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Humanos
Professora: Aline Albuquerque S. de Oliveira
Disciplina: Direitos Humanos
1. Universalidade
1.1.Planos referentes ao tema da
universalidade: titularidade, temporalidade e
cultural.
Plano da titularidade
Os direitos humanos são universais porque
seus titulares são os seres humanos, sem
distinção de qualquer ordem.
Plano temporal
Os direitos humanos são universais em
virtude das pessoas os possuírem em
qualquer fase da história.
Plano cultural
Os direitos humanos são universais porque
estão insertos em qualquer cultura.
I.2. Conferência Mundial de Direitos
Humanos de Viena, realizada em 1993.
Além de mais 180 Estados, foram
credenciadas mais de 800 organizações não-
governamentais.
Resultado: Declaração e Programa de Ação
de Viena.
Art. 1º da Declaração:
A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
reafirma o compromisso solene de todos os
Estados de promover o respeito universal e a
observância e proteção de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais de todas as
pessoas, em conformidade com Carta das Nações
Unidas, outros instrumentos relacionados aos
direitos humanos e o direito internacional. A
natureza universal desses direitos e
liberdades está fora de questão.
Art. 5º da Declaração:
Todos os direitos humanos são universais,
indivisíveis interdependentes e inter-relacionados. A
comunidade internacional deve tratar os direitos
humanos de forma global, justa e equitativa, em pé de
igualdade e com a mesma ênfase. Embora
particularidades nacionais e regionais devam
ser levadas em consideração, assim como
diversos contextos históricos, culturais e
religiosos, é dever dos Estados promover e proteger
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais,
sejam quais forem seus sistemas políticos,
econômicos e culturais.
No século XIX o reconhecimento dos
direitos humanos era local e não universal,
dependendo das leis internas de cada Estado.
A universalidade dos direitos humanos foi
resgatada com a internacionalização –
instituição do Direito Internacional dos
Direitos Humanos no século XX.
Mas há grande controvérsia, prática e
doutrinária, sobre a existência do
universalismo e seus limites.
Posicionamentos contrários:
A) a universalidade dos direitos humanos é uma
forma de colonialismo ou imperialismo moral,
pois são reflexo da filosofia individualista,
burguesa e ocidental do século XIX.
B) seletividade dos direitos humanos –
supervisibilidade de certas violações e opacidade
de outras.
C) desrespeito aos valores culturais de cada
nação.
Exemplo: mutilação genital feminina e outros atos
atentatórios contra a mulher.
Posição do Comitê para a Discriminação Contra
a Mulher das Nações Unidas – Recomendação
Geral nº 14, de 1990.
Os Estados devem adotar medidas a fim eliminar
a circuncisão feminina, pois tal prática tradicional
apresenta graves conseqüências para a saúde de
meninas e mulheres.
Recomendação Geral nº 21, de 1994.
Recomenda que as mulheres possam ter acesso
ao sistema judiciário sem precisar da
representação de seu marido ou parente.
A poligamia infringe o direito de igualdade da
mulher em relação ao homem.
Posicionamento de Donnelly:
O pluralismo cultural é um fato, normas morais e
instituições sociais variam histórica e
culturalmente.
A cultura não é um grande desafio atualmente
para a universalidade normativa dos direitos
humanos.
Universalismo cultural – a cultura é irrelevante
para a validade universal dos direitos e normas
morais.
Ele defende uma posição de baixo relativismo
cultural e forte universalismo – o que permite
relativismo no nível da implementação.
2. Indivisibilidade
Consiste na constatação de que todos os direitos
humanos devem ter a mesma proteção jurídica,
uma vez que são essenciais para a mesma vida
digna.
A visão dos direitos humanos deve ser holística.
A indivisibilidade foi reconhecida na Primeira
Conferência Mundial dos Direitos Humanos em
1968, ocorrida em Teerã.
A Conferência de Teerã adotou a tese da
impossibilidade da completa realização dos
direitos civis e políticos em o gozo dos direitos
sociais, econômicos e culturais.
A indivisibilidade, segundo alguns autores,
impõe uma crítica à classificação geracional
dos direitos humanos.
Segundo Cançado Trindade indivisíveis são
todos os direitos humanos, tomados em
conjunto, assim como é indivisível o próprio
ser humano, titular desses direitos. A fantasia
das gerações de direitos tem prestado um
desserviço à causa da proteção internacional
dos direitos humanos.
A Conferência de Viena assentou em seu
documento final, a necessária indivisibilidade
de todo o conjunto de direitos humanos
protegidos, para que não houvesse a
desconsideração dos denominados direitos
de conteúdo econômico, social e cultural.
Decorre da indivisibilidade o
reconhecimento de que não é possível
apenas proteger alguns dos direitos humanos
reconhecidos.
Aplicação prática da indivisibilidade:
Egito e Tunísia – melhores índices de
escolaridade e contestação por liberdades.
Brasil e Argentina – reconhecimento de
liberdades formais e graves problemas de
desigualdade social e econômica.
É preciso escolher entre os direitos civis e
políticos/ ou direitos, sociais, econômicos e
culturais?
Em alguns países, como nos Estados Unidos,
existe certo ceticismo em relação aos
direitos sociais e econômicos
3. Interdependência
A interdependência caminha junto com sua
indivisibilidade.
Foi adotada na Conferência de Viena, de
1993.
Consiste na mútua dependência entre os
direitos humanos protegidos, pois o
conteúdo de um direito pode vir a se
vincular com o conteúdo de outro.
Exemplo: liberdade de associação e o
reconhecimento do direito de associação
profissional ou sindical.
A interdependência implica que os direitos
humanos não devem ser interpretados
isoladamente.
Art. 5º da Declaração e Programa de Ação
de Viena:
Todos os direitos humanos são universais,
indivisíveis, interdependentes e inter-
relacionados. A comunidade internacional
deve tratar os direitos humanos de forma
global, justa e equitativa, em pé de igualdade
e com a mesma ênfase.
4. Indisponibilidade
Significa reconhecer que a vontade de seu
titular no sentido da sua renúncia ou
disposição somente pode ser aceita sob
certo controle.
O atributo da indisponibilidade está
relacionado a escolhas morais sobre aquilo
que o titular do direito pode ou não dispor.
Em que medida determinados direitos
podem ser mitigados pelo seu titular. Como,
por exemplo, o direito à eutanásia, o direito
a participar de pesquisas científicas ou o
direito a expor sua própria privacidade?
5. Caráter erga omnes
Os direitos humanos aplicam-se a todos os
indivíduos, pela simples condição humana,
sem qualquer consideração referente à
nacionalidade, orientação política, etnia,
credo e outras.
Por outro lados, todos têm o dever de
respeitar os direitos humanos, ou seja, o
dever de abstenção de adotar ações que os
violem.
As obrigações de proteger e realizar cabem,
inicialmente, tão somente aos Estados.
6. Exigibilidade
A Declaração da Conferência Mundial de
Direitos Humanos de Viena consagrou a
superação da fase legislativa dos direitos
humanos e colocou em relevo a fase de
implementação.
Essa implementação prática representa o
estágio da complexidade da proteção dos
direitos humanos.
A universalidade formal dos direitos
humanos desafia o DIDH em virtude da
ferida aberta que é a contínua violação das
normas internacionais.
O foco na implementação dos direitos
humanos conduz ao estudo da
responsabilidade internacional dos Estados
por violação dos direitos humanos.
A justiciabilidade dos direitos humanos vem
sendo criticada pelo fato de tais direitos
apresentarem parcos recursos e
possibilidades de exigibilidade prática. É um
problema que atinge a todos os direitos
humanos, mas com mais ênfase aos direitos
sociais e econômicos.