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O documento discute a morte e o luto através da história de um casal idoso. A esposa sofre um acidente vascular cerebral e fica dependente do marido. Com o tempo, seu estado piora até a morte, levando o marido ao desespero e solidão. O documento reflete sobre como lidar com a perda e terminalidade.
O documento discute a morte e o luto através da história de um casal idoso. A esposa sofre um acidente vascular cerebral e fica dependente do marido. Com o tempo, seu estado piora até a morte, levando o marido ao desespero e solidão. O documento reflete sobre como lidar com a perda e terminalidade.
O documento discute a morte e o luto através da história de um casal idoso. A esposa sofre um acidente vascular cerebral e fica dependente do marido. Com o tempo, seu estado piora até a morte, levando o marido ao desespero e solidão. O documento reflete sobre como lidar com a perda e terminalidade.
• O filme já começa fazendo com que nos deparemos com a morte logo de início, pois desde o princípio, todos sabemos o final. Então, convidamos vocês a não pensar na morte como encerramento, não vê-la como como algo que acaba, mas sim, que permanece. Que perdemos pessoas, mas nunca, lembranças. Que a morte é só isto: ausência. AUSÊNCIA Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade Livro: Obra poética, Volumes 4-6.
Lisboa: Publicações Europa-América, 1989. Primeira Morte • O grande evento que molda o destino do casal é um acidente vascular cerebral sofrido pela Anne. Observamos aqui a perda da independência da idosa. Agora seu esposo George precisa auxiliá-la nos cuidados básicos de vida, como locomoção, higiene pessoal, vestir-se, preparar as refeições, além de estimular a reabilitação. Essa é a primeira morte. O gatilho, a primeira peça que caiu da sequência de eventos. Como parte dessa experiência, para sentirmos o quanto esse fato tem capacidade de modificar o curso da história, peço a vocês que risquem um dos nomes da lista, e assim como Anne e George, sintam essa primeira morte Segunda Morte • Risquem agora o segundo nome da lista de vocês. Acaba de acontecer a segunda morte. Para vocês, isso implica se despedir de mais um ente querido. Para Anne e Georges, tal morte é representada pela perda do convívio social. • O casal recebe poucas visitas, tanto da família, quanto dos amigos. Anne não consegue mais sair, ficando restrita ao apartamento, não toca mais piano, não conversa mais. • A filha, que pouco visitava o casal, acreditava que a mãe deveria ir para um asilo. Georges contrata uma cuidadora quando o estado de saúde de Anne piora, não obtendo porém um auxílio efetivo. • Nem mesmo com a própria filha ele podia conversar, e os outros convívios externos dele restringiam-se apenas a perguntas de vizinhos sobre como estava sua mulher, deixando-o imerso na situação da esposa, sem conseguir cuidar de si próprio e interagir com o meio externo. • O idoso precisava de mais suporte social, de pessoas da família e da comunidade que o tirassem um pouco da rotina do cuidado. Ele precisava de mais tempo para cuidar de si, para recarregar as energias consumidas naquele cuidado. Deveria também ter contado com o suporte de uma equipe de saúde multiprofissional. Piora do quadro Terceira Morte • Agora escolha mais uma pessoa para retirar de sua lista e supostamente de sua vida.
• A piora do quadro de Anne representa a 3ª morte do
casal. É a partir deste momento que ela perde totalmente sua autonomia, independência e começa a perder drasticamente sua funcionalidade, ficando mais restrita ao leito e dependente do marido. • Anne está na fase de terminalidade, e ela e o esposo poderiam ter recebido cuidados paliativos, não apenas no âmbito físico, como ele tentou proporcionar a ela, mas também na dimensão psíquica e social. • Para Georges essa morte significa dedicação integral a esposa e a consolidação do isolamento social de ambos. Este momento é a iminência da morte final de Anne e ele não consegue aceitar este fato. Neste ponto os cuidados paliativos visando o marido poderiam mudar totalmente o final da história. Georges necessitava de ajuda psicológica, social e espiritual para aceitar a morte da esposa e assim manter sua sanidade. O Pombo Quarta Morte • É um dos momentos mais complicados para vocês, é hora de riscar mais um nome da lista, escolher uma das duas pessoas mais importantes da sua vida, o que é angustiante. • Para Georges, também foi angustiante ver a esposa recusando os cuidados dele. • O tapa representa o desespero de Georges em tentar trazer Anne de volta à vida. É uma maneira de extravasar todo seu sofrimento, psicológico e emocional, mostrando que assim como Anne, o corpo e a mente dele também se danificavam. Anne vai perdendo a vontade de viver aos poucos, enquanto ele enlouquece tentando trazê-la de volta à vida que se esvai. • Isto é simbolizado pelo pombo cinza, que representa algo ruim, assim como a morte. Expulsar o animal mostra que Georges não aceita a terminalidade de Anne. Encenação Quinta e Derradeira Morte • E assim, chegamos ao último nome. O nome que, para você, representa a pessoa mais importante e querida na sua vida. Quão difícil foi essa escolha? Como você está se sentindo? • Você consegue se imaginar passando por esse processo? Pelo processo de perdas e de abdicações em que a cada segundo você fica mais e mais distantes de “sua vida real”. • Entenda o sentimento que está sentindo agora. Reflita. Diferente de você, George não tinha 5 pessoas em sua vida, mas sim apenas uma. Anne era a única coisa para George. • Agora, você consegue enxergar que, talvez, a atitude de George não tenha sido tão extrema. Talvez ele realmente estivesse louco. Porém, olhando por outro lado, talvez, ele quisesse a todo custo se livrar daquela dor, e libertar Anne daquela situação. • Assim, esta cena revela o olhar crítico que devemos ter em nossa profissão. Olhar o paciente e a família. Quantos amigos desta sala não estão passando por um processo difícil, e nós, na maioria das vezes, nem oferecemos o ombro amigo. Entender o que está acontecendo, olhar, ajudar, amparar esse processo de luto é com certeza, nosso papel fundamental. E nós como estudantes de medicina, precisamos colocar os cuidados paliativos em prática não só nessa disciplina, mas a cada atitude tomada a partir de agora. E então?...... • Contraditoriamente, o filme começou com a morte e terminou com a vida. Quantas vezes não damos mais importância à morte, se desde o começo já sabemos que o que permanece é a vida, ou melhor, o que ela representou.
• A cada nome riscado da sua lista, o que da morte ficou
para você? Quem morre deixa mesmo de existir? Ou vive para sempre na nossa ausência assimilada? Na Hora de Pôr a Mesa, Éramos Cinco na hora de pôr a mesa, éramos cinco: o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu. depois, a minha irmã mais velha casou-se. depois, a minha irmã mais nova casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco, menos a minha irmã mais velha que está na casa dela, menos a minha irmã mais nova que está na casa dela, menos o meu pai, menos a minha mãe viúva. cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho. mas irão estar sempre aqui. na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco. enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco.
José Luís Peixoto, in 'A Criança em Ruínas
ALUNOS:
Beatriz Andrea Allegrini, 06
Gabriel Teixeira Cagnin, 23 Jéssica Alves Vasselo, 26 João Victor Gomes de Carvalho, 29 Loíse M. T. Cenedesi, 37 Luana Gouveia Tonini, 39 Luiza Mastrange Pugin, 41 Milena Theodoro, 49 Thaísa Bonardi, 61 FIM