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Gramática cognitivo-funcional

“(...) estamos utilizando o termo "cognitivo-funcional"


para designar um conjunto de propostas teórico-
metodológicas que caracterizam algumas escolas de
natureza relativamente distinta, que, adotando
princípios distintos dos que caracterizam o
formalismo gerativista, apresentam alguns pontos em
comum:
 observam o uso da língua, considerando-o fundamental para a
compreensão da natureza da linguagem;
 observam não apenas o nível da frase, analisando, sobretudo, o
texto e o diálogo;
 têm uma visão da dinâmica das línguas, ou seja, focalizam a
criatividade do falante para adaptar as estruturas lingüísticas
aos diferentes contextos de comunicação;
 consideram que a linguagem reflete um conjunto complexo de
atividades comunicativas, sociais e cognitivas, integradas com
o resto da psicologia humana, isto é, sua estrutura é
conseqüente de processos gerais de pensamento que os
indivíduos elaboram ao criarem significados em situações de
interação com outros indivíduos.” (p. 62)
“Podemos dizer que, de um modo amplo, essas
características se adaptam a escolas como o
funcionalismo (norte-americano ou europeu), a
lingüística sociocognitiva, a lingüística textual, a
sociolinguística, a lingüística sociointerativa, entre
outras. Cada uma dessas escolas, à sua maneira
e com seus objetivos peculiares, adota algumas
dessas características ou todas elas (ver capítulos
"Funcionalismo", "Lingüística cognitiva" e
"Lingüística textual").” (p. 62)
“(...) a gramática cognitivo-funcional alarga o
escopo dos estudos lingüísticos para além dos
fenômenos estruturais e que, portanto, seu ponto
de vista é distinto. Esse tipo de gramática analisa a
estrutura gramatical, assim como as gramáticas
estrutural e gerativa, mas também analisa a
situação de comunicação inteira: o propósito do
evento de fala, seus participantes e seu contexto
discursivo.” (p. 63)
 “Isso significa que, segundo essa concepção de gramática,
não se pode analisar a competência como algo distinto do
desempenho, ou, nos termos funcionalistas, a gramática não
pode ser vista como independente do uso concreto da
língua, ou seja, do discurso. Quando falamos, valemo-nos de
uma gramática, ou seja, de um conjunto de procedimentos
necessários para, através da utilização de elementos
lingüísticos, produzirmos significados em situações reais de
comunicação. Mas, ao adaptarmos esses procedimentos
aos diferentes contextos de comunicação, podemos
remodelar essa gramática, que, na prática, seria o resultado
de um conjunto de princípios dinâmicos que se associam a
rotinas cognitivas e interativas moldadas, mantidas e
modificadas pelo uso.” (p. 63)
“Assim, temos entre discurso e gramática uma
espécie de relação de simbiose:15 o discurso
precisa dos padrões da gramática para se
processar, mas a gramática se alimenta do
discurso, renovando-se para se adaptar às novas
situações de interação. O esquema abaixo ilustra
esse processo:

(p. 63)
“Essa é uma visão dinâmica da gramática, que
prevê a atuação de mecanismos expressivos
associados à subjetividade dos falantes, que
recriam padrões gramaticais a fim de conferir força
informativa ao discurso. Da ritualização,
conseqüente da repetição desses novos padrões,
emerge a gramática. Entretanto, esse mecanismo
não é arbitrário, já que reflete dois tipos de
habilidades essencialmente humanas que regulam
a atividade verbal, estando, portanto, de algum
modo, relacionado à gramática das línguas.” (p.
63)
“O primeiro deles tem natureza sociointerativa e se
relaciona com nossa habilidade de compartilhar
informações com nossos semelhantes e de nos
engajarmos em atividades compartilhadas, cuja
compreensão é fundamental para o processo
comunicativo.
Imaginemos, por exemplo, que um cliente retorne a
uma loja de eletrodomésticos onde acabou de
comprar uma televisão e tenha o seguinte diálogo
com o vendedor:
Cliente: - Esta televisão não está funcionando.
Vendedor: — Não há problema, senhor. Vamos
providenciar a troca do aparelho.” (p. 63 e 64)
“O segundo tipo de habilidade está relacionado a
aspectos do funcionamento da nossa mente que
interferem no modo como processamos as
informações - e, consequentemente, no discurso.
Nossa capacidade de ver e interpretar o mundo,
assim como nossa habilidade de transferir dados de
determinados domínios da experiência para outros,
se manifesta na maneira como formamos nossas
frases.” (p. 64)
O tempo fechou. Isso vai me fazer usar o guarda-
chuva.
O tempo fechou, por isso usei o guarda-chuva.
“A dêixis está associada à localização, por parte
do falante, de um objeto que está em seu campo
de visão, tendo como base a sua localização no
espaço e a localização do interlocutor. Esse
processo pode ser transferido para o mundo do
texto: o falante localiza para seu interlocutor
partes do texto que, por alguma questão
comunicativa, quer focalizar.” (p. 65)
 “Isso caracteriza a perspectiva filosófica do chamado
realismo corporificado. Ocorre que nosso primeiro
contato com o mundo se dá através dos nossos sentidos
corporais e, a partir daí, algumas extensões de sentido
são estabelecidas. Segundo esse ponto de vista, nossa
estrutura corporal é extremamente importante, já que a
percepção que temos do mundo é limitada por nossas
características físicas. Segundo essa concepção, a
mente não pode ser separada do corpo: o pensamento
é corporificado, no sentido de que a sua estrutura e sua
organização estão diretamente associadas à estrutura
de nosso corpo, bem como às nossas restrições de
percepção e de movimento no espaço (ver capítulo
"Lingüística cognitiva").” (p. 65)
O realismo corporificado pode ser identificado
por três características básicas:

 “1) Abandona a dicotomia empirismo vs. Racionalismo


 A corrente cognitivo-funcional, segundo Ferrari (2001),
propõe que as dicotomias tradicionais do tipo
racionalismo/empirismo ou inato/aprendido devem ser
repensadas, já que é difícil distinguir com exatidão o que é
inato do que é aprendido. A autora argumenta que
pesquisas recentes sugerem que bebês aprendem parte do
sistema entoacional de suas mães no útero, e isso desafia a
distinção entre inato e aprendido, já que nesse caso tal
sistema é aprendido e a criança já nasce com ele.” (p. 65)
 “(...) na concepção cognitivo-funcional, o uso da
linguagem implica restrições provenientes de nossa
capacidade de atenção, de percepção, de
armazenamento de informações na memória, de
simbolização, de transferência entre domínios da realidade,
entre outras atividades que não são estritamente
lingüísticas, mas que estão altamente conectadas ao
processo comunicativo.” (p. 65)
2) Incorpora o método abdutivo-analógico
“De acordo com Givón (1995), as concepções
estruturalista e gerativista de gramática têm
adotado as posições de filósofos reducionistas,
mantendo-se entre os dois extremos: a indução,
que caracteriza o estruturalismo de Saussure (na
Europa) e Bloomfield (nos EUA), e a dedução, que
caracteriza o gerativismo de Chomsky. Uma nova
tendência tem sido observar que nenhum dos
extremos é viável e que a ciência empírica envolve
um misto de muitas estratégias.” (p. 66)
“Um terceiro tipo de raciocínio é o abdutivo-
analógico, responsável por novas hipóteses e
novos insights teóricos. O filósofo e lógico norte-
americano Charles Sanders Peirce propôs que o
raciocínio, assim como o discurso, também se
realiza através de um método que ele chamou
de abdução. Esse método consiste em uma
espécie de intuição que se dá passo a passo
até chegar à conclusão, ou seja, o método
caracteriza se pela busca da conclusão através
da interpretação de sinais, de indícios e de
signos.” (p. 66)
“Com relação ao uso da língua, podemos perceber
que qualquer enunciado pode apresentar sentidos
diferentes, dependendo da situação em que é
proferido. A frase "Ronaldo pisou na bola", por
exemplo, pode ter um sentido literal (em que
"Ronaldo“ é um jogador de futebol que realmente
cometeu esse erro) ou um sentido não literal, ou
metafórico (em que "Ronaldo" é uma pessoa
qualquer, não necessariamente um jogador de
futebol, que agiu de modo errado em alguma
situação). O que conduz o usuário da língua a uma
ou outra dessas possibilidades é a inferência que ele
faz a partir dos dados contextuais de que ele dispõe
no momento da comunicação.” (p. 66 e 67)
Método abdutivo-indutivo

 Problema: Existem variações possíveis de uma mesma


estrutura sintática que não podem ser explicadas por
uma perspectiva teórica que observa aspectos
estritamente estruturais da língua.
 Hipótese: Se partirmos do princípio de que as diferentes
estruturas lingüísticas possuem diferentes funções
comunicativas, seu comportamento pode ser
cientificamente previsto.
 Abdução: A teoria lingüística deve incorporar a
hipótese anterior, ampliando o seu foco para além dos
fenômenos meramente estruturais.
“Esse método reflete um procedimento abdutivo
no sentido de que não há uma implicação
necessária entre as três etapas do raciocínio, mas
uma relação de possibilidade. Apresenta-se um
problema: há uma incompatibilidade entre a
teoria científica existente e determinados fatos
observados. Entretanto, como esses fatos são
compatíveis com uma nova hipótese (que ainda
deverá ser testada), esta pode ser utilizada como
ponto de partida.” (p. 67)
3) Apresenta um caráter explicativo e universalista
“A lingüística cognitivo-funcional caracteriza-se por
uma tendência semelhante. Adota a idéia de que
existem universais conceptuais, partindo para uma
tendência explicativa, e não apenas descritiva do
fenômeno da linguagem. O universalismo da
proposta cognitivo-funcional, entretanto, é diferente
do universalismo gerativista porque sua procedência
não está apenas na biologia, mas em uma relação
equilibrada entre biologia e cultura.” (p.
“A tendência entre os cientistas que adotam a
perspectiva cognitivo-funcional é aceitar a
existência de universais conceptuais. Por outro
lado, esses cientistas também aceitam o fato de
que existem conceitos que diferem de língua para
língua. Em função disso, eles tendem a adotar uma
terceira posição em relação ao problema
baseando-se na observação empírica dos fatos
lingüísticos.” (p. 68)
 “Concluindo o que foi visto até aqui, podemos dizer que o
modo como compreendemos os fenômenos associados à
gramática das línguas mudou ao longo dos anos, desde a
gramática grega até as escolas mais modernas da
lingüística, de uma concepção filosófica que relacionava,
sem comprovações empíricas, a lógica do pensamento
com a linguagem até o surgimento da lingüística no século
xix, quando foram incorporados procedimentos científicos
característicos da chamada ciência moderna, surgida no
século XVII.” (p. 68)
“Com a evolução dos estudos, essas concepções
foram sendo aperfeiçoadas, abandonadas e até
mesmo retomadas em função de novas
descobertas científicas. Atualmente existem duas
grandes tendências em lingüística. A tendência
gerativista, com sua visão biológica da linguagem
cuja abordagem privilegia os aspectos formais das
línguas, e a cognitivo-funcional, que considera o
uso da língua importante para a compreensão da
estrutura das línguas, propondo uma relação entre
biologia e cultura.” (p. 68)
Referências

 MARTELOTTA, Mário Eduardo. (org.) Manual de lingüística / 2. ed. — São


Paulo : Contexto, 2011.

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