Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará
Licenciatura Plena em Química
Disciplina: Cultura e Ética Profissional Profº: Haroldo Bentes
DOWBOR, Ladislau. A Reprodução Social:
propostas para uma gestão descentralizada. 2ª. ed. Petrópolis: Vozes, s.d.p. 280-291. Biografia de Ladislau Dowbor
Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central
de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de "Democracia Econômica", "A Reprodução Social: propostas para uma gestão descentralizada", "O Mosaico Partido: a economia além das equações", "Tecnologias do Conhecimento: os Desafios da Educação", todos pela editora Vozes, além de "O que Acontece com o Trabalho?" (Ed. Senac) e co- organizador da coletânea "Economia Social no Brasil" (ed. Senac). CULTURA, INFORMAÇÃO E ENTRETENIMENTO
A cultura é outra área que está conhecendo
deslocamentos profundos, que mudam radicalmente os pontos de referências tradicionais.
A dinâmica tecnológica da época de Marx, foi chamado de
desenvolvimento das forças produtivas.
Hoje, chamamos a esta transformação das forças
produtivas de revolução tecnológica, e constatamos que o impacto direto sobre a cultura, a informação, a formação das ideologias, pode ser mais amplo ainda do que sobre atividades propriamente produtivas. (DOWBOR, s.d.p.280). Fato Tecnológico
Novo, imenso e simples, está na conectividade
mundial. Varre todas as concepções tradicionais de trocas financeiras. Aproxima o mundo da cultura do mundo das finanças. Pedágios cobrados pelos grandes controladores do processo. Tecnologia e Enriquecimento Social
Estas tecnologias poderão se tornar o suporte
de um fantástico enriquecimento social, se soubermos criar as condições políticas e institucionais que redirecionem o seu uso.
A cultura Tinha caráter elitizado, O livro era para
poucos privilegiados.
Hoje muitos prazeres deste tipo chegam a 80%
dos domicílios brasileiros através do aparelho de tv. A importância da democratização dos meios de comunicação que dão suporte aos meios de divulgação cultural tem duas faces
1° Assegurar o meio social de comunicação de
uma sociedade mundializada respeitando as diversas culturas, ambientes sociais, as minorias, e a riqueza cultural do mundo. 2° Os meios de comunicação são hoje vitais para a formação de atitudes e valores relativamente a todas as áreas da reprodução social. Não dependemos mais da alternativa entre monopólio estatal ou monopólio privado
Grandes grupos monopolistas como a REDE
GLOBO, gastam o seu tempo de programa tentando explicar que se não tivessem nas mãos de um grupo privado, os meios de comunicação estariam na mão de políticos. A PBS (Public Broadcasting System) dos Estados Unidos é um exemplo do equilíbrio necessário entre empresa privada e paternalismo estatal. Meados dos anos 90
Das 300 maiores empresas de comunicação e
de informação. 144 São Norte Americanas 80 Européias 49 Japonesas O resto são Canadenses, Suíços, Australianas, Taiwanesas, Austríacas, entre outros. O novo continente cultural é hoje solidamente controlado por um pequeno grupo de paises ricos. Os outros são “folclóricos”. Nova Indústria de Entretenimento
A Convergência Gradual entre noticiário
político, musica, filmes, jogos dos mais diversos tipos está gerando uma grande indústria de entretenimento. Três Grandes Forças Constituem a Estrutura do Setor
1° Corporações transnacionais em geral.
2° Grandes grupos de controle das comunicações. 3° Grupos políticos tradicionais.
“ que a idealização não disfarce a realidade: nos estados
Unidos; uma parte influente dos meios de comunicação define como verdade a atitude política atualmente popular”. (DOWBOR, apud GALBRAITH. p. 285). “ Nas sociedades modernas, pode-se considerar que a televisão se tornou a instituição de reprodução cultural mais importante. A televisão já está totalmente colonizada pelos interesses corporativos, que agora buscam apropriar-se das escolas. O objetivo não é simplesmente vender produtos e fortalecer a cultura consumista. Trata-se também de criar uma cultura política que identifica os interesses das corporações com o interesse humano na mente do público...”. (DOWBOR, apud KORTEN. p. 285). A presença da cultura global é reforçada pela atomização social que sofremos neste século
“ Uma explicação convincente para a
enorme audiência do entretenimento global é que está preenchendo o vácuo deixado pelo colapso das instituições tradicionais de base local, e reflete mudanças radicais na maneira como o ser humano interage no mundo todo”. ( DOWBOR apud BARNETT e CAVANAGH. p. 286) Alguns grupos econômicos
Bertelsmann Murdoch Turner
A capacidade tecnológica explode, mas as
relações institucionais continuam no século XIX. Mantendo a tradição de antigos barões autoritários com ideologias de consumismo, com visões de Estado mau e de empresa boa. O estatismo marxista e o liberalismo pouco diferem na visão de querer enquadrar o mundo moderno em soluções institucionais ultrapassadas
A exclusão pode se agravar. Estimular vontades,
horas a fio e todo dia, com requintadas tecnologias de comunicação e de psicologia comportamental, quando as pessoas simplesmente não tem o poder de compra correspondente. No Brasil ocorre o mesmo fenômeno. Grandes empresários da comunicação
Assis Chateaubriand, com seus diários
associados. Roberto Marinho. A mídia e os donos do poder Aloizio Alves, do rio Grande do Norte, ex-governador e ex- ministro é dono do sistema Cabugi de comunicações (Globo). Antonio Carlos Magalhães Tem seis emissoras de TV na Bahia filiadas a Globo. Jose Sarney ex-presidente da República controla a TV Mirante(Globo) e quatro emissoras de rádio em nome dos filhos. E outras duas emissoras de TV – Itapicuru e Imperatriz(Globo) – e três de rádio, que embora em nome de terceiros tem o mesmo endereço da TV Mirante. Além do ex-presidente Fernando Collor vinculado a Globo de Alagoas.
“ QUEM TEM GLOBO TEM TUDO”
Comenta Mino Carta. “ A oligarquia transcende de longe o alcance de chefetes locais e chefões regionais, descendentes do coronelato tradicional, embora se valha deles. Ela é o espírito da coisa, o resumo da opera, a essência do poder. Sem descurar do que acontece nas bordas, ela decide as jogadas no tabuleiro central. Federal. Capital”. O Brasil gerou uma mistura impressionante de formas oligárquicas e antigas de organização do poder político com tecnologias extremamente avançadas. Enquanto em outros lugares a modernização tecnológica abriu espaço para uma democracia mais avançada, aqui se transformou num instrumento de sobrevida de sistemas políticos ultrapassados. É importante entender que a conectividade global revoluciona profundamente as próprias bases da nossa organização social.
As alternativas tradicionais com que
trabalhamos, de privatização contra estatização, empresa nacional contra multinacionais aparecem aqui como pouco adequadas. A história aqui não é de personagens bons e maus. Os subsistemas existentes, a comunicação de monopólio Estatal com seus vícios políticos, a grande máquina pasteurizadora internacional que na ausência de governo mundial faz literalmente o que quer, e as emissoras privadas locais que navegam no chulo e no barato, porque “ é isso que o cliente quer ”, têm em comum o fato de constituirem soluções institucionais que esterelizam o prodigioso instrumento de desenvolvimento cultural que os meios de comunicação modernos hoje podem constituir. Na linha do impressionante sucesso que hoje representam a PBS nos Estados Unidos, ou a TV- Cultura no Brasil, trata-se de multiplicar emissoras, de descentralizar o sistema, permitindo que se se ligue ou se desligue de redes mais amplas, segundo os interesses locais ou regionais, e de assegurar que nos diversos níveis a gestão não pertença ao dono de um pedágio financeiro ou político, e sim a conselhos que envolvam universidades, grupos culturais e autoridades locais ou regionais, de forma a assegurar um equilíbrio dos diversos atores sociais. Na realidade, a democratização, descentralização e universalização do acesso aos meios de comunicação de massa, telefonia e outras dimensões da multimídia constituem hoje a principal frente de luta por um mundo mais equilibrado. E constituem um exemplo gritante de como o avanço vertiginoso das tecnologias, acoplado a instituições que pouco evoluem, gera absurdos crescentes.