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http://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/veja-exemplos-de-redacoes-
corrigidas-da-unicamp/
1. "Direção e álcool – o coquetel fatal", Lais Fernandes (Nota 960).
2. "Lei seca: ainda com alto teor de jeitinho brasileiro", Maria Clara
Lovato. (Nota 1.000).
"Amélia não tinha a menor vaidade/ Amélia que era mulher de verdade". Com esses versos, na primeira metade
do século XX, Mario Lago imortalizou uma visão há muito perpetuada: a da mulher obediente, subjugada, do
lar. Décadas depois, Milton Nascimento criou uma protagonista diferente: "Maria" era forte e batalhadora. Essa
mudança, condizente com o ideário da época, não trouxe, porém, grandes reflexos no que tange à mulher: ela
continua sendo vista como inferior e vítima de violência. É preciso entender as manifestações desse mal, a fim
de combatê-lo.
Primeiramente, é vital abordar a violência física contra a mulher: vivemos em uma sociedade historicamente
patriarcal, que enraizou a imagem de inferioridade delas em relação aos homens. Isso faz com que mulheres
ainda sejam espancadas por seus parceiros e não os denunciem, ou por medo de ameaças, ou por acreditarem
que isso faz parte do amor, em uma sociedade que romantiza "50 tons de cinza". Além disso, é visível a
perpetuação da cultura do estupro, que culpabiliza a vítima por usar determinados trajes ou ter certas atitudes,
em uma inversão de valores típica do contexto brasileiro.
Em segundo lugar, não se pode esquecer da violência moral, ou seja, que denigre a imagem de uma pessoa.
Com a perpetuação da internet, são inúmeros os casos de mulheres que têm fotos e vídeos íntimos
compartilhados sem autorização, o que ratifica a objetificação do corpo feminino. Logo, engana-se quem pensa
que a violência é somente física. A partir do momento em que se aceita que a presidenta seja rudemente
xingada em uma manifestação, ou que mulheres ainda recebam salários menores que os homens, esse tipo
imoral ganha contornos assustadores.
Portanto, fica claro que a violência contra a mulher no Brasil existe em muitos níveis. Como na natureza, em
que nada se cria, tudo se transforma, é preciso um esforço mútuo para transformar essa realidade. Cabe ao
governo fortalecer a Lei Maria da Penha, com mais fiscalização e rigor nas penas. ONGs, por sua vez, devem
denunciar abusos contra a mulher a partir de campanhas de conscientização. Já a escola deve propagar a
igualdade de gêneros, já proclamada em programas como "He or She", da ONU. Só assim, Amélias virarão
coadjuvantes em um cenário onde Marias prevalecem e pode, de fato, viver livres de violência - e a estranha
mania de ter fé na vida não parecerá tão estranha assim.