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Os Lusíadas

CANTO VI
TEMPESTADE
Contexto Histórico
Tempestade
70 Atentos à narrativa de Fernão Veloso sobre os Doze de
Inglaterra (doze portugueses foram a Inglaterra combater
doze ingleses em defesa da honra de damas inglesas).
Mas neste passo, assi prontos estando,
Comandante das manobras
Eis o mestre, que olhando os ares anda, Transição brusca
O apito toca: acordam, despertando, da tranquilidade
Instrumento utilizado para chamar a tripulação
Os marinheiros dua e doutra banda. dos marinheiros
= de ambos os bordos das naus
E, porque o vento vinha refrescando, para o alerta da
Soprando mais forte
Os traquetes das gáveas tomar manda. tempestade
= manda encurtar as velas
«Alerta (disse) estai, que o vento crece (70 a 73)
Sopra com mais força
Daquela nuvem negra que aparece!»
Tempestade
71
Grande vela do mastro da proa
Não eram os traquetes bem tomados,
tempestade
Quando dá a grande e súbita procela.
- «Amaina (disse o mestre a grandes brados),
recolhe (a vela)
Amaina (disse), amaina a grande vela!»
Furiosos, violentos
Não esperam os ventos indinados
(personificação)
Que amainassem, mas, juntos dando nela,
Em pedaços a fazem cum ruído
Que o Mundo pareceu ser destruído! (hipérbole)
Tempestade
72
= Nisto a gente fere o céu com gritos (hipérbato)
O céu fere com gritos nisto a gente,
Cum súbito temor e desacordo; confusão
A nau São Gabriel
Que, no romper da vela, a nau pendente inclinada
Grande quantidade
Toma grão suma d'água pelo bordo.
- «Alija (disse o mestre rijamente),
Lança carga ao mar (para aliviar o navio)
Alija tudo ao mar, não falte acordo!
calma
Vão outros dar à bomba, não cessando;
À bomba, que nos imos alagando!»
Tempestade
73
corajosos
Correm logo os soldados animosos
= logo que
A dar à bomba; e, tanto que chegaram,
Os balanços que os mares temerosos
= para um bordo
Deram à nau, num bordo os derribaram.
Três marinheiros, duros e forçosos,
A menear o leme não bastaram;
Cordas que se prendem à cana do leme, para facilitar o seu manejo
Talhas lhe punham, düa e doutra parte,
Sem aproveitar dos homens força e arte.
Tempestade
74Segundo a Bíblia, trata-se de uma torre que os hebreus ergueram
para atingirem o Céu, o que fez com que Deus os castigasse,
confundindo-lhes as línguas. (hipérbole)
Os ventos eram tais que não puderam
= poderiam
Mostrar mais força de impito cruel,
= viessem
Se pera derribar então vieram
Desenrolar da
A fortíssima Torre de Babel.
tempestade
Nos altíssimos mares, que creceram,
(antítese) (74 a 79)
A pequena grandura dum batel Se ergueram

Mostra a possante nau, que move espanto,


Vendo que se sustém nas ondas tanto.

Antítese: consiste no contraste entre dois elementos ou


ideias opostas.
Ex.: “A pequena grandura dum batel”
Tempestade
75
A nau S. Rafael
A nau grande, em que vai Paulo da Gama, (hipérbato)
Quebrado leva o masto pelo meio,
Quási toda alagada; a gente chama
= Jesus Cristo (perífrase)
Aquele que a salvar o mundo veio.
= inúteis
Não menos gritos vãos ao ar derrama
A caravela Bérrio, comandada por Nicolau Coelho
Toda a nau de Coelho, com receio,
Atenção, tino
Conquanto teve o mestre tanto tento
Que primeiro amainou que desse o vento.
= colheu as velas antes de lhes dar o vento
Tempestade
76

Agora sobre as nuvens os subiam


= mar agitado
As ondas de Neptuno furibundo;
(hipérbole)
Agora a ver parece que deciam
= os abismos do mar
As íntimas entranhas do Profundo.
Noto, Austro, Bóreas, Áquilo, queriam
Ventos do Sul Ventos do Norte
Arruinar a máquina do Mundo;
estrutura
A noite negra e feia se alumia (dupla adjetivação)
Cos raios em que o Pólo todo ardia!
céu
Tempestade
77
Pica-peixes, maçaricos
As Alciónias aves triste canto
Junto da costa brava levantaram,
Lembrando-se de seu passado pranto,
As aves e os
Que as furiosas águas lhe causaram.
golfinhos golfinhos reagem
Os delfins namorados, entretanto,
à tempestade,
Lá nas covas marítimas entraram,
assutados.
Fugindo à tempestade e ventos duros,
Que nem no fundo os deixa estar seguros.
Tempestade
78

Nunca tão vivos raios fabricou


Contra a fera soberba dos Gigantes
Vulcano, deus do fogo (perífrase)
O grão ferreiro sórdido que obrou fabricou
Do enteado as armas radiantes; As armas de Eneias, filho de
Vénus e Anquises.
Nem tanto o grão Tonante arremessou
Júpiter (perífrase)
Relâmpados ao mundo, fulminantes,
Dilúvio com que Júpiter teria tentado aniquilar a humanidade
No grão dilúvio donde sós viveram
Os dous que em gente as pedras converteram.
Deucalião e sua esposa, Pirra, foram os únicos sobreviventes
do dilúvio e, salvos num barco, atiraram pedras das quais
nasceram novos homens
Tempestade
79

Quantos montes, então, que derribaram


As ondas que batiam denodadas! impetuosas
Os montes e as
Quantas árvores velhas arrancaram
árvores são
Do vento bravo as fúrias indinadas!
afetados pela
As forçosas raízes não cuidaram
força da
Que nunca pera o céu fossem viradas
tempestade.
Nem as fundas areias que pudessem
Tanto os mares que em cima as revolvessem.
Síntese do episódio “Tempestade”
(Canto VI – Plano da Viagem e Plano Mitológico)

Quando estão próximos de chegar ao seu destino, os


homens são surpreendidos por uma violenta tempestade. Os ventos
e os mares, furiosos, destroem velas e mastros e revolvem o fundo
do mar; os relâmpagos sucedem-se; os homens gritam aterrorizados
e nem as aves nem os golfinhos se sentem seguros.
O narrador, Luís de Camões, refere as dificuldades que os
homens das três naus (São Gabriel, São Rafael e Bérrio) passam
para protegerem as embarcações das forças da natureza.
Tempestade
80

Vendo Vasco da Gama que tão perto


= chegar à Índia
Do fim de seu desejo se perdia,
Vendo ora o mar até o Inferno aberto, Vasco da Gama
Ora com nova fúria ao Céu subia,(hipérbole) suplica proteção
Confuso de temor, da vida incerto, a Deus
Onde nenhum remédio lhe valia, (80 a 83)
Chama aquele remédio santo e forte
Que o impossíbil pode, desta sorte:
= Deus (perífrase)
Tempestade
81

«Divina Guarda, angélica, celeste,


Que os céus, o mar e terra senhoreias:
Tu, que a todo Israel refúgio deste
Do mar Vermelho (referência à
Por metade das águas Eritreias; travessia do Mar Vermelho pelos
Hebreus, conduzidos por Moisés)
Tu, que livraste Paulo e defendeste
São Paulo
Das Sirtes arenosas e ondas feias,
Golfos perigosos situados no mar Mediterrâneo
E, guardaste, cos filhos, o segundo
vazio
Povoador do alagado e vácuo mundo:
Noé, patriarca hebreu, que, por ordem de Deus, construiu a
arca de Noé, salvando assim a humanidade da extinção, após
o grande dilúvio
Tempestade
82

«Se tenho novos medos perigosos


Escolho e sorvedouro Através de
Doutra Cila e Caríbdis já passados,
Golfos perigosos, situados no Mediterrâneo interrogações
Outras Sirtes e baxos arenosos,
retóricas, Vasco
Outros Acroceráunios infamados;
da Gama mostra
No fim de tantos casos trabalhosos,
que se sente
Porque somos de Ti desemparados,
desemparado por
Se este nosso trabalho não te ofende,
Deus
Mas antes teu serviço só pretende?
Cordilheira de montes ao longo
da costa grega, onde a
navegação era muito perigosa
Tempestade
83

«Oh ditosos aqueles que puderam


Entre as agudas lanças Africanas
defenderam
Morrer, enquanto fortes sustiveram
A santa Fé nas terras Mauritanas; Norte de África
De quem feitos ilustres se souberam,
De quem ficam memórias soberanas,
De quem se ganha a vida com perdê-la,
Doce fazendo a morte as honras dela!»
(anáfora)
Tempestade
84
(comparação) acentua a força dos ventos
Assi dizendo, os ventos, que lutam
indomáveis Bramindo, rugindo
Como touros indómitos, bramando,
Mais e mais a tormenta acrecentavam, A tempestade
Cabos que aguentam os mastros reais
Pela miúda enxárcia assoviando. continua, apesar
Relâmpados medonhos não cessavam, das súplicas de
(adjetivação) = Fazem parecer
Feros trovões, que vêm representando Vasco da Gama
Cair o Céu dos eixos sobre a Terra, (84)
Consigo os Elementos terem guerra.
(hipérbole)
Tempestade
85
Planeta Vénus
Mas já a amorosa Estrela cintilava
Diante do Sol claro, no horizonte, Vénus intervém a
Mensageira do dia, e visitava favor dos
A terra e o largo mar, com leda fronte. portugueses,
= Vénus traz a bonança e Orionte as tempestades
A Deusa que nos Céus a governava, com a ajuda das
De quem foge o ensífero Orionte, ninfas
Tanto que o mar e a cara armada vira, (85 a 91)
Tocada junto foi de medo e de ira.
Orionte, causador de grandes chuvadas e temporais, foge
diante de Vénus.
Tempestade
86
Referência à tempestade
«Estas obras de Baco são, por certo
Deus do vinho
(Disse); mas não será que avante leve
Tão danada tenção, que descoberto
Me será sempre o mal a que se atreve.»
Isto dizendo, dece ao Mar aberto,
No caminho gastando espaço breve,
Enquanto manda as Ninfas amorosas
Grinaldas nas cabeças pôr de rosas. (hipérbato)
Tempestade
87

Grinaldas manda pôr de várias cores


Sobre cabelos louros à porfia.
Quem não dirá que nacem roxas flores
Faz empalidecer
Sobre ouro natural, que Amor infia?
Cupido, deus do amor, filho
Abrandar determina, por amores, de Vénus e de Marte.
Incómoda
Dos ventos a nojosa companhia,
Mostrando-lhe as amadas Ninfas belas,
Que mais fermosas vinham que as estrelas.
(hipérbole e comparação) – acentua a beleza das ninfas
Tempestade
88

Assi foi; porque, tanto que chegaram


À vista delas, logo lhe falecem
= lutavam
As forças com que dantes pelejaram,
E já como rendidos lhe obedecem;
Subentende-se “dos ventos”
Os pés e mãos parece que lhe ataram
= os cabelos das ninfas ofuscaram o próprio sol (hipérbole)
Os cabelos que os raios escurecem.
A Bóreas, que do peito mais queria,
Vento norte
Assi disse a belíssima Oritia: Filha de um rei de Atenas pela qual
Bóreas se apaixonou.
Tempestade
89

«Não creias, fero Bóreas, que te creio


Que me tiveste nunca amor constante,
Enfeite, ornamento
Que brandura é de amor mais certo arreio
E não convém furor a firme amante.
loucura
Se já não pões a tanta insânia freio,
Não esperes de mi, daqui em diante,
Que possa mais amar-te, mas temer-te;
Que amor, contigo, em medo se converte.»
Tempestade
90
Uma das Nereidas
Assi mesmo a fermosa Galateia
Vento sul
Dizia ao fero Noto, que bem sabe
Que dias há que em vê-la se recreia,
E bem crê que com ele tudo acabe.
Não sabe o bravo tanto bem se o creia,
Que o coração no peito lhe não cabe;
De contente de ver que a dama o manda,
Pouco cuida que faz, se logo abranda.
Tempestade
91

Desta maneira as outras amansavam


Subitamente os outros amadores;
E logo à linda Vénus se entregavam,
Amansadas as iras e os furores.
A Vénus
Ela lhe prometeu, vendo que amavam,
Sempiterno favor em seus amores,
Nas belas mãos tomando-lhe homenagem
Juramento de fidelidade
De lhe serem leais esta viagem.
Tempestade
92
Na manhã de 17 de maio de 1498, a armada de Vasco da Gama
chega a Calecut.
Já a manhã clara dava nos outeiros
Por onde o Ganges murmurando soa,
Plataforma a certa altura do mastro no navio
Quando da celsa gávea os marinheiros
Elevada
Enxergaram terra alta, pela proa. Os portugueses
Já fora de tormenta e dos primeiros avistam a Índia
Trabalhos que tinham passado no mar
Mares, o temor vão do peito voa.
Disse alegre o piloto Melindano:
- «Terra é de Calecut, se não me engano.
Cidade marítima da costa ocidental da Índia
Tempestade
93

«Esta é, por certo, a terra que buscais


Da verdadeira Índia, que aparece;
De joelhos no
E se do mundo mais não desejais,
chão e mãos
Vosso trabalho longo aqui fenece.»
levantadas,
Sofrer aqui não pôde o Gama mais,
Vasco da Gama
De ledo em ver que a terra se conhece;
agradece a Deus
Os giolhos no chão, as mãos ao Céu,
A mercê grande a Deus agardeceu.
Vasco da Gama, temendo a destruição da armada, suplica
proteção a Deus, servindo-se de três argumentos:
- A omnipotência divina já tinha sido posta à prova várias vezes;
- A viagem é um serviço prestado ao próprio Deus;
- É preferível uma morte heroica em África, a combater pela fé cristã,
que num naufrágio no alto mar, sem honras nem glórias. (80 a 83).
Apesar da súplica de Gama, a tempestade continua (84).
Vénus decide interceder pelos Portugueses e, com ajuda das
ninfas, acalma a fúria dos ventos (85 a 91). Assim, os Portugueses
chegam finalmente à Índia (92) e Vasco da Gama agradece a Deus, de
joelhos no chão e mãos levantadas para o céu (93).
Maravilhoso Pagão Maravilhoso Cristão

Em vários episódios de “Os Tendo em conta o século


Lusíadas”, Luís de Camões em que a obra foi escrita,
recorreu a várias figuras as referências cristãs são
mitológicas para embelezar muito frequentes,
a obra e valorizar a particularmente na voz de
coragem e o carácter dos Vasco da Gama, tal como
portugueses. acontece neste episódio.

Ao longo da obra, particularmente neste episódio, cruzam-se


elementos do maravilhoso pagão e do maravilhoso cristão. Ou
seja, os Portugueses atingiram o seu destino com a ajuda dos
deuses da mitologia, mas porque Deus quis.

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