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Materiais Condutores

Os elementos químicos são classificados em metálicos e em metalóides ou não-


metálicos. Os metais ou condutores são caracterizados por diversas grandezas:

Estrutura cristalina;
Brilho típico;
Opacidade;
Elevada condutividade elétrica e térmica;
São geralmente sólidos;
Capacidade de deformação e moldagem;
Encruamento;
Transformam-se em derivados metálicos;
Podem formar ligas metálicas.

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Materiais Condutores

Estas grandezas são importantes na escolha adequada dos materiais, uma vez
que das mesmas vai depender se estes são capazes de desempenhar as funções
que lhe são atribuídas. A escolha do material condutor mais adequado, nem
sempre recai naquele de características elétricas mais vantajosas, mas sim, em
outro metal ou uma liga, que, apesar de eletricamente menos vantajoso, satisfaz
as demais condições de utilização.

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Materiais Condutores

Em alguns tipos de átomos, especialmente os que compõem os metais (ferro,


ouro, platina, cobre, prata e outros) a última órbita eletrônica perde um elétron
com grande facilidade. Por isso seus elétrons recebem o nome de elétrons livres.
Estes elétrons livres se desgarram das últimas órbitas eletrônicas e ficam vagando
de átomo para átomo, sem direção definida. Mas os átomos que perdem elétrons
também os readquirem com facilidade dos átomos vizinhos, para voltar a perdê-
los momentos depois. No interior dos metais os elétrons livres vagueiam por
entre os átomos, em todos os sentidos, daí a possibilidade da existência de fluxo
de elétrons. A condução do fluxo de elétrons livres, ou a circulação de uma
corrente elétrica é notada tanto em materiais sólidos quanto nos líquidos, e, sob
condições favoráveis, também nos gasosos.

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Materiais Condutores

Sob o ponto de vista prático, a maioria dos materiais condutores é de estado


sólido, e dentro desse grupo, ressaltam-se, os metais que, devido à facilidade de
fornecer elétrons livres, são usados para fabricar os fios de cabos e aparelhos
elétricos.

No grupo dos líquidos, vale mencionar os metais em estados de fusão, eletrólitos


e as soluções de ácidos, de bases e de sais. Destaca-se o caso particular do
mercúrio, único metal que, à temperatura ambiente, se encontra no estado
líquido e solidifica-se apenas a –39 °C. Outro exemplo é uma solução de água
com sal (NaCl), haverá uma dissociação da molécula de cloreto de sódio (NaCl)
em íons Na+ e Cl-, que ficam livres para se movimentar pelo interior da solução.

Quanto aos gasosos, estes adquirem características condutoras sob a ação de


campos muito intensos, quando então se podem ionizar. É o caso das descargas
através de meios gasosos, como na abertura de arco elétrico com a formação de
um meio condutor conhecido por plasma.

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Materiais Condutores

Exemplos de bons condutores:

· Metais como o cobre, alumínio, ferro, etc. (usados para enrolamentos de


máquinas elétricas e transformadores, etc.);
· Ligas metálicas (usadas para fabricação de resistências);
filamentos para lâmpadas incandescentes, etc.);
· Grafite (usados para fabricação de resistores, eletrodos, etc.);
· Soluções aquosas de sulfato de cobre, de ácido sulfúrico, etc. ;
· Água da torneira, água salgada, água ionizada;
· Corpo humano;
· Ar úmido.

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Classificação dos Metais
Considerando o peso específico dos metais, estes podem ser classificados em:

1 - metais leves, que são todos aqueles com o peso específico abaixo de 4 g/cm3,
como no caso de Al, Mg, Be, Na e Ca;

2 - metais pesados, aqueles com o peso específico igual ou maior que 4 g/cm3.
Estes podem ser dos tipos:

de baixo ponto de fusão, os que apresentam um ponto de fusão até


1000°C, como é o caso de Sn, Pb, Zn, Sb;

de ponto de fusão médio, no caso de a fusão ocorrer entre 1000 e


2000°C, por exemplo, Cu, Fe, Ni, Ti, Mn;

de alto ponto de fusão, para valores acima de 2000°C, por exemplos, W,


Mo, Ta.

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Obtenção do cobre
O principal minério de cobre é o CuFeS2, depois o Cu2S, o Cu3FeS3, o Cu2O e o
CuCO3. A porcentagem de cobre nesses minérios varia de 0,5 a 3,5 %. As principais
jazidas se localizam no Congo, Rodésia do Norte, Estados Unidos da América,
Austrália, Espanha, Suécia, Noruega e Chile.

Os processos de obtenção se classificam em processo seco e por via úmida.

Processo seco - Após a eliminação parcial do enxofre, efetua-se uma redução em


fornos de fusão, através de carbono e aditivos ácidos, os quais irão absorver grande
parte do ferro. Obtém-se, assim, dois líquidos de peso específico diferente, ficando,
na parte superior, com menor densidade, um concentrado ferroso e, na parte de
baixo, um composto de cobre, contendo cerca de 45% desse metal.
Por via úmida - Minérios pobres em cobre são industrializados por um processo
úmido. Aplicando-se ao minério uma solução de enxofre, obtém-se uma solução de
sulfato de cobre, da qual o cobre é deslocado pela ação do ferro. Esse é
basicamente o processo eletrolítico de se obter o cobre, representado por mais de
90% de todo o cobre obtido mundialmente.

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Obtenção do cobre
Purificação do cobre - A pureza do cobre para fins elétricos deve atingir valores de
99,9%. Como o cobre resultante dos processos mencionados nem sempre atinge
esses valores, há necessidade de purificação. Assim, o cobre de pureza de 94 a 97%
é fundido com certos aditivos, com o que a pureza se eleva a 99%. Esse cobre é
transformado em placas anódinas e inserido num processo eletrolítico. O catodo é
formado das chapas de cobre e, o eletrólito, de uma solução de sulfato de cobre
com acidificação por enxofre.
Durante o processo eletrolítico, todo o cobre do anodo se transfere ao
catodo, ficando as impurezas, como Fe, Ni, Co e Zn, retidas no eletrólito. Havendo,
entre as impurezas, metais nobres como Ag, Au e Pt, estes se depositam no fundo
da cuba eletrolítica, fazendo parte da chamada "lama do anodo".
O cobre eletrolítico assim obtido não pode ser laminado, havendo,
portanto, necessidade de sua fusão, daí resultando os lingotes, próprios para a
industrialização. placa catódica

placa anódica

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Obtenção de chumbo, zinco e níquel
Os minérios de chumbo (Pb) e de zinco (Zn) geralmente encontrados são sulfatos
(combinação de Pb ou Zn com S), respectivamente PbS e ZnS. O níquel (Ni) é mais
raramente encontrado.
Podem ser obtidos pelo processo e redução ou processo de seco.

Obtenção do tungstênio
Os principais minérios de tungstênio (W) são o CaWO4, o PbWO4 e a wolframita
[(Mn, Fe)WO4]. Esses minérios são encontrados principalmente na China, Estados
Unidos, Burma, Malásia, Portugal e Bolívia.
Pode ser obtido por processo e redução.

Obtenção do alumínio
Os principais minérios são a bauxita (Al2O3 • H2O), ou, em outra forma, hidróxido de
alumínio [AIO(OH)], freqüentemente misturado com impurezas, como o ferro e
outros aditivos. No grupo dos materiais condutores, o alumínio ocupa lugar cada
vez mais importante, por ser uma alternativa técnica e economicamente viável para
substituir o cobre, sobretudo devido às jazidas serem relativamente grandes
existente em 7% de toda a crosta terrestre.
Pode ser obtido pelo processo de Bayer ou processo eletrolítico.

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Características dos Condutores

Os materiais condutores são caracterizados por diversas grandezas, dentre as quais


se destacam: condutividade ou resistividade elétricas, coeficientes de
temperatura, condutividade térmica, potencial de contato e força termoelétrica,
comportamento mecânico.

Essas grandezas são sobretudo importantes, na escolha adequada dos materiais,


uma vez que das mesmas vai depender se estes são capazes de desempenhar as
funções que lhe são atribuídas.

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Condutividade ou Resistividade Elétricas

condutividade elétrica (-1m-1)

resistividade elétrica ( m)

Pela lei de Ohm,

resistência elétrica ()


logo,

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Condutividade ou Resistividade Elétricas
Considerando que a corrente I é dada por:

onde: ne é o número de elétrons;


e é a carga do eletron 1,67 x 10-19;
vme é a velocidade média dos elétrons;
A é a área da seção transversal do condutor.

tem-se que:

sendo, então,

onde:  = mobilidade dos elétrons livres (m2/Vs);

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Condutividade ou Resistividade Elétricas
Nos metais a resistividade e condutividade elétrica sofrem influências da
temperatura, das impurezas e da deformação plástica dos materiais. Portanto:

Influência da temperatura – Para o metal puro e todas as ligas de cobre-níquel a


resistividade aumenta linearmente com a temperatura acima de - 200 °C.

Influência das impurezas – Para as adições de uma única impureza que forma uma
solução sólida, a resistividade está relacionada à concentração das impurezas ci em
termos da fração atômica da seguinte forma:

Influência da deformação plástica – A deformação plástica também aumenta a


resistividade elétrica como resultado do maior número de discordâncias que causam
o espalhamento de elétrons.

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Condutividade ou Resistividade Elétricas

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Coeficiente de temperatura e condutividade térmica

Representação da variação da resistência R em função da temperatura T


(Schmidt 2008)

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Coeficiente de temperatura e condutividade térmica

∆𝑅 𝑅2 − 𝑅1
𝑡𝑔𝛼 = =
∆𝑇 𝑇2 − 𝑇1
𝑡𝑔𝛼 coeficiente de temperatura da
∝ 𝑇1 = resistência
𝑅1
𝑅2 − 𝑅1
𝑇 − 𝑇1
=>∝ 𝑇1 = 2
𝑅1
(𝑅2 − 𝑅1 ) 1
=>∝ 𝑇1 = ( )
𝑅1 𝑇2 − 𝑇1

Variação R x T (Schmidt 2008)

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Coeficiente de temperatura e condutividade térmica
Normalmente e temperatura inicial de referência é tomada com sendo T1 = 20 °C
ou 25 °C.
Nesse caso,

Resistividade  Coeficiente de
Nome do metal
 mm2/m temperatura a 20 °C
∝ 𝑇1 =∝20 Ouro 0,0240 0,0037
Prata 0,0162 0,0036
𝑅𝑇2 = 𝑅20 [1 +∝20 (𝑇2 − 20)] Cobre
Alumínio
0,0169
0,0262
0,004
0,0042
Níquel 0,072 0,006
Zinco 0,059 0,0036
Mercúrio 0,96 0,0009
Chumbo 0,205 0,0041
Ferro 0,098 0,0057
Platina 0,100 0,003
Tungstênio 0,055 0,0052
Molibdênio 0,0477 0,0048
Estanho 0,114 0,0043

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Coeficiente de temperatura e condutividade térmica

Variação da resistividade e do coeficiente de temperatura, em função da


composição Ni – Cu (Schmidt 2008)
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Condutividade térmica de metais e suas ligas

Sendo o condutor a fonte das perdas de energia pelo qual circula a corrente
elétrica, e se essas perdas, que são impossíveis de serem evitadas, geram calor,
deve este ser liberado ao ambiente o mais depressa possível, para evitar que a
energia térmica altere as condições do material.

A resistência térmica é dado por:


𝑅𝑇 = 𝜌 𝑇 Material Resistividade
𝐴 térmica
T(1/• cm)
onde:
T = resistividade térmica (1/cm); Cobre 0,24
h = unidade linear. Alumínio 0,40
Zinco 0,90
Estanho 1,55
Chumbo 3,00

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Tensão de contato e força termoelétrica nos metais

Dois metais diferentes, em contato, criam uma diferença de potencial entre suas
superfícies. A existência da diferença de potencial entre os metais é devida às
diferenças entre as nuvens de elétrons presentes num e noutro, originando
condições de pressão interna também diferentes. A tensão elétrica, dependendo
dos materiais que estão em contato, pode variar de 1/10 até alguns volts.

𝐾 𝜂0𝐴
𝑈 = (𝑇1 − 𝑇2 )𝑙𝑛
𝑒 𝜂0𝐵

onde:
U = tensão de contato;
K = constante de Boltzmann;
e = carga do elétron;
 = números de elétrons livres por unidade de volume do material.

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Efeito Hall

Consiste em se tomar um condutor pelo qual circula uma corrente I, aplicando-lhe


sobre o lado de maior comprimento um campo magnético uniforme de densidade
B. Dessa forma, o deslocamento de elétrons se dá perpendicular ao campo
magnético. Isso cria uma força entre os elétrons e o campo que comprime os
elétrons sobre a face maior do condutor, dando origem a uma diferença de
potencial e um campo elétrico E. Tal efeito é conhecido por efeito Hall.

𝐽𝐵
𝐸𝐻 =
𝑁𝑒

onde:
EH = campo elétrico de Hall;
J = densidade de corrente;
e = carga do elétron;
N = números de elétrons livres.

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Estudo Específico dos Materiais Condutores

Os materiais empregados como elementos condutores de corrente elétrica, se


classificam em dois grandes grupos:

• Materiais de elevada condutividade;

• Materiais de elevada resistividade.

Os primeiros destinam-se a todas as aplicações em que a corrente elétrica deve


circular com as menores perdas possíveis.

Os do segundo grupo destinam-se a todas as aplicações na qual pode-se precisar de


uma queda de tensão. Isso é possível devido sua resistividade elevada.

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Materiais de elevada condutividade elétrica

Os principais materiais de elevada condutividade elétrica são metais nobres, acrescidos


de mais alguns de outros grupos e de suas ligas. E importante observar que os
materiais empregados para fins elétricos apenas raramente podem ser escolhidos
levando-se em consideração somente o seu comportamento elétrico.

Os metais de condutividade elétrica mais elevadas, e que podem ser utilizados


também sob o ponto vista econômico, são:

Cobre
Alumínio
Prata
Chumbo
Platina
Mercúrio
Ferro

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Cobre e suas Ligas

O cobre apresenta as vantagens que lhe garantem posição de destaque entre


os metais condutores, ou seja:

· Pequena resistividade. Somente a prata tem valor inferior, porém o seu elevado
preço não permite seu uso em quantidades grandes;

· Características mecânicas favoráveis;

· Baixa oxidação para a maioria das aplicações. O cobre oxida bem mais lentamente,
perante elevada umidade, que diversos outros metais;

· Baixa oxidação, entretanto, é bastante rápida quando o metal sofre elevação de


temperatura;

· Fácil deformação a frio e a quente, é relativamente fácil reduzir a seção transversal


do cobre, mesmo para fios com frações de milímetros de diâmetro.

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Cobre e suas Ligas

O cobre tem cor avermelhada característica, o que o distingue de outros metais.

O valor da condutividade informa sobre o grau de pureza do cobre. A máxima pureza é


encontrada no cobre obtido em ambiente sem oxigênio, quando alcança 61 m/mm2,
comparável com o valor do cobre eletrolítico, cujo valor é de 58 m/  mm2, e é o
normalmente usado em escala industrial. O seu grau de pureza, nesse caso, é de
99,9%.

Destaque-se que a condutividade elétrica do cobre é muito influenciada na presença


de impurezas, mesmo em pequenas quantidades. Essa influência é tanto maior quanto
mais distribuída estiver a impureza na massa do cobre, pois sua presença reduz
acentuadamente a mobilidade dos elétrons.

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Cobre e suas Ligas

A resistividade do cobre a 20°C é de: cu = 1,7241μcm2/cm e seu coeficiente de termo-


resistividade vale: α = 0.00393/°C.

O cobre resiste bem à ação da água, de fumaças, sulfatos, carbonatos, sendo atacado
pelo oxigênio do ar, e em presença deste, ácidos, sais e amoníaco podem corroer o
cobre.

O cobre é obtido em forma eletrolítica, fundido e transformado em lingotes. Na


transformação subseqüente por laminação e estiramento, efetua-se primeiramente um
aquecimento do lingote para facilitar a transformação bruta, até temperaturas de 920-
980°C.

Na laminação a frio, o cobre se torna mais duro e elástico, e reduz sua condutividade. É
o estado de cobre encruado. Essa modificação de características pode representar um
empecilho ao uso do metal e, nesse caso, se faz o seu recozimento a uma temperatura
de 500-560°C.

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Cobre e suas Ligas

Aplicações do cobre :

O cobre encruado ou duro é usado nos casos em que se exige elevada dureza,
resistência à tração e pequeno desgaste, como no caso de redes aéreas de cabo nu,
particularmente, para fios telefônicos, para peças de contato e para anéis coletores.

Em todos os demais casos, principalmente em enrolamentos, barramentos e cabos


isolados, se usa o cobre mole ou recozido.

Casos intermediários precisam ser devidamente especificados. Em muitos casos,


porém, o cobre não pode ser usado na forma pura, quando então as ligas de cobre
passam a ser encontradas. Essas ligas são feitas com metais escolhidos de modo a
compensar ou melhorar alguma das propriedades do cobre.

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Cobre e suas Ligas

Ligas de Cobre:

A escolha de uma liga deve considerar também os aspectos econômicos. A adição de


certos elementos (por exemplo, o níquel e o estanho) pode aumentar o preço da liga,
aumentando certas propriedades, ao passo que, a presença de outros elementos
(zinco, chumbo) permite abaixar o preço sem redução notável de características
técnicas.

Um exemplo de liga de cobre são os bronzes. As ligas de cobre e estanho podem


suportar adições mais ou menos importantes de chumbo, de zinco e as vezes de
níquel. O bronze apresenta a característica de ser resistente ao desgaste por atrito,
fácil usinagem e são ligas elásticas. Suas aplicações principais são em rolamentos de
transformadores, partes de máquinas, engrenagens, trilhos de contato, molas
condutoras, fios finos e peças fundidas. As propriedades variam de acordo com o
percentual de estanho.

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Cobre e suas Ligas

Ligas de Cobre:

Já os latões tradicionais são ligas de cobre e zinco, às quais se adiciona um pouco de


chumbo ou alumínio. Em princípio o uso de latões comuns não é aconselhável quando
existirem problemas de corrosão. Porém este não é o mesmo caso quando são
empregados latões de alta resistência (55-70% Cu, 20-35% Zn + Al, Mn, Fe, Ni, Sn, etc.),
os quais são possuidores de excelentes propriedades mecânicas e de notável
resistência à corrosão em determinados ambientes.

Outras ligas de cobre seriam: cobre alumínio (8 a 12% de alumínio) que têm
propriedades comparáveis àquelas dos aços inoxidáveis, além da possibilidade de
poderem ser obtidas mais facilmente, por fundição em areia ou em moldes metálicos;
ligas cobre-cromo,etc.

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Cobre e suas Ligas Liga Condutividade, Resistência à Alongamentos,
Tratamentos em relação ao tração, em
cobre (%) kg/mm2 (%)

Cu + Cd recozido 95 até 31 50

(0,9 Cd) encruado 83-90 até 73 4


Bronze recozido 55-60 29 55
0,8 Cd + encruado 50-55 até 73 4
+ 0,6 Sn
Cu > 60%
Bronze recozido 15-18 37 45
2,5 Al + encruado 15-18 até 97 4
2 Sn
Bronze recozido 10-15 40 60
fosforoso encruado 10-15 105 3
7S n+ lP
La tão recozido 25 32-35 60-70
30 Zn encruado 25 até 88 5
Bronze
BI 0,1%
Mn, o - 82 50-52 —
resto Cu
BII
0,8 Mn ou
1 % Sn + — 60 56-58 -
+ 1 Cd
BIII
2,4% Sn
ou 1,2 Sn + — 31 66-74 -
+ 1,2 Zn

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Alumínio (Al)
No global de suas propriedades, o alumínio é o segundo metal mais usado na
eletricidade, havendo nos últimos anos uma preocupação permanente em substituir
mais e mais as aplicações do cobre pelo alumínio, por motivos econômicos.

•O preço internacional do cobre tem sido em média bem mais elevado que o do
alumínio, em torno de 2 a 3 vezes mais;

•O peso de metal necessário fica reduzido praticamente à metade, o que reduz o custo
de tais elementos de sustentação envolvidos;

•Em termos brasileiros, em particular, as jazidas de minérios do alumínio (bauxita) são


bem mais freqüentes do que os de minério de cobre. Segundo informações de
entidades especializadas, nosso consumo de cobre ainda é superior a vinte vezes nossa
produção, e os minérios de cobre já são bastante pobres: contém apenas 0,5 % de
cobre, enquanto que 70% do alumínio é produção nacional (1977).

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Alumínio (Al)
Comparação entre dimensões externas de condutores de cobre e alumínio equivalentes:
Referências Cobre Alumínio

Relação entre áreas* 1 1,61


Para igual
resistência Relação entre diâmetros 1 1,27
ôhmica
Relação entre pesos 1 0,48

Para igual
Relação entre áreas 1 1,39
ampacidade** e
aumento de Relação entre diâmetros 1 1,18
temperatura
Relação entre pesos 1 0,42

Relação entre resistências ôhmicas 1 1,61


Para igual
diâmetro
Relação entre ampacidades 1 0,78

* condutores redondos
** ampacidade = capacidade de condução de corrente
Valores de referência de condutividades: cobre: 58 m/mm2 (56 a 61)
alumínio: 38 m/  mm2 (36 a 38)
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Alumínio (Al)
Comparação de características físicas entre cobre e alumínio:

Alumínio Cobre Padrão


Característica física (duro)
(duro) IACS*
Densidade a 20 °C (g/cm3) 2,70 8,89 8,89

Condutividade mínima percentual a 20 °C 61 97 100

Resistividade máxima a 20 °C (mm2/m) 0,0282 0,0177 0,0172

Relação entre os pesos de condutores de


igual resistência em corrente contínua e 0,48 1,03 1,00
igual comprimento

Coeficiente de variação da resistência por


°C a 20 °C 0,0040 0,0038 0,0039
Calor específico (cal/g °C) 0,214 0,092 0,092

Condutividade térmica (cal/cm3. s. °C) 0,48 0,93 0,93

Módulo de elasticidade do fio sólido


(kgf/mm2) 7.000 12.000 -
Coeficiente de dilatação linear/°C 23 x 10 17 x 10 17 x 10-6
-6 -6

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Alumínio (Al)
Mesmo considerando a necessidade de condutores de alumínio com diâmetro maior que
seria necessário se o material fosse cobre, o fio de alumínio ainda tem aproximadamente a
metade do peso do de cobre, o que reduz o custo dos elementos de sustentação
envolvidos, dado importante na construção de linhas de transmissão.

O uso do alumínio adquiriu por essas razões importância especial nas instalações elétricas
em aviões.

Outro aspecto é o comportamento oxidante, já mencionado. O alumínio apresenta uma


oxidação extremamente rápida, formando uma fina película de óxido de alumínio que tem
a propriedade de evitar que a oxidação se amplie. Entretanto, esta película apresenta uma
resistência elétrica elevada com uma tensão de ruptura de 100 a 300V, o que dificulta a
soldagem do alumínio, que por essa razão exige pastas especiais.

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Alumínio (Al)
A corrosão galvânica é uma situação particular, própria entre metais afastados na série
galvânica dos elementos. Devido ao grande afastamento e à conseqüente elevada
diferença de potencial entre cobre e alumínio, essa corrosão se apresenta sempre que o
contato entre Cu e Al ocorrer num ambiente úmido onde a umidade faz o papel de
eletrólito, e os dois metais se constituem num elemento galvânico. A polaridade desse
elemento é tal que a corrente se desloca do alumínio para o cobre, corroendo o alumínio.
Por essa razão, os pontos de contato Al-Cu precisam ser isolados contra a influência do
ambiente.

Aplicações das Ligas do Alumínio:

O alumínio puro é usado apenas nos casos em que as solicitações mecânicas são pequenas.
Tal fato ocorre, por exemplo, nos cabos isolados e em capacitores. Entretanto, é bastante
grande o número de ligas de alumínio usadas eletricamente, nas quais este é associado
principalmente a Cu, Mg, Mn e Si, que , com exceção do silício, formam sistemas cristalinos
mistos, sensivelmente dependentes das condições de temperatura em que a liga é
processada.

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Alumínio (Al) Resist. Dureza Condut.
Coeficiente
de
Composição Tipo tração Brinell elétrica Características
temperatura
(kg/mm2) (kg/mm2) (m/mm2)
 T (1 /°C)
Características de ligas de AlCuMg ligas normais: para construção
alumínio para laminação e Duralumí-
nio
mole < 25 < 60 28 3,5 x 10 -3
de peças; sofrem
corrosão
encruado 40 100 20 2,1 x 10 -3
extrusão
ligas com
elevada
resistência:
encruado 40 110
encruado e
laminado a 30 ...50 120 - -
frio
Al Mg Si mole. 8 35 30 3,5 x 10 -3 resistência mecâ-
-3 nica média, boa
duro. 16 55 26 3,5 x 10 deformabilidade
laminado a boa estabilidade
frio. 10 60 27 2,8 x 10 -3
química
laminado a 20 80 27 2,8 x 10 -3
quente

Al Mg Si ( mole 10 30 30 3,6 x 10 -3
encruado 30 80 33 3,6 x 10 -3 usado em cabos
Aldrey )
Al Mg mole 22 55 20 2,4 x 10 -3 estável contra
(valores meio mole 28 70 17 2,1 x 10 -3 água do mar não
médios) duro 30 90 15 1,8 x 10 -3 suporta soluções
alcalínas. Quanto
maior % Mg
maior dificuldade
para soldagem

Al Mn mole 7 20 25 2,7 x 10 -3 Melhor estabili-


-3 dade que Al, boa
meio mole 12 30 24 2,7 x 10
capacidade de
duro 15 40 23 2,7 x 10 -3 soldagem

Al Mg Mn mole 15 40 23 2,4 x 10 -3 Estabilidade


média perante
meio mole 20 50 22 2,4 x 10 -3
sais e ácidos.
duro 25 60 21 2,4 x 10 -3

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Alumínio (Al)
O pequeno peso específico das ligas de alumínio leva, na área eletrotécnica, às
seguintes aplicações principais:

· em equipamento portátil, uma redução de peso;

· em partes de equipamento elétrico em movimento, redução de massa, da energia


cinética e do desgaste por atrito;

· de peças sujeitas a transporte, maior facilidade nesse transporte, extensiva à


montagem dos mesmos;

· em estruturas de suporte de materiais elétricos (cabos, por exemplo) redução do


peso e conseqüente estrutura mais leve;

· em locais de elevada corrosão, o uso particular de ligas com manganês

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Prata (Ag)
É o metal nobre de maior uso industrial utilizado nas
peças de contato. A cor prateada brilhante é
característica, escurecendo-se devido ao óxido de
prata ou sulfito de prata que se forma em contato
com o ar. A prata, devido às suas características
elétricas, químicas e mecânicas, é usada em forma
pura ou de liga, cada vez mais em partes condutoras
onde uma oxidação viria criar problemas mais sérios.
É o caso de peças de contato em que se dá o contato
mecânico entre si, onde, além de um bom material
condutor, é conveniente ter-se um metal que não
influa negativamente devido a transformações
metálicas.

No caso da prata, no seu estado puro, encontra o seu uso nas pastilhas de contato para
correntes relativamente baixas, podendo ainda ser misturado com níquel e cobalto,
paládio, bromo e tungstênio. A prateação, numa espessura de alguns micrometros, é
usada para proteger peças de metal mais corrosível.

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Ouro (Au)

Esse metal, que apresenta uma condutividade elétrica


muito boa, destaca-se pela sua estabilidade química e
pela conseqüente resistência a oxidação. Suas
características mecânicas são adequadas para uma
série de aplicações elétricas, havendo porém a natural
limitação devido ao seu preço. O ouro é encontrado
eletricamente em peças de contato que são
submetidas a correntes muito baixas, casos em que
qualquer oxidação poderia levar à interrupção elétrica
do circuito. Por exemplo, em de peças de contato de
dispositivos de telecomunicações. Seu uso, nesses
casos, é feito na forma pura, não sendo encontrado
em forma de liga.

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Platina (Pt)
Material também bastante estável quimicamente. É relativamente mole, o que permite
uma deformação mecânica fácil, bem como sua redução a folhas com espessuras de até
0,0025mm, ou a fios finos com diâmetro menores que 0,015mm. Devido às suas
propriedades antioxidantes o seu uso elétrico é encontrado particularmente em peças
de contato, anodos e fios de aquecimento. É o metal mais adequado para a fabricação
de termoelementos e termômetros resistivos até 1000 °C, pois até essas temperaturas
não sofre transformações estruturais, fazendo com que a resistividade varie na mesma
proporção da temperatura. Termômetros resistivos são particularmente usados perante
pequena variação de temperatura, casos não mais registrados por outros
termoelementos.
Sua única desvantagem é de
apresentarem uma certa dilatação,
o que dificulta a leitura de
temperaturas em dado ponto. Na
faixa de - 200 a + 500°C, a platina
permite a leitura mais exata da
temperatura do que outros metais.

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Mercúrio (Hg)
É o único metal líquido à temperatura ambiente. Aquecido oxida-se rapidamente em
contato com o ar. É usado em termômetros resistivos para leituras entre 0 e 100°C, bem
como para chaves basculantes usadas conjuntamente com sistemas mecânicos, em
retificadores, lâmpadas (vapor de mercúrio). Quase todos os metais (com exceção do
ferro e do tungstênio) se dissolvem no mercúrio. Os vapores de mercúrio são
venenosos. Na área dos retificadores, seu uso caiu acentuadamente com a evolução do
retificador de silício.

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Chumbo (Pb)
O chumbo é um metal de coloração cinzenta, com um brilho
metálico intenso quando não oxidado. Sua oxidação superficial é,
porém bastante rápida. Apresenta elevada resistência contra a ação
da água potável, devido à presença de carbonato de chumbo, sal,
ácido sulfúrico. Não resiste a vinagre, materiais orgânicos em
apodrecimento e a cal. O chumbo é atacado pela água destilada. O
chumbo é venenoso. Permite sua soldagem. Nas aplicações elétricas,
é freqüentemente encontrado, reduzido a finas chapas ou folhas,
como nas blindagens de cabos com isolamento de papel,
acumuladores de chumbo ácido e paredes protetoras contra a ação
de raios X. Ainda o chumbo é encontrado em elos fusíveis e em
material de solda. Nas ligas, o chumbo é encontrado junto com
antimônio, telúrio, cádmio, cobre e estanho, adquirindo assim
elevada resistência mecânica e à vibração, ficando, porém
prejudicada a resistência a corrosão. Uma das ligas mais
freqüentemente encontradas é a do chumbo com antimônio (Sb),
onde 1,5% de Sb duplicam a dureza da liga.

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Estanho (Sn)
O metal é branco prateado, mole, porém mais duro que o
chumbo. Nota-se que a resistividade do estanho é
elevada, o que faz esperar um elevado aquecimento
perante a passagem de corrente. Seu sistema cristalino é
tetragonal. Utilizado em temperaturas inferiores a 18 °C, o
metal apresenta manchas cinzentas, que desaparecem se
o metal é novamente aquecido. Ao contrário, se aquecido
acima de 160 °C, o material se torna quebradiço e se
decompõe na forma de pequenos cristais. À temperatura
ambiente normal, o estanho não se oxida, a água não o
ataca e ácidos diluídos o atacam apenas lentamente. Por
isso o estanho é usado para revestimento e está presente
em ligas, como no bronze. A exemplo do chumbo, o
estanho é encontrado como material de solda. Em
algumas aplicações é reduzido a finas folhas. O minério de
estanho já está se tornando bastante raro. Suas
características físicas vêm indicadas na Tabela a seguir.

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Zinco (Zn)

É um metal branco-azulado, que tem o maior coeficiente de dilatação entre os metais. É


quebradiço à temperatura ambiente, estado que muda entre 100-150 °C, quando se
torna mole e maleável, o que permite sua redução a finas chapas e fios. Acima de 200
°C, volta a ser quebradiço, podendo ser reduzido a pó a 250 °C. Tem estrutura cristalina
hexagonal. No sistema hexagonal a anisotropia se faz muito presente, do que resulta
um comportamento bem diferente do metal se esses eixos cristalinos não forem
levados em consideração. Assim, apenas se o metal apresentar cristais de pequeno
tamanho, e eventualmente desordenados, essa anisotropia não será muito sensível. A
anisotropia também justifica o porquê da deformação mecânica quando ocorrem
mudanças sensíveis nas propriedades de compressão, tração etc., fazendo com que,
acima de certos limites de deformação, o metal perca suas propriedades mecânicas.
Devido ao baixo ponto de fusão, podem ocorrer modificações cristalinas, já à
temperatura ambiente, se nessa condição o metal sofrer deformação a frio. Essa
recristalização ocorre em temperaturas mais elevadas quando o zinco é menos puro ou
contém certos aditivos propositais. Em contato com outros metais e na presença de
umidade, existe facilidade de formação de elementos galvânicos, que corroem ou
dissolvem o zinco.

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Zinco (Zn)

O metal que menos corroe o zinco é o aço, o qual pode,


assim, ser usado para recobrimento e proteção do zinco. O
zinco é ainda usado para revestimento - a zincagem afogo
(imersão em estado de fusão), aplicação por pulverização, ou
zincagem eletrolítica. Nas aplicações elétricas, o zinco
predominantemente usado tem pureza 99,99%; em forma de
liga com 0,9% de Al, 0,5% de Cu, com uma condutividade
elétrica de 16 a 17 m/mm2 e uma resistência à tração de
180 a 200N/mm2, perante um alongamento de 40-55%. Essa
liga admite fácil soldagem. Comparado com o cobre, a seção
transversal de tais fios deve ser 3,3 vezes maior. A diferença
entre os coeficientes de dilatação dessa liga e do material dos
conectores, pode fazer com que o contato se solte depois da
passagem da corrente. O uso do zinco como metal condutor
é limitado a elementos galvânicos (pilha) e a certos
elementos de ligação em forma de fios e contatos.

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Cádmio (Cd)

O cádmio é um acompanhante constante dos minérios de zinco e, assim, se constitui


num subproduto do mesmo. O cádmio é mais mole que o zinco, porém, no mais, suas
propriedades são bem semelhantes a este. Por seu brilho metálico, tem sido usado
como metal de recobrimento, na proteção contra a oxidação. Por ser mais caro que o
zinco, essa aplicação de cádmio hoje é quase que totalmente substituída pela zincagem.
Assim, o seu uso fica condicionado à fabricação das baterias de Ni-Cd. O cádmio é
venenoso.

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Níquel (Ni)

É um metal cinzento claro, com propriedades


ferromagnéticas. Puro, é usado em forma gasosa em tubos e
para revestimentos de metais de fácil oxidação. É resistente a
sais, gases, materiais orgânicos, sendo porém sensível à ação
do enxofre. Aquecido ao ar, não reage com o mesmo até 500
°C. Assim, seu uso está difundido na indústria química,
particularmente em aplicações sobre o ferro, pois ambos têm
semelhante coeficiente de dilatação e temperatura de fusão.
Em estado de fusão, absorve carbono, oxigênio e enxofre. A
deformação a quente é processada a 1100 °C, devido à sua
elevada dureza. Freqüentemente, porém, essa deformação é
feita a frio, permitindo obter fios de até 0,03 mm de
diâmetro. O níquel se caracteriza ainda por uma elevada
estabilidade de suas propriedades mecânicas, mesmo a
temperaturas bem baixas. Magneticamente, o níquel pode ser
magnetizado fracamente, não sendo mais magnético acima
de 356 °C (temperatura de Curie).

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Níquel (Ni)

Seu uso resulta assim para fios de eletrodos, anodos, grades, parafusos etc. É de difícil
evaporação no vácuo. A emissão de elétrons é elevada pelo acréscimo de cobre até 3,5%.
Fios de níquel podem ser soldados a outros de cobre sem problemas. Nas lâmpadas
incandescentes, fios de níquel são usados como alimentadores do filamento de tungstênio
(W) devido ao seu comportamento térmico. O seu elevado coeficiente de temperatura o
recomenda para termômetros resistivos. Encontramos seu uso nos acumuladores de Ni-Cd
e nas ligas de Ag-Ni para contatos elétricos. As ligas de níquel são resistentes
mecanicamente contra a corrosão e suportam bem o calor. Sua presença em ligas Ni-Cu já
altera a cor típica do cobre, tornando-se praticamente igual à prata, com 40% de Ni. A
condutividade elétrica do cobre cai rapidamente na presença do níquel, chegando ao seu
valor mínimo a 50% de Ni. Assim, ligas de níquel são adequadas na fabricação de
resistores, a exemplo do Konstantan, Monel, e outros. A liga Ni-Cr (ou nicrom),
eventualmente com pequenos acréscimos de ferro e manganês, suporta bem, em
particular, o calor, reduzindo a possibilidade de oxidação do níquel, sobretudo acima dos
900 °C. Outro setor onde o níquel é usado é o dos termoelementos, em substituição ao par
platina - platina-sódio, para temperaturas até 1200 °C. Combinado com o ferro, leva a ligas
magnéticas apropriadas. Combinada com o titânio forma a liga Ni-Ti com características de
material com memória de forma.
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Titânio (Ti)

O titânio é um metal de brilho prateado, mais leve do


que o ferro, quase tão forte quanto o aço, e quase tão
resistente à corrosão como a platina. No campo
industrial o titânio é usado principalmente sob forma
de óxido, cloreto e metal. O titânio é o nono elemento
mais abundante da terra. É um elemento que tem uma
forte afinidade por oxigênio, fazendo com que a maior
parte do titânio na litosfera esteja na forma de óxido.
Na forma de metal e suas ligas, cerca de 60% do titânio
são utilizados nas indústrias aeronáuticas e
aeroespaciais, sendo aplicados na fabricação de peças
para motores e turbinas, fuselagem de aviões e
foguetes. Indústria nuclear é empregado na fabricação
de recuperadores de calor em usinas de energia
nucleares. Na metalurgia, o titânio metálico, ligado
com cobre, alumínio, vanádio, níquel e outros,
proporciona qualidades superiores aos produtos.

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Cromo (Cr)
É um metal de brilho prateado azulado, extremamente duro. O cromo não se modifica
em contato com o ar e permite bom polimento. Possui elevado grau de reflexão (65%).
Somente sofre oxidação a elevadas temperaturas superiores a 500 °C, sendo mais
sensível à ação de enxofre e de sais. Quando imerso dentro de uma solução salina, se
recobre com uma camada de oxido que o protege contra outros ataques. Por isso, o
cromo é usado para proteger outros metais que oxidam com maior facilidade. Aliando
sua baixa oxidação a elevada estabilidade térmica e à alta resistividade elétrica, resulta
ampla utilização do cromo na fabricação de fios resistivos, em forma pura ou como ligas.

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Tungstênio (W)
O tungstênio é obtido por um processo quimicamente complexo, na
forma de pó, e comprimido em barras a pressões de 20 M Pa. Por ser
um metal com temperaturas limite muito elevadas, todo seu processo
de manufatura e obtenção de produtos elétricos é extremamente
difícil e de custo elevado. A própria compactação dos grãos do pó é
complexa, resultando daí pequena aderência entre cristais e, assim,
peças quebradiças. Modificando-se porém a disposição cristalina
através de um processo especial, fazendo com que passem a uma
disposição linear, podem ser fabricados fios ou filamentos, cuja
resistência à tração se eleva com redução do diâmetro. Uma vez que
o tungstênio não permite corte, usinagem ou furacão convencionais,
devido a sua dureza e ao fato já mencionado de ser quebradiço, o
método indicado é o usado para fabricar os filamentos de lâmpadas
incandescentes, que operam a temperaturas em tomo de 2000 °C. A
resistividade elétrica se eleva até 1 mm2/m, e assim 20 vezes
superior àquela à temperatura ambiente. Por essa razão, o pico
elevado de corrente, no instante da ligação de lâmpadas e tubos de
raios X. O tungstênio ainda é usado em ligas sujeitas a temperaturas
elevadas, como por exemplo, contatos com arcos voltaicos intensos.

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Características de metais condutores
Coeficiente de
Resistência à Temperatur Temperatura Resistividade
Alongamentos Peso específico temperatura da
Metal tração a de fusão de evaporação a20°C
(kgf/mm2)
% a 20°C (g/cm3) (°C) (°C)
resistência «r a 20
(Íl.mm2/m)
3
°C (1/°C)x10-
fundido - 1 ,5 a 2,0 35-40 0,0169
laminado e 0,0179
Cobre 35-40 8,3 a 8,9 1083 2360 3,82-4,30
recozido - 2,0 a 2,6
encruado - 3,5 a 4,5 2-6 0,0182
recozido - 0,35-0,6 40-50 0,0262
Alumínio 2,7 658 2270 4,20 a 4,30
encruado- 1,1-1,3 4a5 0,0295
Chumbo 0,16 55 11,4 327 1560 4,10 0,20 a 0,22
Estanho 0,15-0,40 - 7,3 a 7,8 232 2360 4,40 0,114
Prata 1,6-3,0 50 10,5 960 1918 3,60 a 4,00 0,0162
Ouro 2,7 - 19,3 1063 2700 3,70 0,021-0,024
Platina 2,0-4,0 3-45 21,4 1773 4300 30,7 0,10
Mercúrio - - 13,55 solidif. - 39 357 0,9 0,95-0,96
Zinco 0,3-3,6 0,5 a 50 7,14 419 900 3,5 a 4,7 0,06
Cádmio 0,6 - 8,6 321 767 - -
Níquel 4,0-4,5 25 a 30 8,9 1450 3147 5a6 0,07-0,09
7
Cromo - 100-1 o- 7,2 1920 2660 - 0,7-0,8
Tungstênio 40 1-4 19-20 3400 5000-6000 5,2 0,05-0,06
Mobidênio 18-20 2-5 10,2 2630 3600 4,8 0,0477

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Ferro (Fe)
A resistividade do ferro ou do aço (liga de ferror) é 6 a 7 vezes a do cobre ou mais. Além
de terem aplicações como materiais estruturais e magnéticos, o ferro e o aço são
também largamente empregados como condutores elétricos. Em circuitos de tração
elétrica nas estradas de ferro, são utilizados para o retorno da corrente elétrica que
geralmente são formado pelos próprios trilhos, soldados entre si ou ligados por curtos
cabos de cobre. Nos sistemas em que se utiliza um terceiro trilho para condução da
corrente elétrica (em lugar de uma linha aérea), empregam-se para o terceiro trilho
aços doces, com resistividade de 7 a 9 vezes a do cobre. As ligas de ferro são utilizadas
na fabricação de resistências elétricas para aquecimento elétrico, ou para a confecção
de reostatos. Nas linhas aéreas são utilizadas como condutor e como alma dos cabos de
alumínios.

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Carbono (C) Carvão, e Grafite
O carbono (do latim carbo, carvão) é um elemento químico, símbolo C de número
atômico 6 (6 prótons e 6 elétrons) e sólido a temperatura ambiente. Dependendo das
condições de formação pode ser encontrado na natureza em diversas formas
alotrópicas: carbono amorfo e cristalino em forma de grafite ou de diamante. O
diamante não é condutor de eletricidade.
O grafite é muito mais denso, melhor condutor
de eletricidade, um tanto oleoso e menos
sensível aos agentes químicos que os carbonos
amorfos. Enquanto as propriedades do grafite
são bem definidas, as dos carbonos amorfos
dependem da sua origem e das condições de
formação. O grafite pode ser natural ou
sintético. O natural na maioria das vezes,
necessita de purificação e classificação
granulométrica para ser utilizado
comercialmente. O sintético é produzido a
partir de outras formas de carbono como
coque e antracita (forma amorfa do carvão,
caracterizada pelo agrupamento caótico e
aleatório dos seus átomos).
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Carbono (C) Carvão, e Grafite
Estes materiais são reduzidos a pó e compactados, às vezes com a presença de
aglomerantes. Posteriormente são submetidos a altas temperaturas (em torno de 2200
°C), geralmente através da passagem de corrente elétrica. Este processo recebe o nome
de grafitização. Ao produto assim obtido dá-se habitualmente o nome de carvão
eletrografítico. O grafite e o carvão eletrografítico são muito utilizados na tecnologia de
resistores, de potenciômetros de carvão e na produção de eletrodos para fornos
elétricos. Eles apresentam propriedades lubrificantes, pois oferecem um baixo
coeficiente de atrito em contatos de peças deslizantes. Desta forma são utilizados como
comutadores em escovas coletoras de motores.

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Carbono (C) Carvão, e Grafite

RESISTIVIDADE (cm) DENSIDADE


Carbono amorfo 3200 a 6500 1,98 - 2,10
Carvão eletrografítico 800 a 1200 2,20 - 2,24
Grafite natural 50 a 400 2,25

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Materiais de elevada Resistividade

As ligas metálicas resistivas são utilizadas com três finalidades básicas:

• para fins térmicos ou de aquecimento;

• para fins de medição;

• para fins de regulação.

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Ligas de Aquecimento
Tais ligas precisam ter uma elevada estabilidade térmica, tendo um bom
comportamento corrosivo ou químico à temperatura local. Cada liga desse tipo possui
uma temperatura máxima de serviço, que não pode ser ultrapassada, referida ao
ambiente de serviço, geralmente em contato com o ar. Essas ligas possuem, muitas
vezes, a propriedade de recobrirem-se por fina película de óxido, a qual protege o
restante do metal contra a ação do ambiente. Tal película, porém, poderá romper-se se
houver freqüentes aquecimentos e resfriamentos, ou seja, freqüentes ligações e
desligamentos da rede elétrica, reduzindo assim a durabilidade do componente. Na
escolha dos componentes da liga, também podem ser de importância sua capacidade
de dilatação e de irradiação. Deve-se ter dados exatos de variação da resistência entre a
temperatura ambiente e a máxima temperatura de serviço.

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Ligas de Medição
Resistores para instrumentos de precisão admitem um coeficiente de temperatura
máximo de 2,5x10-6/°C, uma pequena tensão de contato com relação ao cobre e uma
resistência praticamente constante. Tais ligas sofrem geralmente deformação a frio, o
que pode acarretar “envelhecimento” sensível após algum uso. Por essa razão é comum
aplicar-se um processo de envelhecimento artificial, para estabilizar o material, através
de um tratamento térmico controlado, que elimina tensões internas, estabiliza e
homogeneíza os cristais. As ligas de níquel-cromo apresentam elevada resistividade e
baixo coeficiente de temperatura para a resistência, por exemplo Nichrome V. As ligas
de ferro-níquel, de custo muito menor que as de níquel-cromo, apresentam menor
resistividade que essas e menor resistência à corrosão, por exemplo Nilvar. As ligas de
cobre-níquel têm resistividade ainda menor, não resistem tão bem às altas
temperaturas quanto as de níquel-cromo, porém apresentam coeficientes de
temperatura praticamente desprezíveis, por exemplo Advance.

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Ligas de Regulação
Nesse caso a faixa de temperatura se move entre 100 e 200°C. As ligas ternárias de
ferro, níquel e cromo são as que melhor satisfazem às condições de resistividade
elevada, pequena variação da resistividade com a temperatura, grande resistência
química aos agente oxidantes, carburantes ou sulfurantes e têm propriedades
mecânicas capazes de permitirem um funcionamento prolongado a alta temperatura,
sem deformação excessiva. A presença de cromo melhora a resistência às ações
químicas da liga e confere-lhe boas características mecânicas. Há umas cinco ligas que
habitualmente se empregam na resolução de problemas diversos, tais como: fabricação
de reostatos, resistências de aquecimento para fornos, aquecedores e aparelhos de
laboratório, etc. Os fios resistentes são normalmente revestidos de uma película
impermeável e isolante de óxido, a qual permite bobinar resistências com as espiras
encostadas, desde que a diferença de potencial entre os pontos vizinhos não exceda
qualquer coisa como 2V. Isto permite fabricar reostatos de variação dita contínua, com
um contato deslizantes. Estes reostatos suportam geralmente temperaturas da ordem
dos 600°C.

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As ligas habitualmente empregadas
· Liga A: 12Ni + 12Cr + 76Fe.
Aplicada em resistências de aquecimento a temperatura moderada e reostatos de
arranque de motores.

· Liga B: 36Ni + 11Cr + 53Fe.


Aplicada em resistências de aquecimento a temperatura moderada. Aquecimento
doméstico. Reostatos de motores de tração.

· Liga C: 48Ni + 22Cr + 30Fe.


Aplicada na fabricação de radiadores, fornos de tratamento a altas temperaturas e em
aparelhos de medida.

· Liga D: 60Ni + 15Cr + 25Fe.


Aplicações análogas às da anterior.

· Liga E: 80Ni + 20Cr.


Aplicável em radiadores luminosos, fornos de tratamento a altas temperaturas,
aparelhos de laboratório e resistências de medidas.

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Aplicações
Basicamente os materiais condutores de corrente elétrica são classificados em dois
grandes grupos:

· Materiais de elevada condutividade


Destinam-se todas as aplicações em que a corrente elétrica deve circular com menores
perdas de energia possíveis (tal como elementos de ligação entre aparelhos,
dispositivos, etc.), ou ainda como elementos de circuitos que devem dar origem a uma
segunda forma de energia por transformação elétrica (tal como em bobinas
eletromagnéticas).

· Materiais de elevada resistividade


Destinam-se à transformação da energia elétrica em térmica (tal como em fornos
elétricos) e, por outro lado, para criar num circuito elétrico certas condições destinadas
a provocar quedas de tensão e limitação de corrente para se obter um ajuste às
condições adequadas ao circuito.

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Resistores
Resistores são componentes capazes de transformar a energia elétrica em energia
térmica, diminuir a tensão e limitar a corrente em vários pontos de um circuito.

Resistor elétrico Resistor de lâmpada Resistor de Chuveiro

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Fusíveis
Dispositivo de proteção contra sobrecorrentes e curtos-circuitos.

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Bimetais
Dispositivo de proteção contra sobrecorrentes e curtos-circuitos.

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Fios e cabos condutores

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Supercondutores
Supercondutores são materiais que não oferecem resistência à passagem de corrente
elétrica. A supercondutividade só se verifica abaixo de uma determinada temperatura
para cada tipo de material, chamada temperatura crítica TC. Quanto maior for esta
temperatura para um dado material, maior será seu potencial para aplicações práticas.

O holandês Heine Kammerlingh Onnes achava que a resistência deveria diminuir cada
vez mais, chegando a zero no zero absoluto. Ele argumentava que as vibrações dos
átomos do metal, que dificultam o deslocamento dos elétrons e causam a resistência,
deveriam cessar no zero absoluto. Nesse caso, a resistência elétrica cairia a zero
gradualmente.

Kelvin, previa que os próprios elétrons deveriam se "congelar" no zero absoluto. Assim,
a resistência elétrica na temperatura zero seria infinita. Para resolver esse debate só
medindo a resistência dos metais em baixíssimas temperaturas.

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Supercondutores

No início do séc. XX, Kammerlingh Onnes, começou então a medir a resistividade de


metais em baixíssimas temperaturas. De início, o metal escolhido por ele foi o
mercúrio que tinha a vantagem de poder ser altamente purificado.

O resultado da experiência foi surpreendente. Ao atingir 4,2 Kelvins (-268,95 °C) a


resistência elétrica do fio de mercúrio caiu subitamente a zero. Não foi caindo
gradualmente, como pensava Onnes, nem foi para infinito, como queria Kelvin. Como
o próprio Onnes disse:

"o mercúrio a 4,2 K entra em um novo estado, o qual, devido a suas propriedades
elétricas, pode ser chamado de estado de supercondutividade".

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Supercondutores
A supercondutividade é basicamente um
fenômeno elétrico, contudo, a sua discussão foi
adiada até esse ponto porque existem implicações
magnéticas relacionadas ao estado supercondutor.
À medida que a maioria dos metais de alta pureza
é resfriada até temperaturas próximas a 0 K, a
resistividade elétrica diminui gradualmente,
tendendo a um valor pequeno, porém finito,
característico de cada metal específico. Existem uns
poucos materiais, para os quais a resistividade a
uma temperatura muito baixa cai abruptamente,
desde um valor finito até um valor virtualmente Temperatura (K)
igual a zero, permanecendo neste ponto após um
resfriamento adicional. Os materiais que exibem
esse último comportamento são chamados
supercondutores, e a temperatura na qual eles
atingem a supercondutividade é conhecida por
temperatura crítica TC.

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Supercondutores
A temperatura crítica varia de supercondutor
para supercondutor, mas encontra-se entre
menos de 1 K e aproximadamente 20 K para Densidade de corrente, J
metais e ligas metálicas. Recentemente, foi
demonstrado que alguns óxidos cerâmicos
JC(T=0K,H=0)
complexos apresentam temperaturas críticas
que são superiores a 100 K. O curioso é que
tais materiais são maus condutores de
eletricidade na temperatura ambiente.
A temperaturas abaixo de TC, o estado HC(T=0K, J=0)
supercondutor irá cessar com a aplicação de
um campo magnético relativamente grande,
conhecido por campo crítico, HC, que diminui
com o aumento da temperatura. O mesmo Temperatura, T TC(H=0,J=0) Campo
pode ser dito para a densidade de corrente magnético
elétrica, isto é, existe uma densidade de H
corrente aplicada crítica, JC, abaixo da qual
um material é supercondutivo.

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Supercondutores

Observa-se no gráfico anterior a existência da fronteira no espaço temperatura-campo


magnético-densidade de corrente que separa os estados normal e supercondutor. A
posição dessa fronteira irá, obviamente, depender do material. Para valores de
temperatura, campo magnético e densidade de corrente localizados entre a origem e
essa fronteira, o material será supercondutivo, fora da fronteira, a condução é normal.

O fenômeno da supercondutividade tem sido explicado de maneira satisfatória através


de uma teoria consideravelmente complexa. Essencialmente, o estado supercondutivo
resulta das interações de atração entre pares de elétrons condutores. Os movimentos
desses elétrons pareados se tornam coordenados de modo tal que a dispersão por
vibrações térmicas e átomos de impurezas é altamente ineficiente. Dessa forma, a
resistividade, sendo proporcional à incidência da dispersão dos elétrons, é igual a zero.

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Supercondutores
Com base na resposta magnética, os materiais
supercondutores podem ser divididos entre duas
classificações, designadas como do tipo I e do tipo
II:

• Os materiais do tipo I, enquanto no estado


supercondutor, são completamente diamagnéticos,
isto é, a totalidade de um campo magnético
aplicado será excluída do corpo do material, um
fenômeno conhecido por efeito Meissner.

Em um condutor elétrico comum, elétrons


desordenados e incoerentes permitem a
penetração de um campo magnético externo. Em
um supercondutor, o funcionamento coletivo
coerente dos elétrons espontaneamente exclui um
campo magnético externo e mantém sua condição
de impenetrabilidade.

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Supercondutores
A demonstração clássica deste efeito consiste em fazer um ímã permanente flutuar sobre
a superfície de um supercondutor. As linhas do campo magnético são impedidas de
penetrarem no supercondutor e tomam uma forma semelhante a que teriam se houvesse
outro ímã idêntico dentro do material supercondutor. Desta forma, o ímã sofre uma
repulsão que compensa seu peso e o faz "levitar" sobre o supercondutor. À medida que o
valor de H aumenta, o material permanece diamagnético até ser atingido o campo
magnético crítico, Hc. Nesse ponto, a condução se torna normal, e ocorre uma penetração
completa do fluxo magnético. Diversos elementos metálicos, incluindo o alumínio, o
chumbo, o estanho e o mercúrio, pertencem ao grupo do tipo I.

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Supercondutores

• Os supercondutores do tipo II são completamente diamagnéticos sob campos


magnéticos baixos aplicados, e a exclusão do campo é total. Contudo, a transição do
estado supercondutor para o estado normal é gradual e ocorre entre o campo crítico
inferior e o campo crítico superior, designados por HC1 e HC2, respectivamente. As linhas
do fluxo magnético começam a penetrar no interior do corpo do material em HC1, e com o
aumento do campo magnético aplicado, essa penetração continua. Em HC2, a penetração
do campo é completa. Para campo entre HC1 e HC2, o material se encontra no chamado
estado misto, onde estão presentes tanto regiões normais como supercondutoras.

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Supercondutores

Os supercondutores do tipo II são preferidos em relação aos supercondutores do tipo I


para a maioria das aplicações práticas em razão das suas temperaturas críticas e de seus
campos magnéticos críticos mais elevados e também maiores correntes. No presente os
três supercondutores mais comumente utilizados são nióbio-zircônio (Nb-Zr), as ligas
nióbio-titânio (Nb-Ti) e o composto intermetálico nióbio-estanho, Nb3Sn.

Recentemente, descobriu-se que uma família de materiais cerâmicos que são


normalmente isolantes elétricos são supercondutores em temperaturas críticas
excessivamente elevadas. A pesquisa inicial concentrou-se no oxido de ítrio bário cobre,
YBa2Cu3O7, que possui uma temperatura crítica de aproximadamente 92 K. Esse material
tem uma estrutura cristalina complexa do tipo da perovskita. Novos materiais cerâmicos
supercondutores aos quais se atribuíram temperaturas críticas ainda mais altas foram e
estão sendo atualmente desenvolvidos.

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Supercondutores
MATERIAL TEMPERATURA CRÍTICA TC (K) DENSIDADE CRÍTICA DO
FLUXO MAGNÉTICO, BC
(tesla)a
Elementosb
Tungstênio 0,02 0,0001
Titânio 0,40 0,0056
Alumínio 1,18 0,0105
Estanho 3,72 0,0305
Mercúrio () 4,15 0,0411
Chumbo 7,19 0,0803
Compostos e Ligasb
Liga Nb-Ti 10,2 12
Liga Nb-Zr 10,8 11
PbMo6S8 14,0 45
V3Ga 16,5 22
Nb3Sn 18,3 22
Nb3Al 18,9 32
Nb2Ge 23,0 30
Compostos Cerâmicos
YBa2Cu3O7 92 -
Bi2Sr2Ca2Cu3O10 110 -
Tl2Ba2Ca2Cu3O10 125 -
HgBa2Ca2Cu3O8 153 -

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Supercondutores

O fenômeno da supercondutividade possui muitas implicações práticas importantes.


Ímãs supercondutores capazes de gerar campos fortes com pequeno consumo de
energia estão sendo atualmente empregados em equipamentos de pesquisa e testes
científicos. Além disso, eles também são usados para equipamentos de imagem por
ressonância magnética (MRI — Magnetic Resonance Imaging) em medicina, como
ferramenta de diagnóstico. Na análise química de tecidos do corpo com o emprego da
espectroscopia de ressonância magnética (MRS — Magnetic Resonance Spectroscopy).

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Supercondutores
Na exploração incluem (1) a transmissão de energia elétrica através de materiais
supercondutores (as perdas de energia seriam extremamente baixas e os equipamentos
iriam operar a baixos níveis de tensão); (2) ímãs para aceleradores de partículas de alta
energia; (3) mais rápida comutação e transmissão de sinais para computadores; e (4)
trens magneticamente levitados de alta velocidade, onde a levitação resulta de repulsão
gerada por campo magnético. O principal obstáculo à aplicação ampla desses materiais
supercondutores está, obviamente, na dificuldade em se atingir e manter temperaturas
extremamente baixas. Espera-se que esse problema venha a ser superado com o
desenvolvimento de uma nova geração de supercondutores que apresentem
temperaturas críticas razoavelmente elevadas.

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Plásticos SUPERcondutores

A revista Nature divulgou a obtenção de um material plástico que, sob baixas


temperaturas, não imprime resistência alguma à passagem de elétrons, o que o torna
um supercondutor. Os plásticos podem conduzir eletricidade: foi justamente este o tema
para o último prêmio Nobel em Química. O que os pesquisadores do Bell Labs criaram
foi o primeiro supercondutor plástico, um material relativamente barato quando
comparado aos supercondutores atuais. Estes materiais terão grandes aplicações
futuras, como em computadores quânticos e eletrônica de supercondutividade. O grupo
desenvolveu uma técnica especial para "arrancar" elétrons de uma amostra sólida de
um polímero (politiofeno). A amostra é uma fina camada do polímero, onde as cadeias
poliméricas estão emparelhadas lado a lado, sem entrelaçamento. Eles, então, removem
elétrons desta amostra, por um método desenvolvido e patenteado no Bell Labs. Este
polímero, a temperaturas abaixo de -200 oC, se torna, então, supercondutor. "With the
method we used, many organic materials may potentially be made superconducting
now", profetiza a química Zhenan Bao. Ou, como resumiu o físico Ananth Dodabalapur,
"A new window into nature has opened up".

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