Docente: Ana Ketsia B. M. Pinheiro Aula 2 Procedimento Comum e Especial Procedimento Sumaríssimo e os Juizados Especiais Cíveis estaduais e federais PROCESSO E PROCEDIMENTOS
CONCEITO O processo é o instrumento público, por meio do qual o Estado-juiz exerce o poder jurisdicional, objetivando a resolução de conflitos.
Já o procedimento é o rito pelo qual o processo
se instaura, se desenvolve e termina. Ou seja, é a forma pela qual se desenrola o processo. ESPÉCIES DE PROCEDIMENTO (OU RITO)
A lei regula a forma pela qual se realizam e se
sucedem os atos processuais. Daí surge o procedimento, que distingue-se em: Procedimento Comum (NCPC, art. 318) e Procedimentos Especiais (art. 318, § único).
Atenção! O procedimento será, em regra,
comum, somente utilizado o procedimento especial quando houver previsão expressa na lei. . O procedimento não é simples em sua representação fática: como vimos, subdivide-se em distintas espécies (COMUM e ESPECIAL). De acordo com Cândido Rangel Dinamarco, o critério utilizado pelo legislador para efetuar tal subdivisão se pauta na funcionalidade. Os atos devem seguir o que é estipulado pela lei, que varia de acordo com a natureza do provimento jurisdicional (processo de conhecimento, de execução ou cautelar), com o interesse público, com a necessidade de uma tutela mais célere, com a existência de particularidades próprias, etc. Neste sentido, Chiovenda diz que os processos especiais – vale dizer, aqueles que tratam de certos grupos de relações jurídicas, de relações isoladas ou da particularidade da cognição – exigem, nos casos concretos, triagem e práticas diferenciadas.
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento
comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução. Não esqueça!
O critério para a utilização do procedimento
comum se dá por exclusão, ou seja, ele é aplicado nos casos em que a lei pátria não estipula um procedimento especial determinado, a ser seguido de acordo com a natureza da situação concreta, conforme o artigo 318 do Novo CPC. Alguns Procedimentos Especiais - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO; - AÇÃO DE EXIGIR CONTAS; - AÇÕES POSSESSÓRIAS (Manutenção de Posse e Reintegração de Posse); - AÇÃO DE DIVISÃO E DE DEMARCAÇÃO; - INVENTÁRIO E PARTILHA; - EMBARGOS DE TERCEIRO No CPC/73, o procedimento comum se dividia em ordinário (art. 282 a 475 do CPC) e sumário (art. 275 a 281 do CPC).
Importante! O procedimento sumário tinha
como finalidade propiciar maior celeridade à solução de determinadas causas, seja em razão do valor envolvido, seja em razão da pouca complexidade da matéria. O legislador criou dispositivos que tornaram esse procedimento mais simplificado e concentrado, quando comparado com o rito ordinário. Disposição do NCPC aproveitada do Rito Sumário: CPC/73, art. 278, § 1º. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial. (PEDIDO CONTRAPOSTO)
Novo CPC, art. 343. Na contestação, é lícito ao
réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL A CF previu no art. 98, ao lado da divisão tradicional dos órgãos jurisdicionais, a criação dos Juizados Especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo. Importante!
Nos Juizados Especiais Cíveis (Estaduais ou
Federais) são permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por Turmas de juízes de primeiro grau.
O parágrafo primeiro possibilitou a criação dos
Juizados Especiais no âmbito federal (Lei 10.259/2001) Veja! Existem várias matérias de competência da Justiça Federal que resultam, geralmente, em pequeno valor econômico, mas que são de vital importância para a população menos favorecida. Podem-se citar como exemplos: aposentadoria rural ou urbana por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, pensão por morte, salário maternidade, auxílio-reclusão, revisão no valores dos benefícios previdenciários, , danos morais e materiais de pequena monta, diferenças de remuneração de servidores públicos ativos ou aposentados, etc. Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças. § 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal; IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares. § 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput. Importantíssimo!!! § 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.
Repetindo! A obrigatoriedade do juízo do Juizado
Especial Federal, no foro onde estiver instalado. Embora o artigo citado fale em foro, o faz apenas para acentuar que, havendo nele Juizado Federal, a competência lhe pertence. Questão importante!
Preciso de advogado para entrar com uma causa no
juizado especial federal?
Em toda a fase inicial do processo, até a sentença, a
parte pode estar desacompanhada de advogado/procurador, se assim o desejar. No entanto, o advogado é o profissional apto e indicado para auxiliar a parte nos procedimentos relativos a tramitação da sua ação nos JEFs. • A parte pode propor sua ação pessoalmente no juizado especial federal, se assim o desejar, munido dos documentos necessários (como exemplo: carta de concessão do benefício previdenciário, memória de cálculo do benefício previdenciário, RG e CPF). • Ela tem também a opção de constituir um advogado privado de sua escolha ou, ainda, optar pelos serviços de advocacia gratuita oferecidos no juizado de sua região. • É importante frisar! Nos processos criminais ou em qualquer ação em grau de recurso, a parte deverá obrigatoriamente estar assistida por um advogado (art. 11, § único). É o que dispõe o art. 10 da Lei 10.259/01
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito,
representantes para a causa, advogado ou não.
A parte pode utilizar o Juizado Especial Federal para
pedir aposentadoria?
Sim, desde que o seu pedido de benefício tenha sido
negado pela Previdência Social. Nesse caso, o juiz analisará se foi correto ou não o procedimento do INSS. JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS
Competência (art. 3 ° Lei 9.099/95)
a) Critério de valor (inciso I): São admissíveis
nos Juizados Especiais todas as ações cujo valor não exceda 40 salários mínimos.
Lembre! Para ajuizamento sem advogado
admitem-se apenas ações cujo valor não exceda os 20 salários mínimos. (dispensa de capacidade postulatória) b) Critério objetivo (incisos II e III): Qualquer que seja o valor há a competência para todas as causas enumeradas no art. 275, II do CPC e ações de despejo para uso próprio.
c) Critério objetivo e de valor combinados (inciso
IV): Também admissíveis as ações possessórias cujo objeto seja bem imóvel cujo valor exceda 40 salários mínimos. d) Critério negativo: Ainda que satisfeitos os requisitos dos itens anteriores, são excluídos da competência dos Juizados Especiais Cíveis as demandas de caráter alimentar, falimentar fiscal, acidentária, resíduos, estado e capacidade das pessoas (e de direito indisponível de um modo geral), bem como aquelas que envolvam pessoas jurídicas de direito público e empresas públicas federais, admitindo-se ações contra sociedades de economia mista. Não se admite no pólo ativo ou passivo (autor e réu) as pessoas incapazes. Atenção – Nunca Esqueça! Nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, a competência para utilização destes é RELATIVA, ou seja, quando se tratar de causa de até 40 salários mínimos, a parte interessada escolhe se ajuiza a ação no Juizado Especial ou na Justiça Comum; Já nos Juizados Especiais Cíveis Federais, a competência para utilização destes é ABSOLUTA, ou seja, quando se tratar de causa de até 60 salários mínimos, a parte interessada deve obrigatoriamente ajuizar a ação no Juizado Especial Federal. Algumas observações sobre os Juizados Especiais Estaduais – Lei 9.099/95 Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. § 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. Regra Importante (Somente para os Juizados Cíveis Estaduais – Lei 9.099/95) Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. Se não houver conciliação:
Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á
imediatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que não resulte prejuízo para a defesa. Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiência designada para um dos quinze dias subsequentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes. Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença.
Art. 29. Serão decididos de plano todos os
incidentes que possam interferir no regular prosseguimento da audiência. As demais questões serão decididas na sentença. Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência. Defesa do Réu no Juizado Especial Estadual Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.
Entenda! A incompetência de foro (territorial)
será arguida na CONTESTAÇÃO e não na exceção. No Juizado Estadual, a Exceção somente será de impedimento ou suspeição. Neste caso, correrá em autos apartados e ocasionará suspensão do processo. Impossibilidade de RECONVENÇÃO Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia. Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a designação da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.