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. Ética e Política
Economia
Pós-Século XVIII na Europa Ocidental:
“eticonolítica”
.
Economia Ética
Política
O problema: como delimitar a área de
cada saber se eles se misturam?
A partir da ideia de Ricardo, J. S. Mill e William Nassau
Senior, tentaram separar um domínio especificamente
científico para a Economia Política.
Na visão de Nassau Senior (1836), existiria algo
como uma ciência da economia política pura, 100%
dedutiva, e que não poderia dar conselhos éticos ou
políticos, pois se ocupava unicamente do estudo da
riqueza.
E existira uma “ciência da legislação”, que levaria
em conta problemas éticos e políticos, podendo, desta
forma, aconselhar o soberano ou o Governo sobre que
atitude prática tomar.
Ou seja, haveria um ramo teórico e outro prático
para a economia política.
A visão de J. S. Mill (1836, 1843)
J. S. Mill criou o conceito de “homem econômico”
(embora ele mesmo não usasse esta expressão).
Para ele, a economia científica deveria ser baseada na
parte do comportamento humano que visa buscar
riqueza com o menor esforço possível.
Entende-se riqueza como o conjunto de bens
materiais que dão prazer e afastam o risco e a dor.
A partir deste comportamento poderíamos deduzir leis
gerais 100% sérias e rigorosas, mas que nem sempre
acertavam o alvo.
Ou seja, a economia política seria ciência inexata
e separada das outras ciências sociais.
A Etologia Política
Mas, como os seres humanos visam muito mais
do que a simples busca da riqueza na sua vida
concreta, a ciência da economia política
deveria ser complementada com outra
ciência: a ciência da etologia.
A etologia estudaria, com base na psicologia
associacionista, as causas das diferenças de
caráter entre indivíduos e nações diferentes.
Enquanto a economia política seria dedutiva,
a etologia seria indutiva.
Alguém lembra do exemplo que demos?
Mas havia outra tradição de
pensamento...
Em PEC II foi estudado o livro I do Capital, de
Marx.
O subtítulo da obra é “Crítica à Economia Política”.
Quando Marx fala em Economia Política, tem em
mente este saber que foi desenvolvido por Smith,
Ricardo, Malthus, Senior, J. S. Mill etc.
Pode-se dizer que, para Marx, este saber falha
em chegar à essência do modo de produção
capitalista. Este saber fica no nível da aparência,
apenas.
É por isso que ele faz sua “Crítica à Economia
Política”.
Mas havia outra tradição de
pensamento...
Marx é cuidadoso ao dizer que estuda um modo
de produção específico: o capitalismo, que
surgiu em sua completude na Inglaterra no século
XVIII.
Podemos interpretar Marx como dizendo que, ao
focar nas relações de mercado e na
determinação de preços relativos, a
Economia Política não atenta à essência do
capitalismo. Ela fica apenas na aparência.
Na essência deste modo de produção estariam
relações de produção e de exploração
historicamente determinadas.
Mas havia outra tradição de
pensamento...
Ou seja, na essência do sistema capitalista
estavam envolvidas relações sociais de poder
historicamente determinadas, que adotavam
implicitamente uma ideia do que era “bom”.
Em outras palavras, pode-se dizer que para Marx,
a essência do sistema de produção
capitalista envolvia fatores sociais, políticos
e éticos determinados na história.
Mas esta visão ia de encontro à visão de J. S.
Mill e Nassau Senior, que queria separar a
ciência da economia política cuidadosamente de
questões propriamente políticas e éticas.
Em linguagem popular: está “armado
um barraco” intelectual
Não se pode dizer que Marx seja membro da
EHA, mas ele certamente possuía algumas
características em comuns com os membros desta
Escola de pensamento.
Nos anos 1880, Menger, da EA, e Schmoller,
da EHA, trocaram farpas no episódio que
ficou conhecido como a “Batalha dos
Métodos”.
Pode-se dizer que esta “Batalha” é fruto das
visões diferentes sobre qual era o papel da
economia política desde sua incepção: era ela
uma ciência dedutiva, descolada da prática,
ou uma ciência indutiva, eminentemente
prática?
A “Batalha dos Métodos”
Da perspectiva de hoje, vemos que a “Batalha” foi
exagerada, pois Menger e Schmoller, se
estivessem de cabeça fria, poderiam concordar
com os pontos um do outro.
Ou seja, tanto um lado como o outro
acreditavam que dedução e indução eram
importantes, e que teoria é importante para
que possamos analisar os dados da
experiência.
Mesmo assim, podemos notar que havia
diferenças importantes entre Schmoller e Menger:
A visão de Menger na “Batalha”
Devemos usar um princípio geral aistórico para
entender o comportamento humano: a utilidade
marginal (grenznutzen). Ele dá cientificidade à
economia.
Em primeiro lugar vem a dedução a partir de leis
gerais do comportamento humano.
Em segundo lugar usamos a indução para verificar
em que medida as leis gerais são aplicáveis.
A economia deve ser uma ciência abstrata separada
da ética e política (como J. S. Mill via).
Logo, para a ciência econômica de Menger o problema
da EHCS não existiria, embora, na prática econômica
ele possa ser importante.
A visão de Schmoller na “Batalha”
Não dá pra usar um princípio geral aistórico de
comportamento humano, já que este
comportamento muda na história. Se há
cientificidade na economia, ela deve ser buscada
justamente na história.
Em 1º lugar vem o estudo dos fatos concretos.
Somente a partir deles é que se pode começar a
fazer teorias econômicas dedutivas.
É inviável separar a economia de fatores sociais,
históricos, antropológicos, da ética e da política.
Exatamente porque a economia é vista como ciência
histórica concreta, o problema da EHCS deve
sempre ser levado em conta.
Tentando resolver essa “Batalha”...
A partir daí nós mesmos podemos ficar
confusos: Quem teria razão? As duas escolas?
Nenhuma delas? Um pouco cada uma?
É por isso que demos uma pausa no curso para
viajar um pouco pela filosofia da ciência do
século XX.
A importância dessa viagem está em investigar o
que os filósofos fizeram para tentar achar uma
metodologia de pesquisa que nos levasse a um
conhecimento 100% sério e rigoroso.
Se acharmos esta metodologia, talvez
possamos resolver nossa “Batalha”...
Os positivistas lógicos do “Círculo de
Viena” (1920)
No século XX, eles foram os 1os a terem
a coragem de buscar uma metodologia
que levasse a conhecimento 100% sério e
rigoroso – i.e., geral e universal.
Sua principal preocupação era demarcar
o que era ciência de não-ciência.
Para eles, ciência consistiria de 1.
sentenças analíticas a priori (como as
da matemática e da lógica) e sentenças
sintéticas a posteriori (que transmitem
os dados atômicos dos sentidos através
de frases-protocolo).
Os positivistas lógicos do “Círculo de
Viena” (1920)
O que não caísse nisso, não seria considerado
conhecimento: metafísica, ética, estética,
religião...embora importantes, estes discursos
não poderiam ser considerados conhecimento
sério e rigoroso.
No limite, o ser humano poderia unificar todo o
conhecimento tendo por base a física,
mapeando toda a realidade através de
correspondência entre as teorias e o mundo
(que eram vistos separadamente).
Ou seja, verificando experimentalmente quando
as teorias correspondiam à realidade,
chegaríamos a um conhecimento 100% sério e
rigoroso. Veja:
Os positivistas lógicos do “Círculo de
Viena” (1920)
. Mundo
Teorias
Correspondência
Apesar de verificarmos
experimentalmente uma teoria, nada nos
garante que ela valerá na próxima vez
(problema da indução de Hume);
Na verdade, os próprios fatos descritos
pelas frases-protocolo já vem
carregados de teoria – lembre-se
sempre do caso do “desemprego
involuntário” que, grosso modo, só pode
ser visto por keynesianos.
Daí entram em cena os “empiristas
lógicos” (anos 1940-1960)
Eles já aceitavam que metafísica era
inevitável, que fatos eram carregados de
teoria e que verificação não garantia 100% de
conhecimento sério e rigoroso.
Hempel e Oppenheimer (1948) formalizaram o
método nomotético-dedutivo (N-D).
Alguns apostaram na ideia de confirmacionismo
(havia uma probabilidade de a teoria estar certa
após confirmação empírica), ou
instrumentalismo (que veremos com o
Friedman, na economia).
Fatos carregados de teoria +
confirmacionismo
. Teorias Mundo