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Justificação

O’Brien, ITC, cap. 6


 Até aqui, temos trabalhado a partir da noção de que uma
crença é justificada se tivermos boas razões para acreditar
que é verdadeira. Estas razões traduzem outras crenças
que possuo. A minha crença de que o restaurante asiático
do meu bairro não está a servir chana puri (pão indiano
frito com grão) esta semana é justificada pela minha
crença de que estamos no Ramadão, e na minha crença de
que o cozinheiro do pequeno-almoço não trabalha
durante esta festividade religiosa. Assim, a crença A é
justificada pela crença B e pela crença C. Esta justificação é
inferencial: dado que B e C, infiro que A é verdadeiro. Há,
no entanto, o perigo de regressão da justificação.
 O’Brien, ITC, 125
 O fundacionalista, no entanto, propõe uma solução
alternativa que evita esta ameaça da regressão da
justificação.
 Os fundacionalistas usam uma metáfora arquitetural
para descrever a estrutura dos nossos conjuntos de
crenças ou «sistemas de crenças». A superestrutura
de um sistema de crenças recebe a sua justificação
de um dado subconjunto de crenças onde repousam
as demais, tal como um edifício é suportado pelas
suas fundações. Estas crenças fundacionais são
designadas «crenças básicas».
 O’Brien, ITC, 126
 Tradicionalmente, estas [crenças básicas] foram
vistas como infalíveis (não podem estar erradas);
incorrigíveis (não podem ser refutadas); e
indubitáveis (não podem ser postas em dúvida).
Tanto os racionalistas como os empiristas
abraçaram o fundacionalismo. Descartes usou
metáforas explicitamente arquitetóncias, em que
o seu «edifício» do conhecimento repousava em
certas crenças fundacionais acerca da sua própria
existência, bem como de Deus. Neste capítulo,
porém, iremos focar-nos no empirismo. Para os
empiristas, as fundações do conhecimento são
fornecidas pela experiência.
 O’Brien, ITC, 126-7
 A ameaça de uma regressão infinita da
justificação é evitada por se chegar a um
conjunto básico de crenças que são não-
inferencialmente justificadas. Estas crenças não
são justificadas por quaisquer outras crenças
possuídas por mim; são justificadas apenas em
virtude da natureza da minha experiência
sensorial e perceptual. É a minha experiência de
ver vermelho que justifica a minha crença de que
estou a ver vermelho, o que por sua vez justifica
(alegadamente) a minha crença de que está um
furador vermelho em cima da secretária.
 O’Brien, ITC, 127
 De acordo com o fundacionalista tradicional, a justificação para
todas as nossas crenças empíricas deriva, em última instância,
do conteúdo da nossa experiência perceptual. Esse conteúdo é
por vezes referido como o «Dado». Para desenvolver o seu
ataque ao fundacionalismo, Wilfried Sellars (1997) apresenta
uma crítica exaustiva a esta noção. O seu argumento divide-se
em duas partes: primeiro, afirma que o conhecimento faz parte
do «espaço lógico das razões», e, a seguir, apresenta uma
explicação alternativa para a «conversa sobre o que parece», isto
é, uma leitura alternativa de afirmações como «aquilo parece-me
ser vermelho», afirmações que são tradicionalmente vistas como
infalíveis e como fundadoras do nosso conhecimento perceptual.
 O’Brien, ITC, 128
 Atentemos na primeira parte do argumento. «[A] o caracterizar
um episódio ou um estado como o de conhecer, estamos a
colocá-lo no espaço lógico das razões, da justificação e da
capacidade de justificar o que se diz» (Sellars, 1997, p. 76).
Temos de ser capazes de apresentar razões que sustentem todas
as nossas pretensões ao conhecimento. A justificação explícita é
necessária mesmo para afirmações relativas à nossa própria
experiência sensorial. Para justificar a afirmação, «parece-me
que estou a ver uma forma vermelha», poderia talvez propor o
seguinte: «como os meus olhos estão a funcionar bem e a luz é
boa, estou certo em pensar que estou a ter este tipo de
experiência sensorial».
 O’Brien, ITC, 128
 «Para ser uma expressão de conhecimento, um
relato não só tem de ter autoridade, como essa
autoridade tem de ser, de algum modo,
reconhecida pela pessoa a quem pertence esse
relato» (Sellars, 1997, p. 74).
 Se uma tal explicação da justificação estiver
correta, então a noção fundacionalista tradicional
de crença básica não-inferencialmente justificada
é insustentável; toda a justificação terá de ser
inferencial.
 O’Brien, ITC, 128
 Não vejo como o [...] [céptico] possa refutar
aquele que diz: «Eu sei que isto me parece
branco, sei que isto deleita os meus ouvidos, sei
que isto tem um cheiro agradável, sei que isto é
doce no meu palato, sei que isto está frio» [...]. O
que digo é isto: que um homem, quando
saboreia uma coisa, pode atestar honestamente
que sabe se uma coisa é doce ou amarga ao seu
paladar, e não há sofisma dos gregos que possa
privá-lo desse conhecimento.
 (Agostinho, contra academicos, 1942, par. 26,
p. 68)
[Quando digo «X parece-me verde» [...], o facto
de eu fazer este relato e não simplesmente «X é
verde» indica que certas considerações
concorreram para suscitar, por assim dizer,
numa instância superior, a questão de «aceitar
ou não aceitar». Terei talvez razões para pensar
que X poderá afinal não ser verde.
 (Sellars, Empirismo e filosofia da mente. 1997, 41)
A forma como descrevemos a nossa experiência perceptual pode ser
tomada como indício de que temos um acesso infalível a certas
experiências privadas, experiências acerca das quais não podemos estar
enganados. Contudo, devemos reconhecer também que há uma
interpretação alternativa para declarações como «isto parece-me
vermelho», sendo que esta outra interpretação não nos compromete
com um tal acesso epistemicamente privilegiado à nossa experiência
perceptual. Mais do que isso, a análise filosófica do conhecimento revela
que ele essencialmente envolve justificação inferencial; não podemos,
portanto, afirmar saber uma coisa que não temos razão alguma para
aceitar como verdadeira. Tais razões devem ser concebidas em termos
de crenças que possamos articular, e assim a mera presença do Dado
não pode fundamentar o nosso conhecimento empírico.
( O’Brien, ITC, 131 )
As crenças são representações do mundo. Ao
acreditar que as lulas são viscosas estou a
representar certos objetos do mundo (lulas)
como tendo uma certa propriedade (viscosidade).
Para poder fazer isto tenho de possuir os
conceitos lula e viscosidade, conceitos estes que
convocam tais objetos e propriedades. E pelo
facto de serem conceptuais que estas crenças
podem desempenhar uma função justificatória.
( O’Brien, ITC, 131 )
 No capítulo 4 fizemos uma primeira abordagem ao tipo de
experiência perceptual que o fundacionalista tradicional
considera incluir o Dado, isto é, a experiência do olhar não-
epistémico. Esta experiência é em si mesma não-conceptual; no
entanto, dá-nos a matéria-prima da nossa percepção e
pensamento conceptualmente estruturados. Outro elemento
constitutivo da perspectiva fundacionalista tradicional é a tese
epistemológica de que esta experiência nos dá uma justificação
não-inferencial para as nossas crenças empíricas. O Dado
consiste numa experiência não-conceptual que desempenha
uma função justificatória.
 ( O’Brien, ITC, 131 )
 A tese de Sellars, no entanto, é que a
experiência concebida desta maneira não
pode facultar-nos a razão para pensar que o
mundo é de uma certa maneira. O Dado é,
por isso, um mito.
 ( O’Brien, ITC, 132)
Os fundacionalistas veem o Dado como representacional:
veicula informação sobre o mundo externo, mas não
requer, para isso, quaisquer conceitos. Na secção anterior
foi argumentado que esta concepção da experiência não
pode desempenhar a indispensável função justificatória
reivindicada pelo fundacionalista. Estas experiências não-
conceptuais não são estados que possam integrar
argumentos ou providenciar um suporte inferencial; não
podem, portanto, conferir-nos razão para pensar que o
mundo é de uma certa maneira.

( O’Brien, ITC, 133)


Wittgenstein pretende mostrar que a noção de uma linguagem
privada é incoerente. Ele admite — e tem de admitir — que
podemos inventar uma linguagem ou código secreto a que mais
ninguém tem acesso. Uma criança, por exemplo, pode ter nomes
privados para todos os seus bonecos. Esses nomes, no entanto,
poderiam ser revelados, e outras pessoas poderiam ficar a saber
ao que é que se referiam. O tipo de linguagem que Wittgenstein
põe em causa, no entanto, é uma linguagem que é
essencialmente privada e em que: «As palavras individuais desta
linguagem devem referir aquilo que só pode ser conhecido pela
pessoa que fala; as suas sensações imediatas, privadas. Outra
pessoa não pode, portanto, compreender esta linguagem»
(Wittgenstein, 1953, §243)
( O’Brien, ITC, 134)
O que Wittgenstein afirma não é que não podemos falar de
modo relevante acerca das nossas sensações. A verdade é
que podemos, tal como podemos registar a sua
recorrência. A sua tese é que os termos que descrevem
sensações não podem adquirir o seu significado desta
maneira, isto é, pela tentativa de fixar a qualidade
experiencial distintiva da experiência privada. (A sua
explicação positiva é que o significado destes termos
deriva do tipo de comportamento que é manifesto quando
temos tais sensações; há por isso uma forma de verificar
se estes termos são ou não usados corretamente.)
( O’Brien, ITC, 135)
O fundacionalista tradicional afirma que o nosso primeiro
envolvimento perceptual com o mundo é de natureza não-
conceptual. Os nossos sentidos fornecem-nos um feixe de
informação sensória não-conceptual. Os conceitos que
possuímos permitemnos ordenar esta experiência em
características que podemos reconhecer e reidentificar noutras
ocasiões. Como eu tenho os conceitos relevantes, sou capaz de
pensar acerca da minha experiência em termos de coisas
vermelhas, coisas viscosas, copos e molas para papel. A posição
wittgensteniana, no entanto, é que a experiência que é não-
conceptualmente interpretada não pode ser ordenada ou
concebida desta forma.
( O’Brien, ITC, 135)
A tese fundacionalista é que eu procuro fixar um dado
aspecto da minha experiência perceptual privada
rotulando-o com um conceito como vermelho, e que
a posse continuada deste conceito me permite
assinalar esta característica da minha experiência.
Não há aqui, no entanto, um veredicto independente
para confirmar se eu reidentifiquei este aspecto da
minha experiência corretamente, e assim, de acordo
com a linha de raciocínio wittgensteiniana,
«vermelho» não teria uma aplicação determinada.
( O’Brien, ITC, 135)
 Uma resposta possível é afirmar que a
experiência já é conceptualmente
estruturada. Aquilo de que temos experiência
não é um feixe de informação não-
conceptual que depois temos de categorizar
por nós

 ( O’Brien, ITC, 136)


O carácter da experiência perceptual em si mesma, da nossa
experiência sensória em si mesma, é inteiramente
condicionado pelos juízos acerca do mundo objetivo que
somos inclinados a fazer quando temos esta experiência;
ela está, por assim dizer, completamente imbuída —
diríamos mesmo impregnada — dos conceitos
empregados nesses juízos. (Strawson, Análise e Metafísica,
1992, 62)
 De acordo com o fundacionalista:
 Há na nossa experiência cognitiva dois
elementos, os dados imediatos, como os dos
sentidos, que são apresentados ou dados à
mente, e uma forma, construção ou
interpretação, que representa a atividade do
pensamento. (C. Lewis, 1929, p. 38)
 Pela percepção recebemos informação não-
conceptual acerca do mundo, e é isto que
fornece a matéria-prima da percepção e do
pensamento conceptualmente estruturados.
 ( O’Brien, ITC, 138)
 Questão:

 Será a experiência perceptual, em si mesma,


independente da atividade cognitiva?

 Ou termos que admitir que a experiência


perceptual é afetada pelos tipos de
pensamento(s) que somos capazes de ter? E
em que medida?
 Antoine e Colette vão ambos assistir a uma interpretação das suites para violoncelo de
Bach. Consideremos as suas respectivas experiências. Um fundacionalista diria que são
iguais. Isto porque Antoine e Colette recebem os mesmos estímulos físicos, os mesmos
«dados imediatos [...] que são apresentados ou dados à mente». No entanto, eles podem
ter pensamentos diferentes em relação à música. (…) O ponto-chave, no entanto, é que
eles partilharam um núcleo de experiência (não-conceptual) comum, e que a sua
experiência do mundo é independente dos pensamentos que eles podem ser capazes
de desenvolver acerca dessa mesma experiência.


( O’Brien, ITC, 139)
 O antifundacionalista, no entanto, argumenta
que Antoine e Colette não só tem
pensamentos diferentes acerca da música,
como a experienciam de maneira diferente.
Colette não só consegue identificar uma nota
como si bemol, como a consegue ouvir como
tal. Antoine não pode ter essa experiência; a
música soa-lhe de maneira diferente.
ITC, 140
 Temos experiências perceptuais distintas
dependendo do tipo de pensamentos que
temos acerca do desenho. Os nossos
conceitos de PATO e COELHO afetam o
que vemos, tal como certos conceitos
musicais afetam a experiência dos nossos
ouvintes das suites de violoncelo.

 ITC, 141
 (3) O nosso conhecimento teórico pode afetar a aparência
daquilo que observamos por meio de instrumentos
científicos. Quando olho para uma lamela de um
microscópio, vejo um conjunto de formas indistintas. Um
biólogo experiente, no entanto, vê nestas formas
estruturas celulares distintas, relacionadas entre si de
forma coerente. O que se pretende sublinhar, recorde-se,
não é apenas o facto de o biólogo ser capaz de interpretar
a função destas formas — as formas que ambos vemos —
mas sim que a qualidade da sua experiência visual é
diferente da minha:
 «a criança e o leigo [...] não conseguem ver
o mesmo que o físico [ou o biólogo]» (Hanson, 1965, p.
17)
ITC, 142
 Alguns consideram estes exemplos persuasivos, isto
é, admitem constituírem uma descrição correta da
fenomenologia da experiência. Outros, no entanto,
rejeitam-nos, e veremos mais abaixo como isso pode
ser feito. Antes disso, porém, clarifiquemos como é
que estes exemplos são relevantes para o
fundacionalismo.
No capítulo 4 foi traçada uma distinção entre o olhar
bruto e as formas conceptualmente estruturadas de
percepção como «ver-que» e «ver-como». De acordo
com o fundacionalismo, o nosso envolvimento
perceptual primordial com o mundo é do primeiro
tipo, isto é, de ordem não-conceptual.
ITC, 142.143
 três ataques ao fundacionalismo tradicional:
 1)Sellars argumenta que todas as pretensões ao
conhecimento requerem suporte racional, pelo que as
crenças relativas à experiência não podem ser
concebidas como não-inferencialmente justificadas;
 2) A linha de argumentação wittgensteiniana é que a
própria noção de experiência não-conceptual é
insustentável.
 3) Por último, vimos que alguns autores rejeitam o
fundacionalismo com o argumento de que a natureza
da experiência perceptual depende da nossa
capacidade de ter pensamentos conceptualmente
estruturados.
 ITC, 146
 Alguns fundacionalistas tentam manter uma versão
«modesta» ou «moderada» da sua abordagem.
Robert Audi (2003) e Alvin Plantinga (2000)
promovem este tipo de posição. Para eles, as nossas
crenças perceptuais não são infalíveis. A minha
crença de que «vejo vermelho» ou «parece-me ver
vermelho» podem revelar-se injustificadas ou falsas;
não obstante, é razoável aceitar que essas crenças
são verdadeiras, a menos que eu tenha provas que
indiquem o contrário.

ITC 146-147
 O fundacionalismo moderado também tem uma resposta
para o problema levantado por Sellars. Para este autor, o
Dado não pode fornecer justificação para as nossas
crenças empíricas porque não pode ser visto como algo
que nos dê razões para pensar que o mundo é de uma
certa maneira. Isto porque o Dado é tradicionalmente visto
como não-conceptual; a justificação, no entanto, é uma
noção essencialmente inferencial ou conversacional, algo
que envolve, necessariamente, o pensamento conceptual.
Para o fundacionalista moderado, no entanto, a
experiência perceptual é conceptual. A minha experiência
de vermelho representa a chávena como sendo vermelha
— tem o conteúdo, aquilo é vermelho — esta
experiência pode, portanto, conferir-me uma razão para
pensar que a chávena é vermelha.
ITC, 149
 Contudo, levanta-se agora uma questão relativamente às
razões que nos levam a considerar que a nossa
experiência representa o mundo desta maneira e não de
outra qualquer: por que razão deve a nossa experiência
ser vista como tendo o conteúdo vermelho em vez de
amarelo? Se é necessária justificação para a minha crença
de que a chávena é vermelha, então, é também necessária
justificação para a afirmação de que percepciono a
chávena como vermelha. Uma tal explicação da
experiência perceptual não é capaz de deter a regressão
da justificação, visto que a experiência perceptual do
fundacionalista moderado carece, ela mesma, de
justificação. Este é, de acordo com Laurence Bonjour
(1985), o dilema do fundacionalista.
 O’Brien ITC, 150

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