Prof. Me. Márcio André Martins de Moraes O desenvolvimento industrial no Brasil • No final do século XIX e início do XX, o setor primário foi o centro econômico, estando a industrialização e urbanização em segundo plano. Condições de trabalho • Não havia uma legislação do trabalho • A jornada de trabalho era de 10 e 12 horas diárias; • Os operários eram punidos com multas e agressões físicas; • Mulheres e crianças recebiam salários mais baixos. A modernização nas cidades • Entre o fim do século XIX e início do XX, cidades brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Paulista passaram por um processo de modernização, inspirado no que ocorreu em Paris entre 1853 e 1870. A imprensa na Primeira República • Mas foi somente após a criação da Imprensa Régia, durante a presença da Corte Portuguesa no Brasil, que houve acréscimo na produção gráfica. • Em fins do século XIX, já no império, a imprensa aperfeiçou-se: houve melhorias nas tiragens do exemplares. Sobre os jornalistas brasileiros • Ao tratar dos intelectuais brasileiros do início do século passado e das condições e dificuldades de trabalho dos mesmos, Sérgio Miceli destacou que as redações dos jornais serviram de refúgios para aqueles que não conseguiam espaços no universo editorial de livros, visto que esse era restrito a pequenos grupos e letrados. Em sua obra, Miceli apresentou como objeto de análise as atividades da elite acadêmica e literária do país, no entanto, ele acabou abordando, na maioria das vezes, os casos dos letrados que transitavam no estado de São Paulo. Dessa forma, o autor deixou de abordar os fatores políticos, sociais e econômicos das outras regiões brasileiras. (MICELI, Sérgio. Intelectuais à Brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. ) Os movimentos sociais na República Oligárquica • Os conflitos das três primeiras décadas do século XX foi dividido pelos historiador Boris Fausto da seguinte forma: 1. Os que combinaram conteúdo religioso com carência social; 2. Os que combinaram conteúdo religioso com reivindicação social; 3. Os que expressaram reivindicações sociais sem conteúdo religioso. Guerra de Canudos (1893-1897) • No interior da Bahia, o beato Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, fundo o Arraial de Belo Monte. • Próximo ao Rio Vaza-Barris, próximo da Bahia, essa comunidade chegou a ter 30 mil pessoas. • Conselheiro era considerado um enviado divino que traria a paz, a fartura e a felicidade. Canudos Moradores de Canudos • Aos olhos dos fazendeiros, do governo e do clero, a comunidade de Canudos era um péssimo exemplo. • Além disso, a Igreja Católica também se via ameaçada, pois Conselheiro era a principal autoridade religiosa. • Quatro expedições foram organizadas pelo governo estadual e federal entre os anos 1896-1897 • As três primeiras falharam em seus objetivos. Os sertanejos mostraram grande coragem e habilidade militar. • O governo federal resolveu destruir o arraial, eliminando todos os seus moradores. • Cerca de 7 mil soldados com 18 canhões investiram contra Canudos. • A Guerra de Canudos foi relatada pelo engenheiro e escritor Euclides da Cunha, enviado em 1897 pelo jornal A Guerra do Contestado (1912- 1916) • Situada entre os rios Uruguai, Iguaçu e Negro e a fronteira da Argentina, a região do Contestado era disputada por Santa Catarina e Paraná por causa da rica floresta existente e da extensa plantação de erva-mate. • A área atraiu grandes companhias, que expulsavam os posseiros locais. • Como ocorreu com a construção de um trecho da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul. A estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul. • Com o final das obras, os trabalhadores esperavam permanecer na região. • Contudo, os especuladores e as grande companhias exigiram a saída imediata deles. • A multiplicação do número de trabalhadores sem-terra criou um clima propício a agitações e conflitos. O monge José Maria • Nesse contexto que surgiu Miguel Lucena Boa Ventura, ex-soldado do Exército que se fazia chamar de “monge” José Maria. • O “monge” ajudava os caboclos a pregarem uma sociedade igualitária. • Os conflitos iniciaram em 1912, onde estavam de um lado as tropas dos contestados ou milícia da Monarquia Celeste, que tinham que rapar a cabeça, por isso eram chamados de “pelados”, enquanto as forças federais eram chamados de “peludos”. • Em 1915, o general Setembrino de Carvalho liderou 7 mil soldados, que impuseram um derrota as forças dos contestados. O cangaço • Os cangaceiros, grupos de homens armados do nordeste brasileiro, começaram a atuar no final do século XIX chegando até medos dos anos 1940. • Os cangaceiros, diferente de certas versões atuais (influenciadas do desejo de construção de heróis nacionais), eram homens violentes e sobreviviam do roubo de pessoas indefesas, ou das pilhagens das cidades invadidas. • Os que entraram no cangaço, em sua maioria, fizeram isso para “fugir” da pobreza. • Inicialmente, os cangaceiros estavam ligados aos coronéis. Eram os capangas desses homens. • No início do século XX, formaram-se os bandos de cangaceiros independentes. Cangaceiros de Lampião Lampião e Maria Bonita A Morte de Lampião e seu Bando • Os bandos de cangaceiros eram perseguidos pelas “patrulhas volantes”, mas conseguiam esgueirar-se pela caatinga. Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros foram vítimas de uma emboscada em 1938. A Revolta da Vacina (1904) • Durante o governo de Rodrigues Alves (1902- 1906), o saneamento e a modernização do Rio de Janeiro tornaram-se prioridades. A falta de tratamento de água e esgoto; Os cortiços que agravavam a falta de higiene; A disseminação de doenças e epidemias − sarampo, febre tifoide, tuberculose, varíola. • O prefeito do Rio, Pereira Passos, mandou derrubar casebres e cortiços para abrir avenidas, expulsando parte da população, que se mudou para os morros. O combate as epidemias • Atuação do médico e sanitarista Oswaldo Cruz, que tinha como meta implantar um projeto de higienização da sociedade. • Em 1904, a aprovação do projeto de vacinação obrigatória contra a varíola para os brasileiros com mais de seis meses de idade acendeu o estopim para a revolta popular. Revolta da Vacina • Durante mais de uma semana a população enfrentou a polícia nas ruas, organizaram barricadas, lutas corporais e quebradeiras. • O governo em resposta prendeu mais de mil pessoas e as deportou para o Acre. A Revolta da Chibata (1910) • No início do século XX, os marinheiros de baixo patente levavam uma vida de parcos salários, exaustiva de trabalha e castigos corporais. • Muitos dos marinheiros eram negros ou mestiços, geralmente recrutados à força e pressionados pelas famílias a entrarem nas Forças Armadas. A liderança de João Candido − O Almirante Negro • Em 1910, os marinheiros dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo revoltaram-se no Rio de Janeiro, sob a liderança do almirante João Candido Felisberto. • Reivindicavam: O fim dos castigos físicos Folgas semanais Melhores salários • Os rebeldes comunicaram ao presidente do país, Hermes da Fonseca (1910-1914), que iriam bombardear a cidade do Rio de Janeiro. • Os deputados de oposição pressionaram o governo em atender os pedidos do revoltados. • O Congresso votou a favor dos marinheiros, que também seria anistiados. Mas, o decreto foi descumprido. • O Almirante Negro foi julgado em 1912 e inocentado. Imagens dos marinheiros da Revoltada da Chibata Marinheiros do Encouraçado Encouraçado São Paulo São Paulo O movimento Operário • Uma questão importante: “A Constituição de 1891 pouco se preocupava com questões sociais.” • Grande presença de imigrantes no campo de trabalho brasileiros, influenciando na politização do operário. • Num primeiro momento, surgiram as ligas operárias e as sociedades de resistência. Melhores salários Menor jornada de trabalho Assistência ao trabalhador doente Regulamentar o trabalho feminino e infantil • Á frente dessas mobilizações, militantes anarquistas e socialistas desenvolviam um importante trabalho de conscientização política. As influências do anarquismo e do socialismo • Partido Socialista Brasileiro − Criado em 1902, seguindo o programa marxista, pregava a luta de classes. Enfatizavam problemas econômicos e a necessidade de mudanças sociais. • O anarquismo Propunha mudanças na estrutura da sociedade para substituir o Estado burguês por uma forma de cooperação entre indivíduos livres. As greves • As mobilizações e greves operárias durante a República Oligárquica giraram em torno de reivindicações como: Salariais Melhores condições de trabalho Reconhecimento de direitos trabalhistas e sindicais • Observa-se que as reivindicações se davam em torno de questões imediatas e não com intuito de mudar a sociedade. Surgem os comunistas • Depois da Revolução Russa em 1917, o movimento operário ganhou amplitude internacional. • Em 1922, foi fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB), que se constituiu, posteriormente, numa organização de âmbito nacional. O tenentismo (1902) • O movimento tenentista expressou o inconformismo político dos setores médios urbanos contra a ordem oligárquica estabelecida. Liderados por Luís Carlos Prestes (Cavaleiro da Esperança), Juarez Távora, Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Cordeiro de Farias e Juracy Magalhães. Exigiam o voto secreto e o fim da corrupção. • O levante mais significativo foi o do forte de Copacabana, que terminou com o episódio conhecido como “Dezoito do Forte”, em 5 de julho de 1922. • Outras rebeliões tenentistas ocorreram no Rio Grade do Sul (1923) e em São Paulo (1924). • O movimento aproximou-se da classe média. Dezoito do Forte Coluna Prestes • Depois das derrotas, os militares uniram forças e criaram a Coluna Prestes (1924-1927) ou Coluna Invencível, que atravessaram mais de 24 mil quilômetros do território brasileiro, escapando dos cercos das polícias e forças armadas. A crise de 1929 • A quebra da Bolsa de Nova York em 1929 ou crash de 1929, desestabilizou as relações econômicas em escala mundial. A Semana de Arte Moderna • O ano de 1922, data da primeira revolta tenentista, das formação do PCB e do primeiro centenário da independência do Brasil, assistiu também a uma importante ruptura cultural em São Paulo: a realização da Semana de Arte Moderna.