ADPF são os mesmos para a ADI, vejamos:

a) O Presidente da República;

b) Os governadores de Estado;

c) A mesa do Senado Federal;

d) A mesa da Câmara dos Deputados;

e) As mesas das Assembleias Legislativas estaduais e da Câmara Legislativa do DF ;

f) O Procurador-geral da República;

g) O Conselho Federal da OAB;

h) Partido político com representação no Congresso;

i) Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

122
E o cidadão?

Existia no projeto da lei da ADPF a legitimidade do cidadão promover a ADPF, mais tal

dispositivo foi vetado pelo Presidente da República, sob o argumento de que isso

criaria problemas de ordem funcional, pois haveria uma inflação de processos de

ADPF no STF.

123
PRESSUPOSTOS GERAIS PARA A PROPOSITURA DA ADPF

1.Descumprimento de preceito fundamental;

2.Relevância do fundamento da controvérsia constitucional: a questão deve ter


repercussão geral que transcenda a esfera particular em um caso específico.

3.Inexistência de outro meio idôneo (princípio da subsidiariedade), ex vi do art. 4°,


§1°, da Lei 9.882/99.

Divergências doutrinárias e jurisprudenciais em relação à subsidiariedade:

Corrente 1. (capitaneada por José Afonso da Silva e Andre R amos Tavares).


Rejeita o caráter subsidiário ou residual que a lei visou a dar à ADPF.

Corrente 2. (seguida por Zeno Veloso e Alexandre de Moraes e pelo STF): com
base no art. 4°, §1°, da lei da ADPF, defende a inadmissibilidade do manejo desta
ação sempre que houver outros meios idôneos para resolver a questão.

124
PRESSUPOSTOS DA ARGUIÇÃO INCIDENTAL: art. 1º, p.u.,inciso I, da lei.

1. Existência de uma demanda em curso;

2. Ameaça ou lesão a preceito fundamental;

3. Relevância do fundamento da controvérsia constitucional;

4. Envolve lei ou ato normativo ;

5. não abarca todo e qualquer ato do Poder Público, como ocorre

com a ADPF autônoma, prevista no art.102, §1º, CF/88 e no art.

1º, caput, da lei.

125
RITO PROCESSUAL DO JULGAMENTO DA ADPF

COMPETÊNCIA:
Por tratar-se de uma ação que se insere no complexo sistema de
controle de constitucionalidade, em particular, no controle concentrado,
cabe ao SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL a sua análise e seu julgamento.

Questão:

É possível a formação de litisconsórcio em sede de processo objetivo de


controle concentrado, em particular, na ADPF?

126
RESPOSTA

Em regra, o STF não admite litisconsórcio nos processos objetivos de


controle de constitucionalidade.

A doutrina (André Ramos Tavares) entende ser possível o litisconsórcio


entre os legitimados, excluindo –se apenas aquele de onde o ato
impugnado foi emanado.

Vide ADI 807-2 – questão de ordem – Rel. Min. CELSO DE MELLO.

127
EFEITOS DA DECISÃO DA ADPF

1. Efeitos subjetivos da decisão: eficácia erga omnes e vinculante relativamente


aos demais órgãos do Poder Público (art. 10, §3°)

2. Efeitos objetivos da decisão: abre-se para algumas situações:

2.1. se a arguição decorrer de um ato normativo, os efeitos serão os mesmos da


ADI e ADC;

2.2.se a arguição decorrer de um ato administrativo – ex. edital de licitação – e o


pedido for acolhido, deverá o ato ser anulado;

2.3. se a arguição decorrer de uma decisão judicial, nova decisão judicial deverá
ser proferida pelo juizo a quo, anulando-se a anterior.

3. Efeitos temporais da decisão: art. 11, da Lei da ADPF prevê a modulação dos
efeitos da decisão.

128
CABE LIMINAR EM SEDE DE ADPF?

A Lei 9.882/99 prevê, em seu art. 5°, a concessão de liminar por


maioria absoluta dos membros do Tribunal.

Em caso de urgência ou recesso poderá ser deferida a liminar pelo


relator, com posterior referendo do Plenário.

129
QUESTÃO:

Considerando a sistemática da ADPF, responda:

1. É possível a desistência da ação depois de intentada?

2. É admissível a aplicação em sede de ADPF do princípio da


fungibilidade?

3. Existe a possibilidade de ajuizamento de ADPF, cujo objeto é uma


resolução do Ministro da Fazenda?

130
Respostas:

1. Não cabe a desistência da ação, da mesma forma como ocorre nos demais
processos objetivos (André Ramos Tavares). Ver art. 169, §1°, RISTF.
2. Considerando a possibilidade da arguição incidental em qualquer processo,
entende a doutrina não ser admissível a fungibilidade da ADPF em ADI (André
Ramos Tavares).

3. não cabe ADPF contra atos secundários, porquanto eles decorrem da lei e não
diretamente da Constituição.
Ocorre que, em algumas situações, a própria Constituição determina diretamente
a edição de ato com caráter normativo por parte de órgão do Poder Executivo,
conforme se extrai, p.ex. do art. 237 da CF/88. Nesta hipótese o ato não seria
secundário e sim primário.
VIDE RE.205.316
e
AG.R. em suspensão de Segurança n. 621. 6/94

131
AG.R. em suspensão de Segurança n. 621. 6/94 –
Rel. Min. Octavio Gallotti

FRAGMENTO DE SEU VOTO:

132
É possível ADPF em âmbito estadual?

Embora a CF/88 não tenha previsto expressamente, a doutrina entende


cabível a ADPF estadual , com base no princípio da simetria federativa. (UADI
BULOS, p. 327).

A importância prática desse instituto em sede estadual é diminuta, pois, de


qualquer modo, os preceitos fundamentais devem ser os mesmos da CF/88 e,
no tocante aos atos municipais e estaduais já é possível controlá-los pela
arguição existente em âmbito federal.

Há, contudo, Estados que preveem a ADPF estadual em suas constituições,


vide exemplos: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Alagoas.
Constituição do Estado do Rio Grande do NorteCONST.ESTAD.RN..docx

133
Questão:

É possível arguição de suspeição de Ministros do STF em


sede de ADPF?

ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO
ADPF.ARGUIÇÃO.SUSPEIÇÃO..docx

134
Questão:

Em sede de ADPF deve o Advogado Geral da União atuar como defensor


legis?

135
Resposta:

• LEI N. 9.882/99 - apenas menciona a manifestação do AGU quando


se tratar de concessão de liminar.

• A CF/88, entretanto, dispõe expressamente que o AGU deve atuar


como curador do ato normativo impugnado, ex vi do art. 103,
§3°.

• Pode-se inferir que, na hipótese de atos de caráter administrativo ou


judicial não haverá a manifestação do AGU.

• A Lei 9.868/99 (ADI, ADC) prevê a oitiva do AGU e do PGR (arts. 8


e 19).

136
Questão discursiva de prova da OAB

Em Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, o


Governador do Estado do Amapá pleiteia liminarmente a declaração de
nulidade dos atos de nomeação e de investidura de seis
Desembargadores do Tribunal de Justiça local. Alega a violação de
diversos preceitos constitucionais consagrados nos artigos 1º, III e 5º,
XXXVII, LIII e LIV. Em conseqüência, pretende, em bases que julga
legítimas, proceder à instalação do Tribunal de Justiça com observância
estrita do artigo 235, incisos V e VI da CRFB/1988

• Enfrente a questão avaliando a adequação do instrumento processual


utilizado pelo autor.

137
RESPOSTA:

ADPF 17-AP, relator Min. Celso de Mello

E M E N T A: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL (CF, ART. 102, § 1º) - AÇÃO ESPECIAL DE ÍNDOLE
CONSTITUCIONAL - PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE (LEI Nº 9.882/99,
ART. 4º, § 1º) - EXISTÊNCIA DE OUTRO MEIO APTO A NEUTRALIZAR A
SITUAÇÃO DE LESIVIDADE QUE EMERGE DOS ATOS IMPUGNADOS -
INVIABILIDADE DA PRESENTE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO -
RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - O ajuizamento da ação constitucional
de argüição de descumprimento de preceito fundamental rege-se pelo
princípio da subsidiariedade (Lei nº 9.882/99, art. 4º, § 1º), a significar que
não será ela admitida, sempre que houver qualquer outro meio
juridicamente idôneo apto a sanar, com efetividade real, o estado de
lesividade emergente do ato impugnado.

138
9º) CASO CONCRETO:

Servidora pública municipal, depois de ver indeferido, por força de inexistência de


norma municipal que o previsse, pleito administrativo de inclusão de seu marido
na condição de seu dependente para fins previdenciários e assistenciais, a esse
escopo intentou ação propugnando, incidentalmente, pela declaração de
inconstitucionalidade da norma local, por omissão em qualificar-lhe o marido
como dependente.

Deve o juiz acolher-lhe o anseio? Fundamente sua resposta.

139
RECLAMAÇÃO
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
• I - processar e julgar, originariamente:
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de
suas decisões.

Art. 103 – A
• § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou
que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


• I - processar e julgar, originariamente:
• f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de
suas decisões;
140
EXMº. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

(pular aproximadamente 5 linhas em todas as petições iniciais)

NOME, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG nº e do


CPF n°..., residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado
(procuração em anexo) com escritório..., nos termos do art. 39, I do CPC, e com
fundamento no art. 102, I, “l”, da Constituição Federal de 1988 e da Lei nº 8.038/90,
vem apresentar
RECLAMAÇÃO
em face da decisão do Exmº. Sr. Juiz da ..., que descumpriu decisão de mérito com
efeito vinculante proferida pelo STF na ADI nº...

I – DA DECISÃO OBJETO DA RECLAMAÇÃO


141
II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
III – DO PEDIDO

Pelas razões acima expostas, após as oitivas da autoridade competente e


do Procurador-Geral da República, o Reclamante pede a juntada de
documentos anexos e espera seja cassada a decisão judicial sob comento a fim de
preservar a autoridade desta Egrégia Corte Suprema de Justiça.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais.


Nesses termos, pede-se deferimento.
Local e data
Advogado
OAB n.º ...

142
A CF/88 prevê o instituto da RECLAMAÇÃO apenas para o STJ e
STF

Todavia:
O STF, na ADI 2.480/2007 – deu interpretação conforme a tais previsões
constitucionais – admitindo a possibilidade da previsão da reclamação na
Constituição Estadual para o controle de constitucionalidade em âmbito
estadual.
Tal entendimento tem como base os princípios da simetria (art. 125,
caput, e §1º) e da efetividade das decisões judiciais, bem como a partir da
compreensão de sua natureza jurídica como derivação do direito de
petição (art. 5º, XXXIV, CF).

Natureza Jurídica da RECLAMAÇÃO: não há consenso


STF – ADI 2112: instrumento para o exercício do direito de petição (art. 5º,
XXXIV, 'a', da CR/88)
STF – Recl 5470: manifestação do direito de ação
Pontes de Miranda: natureza de ação
Doutrina moderna: natureza de ação

143
Decisão monocrática do Min. Gilmar Mendes na Rcl 5470/PA

“A reclamação, tal como prevista no art. 102, I, l, da Constituição, e


regulada nos artigos 13 a 18 da Lei nº 8.038/90, e nos artigos 156 a
162 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, constitui
ação de rito essencialmente célere, cuja estrutura procedimental,
bastante singela, coincide com o processo do mandado de
segurança e de outras ações constitucionais de rito abreviado. A
adoção de uma forma de procedimento sumário especial para a
reclamação tem como razão a própria natureza desse tipo de ação
constitucional, destinada à salvaguarda da competência e da
autoridade das decisões do Tribunal, assim como da ordem
constitucional como um todo”.

144
145
Desejo a todos

SU-CES-SO NA PROVA!

Profa. Ana Alice

146

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