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VERDE- UNINCOR
Curso de extensão 2018-2- Mestres da contação: Rubem Alves e Liév Tolstói e
o gênero da fábula no processo de formação do indivíduo.
Profª Luciana Barros
FÁBULA- CONCEITO
Tolstói cita quatro métodos que, segundo ele, são empregados por esse
segundo grupo de artistas, fazedores de uma arte que se transformou em
“simulacro” ou “contrafação”.
1º método: São os “empréstimos”, a saber, a reutilização de elementos de
obras anteriores, como temas e demais elementos já reconhecidamente
poéticos que, após serem retrabalhados até ganharem certa aparência
de novos e, graças à “fonte” que lhes serviu de “inspiração”, produzem,
em pessoas pouco exigentes, ou de gosto estético pervertido, certo efeito
de arte que, por sua vez, é doadora de nada além de prazer
momentâneo.
2º E 3º MÉTODO
Quando era criança, Rubem olhava para a chuva e tinha medo que ela
caísse toda em cima dele de uma vez, e não em gotas. Permitia-se
maravilhar pela chuva acontecer de um jeito e não de outro. É preciso se
deixar provocar pelas perguntas, para que elas impulsionem
transformações significativas. Era nisso que acreditava.
Assim como acreditava que precisamos de tempo para aproveitar as
coisas boas da vida. “O prazer demanda tempo”, devaneava. Vida é
para isso: gastar tempo. Sendo assim, ganhar tempo é, de certa forma,
estragar tempo.
VIDA
Teve uma vida marcada por desilusões. Diz ter se desiludido com a religião
e também com amor. A partir daí, sentiu liberdade para ultrapassar, para ir
sempre adiante, construindo seus próprios momentos de liberdade, tijolo a
tijolo.
O seu hoje tão reconhecido humanismo foi elaborado quando,
denunciado à ditadura por alguém muito próximo, foi para o exílio, em
1964. Depois de uma primeira fase marcadamente teológica, Rubem
passou a tentar compreender a experiência religiosa a partir do próprio
humano. Essa foi sua preocupação durante o árduo forçado afastamento
do país.
Tempos depois, já no final da década de 1970, passou a ter uma visão
mais aberta e mais crítica da ciência e é convidado pela Unicamp a
integrar a faculdade de educação. Ali começam a surgir os lampejos da
sua visão educacional que também o tornariam enormemente
conhecido, publicando obras como Estórias de Quem Gosta de Ensinar e
Conversas com Quem Gosta de Ensinar.
HUMANISMO
Depois do nascimento da filha Raquel, Rubem deu espaço para uma
poética maior em seus textos e quebra um pouco a linguagem
acadêmica e dura de seus livros anteriores. É justamente esse autor que
costuma ser largamente citado e reproduzido, principalmente nas redes
sociais. Suas crônicas e fábulas cativam pela leveza e pelo profundo
mergulho na condição humana que proporciona ao leitor.
“O mundo acadêmico é um lugar perigoso. Dá medo. É muito difícil viver
na universidade e continuar a cultivar os próprios pensamentos. É muito
mais seguro ficar moendo o pensamento dos outros”, declarou no
documentário Rubem Alves, O Professor de Espantos, dirigido por Dulce
Queiroz.
Um homem à frente do seu tempo, foi um dos fundadores da Teologia da
Libertação. Crítico do tecnicismo, defensor da valorização do sentimento
e da sensibilidade humana, ele foi, junto de Paulo Freire, um dos maiores
críticos do ensino tradicional.
A CONDIÇÃO HUMANA E A CRIANÇA,
POR WALTER BENJAMIN
“Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são
homens ou mulheres em dimensões reduzidas” –
Walter Benjamim, em A criança, o brinquedo e a educação, ultrapassa os
limites técnicos do brinquedo, dando-lhe um significado, atingindo uma
concepção filosófica e psicológica profunda. Para ele jamais se chegaria
à realidade ou ao conceito do brinquedo se tentasse explicá-lo
unicamente pelo espírito da criança ou simplesmente pela concepção do
adulto.
AINDA SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA:
A LEITURA, POR PAULO FREIRE
Segundo Paulo Freire, a leitura do mundo precede sempre a leitura da
palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial.
Primeiro, a leitura do mundo do pequeno mundo em que se movia;
depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da sua
escolarização, foi a leitura da palavra mundo. Na verdade, aquele mundo
especial se dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por
isso, mesmo como o mundo de suas primeiras leituras.
“Esse movimento dinâmico é um dos aspectos centrais do processo de
[LEITURA] que deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares,
expressando sua real linguagem carregadas da significação de sua
experiência existencial e não da experiência do educador”.
“Quem apenas fala e jamais ouve; quem imobiliza o conhecimento e o
transfere a estudantes, quem ouve o eco, apenas de suas próprias
palavras, quem considera petulância a classe trabalhadora reivindicar
seus direitos, não tem realmente nada que ver com a libertação nem
democracia”.
Bibliografia
ALVES, Rubem. A libélula e a tartaruga. São Paulo: FTD, 2016.
_____________. A montanha encantada dos gansos selvagens. São Paulo:
FTD, 2016.
_____________. O decreto da alegria. São Paulo: FTD, 2016.
BACHELARD. A chama de uma vela. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S/A,
1989.
BENJAMIN. W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São
Paulo: Editora 34, 2002.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se
completam. 4 Ed. São Paulo, Cortês, 1992.
PLATÃO E FIORIN. Lições de texto. Leitura e redação. São Paulo: Ática,
2000.
ROUSSEAU, J.J. Emílio ou da educação. São Paulo: Alínea, 2004.
TOLSTOI, Liév. Contos da nova cartilha. Trad. Maria Aparecida Soares. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2005.