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LAVOURA ARCAICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUND. E MET DE L. P. NOS ANOS INI. DO ENS. FUND II
Docente: Sônia Maria Rodrigues
Acadêmicas: Beatriz Antunes
Júlia Carvalho
O LIVRO
Escrito por Raduan Nassar e lançado em 1975 Lavoura
Arcaica já de início despertou a atenção da crítica tendo
ficado em 2º lugar no prêmio Walmap no ano de lançamento,
em 1976 recebe da Academia Brasileira de Letras o prêmio
Coelho Neto e também o Jabuti como autor revelação. Além
disso o livro é traduzido para o espanhol, alemão e francês.
O LIVRO É possível assim perceber como a obra repercutiu,
chamando a atenção da crítica especializada. Um ponto que
merece ser citado é a trajetória curta de Raduan enquanto
escritor, pois ele lançou apenas mais dois livros após Lavoura,
a novela – também adaptada para o cinema – Um Copo de
Cólera (1978) e a coletânea de contos Menina a caminho e
outros textos (1997).
A história do jovem André e sua
relação familiar intensa (marcada pelo
sentimento de amor e o desejo que
nutre pela irmã e pela forte tensão
com o pai) é narrada em primeira
pessoa pelo próprio André, num misto
de lembrança e desabafo (boa parte
da trama se dá no quarto de uma
pensão em que o jovem se refugiou e
de onde é levado para casa pelo irmão
mais velho, Pedro: “(…) eu estava
O LIVRO deitado no assoalho do meu quarto,
numa velha pensão interiorana,
quando meu irmão chegou pra me
levar de volta (...)” (Nassar, 2004,
09/10).
Nesse espaço o narrador relembra
diversas passagens de sua vida, seja na
infância ou já na vida adulta: “Na
modorra das tardes vadias na fazenda,
era num sítio lá no bosque que eu
escapava aos olhos apreensivos da
família (…)” (Nassar, 2004, 13).
Essas lembranças chegam aos leitores por meio de
intensos fluxos de consciência, numa linguagem poética
e subjetiva, composta conotativamente e permeada de
figuras de linguagens, como as metáforas em “devaneios
cinzentos”, “valia por um livro de histórias” e “o fruto
que crescia na garganta”:
“(…) e ouvindo meu irmão dizer de repente recolhido “a
mãe envelheceu muito”, eu continuei pensando nela
noutra direção e pude vê-la sentada na cadeira de
balanço, absolutamente só e perdida nos seus devaneios
O LIVRO cinzentos, destecendo desde cedo a renda trabalhada a
vida inteira em torno do amor e da união da família, e
vendo o pente de cabeça em sua majestosa simplicidade
no apanhado do seu coque eu senti num momento que
ela valia por um livro de história, e senti também,
pensando nela, que estava por romper-se o fruto que me
crescia na garganta, e não era um fruto qualquer, era um
figo pingando em grossas gotas de mel (…)”
(Nassar, 2004, 38/39)
Há dois níveis na narrativa, o do presente da
própria narrativa e o da recordação, no qual temos
acesso aos conflitos do narrador. E o próprio livro
é dividido em duas partes: Partida e Retorno,
cabendo ao primeiro 21 capítulos e 9 ao segundo,
totalizando 30. É possível pensar o livro numa linha
alegórica, já que seu contexto de produção nos
O LIVRO aponta um momento de fortes tensões políticas e
o pai e seu poder concentrado pode ser visto
como uma alegoria para o Governo Militar. Assim
como as reivindicações de André por liberdade e
amor podem também indicar a crítica ao
silenciamento promovido pela censura. Mais do
que isso o que valoriza a obra é sua construção,
sua linguagem, seu modo de se organizar.
"O mundo das paixões é o mundo do desequilíbrio, é contra
ele que devemos esticar o arame das nossas cercas, e com as
farpas de tantas afiadas tecer um crivo estreito, e sobre este
crivo emaranhar uma sebe viva, cerrada e pujante, que divida
e proteja a luz calma e clara da nossa casa, que cubra e
esconda dos nossos olhos as trevas que ardem do outro
O LIVRO lado; e nenhum entre nós há de transgredir esta divisa,
nenhum de nós há de estender sobre ela sequer a vista,
nenhum entre nós há de cair jamais na fervura desta caldeira
insana, onde uma química frívola tenta dissolver e recriar o
tempo."
[Raduan Nassar em Lavoura Arcaica]
O FILME
O FILME

Lançado em 2001 o longa-metragem Lavoura Arcaica é


uma obra escrita, dirigida e montada por Luis Fernando
Carvalho, mais conhecido por dirigir novelas e tendo
estreado na direção com a obra em questão e não
tendo dirigido mais nenhum filme até o presente
momento.
Num primeiro olhar, de caráter comparativo, filme e
livro estabelecem um diálogo bastante interessante, com
ambos buscando se expressar por uma linguagem
subjetiva, de traços mais poéticos, o que fará com que a
construção narrativa de ambos siga por um caminho não
tradicional, já que livro e filme optam por não adotar um
estilo narrativo e sim muito mais contemplativo.
Comprova o que dissemos acima a cena de abertura
do filme: a princípio temos uma imagem que não se
distingue bem, a câmera passeia até nos mostrar André,
primeiro seu rosto, depois vemos que ele está deitado e
se masturba. Na parte sonora o silêncio vai, aos poucos,
dando lugar ao som de uma locomotiva que apita e
parece mais próxima, os movimentos e o som parecem
sincronizados e quando o trem parece passar por nós,
com seu som mais elevado, André atinge orgasmos.
O FILME

Já nesse início temos também um jogo de claro x escuro que


perpassará toda a obra, nos remetendo ao estilo Barroco, no
qual os contrastes são um elemento presente, seja nas antíteses,
no plano da linguagem; ou no jogo de luz e sombras, marcante
em pinturas do período.
Aqui os contrastes se dão tanto no plano da iluminação (em
diversas passagens há o claro x escuro) e nas cenas das
lembranças, em flashbach, que são bastante marcadas por uma
luz bem forte, com todos os elementos bem mais claros, quanto
no plano das sensações, pois podemos dizer que o passado mais
claro seria um momento mais idílico, utópico até para André.
Ao contrário do presente, em que a oposição luz e sombras
é uma constante e há diversos momentos escuros, o que nos
sugere o estado psicológico do personagem-narrador, já que ele
parece delirar em certas passagens e uma marca visual desse
delírio se refletiria na iluminação, nas imagens que compõem
essa parte da narrativa.
O FILME

Livro e filme tem na voz de André seu fio condutor e este é um elemento que
ajuda a relacionar bem as duas obras, pois este escolha por parte do diretor do
longa contribui tanto para uma aproximação entre seu trabalho e o texto-fonte
como também para nós, espectadores, pois a voz de André a narrar nos mergulha
em seu universo, em seu mundo de intensas contestações e de um amor quase
louco, que beira um estado doentio em certas passagens, principalmente quando
ele se dirige à Ana após transarem, enquanto ela reza. Ali ele verbaliza toda sua
angústia e fome de vida num monólogo de fortes tons dramáticos.
O FILME

Devido às marcas poéticas que o livro


traz, ancorado numa linguagem de forte
carga conotativa pode-se até mesmo
comparar André a um eu lírico, que
exprime estados d'alma, de modo
subjetivo e pautado numa linguagem
carregada de significados, a partir do
uso das figuras de linguagens, como
apontado antes. Nas palavras do
próprio Luis Fernando Carvalho: “A
câmera, portanto, seria uma caneta ou
um olho. Estaria voltada mais para
dentro do que para fora. Não haveria
cartões postais, só paisagens interiores”
(CARVALHO, 2002, p.37). Percebe-se
assim como o interior de André é
importante no processo de construção
narrativa.
• Entendemos desse modo o jogo
operado pela direção de
fotografia de Walter Carvalho,
pois o trabalho baseado nos
contrastes para épocas e
momentos distintos na vida do
jovem se expressa por meio de
jogo de luzes e sombras, claros e
escuros que traduzem,
visualmente, aquilo que a
O FILME linguagem escrita o faz por meio
das metáforas e jogos de palavras.
• Com isso acreditamos que livro e
filme constituem-se como obras
representativas de seus
momentos de elaboração e que
merecem a atenção do público
de um modo geral, pois
proporcionam momentos
intensos e prazerosos de fruição.
O TRAILER
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NASSAR, Raduan. Lavoura Arcaica. 3ª ed. rev. pelo autor. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

CARVALHO, L. F. Sobre o filme Lavoura arcaica. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.

Lavoura Arcaica. Direção e Produção de Luis Fernando Carvalho. Brasil, 2001.

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