Pode-se conceituar desapropriação, a partir dos ensinamentos do
insigne José Carlos de Moraes Salles, como “o instituto de direito público, consubstanciado no procedimento pelo qual a Administração Pública, em todas as suas esferas de competência (União, Estados membro, Municípios de Distrito Federal), suas autarquias, fundações ou entidades delegadas, provenientes de autorização legal ou contratual, promovem a retirada de determinado bem de pessoa física ou jurídica, justificando-se pela necessidade, utilidade pública ou interesse social, mediante prévia e justa indenização”. Primeira consequência Após a publicação do decreto expropriatório, as autoridades administrativas estarão legalmente autorizadas a adentrar no imóvel constante do decreto, mas somente para medir, fotografar, filmar, objetivando à execução da futura obra. Este direito inclui o auxílio da força policial, em caso de oposição do expropriado. Outro é o contexto se, a partir de atos desses agentes, resultar excesso, abuso de poder ou desvio de finalidade, casos que ensejarão a devida penalização dos expropriantes, bem como a indenização por perdas e danos aos expropriados. Segunda consequência A segunda consequência está contida no art. 10 do Decreto-lei 3.365/41, que menciona que a Administração Pública tem o prazo prescricional de cinco anos para promover a competente desapropriação, através de acordo entre as partes envolvidas ou pelas vias judiciais, sob pena de, não o fazendo, ocorrer a caducidade do referido ato legal.
Ocorrendo a caducidade deste decreto, contará o prazo de um ano, poderá
haver a publicação de novo decreto com a mesma disposição.
Quando a desapropriação versar sobre o pressuposto de interesse social, o
prazo será de dois anos a partir da publicação do decreto expropriatório. Essas disposições encontram respaldo no art. 10 do Dec.-Lei nº 3.365/41 e da Lei nº 4.132/62, respectivamente. Segunda consequência Esta última consequência, a seguir, é, sem dúvida, a mais explorada em Concurso Jurídico, principalmente, Procuradoria, expressa no artigo 26 do Decreto-lei nº 3.365/41.
Cumpre registrar que o expropriado não está legalmente impedido de
construir no terreno objeto do decreto expropriatório.
Súmula 23 do STF – Verificados os pressupostos legais para o licenciamento
da obra, não o impede a declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra não se incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada. Anote O tema, inclusive, foi objeto de pergunta pelo examinador – Prova para a Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Veja: A Prefeitura Municipal de Petrópolis publicou edital, declarando de utilidade pública, para fins de desapropriação, o imóvel sito naquela cidade na rua das Acácias, nº 300. Poucos dias após a publicação do édito, o proprietário do referido imóvel requereu licença para proceder a edificações no mesmo, tendo sido negado o alvará sob o argumento de que a pretendida construção oneraria sobremodo o erário no momento do pagamento da indenização. Procurado pelo proprietário, como deve proceder o Defensor Público? Dica - O que pode ser desapropriado? A esse respeito, oportuno elencar que tanto os bens móveis quanto os imóveis, corpóreos e incorpóreos, fungíveis e infungíveis, materiais e imateriais podem ser desapropriados, desde que atendam a uma satisfação humana (“todos dos bens”, art. 2º da Lei nº 3.365/41). Subsolo e espaço aéreo O domínio do solo não se estenderá uma altura, ou profundidade, na qual o proprietário não tenha interesse de impedir que outros pratiquem atos ou empreendam trabalhos. Nessa altura ou nessa profundidade, o espaço aéreo e o subsolo são inúteis ao proprietário. Seria despropositado, por conseguinte, estender até a eles o domínio. Pense-se no absurdo que representaria o poder do proprietário de impedir que um avião sobrevoasse seu terreno. O direito de exclusão deve ter por medida, por conseguinte, o interesse do proprietário, que, por sua vez, é determinado pela utilidade o exercício da propriedade.
Cuidado! Se, contudo, a intervenção do Poder Público resultar em prejuízo
patrimonial ao proprietário do solo, estará a autoridade obrigada a desapropriar o bem, cumprindo as formalidades expressas em lei em favor do proprietário, sendo este legalmente indenizado pelo sacrifício que terá de suportar em razão do interesse público. Jazidas e demais recursos minerais e energia hidráulica O texto Constitucional aduz, em seu art. 177, incisos I e V, respectivamente, que constituem monopólio da União a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; e a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados. Importantíssimo O Decreto-lei nº 3.365/41 dispõe, em seu art. 2º, § 2º, a desapropriação, em qualquer caso, ao ato deverá proceder autorização legislativa.
Vedações – Fique de olho
- Moeda corrente no país; - Bens das estatais, mediante prévia autorização do Chefe do Executivo); - Súmula do STF – As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de desapropriação. VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS?